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ESTUDOS EXPERIMENTAIS E MODELO NORSAND APLICADOS A UM

REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO

Renê Souto Coutinho

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil.

Orientador: Marcio de Souza Soares de Almeida

Rio de Janeiro

Setembro de 2022
ESTUDOS EXPERIMENTAIS E MODELO NORSAND APLICADOS A UM
REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO

Renê Souto Coutinho

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ


COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

_____________________________________
Prof. Marcio de Souza Soares de Almeida

_____________________________________
Prof. António Joaquim Pereira Viana da Fonseca

_____________________________________
Prof. Ian Schumann Marques Martins

_____________________________________
Prof. José Maria de Camargo Barros

_____________________________________
Prof. Leonardo De Bona Becker

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


SETEMBRO DE 2022
Coutinho, Renê Souto
Estudos experimentais e modelo Norsand aplicados a um
rejeito de minério de ferro/Renê Souto Coutinho. – Rio de
Janeiro: UFRJ/COPPE, 2022.
xxi, 113 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Márcio de Souza Soares de Almeida
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2022.
Referências Bibliográficas: p. 108-113.
1. Introdução 2. Revisão Bibliográfica 3. Materiais e
Métodos 4. Resultados e Análises 5. Comparação entre os
Resultados dos Ensaios e o Modelo Norsand 6. Conclusões I.
Almeida, Márcio de Souza Soares de et al. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia
Civil. III. Título

iii
Try Again. Fail Again. Fail
Better.
(Samuel Beckett)

“If we knew what it was we


were doing, it would not be called
research, would it?”

(Albert Einstein)

iv
Àqueles que faço menção
em agradecimento,
DEDICO.

v
AGRADECIMENTO

A Deus;

À minha família;

Ao professor e orientador Marcio Almeida, pelo conhecimento transmitido, pela


orientação e pelas incansáveis revisões desta dissertação;

A todos os professores da COPPE/UFRJ que contribuíram para o meu desenvolvimento


profissional;

À equipe do laboratório LM2C;

A toda a equipe do IPT/SP, em especial ao professor José Maria Barros, ao Rodrigo


Serafim e ao Marcelo, pela recepção, acolhimento, amizade e contribuição neste trabalho;

À equipe do projeto da VALE/COPPE, especialmente à Bárbara;

À Fernanda Barra pela ajuda com a calibração dos parâmetros do Norsand;

Aos meus amigos, que me sustentam, há anos, e que me compreendem em minhas


ausências;

Aos que lutam, neste país, em prol de uma educação acessível a todos.

A vocês, que são os verdadeiros autores deste trabalho.

Muito Obrigado!

vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ESTUDOS EXPERIMENTAIS E MODELO NORSAND APLICADOS A UM


REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO

Renê Souto Coutinho

Setembro/2022

Orientador: Marcio de Souza Soares de Almeida


Programa: Engenharia Civil

Os recentes acidentes em barragens de rejeitos de mineração provocaram catástrofes


ambientais com centenas de vítimas fatais. Isso levou a diversas ações da sociedade e a novos
mecanismos de controle. Nestas estruturas o rejeito de minério apresenta granulometria que
varia predominantemente entre areia e silte, com presença de argila, e encontra-se, geralmente,
com elevados teores de água e em estado fofo. Essas características tornam esses materiais
altamente suscetíveis à liquefação. Assim sendo, o estudo dos materiais que constituem estas
estruturas é imprescindível para o correto gerenciamento e conhecimento da condição de
estabilidade dessas estruturas. Neste sentido, esse trabalho apresenta o estudo em um rejeito de
mineração, cujas características são representativas dos rejeitos do quadrilátero ferrífero de
Minas Gerais, o que contribui para o conhecimento do comportamento desses materiais. O
estudo aqui apresentado é baseado em um programa experimental que inclui ensaios triaxiais
tradicionais, com Bender Elements e em Coluna Ressonante. Os resultados obtidos são
avaliados à luz da mecânica dos solos do estado crítico, incluindo a obtenção dos parâmetros
do modelo NorSand, sua calibração e a comparação entre os ensaios de laboratório e o referido
modelo. Os resultados obtidos fornecem uma caracterização mecânica dos rejeitos, o que
permite melhor conhecimento sobre o comportamento geotécnico da estrutura.

vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Science (M.Sc.)

EXPERIMENTAL STUDIES AND THE NORSAND MODEL APPLIED TO AN


IRON ORE TAILING

Renê Souto Coutinho

Setembro/2022

Advisor: Marcio de Souza Soares de Almeida


Department: Civil Engineering

Recent accidents in mining tailings dams have caused environmental catastrophes with
hundreds of victims. This led to various actions by society and new control mechanisms. In
thesse structures the tailings presentes granulometry that varies between sand and silt and is
generally found with high water contents and in a loose state. These characteristics make these
materials highly susceptible to liquefaction, which can lead to dam failures. Therefore, the study
of the materials that constitute these structures is essential for the correct management and
knowledge of the stability condition of these structures. In this sense, this work presents the
study in a mining tailings, whose characteristics are representative of the tailings of the
Quadrilátero Ferrífero of Minas Gerais, which contributes to the knowledge of the behavior of
these materials. The study presented here is based on an experimental program that includes
traditional triaxial tests, with Bender Elements and in Resonant Column. The results obtained
are evaluated in the light of critical state soil mechanics, including obtaining the parameters of
the NorSand model, its calibration and the comparison between laboratory tests and the referred
model. The results obtained provide a mechanical characterization of the tailings, which allows
a better understanding of the geotechnical behavior of the structure.

viii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ........................................................................... 1

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................... 4

2.1 Liquefação de Solos .......................................................................................... 4

2.1.1 Influência da granulometria ........................................................................ 5

2.1.2 Estado do material – Parâmetro de estado (ψ) ............................................ 7

2.1.3 Condição do carregamento.......................................................................... 9

2.1.4 Investigações insitu ..................................................................................... 9

2.2 Estado Crítico ................................................................................................... 9

2.2.1 Linha de Estado Crítico no espaço e:p’ .................................................... 10

2.3 Relação entre os parâmetros do estado crítico e as propriedades do material 17

2.3.1 Inclinação da LEC (λ) ............................................................................... 17

2.3.2 Posicionamento da LEC no espaço e versus log p’ (Γ)............................. 18

2.3.3 Razão de atrito crítico (M) ........................................................................ 19

2.4 Suscetibilidade à Liquefação .......................................................................... 19

2.4.1 Superfície de colapso ................................................................................ 20

2.4.2 Dilatância .................................................................................................. 21

2.4.3 Cisalhamento monotônico de areias ......................................................... 23

2.4.4 Índice de fragilidade não drenada ............................................................. 24

2.5 Modelo NorSand ............................................................................................. 26

2.5.1 Aplicações do modelo ............................................................................... 26

2.5.2 Princípios Teóricos do modelo ................................................................. 27

CAPÍTULO 3: MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................... 30

3.1 Materiais utilizados ......................................................................................... 30

3.2 Ensaios realizados ........................................................................................... 32

3.3 Ensaios de Índices de Vazios Máximo e Mínimo ........................................... 33

3.4 Ensaio de Permeabilidade ............................................................................... 34

ix
3.5 Ensaio de compactação .................................................................................. 36

3.6 Ensaios Triaxiais ............................................................................................ 37

3.6.1 Aspectos gerais ......................................................................................... 38

3.6.2 Preparação da amostra e montagem do corpo de prova ........................... 40

3.6.3 Etapa de saturação do corpo de prova ...................................................... 42

3.6.4 Interpretação dos resultados ..................................................................... 43

3.6.5 Determinação do Índice de vazios ............................................................ 43

3.6.6 Programa de ensaios ................................................................................. 44

3.7 Ensaios com Bender Elements ....................................................................... 44

3.7.1 Interpretação dos resultados ..................................................................... 46

3.8 Ensaios de Coluna Ressonante ....................................................................... 49

3.8.1 Módulo de cisalhamento ........................................................................... 49

3.9 Conclusões do capítulo ................................................................................... 51

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E ANÁLISES .................................................. 52

4.1 Análises de Fluorescência de Raio de X ........................................................ 52

4.2 Caracterização do material de estudo ............................................................. 52

4.3 Análise com Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) .......................... 53

4.4 Ensaios de compactação ................................................................................. 54

4.5 Índices de vazios máximo e mínimo .............................................................. 58

4.6 Ensaios de Permeabilidade ............................................................................. 58

4.7 Ensaios Triaxiais ............................................................................................ 60

4.7.1 Resultados dos Ensaios............................................................................. 61

4.7.1.1 Ensaios Drenados .................................................................................. 61

4.7.1.2 Ensaios Não Drenados ........................................................................... 64

4.7.2 Linha de Estados Críticos ......................................................................... 67

4.8 Determinação do Módulo Cisalhante ............................................................. 71

4.9 Parâmetros do modelo Norsand ..................................................................... 72

x
4.9.1 Dilatância e Parâmetros M, N e χ ............................................................. 73

4.9.1.1 Dilatância (D) ......................................................................................... 73

4.9.1.2 Parâmetros M e N .................................................................................. 75

4.9.1.3 Parâmetro χ ............................................................................................ 77

4.9.2 Módulo de endurecimento plástico - H ..................................................... 78

4.9.3 Módulo de rigidez (Ir) ............................................................................... 80

4.9.4 Coeficiente de Poisson – ν ........................................................................ 81

4.9.5 – Estado inicial do solo ............................................................................. 81

4.9.6 Ajuste do Parâmetro Gmax ......................................................................... 82

4.10 Conclusões do capítulo................................................................................ 83

CAPÍTULO 5: APLICAÇÃO DO MODELO NORSAND E COMPARAÇÃO DOS


RESULTADOS COM A LITERATURA ...................................................................... 85

5.1 Ensaios não drenados ...................................................................................... 85

5.2 Ensaios drenados ............................................................................................. 89

5.3 Comparação dos resultados com a literatura .................................................. 90

5.4 Comparação com os rejeitos da Barragem do Córrego do Feijão e Barragem do


Fundão 94

5.5 Resistência não drenada .................................................................................. 95

5.6 Ângulo de Atrito de Pico .............................................................................. 100

5.7 Conclusões do capítulo ................................................................................. 104

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES ....................................................................... 105

6.1 Análises de Estado Crítico ............................................................................ 105

6.2 Parâmetros do Estado Crítico e do Norsand ................................................. 106

CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... 108

xi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Faixas de distribuição granulométrica proposta para materiais suscetíveis à


liquefação.

Figura 2- Esquema representativo da estrutura dos grãos de solos relativamente à fração de


argila e a influência na liquefação.

Figura 3- Representação dos comportamentos dos materiais relacionados ao estado crítico.

Figura 4- Ilustração esquemática da LEC no espaço e versus p, mostrando sua não linearidade.

Figura 5- LEC curvilínea obtida através de simulações triaxiais.

Figura 6- - Curvas de tensão deformação e caminho de tensão, mostrando o estado de quase-


steady.

Figura 7- - Diagrama e versus p’, mostrando as posições das linhas S e F.

Figura 8- - Diagrama e versus p’na condição de estado crítico

Figura 9- - Dispersão da LEC obtida para um mesmo material em diferentes laboratórios

Figura 10- - Linha de estado crítico obtida a partir de ensaios triaxiais de compressão e extensão.

Figura 11- - Diferentes LECs obtidas para material com aproximadamente a mesma fração de
silte, mas diferentes granulometrias.

Figura 12- - Representação da variação da resistência do material até o estado crítico.

Figura 13- - Representação dos estágios de resistência do solo durante o carregamento.

Figura 14 - Representação do conceito de dilatância- ensaio na areia compacta de Fontain.

Figura 15- - Comportamentos típicos de areias nos ensaios triaxiais.

Figura 16- - Variação do índice de fragilidade em função do parâmetro de estado normalizado.

Figura 17- - Superfície de escoamento do modelo Norsand para material fofo (a) e compacto
(b).

Figura 18- Perfis de poropressão, densidade relativa e parâmetro de estado medidos no ensaio
de CPTu realizado na praia de rejeitos.

xii
Figura 19- Comparação entre a curva granulométrica do rejeito estudado com o rejeito das
barragens B1 do Córrego do Feijão e do Fundão.

Figura 20- Permeâmetro utilizado para a determinação do coeficiente de permeabilidade,


aplicando uma carga variável, instalado no IPT/SP.

Figura 21- Permeâmetro utilizado para a determinação do coeficiente de permeabilidade,


aplicando uma carga constante, nas instalações do IPT/SP.

Figura 22 – Fatores que influenciam no Estado Crítico.

Figura 23- Esquema ilustrativo do topo e base lubrificados para ensaios triaxiais (a) foto; (b)
ilustração lateral.

Figura 24- Molde de compactação dos corpos de prova (esquerda) e - base da célula, com a
dupla camada de membrana de látex (a direita).

Figura 25- Conjunto utilizado na moldagem dos corpos de prova, com aplicação de vácuo à
parede do molde para permitir a aderência da membrana.

Figura 26- Gráfico de q em função da deformação axial (ε1), mostrando o ponto a partir do qual
foi atingido o estado crítico (steady state).

Figura 27- Bender elements vertical e horizontal no ensaio triaxial.

Figura 28- a) Deformação do bender element e propagação da onda cisalhante através do corpo
de prova; b) representação dos elementos da onda senoidal.

Figura 29- curva senoidal típica dos sinais gerados e recebidos nos ensaios de Bender Elements
e diferentes pontos de chegada da onda.

Figura 30- Imagens obtidas a partir do Microscópio Eletrônico de Varredura, com aumentos de
100 vezes e 200 vezes.

Figura 31- Curvas dos ensaios de compactação para diferentes energias.

Figura 32- Relação entre densidade seca e altura de queda equivalente do soquete (em log) para
as umidades de 7%, 9%, 11%, 13% e 15% com as retas de tendência.

Figura 33- Coeficiente de permeabilidade em função do índice de vazios

Figura 34- Tensão desviatória (a) e deformação volumétrica (b) em função da deformação axial,
para os ensaios drenados em corpos de prova fofos.
xiii
Figura 35- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios drenados.

Figura 36- Gráfico de tensão desviatória (a) e de acréscimo de poropressão (b) para os ensaios
não drenados utilizados para determinação da LEC.

Figura 37- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios não drenados.

Figura 38- Linha de Estado Crítico (LEC) nos espaços e versus p’ (a) e q versus p’ (b).

Figura 39- Ensaios que não foram considerados para a definição da linha de estado crítico.

Figura 40- Módulo cisalhante máximo em função da tensão efetiva média

Figura 41- a) Razão de tensão e b) parâmetro de estado em função da dilatância.

Figura 42- Taxa de tensão máxima (η)máx em função da dilatância mínima (Dmin)

Figura 43- ensaio realizado na caixa, para determinação do ângulo de atrito no repouso

Figura 44- Dilatância mínima (Dmin) em função do parâmetro de estado (ψ) em Dmin.

Figura 45- Módulos de endurecimento em função do parâmetro de estado, obtidos do ajuste das
curvas dos ensaios triaxiais e do modelo NorSand.

Figura 46- Relação entre os valores dos módulos cisalhantes obtidos em laboratório e os valores
calculados através da equação de elasticidade.

Figura 47- Comparação dos resultados dos ensaios CIU2 e CIU5 com o modelo NorSand.

Figura 48- Comparação dos resultados dos ensaios CIU3 com o modelo NorSand.

Figura 49- Comparação dos resultados dos ensaios CIU1 e CIU4 com o modelo NorSand.

Figura 50- Comparação dos resultados dos ensaios CIU4 com o modelo NorSand, considerando
diferentes valores de Gmax e OCR.

Figura 51 - Comparação entre ensaio CID2 e o modelo NorSand.

Figura 52 - Comparação entre ensaio CID6 e o modelo NorSand.

Figura 53 - Comparação da Linha de Estado Crítico obtida neste trabalho com outras descritas
na literatura.

Figura 54 - Comparação do parâmetro Г com os apresentados pela literatura, em função do


conteúdo de finos.

xiv
Figura 55 - Comparação do parâmetro λ com os apresentados pela literatura, em função do
conteúdo de finos.

Figura 56 - Comparação do parâmetro λ com os apresentados pela literatura, em função do


coeficiente de uniformidade (Cu).

Figura 57 - Comparação do parâmetro Γ100 com os apresentados pela literatura, em função do


coeficiente de uniformidade (Cu).

Figura 58 - Comparação entre a LEC obtida neste trabalho e as dos materiais da barragem B1
do Córrego do Feijão.

Figura 59 - Comparação entre a resistência normalizada versus o parâmetro de estado, dos


valores obtidos neste trabalho e os descritos na literatura.

Figura 60 - Desenvolvimento da resistência não drenada de pico e residual com o parâmetro de


estado.

Figura 61 - Comparação dos valores de índice de fragilidade obtidos neste trabalho com valores
dos rejeitos da Barragem de Germano

Figura 62 - Comparação dos valores obtidos neste trabalho com valores dos rejeitos da
Barragem de Germano

Figura 63 – Valores do ângulo de atrito em função do parâmetro de estado obtidos neste trabalho
e apresentados por JEFFERIES e BEEN (2016).

Figura 64 - Diferenças entre o ângulo de atrito de pico e residual, em função do parâmetro de


estado, obtidas neste trabalho e apresentadas por JEFFERIES e BEEN (2016).

Figura 65 - Ângulo de atrito versus parâmetro de estado normalizado obtidos neste trabalho e
apresentados por JEFFERIES e BEEN (2016).

xv
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Faixa de valores típicos dos parâmetros de estado crítico para materiais arenosos
(JEFFERIES e BEEN, 2016).

Tabela 2 – Principais ensaios indicados para o estudo da liquefação através do estado crítico

Tabela 3 Parâmetros de compactação para 100% PN

Tabela 4 - Dimensões do molde utilizado para a moldagem dos corpos de prova para os ensaios
triaxiais.

Tabela 5 - Tempos de viagem estimados a partir dos pontos indicados na Figura 29.

Tabela 6 – Composição química do material de estudo obtida através de análises de


Fluorescência de Raio X.

Tabela 7 – Características geotécnicas do rejeito estudado

Tabela 8 - Densidades secas máximas e umidades ótimas para as energias de compactação


realizadas.

Tabela 9 – Valores dos índices de vazios máximo e mínimo obtidos por diferentes métodos.

Tabela 10 – Valores dos coeficientes de permeabilidade k obtidos por diferentes métodos e


diferentes índices de vazios.

Tabela 11 - Ensaios triaxiais realizados

Tabela 12– Valores obtidos de Vs e Gmax a partir de ensaios com Bender Elements

Tabela 13- Parâmetros usados no modelo Norsand

Tabela 14 - Valores descritos, na literatura, para diferentes materiais, dos parâmetros usados no
modelo Norsand

Tabela 15– Valores dos parâmetros do estado crítico e de classificação granulométrica para o
material estudado e para os materiais da barragem B1 do Córrego do Feijão.

