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CARACTERIZAÇÃO TERMOFÍSICA DE NANOFLUIDOS

Henrique Massard da Fonseca

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA MECÂNICA.

Aprovada por:

Prof. Helcio Rangel Barreto Orlande, Ph.D.

Prof. Renato Machado Cotta, Ph.D.

Prof. Nisio de Carvalho Lobo Brum, D.Sc.

Prof. Zaqueu Ernesto da Silva, Dr.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MARÇO DE 2007
FONSECA, HENRIQUE MASSARD
Caracterização Termofísica de Nanofluidos
[Rio de Janeiro] 2007
XII, 109 p. 29,7 cm (COPPE / UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Mecânica, 2007)
Dissertação – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Propriedades Termofísicas
2. Nanofluidos
3. Método Flash
4. Sonda Linear
I. COPPE / UFRJ II. Título (série)

ii
Agradecimentos

Agradeço a Deus pela vida.


Ao Professor Helcio Rangel Barreto Orlande, pela sua dedicação na orientação deste
projeto, pela amizade e boa vontade sempre demonstradas ao longo desses 4 anos de
convivência, e que tem me passado uma das grandes virtudes do ser humano: o
conhecimento.
Ao Professor Renato Machado Cotta, pelo seu espírito que sempre alegra a todos e
pela grande amizade.
A meus pais e irmã, Adivaldo, Marília e Elize, que sempre me apoiaram,
incentivaram e que são peças fundamentais nessa etapa.
A minha namorada, Juliane, pelo amor, apoio e dedicação.
Aos meus avós materno (in memorian), paterno, tios e primos pela presença e
estímulo constantes.
Aos grandes amigos, Marcos Eli, Peterson, Jônathas, Diniz, Camila e Ju pela
amizade incondicional.
Aos colegas de laboratório, Cláudio Sérgio, Paulo Couto, Carlos Alberto Mota,
Daniel Sias e Carolina Naveira pela ajuda sempre disponível.
A todos os professores do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica pelos
ensinamentos.
À UFRJ pela formação humana, cidadã e técnica.
Ao CNPq e CAPES pela concessão de bolsa durante o período de Graduação e
Mestrado.

iii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

CARACTERIZAÇÃO TERMOFÍSICA DE NANOFLUIDOS

Henrique Massard da Fonseca

Março/2007

Orientador: Helcio Rangel Barreto Orlande


Programa: Engenharia Mecânica

Esta dissertação trata da medição de propriedades termofísicas de nanofluidos. As


propriedades termofísicas medidas foram a difusividade térmica e a condutividade
térmica com o uso do método Flash e da Sonda-linear. Além disso foi realizada a
medição da viscosidade e da massa específica com um reômetro de disco e um
densímetro hidrostático respectivamente. Os testes foram previamente conduzidos com
materiais com as propriedades conhecidas, para fins de validação. Os resultados
experimentais da condutividade térmica dos nanofluidos foram comparados com
resultados disponíveis na literatura, tanto experimentais quanto teóricos, através de
modelos clássicos para suspensões sólido/líquido e de modelos que foram
desenvolvidos recentemente, que levam em conta parâmetros como o tamanho da
partícula, a temperatura e a viscosidade do fluido, assim como o movimento Browniano.

iv
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

THERMOPHYSICAL CHARACTERIZATION OF NANOFLUIDS

Henrique Massard da Fonseca

March/2007

Advisor: Helcio Rangel Barreto Orlande


Department: Mechanical Engineering

This dissertation deals with the determination of thermophysical properties of


nanofluids. The thermophysical properties measured in this work were the thermal
conductivity with the Flash and linear-probe methods. In addition, viscosity and density
were measured with a disk-rheometer and a hydrostatic densimeter, respectively. For
the sake of validation of the experimental procedure, the properties were measured
initially for fluids well-documented in the literature. The experimental results for the
thermal conductivity of nanofluids were compared to experimental data available in the
literature, as well as to theoretical predictions, obtained with classical models for
solid/liquid suspensions and recently developed models, which takes into account the
particle size, temperature and viscosity of the fluid, and Brownian motion.

v
Sumário
1. Introdução................................................................................................................................ 1

1.1 Motivação ................................................................................................................... 1

1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 3

1.3 Organização do Texto................................................................................................ 3

2. Revisão Bibliográfica .............................................................................................................. 5

2.1 Nanofluidos................................................................................................................. 5

2.2 Os Modelos Matemáticos para a Condutividade Térmica dos Nanofluidos. ..... 17

2.3 O Método Flash........................................................................................................ 22


2.3.1 Modelos Matemáticos.......................................................................................... 25
2.3.1.1 O Modelo de Parker et al. (1961) ...................................................... 25
2.3.1.2 O Modelo de Cowan (1961 e 1963) .................................................. 27
2.3.1.3 O Modelo de Cape e Lehman (1963) ................................................ 29
2.3.1.4 O Modelo de Clark e Taylor (1975) .................................................. 30
2.3.1.5 O Modelo de Andre e Degiovanni (1995) ......................................... 31
2.3.1.6 O Modelo de Mehling et al. (1998)................................................... 34
2.3.1.7 O Modelo de Lazard et al. (2004) ..................................................... 35
2.4 A Sonda Linear ........................................................................................................ 36

3. Materiais e Métodos .............................................................................................................. 39

3.1 Nanofluidos............................................................................................................... 39

3.2 Nanoflash LFA 447/1 ............................................................................................... 41

3.3 Sonda Hukseflux TP-02........................................................................................... 48

3.4 Reômetro LVDV-IIIU ............................................................................................. 50

3.5 Densímetro................................................................................................................ 57
3.5.1 Determinando a massa específica de sólidos ..................................................... 60
3.5.1.1 Preparação ......................................................................................... 60
3.5.1.2 Determinando a massa da amostra no ar ........................................... 60
3.5.1.3 Determinando G = W(a)-W(fl).......................................................... 60
3.5.1.4 Calculando a Massa Específica ......................................................... 60
3.5.2 Determinando a massa específica de líquidos ................................................... 61
3.5.2.1 Preparação ......................................................................................... 61
3.5.2.2 Procedimento de medida ................................................................... 61
3.5.2.3 Determinando G = W(a) – W(fl) ....................................................... 61
3.5.2.4 Calculando a massa específica .......................................................... 61
4. Resultados e Discussões ........................................................................................................ 62

4.1 Massa Específica ...................................................................................................... 62

4.2 Viscosidade ............................................................................................................... 65


vi
4.3 Propriedades Termofísicas...................................................................................... 72
4.3.1 Comparação dos resultados experimentais com a literatura .......................... 82
5. Conclusões e Sugestões.......................................................................................................... 86

6. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 88

7. Anexo I – Resultado do Teste no LFA 447/1....................................................................... 93

8. Anexo II – Gráficos dos testes na Sonda TP - 02................................................................ 97

9. Anexo III – Resultados dos teste com a Sonda-Linear..................................................... 103

10. Anexo IV - Notebook do Mathematica para o cálculo da Incerteza expandida .......... 105

11. Anexo V – Notebook com os modelos para o cálculo da condutivdade térmica de


nanofluidos............................................................................................................................... 106

vii
Índice de Figuras

Fig. 2-1 Método Flash .................................................................................................... 23


Fig. 2-2 Medida da difusividade térmica, de acordo com Parker et al. [2]. ................... 27
Fig. 2-3 Efeito da perda de calor na face traseira, de acordo com Cowan (1961 e 1963)
................................................................................................................................ 28
Fig. 2-4 Termograma experimental da face oposta para uma amostra com grande
espessura ótica ........................................................................................................ 33
Fig. 2-5 Termograma experimental da face oposta de uma amostra com grande
espessura ótica ........................................................................................................ 33
Fig. 2-6 Degrau devido a transferência de calor radiativa entre as faces ....................... 35
Fig. 2-7 Curva do aumento de tamperatura da face traseira........................................... 36
Fig. 3-1 Netzsch Nanoflash LFA 447/1 ......................................................................... 42
Fig. 3-2 Netzsch Nanoflash LFA 447/1 operando no UNIMET .................................... 42
Fig. 3-3 Suporte das amostras ........................................................................................ 43
Fig. 3-4 Cápsula para a determinação das propriedades termofísicas de líquidos. ........ 44
Fig. 3-5 Tela de Controle do Nanoflash ......................................................................... 45
Fig. 3-6 Definindo as amostras....................................................................................... 45
Fig. 3-7 Nitrogênio sendo colocado no sensor de IR ..................................................... 46
Fig. 3-8 Tela do software Proteus................................................................................... 46
Fig. 3-9 Tela para a escolha do modelo usado no cálculo de α para uma amostra com
uma camada ............................................................................................................ 47
Fig. 3-10 Tela para a escolha do modelo usado no cálculo de α para uma amostra com
três camadas............................................................................................................ 47
Fig. 3-11 Sonda Linear Hukseflux TP02 do LTTC........................................................ 49
Fig. 3-12 Conexões da Sonda TP02 ............................................................................... 49
Fig. 3-13 Montagem Experimental do Método da Sonda Linear no UNIMET/LTTC com
a Sonda TP02 (Hukseflux) ..................................................................................... 50
Fig. 3-14 Diagrama esquemático do reômetro ............................................................... 51
Fig. 3-15 Spindle em disco ............................................................................................. 51
Fig. 3-16 Spindle cilíndrico ............................................................................................ 51
Fig. 3-17 Geometria cone-laca ....................................................................................... 52
Fig. 3-18 Spindle barra T................................................................................................ 52
Fig. 3-19 Spindle em forma de pá .................................................................................. 52
Fig. 3-20 Spindle cônico preso ao reômetro................................................................... 53
Fig. 3-21 Copo do reômetro ........................................................................................... 54
Fig. 3-22 A geometria cone-placa montada no reômetro ............................................... 54
Fig. 3-23 Spindles CPE-40 e CPE-41............................................................................. 55
Fig. 3-24 Vista lateral do spindle ................................................................................... 55
Fig. 3-25 Reômetro LVDV-IIIU operando no LTTC ................................................... 56
Fig. 3-26 Cálculo da viscosidade.................................................................................... 56
Fig. 3-27 Configuração do esquema cone-placa ............................................................ 56
Fig. 3-28 Balança AM220 da Marte............................................................................... 58
Fig. 3-29 Densímetro operando no LTTC ...................................................................... 58
Fig. 3-30 Componentes do densímetro........................................................................... 59
Fig. 4-1 Massa específica da água .................................................................................. 62
Fig. 4-2 Massa específica da glicerina............................................................................ 63
Fig. 4-3 Massa específica do Etileno Glicol................................................................... 63
Fig. 4-4 Massa específica do nanofluido ........................................................................ 64

viii
Fig. 4-5 Massa específica da água x nanofluido............................................................. 65
Fig. 4-6 Comparação da viscosidade da água medida no reômetro LVDV-IIIU com a
literatura (Ozisik, 1990).......................................................................................... 66
Fig. 4-7 Comparação da viscosidade do etileno glicol medido no reômetro LVDV-IIIU
com a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001).................................................. 67
Fig. 4-8 Comparação da viscosidade do etileno glicol medido no reômetro LVDV-IIIU
com a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001).................................................. 68
Fig. 4-9 Comparação da viscosidade da glicerina medido no reômetro LVDV-IIIU com
a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001).......................................................... 69
Fig. 4-10 Comparação da viscosidade da glicerina medido no reômetro LVDV-IIIU com
a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001).......................................................... 70
Fig. 4-11 Comparação da viscosidade do nanofluido com a água ................................. 71
Fig. 4-12 Aumento da viscosidade do nanofluido.......................................................... 72
Fig. 4-13 Aumento da viscosidade do nanofluido pela fórmula de Einstein.................. 72
Fig. 4-14 Ajuste de ∆T x ln(t)......................................................................................... 73
Fig. 4-15 Condutividade Térmica da Glicerina - Sonda-linear ...................................... 74
Fig. 4-16 Condutividade Térmica do Etileno Glicol - Sonda-linear .............................. 74
Fig. 4-17 Condutividade Térmica para Gel Agar ........................................................... 75
Fig. 4-18 Condutividade Térmica da Água .................................................................... 76
Fig. 4-19 Condutividade Térmica para nanofluido de Al2O3 em água........................... 76
Fig. 4-20 Comparação entre as condutividades térmicas da água e do nanofluido
Alumina-água medidas com a sonda-linear............................................................ 77
Fig. 4-21 Comparação entre as difusividades térmicas da água e do nanofluido de
alumina-água medidas com o método Flash........................................................... 78
Fig. 4-22 Comparação entre as condutividades térmicas da água e do nanofluido de
alumina-água medidas com o método Flash........................................................... 79
Fig. 4-23 Aumento da difusividade térmica em função da temperatura ........................ 79
Fig. 4-24 Aumento da condutividade térmica em função da temperatura...................... 80
Fig. 4-25 Teste de difusividade feito a 45oC no Flash ................................................... 81
Fig. 4-26 Teste de condutividade feito a 45oC no Flash................................................. 81
Fig. 4-27 Comparação do aumento da condutividade térmica medida neste trabalho com
a literatura em função da porcentagem em volume de nanopartículas................... 83
Fig. 4-28 Comparação do aumento da condutividade térmica medida neste trabalho com
a literatura em função da temperatura .................................................................... 83
Fig. 4-29 Comparação da condutividade térmica do nanofluido determinada neste
trabalho com resultados teóricos disponíveis na literatura para a fração em volume
................................................................................................................................ 84
Fig. 4-30 Comparação condutividade térmica do nanofluido determinada neste trabalho
com resultados teóricos disponíveis na literatura para a variação de temperatura. 85
Fig. 7-1 Resultado da água a 25oC no LFA447/1........................................................... 93
Fig. 7-2 Resultado da água a 35oC no LFA447/1........................................................... 94
Fig. 7-3 Resultado da água a 45oC no LFA447/1........................................................... 94
Fig. 7-4 Resultado do nanofluido a 25oC no LFA447/1................................................. 95
Fig. 7-5 Resultado do nanofluido a 35oC no LFA447/1................................................. 96
Fig. 7-6 Resultado do nanofluido a 45oC no LFA447/1................................................. 96
Fig. 8-1 Gráficos dos testes realizado na água ............................................................... 97
Fig. 8-2 Gráficos dos testes realizado na água ............................................................... 98
Fig. 8-3 Gráficos dos testes realizado no etileno glicol.................................................. 98
Fig. 8-4 Gráficos dos testes realizado no etileno glicol.................................................. 99
Fig. 8-5 Gráficos dos testes realizado na glicerina....................................................... 100

ix
Fig. 8-6 Gráficos dos testes realizado na glicerina....................................................... 101
Fig. 8-7 Gráficos dos testes realizado no nanofluido ................................................... 101
Fig. 8-8 Gráficos dos testes realizado no nanofluido ................................................... 102
Fig. 10-1 Notebook desenvolvido para o cálculo da incerteza expandida das medições
.............................................................................................................................. 105
Fig. 11-1 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos. ..................................................................................................... 106
Fig. 11-2 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos ...................................................................................................... 107
Fig. 11-3 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos. ..................................................................................................... 108
Fig. 11-4 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos. ..................................................................................................... 109

x
Índice de Tabelas

Tabela 1.1 Condutividade Térmica de vários materiais sólidos e líquidos ...................... 1


Tabela 3.1 : Nanofluidos reportados da literatura .......................................................... 40
Tabela 4.1 Comparação da condutividade térmica do nanofluido determinada neste
trabalho com resultados teóricos disponíveis na literatura para a fração em volume
................................................................................................................................ 84
Tabela 9.1 Resultados dos testes realizados com o Etileno Glicol............................... 103
Tabela 9.2 Resultados dos testes realizados com a Glicerina ...................................... 103
Tabela 9.3 Resultados dos testes realizados com a água.............................................. 104
Tabela 9.4 Resultados dos testes realizados com o nanofluido.................................... 104

xi
Nomenclatura

a fator de perda de calor adimensional


cp calor específico à pressão constante [J/kg K]
L comprimento [m]
K condutividade térmica [W/m K]
T temperatura [K]
t tempo [s]
Q Fluxo de calor [W/m2]
W Fluxo de calor perdido [W/m2]
Letras Gregas
α difusividade térmica [m2/s]
ε emissividade adimensional
Θ temperatura adimensional
ρ massa específica [kg/m3]
τ tempo adimensional
σ constante de Stefan Boltzman
Subscritos
0 incicial

xii
1. Introdução

1.1 Motivação
A condutividade térmica de fluidos desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento de equipamentos de transferência de calor com alta eficiência.
Entretanto, de um modo geral fluidos tradicionais usados nesses equipamentos, como
água, óleo ou misturas de etileno glicol são fluidos com condutividade térmica baixa
(Choi, 1998). O método convencional para aumentar a taxa de transferência de calor
nestes equipamentos é aumentar a área disponível para a troca de calor com o fluido de
transferência de calor. Entretanto, esse método requer um aumento indesejado no
tamanho dos componentes desse sistema. Dessa maneira, existe uma necessidade
urgente de novos e inovadores líquidos com a performance térmica melhorada em
processos industriais (Keblinski et al., 2005).
Os metais no estado sólido têm a condutividade térmica com ordens de grandeza
maior que a condutividade térmica dos fluidos de transferência de calor usados
atualmente. Por exemplo, a condutividade térmica do cobre na temperatura ambiente é
em torno de 700 vezes maior que a da água e em torno de 3000 vezes maior que a do
óleo, como é mostrado na Tabela 1.1 (Eastman et al., 1996).

Tabela 1.1 Condutividade Térmica de vários materiais sólidos e líquidos


Material Condutividade Térmica
(W/m-K)
Prata 429
Sólidos Metálicos Cobre 401
Alumínio 237
Silício 148
Sólidos Não-Metálicos
Alumina (Al2O3) 40
Líquidos Metálicos Sódio@644K 72.3
Água 0.613
Líquidos Não-Metálicos Etileno Glicol 0.253
Óleo 0.145
Fonte: Eastman et al., 1996

1
Dessa maneira, espera-se que fluidos contendo suspensão de partículas sólidas
metálicas tenham um aumento significativo na condutividade térmica em relação aos
fluidos de transferência de calor tradicionais.
Vários estudos teóricos e experimentais da condutividade térmica de dispersões que
contêm partículas sólidas foram conduzidos desde o trabalho teórico pioneiro de
Maxwell (1873 apud Choi, 1998), todos com partículas milimétricas ou micrométricas.
O maior problema com suspensões contendo partículas milimétricas ou micrométricas é
a rápida sedimentação dessas partículas. Além disso, essas partículas são muito grandes
para micro sistemas (Choi, 1998).
A nanotecnologia moderna proporcionou uma grande oportunidade de processar e
produzir materiais com o tamanho médio menor que 50nm (Choi, 1998). Ainda segundo
Choi (1998), foi reconhecida por ele uma oportunidade de se aplicar a nanotecnologia
emergente para engenharia de energia térmica. Então, em 1993, Choi propôs que
partículas metálicas nanométricas, com o tamanho médio menor que 50 nm, fossem
suspensas em fluidos de transferência de calor industriais, como água, etileno glicol ou
óleo, para produzir uma nova classe de fluidos projetados com alta condutividade
térmica. O autor deu a essa nova classe de fluidos o nome de nanofluidos (Choi, 1995
apud Choi, 1998). Experimentos recentes em nanofluidos indicaram aumento
significativo na condutividade térmica, quando comparados com líquidos sem
nanopartículas ou partículas grandes, e forte dependência da condutividade térmica com
a temperatura (Keblinski et al., 2005).
Como a área superficial de partículas nanométricas é muito maior que a de partículas
de tamanhos convencionais (micropartículas), não só as propriedades termofísicas
podem ser melhoradas, mas também a estabilidade da suspensão. Metais nanométricos
podem ser apropriados para aplicações na qual o fluido passa por pequenos orifícios,
pois as nanopartículas metálicas são pequenas o bastante para se comportarem como
moléculas de líquidos. Dessa maneira, as nanopartículas não obstruem os pequenos
orifícios e melhoram a condutividade térmica dos fluidos. Isso abriu a possibilidade de
se usar nanopartículas mesmo em microcanais para várias aplicações de alta taxa de
transferência de calor (Choi, 1997).
A caracterização termofísica de nanofluidos vem sendo estudada desde a metade da
década de 90 e dentre os métodos usados para determinação das propriedades
termofísicas destaca-se o Método da Sonda Linear (Blackwell, 1954).

2
O método Flash, proposto por Parker, Butler, Jenkins e Abbott em 1961 (Parker et
al., 1961), foi desenvolvido para a determinação da difusividade térmica de materiais
sólidos, homogêneos e isotrópicos, assim como líquidos. Neste método, a superfície de
uma amostra é sujeita a um pulso de energia de alta intensidade e curta duração. O
aumento da temperatura na superfície oposta da amostra é medida e a difusividade
térmica é calculada a partir da curva de aumento de temperatura versus tempo. O calor
específico pode ser medido em alguns casos, permitindo assim a determinação da
condutividade térmica. Vários modelos teóricos foram posteriormente desenvolvidos
para o método Flash, envolvendo condições de contorno adiabáticas, perdas de calor,
efeito de revestimento da amostra, entre outros aspectos que influenciam o formato da
curva de aumento de temperatura.
A sonda linear é um instrumento de identificação da condutividade térmica de
materiais granulares e líquidos viscosos (Blackwell, 1954; Tavman, 1996, 1998, 2000;
Souza et al, 1999; Thomson et al., 2003). A sonda consiste em um tubo fino de metal
que possui em seu interior uma resistência de aquecimento e um termopar. Esse tubo é
inserido no meio a ser medido, e a resistência é ligada. A condutividade térmica é
determinada pela resposta de temperatura do meio.
O procedimento padrão de identificação das propriedades termofísicas com a sonda é
especificado pela ASTM através das normas D5930-97 (1997) e D5334-00 (2000), e
pelo Flash através da norma E1461-01 (2001).

1.2 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo medir as propriedades termofísicas de nanofluidos
através de dois métodos clássicos: O Método Flash e o Método da Sonda Linear.
Também deseja-se medir a viscosidade e a massa específica dos nanofluidos. O Netzsch
Nanoflash LFA 447/1, a sonda TP02 da Hukseflux, o Reômetro Brookfield DVIII Ultra
e o kit de determinação de massa específica YDK 01 da Sartorius, todos do
LTTC/COPPE/UFRJ, são usados para as medidas. Além diso, deseja-se comparar os
resultados experimentais obtidos neste trabalho com outros disponíveis na literatura.

1.3 Organização do Texto


No decorrer dessa dissertação, serão apresentados no capítulo 2 o método Flash e o
método da Sonda Linear, onde serão discutidos seus aspectos gerais, as características
principais e seus componentes, assim como o conceito de nanofluidos.