Tabela 16– Comparação entre os parâmetros obtidos neste trabalho com os da barragem de
Germano

xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

a, b e c Parâmetros de ajuste do módulo G


A, B, C e D Pontos correspondentes aos tempos de chegada da onda cisalhante
I, J e r Parâmetros de ajuste da Linha de Estado Crítico curvilínea
C1 e C2 Coeficientes da técnica MMT
CPTu Ensaio de penetração do Piezocone
MEV Microscópio Eletrônico de Varredura
LEC Linha de Estado Crítico
CCO Modelo Cam Clay Original
OCR Razão de sobreadensamento (OCR = σ'vm/σ'v)
BE Bender elements
CR Coluna ressonante
EC Energia de compactação
CIU Ensaio triaxial não drenado e adensado hidrostaticamente
CID Ensaio triaxial drenado e adensado hidrostaticamente
UU Ensaio triaxial não drenado e não adensado
CPs Corpos de prova
MMT Ensaio de Compactação Úmida modificado
Ms Massa do soquete
n Posição da camada a ser compactada
h Altura de queda do soquete
hn Altura de queda do soquete para a camada de posição n
Ng Número de golpes
Nc Número de camadas
V Volume
PN Proctor normal
D50 Diâmetro médio das partículas
Cu Coeficiente de uniformidade
Cc Coeficiente de curvatura
μ porcentagem de sub-compactação
Dr Densidade relativa

xvii
e Índice de vazios
ec Índice de vazios no estado crítico
eo Índice de vazios inicial
emax Índice de vazios máximo
emin Índice de vazios mínimo
Κ Coeficiente de permeabilidade
p’ Tensão efetiva média (p’ = σ’1 + 2σ’3)/3
p'o Tensão efetiva média no início do ensaio
p'c Tensão efetiva média no final do ensaio
p'i Tensão efetiva média na condição de imagem
q Tensão desviatória (q = σ’1 - σ’3)
qs Tensão desviatória no estado permanente (crítico)
σ’3 Tensão principal menor
σ’1 Tensão principal maior
σ’h Tensão efetiva horizontal
σ’v Tensão efetiva vertical
σ’vm Tensão de sobreadensamento ou de pré-adesamento
Ko Coeficiente de empuxo no repouso (Ko = σ'h/σ'v)
τ Tensão cisalhante (τ = σ’1 - σ’3)/2
Δσ3 Variação da pressão na câmara.
Δu Variação da poropressão
B Parâmetro (B = Δu/ Δσ3)
S Grau de saturação
Δus Poropressão (Δus) gerada no estado permanente (estado crítico)
ϕ'c Ângulo de atrito do estado crítico
ϕ's Ângulo de atrito no estado permanente (estado crítico) (ϕ’s = ϕ’c)
ѱ Parâmetro de estado (e - ec)
+ѱo Parâmetro de estado positivo
-ѱo Parâmetro de estado negativo
Γ Posicionamento da LEC no espaço e versus log p’
λ Inclinação da LEC – na escala logarítmica de base e– no espaço e versus log
p’ (λ = λe)

xviii
λ10 Inclinação da LEC – na escala logarítmica de base 10 – no espaço e versus
log p’ (λ10 = 2,303λ)
Ƞ Razão entre os invariantes de tensão (q/p’)
ηmax Razão de tensão máxima (ηmax = q/p’)max
M Razão de atrito de estado crítico (M = qc/p’c)
Mtc Razão de atrito crítico, com referência em ensaios de compressão triaxial
Mcomp Razão de atrito de estado crítico obtidos através de ensaios de compressão
Mext Razão de atrito de estado crítico obtidos através de ensaios de extensão
Mi Razão de atrito na condição de imagem
N Coeficiente de acoplamento
D Dilatância
Dmin Máxima dilatância absoluta
DP Dilatância plástica
χ Parâmetro de ralação entre a dilatância e o parâmetro de estado (Dmin = χ ψ)
H Módulo de endurecimento
Ho Módulo de endurecimento da relação H = Ho - Hψψ
Hψ Coeficiente da equação H = Ho - Hψψ
G Módulo cisalhante
Gmax Módulo cisalhante máximo
Gexp Coeficiente adimensional que descreve a variação de Gmax com p’
Go Módulo cisalhante inicial
Ir Rigidez elástica do solo (Ir = Gmax/p’)
κ Propriedade do modelo Cam Clay que relaciona o índice de vazios e a tensão
confinante (e = A – κln (p’)
ν Coeficiente de Poisson
E Módulo de Young
Vs Velocidade da onda cisalhante (Vs = L/t)
t Tempo de viagem da onda cisalhante
L Distância percorrida pela onda cisalhante (igual ao comprimento do CP)
f Frequência de vibração induzida
d Diâmetro do corpo de prova
V leitura do voltímetro no momento da vibração torcional
ω Frequência angular (ω = 2πf)

xix
F Fator (F = ω.L/Vs)
I Momento de inércia
Io Momento de inércia do conjunto-cabeçote-oscilador
FCR Fator de calibração rotacional dado pelo manual do equipamento, FCR =
4,43/f2.
NFE Efeitos de campo próximo
εv Deformação volumétrica
εq Invariante de deformação cisalhante εq = 2(ε1 – ε3)/3
ε1 Deformação axial
Su Resistência não drenada
Sus Resistência não drenada no estado permanente (estado crítico (Sus = Sr)
IBu Índice de fragilidade (IBu = (Su - Sr)/Su)
K Coeficiente de permeabilidade
w Teor de umidade
ρd Massa específica aparente seca
ρdn Massa específica seca da camada n
γw Peso específico da água
γs Peso específico real dos grãos
Gs Densidade específica
qp Resistência à penetração de ponta
k; m parâmetros de inversão relacionados a rigidez do solo e de parâmetros de
estado crítico

xx
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização

A mineração consiste em uma série de processos que incluem a pesquisa, a exploração,


a extração e o beneficiamento de minérios. Como resultado das operações de beneficiamento,
um dos produtos gerados consiste no rejeito, cujas características dependem do tipo de minério
explorado. Os rejeitos de minério de ferro apresentam, em geral, baixa toxicidade e poucos
metais pesados, sendo seus principais constituintes a sílica, o óxido de ferro e, em menor
quantidade o óxido de alumínio (CARMIGNANO et al., 2021). Como esses materiais
apresentam elevado conteúdo de água em um estado de lama, o descarte e armazenamento mais
comum é feito no interior de estruturas denominadas de barragem.

A norma brasileira (NBR) (ABNT NBR 13028, 2017) especifica os requisitos mínimos
para a elaboração e apresentação de projeto de barragens de mineração, incluindo as barragens
para disposição de rejeitos de beneficiamento. A referida norma prescreve que, para projeto e
avaliação de segurança de uma barragem, devem ser considerados, nas análises, os riscos dos
mecanismos de ruptura relacionados à estabilidade física, ao galgamento, à erosão interna
(piping) e à liquefação, quando aplicável.

O fenômeno da liquefação (CASTRO, 1969) ocorre em materiais granulares e/ou finos


em estado fofo e com elevado grau de saturação, os quais apresentam tendência de se contraírem
ao serem submetidos a um carregamento não drenado. Essa condição provoca um acréscimo da
poropressão, redução da tensão efetiva e diminuição significativa da resistência ao
cisalhamento.

No estudo da liquefação de rejeitos aplica-se a Teoria dos Estados Críticos


(SCHOFIELD e WROTH, 1968), visando simular as possíveis respostas do rejeito decorrentes
das variações no índice de vazios e na tensão confinante (JEFFERIES e BEEN, 2016). O
modelo NorSand (JEFFERIES, 1993) utiliza o conceito de parâmetro de estado,
intrinsecamente, relacionado à Teoria dos Estados Críticos. O modelo NorSand tem se mostrado
satisfatório para a avaliação do comportamento tensão-deformação de barragens de rejeitos
(SHUTTLE et al., 2021).

1
1.2 Justificativa

A literatura mostra que o modelo NorSand tem grande potencial de aplicação, por
representar a essência do comportamento de solos arenosos e siltosos sob diferentes condições
de solicitação (MORGENSTERN et al., 2016; ROBERTSON et al., 2019). Entretanto, várias
questões ainda permanecem em aberto, tais como a influência da razão das tensões geostática
(Ko), a razão entre a tensão principal e intermediária, e ângulo que a tensão principal faz com a
vertical (REID et al. 2021a). Com isso, suscita-se a necessidade de estudos adicionais com esse
modelo, particularmente quanto aos procedimentos para a obtenção de parâmetros e relevância
desses. A partir do exposto, evidencia-se a importância deste trabalho, o qual apresenta a análise
de um programa de investigação geotécnica do rejeito de minério presente em uma das
barragens do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e que se encontra em situação de
emergência. Essa investigação incluiu ensaios de caracterização, ensaios de compressão triaxial
drenados e não drenados, ensaios com Bender Elements, além de ensaios de Coluna Ressonante,
realizados em amostras remoldadas. Os ensaios de caracterização foram realizados em amostras
deformadas e os ensaios triaxiais, de Bender Elementes e Coluna Ressonante foram realizados
em corpos de prova remoldados. Os resultados foram analisados à luz dos conceitos da Teoria
dos Estados Críticos, incluindo determinação dos parâmetros do modelo NorSand, bem como
a sua calibração e validação.

Esta pesquisa se insere dentro de um Projeto de Cooperação com a empresa VALE,


visando o estudo da liquefação de rejeitos a partir de modelos físicos 1g. Estudos de fluxo, de
estabilidade e numéricos também fazem parte deste projeto de cooperação. A barragem aqui
estudada é uma das 45 barragens em nível de emergência a ser descaracterizada, conforme
ANM (2021).

1.3 Objetivos da pesquisa

O objetivo geral deste trabalho consiste em caracterizar o rejeito de minério estudado,


incluindo a obtenção dos principais parâmetros geotécnicos, e interpretação dos resultados à
luz da mecânica dos solos do estado crítico. São objetivos específicos deste trabalho:

2
• Caracterizar o rejeito, incluindo-se a distribuição granulométrica, o peso específico dos
grãos, índices de vazios máximos e mínimos e coeficiente de permeabilidade.
• Determinar os parâmetros geotécnicos e de estado crítico do rejeito estudado, através de
ensaios triaxiais, e analisar os resultados, comparando-os à literatura.
• Determinar os parâmetros elásticos e plásticos do modelo NorSand através de ensaios
triaxiais convencionais, com Bender Elements e de Coluna Ressonante.
• Calibrar e validar os parâmetros obtidos nos ensaios para serem usados em modelagens
numéricas.
• Comparar os comportamentos dos ensaios de laboratório com o modelo NorSand.

1.4 Organização da dissertação

Esta dissertação está organizada em 6 capítulos, sendo o conteúdo a que trata cada
capítulo apresentado suscintamente abaixo:

• Capítulo 1: Introdução – Apresenta os principais aspectos da dissertação, incluindo uma


contextualização do trabalho, a justificativa da sua realização, os objetivos e como está
organizado o seu conteúdo.
• Capítulo 2: Revisão bibliográfica – Aborda os principais conceitos teóricos relacionados
ao tema do trabalho, os quais fundamentam todo o seu desenvolvimento.
• Capítulo 3: Materiais e métodos – Discute as principais técnicas utilizadas na realização
deste trabalho, além de apresentar o material de estudo.
• Capítulo 4 – Resultados e análises – Apresenta os resultados obtidos a partir dos ensaios
de laboratório realizados, as interpretações e as principais análises realizadas a partir
desses resultados.
• Capítulo 5 – Comparação entre os resultados dos ensaios e o modelo NorSand –
Compara os resultados obtidos nos ensaios triaxiais e o comportamento descrito pelo
modelo NorSand, além de comparar os resultados obtidos neste trabalho com os valores
descritos na literatura.
• Capítulo 6 - Conclusões – Lista as principais ideias concluídas a partir da realização do
trabalho.

3
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo aborda, de forma suscinta, o tema do trabalho, incluindo conceitos teóricos
sobre o tema e estudos já realizados, visando fundamentar a interpretação dos resultados obtidos
e as discussões realizadas a partir desses resultados. Inclui-se neste capítulo uma discussão
sobre a liquefação de solos e sobre o modelo NorSand, que constituem o foco do presente
estudo.

2.1 Liquefação de Solos

A Liquefação de solos ou rejeitos (CASTRO, 1969) é um processo que ocorre através


da perda de resistência com a deformação (strain-softening). Esse processo ocorre normalmente
em solos contrácteis e saturados, durante o cisalhamento não drenado. Para que a liquefação
ocorra é necessário um gatilho, podendo ser mecanismos estáticos ou dinâmicos. A ocorrência
da liquefação estática está relacionada com sobrecarga ou com variações repentinas da
superfície freática. Já a liquefação dinâmica está associada a solicitações dinâmicas como, por
exemplo, terremoto.

A norma NBR 13028 (2017) descreve liquefação como o comportamento, na ruptura,


de materiais granulares e/ou finos com baixa coesão, fofos, saturados e com tendência à
contração, que, sob solicitações ou carregamentos não drenados, gera acréscimo de poropressão
e, consequente, redução da tensão efetiva, caracterizando uma queda substancial na resistência
ao cisalhamento não drenado. Através desse conceito, entende-se que as condições necessárias
para a ocorrência do fenômeno de liquefação estão relacionadas à granulometria do material,
ao estado in situ e às condições de carregamento. Cada um desses aspectos exerce influência
no comportamento do material, sendo, portanto, fundamental o seu entendimento para
caracterizar o mecanismo da liquefação.

A partir desse conceito, entende-se que quando um maciço de um solo silto arenoso
saturado e fofo é submetido a um carregamento repentino, o mesmo tenderá a uma redução de
volume (contração). Implícito no significado do termo “saturado” está uma condição em que
todos os poros estão preenchidos por líquido, e, portanto, para que haja redução de volume,
deve haver liberação de água dos poros. No entanto, devido à permeabilidade relativamente

4
baixa deste solo, a saída de água é dificultada. Com isso, gera-se um excesso de poropressão,
que se desenvolve quando a drenagem não se completa. A geração de poropressão faz com que
haja uma redução da tensão efetiva entre os grãos de areia e, consequentemente, a redução da
sua resistência, que pode chegar a zero, e, portanto, se comportando como líquido, o que define
o fenômeno de liquefação.

2.1.1 Influência da granulometria

A partir do conceito de liquefação, entende-se que um dos fatores que condicionam a


sua ocorrência é a distribuição granulométrica do material. A Figura 1 apresenta as curvas de
distribuição granulométrica que limitam os solos potencialmente suscetíveis à liquefação, além
da região em que se situam aqueles com maior suscetibilidade (ISHIHARA et al., 1980). Esses
estudos relacionados à granulometria e aos aspectos morfológicos dos grãos foram,
originalmente, realizados em termos de liquefação dinâmica. No entanto, seus resultados são
geralmente aplicáveis às análises de liquefação estática.

Figura 1- Faixas de distribuição granulométrica proposta para materiais suscetíveis à liquefação.


Fonte: ISHIHARA et al. (1980)

A partir da análise da Figura 1 percebe-se que há uma ampla faixa de material sujeitos
ao processo de liquefação, os quais incluem, predominantemente, areia e silte. A suscetibilidade

5
desses materiais à liquefação deve-se ao fato de serem não coesivos e da sua baixa
permeabilidade. Com isso, o carregamento rápido desses materiais provocará uma elevação da
poropressão e consequentemente redução da tensão efetiva e da resistência ao cisalhamento,
visto que esses materiais são compostos fundamentalmente pela parcela de resistência ao
cisalhamento relacionada ao atrito entre os grãos.

Outros fatores que interferem na suscetibilidade à liquefação dos solos são a gradação e
a forma das partículas, sendo os solos de graduação uniforme geralmente mais suscetíveis à
liquefação que os solos bem graduados. Nos solos bem graduados, as partículas menores
preenchem os espaços entre os grãos maiores, resultando em menores excessos de poropressão
em condições não drenadas. Ademais, solos com grãos angulares apresentam maior dificuldade
de serem adensados que solos com grãos arredondados. Desta forma, a angulosidade dos grãos
é um importante aspecto relacionado à suscetibilidade a liquefação dos solos (KRAMER,
1996). Nesse sentido, recomenda-se a realização de análises ao microscópio para identificar o
formato e a angulosidade dos grãos (JEFFERIES E BEEN, 2016).

GRATCHEV et al. (2006) mostram a influência do conteúdo de argila e da sua


mineralogia na suscetibilidade à liquefação dos solos. Essa suscetibilidade é caracterizada por
uma micro-estrutura aberta, na qual a presença dos minerais de argila forma uma matriz que
impede a liquefação dos grãos de areia. Aqueles autores sugerem o uso do índice de plasticidade
do material como indicador da sua suscetibilidade à liquefação. Conforme apresentado na
Figura 2, os materiais com índice de plasticidade até 4 se liquefazem de forma rápida. O
aumento do índice de plasticidade de 5 até 14 provoca um aumento na resistência à liquefação.
Já para materiais com índice de plasticidade maior ou igual a 15 o material apresenta uma matriz
argilosa, e, portanto, não ocorre liquefação.

Uma vez que o índice de plasticidade está relacionado com o conteúdo e composição
das partículas de argilas, considera-se razoável a relação entre o índice de plasticidade e a
liquefação dos solos. De acordo com a discussão apresentada por BOLTON (1919), quando um
solo composto por areia e argila apresenta valores de argila superiores a 25% em peso, os grãos
de areia não estariam se tocando, pois estariam emersos numa matriz argilosa. Neste caso o
comportamento do material passa a ser comandado pela fração argilosa.

6
Figura 2- Esquema representativo da estrutura dos grãos de solos relativamente à fração de argila e a influência
na liquefação.
Fonte: GRATCHEV et al., (2006).

2.1.2 Estado do material – Parâmetro de estado (ψ)

Em que pese a mecânica dos solos clássica explicar grande parte dos fenômenos
geotécnicos, o estudo da liquefação de rejeitos envolve a abordagem de estado crítico
(SCHOFIELD e WROTH, 1968). Esse termo é usado para descrever o estado final que o solo
atinge quando submetido a um cisalhamento contínuo (JEFFERIES e BEEN, 2016). A
mecânica dos solos do estado crítico foi desenvolvida a partir do conceito teórico que considera
a densidade dos solos como uma variável de estado, ao invés de uma propriedade do solo, e,
portanto, responsável pelas mudanças de volume durante o cisalhamento. Dessa forma, o estado
do material pode ser caracterizado relacionando-o ao estado crítico.

A Linha de Estado Crítico (LEC) é definida no espaço índice de vazios versus tensão
efetiva média (p’) e separa dois campos que caracterizam o comportamento dos materiais, a
saber: contráteis e dilatantes, como mostrado na Figura 3 (CASTRO 1969). sendo p’=
((σ’1+2σ’3)/3), q = (σ’1 - σ’3 ) e σ’1 e σ’3 as tensões principais maior e menor, respectivamente.
A abordagem do estado crítico é caracterizada pelo parâmetro de estado (ψ), o qual consiste na
diferença entre o índice de vazios no estado atual (e) e o índice de vazios no estado crítico (ec)
para a mesma tensão efetiva média (p’), conforme Equação (1). (JEFFERIES e BEEN, 2016).

7
𝜓 = 𝑒 − 𝑒𝑐 (1)

Esses conceitos, portanto, definem dois estados possíveis para os materiais, sendo os materiais
contráteis aqueles que se situam acima da LEC e apresentam parâmetro de estado positivo e os
materiais dilatantes, situados abaixo da LEC e com parâmetro de estado negativo.

Da análise da Figura 3 nota-se que, ao serem submetidos a um carregamento, os


materiais podem apresentar quatro diferentes comportamentos (A, B, C e D) até o estado crítico,
os quais dependem da sua condição inicial e da condição de drenagem. De forma geral,
materiais que se encontram acima da LEC (parâmetro de estado positivo, +ѱ o) correspondem,
geralmente, a condições fofas, enquanto os que se apresentam abaixo da LEC (parâmetro de
estado negativo, -ѱo) representam condições compactas.

Figura 3- Representação dos comportamentos dos materiais relacionados ao estado crítico.


Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016)

Os materiais com +ѱo, ao serem submetidos a um carregamento, sendo permitida a


drenagem, apresentarão uma redução de volume (eo > ec) e aumento da tensão efetiva média (pf
> po), o que é mostrado pelo caminho B. Caso o material esteja saturado, a redução de volume
corresponderá à saída de água dos poros, o que resulta na redução da poropressão e,
consequentemente, aumento da tensão efetiva. Por outro lado, se um material com +ѱo é
submetido a um carregamento não drenado, não haverá redução de volume (eo = ec). No entanto,
o carregamento resultará em geração de excesso de poropressão, o que reduzirá a tensão efetiva
(pf < po), indicado pelo caminho A. De forma contrária, os materiais com -ѱo ao serem
submetidos a um carregamento drenado, apresentarão um aumento de volume e da tensão

8
efetiva média (caminho C), enquanto o carregamento não drenado resultará em um aumento
apenas da tensão efetiva média (caminho D).

2.1.3 Condição do carregamento

A condição de carregamento do solo é um dos fatores determinantes da liquefação. Isso


ocorre porque, a resposta drenada ou não drenada depende, além do coeficiente de
permeabilidade do material, da velocidade com que o carregamento é aplicado. Quando a
velocidade do carregamento é baixa o suficiente para que o excesso de poropressão se dissipe,
o solo se comportará de forma drenada. Por outro lado, se esse mesmo solo é submetido a um
carregamento com velocidade suficientemente elevada, de forma que o excesso de poropressão
gerado não se dissipe, o solo se comportará de forma não drenada.

2.1.4 Investigações insitu

O estudo da suscetibilidade à liquefação de um depósito através de investigações insitu


é realizado através de ensaios executados em sondagens à percussão (SPT) e de ensaios de
penetração do cone com medida de poropressão (CPTu). Esses ensaios são muito utilizados na
prática, pois possibilitam conhecer diversas propriedades do material, como o seu
comportamento (contrátil ou dilatante), os parâmetros de estado e a resistência não drenada
liquefeita (ROBERTSON, 1990; LUNNE et al., 1997; FREIRE NETO, 2009; MATURANO
RAFAEL, 2012; JEFFERIES e BEEN, 2016; SCHNAID, 2020, ROBERTSON, 2021). No
entanto, essa abordagem encontra-se fora do escopo deste trabalho.

2.2 Estado Crítico

A mecânica do solo dos estados críticos (SCHOFIELD e WROTH 1968) tem sido
empregada para a modelagem do comportamento de materiais granulares, como o rejeito de
mineração (JEFFERIES e BEEN, 2016). O estado crítico é entendido como o estado final
atingido pelo solo quando cisalhado continuamente. Os conceitos de estado crítico e estado
9
permanente significam, matematicamente, o mesmo. No entanto, a abordagem de estado
permanente difere da abordagem de estado crítico, uma vez que essa última fornece um modelo
constitutivo que computa os detalhes de deformação e poropressão durante a liquefação
(JEFFERIES e BEEN 2016).

O índice de vazios do estado crítico varia com p’ (tensão efetiva média), definindo a
Linha de Estado Crítico – LEC ou CSL (do inglês, Critical State Locus), a qual pode ser descrita
a partir de uma expressão semi-logarítimica, conforme Equação (2).

𝑒𝑐 = 𝛤 − 𝜆𝑙𝑛 (𝑝𝑐′ ) (2)

Os parâmetros Γ e λ representam propriedades intrínsecas do material, não sendo, portanto,


influenciadas pela estrutura, histórico de tensões e índice de vazios, e o índice “c”, subscrito,
refere-se às condições de estado crítico. Esses parâmetros podem, ainda, ser definidos,
respectivamente, como a altitude da LEC em 1 kPa e a sua inclinação no diagrama e versus p’
com a abscissa (p’) na escala logarítmica. A notação λ (ou λe) é mais convenientemente
representada em modelos constitutivos, enquanto a notação λ10 (= 2,303λ) é frequentemente
usada para a plotagem dos dados experimentais (JEFFERIES e BEEN, 2016).

2.2.1 Linha de Estado Crítico no espaço e:p’

Um dos critérios para se aplicar a teoria do estado crítico na avaliação da liquefação é a


existência de uma linha de estado crítico que seja única e independente do caminho de tensão
seguida até o estado crítico. Isso significa que, para uma determinada tensão efetiva média, há
um único índice de vazio no estado crítico. De acordo com a abordagem da mecânica dos solos
do estado crítico, a LEC consiste de uma reta, tanto no espaço p’ versus q (=σ’1 - σ’3), quanto
no espaço e versus log p’. No entanto, alguns trabalhos (JEFFERIES e BEEN, 2016; LI e
COOP, 2018; SCHNAID et al., 2013; VERDUGO, 1992; VERDUGO e ISHIHARA, 1996)
têm apresentado a LEC como uma curva, seguindo a relação descrita pela Equação (3).

10
𝑟
𝑝′ (3)
𝑒 = 𝐼 −𝐽( )
𝑝𝑟𝑒𝑓

em que I, J e r são parâmetros de ajustes da Linha de Estado Crítico curvilínea e pref um valor
de referência igual a 100 kPa.

Os aspectos que afetam o comportamento da LEC, tornando-a curva, são relacionados,


para baixas tensões, com a instabilidade (flow instability) ou aspectos na realização dos ensaios
(compliance in the lab), e, para altas tensões, com a mudança da morfologia dos grãos,
conforme ilustrado na Figura 4 (VIANA DA FONSECA et al., 2021). Para valores de p’ até
em torno de 1000 kPa, que abrange a faixa de interesse das principais obras de engenharia,
comumente considera-se a LEC como linear.

Figura 4- Ilustração esquemática da LEC no espaço e versus p, mostrando sua não linearidade.
Fonte: Modificado de VIANA DA FONSECA et al. (2021).

Por outro lado, FOURIE et al. (2022) discutem que, quando o eixo horizontal é plotado
em escala logarítimica, o formato curvilíneo da LEC não está, necessariamente, relacionado
com a quebra de grãos. Nesse sentido, os autores reapresentam os resultados obtidos por

11
NGUYEN et al (2018), em que foram utilizados estudos numéricos, para simular ensaios de
compressão triaxial drenados e não drenados, visando determinar a LEC. O material de estudo
era constituído de partículas de variados tamanhos e formato elipsoidal. Naquele estudo, não
foi permitida a quebra de grãos, sendo, mesmo assim, obtida a LEC com formato curvilíneo
(Figura 5), o que é usado como argumento a favor da curvatura da LEC independente da quebra
de grãos.

Figura 5- LEC curvilínea obtida através de simulações triaxiais.


Fonte: NGUYEN et al. (2018).

Apesar dessas discussões, ao se definir a relação entre o índice de vazios e a tensão


efetiva média no estado crítico, deve se considerar aquela que melhor define a distribuição dos
pontos. Ainda que possam ser definidas distintas relações para descrever o comportamento do
material no estado crítico, o valor do parâmetro de estado não é alterado pela equação utilizada
(JEFFERIES E BEEN, 2016).

Para a determinação da LEC, muitas interpretações têm sido feitas em sentidos diversos,
incluindo a não existência da LEC para determinado material (CASTILHO, 2017), a existência
de mais de uma LEC (CASAGRANDE, 1975; ALARCON-GUZMAN et al., 1988) e até a
existência de uma zona de estado crítico, ao invés de uma linha (KONRAD, 1993). A obtenção
desses resultados, que sugerem a existência de mais de uma LEC resulta de divergências na
interpretação dos resultados ou de falhas nos procedimentos dos ensaios (JEFFERIES e BEEN,
2016).
12
Um dos problemas possíveis na determinação da LEC deve-se à seleção, errônea, do
ponto a ser considerado como estado crítico. Isso ocorre, principalmente, porque alguns ensaios
apresentam uma condição de aparente estado crítico. Essa condição é definida como ‘Quasi-
steady state’ (JEFFERIES e BEEN, 2016) e ocorre no momento de transição do comportamento
contrátil para dilatante (ponto A na Figura 6b). Esse comportamento, presente em alguns
materiais, foi denominado por ISHIHARA et al. (1990) como transformação de fase, a qual é
influenciada pelas condições do ensaio e pela estrutura do corpo de prova. Para ensaios que
apresentem tal comportamento, torna-se mais significativo, para a definição da LEC, considerar
o ponto ao final do ensaio (JEFFERIES e BEEN, 2016), ainda que o estado crítico não tenha
sido claramente alcançado neste ponto.

Figura 6- - Curvas de tensão deformação e caminho de tensão, mostrando o estado de quase-steady.


Fonte: Modificada de JEFFERIES e BEEN (2016).

Divergências em interpretações levaram à proposição de duas diferentes linhas no


estado crítico, as quais foram denominadas de linha de estado permanente (SSL ou linha F) e

13
linha de estado crítico (LEC ou linha S). A SSL era definida a partir de ensaios não drenados
(Fast que significa rápido), enquanto a LEC era definida a partir de ensaios drenados (Slow –
que significa lento). Uma representação dessas linhas F e S é mostrada na Figura 7. No entanto,
hoje, entende-se que ambos os conceitos são matematicamente o mesmo, sendo que a diferença
no posicionamento das duas linhas deve-se às condições dos equipamentos triaxiais, que são
limitados a valores de deformação axial do corpo de prova em torno de 20%. Entretanto, para
estes valores, muitos corpos de prova ainda não atingiram o estado crítico. Por outro lado,
quando realizados em corpos de prova compactos (parâmetros de estado negativos), os ensaios
drenados requerem deformações axiais em torno de 50% para atingir o estado crítico. Em
virtude disso, recomenda-se a determinação da LEC através de ensaios em corpos de prova
contráteis (JEFFERIES e BEEN, 2016).

Figura 7- - Diagrama e versus p’, mostrando as posições das linhas S e F.


Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).

REZENDE (2013), ao estudar rejeitos de minério de ferro, obteve uma grande dispersão
nos resultados no diagrama e versus p’ do estado crítico, conforme apresentado na Figura 8.
Considerando esses resultados, CASTILHO (2017) comenta que, para o material estudado pela

14
autora, não se tem uma única LEC, e, portanto, não se aplicaria a análise de suscetibilidade à
liquefação através desta metodologia.

Figura 8- - Diagrama e versus p’na condição de estado crítico


Fonte: REZENDE (2013).

A Figura 9 apresenta o resultado obtido por REID et al. (2021b) no programa de


investigação interlaboratorial, em que o objetivo era a determinação da LEC por 15 diferentes
laboratórios. O método de preparação dos corpos de prova foi intencionalmente não
determinado. Os métodos de determinação do índice de vazios crítico incluíram calibração da
célula, determinação do teor de umidade ao final do ensaio e congelamento do corpo de prova
ao final do ensaio. Observa-se que 4 dos 15 laboratórios apresentaram resultados discrepante
dos demais (linhas cinza). Ademais, os resultados que mostraram com menor variabilidade
foram os determinaram o índice de vazios através do congelamento do CP. Tal resultado mostra
a importância da especificação da metodologia a ser empregada na investigação de laboratório.
(REID et al, 2021b)

15
Figura 9- - Dispersão da LEC obtida para um mesmo material em diferentes laboratórios
Fonte: REID et al. (2021b).

Com o intuito de verificar se a LEC era unicamente determinada, independentemente


do modo de cisalhamento, FABRE (2019) realizou ensaios triaxiais de extensão e compressão
no rejeito da Barragem do Fundão. Os resultados obtidos foram comparados com os obtidos
por TELLES (2017) através de ensaios triaxiais de compressão realizados no mesmo material.
Os resultados obtidos através dos ensaios de extensão (ext) foi Mext = 0,96, ϕ’c_ext = 34,8º λext =
0,045 e Γext = 1,035, enquanto que para os ensaios de compressão (comp) os resultados foram
Mcomp = 1,38; ϕ’c_comp = 34,3°; λcomp = 0,047 e Γcomp =1,043, os quais são valores equivalentes,
sendo que os pontos obtidos pelos dois procedimentos definem uma única LEC (Figura 10).

Outro aspecto relevante no que concerte à unicidade da LEC refere-se ao caráter


evolutivo que alguns materiais desenvolvem durante a realização dos ensaios (BEDIN et al.,
2012). Esse comportamento é verificado nos materiais, em decorrência da quebra e
esmagamento dos grãos durante a etapa de adensamento, o que aumenta o conteúdo de finos e
altera o formato dos grãos. Como consequência do aumento dos finos, aumenta-se a
compressibilidade do material, mudando a posição da LEC para baixo no espaço e – log p’. Por
outro lado, a mudança do formato dos grãos altera os valores dos parâmetros M, λ e Г (VIANA
DA FONSECA et al., 2022).

16
Figura 10- - Linha de estado crítico obtida a partir de ensaios triaxiais de compressão e extensão.
Fonte: FABRE (2019).

2.3 Relação entre os parâmetros do estado crítico e as propriedades do material

Os aspectos que mais interferem na LEC são variações nas propriedades intrínsecas das
areias, como o formato dos grãos, a mineralogia, a distribuição do tamanho dos grãos e a
rugosidade da sua superfície (JEFFERIES e BEEN, 2016). A interferência desses aspectos em
cada parâmetro é apresentada a seguir.

2.3.1 Inclinação da LEC (λ)

JEFFERIES e BEEN (2016) obtiveram valores de valores de λ10 da ordem de 0,03 para
areias quartzosas com grãos arredondados, já para areias siltosas angulares, foram obtidos
valores de λ10 de 0,15 a 0,2. A graduação do material é um dos fatores que interferem no
comportamento da LEC, sendo que areias siltosas bem graduadas apresentam valores de λ10
que se aproximam dos valores obtidos para areias quartzosas, independentemente do conteúdo
de finos. O aumento no conteúdo de finos até um certo valor, facilita a segregação durante o
cisalhamento. No entanto, após um determinado valor, as partículas finas ocupam o espaço
intersticial entre os grãos de areia, imprimindo um comportamento mais compressível.

17
MOLINA-GÓMEZ e VIANA DA FONSECA (2021) avaliaram a influência dos
parâmetros de densidade relativa (emax, emin e variação do índice de vazios – emax -emin) e da
forma dos grãos no valor de λ. Os autores observaram a ausência de uma tendência clara da
variação de λ em função das propriedades do formato dos grãos. Com isso, o comportamento
da LEC não pode ser previsto baseado em uma única característica, como, por exemplo, o
conteúdo de finos. Essa variabilidade do comportamento do solo no estado crítico também é
observada em materiais que apresentem o mesmo conteúdo de silte, por exemplo, mas com
diferentes graduações. Como apresentado na Figura 11, para dois materiais com
aproximadamente o mesmo conteúdo de silte, são obtidos valores muito distintos de λ e de Γ.

Figura 11- - Diferentes LECs obtidas para material com aproximadamente a mesma fração de silte, mas
diferentes granulometrias.
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).

2.3.2 Posicionamento da LEC no espaço e versus log p’ (Γ)

JEFFERIES e BENN (2016) discutem que o valor do parâmetro que define a posição
da LEC (Γ) está, aparentemente, relacionado com o índice de vazios máximo. Neste sentido,
MOLINA-GÓMEZ E VIANA DA FONSECA (2021) mostram que há uma relação direta de Γ
com os valores de emax, emin e (emax - emin), sendo que o menor espalhamento dos pontos é
apresentado para os valores de emax. No entanto, as maiores relações com os valores de Γ são
18
dadas pelas características dos grãos, como arredondamento, esfericidade e regularidade.
Ademais, assim como o parâmetro λ, os valores de Γ são mais elevados para grãos mais
angulares que para os mais esféricos.

2.3.3 Razão de atrito crítico (M)

Para a razão de atrito de estado crítico (M), JEFFERIES e BENN (2016) mencionam
que há um aumento com o aumento da angulosidade dos grãos, mas que, considerando a base
de dados avaliada, não foi observada uma relação direta entre o valor de Mtc e outras
propriedades índices. Conforme Equação (4), definida para ensaios de compressão, o valor de
Mtc é dado em função do ângulo de atrito no estado crítico (ϕ’c). O valor de de ϕ’c é
caracterizado por MOLINA-GÓMEZ e VIANA DA FONSECA (2021), como fortemente
influenciado pelos índices emax e emin da diferença (emax - emin) e pela forma dos grãos. Uma
faixa de valores dos parâmetros λ10, Γ e Mtc é apresentada na Tabela 1, os quais representam
valores típicos para materiais arenosos obtidos por JEFFERIES e BEEN (2016).

6𝑠𝑒𝑛(ϕ′c ) (4)
𝑀=
3 − 𝑠𝑒𝑛(ϕ′c )

Tabela 1 - Faixa de valores típicos dos parâmetros de estado crítico para materiais
arenosos (JEFFERIES e BEEN, 2016).

Parâmetro Valores típicos Descrição


Γ 0,9 a 1,4 Altitude da LEC definida em 1 kPa
Inclinação da LEC definida na escala
λ 0,01 - 0,07
logarítimica
Razão de atrito crítico, com referência em
M 1,2 - 1,5
ensaios de compressão triaxial

2.4 Suscetibilidade à Liquefação

O fenômeno de liquefação pode ocorrer em resposta aos mecanismos estáticos ou


dinâmicos. Na liquefação estática, o carregamento monotônico induz deformação em uma única
19
direção, sendo que na liquefação dinâmica o carregamento é cíclico. Durante o carregamento
monotônico, há uma variação da razão de tensão η (η = q/p’). Para que a liquefação ocorra,
deve ocorrer um aumento dessa razão, seja pelo aumento da tensão desviatória (q) ou pela
redução da tensão efetiva média (p’). Na Figura 12 são apresentadas os caminhos de tensão
(Figura 12a) e de tensão-deformação (Figura 12b). Nessa figura também é apresentada a
superfície de colapso, após a qual, o material atinge uma zona instável e a resistência é reduzida
até atingir o estado crítico.

Figura 12- - Representação da variação da resistência do material até o estado crítico.


Fonte: Modificado de DAVIES et al. (2002).

2.4.1 Superfície de colapso

O conceito de superfície de colapso (SLADEN et al., 1985) foi definido a partir da


observação de que a resistência de pico se situa em uma reta, a qual muda de posição apenas
com a mudança do índice de vazios inicial do solo. A superfície de colapso é definida a partir
dos pontos de pico do caminho de tensão não drenada, conforme apresentado na Figura 13. Para
que ocorra a liquefação de um solo é necessário que seu estado alcance a superfície de colapso
e a tensão cisalhante exceda a resistência ao cisalhamento do estado crítico.

20
Figura 13- - Representação dos estágios de resistência do solo durante o carregamento.
Fonte: Modificada de SLADEN et al. (1985).

2.4.2 Dilatância

Define-se, inicialmente, εv e εq, os invariantes de deformação, correspondentes às invariantes


de tensão p’ e q, sendo que εv é a deformação volumétrica e εq a deformação cisalhante,
conforme as Equações (5) e (6).

𝜀𝑣 = 𝜀1 + 2𝜀3 (5)
2(𝜀1 − 𝜀3 ) (6)
𝜀𝑞 =
3

O conceito de dilatância (D) consiste na razão entre o incremento de deformação


volumétrica plástica (ε𝑣̇ ) e o incremento da tensão desviatória plástica (ε𝑞̇ ), conforme Equação
(7), sendo esse conceito ilustrado na Figura 14 (adotou-se aqui a notação usada por JEFFERIES
e BEEN (2016), na qual o ponto superior denota incremento). Nesse sentido, a dilatância
absoluta é definida com a mudança da deformação volumétrica desde a condição inicial,

21
enquanto a taxa de dilatação consiste na taxa (ou incremento) da mudança de volume com a
taxa ou incremento da deformação cisalhante.

𝜀𝑣̇ (7)
𝐷=
𝜀𝑞̇

Conforme observado por Wood (1990), os resultados do ensaio apresentado se


conformam com a equação do modelo Cam-Clay original, através do qual, D = M-η, ou seja, D
= 0 quando M = η, o que corresponde ao ponto A assinalado na Figura 14. A resistência de pico
ocorre no ponto B (η máximo), onde a relação mostrada pela Equação (7) é máxima em valor
absoluto e mínima em valor relativo (Dmin). Na sequência, o ensaio evolui para o estado crítico,
no ponto C.

Figura 14 - Representação do conceito de dilatância- ensaio na areia compacta de Fontain.


Fonte: Modificado de WOOD, 1990

22
2.4.3 Cisalhamento monotônico de areias

Na Figura 15 são apresentadas as curvas típicas de ensaios realizados em amostras


adensadas não hidrostaticamente (anisotropicamente) e com diferentes índices de vazios. O solo
em estado fofo (Figura 15 b e c) apresenta um pico de resistência não drenada com baixa
deformação axial e um rápido colapso, com perda de resistência (amolecimento). O solo em
estado compacto (Figura 15 f e g) inicialmente apresenta uma tendência à contração e
posteriormente um comportamento dilatante, até valores elevados de resistência ao
cisalhamento (endurecimento). Os solos com estado intermediário entre os dois extremos
(Figura 15 d,e) apresentam um pico de resistência inicial, seguido de uma região de
amolecimento até o ponto em que passa a expandir, o qual é denominado de transformação de
fase (LI e DAFALIAS, 2000). A aplicação de carregamento além desse ponto resulta em um
comportamento dilatante e elevada resistência ao cisalhamento. Esse tipo de comportamento é
denominado de amolecimento limitado (ROBERTSON e FEAR, 1995).

23
Figura 15- - Comportamentos típicos de areias nos ensaios triaxiais.
Fonte: Modificado de Robertson e Fear (1995).

2.4.4 Índice de fragilidade não drenada

O índice de fragilidade não drenada (IBu) (BISHOP, 1967), consiste no índice de


colapsibilidade dos materiais quando submetidos a um carregamento não drenado, sendo
expresso através da Equação (8).

24
𝑆𝑢 − 𝑆𝑟 (8)
𝐼𝐵𝑢 =
𝑆𝑢

em que Su e Sr são a resistência de pico e a resistência residual (liquefeita ou de estado crítico),


respectivamente (ver Figura 12). A perda de resistência, marcada pelo índice de fragilidade,
que caracteriza como uma ruptura incipiente evoluirá para um rápido escorregamento. A Figura
16 mostra o índice de fragilidade em função da razão ψ/λe para diversas areias, sendo possível
observar um aumento elevado no seu valor para valores de ψ/λe entre 1 e 2.

Figura 16- - Variação do índice de fragilidade em função do parâmetro de estado normalizado.


Fonte: JEFFERIES E BEEN (2016).

25
2.5 Modelo NorSand

Este item visa apresentar, de forma resumida, os principais aspectos relacionados aos
conceitos básicos do modelo constitutivo NorSand. O modelo, apresentado originalmente por
JEFFERIES (1993), é descrito de forma detalhada em JEFFERIES e BEEN (2016).

A modelagem, seja física ou numérica, permite representar aspectos relevantes


percebidos no mundo real e simular determinadas condições, a fim de visualizar como o modelo
responderá. A modelagem numérica usa modelos constitutivos, ou equações constitutivas, para
relacionar tensão, deformação, taxa de tensão e taxa de deformação, as quais dependem das
propriedades do material. Esses modelos permitem um entendimento tanto qualitativo quanto
quantitativo do comportamento do solo. Por isso, tem-se, atualmente, alta demanda por esses
modelos constitutivos, uma vez que possibilitam o uso de computadores para solucionar
análises numéricas complexas. Modelos constitutivos são uma ferramenta útil para analisar as
mudanças na resistência e nas características de deformação para diversas combinações de nível
de tensão e índice de vazios (JEFFERIES e BEEN, 2016).

2.5.1 Aplicações do modelo

O fenômeno da liquefação é descrito como um comportamento possível de ser analisado


com o modelo NorSand, cujos parâmetros podem ser obtidos em ensaios de laboratório
correntes (JEFFERIES e BEEN, 2016), conforme será exemplificado no capítulo 5, para os
ensaios aqui realizados. O modelo NorSand tem sido empregado em diversos tipos de materiais
e se mostrado satisfatório para a previsão do comportamento tensão-deformação dos materiais
durante os ensaios triaxiais (SHUTTLE et al., 2021, WANATOWSKI et al., 2013). BRIEN et
al. (2021) aplicaram o modelo NorSand em análises de elementos finitos, para a avaliação da
estabilidade de uma barragem de rejeito a montante.

Além disso, o modelo NorSand, juntamente com análises de elementos finitos, tem sido
aplicado na investigação dos casos recentes de ruptura de barragem, incluindo as barragens do
Fundão e do Córrego do Feijão (MORGENSTERN et al., 2016; ROBERTSON et al., 2019). O
objetivo dessas análises foi, principalmente, identificar se as condições in-situ poderiam resultar
em mecanismos de liquefação estática. Com relação à modelagem da liquefação, no entanto, a

26
interferência de alguns aspectos ainda não é completamente compreendida. Esses aspectos
incluem a razão da tensão geostática (Ko), a razão entre a tensão principal e a intermediária, e
o ângulo entre a tensão principal e a vertical, os quais podem interferir na previsão dos
mecanismos de liquefação estática (REID et al., 2021a).

Outros modelos constitutivos, também baseados na Teoria dos Estados Críticos, têm
sido aplicados em análises numéricas de barragens de rejeitos. Cita-se, como exemplo, o
modelo CASM (YU, 1998), usado no estudo de ruptura da Barragem do Feijão (CIMNE, 2021).

2.5.2 Princípios Teóricos do modelo

Conforme descrito por JEFFERIES e BEEN (2016), o NorSand representa um modelo


de estado crítico generalizado, baseado no parâmetro de estado, e que captura os aspectos
relevantes do processo da liquefação. Segundo esses autores, o modelo Norsand considera o
solo isotrópico, porque há pouco sentido em se envolver na complexidade do comportamento
anisotrópico se a versão anisotrópica não for funcional. Esse modelo apresenta-se ajustado com
o modelo teórico de Cam Clay da mecânica dos solos do estado crítico, desde que sejam
definidas as condições de equivalência, no modelo NorSand, às restrições e hipóteses do
modelo Cam Clay Original (CCO). Desta forma, o modelo CCO é considerado um caso especial
do modelo NorSand, o qual admite uma relação tensão-dilatância, em que M evolui com a
deformação cisalhante. O modelo Norsand adota uma relação tensão-dilatância do tipo Cam
Clay, representada pela Equação (9) e ilustrado na Figura 17.