3
No capítulo 3 serão especificadas as características dos equipamentos usados para a
identificação das propriedades termofísicas (o Netzsch Nanoflash LFA 447/1 e a Sonda
Hukseflux TP02), o reômetro usado para a identificação da viscosidade (Brookfield
LVDV-IIIU) dos nanofluidos, o kit de deteminação de massa específica YDK 01 da
Sartorius e os softwares usados para o controle dos equipamentos e aquisição dos dados.
No capítulo 4 serão apresentados e discutidos os resultados dos valores obtidos da
massa específica determinada experimentalmente com o uso do kit YDK 01, e
teoricamente pela fórmula de mistura; da condutividade térmica determinada
experimentalmente pelo Método Flash e pela Sonda Linear, da Difusividade Térmica
determinada experimentalmente pelo Método Flash e da viscosidade, determinada
experimentalmente com o uso do reômetro LVDV-IIIU da Brookfield.
No capítulo 5 serão apresentadas as conclusões e sugestões deste estudo.

4
2. Revisão Bibliográfica

2.1 Nanofluidos
A miniaturização é a principal tendência na ciência e tecnologia moderna. Uma
variedade de produtos em microescala já estão disponíveis, ou logo estarão. Sensores,
atuadores, motores, válvulas, tubos de calor, células combustível, instrumentos,
dispositivos médicos, robôs, e aviões são apenas algumas das quase intermináveis
variedades de microprodutos no mercado, ou a caminho de sair do laboratório para o
mercado (Choi, 1998).
Na área de transferência de calor, engenheiros fabricam dispositivos em microescala,
como trocadores de calor com microcanais, e microbombas que são do tamanho de
manchas de poeira (Choi, 1998). Trocadores de calor em miniatura têm numerosos
atributos, incluindo alta eficiência térmica, tamanho pequeno, baixo peso e flexibilidade
de projeto. Como seus microcanais são extremamente compactos e leves comparados
com sistemas tradicionais, os custos com materiais e com fabricação podem ser
reduzidos, uma vantagem atrativa que poderia despertar o interesse de várias firmas,
como por exemplo na indústria eletrônica, que tem aplicações em pacotes avançados de
refrigeração; para a indústria automotiva, a diferença de peso entre sistemas
convencionais e microcanais (como nos aparelhos de ar condicionado), poderia gerar
economia no combustível (Choi, 1998). Avanços maiores nessa área seriam alcançados
se os fluidos refrigerantes que passam pelos microcanais contivessem partículas
nanométricas para aumentar a transferência de calor. Dessa maneira, a tecnologia de
nanofluidos será uma tecnologia emergente e promissora no século 21 (Choi, 1998).
Uma característica dessa tecnologia emergente é que ela é altamente interdisciplinar.
Espera-se que com a era micro e nano, haja diversas aplicações imprevistas até hoje,
revolucionando dessa maneira várias indústrias (Choi, 1998).
Da obscuridade que se encontrava em torno de duas décadas atrás, a nanociência e a
nanotecnologia se popularizaram nos dias de hoje (Rohrer, 1996 apud Choi, 1998).
Revisões recentes de programas de pesquisa em nanotecnologia nos Estados Unidos,
China, Europa, e Japão mostram que universidades, laboratórios, pequenos negócios e
grandes companhias multinacionais estabeleceram grupos de pesquisa ou centros
interdisciplinares que focam em nanotecnologia (Roço, 1998; Li, 1998; Fissan e
Schoonman, 1998; Hayashi e Oda, 1998 apud Choi, 1998). Estima-se que a

5
nanotecnologia está em um nível semelhante ao de desenvolvimento da tecnologia dos
computadores/informação nos anos 50 (Roço, 1998 apud Choi, 1998).
Segundo Choi (1998), o conceito de nanofluidos nasceu da necessidade de se
intensificar processos de transferência de calor para a refrigeração de elementos óticos
de aparelhos de raio X com alta taxa de calor. Este mesmo autor tentou realizar um
processo de resfriamento trabalhando com microcanais resfriados por nitrogênio
líquido. De acordo com Choi (1998), em um trocador de calor com nitrogênio líquido
no microcanal, a transferência de calor seria excelente, mas a custo de uma grande
potência de bombeamento e um sistema criogênico muito caro. Devido a isto, continuou
sua pesquisa na procura de uma maneira de aumentar a transferência de calor. Ele
pretendia desenvolver um novo fluido de transferência de calor que não necessitasse de
uma grande potência de bombeamento e não fosse criogênico. Desta forma, ele focou
sua atenção em uma maneira de melhorar a condutividade térmica dos fluidos
existentes.
Embora o uso de partículas metálicas para aumentar a condutividade térmica de
fluidos seja bem conhecida (Maxwell, 1873 apud Choi, 1998), Choi percebeu - através
de uma experiência de bombeamento de suspensões de fibras e nylon – que partículas
micro ou mini não poderiam ser usadas em microcanais. À partir daí focou sua atenção
em um mundo menor, e visualizou o conceito de nanofluidos como um caminho para
unir fluidos de transferência de calor com as nanopartículas, que começavam a se tornar
disponíveis. À medida que lia artigos sobre materiais nanométricos, imaginou o que
poderia acontecer se nanopartículas pudessem ser dispersas em um fluido de
transferência de calor. Isso abriria a possibilidade de se usar nanofluidos em
microcanais para várias aplicações de alta taxa de calor (Choi, 1998). Nanofluidos
passando por trocadores de calor com microcanais proporcionariam um grande avanço
no desenvolvimento de tecnologias de refrigeração, por causa da combinação de uma
grande área de troca de calor e alta condutividade térmica (Lee e Choi, 1996 apud Choi,
1998).
Assim, Choi concebeu a idéia de nanofluidos para o desenvolvimento de fluidos de
transferência de calor industriais com alta condutividade térmica. Sua idéia tomou força
quando ele teve conhecimento que a divisão de materiais de seu laboratório tinha a
possibilidade de produzir nanopartículas, apesar de todo o foco ser na produção de
nanopartículas para fazer sólidos e então caracterizar as novas propriedades desses
sólidos (Choi, 1998).
6
Investigadores no Japão e Alemanha publicaram artigos que descreviam fluidos
similares aos desenvolvidos Choi. Masua et al., trabalharam na condutividade térmica e
viscosidade de suspensões de partículas ultrafinas de Al2O3, SiO2 e TiO2, e publicaram
o artigo Masuda et al., 1993 apud Choi, 1998. Entretanto, o trabalho desenvolvido por
Choi foi independente do trabalho Japonês (Choi, 1998).
A diferença entre os nanofluidos japoneses e os de Choi (1998), é que os
investigadores japoneses adicionaram um ácido (HCl) ou uma base (NaOH) para
produzir suspensões de óxidos, pois elas não formavam uma suspensão estável em
fluidos. Entretanto, Choi (1998) conseguia suspensões estáveis sem dispersantes. Seus
nanofluidos com nanopartículas de óxidos tinham excelentes propriedades de dispersão
e formavam suspensões que eram estáveis por semanas ou meses.
A partir de então, diversos trabalhos foram desenvolvidos para a determinação das
propriedades termofísicas de nanofluidos. Um dos trabalhos pioneiros foi o de Eastman
et al. (1997), na qual foram produzido três nanofluidos: Al2O3 em água, CuO em água e
Cu em água. O nanofluido de CuO em água apresentou uma suspensão estável,
enquanto o nanofluido de Cu em água sedimentou rapidamente. O nanofluido de Al2O3
apresentou boa estabilidade. A condutividade térmica foi medida pela técnica do fio
quente transiente. Para 5% em volume de CuO, obteve-se 60% de aumento da
condutividade térmica em relação a água pura, enquanto o nanofuido de Al2O3, obteve
uma aumento de cerca de 30%. Tal resultado era esperado, pois o CuO apresenta
uma condutividade térmica maior que a Alumina.
Em outro trabalho, Eastman et al. (1999), determinaram novamente a condutividade
térmica pela técnica do fio quente transiente. Nesse trabalho, Eastman et al.(1999)
fabricaram três nanofluidos: CuO em água, Al2O3 em água e Cu em etileno glicol. O
nanofluido de CuO em água apresentou um aumento de 20% da condutividade térmica
em relação a água para 4% em volume de nanopartículas; a alumina em água apresentou
um aumento de 18% para uma concentração de 5% em volume e o Cobre em etileno
glicol apresentou um aumento de 10% para uma concentração de 0,5% em volume de
nanopartículas.
Xuan e Li (2000) fabricaram nanofluidos de cobre em água e em óleo de
transformador. No óleo de transformador, Xuan e Li (2000) usaram concentrações de 2
e 5% em volume. Para a água, foi fabricado um nanofluido com 5% em volume de
cobre. Para obter uma boa estabilidade, Xuan e Li (2000) usaram sal láurico como

7
dispersante para o nanofluido com água e ácido oléico para o nanofluido com óleo de
transformador. Os nanofluidos foram observados em um microscópio eletrônico, e
segundo Xuan e Li (2000), o nanofluido de cobre em óleo de transformador apresentou
um melhor comportamento em relação à estabilidade e dispersão. Segundo os autores,
isto explica que a viscosidade dos fluidos pode ser um fator importante que afeta a
dispersão de partículas ultra-finas e a estabilidade da suspensão.
A condutividade térmica do nanofluido é fortemente dependente da fração em
volume de nanopartículas. Até agora existe um problema não resolvido de se
desenvolver uma teoria sofisticada para predizer a condutividade térmica do nanofluido,
embora existam algumas correlações semi-empíricas para calcular a condutividade
térmica aparente de uma mistura de duas fases (Xuan e Li, 2000).
Xuan e Li (2000) usaram o modelo de Hamilton-Crosser para obter uma
aproximação da condutividade térmica do nanofluido de Al2O3 em água com diferentes
valores de ψ de 0.5 a 1. Os resultados mostraram que o modelo com ψ = 0.7 foi o
mais próximo dos dados experimentais. Entretanto, este modelo não obteve bons
resultados para o nanofluido de CuO. Para determinar a condutividade térmica dos
nanofluidos, Xuan e Li (2000) usaram a técnica do fio quente transiente. Segundo os
autores, o experimento deve durar no máximo 5 segundos, para evitar os efeitos
convectivos na amostra. Antes da medida de condutividade térmica dos nanofluidos, o
fio quente é calibrado em uma amostra com a condutividade térmica conhecida, o que
mostra uma alta precisão do aparato experimental.
Xuan e Li (2000) compararam seus resultados com o de Eastman et al. (1997). A
tendência de aumento da condutividade térmica com a fração em volume se confirmou
no experimento de Xuan e Li (2000). Para o nanofluido de cobre em óleo de
transformador, Xuan e Li (2000) obtiveram um aumento de 27% da condutividade
térmica para uma concentração de 5% em volume de nanopartículas, enquanto Eastman
et al.(1997) obtiveram um aumento de 43%. Para o cobre em água, Xuan e Li (2000)
obtiveram um aumento de 52% da condutividade térmica para uma concentração de 5%
em volume, e Eastman et al. (1997) obtiveram um aumento de 60%. Segundo Xuan e Li
(2000), isto se deve ao fato de que os nanofluidos fabricados por Eastman et al. (1997)
têm as nanopartículas da ordem de 18 nm de diâmetro, enquanto os nanofluidos
fabricados por eles, têm as nanopartículas da ordem de 10 nm de diâmetro. Além disso,
segundo Xuan e Li (2000), o método de preparação dos nanofluidos por Eastman é caro
e difícil de satisfazer aplicações práticas. Os nanofluidos de Xuan e Li (2000) são feitos
8
por mistura direta de nanopartículas em um líquido base, o que torna a técnica possível
para várias aplicações.
Jang e Choi (2004) desenvolveram um modelo que leva em conta a dinâmica da
nanopartícula no comportamento térmico dos nanofluidos. As hipóteses nos modelos
teóricos tradicionais para a determinação da condutividade de suspensões sólidas, é de
que as partículas discretas estão paradas em um material contínuo. Essa hipótese
funciona bem para partículas em uma matriz sólida, ou partículas grandes suspensas em
um fluido. Os autores acreditam que para partículas muito pequenas, como nos
nanofluidos, o movimento Browniano se torna importante, necessitando uma
abordagem diferente para entender o transporte de energia nos nanofluidos.
Os resultados teóricos dos autores foram comparados com resultados experimentais
da literatura. Para determinar a influência da concentração volumétrica de
nanopartículas no aumento da condutividade térmica, os nanofluidos utilizados foram
Al2O3 em água, CuO em água, CuO em etileno glicol e Cu em etileno glicol. A
concentração de nanopartículas de Cu em etileno glicol foi de 0.1 e 0.5% em volume.
Os valores do aumento da condutividade térmica foram de 2% e 13%, respectivamente.
Para os outros nanofluidos, a variação da concentração foi 1% a 4%. Al2O3 em água
resultou em aumentos da condutividade térmica de 2% a 6%, CuO em água em
aumentos de 2% a 8% e finalmente CuO em etileno glicol em aumentos de 3% a 18%.
O modelo proposto pelos autores apresentou boa concordância com os valores
experimentais. Todas as curvas apresentaram uma tendência linear do aumento da
condutividade térmica com o aumento da concentração de nanopartículas.
Os autores também determinaram o aumento da condutividade térmica com o
aumento da temperatura para uma concentração fixa de 1% em volume de
nanopartículas. A faixa de temperatura considerada foi de 27 a 52 0C. O aumento da
condutividade térmica do Al2O3 em água foi de 1% a 5% e o do nanofluido de Cu em
água foi de 19% a 90% na faixa de temperatura considerada. A nanopartícula de Cu em
água, com 6nm, tem um aumento de condutividade térmica quase 2 vezes maior que a
nanopartícula de Al2O3 em água, com 38.4 nm a 52 0C.
O modelo teórico proposto pelo autor conseguiu boa concordância com os resultados
experimentais. A curva teórica passou por todos os pontos experimentais. Esses
resultados também foram comparados com o modelo de Maxwell, que ficou muito
abaixo dos valores apresentados pelo modelo de Jang e Choi (2004) e dos valores
experimentais.
9
Os autores compararam também o efeito da variação do tamanho da nanopartícula no
aumento da condutividade térmica. Segundo os autores, existem poucas fontes para
comparações com relação ao tamanho das nanopartículas. Os resultados obtidos da
literatura foram de nanofluidos com 3% de concentração em volume de nanopartículas.
Nanofluidos com nanopartículas de Al2O3 de 13 nm e 38.4nm em água e nanofluido
com nanopartículas de CuO de 24.4 nm em etileno glicol foram comparados com os
valores obtidos pelo modelo proposto pelos autores, e apresentaram boa concordância.
Para os nanofluidos de Al2O3, com diâmetro de 13 nm, o aumento da condutividade
térmica foi de 4%, e para diâmetro de 38.4 nm o aumento foi para 1%. Para o caso de
nanopartículas de CuO em etileno glicol com 24 nm, o aumento da condutividade
térmica foi de 4%. Os valores obtidos pelo modelo de Maxwell (1873 apud Jang e Choi,
2004) apresentaram um padrão diferente do obtido pelos autores. Isso se deve ao fato
que o modelo proposto pelos autores leva em conta que quanto menor é a partícula,
maior é o movimento aleatório, e consequentemente ocorre um efeito de convecção em
nanoescala, que aumenta o valor da condutividade térmica. Portanto, quanto menor é o
tamanho da partícula, maior é o aumento.
Como conclusão, o trabalho demonstrou que o movimento Browniano das
nanopartículas a níveis de nanoescala e molecular é o mecanismo chave que governa o
comportamento térmico do nanofluidos (Jang e Choi, 2004).
Bhattacharya et al (2004) desenvolveram uma técnica para calcular a condutividade
térmica efetiva de nanofluidos usando simulação por dinâmica Browniana. Foram
considerados duas nanopartículas: Óxido de alumínio e Cobre, com tamanho de 60 nm.
Os experimentos foram feitos a 27 0C. Os autores não apresentaram a expressão usada
para o cálculo. Segundo os autores, os resultados teóricos foram satisfatórios quando
comparados com resultados experimentais obtidos da literatura. As simulações foram
feitas para diferentes concentrações de nanopartículas. O fluido base nos dois
nanofluidos foi o etileno glicol. Para o nanofluido de Cu, a concentração de
nanopartículas foi de 0.1 a 0.55%. O valor do aumento da condutividade térmica foi de
1% a 10%, variando de forma linear. Para o nanofluido de óxido de alumínio, a variação
da concentração de nanopartículas foi de 2 a 5%. O valor do aumento da condutividade
térmica foi de 6% a 33%, variando de forma linear.
O modelo proposto pelos autores apresentou boa concordância com os resultados
experimentais da literatura. Esses valores foram comparados também com o modelo de
Hamilton-Crosser, (1962 apud Bhattacharya et al., 2004). Os valores calculados pelo
10
modelo de Hamilton-Crosser estavam sempre abaixo dos resultados experimentais e os
teóricos de Bhattacharya et al. (2004). Segundo os autores, isso se deve ao fato de que
nenhum modelo para o cálculo da condutividade leva em conta a dinâmica das
partículas suspensas
Hwang et al. (2005) produziram 4 nanofluidos: nanotubo de carbono em água, CuO
em água, SiO2 em água e CuO em etileno glicol. Os autores usaram o método do fio
quente transiente para a determinação da condutividade térmica. Para uma concentração
de 1% em volume de nanopartículas, o nanotubo de carbono foi o que apresentou a
maior aumento da condutividade térmica em água (11.3%), seguido pelo CuO (5%) e
por fim o SiO2(4%). Segundo Hwang et al. (2005), esse resultado mostrou que o
aumento da condutividade térmica do nanofluido é maior quando as nanopartículas
suspensas têm maior condutividade térmica. No caso do nanofluido de CuO, o aumento
da condutividade térmica foi maior no etileno glicol (9%) que na água. Segundo Hwang
et al. (2005), esse resultado mostrou que o nanofluido é mais efetivo em fluidos com
menor condutividade térmica.
Murshed et al (2005) estudaram o efeito da concentração, do tamanho e formato das
nanopartículas no aumento da condutividade térmica dos nanofluidos. O líquido
utilizado foi água deionizada e a nanopartícula foi o TiO2. Foram feitos experimentos
em nanopartículas com formato de tubo de diâmetro 10nm e comprimento 40nm e em
formato esférico de diâmetro 15 nm, adquiridos da Nanostructure and Amorphous
Materials, Inc., USA. Os resultados experimentais foram obtidos com o método do fio
quente. Foram fabricados dois tipos diferentes de nanofluidos, cada um com uma
concentração diferente de nanopartículas. O valor do pH, da viscosidade e a estabilidade
foram caracterizados. Um microscópio eletrônico de transmissão e um analisador de
tamanho de partícula foram utilizados para monitorar a dispersão, o agrupamento e a
morfologia das nanopartículas no fluido, pois são fatores considerados para o aumento
da condutividade térmica dos nanofluidos.
Os autores observaram que o tamanho das nanopartículas eram maiores que o
especificado pelo fornecedor. Isso se deve ao fato da alta densidade da partícula, grande
número de partículas, atração entre as partículas e aglomeração das partículas que foi
observado no analisador de tamanho de partícula e no microscópio. As partículas
também não estavam distribuídas uniformemente no fluido. Existe então a necessidade
de se usar surfactantes para quebrar a aglomeração das partículas em suspensão. Ácido
oléico e surfactante CTAB foram usados para assegurar melhor estabilidade e boa
11
dispersão sem afetar as propriedades termofísicas dos nanofluidos e a transferência de
calor em uma fase, sendo usado uma concentração baixa, em torno de 0.01 a 0.02%.
O valor da viscosidade e do pH, que são fatores determinantes na estabilidade dos
nanofluidos, foram medidos a temperatura ambiente. A viscosidade foi de 1.55 x 10-3
Pa.s para 5% de fração em volume de TiO2 com diâmetro de 10 nm e comprimento 40
nm em água deionizada. Já com as partículas esféricas de diâmetro de 15 nm, a
viscosidade foi para 1.83 x 10-3 Pa.s. Segundo o autor, isso se deve ao menor tamanho
da partícula, ao formato e maior número de partículas. O pH do nanofluido de água com
TiO2 ficou entre 6.8 – 6.2 para uma fração de volume de 0.1 a 2 %, o que demonstra que
o nanofluido está aproximadamente neutro na natureza e que diminui com o aumento da
fração em volume das nanopartículas.
De acordo com Xie, citado pelo autor, as forças entre as partículas aumentam com a
diminuição do valor do pH de suspensões, o que resulta num aumento da mobilidade
das nanopartículas na suspensão, levando ao processo de transporte de calor. Então, o
pH do nanofluido deve ser mantido baixo para melhorar o transporte de calor. As
medidas de condutividade térmica foram feitas à temperatura ambiente,em tempos
menores que 3 segundos para evitar o efeito da convecção. Os resultados experimentais
apresentados foram um aumento de 29.7% no nanofluido com as partículas esféricas de
diâmetro 15 nm, com uma concentração de 5% em volume. Já para as nanopartículas
em formato de tubo, o aumento foi de 32.8%, com a mesma concentração de 5% em
volume. O resultado experimental mostrou uma relação não linear entre a concentração
de nanopartículas e o aumento da condutividade térmica para baixas concentrações (0.5
a 2% em volume) e uma relação linear para concentrações maiores (2 a 5% em volume).
Essa relação não linear para baixas concentrações pode ser devido a influência do
surfactante CTAB, longos períodos de sonicação e forças hidrofóbicas nos nanofluidos.
Kwak e Kim (2005) determinaram a condutividade térmica de oxido de cobre
disperso em etileno glicol. As partículas de CuO tinham em média 12 nm de
comprimento, e foram adquiridas da Integran Technologies Inc., Canadá. A
condutividade térmica foi medida pelo método do fio quente. Para evitar o efeito da
convecção, as medidas foram feitas de 100 a 300 ms. Como esperado, a condutividade
térmica do nanofluido aumentou com o aumento da concentração de nanopartículas.
Com uma concentração de 0.1% em volume, há um aumento de aproximadamente 2.6%
da condutividade térmica. Esse aumento é muito alto comparado com a fração em

12
volume de partículas. Porém se a fração de volume for maior que 2%, o aumento não é
tão grande quanto no caso de baixas concentrações.
Jwo e Teng (2005) estudaram experimentalmente a influência da adição de
nanopartículas de Cu a mistura de água com etileno glicol. Um dos nanofluidos tem
água deionizada como solvente base, contendo 2.2% em volume de nanopartículas de
óxido de cobre com diâmetro de 85 nm e diferentes frações em volume de etileno glicol;
o outro nanofluido tem etileno glicol como solvente base contendo 0.15% em volume de
partículas de cobre com diâmetro de 6 nm e diferentes frações em volume de água
adicionada.
Medidas experimentais foram feitas para determinar as propriedades térmicas dos
dois nanofluidos contendo diferentes nanopartículas e com concentrações diferentes. As
medidas experimentais foram feitas pelo método do fio quente. O equipamento usado
foi capaz de fazer medições de condutividade térmica, difusividade térmica e resistência
térmica.
O resultado para a adição de CuO na água foi o aumento de 9.8% da condutividade
térmica. Da mesma forma, a adição de Cu ao etileno glicol, aumentou sua condutividade
térmica em 5.1%. A difusividade térmica da água foi aumentada em 14.6% e a do
etileno glicol em 12.2%. Segundo o autor, apesar da condutividade térmica do Cu ser
maior que a do CuO, mais nanopartículas de CuO são adicionadas na água deionizada
do que partículas de Cu no etileno glicol. Além do mais, as diferenças geométricas do
CuO fazem com que elas tenham um movimento de rotação no fluido. Isso gera um
efeito de convecção em algumas regiões que acabam tendo uma condutividade térmica
maior.
Para quantificar o efeito da adição de nanopartículas tanto na água quanto no etileno
glicol para diversas diluições, o autor apresentou resultados experimentais. Ao
nanofluido de água com CuO foi adicionado 10 a 90% em volume de etileno glicol. Ao
nanofluido de etileno glicol com Cu foi adicionado 10 a 90% em volume de água. Esses
dois experimentos foram comparados com a solução original (sem nanopartículas) de
água com etileno glicol. Quando se compara a condutividade e a difusividade térmica
do nanofluido de água com CuO para concentrações de 10 a 90% em volume de etileno
glicol, observa-se aumento da condutividade térmica de 6.3 a 8.2%, e a difusividade
térmica de 0.3 a 11.7% em relação a mistura de água e etileno glicol sem
nanopartículas. Da mesma forma, a condutividade e a difusividade da concentração de
10 a 90% em volume de nanofluido de etileno glicol contendo Cu em água, aumentou
13
de 2.0-4.5% e de 1.3-10.8% respectivamente, em relação a mistura de água e etileno
glicol sem nanopartículas.
Chon (2005) apresentou uma correlação empírica para a condutividade térmica de
nanofluido de Al2O3 em água com o tamanho das nanopartículas na faixa de diâmetro
nominal de 11 nm a 150 nm, e com uma variação de temperatura de 21 a 71oC. O fluido
utilizado foi a água deionizada. Foram estudados três diferentes tamanhos de
nanopatículas: 11 nm da Nanostructure and Amosphous Materials Inc., 47 nm da
Nanophase Inc., e 150 nm da Nanostructure and Amorphous Materials Inc. O autor
observou em microscópio o tamanho das nanopartículas e encontrou 12.92 nm, 49.47
nm e 182.40 nm respectivamente.
Um equipamento miniaturizado de medida de condutividade foi desenvolvido
baseado no método do fio quente, e esse equipamento requer menos que 10 ml da
amostra. Conforme esperado, a condutividade térmica do nanofluido aumenta (em
relação ao fluido original) com o aumento da temperatura e com a diminuição do
tamanho da nanopartícula. Para uma concentração de nanopartículas de 1% em volume
e com o tamanho de 150 nm e 47 nm, houve um aumento da condutividade térmica de
aproximadamente 3% a 21oC, para 10% a 71oC. Para o diâmetro de 11 nm, houve um
aumento de 9 % a 21oC para pouco mais de 10% a 71oC. Quando a concentração de
nanopartículas passa para 4% em volume, há um aumento de 10% a 21oC para
aproximadamente 28% a 71oC com o tamanho da nanopartícula de 47 nm. Os resultados
teóricos obtiveram uma boa concordância com os resultados experimentais. Os autores
fizeram uma comparação da ordem de grandeza da dependência dos três parâmetros da
correlação desenvolvida (kf, Pr e Re) com a temperatura para determinar qual dele era
mais sensível à variação de temperatura, e consequentemente o que desempenhava o
papel mais importante no aumento da condutividade térmica do nanofluido. Segundo os
autores, o número de Reynolds, que representa a mobilidade das nanopartículas,
mostrou um grande aumento com o aumento da temperatura, enquanto a condutividade
térmica do nanofluido e o número de Prandl quase não variaram. Desse modo, a
velocidade Browniana é considerada como o mecanismo chave que descreve a
dependência com a temperatura da condutividade térmica dos nanofluidos, que segundo
os autores, confirma a conjectura do trabalho de Jang e Choi (2004). Dessa maneira,
pode-se dizer que a altas temperaturas, o aumento da condutividade térmica do
nanofluido é resultado principalmente da velocidade Browniana (Chon et al. 2005)

14
Shukla e Dhir (2005) desenvolveram um modelo microscópico para a predição da
condutividade térmica de um nanofluido, concentrando-se no movimento Browniano
das nanopartículas à partir do modelo de Hamilton-Crosser (1962 apud Shukla e Dhir,
2005).
Segundo os autores, os resultados teóricos estão com uma concordância razoável
com os valores experimentais da literatura, para frações em volume de 1 a 4% de Al2O3
em água. Além disso, o modelo de Hamilton-Crosser (1962 apud Shukla e Dhir, 2005)
não apresentou variação do aumento da condutividade térmica com a temperatura, pois
este modelo não leva em conta o efeito do movimento Browniano.
Jwo et al. (2005) desenvolveram um dispositivo para a determinação da
condutividade térmica de nanofluidos baseado no método do fio quente. Os autores
usaram um fio de níquel-cromo coberto com teflon, ao invés do fio de platina. Segundo
os autores, o fio de níquel-cromo é menos caro, pode ser substituído facilmente e pode
evitar erros quando se mede a condutividade elétrica de fluidos. O aparato experimental
é composto de uma liga de níquel-cromo de 0.2 mm de diâmetro coberta com teflon
para isolamento. O fio é imerso em 100 ml de fluido. A unidade de medida é conectada
em um circulador de aquecimento e refrigeração para manter a temperatura em 30 0C. O
espécime utilizado foi um nanofluido de água deionizada contendo 1.1% e 2.2% em
peso de nanopartículas de CuO, com um diâmetro médio de 85 nm, fabricado pelo
sistema de síntese de nanopartículas por arco submerso. Cada teste foi feito 20 vezes,
com duração de 10 segundos. As medidas devem ser feitas em curto espaço de tempo
para evitar o efeito da convecção. Com a potência média de entrada e a saída de
voltagem, as razões dos parâmetros elétricos do nanofluido e do fluido base são obtidos
por uma relação apresentada pelos autores, e então a razão de aumento da condutividade
térmica pode ser calculada.
Os resultados encontrados pelos autores foram um aumento de 5.82% da
condutividade térmica para o nanofluido com 1.1% em peso de nanopartículas de CuO.
Os autores compararam esse valor com outros dois métodos: unidade de condutividade
de líquidos e gases (P.A. Hilton H470), cujo valor obtido foi 6.12%, e com a sonda-
linear KD2 da Decagon, cujo valor obtido foi 5.73%. Para o nanofluido com 2.2% em
peso de nanopartículas de CuO, o valor obtido pelos autores foi um aumento da
condutividade térmica de 9.62%. Já para os dois métodos supracitados, P.A. Hilton
H470 e Decagon KD2, os valores obtidos foram 9.83% e 9.75% respectivamente.

15
Segundo os autores, o dispositivo proposto provou ser uma ferramenta confiável para a
medida da condutividade térmica de nanofluidos.
Mamut (2006) apresentou uma comparação de resultados experimentais obtidos da
literatura com diversos modelos teóricos para a condutividade térmica de nanofluidos de
Cu em água: Maxwell, 1892; Landauer, 1952; Hamilton-Crosser, 1962 (com
esfericidade de 0.3 e 0.5) e Wasp, 1977, todos citados pelo autor. Segundo o autor, o
modelo de Hamilton-Crosser, 1962, com esfericidade de 0.5 obteve boa concordância
com os resultados experimentais da literatura. A faixa de concentração de CuO foi de 1
a 8 % em volume. Os valores experimentais apresentados por Mamut (2006) mostraram
um aumento de 10% da condutividade térmica com 1% de concentração de
nanopartículas em volume para 100% da condutividade térmica para uma concentração
de 8% de nanopartículas. Os outros modelos apresentaram valores abaixo dos
experimentais. A variação do aumento da condutividade térmica com a concentração de
nanopartículas foi linear para todos os modelos e para os resultados experimentais.
Recentemente, Evans et al. (2006) usaram uma análise baseada na teoria cinética do
fluxo de calor de suspensão de nanopartículas em fluidos para demonstrar que o efeito
hidrodinâmico associado ao movimento Browniano tem uma pequena influência no
aumento da condutividade térmica dos nanofluidos, contradizendo os resultados obtidos
por Jang e Choi (2004) e por Chon (2005). O resultado obtido pelos autores foi de que a
relação entre a condutividade térmica devido ao movimento Browniano pela
condutividade térmica do fluido base foi menor que 1%, e que o movimento Browniano
não pode explicar o aumento de cerca de 10% da condutividade térmica para
nanofluidos com concentração de partículas muito baixas. Segundo os autores, o
resultado é fortalecido pela simulação teórica por dinâmica molecular de um nanofluido.
Nesse caso, a relação da condutividade térmica do nanofluido pela condutividade
térmica do fluido base foi sempre próximo de 1. Segundo o autor, os nanofluidos não
apresentam aumento significativo da condutividade térmica devido ao movimento
Browniano, e sugere que outros parâmetros sejam os responsáveis pelo aumento da
condutividade térmica, como a aglomeração de nanopartículas.
A partir dos trabalhos acima, observa-se que os modelos propostos para o cálculo do
aumento da condutividade térmica apresentam bons resultados para alguns testes
específicos. No entanto, ainda existem discrepâncias entre os modelos, e mais ainda,
não há nenhum que consiga predizer de forma definitiva e concisa o aumento da
condutividade térmica de acordo com o tipo (material), a variação do tamanho e a
16
concentração de nanopartículas assim como a temperatura do nanofluido.
Particularmente, o efeito do movimento Browniano vem gerando trabalhos que
confrontam teorias para explicar se realmente há ou não influência desse efeito no
aumento da condutividade térmica dos nanofluidos. De uma maneira geral, as
observações experimentais permitem afirmar que a suspensão coloidal de
nanopartículas aumenta de maneira significativa as propriedades termofísicas do fluido
base, e que esse aumento é conseguido com uma pequena porcentagem em volume de
nanopartículas. Além disso, os trabalhos apresentados demonstram que a técnica do fio
quente tem sido largamente utilizada para a determinação da condutividade térmica dos
nanofluidos.

2.2 Os Modelos Matemáticos para a Condutividade Térmica dos


Nanofluidos.
O trabalho pioneiro para a determinação da condutividade térmica em meios
heterogêneos foi o de Maxwell (1873). Segundo Maxwell (1873), a resistência
específica de um meio composto consistindo de uma substância de resistência específica
kl, na qual são disseminadas pequenas esferas de resistência específica kp, com a razão
de volume de todas as pequenas esferas para o total sendo ϕ é:
2 k p + 2 kl + ϕ ( k p − k l )
K= kl (1)
2k p + kl − 2ϕ (k p − kl )

Para que a ação das esferas não produza efeitos devido a inteferência entre elas, o
raio deve ser pequeno comparado com a distância entre as esferas. Então deve-se ter
uma pequena fração em volume.
Hamilton e Crosser (1962) estudaram a condutividade térmica de sistemas
heterogêneos com dois componentes. Segundo os autores, a influência do formato da
partícula, composição e condutividade de cada componente foi estudada. A expressão
desenvolvida pelos autores foi:
 K + (n − 1) K1 − (n − 1)V2 ( K1 − K 2 ) 
K = K1  2  (2)
 K 2 + (n − 1) K1 + V2 ( K1 − K 2 ) 
Onde K1 e V1 são a condutividade térmica e o volume da fase contínua e K2 e V2 são
a condutividade térmica e o volume da fase descontínua respectivamente. Para o caso
em que a relação de condutividade térmica das duas fases for menor que 100, o valor de
n é 3, e para o caso em que essa relação for maior que 100, o valor de n é dado por
N=3/ψ, onde ψ é a esfericidade da partícula, definida como a relação entra a área

17
superficial de uma esfera com o volume igual ao da partícula pela área superficial da
partícula.
Jang e Choi (2004) desenvolveram uma teoria para o aumento da condutividade
térmica que leva em conta o efeito do movimento Browniano das nanopartículas em
níveis moleculares e em nanoescala. Segundo os autores, o movimento Browniano é o
mecanismo chave que governa o comportamento térmico dos nanofluidos. Segundo os
autores, as teorias tradicionais de condutividade térmica de suspensões sólido/líquido
assumem que a fase discreta está estática em um material contínuo. Essa hipótese
funciona bem em partículas em uma matriz sólida, ou partículas grandes em uma matriz
de líquido. Segundo os autores, em partículas muito pequenas, como nos nanofluidos, o
movimento Browniano se torna importante, necessitando uma modelagem diferente
para entender o transporte de energia nos nanofluidos.
Jang e Choi (2004) desenvolveram um modelo baseado em quatro modos de
transporte de energia em nanofluidos. O primeiro modo é a colisão entre as moléculas
do fluido base que fisicamente representa a condutividade térmica. Assumindo que a
molécula se desloca somente sobre o livre caminho médio após o qual as moléculas
do fluido base colidem, um fluxo de energia JU através de um plano em z é dado por:
1 dT dT
JU = − BF CˆV , BF C (1 − f ) = − k BF (1 − f ) (3)
3 dz dz
onde CˆV , C e T são a capacidade térmica volumétrica, a velocidade média e a
temperatura das moléculas do fluido base respectivamente, e f e kBF são a fração em
volume de nanopartículas e a condutividade térmica do fluido base.
O segundo modo é a difusão térmica nas nanopartículas no fluido base, que é dado
por:
1 dT dT
JU = − nano CˆV ,nano vf = − knano f (4)
3 dz dz
onde knano e v são a condutividade térmica das nanopartículas suspensas e a
velocidade média dos elétrons ou phonons, respectivamente. A condutividade térmica
das nanopartículas suspensas dada por (Keblinski et al. 2002 apud Jang e Choi, 2004):
knano = β k partícula

onde β é uma constante relacionada a resistencia Kapitza, e kpartícula é a condutividade


térmica das nanopartículas.

18
O terceiro modo é a colisão entre as nanopartículas devido ao movimento browniano.
As colisões entre as nanopartículas devido ao movimento Browniano é um processo
muito lento. Por uma análise de ordem de magnitude, os autores observaram que esse
modo é muito menor que os outros modos e pôde ser desprezado.
O último modo é a interação térmica da dinâmica ou movimento das nanopartículas
em relação às moléculas do fluido base. Apesar do movimento aleatório das
nanopartículas ser zero quando se faz uma média no tempo, as interações entre as
moléculas de líquido e as nanopartículas em nanoescala se traduzem em condução a
nível macroscópico. Dessa maneira, os autores postularam que o movimento Browniano
das nanopartículas nos nanofluidos produzem um efeito de convecção em nanoescala.
Dessa maneira, o último modo pode ser definido como:
(Tnano − TBF ) dT
JU = h(Tnano − TBF ) f = hδ T f ∼ − hδ T f (5)
δT dz

onde h e δT são o coeficiente de transferência de calor do escoamento pela passagem de


nanopartículas e a espessura da camada térmica respectivamente.
Desprezando o terceiro modo, foi obtido a seguinte expressão para a condutividade
térmica de nanofluidos keff:
keff = k BF (1 − f ) + knano f + fhδ T (6)

Para o escoamento em uma esfera, o número de Nusselt é:


Nu = 2.0 + 0.5 Re Pr + O(Re 2 Pr 2 ) (7)
Para nanofluidos típicos, o número de Reynolds e de Prandtl são da ordem de 1 e 10
respectivamente, e a eq. (7) pode ser reescrita como:
Nu ∼ Re2 Pr 2
O coeficiente de transferência de calor para escoamento em nanopartículas é então
definido como:
k BF
h∼ Re 2 dnano Pr 2 (8)
d nano
onde dnano é o diâmetro da nanopartícula e Rednano é o número de Reynolds definido
pela eq. (12). Para estimar a espessura da camada térmica em nanopartículas em
movimento, foi postulado que nanocamadas de moléculas de líquidos ordenadas agem
como camadas de contorno hidrodinamicas, e que três camadas existem na interface.
Define-se a camada de contorno hidrodinâmica δ como:
δ ∼ 3d BF (9)

19
onde dBF é o diâmetro da molécula do fluido base. Essa idéia de camada de contorno
hidrodinâmica em uma escala nanométrica é razoável, considerando que as moléculas
do fluido base na interface tem menor velocidade que as moléculas livres no fluido. A
camada térmica pode ser estimada como (Jang e Choi, 2004):
δ
δT ∼ (10)
Pr
Com base nas eqs. (8)-(10), pode-se escrever a eq. (6) como:
df
knf = k f (1 − ϕ ) + k pϕ + 3C1 k f Re2 dnano Pr f (11)
dp

onde knf é a condutividade térmica do nanofluido, kp é a condutividade térmica da


partícula, ϕ é a fração em volume de nanopartículas, C1 é uma constante de
proporcionalidade, cujo valor não foi dado pelo autor, df é o diâmetro da partícula do
fluido base, dp é o diâmetro da nanopartícula, Prf é o número de Prandtl para o fluido
base e Re2dnano é definido como:
C RM d p
R 2 dnano = (12)
ν
onde C RM e ν são a velocidade randômica das nanopartículas e a viscosidade dinâmica

do fluido base, respectivamente. C RM é definido como:


D0
C RM = (13)
lf

onde o coeficiente de difusão das nanopartículas é dado por Einstein (1956 apud Jang e
Choi, 2004) como:
kbT
D0 = e kb = 1.3807 x10−23 J é a constante de Boltzmann.
3πµ d p K

Chon (2005) apresentou uma correlação empírica para a condutividade térmica de


nanofluido de Al2O3 em água com o tamanho das nanopartículas na faixa de diâmetro
nominal de 11 nm a 150 nm, e com uma variação de temperatura de 21 a 71oC. Baseado
no teorema de Buckingham-Pi com uma regressão linear para os resultados
experimentais, a seguinte correlação empírica para a condutividade térmica do
nanofluido, normalizado pela condutividade térmica do fluido original foi obtida com
95% de nível de confiança:
0.3690 0.7476
knf  df   kp 
= 1 + 64.7ϕ 0.7460
    Pr 0.9955 Re1.2321 (14)
kf  dp   kf 

20
onde ϕ é a fração em volume de nanopartículas de diâmetro dp com condutividade
térmica kp, suspensas em um fluido de diâmetro molecular df com condutividade térmica
kf. O número de Prandtl e o número de Reynolds são definidos como:
µ
Pr ≡ (15)
ρ fα

ρ f VBr d p ρ f kbT
Re ≡ = (16)
µ 3πµ 2l f

onde ρf é a massa específica do fluido, α é a difusividade térmica do fluido, e a


dependência da viscosidade do fluido com a temperatura é dada como:
B

µ = A.10 (T − C )

onde A, B e C são constantes, dadas como: 2.414x10-5 Pa.s, 247.8 K e 140 K, para o
caso da água. VBr é a velocidade Browniana das partículas, baseada na teoria de difusão
de Einstein:
kb T kb T
VBr ≡ = .
3πµ d p l f 3π d p l f B
(T − C )
A.10
onde kb é a constante de Boltzmann, 1.3807x10-23 J/K, e um valor constante de
0.17nm para o livre caminho médio (lf) é usado para a água para todo o domínio de
temperatura do teste.
Shukla e Dhir (2005) desenvolveram um modelo microscópico para a predição da
condutividade térmica de um nanofluido, concentrando-se no movimento Browniano
das nanopartículas à partir do modelo de Hamilton-Crosser (1962 apud Shukla e Dhir,
2005). O modelo proposto pelos autores foi o seguinte:
 k p + 2k f + 2ϕ (k p − k f )  ϕ (T − T0 )
knf = k f   +C (17)
 k + 2k − ϕ ( k − k )  µa4
 p f p f 
I II

onde kf é a condutividade do fluido-base, kp é a condutividade térmica da partícula, ϕ


é a fração em volume, C e To são constantes (7.0x10-36 e 21oC respectivamente), µ é a
viscosidade do fluido e a é o raio da nanopartícula. O termo I representa a contribuição
devido ao modelo macroscópico de Hamilton-Crosser (1962 apud Shukla e Dhir, 2005),
enquanto o termo II representa a contribuição devido ao movimento Browniano das
nanopartículas.

21
2.3 O Método Flash.
Em 1961, Parker e colaboradores (Parker et al. 1961) publicaram um trabalho
pioneiro no desenvolvimento de métodos para identificação de propriedades
termofísicas em materiais sólidos. Esse método consiste numa amostra pequena e fina
de um material sujeito a um pulso de energia de alta intensidade e curta duração. A
energia do pulso é absorvida em uma face da amostra e o aumento de temperatura na
face oposta é medida, conforme ilustrado na Fig. 2-1. O valor da difusividade térmica
foi calculado por Parker et al. (1961) em função da espessura da amostra (L) e o tempo
necessário para a face oposta alcançar 50% do seu valor máximo (t0.5). Esse aumento de
temperatura deve ser pequeno, para que a hipótese de propriedades constantes seja
válida. O calor específico também pode ser calculado como uma extensão desse
método, embora ele não tenha sido desenvolvido especificamente para isto. Para se
determinar a difusividade térmica em uma faixa de temperatura, deve-se realizar o teste
em cada temperatura correspondente.
As principais vantagens desse método são:
Geometria simples e pequenas dimensões do corpo de prova;
Rapidez das medidas;
Larga faixa de difusividade térmica (10-7 a 10-3 m2/s);
Grande faixa de temperatura (75 a 2800 K);
O Método Flash se tornou um padrão ASTM (ASTM 1461-01, 2001). Os
componentes necessários do equipamento baseado nesse método são:
Fonte de Energia;
Suporte da Amostra;
Forno (Opcional);
Detetor de Temperatura;
Sistema de Aquisição de Dados.
A fonte de energia pode ser um laser, uma lâmpada de flash, uma lâmpada de
Xenônio ou qualquer mecanismo capaz de gerar um pulso de curta duração com grande
energia. A duração do pulso de energia deve ocorrer em tempo menor que 2% do tempo
necessário para a face traseira atingir 50% de sua temperatura máxima. O pulso deve
incidir uniformemente na superfície da amostra (ASTM 1461-01, 2001). Os lasers mais
usados são o rubi, Nd:Vidro, e Nd:YAG (próximo do infravermelho). A lâmpada de
Xenônio é uma alternativa de baixo custo e pequena manutenção em relação ao laser.