𝐷 = 𝑀𝑖 − ƞ (9)

em que η consiste na relação q/p’. Esta equação difere do modelo Cam Clay Original (CCO)
pela razão de tensão Mi, em que o subscrito “i”, de imagem, especifica uma condição de
evolução com a deformação cisalhante, para um valor da razão de atrito Mi. Na condição de
“imagem”, o material não está no estado crítico, pois, apesar da dilatância ser zero, a taxa de
mudança da dilatância (seta na Figura 17) é diferente de zero. O Norsand assume que o valor
de Mi varia em função do parâmetro de estado.

27
Figura 17- - Superfície de escoamento do modelo Norsand para material fofo (a) e compacto (b).
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).

A superfície de escoamento representa o limite para todos os estados possíveis. Um


material cujo estado cruza a superfície de escoamento apresentará deformação plástica e
elástica, se, por outro lado, o material encontra-se em um estado dentro da superfície de
escoamento, ocorrerá apenas deformação elástica (ATKINSON e BRANSBY, 1978). No
modelo Norsand essa superfície é definida pela Equação (10).

28
p (10)
ƞ = 𝑀𝑖 [1 − 𝑙𝑛 ( )]
𝑝𝑖

A tensão efetiva média no estado de imagem (p’i) define o tamanho da superfície de


escoamento. A superfície de escoamento do modelo Norsand é apresentada na Figura 17, para
areia fofa (Figura 17a) e compacta (Figura 17b). A principal diferença entre elas deve-se na
posição da LEC em comparação com a condição de imagem. Enquanto para as areias fofas a
condição de imagem encontra-se em tensões efetivas mais elevadas, ocorrendo um
encolhimento da superfície de escoamento até a LEC, para as areias compactas deve haver um
endurecimento (expansão) da superfície de escoamento para que atinja a LEC. Os termos fofo
e compactos aqui usados denominam materiais com parâmetros de estado positivo e negativo,
respectivamente.

29
CAPÍTULO 3: MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo trata dos materiais utilizados na realização deste trabalho e dos métodos
empregados. São abordados, os ensaios realizados, bem como as premissas empregadas na
interpretação dos resultados dos ensaios.

3.1 Materiais utilizados

A primeira etapa deste estudo foi realizada com a coleta de amostra deformada de rejeito
em diferentes posições da barragem estudada. Foram coletadas 5 amostras, sendo três de
overflow, na praia de rejeitos (P1, P2 e P3) e duas de underflow, no maciço da barragem a
jusante (P4 e P5). As fotografias desses materiais, bem como a descrição tátil-visual são
apresentados no Anexo B. Estudos preliminares indicaram que a superfície potencial de ruptura,
obtida pela análise de Equilíbrio Limite, intercepta, predominantemente, o rejeito de overflow,
o qual foi selecionado para o estudo neste trabalho. Foram realizados ensaios de caracterização
em todas as amostras, incluindo análise granulométrica, massa específica dos grãos e limites de
Atterberg. As amostras foram classificadas como areia fina a média, com variados teores de
silte e não plástica, sendo os valores de Gs situados entre 2,71 e 2,93.

A barragem de que trata este estudo contém rejeitos de underflow e overflow, resultados
do processo de disposição por ciclonagem (VICK, 1990). A barragem possui altura de 77
metros e volume de 37,5 milhões de metros cúbicos, representando cerca de três vezes o volume
da barragem do Córrego do Feijão antes da sua ruptura. A Figura 18, disponibilizada em
relatórios internos da mineradora, mostra os valores de densidade relativa, parâmetro de estado
e poropressão medidos no ensaio de CPTu, realizado na praia de rejeito, onde o material de
overflow é localizado. O gráfico mostra que, abaixo do nível d’água, a densidade relativa do
material varia entre 20% e 40%, sendo o parâmetro de estado maior que -0,05. Esse valor é
indicado como o limite inferior no qual o material apresenta comportamento contrátil
(JEFFERIES e BEEN, 2016), condição que ocorre acima e abaixo do nível d’água.

30
Figura 18- Perfis de poropressão, densidade relativa e parâmetro de estado medidos no ensaio de CPTu realizado
na praia de rejeitos.

Dentre as amostras coletadas, foi selecionada para o estudo do qual trata este trabalho,
a amostra P3, situada mais afastada do local de lançamento na praia de rejeito. Essa amostra
apresenta uma curva granulométrica (Figura 19) muito próxima aos rejeitos finos reconstituídos
da barragem B1 do Córrego do Feijão (ROBERTSON et al., 2019) e à areia do Fundão
(MORGENSTERN et al., 2016).

Figura 19- Comparação entre a curva granulométrica do rejeito estudado com o rejeito das barragens B1 do
Córrego do Feijão e do Fundão.
31
3.2 Ensaios realizados

Após a seleção do material de estudo, foram realizados diversos ensaios de laboratório,


visando caracterizar o comportamento geotécnico do rejeito estudado, sendo que o programa
de ensaios apresentado na Tabela 2 segue as recomendações de JEFFERIES e BEEN (2016).
Essas recomendações envolvem o número e condições de ensaios, condições de moldagem dos
corpos de prova entre os demais aspectos que visam específicos para a determinação da Linha
de estado crítico, conforme discutido no item 3.6. Todos os ensaios aqui realizados basearam-
se em normas, sejam brasileiras ou internacionais, as quais são listadas no Anexo A.

Tabela 2 – Principais ensaios indicados para o estudo da liquefação através do estado crítico
Quantidade
Tipo de ensaio Objetivo
de ensaios
Análise
20 Caracterizar os materiais insitu.
granulométrica
Massa
Propriedade básica necessária para os cálculos dos índices de
específica dos 2
vazios.
grãos
Índice de Utilizados para comparação com outros materiais e na
vazios máximo 2 preparação dos corpos de prova para a definição das
e mínimo densidades alvo.
Obtenção da linha de estado crítico, do índice de fragilidade
Triaxiais CIU 5
e parâmetros do modelo Norsand.
Obtenção da linha de estado crítico e de parâmetros de
triaxiais CID 6 tensão-dilatância. Fornece base para a estimativa do módulo
de endurecimento plástico.
Bender
2 conjuntos Usados para medir a velocidade da onda cisalhante e para
Elements com
de cerca de desenvolver uma relação entre o módulo de cisalhamento,
adensamento
8 nível de tensão e índice de vazios.
hidrostático
Determinação da variação do módulo de cisalhamento e da
Coluna
1 razão de amortecimento em função da deformação
Ressonante
cisalhante.
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016)

32
3.3 Ensaios de Índices de Vazios Máximo e Mínimo

A definição dos índices de vazios máximo e mínimo pode ser realizada através de
diferentes metodologias. O índice de vazios máximo consiste no estado mais fofo que o material
pode ser encontrado, o que equivale a menor massa específica. O índice de vazios mínimo, por
outro lado, representa a condição mais compacta do material, equivalendo-se a maior massa
específica.

Neste trabalho, para a determinação do índice de vazios máximo foi utilizado um


cilindro de volume 2830cm3 e um funil de formato cilindro-cônico e volume de cerca de 1,5
vez o volume do molde. O material foi vertido no molde através do bico do funil, o qual era
mantido vertical, com uma altura vertical da ordem de 1 cm e perfazendo uma trajetória
espiralada da borda para o centro do molde. Após o material ser adicionado ao molde até uma
altura de 1cm acima do seu topo, o excesso era rasado e determinado a massa do cilindro
preenchido.

Para a determinação do índice de vazios mínimo foi utilizada uma mesa vibratória e um
conjunto composto por cilindro de 2830cm3, tubo guia, disco-base da sobrecarga e sobrecarga.
Após o preenchimento do cilindro com o material e o seu posicionamento na mesa vibratória,
essa era vibrada na frequência de 50Hz por um período de aproximadamente 15min. Após o
procedimento descrito, realizava-se a determinação da altura do molde não ocupada por
material e pesava o conjunto cilindro mais material.

De acordo com as normas de índice de vazios máximo e mínimo, sua aplicação é restrita
aos solos não coesivos, que apresentem teor de finos menor que 12%. Por outro lado,
REZENDE (2013) argumenta que, para os minérios de ferro, as frações finas são isentas de
características coesivas e recomenda que o termo “não coesivo” seja desconsiderado como
premissa restritiva às análises de índice de vazios máximo e mínimo dos rejeitos arenosos.
Dessa forma, a fração de partículas finas apresentariam características típicas de material
granular, de forma que seriam aplicáveis as metodologias para realização dos ensaios. Ademais,
devido à ausência de métodos específicos para a determinação de tais parâmetros nessa faixa
de granulometria, foram utilizados os procedimentos supramencionados.
Neste trabalho, além dos métodos definidos pelas normas brasileiras, para a obtenção
do índice de vazios mínimo e máximo, utilizou-se o método empregado por YAMAMURO E
LADE (1997). De acordo com esse método, para a determinação do índice de vazios mínimo,
33
são colocados 50g de solo dentro de um cilindro graduado, o qual é golpeado duas vezes, em
faces diametralmente opostas, com uma ferramenta revestida de borracha. Esse procedimento
é realizado até que todo o material é adicionado (cerca de 822g). Após a adição de todo o
material, o volume ocupado é anotado para a determinação do índice de vazios.

Por outro lado, o índice de vazios máximo é determinado cobrindo-se a abertura do


cilindro com uma folha de látex e virando, levemente, o topo para baixo (com um tempo de 45
a 60 segundos para o movimento). A partir do novo volume ocupado pelo material, é
determinado o índice de vazios máximo do material. Esse método é referido neste trabalho
como método da proveta.

3.4 Ensaio de Permeabilidade

O ensaio de permeabilidade pode ser realizado através de dois diferentes métodos, os


quais se distinguem, essencialmente, pela carga hidráulica, que se mantém constante ou
variável. De acordo com as respectivas normas, esses ensaios se aplicam a diferentes tipos de
solos. Enquanto o ensaio de carga constante é restrito a solos granulares, contendo no máximo
10%, em massa, de material que passa na peneira de 0,075 mm, o ensaio de carga variável se
restringe a solos cujos coeficientes de permeabilidade sejam menores que 10-3 cm/s (10-5 cm/s).

A determinação do coeficiente de permeabilidade (k) é realizado em um regime de


escoamento laminar e, portanto, são premissas desses ensaios, a continuidade do escoamento,
sem variações de volume do solo durante o ensaio, a saturação total do corpo de prova, o
escoamento em regime permanente e a existência de proporcionalidade direta entre as
velocidades de fluxo e os gradientes hidráulicos.

O ensaio de permeabilidade a carga variável pode ser realizado através de dois métodos,
A e B. No método A é utilizada a aplicação de contrapressão ao corpo de prova, o que assegura
a sua efetiva saturação, enquanto o ensaio com o método B é realizado com condições
sensivelmente menos controladas, e, portanto, aquele método é mais recomendável do que esse.
O ensaio realizado pelo método A é também denominado de ensaio com parede flexível, ou
triflex. Neste método é utilizada uma câmara semelhante à usada nos ensaios triaxiais.

A determinação do coeficiente de permeabilidade foi realizada pelo método de carga


variável procedimento A e de carga constante. Ambos os ensaios foram realizados no IPT/SP,
34
e os equipamentos utilizados são apresentados na Figura 20 e na Figura 21, para os métodos de
carga variável e constante, respectivamente.

Figura 20- Permeâmetro utilizado para a determinação do coeficiente de permeabilidade, aplicando uma carga
variável, instalado no IPT/SP.

Figura 21- Permeâmetro utilizado para a determinação do coeficiente de permeabilidade, aplicando uma carga
constante, nas instalações do IPT/SP.
35
3.5 Ensaio de compactação

O ensaio de compactação dinâmica (ou por impacto) é realizado para a determinação da


relação entre o teor de umidade e a massa específica aparente seca dos solos, quando
compactados. Define-se a energia de compactação (EC) através da Equação (11) (SOUSA
PINTO, 2006).

𝑀𝑠. 𝑔. ℎ. 𝑁𝑔. 𝑁𝑐 (11)


𝐸𝐶 =
𝑉

em que Ms é a massa do soquete, g é a aceleração da gravidade, igual a 9,81, h é a altura de


queda do soquete, Ng é o Número de golpes por camadas, Nc é o número de camadas e V é o
volume de solo compactado.

Nos ensaios de compactação realizados neste trabalho foram utilizadas diferentes


energias relativas ao Proctor Normal (PN) (cujos parâmetros são mostrados na Tabela 3). Esses
ensaios visaram, principalmente, obter relações lineares entre a densidade seca e o logaritmo
natural da altura de queda do soquete (BRADSHAW e BAXTER, 2007) como primeiro passo
para implementar a metodologia de Modified Moist Tamping (MMT). Essa relação é
apresentada na Equação (12).

Tabela 3 Parâmetros de compactação para 100% PN

Energia PN (por volume unitário) 6 kg.cm/cm³


h de queda 30,5 cm
Massa do soquete 2,5 kg
N de camadas 3
n golpes/camada 26

𝜌𝑛 = 𝐶1 . 𝑙𝑛 (ℎ𝑛 ) + 𝐶2 (12)

em que hn é a altura de queda equivalente do soquete na camada n.

36
Para avaliar o comportamento do material escolhido, após a execução do primeiro plano
de ensaios, foram executados ensaios de compactação com percentuais de 25%, 50% e 75% da
energia de PN, variando o número de golpes de 7, 13 e 19 golpes, respectivamente. Porém, os
resultados são mostrados em termos de percentuais de h (altura de queda) e não de número de
golpes.

O material foi compactado com umidades variando de 5% a 19% (com acréscimos


sucessivos de 2%) para as três energias. De posse do percentual de EC utilizado e dos demais
parâmetros da compactação em PN, foi possível estabelecer a altura de queda equivalente para
cada EC, supondo a implementação integral do número de golpes (igual a 26).

3.6 Ensaios Triaxiais

Em que pese a importância desses ensaios, não existem, atualmente, normas brasileiras
que os regulamentem. Desta forma, os procedimentos e critérios que devem ser obedecidos na
sua realização são prescritos em normas americanas. Essas normas são para os ensaios adensado
hidrostaticamente, drenado e não drenado (CIU, CID e UU). Neste trabalho foram realizados
ensaios triaxiais CIU e CID, os quais seguiram os procedimentos prescritos pelas respectivas
normas americanas, além de procedimentos adicionais, para a determinação da Linha de Estado
Crítico. Esses ensaios foram realizados no Laboratório de Mecânica dos solos do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT/SP).

Para a obtenção da Linha de Estado Crítico, são realizados ensaios triaxiais drenados e
não drenados em corpos de prova de variados índices de vazios. Vários cuidados devem ser
tomados para a condução satisfatória do programa de ensaios, visto que diversos fatores podem
influenciar no estado crítico, em menor ou maior grau, conforme mostrado na Figura 22. Os
cuidados que devem ser tomados são a moldagem de corpos de prova homogêneos em estado
fofo, a preparação da amostra com a um determinado teor de umidade; a saturação completa do
corpo de prova; a determinação do índice de vazios com acurácia; um sistema de medição capaz
de medir baixas tensões e elevadas poropressões simultaneamente. A seguir são apresentados
os principais procedimentos seguidos adicionalmente aos critérios das normas.

37
Figura 22 – Fatores que influenciam no Estado Crítico.
Fonte: Modificado de KANG et al., 2019

3.6.1 Aspectos gerais

Para a determinação da LEC são utilizados CPs de dimensões maiores, pois esses
mostram uma queda rápida para a resistência residual, enquanto os CPs de dimensões menores
apresentam uma queda menos acentuada da resistência, com o aumento da deformação. Nesse
sentido, para o estudo de liquefação de materiais a partir de ensaios de laboratório, têm sido
utilizados CPs com diâmetros entre 7 cm e 9,4 cm (YAMAMURO e LADE,1997; GEREMEW
e YANFUL, 2012; JEFFERIES e BEEN, 2016; REID e FANNI, 2020). As dimensões do molde
utilizado para a preparação dos CPs são mostradas no Tabela 4, em que é mantida a relação
entre a altura e o diâmetro de 2,17, estando de acordo com o requisito da norma.

38
Tabela 4 - Dimensões do molde utilizado para a moldagem dos corpos de prova para os
ensaios triaxiais.

Molde de compactação

diâmetro Espessura Espessura


diâmetro
externo do do molde da Altura Volume
Medida interno (h/d)
molde membrana (h) (cm^3)
(d)
(cm) (cm) (cm)
1 7,15 0,21
2 7,05 0,2
0,025 6,59 14,28 2,17 486,57
3 7,11 0,29
Média 7,1 0,23

Outro aspecto importante, no que tange ao diâmetro dos corpos de prova, é que esse
deve ser 5 mm menor que o diâmetro do pedestal e do cabeçote. Tal aspecto permite uma
deformação radial mais uniforme nas extremidades do CP Adicionalmente, sugere-se a
utilização, na base e no topo do corpo de prova, de uma camada dupla de membrana, com um
orifício de 3 centímetros ao centro, e aplicação de produto lubrificante entre elas, reduzindo o
atrito nas suas extremidades (Figura 23). Observa-se, no entanto, que o uso das camadas de
membrana implica que as condições de fluxo são modificadas e, que, portanto, os parâmetros
medidos durante o adensamento não devem ser considerados (JEFFERIES e BEEN, 2016;
VIANA da FONSECA et al., 2021).

Figura 23- Esquema ilustrativo do topo e base lubrificados para ensaios triaxiais (a) foto; (b) ilustração lateral.
Fonte: VIANA da FONSECA et al. (2021)

Para se obter o pedestal e cabeçote alargados em relação ao corpo de prova, foram


utilizados dois moldes, apresentados na Figura 24, a esquerda. Na base e no topo dos corpos de
39
prova foi utilizada uma camada dupla de membrana com furo de 3 centímetros ao centro (Figura
24, a direita), sendo aplicado lubrificante (vaselina) entre elas. Abaixo da camada da membrana
foi usado o papel filtro e a pedra porosa, normalmente. Esse conjunto -extremidades alargadas,
com lubrificação - é denominada, na literatura internacional, de lubricated ends.

Figura 24- Molde de compactação dos corpos de prova (esquerda) e - base da célula, com a dupla camada de
membrana de látex (a direita).

3.6.2 Preparação da amostra e montagem do corpo de prova

Relacionado à moldagem dos CPs para o ensaio triaxial, diferentes metodologias são
propostas, como os métodos moist tamping, wet pluviation, slurry deposition, e dry pluviation.
De acordo com JEFFERIES e BEEN (2016), a principal preocupação com relação à moldagem
do corpo de prova para a determinação da Linha de Estado Crítico deve-se à homogeneidade
em termos de índices de vazios. Isso porque, o estado crítico é atingido após a estrutura do
corpo de prova ter sido destruída, e, portanto, a estrutura não é o principal interesse. Dentre os
métodos apresentados, aqueles autores concluem que o método moist tamping é o de mais fácil
aplicação e o que permite a obtenção de maior variedade de densidades do corpo de prova.

O método moist tamping, ou de compactação úmida, consiste em realizar a moldagem


do corpo de prova, empregando um soquete para a compactação das camadas do material, que
devem ser de no mínimo 6 e que são progressivamente adicionadas ao molde de compactação.
JEFFERIES e BEEN (2016) sugerem a preparação da amostra à umidade de 5%, o que permite
40
a obtenção de densidades mais baixas, devido às forças de capilaridade entre os grãos de areia,
além de contribuir para a manutenção da forma do corpo de prova após a retirada do molde de
compactação. Teores de umidade mais elevados, próximos à umidade ótima, são utilizados,
preferencialmente, para a obtenção de densidades mais altas.

De forma geral, no processo de preparação e moldagem do corpo de prova pela técnica


moist tamping, inicialmente, prepara-se o molde no pedestal da câmara, com a membrana sendo
presa a este. A moldagem dos corpos de prova foi realizada diretamente na célula triaxial,
através do molde bipartido mostrado na Figura 24, com a aplicação de vácuo à sua parede, para
permitir a aderência da membrana ao molde. O conjunto utilizado na moldagem dos corpos de
prova é mostrado na Figura 25.

BRADSHAW e BAXTER (2007) propuseram uma modificação no método moist


tamping, para permitir que cada camada fosse compactada a uma energia específica. Esse
método, denominado como Modified Moist Tamping (MMT), foi desenvolvido visando obter
maior agilidade, maior garantia de uniformidade de compactação, além da possibilidade de ser
utilizado em corpos de prova de grandes dimensões. Para a aplicação deste método, é utilizado
um soquete de compactação que permite a regulagem da altura de queda e da massa,
possibilitando a compactação de corpos de prova de densidades variadas. Neste trabalho foi
utilizado o método MMT na preparação dos corpos de prova, sendo o procedimento empregado
detalhado no capítulo 4.

Figura 25- Conjunto utilizado na moldagem dos corpos de prova, com aplicação de vácuo à parede do molde
para permitir a aderência da membrana.

41
3.6.3 Etapa de saturação do corpo de prova

A saturação envolve, pelo menos, dois processos, percolação e aplicação de


contrapressão, e, normalmente, é atingida através do segundo, no qual aplica-se uma pressão à
água dos poros do corpo de prova, visando à dissolução do ar. Nesta etapa, ao aplicar a
contrapressão, a pressão na câmara e no corpo de prova são aumentadas progressivamente.