22
Um forno é necessário para testes realizados acima da temperatura ambiente, onde
deve haver uma janela transparente ao pulso de energia. Na parte superior do forno deve
existir outra janela, se for utilizado um detetor óptico de temperatura. Em tais casos, o
detetor óptico deve ser protegido da exposição direta do pulso de energia com o uso de
filtros. O forno pode ser horizontal ou vertical. O suporte da amostra deverá ser
construído de forma a minimizar trocas térmicas com o corpo de prova. O suporte da
amostra pode alojar uma ou mais amostras de uma vez, sendo a última opção melhor,
pois gera uma grande economia de tempo entre um teste e outro. (ASTM 1461-01,
2001).

Fig. 2-1 Método Flash

O detetor de temperatura pode ser um termopar, detetor de infra-vermelho, pirômetro


óptico ou qualquer outro componente capaz de prover uma saída elétrica linear,
proporcional a um pequeno aumento de temperatura, assim como deverá ser capaz de
detectar uma mudança de 0.05 K sobre a temperatura inicial da amostra. O detetor e o
amplificador de sinal devem ter um tempo de resposta menor que 2% do valor de t0.5
(i.e., tresposta < 0.02 t0.5) (ASTM E-1461-01, 2001). Hoje em dia, o método Flash não usa
mais termopar para a medida de temperatura por causa de sua resposta lenta, seu caráter
intrusivo e efeito de aleta. Detetores de infra-vermelho se tornaram seguros e com
exatidão suficiente para as pequenas variações de temperatura e a curta duração do
Método Flash.
O Método Flash é um método primário para a identificação da difusividade térmica
de materiais homogêneos e de uma única camada; por isso, não requer calibração.
Porém, a execução do teste está sujeita a erros sistemáticos e randômicos. Dessa
maneira, é importante verificar o desempenho do aparato para estabelecer a influência

23
destes erros nas medidas. Isto pode ser feito testando uma ou várias amostras de
materiais com difusividade térmica conhecida. Apesar de não haver nenhum Material
Padrão (Standard Reference Material - SRM) disponível para a difusividade térmica,
uma grande quantidade de dados está disponível na literatura para vários materiais de
referência. Entre eles podemos citar o Grafite POCO, Pyrex, Alumina, Pyroceram entre
outros.(ASTM E-1461-01, 2001).
O Método Flash também pode ser usado para a determinação do calor específico,
comparando-se a curva do aumento de temperatura do material testado com a de um
material de referência (Parker et al., 1961). Entretanto, deve-se tomar cuidado ao
realizar o cálculo do calor específico, pois como o método depende de um material de
referência, nem sempre se consegue garantir rigorosamente a mesma condição de pulso
para as duas experiências (no material analisado e no material de referência) (ASTM E-
1461-01, 2001). No teste de difusividade térmica, a quantidade de energia absorvida
pela amostra só é necessária para gerar um sinal suficiente para o aumento da
temperatura da face oposta à qual o pulso de energia incidiu (Parker et al., 1961).
Entretanto, a energia absorvida deve ser conhecida, controlável e com repetibilidade
para a identificação do calor específico. Neste caso, o aumento da temperatura do
material de referência é usada para se determinar (ou calibrar) a energia absorvida.
Existem várias condições que devem ser satisfeitas para este processo ser válido (ASTM
E-1461-01, 2001), como:
• A fonte de energia deve ser capaz de reproduzir o pulso com as mesmas
condições, tanto para o corpo de prova como para o material de referência;
• O detetor deve manter sua sensibilidade durante o teste realizado no material de
referência e no corpo de prova;
• O material de referência deve ter tamanho semelhante ao corpo de prova;
• O corpo de prova e o material de referência devem ser cobertos com uma
camada de grafite uniforme e fina, para assegurar que a emissividade das duas
seja a mesma;
• O material de referência e o corpo de prova devem ser homogêneos, isotrópicos
e com uma única camada;
• A amostra de referência e o corpo de prova devem ser testado na mesma
temperatura e no mesmo ambiente. Preferivelmente, o teste deve ser feito com o

24
material de referência e o corpo de prova lado a lado, e com um pequeno
intervalo de tempo entre eles;
• A verificação do processo poderá ser feita usando a amostra de referência como
desconhecida e a desconhecida como referência;
• O mesmo teste deve ser executado com três espessuras diferentes, para se obter
uma medida com pequena incerteza.
Após a determinação da difusividade térmica e do calor específico, a condutividade
térmica pode ser calculada à partir da definição da difusividade térmica. Para isso, é
necessário medir a massa e volume corpo de prova (ASTM E-1461-01, 2001).
Para obter a difusividade térmica à partir do tempo necessário para a temperatura da
superfície traseira alcançar 50% de seu valor de máximo, Parker et al. (1961) usaram
um modelo de condução de calor unidimensional, desprezando perdas de calor e
assumindo que a energia é absorvida instantaneamente em uma pequena profundidade
do corpo de prova. Para que a formulação matemática se aproximasse das condições
físicas reais do experimento, onde as perdas não podem ser desprezadas e com uma
duração de pulso finita, outros autores propuseram modelos matemáticos para o
problema de condução de calor no corpo de prova. (Cowan, 1961 e 1963; Cape e
Lehman, 1963; e Clark e Taylor, 1975). Recentemente, modelos lidando com
transferência acoplada condução-radiação no corpo de prova foram propostos para
materiais semi-transparentes (Heping et al.,1991; Andre e Degiovanni, 1995; Han et
al., 1996; Mehling et al., 1998; Andre e Degiovanni, 1998; Tan et al., 1999; Lazard et
al., 2004; Remy e Degiovanni, 2005).
Outros modelos podem ser encontrados na literatura para o Método Flash. O escopo
deste trabalho entretanto, é somente focar em alguns modelos que mostram de uma
forma suficientemente geral os diferentes fatores que afetam a variação da temperatura
do corpo de prova.

2.3.1 Modelos Matemáticos


2.3.1.1 O Modelo de Parker et al. (1961)

Parker et al. (1961) desenvolveram o primeiro modelo matemático para identificação


da difusividade térmica com o Método de Flash. Considerando-se a distribuição inicial
de temperatura no sólido de espessura L como T(x,0), a distribuição de temperatura em
qualquer instante de tempo pode ser descrita como:

25
 − n 2π 2α t  nπ x  L  nπ x 
 cos 
1L 2 ∞
T ( x, t ) = ∫ T ( x , 0) dx + ∑ exp   ∫ T ( x, 0) cos   dx (18)
L0 L n =1  L2   L  0  L 
 
onde α é a difusividade térmica. Os autores consideraram que um pulso de energia Q é
instantaneamente e uniformemente absorvido (largura do pulso nula) em uma camada
fina (g) do corpo de prova em x=0, e que as propriedades termofísicas eram constantes
com o pequeno aumento de temperatura. Além disso, também assumiram que a
condução de calor no corpo de prova era unidimensional, e que as perdas de calor
poderiam ser desprezadas. Sob estas condições, a distribuição inicial de temperatura
pode ser dada por:
 Q
 , 0< x< g
T ( x, 0) =  ρ C p g
 0, g < x < L

Com esta condição inicial, a temperatura na face traseira (x = L) do sólido para


qualquer instante de tempo pode ser descrita como segue:

Q  ∞  2 2 α t 
T ( L, t ) = 1 + 2 ∑ (−1) exp  −n π 2  
n
(19)
ρ C p L  n =1
 L 

A Eq. (19) pode ser escrita na forma adimensional, usando-se os seguintes parâmetros,:
Θ = T ( L, t ) / Tm (20)

τ = α t / L2 (21)
onde Tm é a temperatura máxima na superfície traseira [Tm = T(L, t → (∞)].
Substituindo Eqs. (20) e (21) na Eq.(19), obtemos:

Θ(τ )=1+ 2∑ (−1)n exp(−n2π 2τ ) (22)
n =1

A Fig. 2-2 mostra a variação da temperatura adimensional θ como uma função de τ, à


partir da Eq.(22). De acordo com Parker et al. (1961), a difusividade térmica pode ser
determinada pela Eq.(22) e Fig. 2-2, no ponto onde a temperatura adimensional θ é
igual a 0.5. Neste ponto, o tempo adimensional τ é igual a 0.1388, e à partir da Eq.(22):
α = 0.1388L2 / t0.5 (23)
onde t0.5 é o tempo necessário para que a temperatura da superfície traseira do corpo de
prova alcance a metade da temperatura máxima. Então, a difusividade térmica α pode
ser determinada diretamente pela Eq.(23), medindo-se o tempo onde a temperatura
adimensional θ é igual a 0.5 (t0.5). É importante observar que não é necessário conhecer
26
a quantidade de energia absorvida no corpo de prova para se determinar a difusividade
térmica com este modelo, que só depende da forma da curva temperatura versus tempo
[Fig. 2-2] e da espessura do corpo de prova.
Parker et al. (1961) compararam os dados obtidos da Eq.(23) com outros valores
disponível na época, obtendo uma boa concordância e desvios na ordem de ± 5%.
Entretanto este modelo é limitado, pois despreza as perdas de calor, e o pulso de energia
é considerado instantâneo. Os efeitos da duração finita do pulso são mais evidentes
durante testes em amostras finas de materiais com difusividade térmica alta. Esse efeito
retarda o tempo de aumento da temperatura da face traseira.

1,0
0,9

0,8
0,7

0,6
Θ(τ)

0,5

0,4
0,3

0,2
0,1

0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
τ
Fig. 2-2 Medida da difusividade térmica, de acordo com Parker et al. [2].

Os efeitos de perda de calor são mais significativos em amostras espessas em


temperaturas altas. Esse efeito faz com que a amostra não atinja sua temperatura
máxima, e faz com que após atingir seu máximo ocorra um resfriamento devido às
perdas convectivas nas faces.

2.3.1.2 O Modelo de Cowan (1961 e 1963)

O primeiro artigo que levou em conta as perdas de calor no Método Flash foi
publicado antes do trabalho de Parker et al. (1961). Em julho de 1961, Cowan (1961)
publicou um artigo propondo um novo método (o qual não denominou Método Flash)
para a identificação da difusividade térmica. O método de Cowan (1961) era idêntico ao
Método Flash proposto por Parker et al. (1961). Entretanto, o artigo de Cowan (1961)

27
foi submetido para publicação no dia 03 de janeiro de 1961, enquanto Parker et al.
(1961) submeteram o artigo para publicação no dia 29 de setembro de 1960. Enquanto o
foco de Cowan (1961) estava no modelo matemático e nos aspectos teóricos para a
identificação da difusividade térmica usando medidas de amplitude e/ou fase da
variação de temperatura da superfície, o foco de Parker et al. (1961) estava na
implementação prática do Método Flash com um modelo matemático simples, que era
apropriado para as suas condições experimentais.
O modelo de Cowan (1961) é unidimensional, considerando absorção instantânea do
pulso energia na superfície de amostra. As perdas em ambas as superfícies da amostra
são dependentes da temperatura, como uma condição de contorno radiativa linearizada.
Cowan (1961) considerou o feixe de energia como uma onda quadrada ou como onda
senoidal.
Em 1963, Cowan (1963) usou o modelo matemático de 1961 para apontar os efeitos
de perda de calor no resultado do teste. Quando existe perda de calor na superfície do
corpo de prova, a curva temperatura versus tempo alcança seu máximo em uma
temperatura mais baixa, quando comparada com o caso adiabático. Após o máximo, a
temperatura cai devido ao efeito da perda de calor, como ilustrado na Fig. 2-3
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
p

0,4 a= 0
0,3 a = 0.01
a = 0.1
0,2 a = 0.5
0,1 a= 1

0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
= t/L2
Fig. 2-3 Efeito da perda de calor na face traseira, de acordo com Cowan (1961 e 1963)

A expressão para a temperatura de superfície traseira derivada por Cowan (1963) é:


Q 
exp(−aτ ) + 2∑ (−1)n exp(−n2π 2τ ) 

Θ(τ ) =  (24)
ρCp L  n =1 

28
onde τ está definido pela Eq.(21) e θ(τ) = T(L, τ) – T0. O parâmetro adimensional a no
primeiro termo à direita da Eq.(24) depende das perdas de calor, e é determinado por:

 1  dW  1  dW  
a = L   +    (25)
 k  dT  x = 0 k  dT  x = L 

onde W é o fluxo de calor perdido (W/m2) na superfície em x = 0 e x = L, e k é a


condutividade térmica. Se não há nenhuma perda de calor nas superfícies, a = 0 e
Eq.(25) reduz a Eq.(23) do modelo de Parker et al (1961).
O modelo de Cowan (1961 e 1963) requer o conhecimento do valor de a, pelo menos
aproximadamente, para uma máxima exatidão. No caso de perdas somente por radiação,
uma estimativa aproximada da emissividade ε da amostra, pode fornecer a com exatidão
suficiente:
a ≈ 2.3×105{[1 + (TL / T0 )3 ](T /1000)3 (ε L / k )} (26)
Como a Eq.(24) correlaciona θ e τ como uma função de a, uma aproximação
alternativa para a difusividade térmica é medir experimentalmente as relações:
Θ(5t0.5 ) / Θ(t0.5 ) or Θ(10t0.5 ) / Θ(t0.5 ) (27)
e então achar o valor de τ para uma determinada estimativa de perda de calor. Quando
não há perda de calor no corpo de prova (a = 0), a temperatura da superfície traseira
permanece constante depois de alcançar seu máximo e a relação θ(5t0.5)/ θ(t0.5) [ou
θ(10t0.5)/ θ(t0.5)] se torna 2. O tempo adimensional τ na Eq.(24) então se torna 0.1388
como na análise de Parker et al. (1961).
Correções usando a parte do resfriamento da curva são difíceis sob o ponto de vista
experimental, principalmente pelo fato de ser comum o feixe de laser não ser uniforme.
Os efeitos do aquecimento não uniforme são maiores após a temperatura atingir seu
ponto máximo, quando a condução dentro da amostra se torna tridimensional. As perdas
pelo suporte da amostra também são mais significantes em tempos maiores que aqueles
correspondendo à temperatura máxima.

2.3.1.3 O Modelo de Cape e Lehman (1963)

Em 1963 Cape e Lehman (1963) apresentaram um modelo bidimensional para o


método Flash, assumindo que a amostra tem uma forma cilíndrica com raio r0, e
espessura L. A condução de calor na amostra foi considerada axi-simétrica. A energia
absorvida pela amostra, inicialmente à temperatura T0, foi considerada como um termo-
29
fonte na equação de energia. O termo-fonte é uma função das coordenadas radiais e
longitudinais e da variável de tempo. As perdas pelas superfícies da amostra foram
levadas em conta como um termo de radiação linearizada.
O modelo de Cape e Lehman (1963) é dado por:
1 ∂ δ (r , x, t ) ∂ 2 δ 1 ∂ δ ∂ 2 δ q(r , x, t )
= 2 + + + em 0 < x < L, 0 < r < r0, t > 0 (28)
α ∂t ∂r r ∂ r ∂ x2 k
∂δ
− +ν δ = 0 em x = 0, em 0 < r < r0, t > 0 (29)
∂x x
∂δ
+ν δ = 0 em x = L, em 0 < r < r0, t > 0 (30)
∂x x
∂δ
+ν r δ = 0 em r = r0, em 0 < x < L, t > 0 (31)
∂r
δ =0 para t = 0, em 0 < x < L, 0 < r < r0 (32)

onde
δ (r, x, t ) = T (r, x, t ) − T0 (33)
4σε x ,rT03
ν x,r = (34)
k
onde, na Eq. (34), σ é a constante de Stefan-Boltzman e ε é a emissividade da
superfície.
Cape e Lehman (1963) resolveram as Eqs.(28) a (32) analiticamente (Ozisik, 1993),
assumindo que o fluxo de energia era uniforme na superfície e que era completamente
absorvido em x = 0. Cape e Lehman (1963) apresentaram resultados obtidos com a
solução analítica para níveis diferentes de perda de calor e para pulsos na forma de uma
função degrau e de uma variação triangular.

2.3.1.4 O Modelo de Clark e Taylor (1975)

Em 1975, Clark e Taylor (1975) propuseram um procedimento de correção para a


identificação da difusividade térmica, baseado no modelo matemático de Cape e
Lehman (1975). Porém, ao invés de analisar a parte do resfriamento da curva, como
Cowan (1961 e 1963), o procedimento de Clark e Taylor (1975) estava baseado na
análise da parte de aquecimento da curva (i.e., antes da temperatura da superfície oposta
alcançar seu máximo).
Clark e Taylor (1975) determinaram cinco pontos na escala de tempo que
correspondem a cinco temperaturas adimensionais diferentes θ, medidos na curva de

30
aumento de temperatura. Esses tempos são t0.2, t0.3, t0.4, t0.7 e t0.8. Eles desenvolveram
uma relação teórica entre o tempo adimensional τ na Eq. (4) e as seguinte relações de
tempo:
Θ(t0.7 )/ Θ(t0.3 ), Θ(t0.8 )/ Θ(t0.4 ), and Θ(t0.8 )/ Θ(t0.2 ) (35)
Os resultados destas relações são muito próximos, e então é calculada a média
para computar um valor com maior exatidão da difusividade térmica.

2.3.1.5 O Modelo de Andre e Degiovanni (1995)

Com o desenvolvimento de aparatos comerciais e de pesquisa baseados no Método


Flash, o método foi sendo estendido gradualmente a materiais não homogêneos e semi-
transparentes, assim como líquidos (ASTM E-1461-01, 2001).
Andre e Degiovanni (1995) apresentaram um modelo matemático para a
transferência de calor combinada (condução-radiação) para diferentes respostas térmicas
associadas a condições experimentais diferentes para a determinação da condutividade
térmica de vidros. Um esquema de diferenças finitas foi usado para resolver a equação
de energia. O acoplamento com a equação de transferência radiativa foi conseguido
através do termo fonte que depende do divergente do fluxo radiativo.
O problema estudado pelos autores foi um corpo semi-transparente de um meio
emissivo-absortivo, de faces planas e paralelas. No instante de tempo to = 0, o corpo é
sujeito a um pulso de calor em sua face frontal. As faces do material foram cobertas
com ouro ou com grafite de alta emissividade e absortividade, para que as condições de
contorno consideradas fossem opacas ou reflexivas. Superfícies polidas cobertas de
ouro foram consideradas, pois diminuindo a rugosidade da superfície aumenta-se a
refletividade, desde que a rugosidade seja pequena em comparação com o comprimento
de onda da radiação incidente, mesmo a aproximadamente 800K. Além do mais, o uso
de ouro garante uma emissividade que permanece independente do comprimento de
onda e da temperatura.
O comportamento transiente da temperatura em um material homogêneo, isotrópico
pode ser encontrado resolvendo-se a equação de energia:
∂T ( z , t ) ∂q ∂q
ρC p =− c − r 0<z<e t>0 (36)
∂t ∂z ∂z
Onde qc é o fluxo de calor por condução, –kph(∂T(z,t)/ ∂z) e qr é o fluxo radiativo,
responsável pelo acoplamento da temperatura, onde kph é a condutividade térmica

31
devido apenas ao efeito da condução. As condições de contorno cosideradas foram do
terceiro tipo. A equação foi resolvida pelo método de Cranck-Nicolson.
Termogramas obtidos no método Flash por Andre e Degiovanni (1995) são
mostrados nas figuras Fig. 2-4 e Fig. 2-5 e mostram a dificuldade de se determinar a
difusividade por esse método. A curva 1 da Fig. 2-4 mostra que para um vidro com
paredes escuras, a resposta térmica difere do caso de um material opaco. Um pico inicial
aparece em um curto espaço de tempo. Ele é causado por uma troca direta entre os dois
contornos negros através de um meio de pequena resistência radiativa. A face oposta se
comporta como se fosse a face perturbada pelo pulso de energia. A temperatura cai,
passa por um mínimo e aumenta sobre a influência progressiva de um fluxo de calor
conectado ao mecanismo acoplado de condução e radiação. Esse termograma foi
reproduzido por simulação numérica. Se as faces da amostra forem cobertas com um
filme de ouro (paredes refletivas), obtem-se um termograma clássico (curva 2) da Fig.
2-4. A resposta térmica é similar a um material opaco e é então possível usar o processo
tradicional de identificação, do método Flash. O problema é determinar se a
difusividade é ou não um parâmetro aparente (que inclui o fenômeno de transporte
radiativo) ou representa a verdadeira difusividade fônica. Para ilustrar porque é
importate saber exatamente o que é medido no caso de uma transferência acoplada,
foram apresentados termogramas obtidos com vidro com alta concentração de Fe2O3
(agente colorido) e uma alta espessura ótica (Fig. 2-5). A influência dos limites
radiativos não podem mais ser distinguidos, mesmo em altas temperaturas. Pode-se
então imaginar que não há efeitos radiativos, e que a difusividade indentificada nesse
experimento pelos dois termogramas é a correta. Entretanto isso não é verdade, e nesse
caso específico o parâmetro medido ainda contem uma contribuição não desprezível da
radiação.

32
Fig. 2-4 Termograma experimental da face oposta para uma amostra com grande
espessura ótica

Fig. 2-5 Termograma experimental da face oposta de uma amostra com grande
espessura ótica

A influência da espessura da amostra de diferentes tipos de vidros (diferentes


coeficientes de absorção cinza) também foram examinados. Simulações foram feitas em
altas temperaturas para aumentar os efeitos da radiação. As duas condições de reflexão
perfeita e paredes negras foram consideradas.

33
Segundo os autores, com o modelo proposto é possível determinar a difusividade
fônica. Entretanto, essa medida só vale para certos valores de espessura da amostra e
condições de contorno. Paredes reflexivas retardam o efeito da espessura na
condutividade medida. Para o caso específico estudado pelos autores, o seguinte
critério deve ser satisfeito para garantir a medida da difusividade fônica: Para um
material semi transparente, com superfícies reflexivas, e uma espessura ótica menor ou
igual a 0.1, o método flash medirá diretamente a difusividade fônica. Ou seja, é possível
definir condições operacionais para o qual o método Flash tem transferência de calor na
amostra com contribuição radiativa desprezível.

2.3.1.6 O Modelo de Mehling et al. (1998)

Mehling et al. (1998) apresentaram um modelo matemático para materiais semi-


transparentes, não absorventes (não participativos) e não espalhantes.
A determinação da difusividade térmica com o Método de Flash geralmente requer
uma camada de grafite para absorver o pulso de energia e para aumentar a emissão na
faixa infra-vermelha (para a leitura da variação de temperatura da superfície traseira
feita com um detetor de infra-vermelho). Para materiais semi-transparentes e finos, o
uso de uma camada reflexiva abaixo da camada de grafite permite o uso de métodos
convencionais para a identificação do difusividade térmica, como os descritos acima
(Mehling et al., 1998). Porém, essa camada reflexiva normalmente é obtida por depósito
de vapor de ouro, que é um processo caro e demorado (Mehling et al., 1998). Para evitar
o uso da cobertura de ouro, a transferência de calor por radiação na amostra precisa ser
levada em conta no modelo matemático usado no método Flash.
Mehling et al. (1998) desenvolveram um modelo onde a radiação é levada em conta
em um meio não-participativo. Nesse modelo, além de condução de calor na amostra,
uma transferência radiativa entre as superfícies dianteira e traseira é levada em conta
em uma formulação unidimensional. Como o meio é considerado não participativo, a
transferência de calor por radiação só depende da temperatura nas fronteiras. O modelo
proposto por Mehling et al. (1998) é dado por:
1 ∂ δ ( x, t ) ∂ 2 δ
= 2 em 0 < x < L, t > 0 (37)
α ∂t ∂x
∂δ
− +νδ (0, t ) +νη[δ (0, t ) − δ ( L, t )] = 0 em x = 0, t > 0 (38)
∂x
∂δ
+νδ ( L, t ) +νη[δ (0, t ) − δ ( L, t )] = 0 em x = 0, t > 0 (39)
∂x

34
onde δ e ν estão definidos através de equações (33) e (34) respectivamente. O fator η
aparecendo nas equações (37) e (38) levam em conta a localização e a largura das
regiões espectrais totalmente transparentes.
A condição inicial do modelo de Mehling (1998) é a mesma usada por Parker et al.
(1961) que considera que o pulso de energia é instantaneamente absorvido em uma fina
camada na superfície irradiada.
Mehling et al. (1998) mostram que o modelo é capaz de capturar o degrau da
temperatura de superfície traseira, resultante da transferência de calor radiativa entre as
superfícies de amostra, conforme mostra experimentalmente a Fig. 2-6.

Fig. 2-6 Degrau devido a transferência de calor radiativa entre as faces

2.3.1.7 O Modelo de Lazard et al. (2004)

Em um recente artigo, Lazard et al. (2004) apresentaram um modelo acoplado para


condução-radiação em uma amostra com um meio absorvente, emissivo e com
espalhamento anisotrópico. Com esse modelo, a maior restrição do meio ser não
participativo, presente no modelo de Mehling (1998) foi resolvida.
Resultados experimentais foram apresentados por Lazard et al. (2004) para materiais
não espalhantes, como o vidro. O uso desse modelo também evita o uso da cobertura de
ouro, mas requer a estimação de dois parâmetros adicionais.
É uma tarefa muito difícil escolher o melhor modelo para a determinação da
difusividade térmica. Geralmente, (por exemplo, Lazard et al., 2004) técnicas
estatísticas (por exemplo, Mínimos Quadrados) (Beck e Arnold, 1977; e Ozisik e
Orlande, 2000) são usadas para a identificação dos parâmetros desconhecidos que
aparecem no modelo matemático usado para as condições experimentais em questão.

35
Dessa maneira, a análise dos resíduos (diferença entre a temperatura medida e a
estimada), assim como os parâmetros estatísticos como o coeficiente de correlação,
permitem uma avaliação qualitativa/quantitativa do melhor modelo para correlacionar
os dados experimentais, conforme ilustrado na Fig. 2-7. Geralmente o modelo mais
apropriado para uma determinada experiência é o que apresenta resíduos menores e não
correlacionados, que resulta em um coeficiente de correlação próximo da unidade (Beck
e Arnold, 1977).

Fig. 2-7 Curva do aumento de tamperatura da face traseira

No presente trabalho, que envolve a identificação das propriedades de líquidos, é


usado um reservatório especial para as amostras, o qual é descrito no capítulo 3. Neste
caso, o modelo matemático a ser usado envolve a formulação de uma amostra com 3
camadas.
O modelo utilizado pelo software de análise do LFA447/1 foi desenvolvido por
Juergen Hartmann em sua tese de mestrado e foi melhorado pela NETZSCH. Este
modelo, que foi usado para a medição das propriedades termofísicas dos líquidos, não
está disponível no manual do equipamento.

2.4 A Sonda Linear


O método clássico desenvolvido por Blackwell, (1954) supõe uma fonte linear,
imersa em um meio infinito, isotrópico e homogêneo com temperatura inicial igual a To,
cujas propriedades não variam com a temperatura. A transferência de calor por
condução no meio é então formulada por:
∂ 2T 1 ∂T 1 ∂T
+ = r>0et>0 (40)
∂r 2 r ∂r α ∂t
com as seguintes condições de contorno e inicial:
T = To para r → ∞, t > 0 (41)
∂T
2π rk = Q = cte para r → 0, t > 0 (42)
∂r
T = To para r ≥, t = 0 (43)

36
onde α e k são a difusividade térmica e a condutividade térmica do meio,
respectivamente, Q é a potência dissipada por unidade de comprimento da fonte linear,
a qual foi suposta constante. A solução do problema (40), sujeita às condições de
contorno (41) e (42) e a condição incial (43) é dada por:

Q e−u
4π k ∫u u
T − T0 = du

(44)
r2
onde u = (45)
4α t
Fazendo o uso da função integral exponencial (Ozisik, 1993):

e−u
E1 (ξ ) = ∫ du (46)
ξ u

sendo que

( −1) (ξ )
n

E1 (ξ ) = − y − ln ξ − ∑ (47)
n =1 n.n !

r2
onde y é a constante de Euler, y = 0.5772156649 e ξ = , substitui-se a equação (47)
4α t
na equação (44), obtendo-se:

Q  
2 3
r2 r2 1  r2   r2 
T − T0 =  − y − ln + −   + 0   − ... (48)
4π K  4α t 4α t 4  4α t   4α t  

r2
Utilizando-se a hipótese de tempos longos, isto é t , são desprezados os termos

de ordem t-1 em diante, de forma que a equação (48) torna-se:

Q  r2 
T − T0 ≅  − y − ln
4π K  4α t 

(49)
Para a superfície da sonda onde r = a, pode-se escrever a equação (49) como:

Q  r2 
∆T ( a, t ) = T ( a, t ) − T0 ≅  ln(t ) − y − ln 
4π K  4α 

(50)
Assim, em uma gráfico de ∆T(a,t) em função de ln (t), tem-se uma porção linear cujo
coeficiente angular é m = Q/4πk, para tempos longos. Logo, a condutividade térmica do
meio pode ser obtida como:
37
Q
K= (51)
4π m
A potência dissipada por unidade de comprimento da sonda, Q, considerada
constante, é dada por:
Q = I 2 Rem (52)
onde I é a corrente elétrica na sonda e Rem é a resistência elétrica por comprimento de
sonda.

38
3. Materiais e Métodos

3.1 Nanofluidos
A otimização das propriedades térmicas dos nanofluidos requer um processo de
síntese bem feita para criar suspensões estáveis de nanofluidos (Keblinski et al., 2005).
Algumas condições são necessárias para essa síntese: suspensões uniformes, estáveis,
duráveis e baixa aglomeração de partículas (Xuan e Li, 2000). Existem duas maneiras
fundamentais de se obter nanofluidos (Mamut, 2006):
• Método de um passo: Evaporação direta – A dispersão de nanopartículas é
obtida pela evaporação direta da nanopartículas de metal e a condensação da
nanopartícula no liquido base;
• Método de dois passos: Primeiro a nanopartícula é obtida por diferentes métodos
e então dispersada no liquido base.
No caso da fabricação pelo método de dois passos, técnicas simples como agitação
ultra-sônica ou adição de surfactantes ao fluido são às vezes usadas para minimizar a
agregação das partículas e melhorar o comportamento da dispersão (Keblinski et al.,
2005). Segundo Keblinski et al. (2005), o processo de dois passos funciona melhor para
nanopartículas de óxidos dispersas em água. Para nanofluidos contendo nanopartículas
metálicas, o método de dois passos se mostra pouco eficiente.
Observa-se pela Tabela 3.1 que o método de dois passos vem sendo mais utilizado que
o método de um passo, pois é um processo mais simples. O nanofluido deste trabalho
foi fabricado pelo método de dois passos.
O nanofluido estudado utilizou 1% em massa de nanopartícula de óxidos de alumínio
(Al2O3-γ) em água pura (Mili-Q).
As nanoparticulas foram compradas e as especificações são:
Nanopartícula de Alumina-γ (Al2O3-γ), adquirida da Nanostructured & Amorphous
Materials:
Granulometria de 20 nm,
Área superficial de 180 m2/g e morfologia próxima à esférica,
Pureza de 99,97%,
Densidade de 3,97 g/cm3

39
Tabela 3.1 : Nanofluidos reportados da literatura
Fluido Base Nanopartícula/ Método Dispersante Referencia
concentração
Água Al2O3; até 4.3% vol. Dois Não especificado Choi, 1998
Passos
Água Al2O3; 5% vol. Dois Sem dispersante Xie et al., 2006
Passos
Água CuO; até 3.4% vol. Dois Não especificado Choi, 1998
Passos
Água Cu; até 5% vol. Um Sem dispersante Eastman et al.,
Passo 1998
Água Cu; até 7.6% vol. Dois Sal Láurico 9% Xuan e Li, 2000
Passos wt.
Água Nanotubo de Dois Sódio Dodecil Assel et al
carbono; até 6% vol. Passos Sulfato
Etileno Glicol Al2O3; até 5% vol. Dois Não especificado Choi, 1998, ;
Passos Eastman et al.,
2001
Etileno Glicol Al2O3; até 5% vol Dois Sem dispersante Xie et al., 2006
Passos

Etileno Glicol CuO; até 4% vol Dois Não especificado Choi, 1998;
Passos Eastman et al.,
1998; Eastman et
al., 2001; Choi
Etileno Glicol Cu; até 0.5% vol Um Sem dispersante Eastman et al.,
Passo 1998; Eastman et
al., 2001; Choi

Etileno Glicol Cu; até 0.5% vol Um Acido Eastman et al.,


Passo Tioglicolico 1998; Eastman et
<1% vol. al., 2001; Choi

Glicerina Al2O3; até 5% vol Dois Sem dispersante Xie et al., 2006
Passos

Óleo Al2O3; até 5% vol Dois Sem dispersante Xie et al., 2006
Passos

Óleo de Transformador Cu; até 7.6% vol. Dois Acido oleico < Xuan e Li, 2000
Passos 22% wt.

Água + (até 100% em Al2O3; 5% vol Dois Sem dispersante Xie et al., 2006
volume de etinelo Passos
glicol)

Água + (até 100% em Al2O3; 5% vol. Dois Sem dispersante Xie et al., 2006
volume de etinelo Passos
glicol)

Fonte: Adaptado de Mamut, 2006.

O fluído-base utilizado na fabricação do nanofluido é Água ultra-pura (Mili-Q), que


é uma água obtida após o processo de 18 destilações intercaladas por 18 deionizações,
num equipamento próprio para isto. A pureza é de acordo com as especificações do

40
equipamento utilizado para produzí-la em função da remoção de partículas e íons
presentes na água original e especificidade do equipamento.
Para a fração mássica que foi utilizada neste trabalho (1%), foram utilizadas as
seguintes relações para a determinação da quantidade em massa de cada elemento
presente no nanofluido:
mtotal = mf + mp (53)
onde mtot é a massa total de nanofluido que se deseja fabricar, mf é a massa de fluido
base, e mp é a massa de nanopartículas. Dividindo-se a Eq.(53) pela massa total de
nanofluido, tem-se:
mf
+ Wp = 1 (54)
mtot
ou simplesmente:
mf
mtot = (55)
1 − Wp

onde Wp é a fração mássica de nanopartícula.


A fabricação do nanofluido foi feita misturando-se as nanopartículas ao fluido-base,
e posteriormente o nanofluido é colocado em um banho ultra-sônico, para a
homogeneização e dispersão das nanopartículas.

3.2 Nanoflash LFA 447/1


O LFA 447/1 é um instrumento utilizado para medir difusividade térmica, calor
específico e condutividade térmica de metais, grafite, revestimentos, compósitos,
cerâmicas, polímeros, líquidos e outros materiais, numa faixa de temperatura de 25 a
200°C, baseado no método Flash. A fonte de energia para gerar o aumento de
temperatura na amostra é uma lâmpada de Xenônio de alta potência. Ela é envolvida por
um espelho parabólico (refletor) que direciona o feixe de luz para a amostra.
O LFA 447/1 usa um detetor de InSb-IR na faixa de comprimento de onda de 2000 a
5000 nm, resfriado por nitrogênio líquido, que permite uma leitura de temperatura
rápida e sem contato direto com a amostra. A conexão próxima com o sistema pré-
amplificador permite uma aquisição de dados rápida (500 kHz, 12 Bit) e uma medida de
2000 pontos por teste. Um forno integrado (aquecedor) mantém a temperatura da
amostra estável durante a medida. O aquecedor é integrado ao suporte da amostra, que
tem uma massa térmica baixa, permitindo altas taxas de aquecimento / resfriamento. As

41
medida de temperatura da amostra são feitas no suporte por um temopar. Um Chiller
Julabo é usado para auxiliar o controle de temperatura do forno.
A lâmpada de Xenônio pode prover uma energia de pulso até 10 J (até 5 J/cm²),
controlada pelo usuário através de um software fornecido como o equipamento, na faixa
de comprimento de onda de 150 nm a 2000 nm. O software também permite que o
comprimento do pulso de energia seja ajustado em 0.1, 0.2 ou 0.4 ms. A Fig. 3-1 mostra
um esquema do equipamento. A Fig. 3-2 mostra o equipamento operando no UNIMET
(Unidade de Metrologia Térmica do LTTC/PEM/COPPE).

Fig. 3-1 Netzsch Nanoflash LFA 447/1

Fig. 3-2 Netzsch Nanoflash LFA 447/1 operando no UNIMET

42
O suporte da amostra permite testes em até 4 amostras diferentes, conforme mostrado
na Fig. 3-3.

Fig. 3-3 Suporte das amostras

Cada amostra é movida automaticamente para a posição de medida. O


posicionamento é controlado pelo software de controle. O suporte da amostra usa peças
intercambiáveis para amostras cilíndricas com diâmetro de 10 mm, 12.7 mm e 25.4 mm
ou paralelepípedos de secção de 10 mm x 10 mm e 8 mm x 8 mm. O suporte da amostra
é cercado por janelas de vidro para proteção da lâmpada de Xenônio e do detetor de
infra-vermelho.
No caso de líquidos, é necessário utilizar uma cápsula especialmente projetada para
esse fim, conforme mostrado na Fig. 3-4. Ela consiste em um recipiente para alojar o
líquido, de forma que a análise das propriedades termofísicas seja considerada como a
de um material de três camadas, ou seja, a primeira camada é o copo da cápsula, a
camada intermediária é o líquido e a terceira camada é a tampa da cápsula. As
propriedades termofísicas de pelo menos duas camadas devem ser conhecidas, assim
como o calor específico da camada cuja difusividade térmica se deseja determinar.
A espessura ideal (no caso de uma amostra de uma camada) para realizar o teste
depende da difusividade térmica do material. No método de análise usado pelo
Nanoflash LFA 447/1, o tempo para a superfície oposta ao pulso alcançar 50% de sua
temperatura máxima (t0.5) deve ser pelo menos três vezes maior que a duração do pulso
(mínimo de 100µs) e menor que aproximadamente 3 segundos.
43
Fig. 3-4 Cápsula para a determinação das propriedades termofísicas de líquidos.

O t0.5 ótimo está na faixa de cerca de 10-500ms. Por Parker, α = 0,1388 L2/t0.5 (seção
2.1). Então, combinando a análise Parker e os valores ótimos para t0.5, o valor ideal para
as espessura da amostra varia de 0,085 α1/2 a 4,65α1/2. Se a amostra for muito grossa,
pode ser difícil obter uma curva de temperatura, mesmo com o amplificador ajustado
para uma ganho alto. Se o material tem uma condutividade baixa e a amostra é muito
grossa, o tempo de elevação da temperatura pode ser longo (t0.5 maior que a faixa ideal),
resultando em grandes perdas de calor, principalmente em temperatura altas. Se a
amostra for muito fina, (t0.5 menor que a faixa ideal) pode ser difícil de se obter a curva
de temperatura correta, até mesmo com o tempo de leitura no menor valor (0.04
segundos) e a correção de pulso necessária pode ser grande.
O equipamento é controlado pelo software NanoFlash, conforme ilustrado na Fig.
3-5 e Fig. 3-6. À partir desse software, todos os parâmetros do teste são selecionados.
Primeiro, define-se qual tipo de material está localizado em cada posição do suporte de
amostra, entrando com o valor da espessura, do lado (se a amostra de seção quadrada)
ou do diâmetro (caso seja de seção círcular), da massa específica e da espessura da
amostra.
Definidas as amostras, o próximo passo é definir os parâmetros do teste. Define-se
então a faixa de temperatura do teste, o passo que será dado entre as temperaturas de
teste, quantos passos serão dados, os filtros (usados para amenizar a potência do pulso,
caso ele passe pelas bordas da amostra e sensibilize o detetor de IR), controle de
voltagem da lâmpada (caso não seja necessária uma potência muito grande para gerar
um aumento de temperatura na amostra), o ganho do amplificador e o tempo de duração
do experimento.

44
Fig. 3-5 Tela de Controle do Nanoflash

Fig. 3-6 Definindo as amostras

Deve-se então colocar nitrogênio líquido no sensor de IR (ver Fig. 3-7), ligar o
Chiller e começar o teste, devendo ser respeitado um certo tempo para que todo o
equipamento atinja o equilíbrio.
Os primeiros testes geralmente são feitos para se determinar o valor de todos os
parâmetros do teste, uma vez que alguns deles variam com a temperatura. Após
ajustados todos os parâmetros, o equipamento realiza o teste sem nenhuma intervenção
do operador.

45
Fig. 3-7 Nitrogênio sendo colocado no sensor de IR

A análise de dados experimentais é executada por um software de análise chamado


Proteus, mostrado na Fig. 3-8, fornecido pela Netzsch, que possui modelos matemáticos
para a análise dos dados. Os modelos usados para uma amostra com uma camada são:
Adiabatic (Parket et al., 1961), Cape-Lehmann (Cape e Lehmann, 1963), Cowan
(Cowan, 1961 e 1963), e Radiação (Mehling et al., 1998), conforme ilustrado na Fig.
3-9. Para o caso de uma amostra com 3 camadas (ver Fig. 3-10), o modelo utilizado foi
o desenvolvido por Hartmann em sua tese de mestrado, não sendo este modelo descrito
pelo manual do equipamento.

Fig. 3-8 Tela do software Proteus

46
Fig. 3-9 Tela para a escolha do modelo usado no cálculo de α para uma amostra com
uma camada

Fig. 3-10 Tela para a escolha do modelo usado no cálculo de α para uma amostra com
três camadas

Uma das condições que influenciam o experimento é o tempo de pulso comparável


com o tempo da difusão de calor. O pulso de energia tem uma duração curta, mas finita.
Se a duração do pulso for próxima do tempo necessário para o aquecimento da amostra,
deve-se fazer uma correção de pulso. No software Proteus, esta correção de pulso pode
ser levada em conta, de acordo com Lechner e Hahne (1993), com a seguinte
aproximação:

47
0 ; for t < delay

pulse = [1 − exp( −t / τ 1 )]exp( −t / τ 2 ) ; for delay ≤ t ≤ tend (56)
[1 − exp( −t / τ )]exp( −t / τ ) exp[−(t − t ) / τ ] ; for tend < t
 end 1 end 2 end 3

onde τ1, τ2, e τ3, são as constantes de tempo automaticamente determinado para ajustar
o pulso, delay é o espaço de tempo entre o começo da medida e o começo do pulso de
energia. O aumento do impulso de laser é determinado pela constante τ1, o decaimento
pela constante τ2. O parâmetro τend determina o ponto no tempo do decaimento rápido,
que acontece com a constante de tempo τ3.

3.3 Sonda Hukseflux TP-02


A sonda TP-02 do LTTC é apresentada na Fig. 3-11. Ela consiste de um tubo
(agulha) de aço-inoxidável com 150 mm de comprimento e 1.5 mm de diâmetro
externo, conectado a uma base também de aço-inoxidável, com 50 mm de comprimento
e 10 mm de diâmetro externo. Na agulha (ver Fig. 3-12) encontram-se o fio de
resistência de aquecimento, assim como dois termopares tipo K ligados de modo a
prover a diferença de temperatura entre a sonda e o meio. Tal diferença de temperaturas
é usada no cálculo da condutividade térmica com as equações (50) e (51). Na base
encontra-se um sensor de temperatura PT-1000 para a medição da temperatura da junta
dos termopares e que pode ser usado para a medição da temperatura real da sonda e do
meio. Da base da sonda sai o cabo de conexão dos sensores de temperatura e da
resistência elétrica.
A sonda TP02 é indicada para a identificação da condutividade térmica de materiais
granulares, solos, pastas, fluidos viscosos, etc, com condutividade térmica entre 0.1e 6
W/m-1K-1. A sonda deve ser imersa no meio de modo que o mesmo envolva
completamente sua região aquecida. O raio do meio deve ser de pelo menos 40 mm. A
tensão aplicada deve ser de no máximo 3 V e a incerteza esperada nas medições é de ±
(3%+0.02) W/m-1K-1. No caso da sonda do LTTC, a resistência elétrica por unidade de
comprimento da sonda é de 75.72 Ohm/m.

48
Fig. 3-11 Sonda Linear Hukseflux TP02 do LTTC

Fig. 3-12 Conexões da Sonda TP02

A resistência elétrica da sonda foi conectada a uma fonte DC, marca Instrutherm,
modelo FA3050. A corrente através da resistência elétrica, o potencial elétrico gerado
entre as duas juntas dos termopares e a resistência elétrica do sensor PT-1000 foram
medidos com um sistema de aquisição de dados Agilent 34970 A, conforme ilustrado na
Fig. 3-13.

49
Fig. 3-13 Montagem Experimental do Método da Sonda Linear no UNIMET/LTTC com
a Sonda TP02 (Hukseflux)

Apesar deste trabalho ter sido incialmente focado na medição da condutividade


térmica e da difusividade térmica de nanofluidos, também foram realizadas medições da
viscosidade e da massa específica dos mesmos. Para tanto, foram utilizados os
equipamentos descritos abaixo.