Para reduzir o tempo e a tensão necessários para a saturação do corpo de prova, é


sugerida a aplicação de dióxido de carbono (CO2) ao corpo de prova antes da saturação. O valor
do parâmetro B de Skempton que sugere a saturação do corpo de prova é, de acordo com a
norma americana, de 0,95 ou, ainda, uma constância do valor B com o incremento da
contrapressão. HEAD (1998) sugere que um conceito mais realístico do que a obtenção do valor
de parâmetro B de 0,95 seria relacionar o seu valor às propriedades do solo. JEFFERIES e
BEEN (2016) sugerem um valor de B de cerca de 0,97 como indicativo de uma saturação
completa.

A saturação do corpo de prova foi realizada com a utilização de água e CO2. A etapa de
saturação por CO2 consistiu em submeter o CP a uma baixa pressão de CO2 da base para o topo
com um fluxo de aproximadamente 3 bolhas por segundo durante um período médio de 30
minutos. O princípio da utilização de CO2 para a saturação do corpo de prova baseia-se no fato
de que a sua solubilidade, em água, é muito maior que a solubilidade do ar. O CO2 é aplicado
à base do corpo de prova, após a sua montagem em célula, com aplicação de uma tensão
confinante, utilizando-se uma fonte de baixo volume e baixa pressão, a qual é regulada por uma
válvula. A linha de saída do topo do corpo de prova é preferencialmente deixada em um
recipiente com água para observar a saída das bolhas. A taxa de aplicação do CO2 encontra-se
adequada quando entre 1 a 5 bolhas por segundo, durante um período de 1 a 2 horas
(JEFFERIES e BEEN, 2016). VIANA DA FONSECA et al. (2021) recomendam a aplicação
de CO2 ao corpo de prova, com uma pressão de aproximadamente 3kPa durante cerca de 60
minutos ou até que o equivalente a um litro de gás seja deslocado. Após a etapa de saturação
seguiram-se os procedimentos descritos pelas normas americanas supracitadas, a depender se o
ensaio era realizado de forma drenada ou não drenada. As fotografias do equipamento utilizado
e das condições das etapas de realização do ensaio são apresentadas no anexo C.

42
3.6.4 Interpretação dos resultados

A interpretação dos resultados e a seleção do ponto para determinar a LEC foram


realizadas considerando o próprio conceito de estado crítico, o qual é definido como sendo o
estado no qual o solo continua a se deformar à tensão, razão q/p’ e índice de vazios constantes
(ROSCOE et al., 1958). O estado crítico pode ser interpretado, portanto, através do gráfico de
variação da tensão desviatória (q) e do acréscimo de poropressão (Δu) em função da deformação
apresentado na Figura 26.

Figura 26- Gráfico de q em função da deformação axial (ε 1), mostrando o ponto a partir do qual foi atingido o
estado crítico (steady state).
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).

3.6.5 Determinação do Índice de vazios

Visando obter o índice de vazios do corpo de prova no estado crítico, minimizando os


erros devido às variações de volume, é realizado o seu congelamento após o término do ensaio
e determinação do seu teor de umidade, a partir do qual calcula-se o índice de vazios. Para
evitar perda de água, o CP é congelado ainda montado na célula triaxial, após o seu
esvaziamento, tomando o cuidado para fechar as válvulas de drenagem do corpo de prova. Uma

43
temperatura de -3ºC é adequada para o congelamento do CP, pois permite a imobilização da
água dos poros, sem, contudo, se tornar tão congelada a ponto de dificultar a sua remoção do
pedestal (JEFFERIES e BEEN, 2016). A determinação do índice de vazios é, para o corpo de
prova saturado (S=100%), realizada através da Equação (13).

𝑒 = 𝐺𝑠 . 𝑤 (13)

3.6.6 Programa de ensaios

A Linha de Estados Críticos (LEC) foi obtida a partir de ensaios triaxiais executados em
corpos de prova moldados de acordo com as recomendações de JEFFERIES e BEEN (2016).
Os corpos de prova em estados fofos possibilitam um cisalhamento homogêneo no estado
crítico, evitando a formação de bandas de cisalhamento e problemas na determinação do índice
de vazios. Por sua vez os corpos de prova no estado compacto, e dilatante sob condições de
cisalhamento, permitem a determinação das características de dilatância do material.

A LEC foi obtida a partir de 10 ensaios triaxiais, incluindo 6 ensaios CIU e 4 ensaios
CID, em corpos de prova de compacidades variadas. Além disso, para a determinação dos
parâmetros de dilatância, usados no modelo Norsand, foram realizados 3 ensaios CID em
corpos de prova compactos. Neste trabalho optou-se por referir à compacidade dos corpos de
prova como índice de vazios, em detrimento da densidade relativa (Dr), em virtude da
subjetividade dos valores de índices de vazios mínimo e máximo utilizados para a determinação
de tal parâmetro. VICK (1999) comenta que o uso da Dr é restrito a areias com até 10% de
conteúdo fino, porém a metodologia de determinação dos índices de vazios mínimo e máximo
tem sido estendida aos materiais de rejeito.

3.7 Ensaios com Bender Elements

Ensaios com Bender Elements (BE) permitem determinar o módulo cisalhante para
pequenas deformações (Gmax) dos solos, através da velocidade da onda cisalhante, usando
corpos de prova em laboratório. O BE consiste em um transdutor piezoelétrico que converte
44
energia elétrica em energia mecânica e vice-versa. O equipamento consiste em dois elementos
que são colocados em lados opostos do corpo de prova, no qual um dos elementos atua como o
transmissor e o outro como receptor (Figura 27). Para que a onda cisalhante passe através do
corpo de prova, os elementos devem estar inseridos no material. No entanto, a penetração
excessiva pode deformar os corpos de prova excessivamente. Por outro lado, se os elementos
não forem inseridos suficientemente, tanto a transmissão quanto a recepção da onda pode ser
muito fraca, o que pode afetar os valores medidos (VJ TECH, 2020; YAMASHITA, 2009).

Figura 27- Bender elements vertical e horizontal no ensaio triaxial.


Fonte: VJ TECH (2020).

Os elementos que compõem o equipamento são formados por duas placas de cerâmicas
separadas por uma folha metálica. Essas cerâmicas são excitadas eletricamente, fazendo que
um dos BE descreva um movimento senoidal (Figura 28). Esse movimento é transmitido para
as partículas do solo, resultando na propagação de uma onda cisalhante em direção à outra
extremidade do corpo de prova. Desta forma, comparando os sinais elétricos recebido e
transmitido obtém-se o tempo (t) de viagem da onda cisalhante. Através do tempo e da distância
(L) percorrida, pela onda, calcula-se a velocidade (Vs) da onda cisalhante através da Equação
(14) (VJ TECH, 2020).

𝐿 (14)
𝑉𝑠 =
𝑡

45
A distância L, indicada na Figura 27, é dada pela distância de ponta a ponta dos Bender
Elements, o que obtido através da altura do corpo de prova, desconsiderando as dimensões dos
Bender Elements (3mm cada). Além disso, foi considerada a variação de altura do corpo de
prova durante o seu adensamento, de forma que a altura L variou para cada estágio de tensão
confinante.

Figura 28- a) Deformação do bender element e propagação da onda cisalhante através do corpo de prova; b)
representação dos elementos da onda senoidal.
Fonte: VJ TECH (2020).

KUMAR e SHINDE (2004) discutem vários aspectos que afetam os resultados dos
ensaios com BE, como o tamanho e a geometria do corpo de prova, posicionamento relativo
dos elementos, efeitos de vizinhança e diafonia (ou cross-talking) (RIO et al. 2003; ARROYO
et al. 2006; ARULNATHAN et al. 1998) Desta forma, são propostos diferentes métodos para
a interpretação dos dados dos ensaios de BE.

3.7.1 Interpretação dos resultados

Os métodos utilizados para a interpretação dos resultados obtidos através dos ensaios
com BE incluem os métodos do domínio do tempo, de cross-correlation e do domínio da
frequência. Neste trabalho optou-se pelo uso do método do domínio do tempo. A análise pelo
método do domínio do tempo é realizada através da observação do sinal da onda emitida e
recebida e calculando a diferença entre elas como o tempo de propagação no corpo de prova.

46
Neste método, a distância muito curta entre os elementos emissor e receptor acarreta o
efeito de proximidade de campo, devido a influência dos sinais da onda P que chegam primeiro
que as ondas cisalhantes. Adicionalmente ao efeito das ondas P, a presença de outros ruídos
dificulta a leitura do tempo de chegada. Para distinguir esses efeitos dos efeitos da onda
cisalhante, faz-se a transmissão da onda através de diferentes frequências, além de medir o
tempo correspondentes às diferenças dos picos da onda emitida e recebida (YAMASHITA et
al, 2009). O período (ou frequência) e a amplitude são selecionados pelo usuário, sendo
normalmente utilizados valores entre 1kHz e 50kHz para a frequência e entre 1V e 12V para a
amplitude, sendo o valor de 50kHz utilizado para solos granulares. (VJ TECH, 2020).

Para determinar o tempo de viagem da onda cisalhante, são plotados os sinais gerado e
recebido em função do tempo, como apresentado na Figura 29. Os primeiros sinais registrados
são resultantes das ondas P geradas tanto diretamente pelo transmissor quanto pela reflexão
pelas superfícies laterais e são denominados de efeitos de campo próximo (NFE do inglês near-
field effect). Tanto o NFE quanto os ruídos do ambiente dificultam a identificação do ponto de
chegada da onda cisalhante, devendo ser definido manualmente, o que pode se tornar fonte de
erros (CLAYTON 2011). Diferentes pontos podem ser interpretados como tempo de viagem da
onda, dependendo do ponto escolhido, como observado na Tabela 5, o que pode resultar em
uma variação de quase 24% (KUMAR E SHINDE, 2019).

Figura 29- curva senoidal típica dos sinais gerados e recebidos nos ensaios de Bender Elements e diferentes
pontos de chegada da onda.
Fonte: KUMAR E SHINDE (2019).
47
Tabela 5 - Tempos de viagem estimados a partir dos pontos indicados na Figura 29.
Ponto Descrição Tempo de viagem (s)
aA Chegada de componente do efeito de campo 0,00032
aB Primeira inversão 0,00035
aC Zero após primeira inversão 0,00037
bD Primeiro pico a pico 0,00043
aE Primeiro ciclo maior 0,00039
cF Pico a pico do segundo ciclo maior 0,00037
Fonte – Modificado de KUMAR E SHINDE (2019)

O tempo de viagem da onda deve ser, ainda, corrigido, em função do delay do


equipamento. Para isso foi medido o tempo de chegada do sinal, quando os dois elementos são
colocados em contato, sem o corpo de prova. Nesse trabalho foi obtido o tempo 0,021 segundos,
o qual foi descontado das medidas obtidas.

Após a determinação do tempo de viagem da onda e da distância (assumida neste


trabalho como sendo a distância de ponta a pontados BEs), calcula-se a velocidade (Vs) da onda
cisalhante através da Equação (14) e o valor do módulo cisalhante máximo (Gmax) através da
Equação (15).

𝐺𝑚𝑎𝑥 = 𝜌. (𝑉𝑠)2 (15)

em que ρ consiste na massa específica do corpo de prova após cada incremento de tensão.

Os ensaios com BE foram realizados em corpo de prova com dimensões inferiores


àquelas utilizadas para a determinação da LEC, em virtude das dimensões do equipamento.
Assim como nos ensaios para a determinação da LEC, os índices de vazios dos corpos de prova
foram definidos a partir do seu teor de umidade após a finalização do ensaio. Os ensaios com
BE foram realizados em corpos de prova adensados hidrostaticamente a tensões de 25, 50, 100,
200, 300, 400, 500 e 600 kPa. A cada adensamento foram realizadas leituras da onda cisalhante
(Vs).

48
3.8 Ensaios de Coluna Ressonante

O ensaio de Coluna Ressonante (CR) é realizado através da aplicação de uma vibração


senoidal a um corpo de prova localizado no interior de uma câmara semelhante à de compressão
triaxial. Através deste ensaio é possível determinar a frequência de ressonância do sistema,
variando a frequência de vibração do sistema e, através da teoria de propagação de ondas em
barras, calcular o módulo de cisalhamento do material para aquelas condições (DRNEVICH et
al., 2015).

Diferentes tipos de equipamentos existem atualmente. Neste trabalho foi utilizado o


equipamento do tipo Drnevich Long-Tor Apparatus, o qual é composto por duas placas, uma
superior e uma inferior, que confinam o corpo de prova através de água e ar comprimido. A
torção é gerada através da aplicação de campos magnéticos gerados por dispositivos
eletromagnéticos compostos por quatro bobinas retangulares e um imã que geram uma corrente
alternada de corrente controlada (BARROS 1997; FERNANDES, 2018; GOMES, 2020).

3.8.1 Módulo de cisalhamento

O valor do módulo de cisalhamento (G) e a deformação cisalhante são calculados,


respectivamente, através das Equações (16) e (17).

2. π. f. L 2 (16)
𝐺 = 𝜌( )
𝐹

0,4. 𝐹𝐶𝑅. 𝑉. 𝑑 2 (17)


γ= ( )
𝐿

em que:

f = frequência de vibração induzida;

L = comprimento do corpo de prova (representado como uma barra cilíndrica)

49
d = diâmetro do corpo de prova

FCR = fator de calibração rotacional dado pelo manual do equipamento como FCR = 4,43/f2.

V = leitura do voltímetro no momento da vibração torcional

F = Fator dado pela Equação (18):

ω. L 2. π. f. L (18)
𝐹= =
𝑉𝑠 𝑉𝑠

sendo que a velocidade cisalhante (Vs) é relacionada com o momento de inércia de massa (I)
do corpo de prova (I = ρ.J.L), com o momento de inércia de massa (Io) do conjunto-cabeçote-
oscilador e com a frequência angular (ω = 2πf) através da Equação (19). Na expressão do
cálculo de I, considera-se J a inércia rotacional (momento polar de inércia da seção transversal)
do corpo de prova. O cálculo de Io é realizado de acordo com metodologia específica e foge ao
escopo deste trabalho, sendo considerado, de acordo com a última calibração do equipamento,
o valor de Io = 8,22 g.cm.s2 (FERNANDES, 2018). Maiores detalhamentos, nesse sentido,
podem ser consultados em BARROS (1997).

Io ω. L ω. L (19)
. . tan ( )=1
I Vs Vs

O ensaio de Coluna Ressonante foi realizado em um corpo de prova com altura e


diâmetro iguais a 8 cm e 3,58 cm, respectivamente e índice de vazios inicial de 0,895. O corpo
de prova foi adensado hidrostaticamente às tensões de 25kPa, 50kPa, 100kPa, 300kPa e 600kPa,
sendo feitas leituras da frequência, da amplitude e do deslocamento, a intervalos de tempo de
desde 1 minuto até 24 horas, a partir do qual era realizado novo incremento de pressão.

50
3.9 Conclusões do capítulo

Os estudos experimentais em rejeitos de minério para o estudo da liquefação envolvem


uma série de ensaios de laboratório, que são realizados para conhecimento do seu
comportamento.

O programa de ensaios para a obtenção da LEC inclui ensaios triaxiais drenados e não
drenados, devendo ser realizados em corpos de prova essencialmente fofos, com índice de
vazios diversos. Recomenda-se a utilização de ensaios de dimensões maiores que as
convencionais e que sejam moldados com densidade homogênea.

A moldagem de CPs homogêneos requer que seja considerada a influência da


compactação das camadas superiores nas camadas subjacentes. Assim, recomenda-se a
aplicação do método moist tamping. Para a aplicação do método, contudo, é necessário que
sejam realizadas investigações prévias à realização dos ensaios.

Os ensaios triaxiais realizados para a definição da LEC devem seguir uma série de
especificações, que incluem a necessidade dos CPs estarem completamente saturados, além de
ser recomendado o congelamento do CP, ao final do ensaio, para determinação do índice de
vazios.

Em todos os corpos de prova apresentados neste trabalho obteve-se valor de parâmetro


B superior a 0,97. No entanto, alguns ensaios realizados, preliminarmente, não atingiram tal
valor, ainda que para pressões mais elevadas e por mais tempo. A obtenção dos valores citados
do parâmetro B apenas foi possível a partir da aplicação de CO2 na etapa de saturação.

O congelamento dos corpos de prova ao final do ensaio, embora não seja uma prática
usual, possibilita a determinação do índice de vazios de forma simples e reduz a possibilidade
de erros nessa determinação.

A interpretação dos ensaios de bender elementes foi realizada através das análises no
domínio do tempo, pela sua maior simplicidade e por ser o método mais empregado. As
diferentes frequências utilizadas e o cálculo de diferentes tempos de chegada da onda,
permitiram selecionar aqueles que apresentaram comportamento menos disperso.

51
CAPÍTULO 4: RESULTADOS E ANÁLISES

Este capítulo apresenta os resultados do programa de ensaios de laboratório, incluindo a


caracterização do material, análises com microscópio eletrônico de varredura e de fluorescência
de Raio X, ensaios de compactação, ensaios de índices de vazios máximo e mínimo e ensaios
de permeabilidade. Finalmente são expostos e discutidos os resultados dos ensaios triaxiais,
incluindo o comportamento tensão-deformação, bem como as análises de estado crítico.

4.1 Análises de Fluorescência de Raio de X

As análises de Fluorescência de Raio X realizadas no material são apresentadas na


Tabela 6 e mostram uma composição predominantemente de quartzo (70%) e óxido de ferro
(26%) com 4% de outros compostos. As análises individualizadas são apresentadas no Anexo
D.

Tabela 6 – Composição química do material de estudo obtida através de análises de


Fluorescência de Raio X.
Óxido Análise 1 Análise 2 Média
SiO2 65,61% 74,82% 70,22%
Fe2O3 32,48% 20,39% 26,43%
SO3 1,41% 1,10% 1,25%
Al2O3 3,12% 1,56%
Cs2O 0,31% 0,42% 0,36%
MnO 0,16% 0,11% 0,14%
CuO 0,03% 0,02%
ZnO 0,05% 0,02%

4.2 Caracterização do material de estudo

O material de estudo consiste numa areia fina siltosa com 52% de areia, 46% de silte e
2% de argila, D50 igual a 0,06 mm, coeficiente de uniformidade (Cu) de 2,33, coeficiente de
curvatura (Cc) de 1,08 e graduação uniforme, conforme pode ser observado na Figura 30 O
ensaio de densidade real dos grãos forneceu valor de Gs de 2,93. A impossibilidade de obter os
valores dos Limites de Atterberg, classifica o rejeito como não plástico. As folhas de ensaios

52
dos parâmetros de caracterização citados são apresentadas no Anexo D, sendo as informações
sintetizadas na Tabela 7.

Tabela 7 – Características geotécnicas do rejeito estudado


Análise granulométrica
D50
Argila Silte Areia Finos Cu CC graduação Gs IP
(mm)
(%) (%) (%) (%)
47 Não
2 46 52 0,06 2,33 1,08 uniforme 2,93
plástico

A densidade real dos grãos (𝜌s) pode ser obtida através do teor de ferro (%Fe), de acordo
com a equação (20) (ESPÓSITO, 2000). A equação fornece uma relação linear crescente entre
o teor %Fe e 𝜌s, a qual foi obtida para pontos amostrados em diferentes regiões na pilha de
Monjolo Mina de Água Limpa, localizada a aproximadamente 100km da Mina de Timbopeba.

ρ𝑠 (𝑔/𝑐𝑚3 ) = 0,025 %𝐹𝑒 + 2,65 (20)

ROCHA JUNIOR (2023) realizou análises químicas para a determinação do teor de Ferro no
material utilizado neste trabalho, sendo obtido um valor de %Fe igual a 14,30. O valor obtido
de 𝜌s, considerando a %Fe obtido por aquele autor foi de 3,00g/cm3, o que é relativamente
próximo do valor obtido no presente programa de ensaios, que forneceu valor de 𝜌s igual a 2,93,
conforme planilhas apresentadas no Anexo D.

4.3 Análise com Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV)

As imagens obtidas através do Microscópio Eletrônico de Varredura, com aumentos de


100 vezes e 200 vezes, mostram grãos muito angulosos e moderadamente esféricos (Figura 30).
Nessas microfotografias podem ser distinguidos os grãos de quartzo (escuros) e de óxido de
ferro (claros), a partir dos quais pode-se ter uma visão geral da relação entre esses dois
constituintes. Visando ter uma melhor representatividade do material, foram realizadas outras
microfotografias de outras regiões da lâmina, as quais são apresentadas no Anexo E.

53
Figura 30- Imagens obtidas a partir do Microscópio Eletrônico de Varredura, com aumentos de 100
vezes e 200 vezes.

4.4 Ensaios de compactação

A aplicação do método MMT requer que, inicialmente, sejam realizados ensaios prévios
de compactação, para a obtenção da relação entre densidade seca do corpo de prova e a altura
de queda do soquete. A partir dos ensaios preliminares, obtém-se as curvas que fornecem uma
relação entre a densidade seca (ρd), e a altura de queda (h) do soquete, obtendo-se a Equação
(21).

𝜌𝑑 = 𝐶1 ln (ℎ) + 𝐶2 (21)

em que C1 e C2 são constantes. Através dessa relação, a densidade seca (ρdn) da camada n-ésima
é obtida a partir de uma determinada altura de queda, através da Equação (22).

𝜌𝑑𝑛 − 𝐶2 (22)
ℎ𝑛 = 𝑒𝑥𝑝 ( )
𝐶1

Assim como no método de moist tamping, no método MMT é considerada uma sub-
compactação das camadas inferiores, de acordo com Equação (23) (BRADSHAW e BAXTER,
2007).

54
2𝜌𝑑𝑡 − 𝜇 (23)
𝜌𝑑𝑛 = 𝜌𝑑𝑡 ( 1 − 𝜇) + (𝑛 − 1) ( )
𝑁𝑐 − 1

sendo ρdt a densidade seca alvo para o corpo de prova, μ a porcentagem de sub-compactação
(em decimal) e Nc o número total de camadas. A partir do índice de vazios escolhido, é definida
a densidade alvo (ρdt) do corpo de prova por meio da Equação (24).