3.4 Reômetro LVDV-IIIU


O Reômetro utilizado neste trabalho foi o LVDV-IIIU da Brookfield, que é do tipo
rotacional. Ele mede os parâmetros tensão de cisalhamento e viscosidade de pequenas
amostras para determinadas taxas de deformação.
O LVDV-IIIU mede o torque necessário para girar um elemento cônico (o spindle)
contra uma placa (o copo), contendo um fluido no espaço entre eles, conforme
apresentado esquematicamente na Fig. 3-14. Um motor de passo é localizado no topo do
instrumento em um suporte. O spindle é conduzido pelo motor através de uma mola
calibrada. O arrasto viscoso do fluido contra o spindle é medido pela deflexão da mola,
que é medida através de um transdutor rotacional. Para uma dada geometria e
velocidade do spindle, um aumento da viscosidade será indicada por um aumento na
deflexão da mola. Medidas feitas com o mesmo spindle em diferentes velocidades são
usadas para determinar as propriedades reológicas dos fluidos.
A faixa de medida de viscosidade é determinada pela velocidade de rotação do
spindle, o tamanho e formato do spindle, o recipiente na qual o spindle está girando, e a
escala de torque da mola calibrada. Com o uso de uma transmissão com múltiplas
velocidades e spindles intercambiáveis, uma variedade de faixas de viscosidade podem
ser medidas, aumentando a versatilidade do equipamento.

50
Fig. 3-14 Diagrama esquemático do reômetro

Existem diversas geometrias de spindles para a determinação da viscosidade. O


spindles em disco são spindles fornecidos como equipamento padrão para os modelos
de baixa, média e alta viscosidade, conforma mostrado na Fig. 3-15. Eles são de uso
geral, usados em recipientes de 600ml de capacidade ou maiores. Os spindles em disco
produzem a determinação reprodutível e com baixa incerteza da viscosidade na maioria
dos fluidos.

Fig. 3-15 Spindle em disco

Os spindles cilíndricos são uma geometria definida para o cálculo da tensão de


cisalhamento e taxa de deformação, assim como a viscosidade, conforme mostra a Fig.
3-16. Por causa de sua geometria definida, a análise matemática é facilitada. O spindle
cilíndrico é importante quando se faz testes em fluidos não-Newtonianos. Eles são
aplicados a qualquer viscosímetro da Brookfield.

Fig. 3-16 Spindle cilíndrico

51
Os cilindros coaxiais são indicados para aplicações onde taxas de deformação e
tensões de cisalhamento são bem definidas, particularmente quando o volume da
amostra é pequeno.
A geometria cone-placa (Fig. 3-17) oferece determinação da viscosidade com as
informações de taxa de deformação e tensão de cisalhamento precisamente
determinadas e rapidamente disponíveis. O volume das amostras é muito pequeno e o
controle de temperatura é facilmente conseguido. A geometria cone-placa é apropriada
para análises reológicas em fluidos não-Newtonianos.

Fig. 3-17 Geometria cone-laca

Os spindles barra-T são usados para testes em materiais que não escoam, como
pastas, gel e cremes (Fig. 3-18).

Fig. 3-18 Spindle barra T

Os spindles em forma de pá (vane spindle) quando imersos no material, pegam um


pedaço dele, criando um cilindro de amostra que pode ser usado para calcular a tensão
de cisalhamento e a taxa de deformação. Com os spindles em forma de pá (Fig. 3-19), é
possível obter medidas bem definidas para materiais que não escoam.

Fig. 3-19 Spindle em forma de pá

A geometria escolhida para o teste com nanofluidos foi a cone-placa, pois esta
configuração requer uma pequena quantidade de amostra (0.5 ou 2ml, dependendo do

52
spindle utilizado). Além disto, esta é uma geometria recomendada para a determinação
de viscosidades baixas, com um excelente controle de temperatura. No LVDV-IIIU, o
spindle faz o papel do cone e o copo faz o papel da placa.
Dependendo do modelo e do spindle usado, o LVDV-IIIU é capaz de medir
viscosidade de 0,1cP a 2,6 milhões cP (entretanto essa faixa é alcançada com spindles
diferentes).
A Fig. 3-20 apresenta o detalhe do spindle (cone) fixado ao reômetro. A Fig. 3-21
mostra o copo do reômetro, com as mangueiras nas quais água circula para mater a
amostra em uma temperatura uniforme. Observa-se também nesta figura o cabo pela
qual se faz a medida de temperatura da amostra. A Fig. 3-22 apresenta o copo montado
no reômetro.

Fig. 3-20 Spindle cônico preso ao reômetro.

Quando se faz testes de acordo com alguma especificação ou procedimento


existente, deve-se usar o spindle e a velocidade indicada. Quando se trabalha com um
teste comum, o melhor método para a seleção da velocidade e tipo de spindle é a
tentativa e erro. O objetivo é alcançar uma leitura de torque entre 10 e 100% do torque
aplicado pelo motor. Este torque é função do arrasto viscoso da amostra contra o cone, e
a leitura da porcentagem de torque é feita diretamente no equipamento. À medida que o
torque se aproxima de 100% a incerteza da medida melhora. Se a leitura for menor que
10%, deve-se selecionar uma velocidade maior e/ou um spindle maior.

53
Fig. 3-21 Copo do reômetro

Fig. 3-22 A geometria cone-placa montada no reômetro

A faixa de viscosidade do LVDV-IIIU (em centipoise ou Cp) é determinada pela


velocidade de rotação, o tamanho e formato do spindle, o recipiente na qual o spindle
está rodando, e a escala total de torque da mola calibrada. Os spindles disponíveis no
LTTC são o CPE-40 e CPE-41, conforme mostrado nas Fig. 3-23 e Fig. 3-24. A faixa
de viscosidade do CPE-40 é de 0,1 a 3000 cP e a do CPE-41 de 0,5 a 11000 cP

54
Fig. 3-23 Spindles CPE-40 e CPE-41

Fig. 3-24 Vista lateral do spindle

Para a determinação da variação da viscosidade com a temperatura, usa-se um banho


Brookfield TC-602 para manter a temperatura da amostra uniforme. A Fig. 3-25 mostra
o reômetro operando no LTTC

55
Fig. 3-25 Reômetro LVDV-IIIU operando no LTTC

A seguir, apresenta-se a metodologia de cálculo da viscosidade: Como o ângulo θ do


spindle é muito pequeno, o espaço entre o cone e a placa também será pequeno (ver Fig.
3-26).

dr r
Amostra
Fig. 3-26 Cálculo da viscosidade

Assume-se um perfil de velocidade linear nesse espaço, e despreza-se os efeitos do


fim do cone. Dessa maneira, obtemos a configuração do problema apresentada na Fig.
3-27:
U
y

h = r tan θ
x

Fig. 3-27 Configuração do esquema cone-placa

56
A taxa de deformação é dada por (Fox e McDonald, 2001):
du ∆u
γ= = (57)
dy ∆y
onde γ é a taxa de deformação, u é a velocidade e y a distância entra o cone e a placa.
Em qualquer raio r, a velocidade será U=ωr e a espessura do espaço h = r tan(θ). Assim,
ω.r ω
γ= = (58)
r tan (θ ) tan (θ )

Como θ é muito pequeno, tan(θ) ≈ θ e


ω
γ= (59)
θ
Dessa maneira, observa-se que a taxa de deformação é independente de r, ou seja
toda a amostra está sujeita a mesma taxa de deformação.
A tensão de cisalhamento τ é determinada pela definição de torque (M):
M = ∫ r.dF (60)

Onde dF = τ dA , dA é a área de contato entre o cone a placa.


Assim, obtemos:
R
M = ∫ rdF = ∫ rτ dA = τ ∫ r 2π rdr (61)
A o

Resolvendo a integral, temos a tensão de cisalhamento em função do torque aplicado:


M
τ= (62)
2
π R3
3
A viscosidade é calculada pela sua definição (Fox e McDonal, 2001):
τ Mθ
µ= = (63)
γ 2 π R 3ω
3

3.5 Densímetro
O densímetro utilizado para a medição da massa específica dos nanofluidos foi o
Sartorius YDK 01, montado na balança Marte AM 220 (ver Fig. 3-28). Os componentes
do densímetro são (Fig. 3-30): 1 proveta (C), 1 armação para a fixação dos componentes
do densímetro na balança (D), 1 termômetro (E), 1 prumo de vidro para a determinação
da densidade de líquidos (F), 1 suporte para amostra sólidas (A), 1 plataforma de metal
para o suporte das peças do densímetro na balança (B) e uma peça adaptadora para
montar o kit na balança (G).

57
Fig. 3-28 Balança AM220 da Marte

O densímetro montado na balança e operando no LTTC está mostrado na Fig. 3-29.

Fig. 3-29 Densímetro operando no LTTC

Com uma balança hidrostática que permite pesar objetos no ar assim como na água,
é possível:
1) Determinar a massa específica do sólido se a massa específica do líquido na qual
ele está imerso for conhecida, da seguinte maneira:
Se a massa do sólido no ar for conhecido (W(a)), assim como o seu volume (V(s)), a
massa específica pode ser calculada pela seguinte expressão:
W (a)
ρ= (64)
V ( s)

58
Fig. 3-30 Componentes do densímetro

Se este sólido for submergido em um líquido, o volume do sólido imerso no líquido


(V(s)) é igual ao volume deslocado de líquido (V(fl)). Então, à partir da eq.(64),
obtemos:
W (a)
ρ= (65)
V ( fl )
Pela definição de massa específica, obtemos o volume deslocado de líquido:
Massa( fl )
V ( fl ) = (66)
ρ ( fl )
onde Massa(fl) é a massa de fluido deslocada pelo sólido e ρ(fl) é a massa específica do
fluido. Α massa de líquido deslocada é igual a massa da amostra pesada no ar subtraída
da massa da amostra pesada no liquido : Massa(fl) = W(a)-W(fl) ≡ G.
W (a) − W ( fl )
V ( fl ) = (67)
ρ ( fl )
Substituindo em (65), obtemos:
W (a ).ρ ( fl )
ρ= (68)
W (a ) − W ( fl )
2) Determinar a massa específica de um líquido, se o volume do sólido imerso for
conhecido, da seguinte maneira:
W (a) − W ( fl ) G
ρ ( fl ) = = (69)
V V
onde:
59
ρ = massa específica do sólido
ρ(fl) = massa específica do líquido
W(a) = massa do sólido no ar
W(fl) = massa no sólido no líquido
V = volume do sólido
Com as equações (68) e (69) obtém-se a massa específica de sólidos e líquidos com
incerteza de duas casas decimais.
Apresenta-se abaixo o procedimento experimental utilizado para a determinação da
massa específica de sólidos e líquidos.

3.5.1 Determinando a massa específica de sólidos


3.5.1.1 Preparação

- Centraliza-se a proveta na plataforma de metal;


- Coloca-se água destilada até aproximadamente 5mm abaixo da borda;
- Adicionam-se 3 gotas de detergente na água destilada, para romper a tensão
superficial quando o suporte de amostra for colocado dentro do líquido;
- Prende-se o termômetro à borda da proveta;
- Pendura-se o suporte de amostras na armação.

3.5.1.2 Determinando a massa da amostra no ar

- Tara-se a balança;
- Coloca-se a amostra no prato superior do suporte de amostras e faz-se a medida;
- Anota-se a massa W(a).

3.5.1.3 Determinando G = W(a)-W(fl)

- Tara-se a balança com a amostra no prato superior do suporte;


- Coloca-se a amostra no suporte de amostras e então mergulha-se a amostra no
líquido;
- Mede-se G, que é mostrado no display da balança

3.5.1.4 Calculando a Massa Específica

- Anota-se a temperatura do líquido;


- À partir de uma tabela disponível no manual do densímetro, determina-se a massa
específica ρ(fl) da água na temperatura equivalente;
- Calcula-se a massa específica usando a eq. (68).

60
3.5.2 Determinando a massa específica de líquidos
3.5.2.1 Preparação

- Centraliza-se a proveta na plataforma;


- Prende-se o termômetro à borda da proveta;

3.5.2.2 Procedimento de medida

- Coloca-se o prumo na armação;


- Tara-se a balança;
- Coloca-se o líquido na proveta, de modo que o líquido fique 10mm acima do prumo
de vidro.

3.5.2.3 Determinando G = W(a) – W(fl)

- Anota-se o valor mostrado no display;


- Anota-se a temperatura.

3.5.2.4 Calculando a massa específica

- Calcular a massa específica usando-se a fórmula (69)


- O prumo de vidro tem o volume de 10 cm3. Dessa maneira, basta mover o ponto
decimal uma casa para a esquerda.

61
4. Resultados e Discussões
Neste capítulo são apresentados os resultados de massa específica, condutividade
térmica, difusividade térmica, e viscosidade. Os primeiros testes serão feitos em fluidos
com as propriedades bem relatadas na literatura, entre eles eles: Água, Etileno Glicol e
Glicerina. O nanofluido utilizado foi uma dispersão coloidal de 1% de nanopartículas
de Al2O3 em água, descrito no capítulo 3.

4.1 Massa Específica


Para a massa específica, o primeiro teste realizado foi com água. O resultado obtido
para a água foi de (0.998 ±10-3) g/cm3 a 24.4oC, conforme mostrado na Fig. 4-1. O
resultado fornecido pelo fabricante (Sartorius) para a massa específica da água nessa
temperatura é de 0.997 g/cm3. A incerteza fornecida pelo fabricante é de uma massa
específica determinada com duas casas decimais. A barra de incerteza apresentada nas
figuras foi em relação a essa recomendação do manual, isto é (ε=±10-3 g/cm3).

Água
1.0000

0.9995

0.9990
Massa Específica (g/cm )
3

0.9985

0.9980

0.9975
Sartorius
Este trabalho
0.9970

0.9965

0.9960
21 22 23 24 25 26 27
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-1 Massa específica da água

Para a glicerina, os valores encontrados na literatura são de 1.264 g/cm3 a 20oC


(Ozisik, 1990) e 1.260 g/cm3 a 27oC (Incropera, 2001). O valor encontrado para a massa
específica nesse trabalho foi de (1.258 ±10-3) g/cm3 a 24.5 oC, o que representa uma boa
concordância com a literatura, conforme mostra a Fig. 4-2.

62
Glicerina
1.265

1.264

1.263
Ozisik

Massa Específica (g/cm )


3
1.262
Este trabalho
Incropera
1.261

1.260

1.259

1.258

1.257

1.256
20 22 24 26 28
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-2 Massa específica da glicerina

Para o etileno glicol, os valores da literatura são 1.117 g/cm3 a 20oC (Ozisik,
1990) e de 1.114 g/cm3 a 27oC (Incropera, 2001). O valor encontrado nesse trabalho foi
de (1.110 ±10-3) g/cm3 a 24.8oC, o que representa uma boa concordância com a
literatura, conforme mostra a Fig. 4-3.

Etileno Glicol
1.118

1.117 Ozisik
Este trabalho
1.116 Incropera
Massa Específica (g/cm )

1.115
3

1.114

1.113

1.112

1.111

1.110

1.109

1.108
20 22 24 26 28
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-3 Massa específica do Etileno Glicol

Para o nanofluido de Al2O3, a massa específica teórica foi calculada pela fómula de
mistura:
ρ nf = (1 − ϕ ) ρ f + ϕρ p

onde, ρnf é a massa específica do nanofluido, φ é a fração de massa de nanopartículas


em água, ρp é a massa específica da nanopartícula (considerada 3.97 g/cm3) e ρf é a

63
massa específica da água. A massa específica calculada pela fórmula de mistura foi de
1.027 g/cm3, enquanto o resultado experimental foi de (1.006 ±10-3) g/cm3, uma
diferença de aproximadamente 2%. Este resultado mostra uma excelente concordância
entre o modelo de mistura e o experimento.

Nanofluido 1% Al2O3 em H2O


1.030
1.028
1.026
1.024
Massa Específica (g/cm )

1.022
3

1.020
1.018
1.016
1.014
1.012
1.010
1.008 Este trabalho
1.006 Fórmula de Mistura
1.004

22.5 23.0 23.5


o
Temperatura ( C)

Fig. 4-4 Massa específica do nanofluido

A Fig. 4-5 apresenta a comparação dos valores identificados para a massa específica
da água e do Nanofluido de Al2O3 em água, com concentração de 1% em massa.
Observa-se na Fig. 4-5 um aumento de cerca de 1% da massa específica do nanofluido
em relação à água, o que era esperado pela pequena concentração de partículas sólidas.
Pela fórmula de mistura (ver Fig. 4-4), encontrou-se um aumento de cerca de 3%.
Porém essa diferença está dentro da incerteza experimental.

64
Al2O3 x Água
1.008

1.006

Massa específica (g/cm )


3
1.004

1.002

1.000 Al2O3
Água

0.998

0.996
20 21 22 23 24 25 26
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-5 Massa específica da água x nanofluido

4.2 Viscosidade
Para a viscosidade, foram feitos testes respeitando as recomendações do fabricante
quanto à porcentagem de torque, que deve se situar entre 10 e 100%. Os testes foram
feitos com a variação de taxa de deformação de modo que o torque ficasse dentro da
faixa estabelecida. Além disso, os testes foram feitos em uma faixa de temperatura que
variou em função das características das amostras utilizadas. Para a glicerina, a
temperatura máxima atingida foi de 50oC, pois por recomendação do fabricante deve-se
evitar fortes aquecimentos, o que foi reforçado pelo fato de que em ambas as referências
consultadas (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001), a temperatura máxima disponível nas
tabelas era de 50oC. Já para o etileno glicol, este teve seu teste feito até 80oC, por ser um
material com o ponto de ebulição ligeiramente maior que o da água. Quanto à água, a
temperatura máxima atingida foi de 60oC, pois à temperaturas superiores os resultados
não ficaram satisfatórios. Cabe ressaltar que os testes feitos em temperaturas acima de
40oC apresentam uma dificuldade adicional pelo fato do suporte da amostra não ser
isolado, o que torna o equipamento quente ao contato direto com a mão. Deve-se
permitir uma folga entre o cone e a placa, pois de outra maneira, ao girar o cone
arranharia a placa. Com o aumento da temperatura, a folga diminui em função da
dilatação do material. Dessa maneira, para cada temperatura testada deve-se ajustar essa
folga. Em temperaturas mais altas, deve-se usar luvas de proteção, o que torna o
manuseio do cone difícil. Além disso, a 60oC, a água começa a evaporar, o que também
é um fator para que o teste não possa ser feito de forma contínua, sem a intervenção
direta do operador no equipamento.

65
A Fig. 4-6 apresenta a variação de viscosidade da água em função da temperatura.
Para cada temperatura, foi variada a taxa de cisalhamento, para que se obtivesse uma
validação do equipamento quanto à característica reológica do fluido. Observa-se que a
água se comportou com um fluido Newtoniano, como era previsto. Além disso, os
valores experimentais obtiveram uma excelente concordância com a literatura. Para a
temperatrua de 20oC, o valor encontrado para a viscosidade foi de (1.01 ±0.01) cP, e o
valor da literatura é de 1.01 cP (Ozisik, 1990). As incertezas das medidas de viscosidade
foram calculadas de acordo com as instruções do fabricante, ou seja, 1% do fundo de
escala. Para cada taxa de deformação, o instrumento determina automaticamente o
fundo de escala, baseado no spindle utilizado.
A média das viscosidades é feita pelos valores medidos em cada taxa de
cisalhamento para uma dada temperatura. As incertezas para as médias das viscosidades
foram calculadas de acordo com a Segunda Edição Brasileira do Guide to the
Expression of Uncertainty in Measurement, em função das incertezas obtidas para a
viscosidade em cada taxa de cisalhamento, conforme apresentado no anexo IV.
o o
T = 20 C T = 40 C
1.06
0.69

1.04 0.68

0.67
1.02
Viscosidade (cP)

Viscosidade (cP)

0.66

1.00
0.65

0.98 0.64

Água Medido 0.63 Água Medida


0.96
Água Literatura Água Literatura
0.62
700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

o
T = 60 C

0.52

0.50
Viscosidade (cP)

0.48

0.46

0.44

0.42 Água Medido


Água Literatura
0.40
850 900 950 1000 1050 1100 1150 1200 1250 1300
-1
Taxa de Deformação (s )

Fig. 4-6 Comparação da viscosidade da água medida no reômetro LVDV-IIIU com a


literatura (Ozisik, 1990)

66
Para a água a 40oC, o valor da viscosidade foi de (0.65 ± 0.01) cP, e o valor da
literatura é de 0.65 (Ozisik, 1990). Para a água a 60oC, o valor da viscosidade foi de
(0.47 ± 0.01) cP, e o valor da literatura é de 0.47 (Ozisik, 1990).
Para o etileno glicol (Fig. 4-7e Fig. 4-8), os valores de viscosidade permaneceram
constantes com a variação da taxa de deformação, o que confirmou o fato do etileno
glicol ser um fluido Newtoniano. Para a viscosidade a 20oC, o valor encontrado neste
trabalho foi de (20.06 ± 0.07) cP, e o valor da literatura é de 21.41cP (Ozisik, 1990). A
27oC, o valor encontrado foi de (15.17 ± 0.07) cP, e o valor da literatura é de 15.7cP
(Incropera, 2001). A 40oC, o valor encontrado foi de (9.06 ± 0.08) cP, e o valor da
literatura é de 9.57cP (Ozisik, 1990). A 57oC, o valor encontrado foi de (5.34 ± 0.06)
cP, e o valor da literatura é de 5.61cP (Incropera, 2001). A 60oC, o valor encontrado foi
de (4.84 ± 0.05) cP, e o valor da literatura é de 5.16cP (Incropera, 2001). A 80oC, o
valor encontrado foi de (3.08 ± 0.03) cP, e o valor da literatura é de 3.21cP (Ozisik,
1990), o que demonstra uma boa concordância com a literatura. As pequenas
discrepâncias (que não foram maiores que 6.2%) se explicam pelos diferentes processos
e variações inerentes à fabricação de produtos químicos em geral. Este fato ficará mais
aparente a partir dos resultados obtidos para a glicerina que são discutidos a seguir.