𝛾𝑠 (24)
𝜌𝑑𝑡 =
1+𝑒

A Figura 31 apresenta as curvas de compactação para as energias de 25%, 50% e 75%


do Proctor Normal. A equação de ajuste para a tendência das curvas foi atribuída como sendo
polinomial de ordem 3, de acordo com diretrizes de HILF (1991). As densidades máximas secas
e a umidade ótima de cada energia de compactação são apresentadas na Tabela 8. Os resultados
mostram que, com o aumento na energia de compactação, obtém-se maiores densidade seca
para um mesmo teor de umidade. Conforme esperado, as curvas de maiores energias fornecem
maiores densidades secas máximas e menores umidades ótimas. A memória de cálculo e as
curvas dos ensaios são apresentadas no Anexo G.

Tabela 8 - Densidades secas máximas e umidades ótimas para as energias de compactação


realizadas.
Energia ρmáx (g/cm³) wot (%)
25%PN 1,65 17,5
50%PN 1,71 15,5
75%PN 1,73 15

55
Figura 31- Curvas dos ensaios de compactação para diferentes energias.

A Figura 32 apresenta as retas para umidades de: 7%, 9%, 11%, 13% e 15%. A partir
das funções de tendência na forma y = C1.ln(h) + C2, em que h é a altura equivalente de
compactação, para adequação à forma apresentada por BAXTER e BRADSHAW (2007), foi
possível encontrar C1 e C2 da Equação (21), para as diversas umidades. Para a moldagem dos
corpos de prova, foi selecionada a umidade de 13%, devido estar posicionada no ramo seco e
pela melhor trabalhabilidade. Com isso foi definida a Equação (25), que relaciona a altura de
queda e a densidade seca.

𝜌𝑑𝑛 − 1,415
ℎ𝑛 = 𝑒𝑥𝑝 ( ) (25)
0,0996

A Equação (25) foi definida para as especificações do Proctor Normal, assim, para ser
aplicada aos corpos de prova triaxial, a altura foi convertida em porcentagem de energia do
Proctor Normal. Considerando o Proctor Normal, no qual a altura de queda é de 30,5 e com
uma energia de 5,9, para as dimensões do molde apresentadas na Tabela 4 (volume 486,57 cm3),

56
(fazendo 5,9x486,57/30,5 = 94,12) tem-se que a altura de queda do soquete por camada é
expressa em função da densidade da camada (ρdn), da massa do soquete (Ms), do número de
golpes por camada (Ng) e do número de camadas (Nc) do corpo de prova, conforme Equação
(26).

Figura 32- Relação entre densidade seca e altura de queda equivalente do soquete (em log) para as umidades de
7%, 9%, 11%, 13% e 15% com as retas de tendência.

𝜌𝑑𝑛 − 1,415 94,12 (26)


ℎ𝑛 = 𝑒𝑥𝑝 ( )∗
0,100 𝑀𝑠. 𝑁𝑔. 𝑁𝑐

Para a compactação dos corpos de prova, a sua densidade alvo (ρdt), constante de
undercompaction μ, o número de camadas (Nc), e a ordem da camada (n) foram aplicados à
Equação (23), obtendo-se a densidade de compactação (ρdn) da camada de ordem (n), a qual era
considerada para a compactação de cada camada usando a Equação (26). Os corpos de prova
foram moldados com 8 camadas, com valor de μ igual a 0,01, o qual foi estabelecido, seguindo
orientações de LADD (1978), isso porque valores superiores a este resultam em maiores
discrepâncias entre as densidades das camadas de base e de topo.

57
4.5 Índices de vazios máximo e mínimo

Os valores obtidos para os índices de vazios máximo e mínimo são apresentados na


Tabela 9. É possível perceber que os valores obtidos através do procedimento das normas
técnicas foram muito próximos aos valores obtidos pelo método da proveta, sendo a variação
(emax – emin) maior quando usados aqueles métodos. Para o cálculo da densidade relativa
(mostrada na Tabela 11), foram considerados os valores obtidos através do método da ABNT.

Tabela 9 – Valores dos índices de vazios máximo e mínimo obtidos por diferentes métodos.
Método ABNT Método Proveta Graduada
emin emax emin emax
0,54 0,97 0,56 0,92

Os valores obtidos para os índices de vazios máximo e mínimo são semelhantes aos
valores por outros autores em materiais em rejeitos semelhantes ao estudado neste trabalho.
FABRE (2019) obteve índice de vazios mínimo igual a 0,55 e índice de vazios máximo igual a
0,86 e 0,85, quando utilizados diferentes métodos. TELLES (2017) obteve valor igual a 0,59 e
0,97 para o índice de vazios máximos.

Em que pese os valores obtidos neste trabalho serem considerados como o máximo e o
mínimo supostamente possível para esses materiais, foi observado que valores mais elevados
que os valores de índice de vazios máximo foram obtidos para alguns corpos de prova
ensaiados. Dessa forma, considera-se possível ser observados, em campo, índices de vazios
superiores ao obtido neste trabalho, conforme também foi discutido por TELLES (2017).

4.6 Ensaios de Permeabilidade

Os valores do coeficiente de permeabilidade (k) são apresentados na Tabela 10 e na


Figura 33, para índices de vazios de moldagem variando entre 0,75 e 1,02. Esses valores, no
entanto, não representam necessariamente os valores de índices de vazios do corpo de prova no
momento do ensaio, isso porque, principalmente para o método à carga variável, no qual é
aplicada contrapressão no momento da sua saturação, pode ter ocorrido variações no volume
58
dos corpos de prova. As normas brasileiras limitam o ensaio de carga constante a solos
granulares, contendo no máximo 10%, em massa, de material que passa na peneira de 0,075
mm, e o ensaio de carga variável a solos cujos coeficientes de permeabilidade sejam menores
que 10-3 cm/s. Dessa forma, o material não atende, em tese, ao requisito do ensaio de
permeabilidade à carga constante, quanto à análise granulométrica. O material estudado é
composto de mais de 40%, em massa, de partículas menores de 0,075 mm. Conforme pode ser
observado na Tabela 11, seus valores de coeficiente permeabilidade situam-se muito próximos
ao limite de k = 10-3 cm/s estabelecido pela norma do método à carga variável. Em que pese
tais restrições, percebe-se que os valores obtidos por ambos os métodos são muito próximos,
mesmo para corpos de prova moldados com diferentes índices de vazios. As tabelas de cálculo
dos ensaios de permeabilidade são apresentadas no Anexo G.

Tabela 10 – Valores dos coeficientes de permeabilidade k obtidos por diferentes métodos e


diferentes índices de vazios.
Ensaio Método emoldagem k (cm/s)
1 Carga constante 0.75 9.90x10-4
2 Carga variável 0.82 9.20 x10-4
3 Carga variável 1.02 13,7 x10-4

A Figura 33 plota os valores de e versus k, apresentados na Tabela 10, sendo possível


observar o comportamento esperado de aumento de k com o aumento de e.

Figura 33- Coeficiente de permeabilidade em função do índice de vazios

59
4.7 Ensaios Triaxiais

Os ensaios realizados neste trabalho seguiram as recomendações propostas por


JEFFERIES e BEEN (2016). O programa de ensaios triaxiais discutido neste trabalho consiste
em 14 ensaios, realizados com diferentes objetivos, conforme apresentado na Tabela 11. Nessa
tabela são apresentadas as informações relacionadas à condição dos corpos de prova após o
adensamento e as informações relacionadas às condições finais dos ensaios. As informações
relacionadas às condições do final do adensamento são tensão de adensamento, p’o, índice de
vazios inicial, eo, densidade relativa, DR, e o parâmetro de estado inicial, ψo. Já relacionadas ao
final do ensaio são dadas a tensão efetiva média final, pf’, o índice de vazios final, ef e a tensão
desviatória q. Dos ensaios realizados, 10 foram utilizados para a determinação da LEC, aqueles
que visualmente atingiram o estado crítico. As densidades relativas dos corpos de prova
variaram entre 19% até 77%, e foram determinadas através da equação (27).

emax − enat (27)


DR =
emax − emin

sendo, emax, enat e emin os índices de vazios máximo, na condição analisada e mínimo,
respectivamente.

O parâmetro de estado é um conceito mais abrangente do que o de densidade relativa1,


por considerar implicitamente o estado de tensão do solo. Além disso, a densidade relativa
requer a determinação de três parâmetros, os índices de vazios máximo (emax) e mínimo (emin)
e o índice de vazios no início do cisalhamento. Ademais, a determinação de emax e emin não é
trivial, no caso de solos com presença de finos. Por outro lado, o parâmetro de estado requer a
determinação de apenas dois parâmetros (ver Equação (1)). Nesse sentido, materiais com uma
mesma densidade relativa inicial mostram diferentes caminhos de tensão, quando cisalhados a
diferentes níveis de tensões (diferentes ψ). De forma contrária, materiais com o mesmo ψ, mas

1
A literatura brasileira usa, predominantemente, o termo “densidade relativa”, citando-se, por exemplo as
dissertações recentes da COPPE, na linha de pesquisa de barragens de rejeitos (FLOREZ,2015 TELLES, 2017
FABRE, 2019), sendo o termo “compacidade relativa” também usado (SOUSA PINTO, 2006).

60
diferentes densidades relativas, apresentarão comportamentos semelhantes (JEFFERIES e
BEEN, 2016).

O termo “densidade relativa” é usado com menos ênfase nesta pesquisa, considerando
que, para a sua determinação, são necessários três valores (emax, emin e eo). Além disso, para
materiais de rejeito de mineração, que possui finos, sua determinação fica prejudicada, uma vez
que é fundamentalmente uma determinação feita para solos puramente granulares sem finos.

Tabela 11 - Ensaios triaxiais realizados


Após o adensamento Final do ensaio Objetivo
Ensaio principal
p'o (kPa) eo DR (%) ψo p'f ef q
CID1 22 0,88 22 0,006 33 0,85 32 LEC
CID2 496 0,82 34 0,041 865 0,78 1100 LEC
CID3 50 0,64 77 -0,208 89 0,69 119 Parâmetros de dilatância
CID4 100 0,64 77 -0,188 180 0,69 244 Parâmetros de dilatância
CID5 200 0,64 77 -0,167 374 0,60 529 Parâmetros de dilatância
CID6 800 0,88 21 0,113 1318 0,78 1557 Calibração Norsand
CID7* 104 0,77 47 -0,056 191 0,79 268 LEC/Par. dilatância
CID8* 200 0,72 57 -0,083 361 0,76 488 LEC/Par. dilatância
CIU1 200 0,81 37 0,003 290 0,81 372 LEC
CIU2 300 0,83 33 0,034 105 0,83 126 LEC
CIU3 400 0,89 19 0,103 17 0,89 21 LEC
CIU4 600 0,78 44 0,004 813 0,78 1041 LEC
CIU5 150 0,82 35 0,004 81 0,82 82 LEC
CIU6* 500 0,89 19 0,109 20 0,89 16 Índice de fragilidade - IBu
* Programa complementar de ensaios realizado com o sistema pistão-top cap mostrado no Anexo C.

4.7.1 Resultados dos Ensaios

Os resultados obtidos nos ensaios triaxiais são apresentados, separadamente, de acordo


com o tipo de ensaio.

4.7.1.1 Ensaios Drenados

Neste trabalho, admitiu-se que a redução de volume é indicada pelo sinal positivo,
enquanto o aumento de volume é expresso pelo sinal negativo. Na Figura 34 são apresentados
os resultados dos ensaios drenados. Os ensaios CID1, CID2 e CID6 (não utilizado para a

61
definição da LEC), realizados em corpos de prova fofos, tiveram como objetivo precípuo a
definição da Linha de Estados Críticos. Todos apresentaram redução de volume, sendo as
maiores tensões e maior redução de volume obtidos para o CID6. O ensaio CID1 apresenta
estabilização de volume e de tensão desviatória próximo a 12% de deformação axial (Figura
34), enquanto o ensaio CID2 apenas apresentou estabilização do volume e da tensão desviatória
próximo a 25% de deformação axial (Figura 34b). Por outro lado, o CID6 não mostra uma
constância visível do volume nem da tensão desviatória, ao final do ensaio.

Os cinco ensaios realizados em corpos de prova compactos CID3, CID4, CID5, CID7 e
CID8 apresentaram um pico de tensão desviatória inferior a 4% de deformação axial (Figura
34a). Após o pico, a tensão desviatória reduziu para um valor residual de tensão ao atingir uma
deformação axial próxima de 7%, mantendo-se constante até o final do ensaio. A deformação
volumétrica dos corpos de prova foi inicialmente positiva, com redução do volume, e
posteriormente um aumento de volume ( Figura 34b). Os ensaios CID3, CID4 e CID5
apresentaram um aumento do volume de forma mais acentuada até o pico de tensão desviatória,
em 7% de deformação axial, após o qual, a variação de volume ocorreu a uma taxa menor, até
o final do ensaio, não apresentando estabilização do volume.

62
1800

1600 800kPa
Tensão desviatória, q: kPa

1400

1200

1000 500kPa

800
200kPa
600
200kPa
400
100kPa
200 100kPa
50kPa
0 25kPa (a)
6 CID1
800kPa; eo = 0,88
Deformação volumétrica, εv: %

5 CID2
CID3
4
CID4
3 500kPa; eo = 0,82 CID5
2 CID6

25kPa; eo = 0,88 CID7


1
CID8
0
-1 100kPa; eo = 0,77
-2 200kPa; eo = 0,72
-3 100kPa; eo = 0,64 200kPa; eo = 0,64
50kPa; eo = 0,64 (b)
-4
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa: %
Figura 34- Tensão desviatória (a) e deformação volumétrica (b) em função da deformação axial, para os ensaios
drenados em corpos de prova fofos.

A relação entre a tensão desviatória (q) e a tensão efetiva média (p’), definida como a
razão de tensão (η = q/p’) é um indicativo adicional do comportamento do solo. Para os ensaios
drenados, esses resultados são plotados na Figura 35. Nota-se que para os ensaios realizados
nos corpos de prova fofos (CID2 e CID6) o valor de η cresce monotonicamente com a
deformação. O ensaio CID1, no entanto, atinge o valor de η aproximadamente igual a 1,1 e
apresenta uma redução até o valor aproximado de 0,97. Esse comportamento apresentado pelo
CID1 deve-se à baixa tensão confinante do ensaio (25kPa) e a instabilidade das tensões ao final
do ensaio, o que também foi obtido por outros autores (VELTEN et al., 2022). Os ensaios
compactos, diferentemente dos ensaios fofos, apresentaram um pico da razão de tensão (η),

63
passando a uma queda rápida de η. No entanto, percebe-se que para a faixa de deformação
obtida nos ensaios (18%) o valor de η encontra-se entre 1,4 e 1,3, não se mostrando constante.

Os valores de η ao final do ensaio (estado crítico) são esperados serem próximos para
os ensaios que atingem a condição de estado crítico, definindo o valor de M. No entanto,
conforme se observa na Figura 35, nem todos os ensaios alcançaram esta condição. Um método
complementar para a determinação do parâmetro M será incluído nesta discussão.

1,8

1,6

1,4

1,2
η, q/p'

CID1
1 CID2
CID3
0,8
CID4
0,6 CID5
CID6
0,4
CID7
0,2 CID8

0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa %
Figura 35- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios drenados.

4.7.1.2 Ensaios Não Drenados

Na Figura 36 são apresentados os resultados obtidos para os 6 ensaios não drenados.


Pode-se perceber que os ensaios CIU1 e CIU4 desenvolveram maiores valores de tensão
desviatória, bem como menores valores de poropressão. Por outro lado, o ensaio CIU3
apresentou tensão desviatória máxima próxima ao ensaio CIU6, ambos mostrando uma queda
acentuada após o valor de pico, sendo os ensaios que desenvolveram poropressões mais
elevadas (Figura 36b). O ensaio CIU5 apresentou baixa tensão desviatória e valores de razão
de excesso de poropressão normalizada elevados. O comportamento apresentado pelos corpos
de prova é governado pelos valores de tensão confinante e de índice de vazios no início do
64
cisalhamento (Tabela 11). Dessa forma, em corpos de menor compacidade, como o CIU3 e o
CIU6, a resistência ao cisalhamento pode ser menor que em corpos de prova de maior
compacidade, ainda que a tensão confinante de ensaio seja superior.

A Figura 37 apresenta a razão de tensão η em função da deformação axial para os ensaios


não drenados. A razão de tensão η converge para um mesmo valor ao final dos ensaios, o qual
tenderia para o valor de M. O ensaio CIU1 aparenta uma queda ligeira no valor de η, não se
mantendo constante. Os ensaios CIU3 e CIU6 também não se mantêm com valor de η constante,
apresentando, respectivamente, uma elevação e uma queda crescente. Esses comportamentos
foram verificados nos ensaios CIU3 e CIU6, o que se deve ao elevado índice de vazios,
favorecendo o desenvolvimento de poropressões elevadas. Em razão dessas variações
observadas, foram considerados, para a definição da LEC, o valor de p’ correspondente a 15%
de deformação axial do CIU3, o qual corresponde ao ponto de convergência em relação aos
demais ensaios, mas não se considerou pertinente usar os resultados do CIU6 para a definição
da LEC. O comportamento mostrado para esses ensaios na Figura 37, foi verificado também,
nos realizados sob baixa pressão confinante, no trabalho de VELTEN et al., 2022.

65
600kPa
1000
Tensão desviatória, q: kPa

800

600

400
200kPa
200
300kPa
150kPa
400kPa 500kPa
0 (a)
1,2
CIU1
CIU2
1 400kPa; eo = 0,89 500kPa; eo = 0,89
CIU3
CIU4
0,8 300kPa; eo = 0,83 CIU5
Δu/p'0

CIU6
150kPa; eo = 0,82
0,6

0,4

600kPa; eo = 0,78
0,2
200kPa; eo = 0,81
(b)
0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa: %

Figura 36- Gráfico de tensão desviatória (a) e de acréscimo de poropressão (b) para os ensaios não drenados
utilizados para determinação da LEC.

66
1,8

1,6

1,4

1,2
η, q/p'

0,8
CIU1

0,6 CIU2

CIU3
0,4
CIU4

0,2 CIU5

CIU6
0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa %

Figura 37- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios não drenados.

4.7.2 Linha de Estados Críticos

A Linha de Estado Crítico (LEC) foi definida a partir dos ensaios que atingiram o estado
crítico, o que é caracterizado pela estabilização da tensão desviatória e da poropressão para os
ensaios não drenados, e da tensão desviatória e da deformação volumétrica para os ensaios
drenados. Desta forma, foram considerados os resultados de nove ensaios, CIU1, CIU2, CIU3,
CIU4, CIU5, CID1, CID2 e CID7 e CID9. Os valores de p’c e qc, correspondente ao estado
crítico foram considerados como sendo aqueles a partir dos quais não foram observadas
variações nas tensões p’ e q, e em variação de volume. Esses valores foram obtidos a partir da
interpretação dos gráficos de tensão q em função da deformação axial (ε), apresentados na
Figura 34 e na Figura 36, e, individualmente, no ANEXO H. A LEC é apresentada nos espaços
e versus ln p’ e q versus p’ na Figura 38(a,b). Os ensaios indicados por linhas tracejadas no
gráfico e:lnp’ (Figura 38a) foram considerados para a definição dos parâmetros de dilatância
(ver Tabela 11).

67
1 e = -0,030ln(x) + 0,966
R² = 0,89
0,95
CID1
0,9 CIU3
Índice de vazios, e

0,85 CIU2
CID2
CIU1
0,8 CIU5
CIU4

0,75 CID7
CID9
0,7

0,65
(a)
0,6
10 100 1000
1200 p' (ln): kPa
M = 1,28
R² = 1,00
1000
Tensão desviadora, q: kPa

CID2
800

CID9
600 CIU4

400 CIU1

200 CID7 CIU3


CIU5
CIU2
CID1
(b)
0
0 200 400 600 800 1000
Tensão efetiva média, p': kPa
Figura 38- Linha de Estado Crítico (LEC) nos espaços e versus p’ (a) e q versus p’ (b).

Os pontos obtidos do estado crítico, nos ensaios que atingiram essa condição, definem
um comportamento linear tanto no espaço e versus lnp’ como no q versus p’. Os ensaios CIU2,
CIU3 e CIU5 apresentaram “comportamento contrátil”, com redução da tensão efetiva média
68
com o carregamento. Já os ensaios CIU1 e CIU4 apresentaram “comportamento dilatante”
(aumento de p’ com o carregamento), com trecho aproximadamente vertical (Figura 38b) até
metade do valor da tensão desviatória máxima atingida. A Tabela 11 apresenta os valores dos
parâmetros de estado de todos os ensaios em função da LEC apresentada na Figura 38a.

O gradiente da LEC no espaço q versus p’ define a razão de atrito do estado crítico (M),
o qual fornece um valor de M = 1,28 para o material ensaiado (Figura 38b). Considerando o
valor de Mpq = 1,28, através da Equação (28) obtém-se o valor de ângulo de atrito (ϕ’c) igual a
31,8º.

6𝑠𝑒𝑛𝜙′𝑐 (28)
𝑀=
3 − 𝑠𝑒𝑛𝜙′𝑐

A determinação de M a partir da relação p’:q de ensaios predominantemente fofos, pode resultar


em valores baixos de M. Por isso, é recomendada a determinação de M a partir de ensaios de
compressão triaxial drenada em corpos de prova compactos (JEFFERIES e SHUTTLE 2005),
conforme é discutido na seção 4.9.

Na Figura 39, são plotados os resultados dos ensaios que não alcançaram o estado
crítico, sendo os ensaios realizados em corpos de prova compactos (CID3, CID4 e CID5) e o
ensaio de tensão confinante mais elevada (CID6). Os ensaios drenados em corpos de prova
compactos atingem o estado crítico para deformações axial em torno de 50% (JEFFERIES e
BEEN, 2016), o que é um desafio em termos experimentais.

69
1 e = -0,030ln(x) + 0,966
R² = 0,89
0,95

0,9
Índice de vazios, e

CID6

0,85

0,8

0,75

0,7 CID3 CID4 CID5

0,65
(a)
0,6
10 100 1000
p' (ln): kPa
Figura 39- Ensaios que não foram considerados para a definição da linha de estado crítico.

A partir dos resultados apresentados na Figura 38a foi selecionada uma relação linear
representada pela Equação (29).

𝑒 = −0,030 ln(𝑝′) + 0,97 (29)

De acordo com essa relação, tem-se que, para p’ igual a 1kPa, o índice de vazios (Γ) na LEC
assume um valor igual a 0,97, sendo a inclinação (λe) da LEC igual a 0,030. Alguns autores, no
entanto, definem a LEC com formato curvilíneo. Nesse sentido, a LEC foi interpretada com
formato curvo, alternativamente à LEC linear, a qual foi definida de acordo com a Equação (3)
O ajuste da LEC curvilínea resultou em um grau de ajuste inferior ao resultante da Equação
(28), e, sendo assim, não é aqui apresentada (JEFFERIES e BEEN, 2016; VERDUGO, 1992 e
SCHNAID, 2020).

70
4.8 Determinação do Módulo Cisalhante

O valor do módulo cisalhante (G) foi obtido através dos ensaios com Bender Elements
(BE) e de Coluna Ressonante (CR), para diferentes valores de tensões confinantes. Nos ensaios
com BE, a velocidade da onda cisalhante foi calculada considerando os tempos de viagem da
onda de acordo com os pontos A, B, C e D da Figura 29, sendo feitas emissões da onda com
frequências variando de 5 kHz a 20 kHz. Os resultados obtidos para todas as frequências
realizadas, considerando os pontos de primeira chegada e de pico a pico, são apresentados no
Anexo I. Os valores de G, calculados a partir da velocidade cisalhante no BE, foram, ainda,
comparados com os obtidos através do ensaio de CR, para uma mesma tensão confinante.

Os valores de Vs e Gmax obtidos a partir do ensaio de BE e de CR são apresentados na


Tabela 12. As curvas completas de Gmax, para cada pressão confinante em função do tempo,
obtidas através dos ensaios de CR são apresentadas no Anexo J. Os valores de Gmax obtidos
através dos ensaios de BE e de CR são apresentados na Figura 40..

Tabela 12– Valores obtidos de Vs e Gmax a partir de ensaios com Bender Elements e Coluna
Ressonante
Ensaio p'o (kPa) Vs Gmax
BE 25 118,46 27,13
BE 50 144,19 40,63
BE 100 180,55 64,41
BE 200 214,32 91,78
BE 300 246,39 122,15
BE 400 265,48 142,79
BE 500 285,37 168,08
BE 600 295,88 181,31
CR 25 103,20 18,20
CR 50 136,50 33,00
CR 100 188,10 62,70
CR 308 253,20 114,30
CR 588 303,60 164,90

71
200
Bender Elements
180
Coluna Ressonante
160
140
Gmax (MPa)

120
100
80
60
40
20
0
0 100 200 300 400 500 600 700
p' (kPa)
Figura 40- Módulo cisalhante máximo em função da tensão efetiva média

4.9 Parâmetros do modelo Norsand

Para as análises com o modelo Norsand, foi utilizada a planilha NorTXL.xls versão 2
de JEFFERIES e BEEN (2016). Essas análises envolvem a determinação de oito parâmetros,
definidos conforme apresentado na Tabela 13. Os parâmetros Г e λ foram obtidos da LEC. Os
parâmetros M, N, χ e H descrevem o comportamento plástico do solo, sendo os três primeiros
obtidos diretamente dos ensaios, e o último obtido a partir da aplicação do modelo Norsand,
conforme descrito abaixo. O módulo de rigidez (Ir = G/p’o) descreve o comportamento elástico
do solo e é determinado através de ensaios Bender Element ou coluna ressonante. Finalmente,
o valor do Coeficiente de Poisson (ν) foi assumido igual a 0,2, conforme recomendação da
literatura (JEFFERIES e BEEN, 2016).

72
Tabela 13- Parâmetros usados no modelo Norsand

Parâmetros Definição
Г
LEC
Altitude da LEC em 1kPa, por convenção
λe Inclinação da LEC linear no espaço e-log(p')
M razão de atrito crítico
Plasticidade

N Coeficiente de acoplamento volumétrico


propriedade do solo que relaciona a dilatância máxima
χ ao parâmetro de estado
Módulo de endurecimento plástico H=Ho-Hψ.ψ (Ho -
H Módulo de endurecimento para ψ = 0
Elasticidade

ν Coeficiente de Poisson

Ir Módulo de rigidez = G/p’o

4.9.1 Dilatância e Parâmetros M, N e χ

Os resultados dos ensaios triaxiais CID3, CID4 e CID5, CID7 e CID8 (Tabela 11), em
corpos de prova compactos, foram usados para a determinação dos valores de M, N e χ,
seguindo recomendações de JEFFERIES e SHUTTLE (2005).

4.9.1.1 Dilatância (D)

JEFFERIES e BEEN (2016) definem dilatância a partir da divisão do conceito de ângulo


de atrito em dois componentes, os componentes de dilatação e de fricção. Um outro conceito
associado é o de taxa de tensão η, definida como sendo a razão entre a tensão desviatória (q) e
a tensão efetiva média (p’), de acordo com a Equação (30).

𝑞 (30)
𝜂=
𝑝′

No estado crítico, a relação (qc/p’c) define o parâmetro M Equação (31), o qual pode ser
escrito também em função do ângulo de atrito no estado crítico ϕ’c, conforme a Equação (28)
(valor de M para ensaios triaxiais de compressão).
73
𝑞𝑐 (31)
𝑀=
𝑝′𝑐

O coeficiente de acoplamento volumétrico, N, é uma propriedade do solo relacionada


com a razão de atrito crítico, M, e expresso na relação tensão dilatância através da lei de fluxo
de Nova -Nova’s flow rule - (Nova, 1982), de acordo com a Equação (32).

𝑀 − ƞ𝑚𝑎𝑥 (32)
𝐷𝑚𝑖𝑛 =
1−𝑁

Em que Dmin consiste no menor valor negativo de D e máximo o valor de (η = q/p’)


correspondente ao Dmin.

A partir dos ensaios triaxiais, foram obtidas as relações entre a dilatância e razão de
tensão (Figura 41a) e dilatância parâmetro de estado (Figura 41b). Na Figura 41a, as curvas
convergem para o valor de η correspondente a D igual a 0, em dois pontos. No primeiro ponto,
o corpo de prova passa de uma condição contrátil para dilatante, tendo, neste ponto, o valor de
η entre 1,20 e 1,30 para os ensaios CID3, CID4 e CID5. O segundo ponto de D igual a zero é
obtido ao final do ensaio quando o corpo de prova passa a apresentar variação de volume e de
η nulos, o que representa o estado crítico. Esse ponto apenas foi alcançado pelo ensaio CID 7,
marcando o valor igual a 1,39. Esse valor é indicado, também pelo prolongamento do trecho
retilíneo pós pico dos ensaios CID3, CID4 e CID5, até o eixo vertical. O valor de M igual a
1,39 fornece um ângulo de atrito de estado crítico igual a 34,4º.

74
2 CID3
CID4
1,8

Razão de tensão, q/p' (-)


CID5
1,6 CID7
CID9
1,4 M = 1,39
1,2
CID7
1 CID3
0,8 CID4 CID8

0,6
0,4
CID5
0,2
η em Dmin (a)
0
Parâmetro de estado. ψ (-)

-0,05
CID7

-0,1 CID9

-0,15

CID5
-0,2 CID4
CID3
ψ em Dmin
-0,25
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6
Dilatância (-) (b)

Figura 41- a) Razão de tensão e b) parâmetro de estado em função da dilatância.

4.9.1.2 Parâmetros M e N

O valor de M é melhor definido quando os valores de ƞmax e de ψ correspondente a Dmin


foram plotados em função do Dmin, sendo tais relações apresentadas na Figura 42. Nesse caso,
obtém-se o valor de M =1,39 para Dmin = 0, equivalendo-se a um valor de ∅’𝑐𝑟𝑖𝑡 = 34,8°. O
gradiente do gráfico apresentado na Figura 42 define o valor de (N-1), obtendo-se, nesse caso,
o valor do acoplamento volumétrico (N) igual a 0,43.

75
Figura 42- Taxa de tensão máxima (η)máx em função da dilatância mínima (Dmin).

Com o objetivo de confirmação do valor do ângulo de atrito de estado crítico, ROCHA


JUNIOR (2023) realizou ensaios com o professor Ian Martins, utilizando o mesmo material
empregado na campanha de ensaios aqui apresentada, seguindo as recomendações de
SANTAMARINA e CHO (2001). A caixa de ensaios e o valor médio do ângulo de atrito no
repouso igual a 33,5º (valor máximo obtido igual a 34º) são mostrados na Figura 43. Os ensaios
foram realizados com o material em estado seco, para evitar o fenômeno da coesão aparente, o
que afetaria a determinação do parâmetro.

76
Figura 43- ensaio realizado na caixa, para determinação do ângulo de atrito no repouso

Fonte: ROCHA JUNIOR (2023)

4.9.1.3 Parâmetro χ

A dilatância depende do valor de η e do parâmetro de estado (ψ). De modo análogo à


relação tensão-dilatância, a lei estado-dilatância relaciona o Dmín ao parâmetro de estado (ψ)
através de um parâmetro do material (χ), na forma Dmín = χ.ψ. A dilatância do material está
relacionada à habilidade das partículas se moverem uma em relação à outra, enquanto a
mudança na tensão é uma consequência da deformação e Dmin é uma condição limite, em que
não há taxa de deformação elástica, ou seja, na resistência de pico, Dmin = DPmin (JEFFERIES e
BEEN, 2016). JEFFERIES e SHUTTLE (2005) descrevem χ como o parâmetro de dilatância,
que relaciona a dilatância plástica ao parâmetro de estado correspondente. Da análise da Figura
44 obtém-se o valor de χtc = 4,5. É recomendada a utilização de pelo menos 3 ensaios na
determinação desses parâmetros para conferir precisão e redundância (JEFFERIES e BEEN,
2016).
77
Figura 44- Dilatância mínima (Dmin) em função do parâmetro de estado (ψ) em Dmin.

4.9.2 Módulo de endurecimento plástico - H

A lei de endurecimento é um dos requisitos para a descrição do comportamento plástico


de um material elasto-plástico (WOOD, 1990), sendo outros requisitos a superfície de
escoamento (yield surface) e a lei de escoamento plástico (flow rule). A lei de endurecimento
relaciona a magnitude da deformação plástica à magnitude de um incremento de tensão. A
superfície de escoamento separa os estados de tensão nos quais ocorrem apenas deformações
elásticas dos estados nos quais ocorrem tanto deformação elástica quanto plástica. Já a lei de
escoamento (flow rule) se relaciona ao vetor do incremento de deformação plástica, admitido
normal à superfície de escoamento de um determinado material (ATKINSON e BRANSBY,
1978), denominada de Lei Associativa

A versatilidade do modelo NorSand e sua relevância no comportamento real dos solos


deve-se à separação entre o endurecimento e a LEC. Essa separação é realizada pelo parâmetro
de endurecimento (H), explicado em detalhe por JEFFERIES e BEEN, 2016. Diferentemente
dos demais parâmetros, que são determinados a partir dos resultados dos ensaios triaxiais, o
valor de H é obtido através aplicação do modelo, com os resultados dos ensaios. O módulo de

78
endurecimento controla a magnitude da deformação plástica, sendo uma propriedade paralela
ao módulo de cisalhamento elástico G. Seu valor depende, da estrutura do material, podendo
ser constante ou variar em função de ψ, sendo, por isso, determinado durante a calibração do
modelo com os ensaios.

Para a obtenção de H, foram utilizados os oito ensaios drenados apresentados na Tabela


11. A utilização de ensaios drenados deve-se à menor influência das deformações elásticas,
nestes ensaios, permitindo a validação das propriedades plásticas do solo através desses ensaios.

A relação de endurecimento é dada pela relação H = H0 - Hψ.ψ, (JEFFERIES e BEEN,


2016). A determinação de H foi realizada através da modelagem iterativa, estimando diferentes
valores de H, de forma a se obter o melhor ajuste, fazendo, também, alterações sutis no valor
do parâmetro de estado ψ. Pequenas diferenças entre o índice de vazios usado na simulação e o
obtido no laboratório são admissíveis, devido a aspectos que envolvem a acurácia na
determinação, ou o grau de ajuste da LEC a um ensaio particular. De acordo com o
procedimento descrito foram obtidos os valores de Ho = 115 e Hψ = 360 (Figura 45).

Figura 45- Módulos de endurecimento em função do parâmetro de estado, obtidos do ajuste das curvas dos
ensaios triaxiais e do modelo NorSand.

79
4.9.3 Módulo de rigidez (Ir)

O valor do módulo de rigidez (Ir) é dado pela razão do módulo cisalhante (G) pela tensão
efetiva média (p’). Sua variação é considerada como não linear, uma vez que é afetado por
fatores como, o nível de tensão, a estrutura, a cimentação e o histórico de tensões. Uma resposta
linear de rigidez ocorre apenas para pequenas deformações, em ensaios não destrutivo, sendo
que, para deformações maiores, o módulo diminui com o aumento da deformação (KU E
MAYNE, 2014).

Os valores de Gmax obtidos através dos ensaios de BE e de CR, foram modelados a partir
da Equação (33a) (JEFFERIES e BEEN, 2016). A relação entre os valores de Gmax calculados
e os medidos em laboratório é apresentada na Figura 46, com a linha de equivalência mostrando
uma forte relação entre os dois valores. O ajuste apresentado na Figura 46 foi obtido para
valores de a = 235, b = 0,45 e emín = 0,543, sendo pref o valor da tensão de referência, por
convenção, igual a 100kPa.

𝑏 (33a)
𝐺 𝑎 𝑝
= ( )
𝑝𝑟𝑒𝑓 (𝑒 − 𝑒𝑚𝑖𝑛 ) 𝑝𝑟𝑒𝑓
ou

0,45 (33b)
235 𝑝
𝐼𝑟 = ( )
(𝑒 − 0,543) 𝑝𝑟𝑒𝑓

80
Linha de equivalência
200 Bender Elements
Coluna Ressonante

Gmax (MPa) da equação


150

100

50

0
0 50 100 150 200 250

Módulo cisalhante do ensaio, Gmax (MPa)

Figura 46- Relação entre os valores dos módulos cisalhantes obtidos em laboratório e os valores calculados
através da equação de elasticidade.

4.9.4 Coeficiente de Poisson – ν

O outro parâmetro elástico do Norsand é o Coeficiente de Poisson (ν). Esse parâmetro,


com valor, geralmente, entre 0,15 e 0,30, neste trabalho foi considerado igual a 0,2, conforme
recomendação da literatura (JEFFERIES e BEEN, 2016).

4.9.5 – Estado inicial do solo

Além dos parâmetros discutidos anteriormente, o modelo Norsand considera as


condições iniciais do solo. Essas condições iniciais são definidas pelo parâmetro de estado
inicial (ψo), pelo coeficiente de empuxo no repouso (Ko) e pela razão de sobreadensamento
(OCR). O valor de ψo representa a condição inicial do solo e como se dará seu comportamento
ao ser submetido a um carregamento, ou seja, é o parâmetro que define se o comportamento do
material é dilatante ou contrátil. O valor de Ko consiste na relação entre a tensão horizontal
81
efetiva (σ’h) e a tensão vertical efetiva (σ’v). Os fatores que interferem nos valores das tensões
são a constituição do solo e o histórico das tensões a que o solo esteve submetido anteriormente.
Por outro lado, o valor de OCR é dado pela Equação (34).

σ′𝑣𝑚 (34)
𝑂𝐶𝑅 = ′
σ𝑣

sendo σ’vm a tensão de sobreadensamento ou de pré-adesamento e consiste na maior tensão


vertical efetiva a que o solo já se submeteu e σ’v refere-se à tensão vertical efetiva atuante no
momento. A tensão de sobreadensamento é entendida como a tensão limite que separa o
comportamento elástico (pequenas deformações) do comportamento plástico elástico-plástico
(grandes deformações) (LADD 1991). O solo é sobreadensado quando σ’vm é maior que σ’v. De
outro modo, quando σ’vm é igual a σ’v o solo está normalmente adensado.

4.9.6 Ajuste do Parâmetro Gmax

O uso de ensaios não drenados nesta etapa é importante, uma vez que a liquefação é um
fenômeno que ocorre, essencialmente, de forma não drenada. O objetivo desta etapa é ajustar
os valores dos parâmetros obtidos, de forma a obter o melhor ajuste que descreva o
comportamento dos dados no geral, ao invés de selecionar os parâmetros que descreva,
perfeitamente, um único ensaio. Para obter melhor ajuste entre as curvas do modelo Norsand e
dos ensaios, os valores de Gmax calculados a partir da Equação (33a) foram reduzidos em
Gmax/4, conforme recomendações de SHUTTLE e JEFFERIES (2016).

82
4.10 Conclusões do capítulo

O rejeito estudado neste trabalho apresenta grãos muito angulosos e moderadamente


esféricos, sendo compostos por 70% de grãos de quartzo, que apresentam diâmetros maiores,
26% de óxido de ferro, com menores dimensões e 4% de outros compostos.

Através de ensaios de compactação realizados previamente aos demais ensaios, foi


obtida a relação entre a densidade específica seca e a energia de compactação, o que permitiu a
aplicação do método MMT.

Com a aplicação do MMT, os corpos de prova foram moldados considerando o efeito


da compactação das camadas superiores nas camadas inferiores, visando obter corpos de prova
homogêneos.

Os ensaios triaxiais drenados e não drenados, realizados em CPs fofos, permitem


determinar a LEC, enquanto os ensaios em CPs compactos são necessários para determinação
dos parâmetros de dilatância.

A seleção dos pontos considerados no estado crítico foi realizada considerando a


constância no valor de q e p bem como do excesso de poropressão nos ensaios não drenados e
da deformação volumétrica nos ensaios drenados.

A condição de estado crítico foi avaliada através da razão de tensão η, sendo que, no
estado crítico, o seu valor é igual a M. Essa avaliação permitiu avaliar a consistência de um
ensaio individualmente em relação aos demais. Desta forma, para o ensaio CIU3, foi
selecionado um ponto com tensão p’ e q diferentes dos apresentados no final do ensaio, uma
vez que foi considerado mais representativo do estado crítico.

A LEC foi definida a partir de uma relação linear e de uma equação curvilínea,
mostrando, através de ambas as relações, um forte ajuste entre os pontos e a curva.

O valor de M pode ser obtido através de dois métodos, pela inclinação da LEC no
diagrama q versus p’ e pelo diagrama de tensão dilatância, sendo esse último, recomendado por
(JEFFERIES e SHUTTLE 2005). Neste trabalho, o valor de M foi determinado por ambos os
métodos.

83
Os parâmetros usados no modelo Norsand são obtidos a partir de ensaios comumente
realizados em laboratório, sendo exceção, o módulo de endurecimento que é determinado
através de um processo iterativo usando o modelo Norsand.

84
CAPÍTULO 5: APLICAÇÃO DO MODELO
NORSAND E COMPARAÇÃO DOS
RESULTADOS COM A LITERATURA

Este capítulo calibra os resultados dos ensaios triaxiais com o comportamento descrito
pelo modelo Norsand. Para isso foi usada a planilha NorTXL.xls de JEFFERIES e BEEN
(2016) São comparados os resultados de todos os ensaios triaxiais drenados e não drenados
discutidos no capítulo anterior. Maior ênfase é dada, no entanto, aos ensaios não drenados, visto
que a liquefação é um fenômeno que ocorre essencialmente de forma não drenada, sendo que
alguns ensaios são apresentados no presente capítulo e os demais no anexo K. As curvas dos
ensaios foram modeladas com parâmetros Γ = 0,97, λ = 0,030, M = 1,39, N = 0,43, χ = 4,5, H
= 115 -360ψ, ν = 0,2, Gmax/4, antes determinados e OCR = 1. Neste capítulo, é apresentada
também uma comparação entre os valores dos parâmetros obtidos neste trabalho com os
apresentados na literatura. Ênfase maior é dada aos resultados da Barragem 1 do Complexo
Mineiro do Córrego do Feijão.

5.1 Ensaios não drenados

As curvas de tensão-deformação, bem como os caminhos de tensão obtidas nos ensaios


não drenados são apresentadas na Figura 47, na Figura 49 e na Figura 48, juntamente com as
curvas do modelo NorSand.

Os resultados dos ensaios CIU2 e CIU5 e do modelo Norsand são apresentados na


Figura 47. É possível perceber um bom ajuste entre as curvas do modelo e dos ensaios, tanto
da tensão desviatória quanto do caminho de tensão. Ambos os CPs apresentaram um pico de
tensão desviatória (Figura 47a), após o qual, há uma redução gradual até o valor residual. Os
caminhos de tensão dos dois ensaios (Figura 47b) mostram um trecho inicial aproximadamente
vertical, passando a uma redução da tensão efetiva média até o ponto de máxima tensão
desviatória. Nesse ponto, as curvas alcançam a LEC e passam a apresentar uma forte redução
tanto da tensão efetiva média quanto da tensão desviatória. A curva do NorSand, apesar de
descrever o mesmo comportamento geral, não apresenta a queda acentuada de p’ antes do ponto
de tensão desviatória máxima, apresentando comportamentos mais suaves.