22.0 16.0 o
o T = 27 C
T = 20 C

21.5

21.0 15.5
Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

20.5

20.0 15.0

19.5 Etileno Glicol Medido


Literatura Etileno Glicol Medido
Literatura
19.0 14.5
97 98 99 100 101 102 103 104 100 110 120 130 140 150
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

Fig. 4-7 Comparação da viscosidade do etileno glicol medido no reômetro LVDV-IIIU


com a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001)

67
o 5.8 o
9.6 T = 40 C T = 57 C

9.5

9.4
5.6
9.3

Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

9.2

9.1 5.4

9.0

8.9
5.2
8.8
Etileno Glicol Medido
8.7 Literatura Etileno Glicol Medido
Literatura
8.6 5.0
60 80 100 120 140 160 110 120 130 140 150 160 170 180 190
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

o o
T = 60 C T = 80 C
5.3 3.30

3.25
5.2

3.20
5.1

3.15

Viscosidade (cP)
Viscosidade (cP)

5.0
3.10

4.9
3.05

4.8
3.00

4.7 2.95 Etileno Glicol Medido


Etileno Glicol Medido Literatura
Literatura
4.6 2.90
120 140 160 180 200 220 240 150 200 250 300 350 400 450
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

Fig. 4-8 Comparação da viscosidade do etileno glicol medido no reômetro LVDV-IIIU


com a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001)

Para a glicerina (Fig. 4-9 e Fig. 4-10), os valores de viscosidade permaneceram


constantes com a variação da taxa de deformação, o que confirmou o fato da glicerina
ser um fluido Newtoniano. Como os valores encontrados para a viscosidade da glicerina
neste trabalho ficaram em torno de 15% menores que o das referências (Ozisik, 1990 e
Incropera, 2001), foi feito um teste em um viscosímetro capilar de vidro da marca
Schott/Ubbelohde que é o padrão nacional do INMETRO para viscosidade a 20oC. Esse
teste foi feito segundo a norma ISO-3105 de 1994. Para a viscosidade a 20oC, o valor
encontrado neste trabalho foi de (1339±37) cP, o valor da literatura é de 1491.5 (Ozisik,
1990) e o valor do teste realizado no INMETRO foi de (1321±7)cP, o que demonstra
que os valores encontrados neste trabalho estão com excelente concordância com o teste
realizado no padrão nacional de viscosidade (1.5% de discrepância), confirmando que
as discrepâncias encontradas em relação à literatura são em função das variações no
processo de fabricação. A 27oC, o valor encontrado foi de (683.9 ± 3) cP, e o valor da
literatura é de 799cP (Incropera, 2001). A 30oC, o valor encontrado foi de (525.5 ± 3)
cP, e o valor da literatura é de 629cP (Ozisik, 1990). A 37oC, o valor encontrado foi de
(314.6 ± 2) cP, e o valor da literatura é de 352cP (Incropera, 2001).A 40oC, o valor

68
encontrado foi de (249.3 ± 2) cP, e o valor da literatura é de 275cP (Ozisik, 1990). A
47oC, o valor encontrado foi de (157 ± 1) cP, e o valor da literatura é de 210cP
(Incropera, 2001). A 50oC, o valor encontrado foi de (127 ± 1) cP, e o valor da literatura
é de 187cP (Ozisik, 1990).
o o
T = 20 C T = 27 C
1500 800

1450
780

1400
760
Viscosidade (cP)

1350

Viscosidade (cP)
740
1300

Glicerina Medido
1250 720
Literatura

1200 Glicerina Medido 700


Ozisik
1150 Fabricante
INMETRO 680
1100
0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 3.0
-1 -1
Taxa de deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

o o
T = 30 C T = 37 C

620 350

345

600
340

335
Viscosidade (cP)

Viscosidade (cP)

580
330 Glicerina Medido
Literatura
560
Glicerina Medido
325
Literatura
320
540
315

520 310

305
1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

o o
T = 40 C T = 47 C
275 210

270 200

265
Glicerina Medido 190
Literatura
Viscosidade (cP)

Viscosidade (cP)

260
180
255 Glicerina Medido
Literatura
170
250

160
245

240 150
3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

Fig. 4-9 Comparação da viscosidade da glicerina medido no reômetro LVDV-IIIU com


a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001)

69
o
T = 50 C
190

180

170

Viscosidade (cP)
160

Glicerina Medido
150 Literatura

140

130

120
6 7 8 9 10 11 12
-1
Taxa de Deformação (s )

Fig. 4-10 Comparação da viscosidade da glicerina medido no reômetro LVDV-IIIU com


a literatura (Ozisik, 1990 e Incropera, 2001)

Para o nanofluido (Fig. 4-11), os valores de viscosidade permaneceram constantes


com a variação da taxa de deformação, o que demonstrou que a adição de 1% em massa
de nanopartículas de Al2O3 não altera a característica reológica da água, permanecendo
um fluido Newtoniano. Para a temperatrua de 20oC, o valor encontrado para a
viscosidade foi de (1.06 ±0.01) cP, 4.7% mais alto que a da água. Para a temperatrua de
40oC, o valor da viscosidade foi de (0.69 ± 0.01) cP, 5.8% mais alto que a da água. Para
a temperatura de 60oC, o valor da viscosidade foi de (0.54 ± 0.01) cP, 13% mais alto
que a da água. Para esta temperatura, o número de medidas foi menor para o nanofluido,
pois a faixa de medições utilizada no nanofluido foi em função do torque aplicado
(aproximadamente entre 20 e 50%), e não da taxa de deformação. Mesmo seguindo
critérios diferentes os dois testes apresentaram boa concordância O aumento da
viscosidade do nanofluido tornou-se maior à medida que a temperatura aumentou, o que
demonstrou uma dependência do aumento da viscosidade do nanofluido com a
temperatura, conforme mostrado na Fig. 4-12. Nesta figura, foi traçado um ajuste
exponencial aos dados experimentais, de modo que a dependência da viscosidade do
nanofluido testado com a temperatura é dada por:
µ nf 

T 

(T ) = 0.00026e  10.07258 
+ 1.04759 (70)
µH O
2

A equação de Einstein também pode ser usada para determinar o aumento da


viscosidade com a fração em massa (Wen e Ding, 2004):
µ = µ L (1 + 2.5ϕ ) (71)

70
onde µ é a viscosidade do fluido base e ϕ é a fração em volume de nanopartículas. A
eq. (71) se aplica a suspensões com baixa fração em volume (normalmente < 2 vol. %),
onde as iterações partícula-patícula são desprezadas.
Observa-se na Fig. 4-13 que o aumento da viscosidade do nanofluido pela fórmula de
Einstein não está de acordo com o resultado experimental obtido neste trabalho. Como a
fração em volume utilizada foi pequena, quase não houve aumento da viscosidade
calculada pela fórmula de Einstein.
o o
T = 20 C T = 40 C
1.10 0.72

1.08
0.70
1.06

Visocosidade (cP)
Viscosidade (cP)

1.04 0.68

1.02
0.66
1.00

0.98 Água 0.64


Nanofluido Agua
0.96 Nanofluido
0.62
700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-1 -1
Taxa de Deformação (s ) Taxa de Deformação (s )

o
T = 60 C
0.60

0.58

0.56

0.54
Viscosidade (cP)

0.52

0.50

0.48

0.46

0.44
Água
0.42 Nanofluido

0.40
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
-1
Taxa de Deformação (s )

Fig. 4-11 Comparação da viscosidade do nanofluido com a água

71
1.16

1.15

1.14

1.13

µAl2O3/µH2O
1.12

1.11

1.10

1.09

1.08 Dados Experimentais


Ajuste exponencial
1.07 Equação: y = A1*exp(x/t1) + y0
y0 1.04759
1.06 A1 0.00026
t1 10.07258
1.05

1.04
20 40 60
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-12 Aumento da viscosidade do nanofluido

1,1

1,0

0,9
viscosidade (cP)

H2O
0,8
Nanofluido
Einstein
0,7

0,6

0,5

0,4
20 30 40 50 60
o
Temperatura ( C)
Fig. 4-13 Aumento da viscosidade do nanofluido pela fórmula de Einstein

4.3 Propriedades Termofísicas


Apresentam-se abaixo os resultados obtidos para a identificação da condutividade
térmica com a sonda linear TP02 e com o método Flash.
Para a sonda, todos os experimentos foram realizados a temperatura ambiente e a
tensão aplicada na sonda foi de aproximadamente 2.4 V. A potência dissipada por
unidade de comprimento da sonda do LTTC foi em média de 4.15 W/m. O tempo de
aquecimento foi controlado de modo que o aumento de temperatura na sonda não
ultrapassasse 4 oC para a água e para o Nanofluido, a fim de controlar os efeitos
convectivos no meio. Para o gel Agar e a glicerina e o etileno glicol permitiu-se um
maior aumento de temperatura, da ordem de 8 oC, por conta dos efeitos convectivos no

72
meio serem desprezíveis. Quimicamente Agar é um polímero com subunidades de
galactose, normalmente usado como meio de cultura microbiológica. Dissolvido em
água quente (aproximadamente 0.4% em massa) e deixado resfriar, forma um gel com
propriedades termofísicas praticamente idênticas às da água. Sua utilização na
calibração da sonda-linear é comum (Hukseflux, 2001), pois sua condutividade térmica
é praticamente igual à da água e os efeitos convecticos resultantes do aquecimento com
a sonda são suprimidos devido à sua alta viscosidade.
Após a execução de cada experimento, era traçado o gráfico do aumento de
temperatura na sonda versus ln(t), onde t é o tempo em segundos decorrido desde o
início do aquecimento. As medidas para tempos pequenos eram então desprezadas e
apenas a região linear era utilizada para o ajuste de uma reta aos dados, cujo coeficiente
angular (m) era usado no cálculo da condutividade térmica com a equação (51). A título
de exemplo, uma reta ajustada aos dados de ∆T x ln(t) é apresentada na Fig. 4-14. Neste
caso, o fluido estudado foi glicerina, cuja condutividade térmica identificada com a
sonda foi de (0.280 ± 0.009) Wm-1K-1 na temperatura média de 24.08 oC. Os valores de
condutividade térmica disponíveis na literatura para glicerina são de 0.286 Wm-1K-1 a
20oC (Ozisik, 1990), 0,29 Wm-1K-1 a 20oC (Hukseflux, 2001) e 0.286 Wm-1K-1 a 27oC
(Incropera, 2001), o que demonstra uma excelente concordância com os resultados
obtidos neste trabalho, conforme mostrado na Fig. 4-15.

8
Aumento de Temperatura ( C)
o

y = 1.1832x + 1.6708
2
R = 0.9998

Dados Experimentais
5
Ajuste Linear dos Dados

3 4 5
ln(t), t em segundo

Fig. 4-14 Ajuste de ∆T x ln(t)

73
Glicerina
0.32

0.31

Condutividade Térmica (W/m-K)


0.30

0.29

0.28

0.27

0.26

0.25
Medido
Hukseflux
0.24 Ozisik
Incropera
0.23
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Temperatura

Fig. 4-15 Condutividade Térmica da Glicerina - Sonda-linear

Para o etileno glicol, o resultado obtido de condutividade térmica foi de (0.258


± 0.009) Wm-1K-1 a uma temperatura média de 25.88 oC. Os valores de condutividade
térmica disponíveis na literatura para o etileno glicol são de 0.249 Wm-1K-1 a 20oC
(Ozisik, 1990) e 0.252 Wm-1K-1 a 27oC (Incropera, 2001), o que demonstra uma
excelente concordância com os resultados obtidos neste trabalho, conforme mostrado na
Fig. 4-16

Etileno Glicol
0.30

0.29

0.28
Condutividade Térmica (W/m-K)

0.27

0.26

0.25

0.24

0.23

0.22 Medido
Ozisik
0.21
Incropera
0.20
20 22 24 26 28 30
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-16 Condutividade Térmica do Etileno Glicol - Sonda-linear

Aprenta-se na Fig. 4-17 uma comparação entre os resultados obtidos com a sonda-
linear e com o método Flash para gel Agar. Pode-se notar na Fig. 4-17 uma excelente

74
concordância entre os resultados obtidos. Com o método Flash a 21.8oC a condutividade
térmica determinada foi de (0.613 ±0.005) Wm-1K-1 e a sonda linear a 23.57oC foi de
(0.594 ±0.012)Wm-1K-1, assim como com o resultado disponível ne literatura (0.6 Wm-
1
K-1) a 20oC (Ozisik, 1990, Hukseflux, 2001) para o gel Agar. Além disso, é
interessante notar que os resultados obtidos com água pura (ver Fig. 4-18), tanto na
sonda-linear (0,602 ±0,012)Wm-1K-1 a 22.13oC quanto no método Flash (0.600
±0.003)Wm-1K-1 a 25oC, também estão em excelente concordância com aqueles obtidos
com o gel Agar. Portanto, os efeitos convectivos nas medições com a sonda-linear e
com o método Flash não são significativos para a água.

0,68 Agar Gel

0,66
Condutividade Térmica (W/m-K)

0,64

0,62

0,60

0,58
Flash
0,56 Sonda
Literatura
0,54

19 20 21 22 23 24
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-17 Condutividade Térmica para Gel Agar

Para a glicerina e o etileno glicol, os valores obtidos com o método Flash não
apresentaram coerência com a literatura, pois esses dois materiais apresentam uma
difusividade térmica abaixo do valor mínimo medido pelo LFA447/1. O valor mínimo
de difusividade térmica medido pelo LFA447/1 é de 0.1 mm2/s e o valor da difusividade
térmica do etileno glicol a 20oC é de 0.0939mm2/s e o da glicerina é de 0.0947 mm2/s.

75
Água
0,620

0,615

Condutividade Térmica (W/m-K)


0,610

0,605

0,600

0,595

0,590
Flash
0,585
Sonda

0,580
22 23 24 25 26
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-18 Condutividade Térmica da Água

A Fig. 4-19 apresenta a comparação dos valores identificados para condutividade


térmica de Nanofluido de Al2O3 em água, com concentração de 1%. Nota-se na Fig.
4-19 uma excelente concordância com os resultados obtidos. Com o método Flash,
obteve-se uma condutividade térmica de (0.598 ±0.004)Wm-1K-1, e para a sonda linear
obteve-se uma condutiviade térmica de (0.605 ±0,012)Wm-1K-1.

0.63
Nanofluido

0.62
Condutividade Térmica (W/m-K)

0.61

0.60

0.59

0.58 Sonda
Flash

0.57
23 24 25
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-19 Condutividade Térmica para nanofluido de Al2O3 em água

Apresenta-se na Fig. 4-20 uma comparação das condutividades térmicas da água e do


nanofluido de Al2O3 em água, ambas identificadas com a sonda linear na temperatura

76
ambiente. Nota-se neste caso que não houve aumento da condutividade térmica deste
nanofluido em relação à água.

Sonda-linear
0.630

0.625 Água
Nanofluido
0.620
Condutividade Térmica (W/m-K)

0.615

0.610

0.605

0.600

0.595

0.590

0.585

0.580
19 20 21 22 23 24 25
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-20 Comparação entre as condutividades térmicas da água e do nanofluido


Alumina-água medidas com a sonda-linear

A Fig. 4-21 apresenta os resultados obtidos com o método Flash para as


difusividades térmicas da água e do nanofluido de Al2O3 em água, em diferentes
temperaturas. Além disso, também são apresentados os valores da difusividade térmica
da água medidas pelo próprio fabricante do equipamento (Netzsch). Como se pode
observar nesta figura, a concordância entre os valores da difusividade térmica da água
medidas no LTTC e pela Netzsch são excelentes. Nota-se também na Fig. 4-20 que os
valores da difusividade térmica do nanofluido são praticamente iguais aos da água,
exceto na temperatura de 45 oC, onde nota-se um aumento de aproximadamente 10% no
valor médio medido. Tal comportamento é o mesmo notado para a condutividade
térmica obtida com o método Flash, conforme apresentado na Fig. 4-22. A Fig. 4-23 e
Fig. 4-24 apresentam a influência da temperatura no aumento da difusividade e
condutividade térmicas respectivamente. Como mostrado, à temperaturas maiores a
influência das nanopartículas se torna mais evidente para a intensificaçao das
propriedades termofísicas dos nanofluidos. Nestas figuras, foram traçados ajustes
exponenciais aos dados experimentais, resultando em:
α nf  T 
−9  2.692 
(T ) = 6.142 x10 e + 0.999 (72)
αH O
2

77
para a difusividade térmica e:
 T 
knf −8  3.009 
(T ) = 3.523x10 e + 0.9958 (73)
k H 2O

para a condutividade térmica.


Do mesmo modo que foi observado na Fig. 4-20 com as identificações com a sonda
linear, a Fig. 4-22 mostra que não houve aumento da condutividade térmica do
nanofluido na temperatura ambiente, quando comparado à água.

Método Flash
0.185

0.180
Difusividade Térmica (mm /s)

0.175
2

0.170

0.165

0.160

0.155

0.150 Água
Nanofluido
0.145 Literatura
0.140

25 30 35 40 45
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-21 Comparação entre as difusividades térmicas da água e do nanofluido de


alumina-água medidas com o método Flash

78
Método Flash
0.78

0.76

Condutividade Térmica (W/m-K)


0.74

0.72

0.70

0.68

0.66

0.64

0.62 Água
Nanofluido
0.60 Literatura
0.58
25 30 35 40 45
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-22 Comparação entre as condutividades térmicas da água e do nanofluido de


alumina-água medidas com o método Flash

1.12

1.10
Equação: y = A1*exp(x/t1) + y0
y0 0.99907
A1 6.1419E-9
1.08 t1 2.69166
αAl2O3/αH2O

1.06

1.04

1.02

Dados Experimentais
1.00
Ajuste exponencial

20 25 30 35 40 45 50
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-23 Aumento da difusividade térmica em função da temperatura

79
1.12

1.10

1.08

kAl2O3/KH2O
1.06
Equação: y = A1*exp(x/t1) + y0
y0 0.99588
A1 3.5232E-8
1.04 t1 3.00972

1.02

1.00 Dados Experimentais


Ajuste exponencial

0.98
25 30 35 40 45
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-24 Aumento da condutividade térmica em função da temperatura

Os resultados para o teste a 45oC apresentaram uma incerteza grande. Este fato deve-
se provavelmente à sedimentação durante o experimento, pois previamente à análise
agitou-se a amostra para garantir a homogeneização do nanofluido. Além do mais, a
amostra usada na cápsula do método Flash tem um volume muito pequeno (62.6 µl),
que torna o resultado do teste sujeito a desvios por qualquer pequena não
homogeneidade. As Fig. 4-25 e Fig. 4-26 mostram uma tendência de aumento da
difusividade térmica e condutividade térmica durante o teste, o que evidencia o fato de
que se iniciou algum processo de deterioração do nanofluido, como sedimentação. O
mesmo fenômeno se repetiu de maneira menos acentuada em temperatura inferiores (25
e 35oC), pois provavelmente a temperatura afeta a homogeneização do nanofluido.

80
0.180

0.175

Difusividade Térmica (mm /s)


0.170

2 0.165

0.160
Nanofluido
Media Nanofluido
0.155 Agua
Media Água
0.150

0.145
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
o
Teste n

Fig. 4-25 Teste de difusividade feito a 45oC no Flash

0.74

0.72
Condutividade Térmica (W/m-K)

0.70

0.68

0.66 Nanofluido
Média Nanofluido
0.64
Água
Média Água
0.62

0.60
0 2 4 6 8 10
o
Teste n

Fig. 4-26 Teste de condutividade feito a 45oC no Flash

Todos os resultados, tanto da sonda quando do Flash, foram médias de 10


experimentos consecutivos. Os resultados dos testes realizado no Flash estão
apresentados no anexo I. O gráfico de cada experimento na sonda, assim como os
resultados dos testes estão apresentados nos anexos II e III respectivamente. As
incertezas das medidas com a sonda-linear foram calculadas de acordo com as
instruções do fabricante, ou seja, ± (3%+0.02) Wm-1K-1 para cada medida. Para a
média, as incertezas foram calculadas de acordo com a Segunda Edição Brasileira do
Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement, em função das incertezas

81
obtidas para a condutividade térmica em cada teste realizado, conforme apresentado no
anexo IV. As incertezas relativas às medições com o método Flash correspondem aos
intervalos de 99% de confiança resultantes da dispersão das medidas (ε = ± 2,576 σ). O
desvio padrão para cada temperatura foi obtido da seguinte expressão:

∑Y − ( ∑Y )
2
2
n
σ=
n2

onde Y é o parâmetro medido e n é o número total de medidas em cada temperatura.

4.3.1 Comparação dos resultados experimentais com a literatura


Apresenta-se nesta seção uma comparação dos resultados obtidos neste trabalho com
os resultados experimentais disponíveis na literatura, assim como uma comparação dos
resultados deste trabalho com o resultados da condutividade térmica calculada por
modelos clássicos ou por modelos que foram propostos recentemente para predizer o
aumento da condutividade térmica de nanofluidos em função da temperatura ou da
concentração de nanopartículas. O cálculo desses modelos está apresentado no anexo V.
Na literatura disponível, todos os trabalhos apresentaram a variação da fração em
volume de nanopartículas de 1 a 5%, e este trabalho foi realizado com uma fração em
massa de 1% (o que equivale a aproximadamente 0.25% em volume).
A Fig. 4-27 apresenta uma comparação dos resultados obtidos neste trabalho com
valores experimentais da literatura para o aumento da condutividade térmica em função
da concentração de nanopartículas. O tamanho das partículas usadas por Eastman et al.
(1997) foi de 33nm. Eastman et al. (1999) realizaram seus testes com nanopartículas de
10 nm. Das et al. (2003) usaram nanopartículas de 38nm e Chon et al.(2005) usaram
nanopartículas de 47 nm. Neste trabalho utilizou-se partículas com diâmetro de 20 nm.
O resultado deste trabalho apresenta uma boa concordância com a tendência do
aumento da condutividade térmica para a variação da fração em volume. O valor
encontrado está de acordo com o que seria esperado para uma pequena concentração de
nanopartículas.
A Fig. 4-28 apresenta a comparação dos resultados obtidos neste trabalho com os
valores experimentais da literatura em função da temperatura. Conforme apresentado no
gráfico, para as temperaturas de 25 e 35oC, obteve-se uma boa concordância com os
resultados da literatura, pois a fração em massa dos testes realizados neste trabalho
foram menores que os da literatura. Porém a 45oC o resultado apresentou uma

82
discrepância. Observou-se um aumento maior que o esperado, porém isto pode ser
devido a grande incerteza que o teste apresentou nessa temperatura.

1.30
Temperatura Ambiente

1.25

1.20
knf/kf

1.15

1.10
Eastman (1997)
Eastman (1999)
Das (2003)
1.05
Chon (2005)
Medido

1.00

0 1 2 3 4 5
% em volume de nanopartículas

Fig. 4-27 Comparação do aumento da condutividade térmica medida neste trabalho com
a literatura em função da porcentagem em volume de nanopartículas

1.25

1.20

1.15
knf/kf

1.10

1.05

Chon (2005) 1% vol.


1.00 Das (2003) 1% vol.
Medido 0,25% vol.

0.95
20 30 40 50 60
o
Temperatura ( C)

Fig. 4-28 Comparação do aumento da condutividade térmica medida neste trabalho com
a literatura em função da temperatura

A Fig. 4-29 e a Tabela 4.1 apresentam uma comparação do aumento da


condutividade térmica determinada experimentalmente com o resultado teórico
determinado por meio de modelos disponíveis na literatura. O aumento da
condutividade térmica foi calculado pelo modelo clássico de Maxwell (1904 apud Choi
et al., 2001) para suspensões de sólidos em líquidos, pelo modelo de Hamilton-Crosser
(1962 apud Choi et al., 2001), que leva em consideração o formato da partícula através
do parâmetro ψ, que representa a esfericidade das partículas, que foi considerada como
83
ψ= 0.3, ψ= 0.5 e ψ= 0.7. Além desses, o resultado experimental foram comparados
também com os modelos desenvolvidos por Shukla e Dhir (2005) e Chon et al. (2005).
A Fig. 4-29 mostra que o modelo que mais se aproximou do dado experimental foi de
Shukla e Dhir (2005). Cabe ressaltar que o modelo de Jang e Choi (2004) não pôde ser
implementado, pois os autores não forneceram o valor da constante C1 do modelo.

o
0.625 T = 25 C

0.620

0.615

0.610
Knf/kf

Maxwell
HC 0.3
0.605
HC 0.5
HC 0.7
0.600 Shukla e Dhir (2005)
Chon (2005)
0.595 Medido

0.590
0.025

% de nanopartículas

Fig. 4-29 Comparação da condutividade térmica do nanofluido determinada neste


trabalho com resultados teóricos disponíveis na literatura para a fração em volume

Tabela 4.1 Comparação da condutividade térmica do nanofluido determinada neste


trabalho com resultados teóricos disponíveis na literatura para a fração em volume
Concentração de Shukla
H.C. H.C. H.C. Chon Este
nanopartículas Maxwell e Dhir Inc.
0.3 0.5 0.7 2005 Trab.
(%) (2005)
0.25 0.618 0.613 0.609 0.606 0.605 0.606 0.598 0.003

Para a variação com a temperatura, a Fig. 4-30 apresenta uma comparação do


aumento da condutividade térmica medida experimentalmente neste trabalho com a
calculada pelo modelo proposto por Shukla e Dhir (2005) e pela correlação empírica
proposta por Chon et al. (2005). Observa-se que os valores experimentais estão
próximos do modelo para temperaturas de 25 a 35oC. A 45o observa-se uma grande
discrepância de ambos os modelos com o resultado experimental. Possivelmente este
fato se deve a grande incerteza do teste realizado nesta temperatura.

84
0.78 0.25% em volume

0.76

Condutividade térmica (W/m-k)


0.74
Shukla e Dhir (2005)
0.72
Chon (2005)
0.70 Medido

0.68

0.66

0.64

0.62

0.60

0.58
25 30 35 o
40 45
Temperatura ( C)

Fig. 4-30 Comparação condutividade térmica do nanofluido determinada neste trabalho


com resultados teóricos disponíveis na literatura para a variação de temperatura

85
5. Conclusões e Sugestões
O nanofluido estudado apresentou um grande potencial de melhorar processos de
transferência de calor. Isto porque a suspensão de partículas ultrafinas aumenta a
condutividade térmica do nanofluido. A concentração em volume, a temperatura e o
tamanho das nanopartículas influem de forma significativa no aumento da
condutividade térmica do nanofluido. A condutividade térmica e a difusividade térmica
foram determinados por métodos clássicos de determinação das propriedades
termofísicas. As metodologias experimental e de cálculo da condutividade térmica
através da sonda linear foram validadas utilizando-se fluidos com propriedades bem
estabelecidas, como gel agar, água, etilenio glicol e glicerina. Os resultados obtidos
estão em excelente concordância com aqueles disponíveis na literatura, assim como com
aqueles obtidos através do método Flash.
Para o nanofluido contendo 1% em massa de nanopartículas, obteve-se um aumento
da massa epecífica da ordem de de 1%. Para a viscosidade, obteve-se um aumento de
13% a 60oC. Para a condutividade térmica e a difusividade térmica, o aumento foi da
ordem de 10% a 45oC.
O presente trabalho obteve uma boa concordância com a comparação dos resultados
experimentais da literatura para a fração em volume de nanopartículas. Para a variação
da temperatura, as temperaturas de 25 e 35oC apresentaram uma boa concordância,
porém a temperatura de 45oC apresentou uma grande discrepancia.
Para os modelos disponíveis na literatura pra o cálculo do aumento da condutividade
térmica em função da concentração de nanopartículas, o modelo de Shukla e Dhir
(2005) foi o que apresentou a melhor concordância com o presente trabalho, e para a
variação da temperatura, os modelos de Shukla e Dhir (2005) e Chon (2005)
apresentaram uma boa concordância com os resultados experimentais do presente
trabalho para as temperaturas de 25 e 35oC, e um resultado com uma grande
discrepância para a temperatura de 45oC.
A comparação da sonda-linear da Hukseflux com o método Flash (LFA447/1) obteve
excelente concordância para a água e o agar-gel. No caso da glicerina e para o etileno
glicol, os valores da difusividade térmica desses dois materiais estão fora da faixa de
operação do LFA447/1, porém os valores medidos com a sonda estão com excelente
concordância com a literatura.
Á partir dos testes realizados, observou-se que as propriedades termofísicas dos
nanofluidos são fortemente dependentes da variação de temperatura. Além disso,
86
observou-se que a adição de 1% nanopartículas mantêm o nanofluido na classe dos
fluidos Newtonianos.
A metodologia experimental da viscosidade e da massa específica através do
reômetro e do densímetro foi validada utilizando-se fluidos com propriedades bem
estabelecidas, como, água, etilenio glicol e glicerina. Os resultados obtidos estão em
excelente concordância com aqueles disponíveis na literatura. Além disso, o resultado
de viscosidade para a glicerina foi confrontado com o resultado obtido no INMETRO
com o padrão nacional de viscosidade, obtendo-se uma excelente concordância.
Apesar de existirem modelos que descrevem a influência de parâmetros como o
diâmetro das partículas e a temperatura, ainda existe a necessidade de se desenvolver
um modelo que seja abrangente o suficiente para levar em conta todos esse fenômenos e
em todos os tipos de nanopartículas.
Como sugestões de trabalhos futuros, seria a variação da concentração de
nanopartículas, assim como fabricar nanofluidos com a concentração igual às existentes
na literatura. Desta maneira, as comparações serão realizadas com mesma base.
Além disso, a fabricação e caracterização de nanofluidos com nanopartículas
diferentes seria uma excelente oportunidade de se testar novos nanofluidos.
Finalmente, o desenvolvimento de um modelo próprio para a estimativa das
propriedades termofísicas em materiais de 3 camadas.

87
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92
7. Anexo I – Resultado do Teste no LFA 447/1
O anexo I apresenta os resultados do teste realizado para a condutividade térmica e
difusividade térmica no LFA 447/1. Para cada temperatura foram feitos 10 testes, e
então obteve-se uma média e um desvio-padrão dessas medidas. As Fig. 7-1, Fig. 7-2 e
Fig. 7-3 apresentam os resultados para o teste feito na água, a 25, 35 e 45oC
respectivamente.

Fig. 7-1 Resultado da água a 25oC no LFA447/1

93
Fig. 7-2 Resultado da água a 35oC no LFA447/1

Fig. 7-3 Resultado da água a 45oC no LFA447/1

94
As Fig. 7-4, Fig. 7-5 e Fig. 7-6 apresentam os resultados para os testes feitos no
nanofluido, a 25, 35 e 45oC respectivamente.

Fig. 7-4 Resultado do nanofluido a 25oC no LFA447/1

95
Fig. 7-5 Resultado do nanofluido a 35oC no LFA447/1

Fig. 7-6 Resultado do nanofluido a 45oC no LFA447/1


96
8. Anexo II – Gráficos dos testes na Sonda TP - 02
O anexo II apresenta os gráficos dos testes realizado para a condutividade térmica
com a sonda-linear para cada material. Os testes foram realizados na temperatura
ambiente, e todos eles foram repetidos 10 vezes, e então obteve-se uma média e uma
incerteza expandida para cada material. As Fig. 8-1 e Fig. 8-2 apresentam os testes
realizado na água.

Teste 1 - Água
3,6

3,4
Teste 2 - Água
3,4
Aumento de Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)
o

o
3,2 3,2

3,0 y = 0,5803x + 1,566 3,0


2 y = 0,6242x + 1,6549
R = 0,9991 2
R = 0,9987
2,8
2,8

2,6
2,6 Dados Experimentais
Ajuste dos dados
2,4
Dados Experimentais
2,4
Ajuste linear dos dados
2,2
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

3,4
Teste 3 - Água
Aumento da Temperatura ( C)

Teste 4 - Água
o

3,4
3,2
Aumento da Temperatura ( C)
o

3,2
3,0
y = 0,5685x + 1,7174
2
R = 0,9986 3,0
2,8 y = 0,5909x + 1,7004
2
R = 0,9985
2,8
2,6

2,6
Dados Experimentais
2,4
Ajuste Linear dos Dados
Dados Experimentais
2,4
Ajuste Linear dos Dados
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
ln(t), t em segundos 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
ln(t), t em segundos

3,4
Teste 6 - Água
Aumento da Temperatura ( C)

Teste 5 - Água
o

3,4
3,2
Aumento da Temperatura ( C)
o

3,2
3,0

3,0 y = 0,5803x + 1,5664


y = 0,5731x + 1,6258 2,8 2
2
R = 0,9981 R = 0,9991
2,8
2,6

2,6
Dados Experimentais
2,4
Ajuste Linear dos Dados
Dados Experimentais
2,4
Ajuste Linear dos Dados
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

Fig. 8-1 Gráficos dos testes realizado na água

97
Teste 7 - Água 3,4 Teste 8 - Água
3,6
Aumento da Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)
o

o
3,2
3,4

3,0
3,2 y = 0,5793x + 1,6193
2
R = 0,9991
y = 0,5751x + 1,646 2,8
2
3,0 R = 0,9981
2,6

2,8
2,4
Dados Experimentais Dados Experimentail
Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
2,6 2,2
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

3,6
Teste 9 - Água 3,6 Teste 10 - Água
3,4

Aumento da Temperatura ( C)
Aumento da Temperatura ( C)
o

o
3,4
3,2
3,2
y = 0,5588x + 1,6625 y = 0,5948x + 1,6565
3,0 2 2
R = 0,9989 R = 0,998
3,0
2,8
2,8
2,6
2,6
Dados Experimentais Dados Experimentais
2,4 Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
2,4
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

Fig. 8-2 Gráficos dos testes realizado na água

As Fig. 8-3 e Fig. 8-4 apresentam os testse realizado no etileno glicol.

5,6
5,4 Teste 2 - Etileno Glicol
5,4 5,2
Aumento da Temperatura ( C)

Teste 1 - Etileno Glicol 5,0


5,2
o

4,8
Aumento da Temperatura ( C)

5,0
4,6
o

4,8 4,4
4,6 4,2 y = 1,1929x + 0,9021
4,4
4,0 R2 = 0,9988
y = 1,1746x + 0,6846 3,8
2
4,2 R = 0,9993 3,6
4,0 3,4
3,8 3,2
3,0
3,6 Dados Experimentais
2,8
3,4 Dados Experimentais Ajuste Linear dos Dados
2,6
Ajuste Linear dos Dados
3,2
1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

Fig. 8-3 Gráficos dos testes realizado no etileno glicol

98
5,6 5,8
Teste 3 - Etileno Glicol Teste 4 - Etileno Glicol
5,4
Aumento da Temperatura ( C) 5,6

Aumento da Temperatura ( C)
5,2
5,4
o

o
5,0
4,8 5,2
4,6 5,0
4,4 y = 1,2126x + 0,963 y = 1,3006x + 1,033
4,8
4,2 2
R = 0,9994 R2 = 0,9994
4,6
4,0
3,8 4,4
3,6 4,2
3,4
4,0
3,2
Dados Experimentais Dados Experimentais
3,0 3,8
Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
2,8 3,6
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

5,8 Teste 5 - Etileno Glicol 5,8 Teste 6 - Etileno Glicol


5,6 5,6
Aumento da Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)
o

o
5,4
5,4
5,2
5,2
5,0
y = 1,2544x + 1,078 5,0 y = 1,2156x + 1,164
4,8 R2 = 0,9995 R2 = 0,9993
4,8
4,6
4,6
4,4

4,2 4,4

4,0
Dados Experimentais 4,2 Dados Experimentais
Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
3,8 4,0
2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

6,4
6,2 Teste 8 - Etileno Glicol
5,8 6,0
Aumento da Temperatura ( C)

Teste 7 - Etileno Glicol


o

5,6 5,8
Aumento da Temperatura ( C)

5,4 5,6
o

5,2 5,4
5,0 5,2 y = 1,5107x + 0,8383
4,8 2
5,0 R = 0,9981
4,6 y = 1,2159x + 1,369
2 4,8
4,4 R = 0,9996
4,6
4,2
4,4
4,0
4,2
3,8
3,6 4,0 Dados Experimentais
Dados Experimentais 3,8
Ajuste Linear dos Dados
3,4
3,2
Ajuste Linear dos Dados
2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6
1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

7,0
6,8 Teste 10 - Etileno Glicol
7,0 6,6
Aumento da Temperatura ( C)

6,8 Teste 9 - Etileno Glicol


o

6,6 6,4
Aumento da Temperatura ( C)

6,4 6,2
o

6,2
6,0 6,0
5,8
5,6 5,8 y = 1,4262x + 1,366
2
5,4 5,6 R = 0,9994
5,2 y = 1,4359x + 1,347
2
5,0 R = 0,9995 5,4
4,8
5,2
4,6
4,4 5,0
4,2
4,0 4,8
Dados Experimentais
3,8 4,6
3,6 Dados Experimentais Ajuste Linear dos Dados
3,4 Ajuste Linear dos Dados 4,4
3,2 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

Fig. 8-4 Gráficos dos testes realizado no etileno glicol

99
As Fig. 8-5 e Fig. 8-6 apresentam os testes realizado na glicerina

7,4
7,6
7,2 Teste 1 - Glicerina Teste 2 - Glicerina
7,4
7,0
7,2
Aumento da Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)
6,8
7,0
o

o
6,6
6,4 6,8
6,2 6,6
6,0 6,4
5,8 y = 1,2005x + 1,351 6,2 y = 1,1838x + 1,954
5,6 2 6,0 2
R = 0,9992 R = 0,9997
5,4 5,8
5,2 5,6
5,0 5,4
4,8 5,2
4,6 5,0
4,4
Dados Experimentais 4,8 Dados Experimentais
4,2
Ajuste Linear dos Dados 4,6 Ajuste Linear dos Dados
4,0
4,4
2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

7,8
Teste 4- Glicerina
7,6
6,0 7,4

Aumento da Temperatura ( C)
Teste 3 - Glicerina 7,2

o
5,8
7,0
Aumento da Temperatura ( C)

5,6 6,8
o

6,6
5,4
6,4 y = 1,1832x + 1,6708
5,2 6,2 2
R = 0,9998
y = 1,1551x + 1,975 6,0
5,0
2 5,8
R = 0,9993
4,8 5,6
5,4
4,6
5,2
4,4 5,0
Dados Experimentais
4,8
4,2 Ajuste Linear dos Dados
Dados Experimentais 4,6
4,0 Ajuste Linear dos Dados
2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

7,8

7,6
Teste6 - Glicerina
7,8
7,4
Aumento da Temperatura ( C)

7,6 Teste 5 - Glicerina


o

7,4 7,2
Aumento da Temperatura ( C)

7,2
7,0
o

7,0
6,8 6,8
6,6 y = 1,1871x + 1,6615
6,4 6,6 2
R = 0,9995
6,2 y = 1,1978x + 1,5688
2
6,4
6,0 R = 0,9998
5,8 6,2
5,6 6,0
5,4
5,2 5,8
Dados Experimentais
5,0 5,6
4,8 Dados Experimentais Ajuste Linear dos Dados
4,6 Ajuste Linear dos Dados 5,4
3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2
4,4
2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

7,5 Teste 7 - Glicerina 7,5 Teste 8 - Glicerina


Aumento da Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)

7,0 7,0
o

6,5 6,5

6,0
6,0
y = 1,1643x + 1,5977 y = 1,1691x + 1,5882
2 2
5,5 R = 0,9997 R = 0,9997
5,5

5,0
5,0
4,5
4,5
4,0 Dados Experimentais Dados Experimentais
Ajuste Linear dos Dados 4,0 Ajuste Linear dos Dados
3,5
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

Fig. 8-5 Gráficos dos testes realizado na glicerina

100
7,5
7,5 Teste 9 - Glicerina Teste10 - Glicerina
7,0

Aumento da Temperatura ( C)
7,0
Aumento da Temperatura ( C)

o
o

6,5
6,5

6,0 6,0

y = 1,1513x + 1,6569 y = 1,1248x + 1,629


5,5 2 5,5 2
R = 0,9995 R = 0,9996
5,0 5,0

4,5
4,5

4,0
Dados Experimentais 4,0 Dados Experimentais
3,5 Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
3,5
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

Fig. 8-6 Gráficos dos testes realizado na glicerina

As Fig. 8-7 e Fig. 8-8 apresentam os testes realizado no nanofluido.

4,0
Teste1 - Nanofluido Teste2 - Nanofluido
Aumento da Temperatura ( C)
Aumento da Temperatura ( C)

o
o

3,5

3,5
y = 0,5823x + 1,9849 y = 0,5857x + 1,806
2 2
R = 0,9975 R = 0,998

3,0
3,0

Dados Experimentais Dados Experimentais


Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 1,5 2,0 2,5 3,0


ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

3,5 4,0
Teste3 - Nanofluido Teste4 - Nanofluido
Aumento da Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)
o

3,5
y = 0,603x + 1,6374 y = 0,6108x + 1,805
3,0 2 2
R = 0,9984 R = 0,9988

3,0

Dados Experimentais Dados Experimentais


Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
2,5
1,5 2,0 2,5 3,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

Fig. 8-7 Gráficos dos testes realizado no nanofluido

101
4,0
Teste 5 - Nanofluido Teste 6 - Nanofluido
Aumento da Temperatura ( C)

Aumento da Temperatura ( C)
3,5
o

o
3,5
y = 0,5926x + 1,9499 y = 0,5977x + 1,8957
2 2
R = 0,999 R = 0,998
3,0

3,0

Dados Experimentais Dados Experimentais


Ajuste Linear dos Dados Ajuste Linear dos Dados
2,5
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 1,5 2,0 2,5 3,0
ln(t), t em segundos ln(t), t em segundos

3,5
Teste8 - Nanofluido
3,5

Aumento da Temperatura ( C)
Teste 7 - Nanofluido

o
Aumento da Temperatura ( C)
o

3,0
y = 0,5174x + 1,701
2
R = 0,9972
y = 0,5192x + 1,9562
3,0 2
R = 0,9986

2,5

Dados Experimentais
Dados Experimentais Ajuste Linear dos Dados
Ajuste Linear dos Dados
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
2,5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

3,5
Teste10 - Nanofluido
Aumento da Temperatura ( C)

Teste 9 - Nanofluido
o

3,5
Aumento da Temperatura ( C)
o

y = 0,5577x + 1,5028
2
R = 0,9978
y = 0,5336x + 1,7785
3,0 2
R = 0,9986
3,0

Dados Experimentais
2,5
Dados Experimentais Ajuste Linear dos Dados
Ajuste Linear dos Dados
2,0 2,5 3,0 3,5
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 ln(t), t em segundos
ln(t), t em segundos

Fig. 8-8 Gráficos dos testes realizado no nanofluido

102
9. Anexo III – Resultados dos teste com a Sonda-Linear
O anexo III apresenta os resultados dos testes realizados para a condutividade na
sonda-linear Hukseflux TP02. Os testes foram realizados na temperatura ambiente, e
todos eles foram repetidos 10 vezes, e então obteve-se uma média e uma incerteza
expandida para cada material. A Tabela 9.1 apresenta os testes realizado para o etileno
glicol.
Tabela 9.1 Resultados dos testes realizados com o Etileno Glicol

Temperatura Condutividade Térmica Incerteza


Etileno Glicol
(oC) (W/m-K) (3%±0.02)
26,3 0,255 0,028
26,3 0,260 0,028
26,2 0,258 0,028
26,3 0,256 0,028
26,3 0,256 0,028
26,3 0,260 0,028
26,0 0,260 0,028
25,4 0,255 0,028
24,9 0,260 0,028
24,8 0,258 0,028
Média/
25,9 0,258 0,009
Incerteza Expandida

A Tabela 9.2 apresenta os testes realizado para a glicerina.


Tabela 9.2 Resultados dos testes realizados com a Glicerina

Temperatura Condutividade Térmica Incerteza


Glicerina
(oC) (W/m-K) (3%±0,02)
24,8 0,272 0,028
24,5 0,286 0,029
24,3 0,295 0,029
24,2 0,276 0,028
24,0 0,275 0,028
24,0 0,278 0,028
23,9 0,279 0,028
23,8 0,277 0,028
23,7 0,282 0,028
23,6 0,283 0,029
Média/
24,1 0,281 0,009
Incerteza Expandida

103
A Tabela 9.1 apresenta os testes realizado para a água.
Tabela 9.3 Resultados dos testes realizados com a água

Condutividade Térmica Incerteza


Água Temperatura (oC)
(W/m-K) (3%±0,02)
22,6 0,583 0,037
22,5 0,609 0,038
22,6 0,599 0,038
22,6 0,598 0,038
22,5 0,611 0,038
21,7 0,609 0,038
21,7 0,611 0,038
21,7 0,607 0,038
21,7 0,609 0,038
21,7 0,585 0,038
Média/
22,1 0,602 0,012
Incerteza Expandida

A Tabela 9.4 apresenta os testes realizado para o nanofluido.


Tabela 9.4 Resultados dos testes realizados com o nanofluido.

Condutividade Térmica Incerteza


Nanofluido Temperatura (oC)
(W/m-K) (3%±0,02)
23,4 0,616 0,038
23,4 0,607 0,038
22,7 0,595 0,038
23,4 0,597 0,038
22,5 0,606 0,038
22,5 0,600 0,038
26,2 0,614 0,038
25,9 0,616 0,038
25,8 0,597 0,038
22,4 0,606 0,038
22,3 0,597 0,038
Média/
23,7 0,605 0,012
Incerteza Expandida

104
10. Anexo IV - Notebook do Mathematica para o cálculo da Incerteza expandida
O anexo IV apresenta o notebook desenvolvido na plataforma Mathematica 5.2 para
o cálculo da incerteza expandida das medições de massa específica e viscosidade (ver
Fig. 10-1).

Fig. 10-1 Notebook desenvolvido para o cálculo da incerteza expandida das medições

105
11. Anexo V – Notebook com os modelos para o cálculo da condutivdade térmica
de nanofluidos
O anexo V apresenta o notebook desenvolvido na plataforma Mathematica 5.2 para o
cálculo dos modelos matemáticos disponíveis na literatura para o aumento da
condutividade térmica de nanofluidos (ver Fig. 11-1, Fig. 11-3 , Fig. 11-4 e Fig. 11-4).

Fig. 11-1 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade


térmica de nanofluidos.

106
Fig. 11-2 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos

107
Fig. 11-3 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos.

108
Fig. 11-4 Notebook desenvolvido para o cálculo do aumento da condutividade térmica
de nanofluidos.

109

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