85
Figura 47- Comparação dos resultados dos ensaios CIU2 e CIU5 com o modelo NorSand.

Os resultados do ensaio CIU3 e do modelo Norsand são comparados na Figura 48. As


curvas de tensão deformação (Figura 48a) são praticamente coincidentes com o modelo
Norsand, com exceção da parte final da curva, em que os valores de tensão desviatória indicados
pelo modelo são superiores aos obtidos nos ensaios. O caminho de tensão (Figura 48b) do
ensaio também se mostra fortemente ajustada ao do modelo.

Figura 48- Comparação dos resultados dos ensaios CIU3 com o modelo NorSand.
86
Na Figura 49 são apresentadas as curvas de tensão deformação (Figura 49a) e os
caminhos de tensão (Figura 49b) para os ensaios CIU1 e CIU4. As curvas do modelo descrevem
o comportamento geral de ambos os ensaios, atingindo, aproximadamente, a mesma faixa de
tensões efetivas e tensão desviatória ao final dos ensaios. No entanto, as curvas dos ensaios e
as curvas do modelo só se aproximam mais para deformações axiais superiores a cerca de 10%.
Os caminhos de tensão dos ensaios (Figura 49b), analogamente às curvas tensão-deformação,
se aproximam mais para maiores valores de tensão desvio e de deformação axial. Nestes
trechos, as curvas dos ensaios tocam a LEC (Figura 49b) e os corpos de prova passam a
apresentar as maiores deformações axiais (Figura 49a), com aumento da tensão efetiva e da
tensão desviatória, até o ponto em que esta permanece constante (estado crítico).

Figura 49- Comparação dos resultados dos ensaios CIU1 e CIU4 com o modelo NorSand.

Diferentemente do comportamento mostrado pelos ensaios CIU1 e CIU4, o modelo


descreve um comportamento inicial com redução da tensão efetiva até o ponto em que toca a
LEC, com tensão desviatória de aproximadamente a metade da correspondente ao ensaio,
passando a um aumento da tensão efetiva. Esse comportamento caracteriza a transformação de
fase, a qual não é percebida nas curvas dos ensaios. As curvas do modelo Norsand
correspondentes ao ensaio CIU4 são apresentadas na Figura 50 para diferentes valores de Gmax
e de OCR. Para verificar a influência do valor de Gmax no comportamento do modelo, seu valor

87
foi reduzido de 90 kPa para 40 kPa. Essa redução provocou um forte afastamento entre as curvas
de tensão deformação do modelo e do ensaio (Figura 50a). Por outro lado, essa mesma variação
do valor de Gmax resultou em uma maior aproximação da curva de caminho de tensão do modelo
do caminho de tensão do ensaio (Figura 50b) em relação ao mostrado na Figura 49.

Figura 50- Comparação dos resultados dos ensaios CIU4 com o modelo NorSand, considerando diferentes
valores de Gmax e OCR.

Com relação ao parâmetro de estado, foi feita a alteração no seu valor, de -0,010 para -
0,012. A Figura 50a mostra que esse aumento do valor de ψ não provoca uma alteração
significativa no comportamento da curva de tensão deformação, gerando apenas um aumento
considerável no valor de q do estado crítico. Ademais, a Figura 50b mostra que nenhuma
variação ocorre no comportamento da curva de caminho de tensão, sendo que, assim como na
curva de tensão-deformação, maiores valores das tensões q e p’ são observados. O valor do
OCR foi alterado de 1,0 para 1,3. Observa-se que o aumento no valor de OCR reflete num
trecho inicial verticalizado na curva do caminho de tensões, como apresentado na Figura 50b.

Dessa forma, ainda que maiores semelhanças sejam obtidas para as curvas com a
mudança nos valores dos parâmetros, nenhuma combinação dos parâmetros foi capaz de
reproduzir com alto grau de ajuste, a curva de caminho de tensão dos ensaios CIU1 e CIU4.
Apesar disso, o comportamento geral dos ensaios foi satisfatoriamente reproduzido pelas
combinações dos valores dos parâmetros avaliados.
88
Conforme observado por WANATOWSKI et al. (2013), a divergência entre os
resultados dos ensaios e o modelo NorSand pode estar relacionada a erros nos ensaios ou a erros
teóricos. Os erros relacionados aos ensaios incluem diferença entre o índice de vazio do corpo
de prova e o valor registrado, equação de definição da LEC ou imprecisões nos sensores de
medida da tensão. Por outro lado, no que se refere aos erros teóricos, esses podem estar
relacionados às relações tensão-dilatância e trabalho-endurecimento. Aqueles autores
consideraram que as divergências entre os dados calculados e os dados medidos, para os
caminhos de tensão, devem-se principalmente à lei de endurecimento (H), visto que é o limite
de endurecimento que controla a inclinação da linha de instabilidade.

5.2 Ensaios drenados

Na Figura 51 e na Figura 52, são apresentadas as curvas dos ensaios CID2 e CID6,
respectivamente, juntamente como as curvas do modelo Norsand. Nota-se que os
comportamentos das curvas de tensão deformação e de deformação volumétrica são, no geral,
bem descritos pelo modelo Norsand, usando os valores dos parâmetros calculados através dos
ensaios.

Figura 51 - Comparação entre ensaio CID2 e o modelo NorSand.

89
Figura 52 - Comparação entre ensaio CID6 e o modelo NorSand.

5.3 Comparação dos resultados com a literatura

Na Tabela 14, são apresentados os valores dos oito parâmetros usados no modelo
NorSand para nove diferentes materiais, incluindo os parâmetros de estado crítico, de
plasticidade e de elasticidade. Os valores de Г dos materiais variam entre 0,754 e 1,315. A
inclinação da LEC (λ) apresenta valores variando entre 0,0122 e 0,0738. Já para o valor de M
os valores variam entre 1,00 e 1,40. Os valores dos parâmetros do estado crítico obtidos neste
trabalho situam-se dentro da faixa de valores apresentados para os diferentes materiais. A
Figura 53 mostra a LEC obtida neste trabalho, comparando-a com a dos materiais apresentados
na Tabela 14, em que se percebe essa concordância entre os valores descritos neste trabalho e
os apresentados pelos autores.

90
Tabela 14 - Valores descritos, na literatura, para diferentes materiais, dos parâmetros usados
no modelo Norsand

Fonte: Adaptado de GHAFGHAZI, M. e SHUTTLE, D. (2008)

Figura 53 - Comparação da Linha de Estado Crítico obtida neste trabalho com outras descritas na literatura.
Fonte: Modificado de GHAFGHAZI, M. e SHUTTLE, D. (2008)

91
Os valores dos parâmetros Г e λ obtidos neste trabalho são comparados com valores
obtidos para diferentes materiais de rejeito em função do teor de finos (VERGARAY et al.,
2022) na Figura 54 e na Figura 55, respectivamente. Neste trabalho, foi obtido o valor de finos
igual a 47%, conforme apresentado na Tabela 7. Ambos os parâmetros se mostram com elevado
grau de espalhamento. A dispersão dos pontos indica que esses parâmetros não são controlados,
unicamente, pela granulometria dos materiais, mas dependem de aspectos morfológicos dos
grãos, como a angulosidade e a esfericidade, por exemplo (MOLINA-GOMÉZ e VIANA DA
FONSECA, 2021, JEFFERIES e BEEN, 2016). Através das figuras, nota-se que os valores
obtidos para os dois parâmetros encontram situados em torno da média dos valores descritos na
literatura.

Figura 54 - Comparação do parâmetro Г com os apresentados pela literatura, em função do conteúdo de finos.
Fonte: VERGARAY et al. (2022).

92
Figura 55 - Comparação do parâmetro λ com os apresentados pela literatura, em função do conteúdo de finos.
Fonte: VERGARAY et al. (2022).

Figura 56 - Comparação do parâmetro λ com os apresentados pela literatura, em função do coeficiente de


uniformidade (Cu).
Fonte: VERGARAY et al. (2022).
93
Figura 57 - Comparação do parâmetro Γ100 com os apresentados pela literatura, em função do coeficiente de
uniformidade (Cu).
Fonte: VERGARAY et al. (2022).

5.4 Comparação com os rejeitos da Barragem do Córrego do Feijão e Barragem do Fundão

Na Tabela 15, são apresentados os valores dos parâmetros de estado crítico, as


características granulométricas e o valor de Gs dos rejeitos da Barragem B1 do Córrego do
Feijão (CIMNE, 2021), além dos valores obtidos neste trabalho. Nota-se que a LEC obtida neste
trabalho encontra-se posicionada abaixo de todos os materiais, além de possuir menor
inclinação (Figura 58). Por outro lado, o valor de M do rejeito estudado e suas características
granulométricas, expressas, pelo valor de D50 e de Cu, são muito semelhantes às da Barragem
B1, apresentando, contudo, valor consideravelmente inferior de Gs.

94
Tabela 15– Valores dos parâmetros do estado crítico e de classificação granulométrica para o
material estudado e para os materiais da barragem B1 do Córrego do Feijão.
Programa Rejeito Г λe M D50 Cu %finos <75microns Gs
Este trabalho 0,97 0,030 1,40 0,0623 2,32 72,20 2,93
EPR fino 1,12 0,039 1,35 0,0502 4,76 71,20 4,33
EPR Médio 1,04 0,039 1,39 0,0709 5,44 51,50 4,52
RPR Grosso 1,01 0,039 1,38 0,1321 6,47 32,80 4,65
FEUP Tipo1_Or 1,24 0,053 1,42 0,053 3,97 77,40 3,90
FEUP Tipo1_Ev 1,17 0,056 1,42 0,0596 2,25 85,16 3,90
FEUP Tipo2_Or 1,04 0,037 1,40 0,0377 7,17 91,85 4,50
FEUP Tipo2_Ev 1,06 0,051 1,40 0,0377 7,17 91,85 4,50
FEUP Tipo3_Or 1,36 0,043 1,36 0,0596 2,25 71,27 5,00
FEUP Tipo3_Ev 1,37 0,050 1,36 0,0596 2,25 71,27 5,00
Fonte: Modificado de CIMNE (2021).

Figura 58 - Comparação entre a LEC obtida neste trabalho e as dos materiais da barragem B1 do Córrego do
Feijão.
Fonte: modificada de CIMNE (2021).

5.5 Resistência não drenada

Na Figura 59, são plotadas as resistências de pico normalizadas pela tensão confinante
p’o, para os ensaios de parâmetro de estado positivo. Para esses cálculos foram considerados os
valores finais dos ensaios. Os valores obtidos neste trabalho são comparados com valores
descritos na literatura (JEFFERIES e BEEN, 2016), bem como os valores da barragem B1 do

95
Córrego do Feijão (CIMNE, 2021). De forma geral os valores obtidos neste trabalho situam-se
dentro da faixa de valores descritos pela literatura, e apresentam valores relativamente
superiores de resistência de pico quando comparados com os valores da Barragem B1.

Figura 59 - Comparação entre a resistência normalizada versus o parâmetro de estado, dos valores obtidos neste
trabalho e os descritos na literatura.
Fonte: Modificada de JEFFERIES e BEEN, (2016).

Os valores da resistência não drenada de pico e residual obtidos para o rejeito estudado
são normalizados pela tensão efetiva média (p’o) e plotados em função de (ψo/λe) na Figura 60.
É plotada, também, a curva teórica de resistência não drenada do estado crítico para M=1,25,
num valor muito próximo ao obtido neste trabalho através dos ensaios fofos (1,28). A curva
teórica e os valores de resistência residual, plotados no gráfico, mostram como a fragilidade IB
aumenta com parâmetro de estado normalizado. A fragilidade, IB, abordada no capítulo 2,
caracteriza o fenômeno da liquefação, uma vez que tal queda da resistência faz com que uma
ruptura incipiente se desenvolva rapidamente para um fluxo de lama (JEFFERIES e BEEN,
2016).

96
Figura 60 - Desenvolvimento da resistência não drenada de pico e residual com o parâmetro de estado.
Fonte: Modificada de JEFFERIES e BEEN, (2016).

Os cinco ensaios CIU apresentados na Tabela 11 permitem calcular o índice de


fragilidade IB (BISHOP, 1967,1973), que relaciona os valores de resistência de pico e de
resistência residual segundo a Equação (8). Esses resultados foram plotados em função do
parâmetro de estado, ψo, conforme apresentado na Figura 61. Os resultados obtidos são
comparados com os obtidos para os rejeitos da Barragem de Germano (TELLES, 2017), a qual,
assim como os rejeitos estudados neste trabalho, localiza-se no Quadrilátero Ferrífero, no estado
de Minas Gerais. O gráfico apresentado na Figura 61 mostra um aumento de IB com o parâmetro
de estado, com ajuste linear. Os maiores índices de fragilidade resultam de valores mais
elevados de resistência não drenada de pico (Sup) e menores valores de resistência não drenada
residual (Su_r).

De forma geral, entende-se que, para uma determinada tensão, a fragilidade, ou


potencial de colapso, de um material silto-arenoso aumenta com o aumento do conteúdo de
finos, devido à redução dos contatos intergranular dos grãos maiores. Isso depende, entre outros
aspectos, das características dos grãos e da estrutura da matriz do solo (THEVANAYAGAM
et al., 2002).

97
1,2
Este trabalho
Barragem do Germano - TELLES (2017)
1

R² = 0,95
0,8
IBU

0,6

0,4

0,2

0
-0,02 0 0,02 0,04 ѱo 0,06 0,08 0,1 0,12

Figura 61 - Comparação dos valores de índice de fragilidade obtidos neste trabalho com valores dos rejeitos da
Barragem de Germano

Os resultados obtidos neste trabalho e aqueles obtidos para a Barragem de Germano


(TELLES, 2017) são também comparados no espaço q versus p’, conforme Figura 62. Nota-se
que a inclinação da reta definida pelos ensaios da Barragem de Germano (Mpq = 1,36) é maior
que a obtida através dos ensaios fofos (Mpq =1,28), e se aproxima mais ao valor de M obtido
através dos ensaios compactos (M = 1,39).

Os resultados obtidos dos ensaios de laboratório para os dois rejeitos são apresentados
na Tabela 16. Os rejeitos da Barragem de Germano apresentam menor porcentagem da fração
silte e maior de areia que os rejeitos estudados neste trabalho, apresentando, ainda, maior valor
de D50. Por outro lado, o rejeito estudado neste trabalho apresenta maior valor de Gs, e com
composição consideravelmente mais férrica que os rejeitos da barragem de Germano. Esses
resultados estão consistentes, visto que, minerais de composição férrica apresentam maiores
valores de Gs e tendem a se apresentar em grãos de menores diâmetros, quando comparados
com os grãos de quartzo. Por outro lado, com relação aos parâmetros de estado críticos, o rejeito
da barragem de Germano apresenta valores superiores de λ, Г e Mpq que os obtidos para os
rejeitos estudados neste trabalho.

98
Figura 62 - Comparação dos valores obtidos neste trabalho com valores dos rejeitos da Barragem de Germano
Fonte: Modificada de TELLES (2017).

Tabela 16– Comparação entre os parâmetros obtidos neste trabalho com os da barragem de
Germano
D50 Argila Silte Areia SIO2 Fe Al2O3
Material Gs M λ Г
(mm) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
B. de
0,09 0 31 69 2,8 85,7 9,6 0,06 1,36 0,048 1,017
Germano
Este 1,28/
0,06 2 46 52 2,93 70 26 - 0,030 0,97
trabalho 1,39

99
5.6 Ângulo de Atrito de Pico

Adicionalmente aos resultados apresentados neste trabalho, foram realizadas análises


envolvendo o ângulo de atrito de pico do material, utilizando os mesmos ensaios utilizados
nestas análises. O trabalho a que refere esses resultados está sendo desenvolvido no âmbito de
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação de COCCHIARALE (2022). Alguns dos
resultados obtidos são apresentados na Figura 63, na Figura 64 e na Figura 65.

Na Figura 63 são apresentados os valores obtidos para o ângulo de atrito dos ensaios
realizados em função do parâmetro de estado inicial de cada corpo de prova. É possível notar
uma tendência de redução do ângulo de atrito de pico (ϕ’p) à medida que o parâmetro de estado
se torna mais positivo. Os maiores valores de ângulo de atrito foram obtidos para os ensaios
com parâmetros de estado mais negativos (ψo em torno de -0,2), o que é esperado, em virtude
da maior compacidade dos corpos de prova com parâmetros de estado mais negativos. Nota-se,
também, que para o parâmetro de estado igual a zero, o ângulo de atrito de pico situa-se em
torno de 30°. Pode-se perceber, através da análise da Figura 63, que os valores do ângulo de
atrito de pico obtidos neste trabalho se apresentam dentro da faixa de valores descritos por
JEFFERIES e BEEN (2016), apresentando também o mesmo comportamento.

100
Figura 63 – Valores do ângulo de atrito em função do parâmetro de estado obtidos neste trabalho e apresentados
por JEFFERIES e BEEN (2016).
Fonte: COCCHIARALE (2022)

Foram analisados também a diferença entre o ângulo de atrito de pico e o ângulo de


atrito do estado crítico (ϕ’c), em função do parâmetro de estado, conforme mostrado na Figura
64. É possível perceber aproximadamente o mesmo comportamento descrito pelo ângulo de
atrito em função do parâmetro de estado. A tendência mostrada pelos ensaios mostra que para
o parâmetro de estado igual a zero, a diferença entre o ângulo de atrito de pico e o ângulo de
atrito de estado crítico é igual a zero. Isso significa que, para materiais que se encontram em
uma condição de índice de vazios inicial e tensão efetiva média inicial iguais a condição descrita
pela LEC, a tensão desviatória máxima desenvolvida é igual a sua tensão desviatória no estado
crítico. Isso significa que a curva de tensão deformação dos ensaios nessa condição não
apresentarão pico de tensão desviatória. Nota-se que o comportamento descrito pelos ensaios
realizados neste trabalho é condizente com o comportamento apresentado por JEFFERIES e
BEEN (2016), sendo que os valores obtidos se encontram dentro da faixa descrita pelas
principais areias analisadas em outros trabalhos.

101
Figura 64 - Diferenças entre o ângulo de atrito de pico e residual, em função do parâmetro de estado, obtidas
neste trabalho e apresentadas por JEFFERIES e BEEN (2016).
Fonte: COCCHIARALE (2022)

A Figura 65 mostra a variação do ângulo de atrito de pico em função do parâmetro de


estado normalizado pela diferença entre o índice de vazios máximo e mínimo (ψo/(emax-emin). A
tendência mostrada pelos ensaios é basicamente a mesma mostrada na Figura 63. No entanto,
nota-se que na Figura 65 há um maior deslocamento dos ensaios mais compactos em relação à
faixa apresentada por JEFFERIES e BEEN (2016), quando comparado com a Figura 63. Além
disso, nota-se um maior espalhamento dos valores obtidos para os ensaios com parâmetro de
estado positivo. Ressalta-se, contudo, o caráter subjetivo dos parâmetros índice de vazios
máximo e mínimo de rejeitos com finos, conforme mencionado nos capítulos anteriores.
Entende-se, assim, que os maiores espalhamentos e deslocamentos apresentados pelos ensaios
realizados em comparação com os apresentados por JEFFERIES e BEEN (2016) podem estar
relacionados a diferentes procedimentos de ensaios utilizados em cada solo.

102
Figura 65 - Ângulo de atrito versus parâmetro de estado normalizado obtidos neste trabalho e apresentados por
JEFFERIES e BEEN (2016).
Fonte: COCCHIARALE (2022)

103
5.7 Conclusões do capítulo

O comportamento geral dos resultados dos ensaios é, em geral, bem descrito pelo
modelo Norsand. No entanto, aspectos específicos e pontuais das curvas dos ensaios não são,
necessariamente, reproduzidos pelas curvas do modelo.

A calibração dos parâmetros obtidos através dos ensaios de laboratório é uma etapa
importante nas análises, pois permite ajustá-los aos valores que melhor descrevem as curvas e
o comportamento do material.

De forma geral, os parâmetros obtidos situam-se dentro da faixa dos valores descritos
pela literatura. Enquanto o valor de Γ apresenta valor que se assemelha aos valores médios
descritos na literatura, o valor de λ situa-se abaixo dos valores médios descritos para este
parâmetro.

Apesar da curva granulométrica do rejeito estudado se assemelhar à dos rejeitos finos


da Barragem do Córrego do Feijão, os parâmetros de ambos apresentam significativas
diferenças, indicando que esses parâmetros são influenciados por outros aspectos, como, por
exemplo, a morfologia dos grãos.

Os valores de índice de fragilidade obtidos neste trabalho descrevem um comportamento


similar ao descrito pelos da barragem do Germano, mostrando, contudo, maiores valores de
índice de fragilidade para o mesmo parâmetro de estado.

104
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES

Neste último capítulo são apresentadas as principais conclusões obtidas a partir do


desenvolvimento deste trabalho.

O ponto central deste trabalho foi o estudo de um rejeito de minério de ferro presente
em uma das barragens do Quadrilátero Ferrífero (MG). As análises realizadas objetivaram o
conhecimento do seu comportamento no estado crítico bem como a determinação dos
parâmetros do modelo Norsand.

Dessa forma, os principais pontos concluídos a partir da elaboração desta dissertação


são apresentados a seguir.

6.1 Análises de Estado Crítico

Os ensaios realizados em corpos de prova fofos, visualmente, atingiram o estado crítico,


condição não alcançada pelos corpos de prova compactos.

O método MMT, usado para a moldagem dos corpos de prova, possibilitou a obtenção
de uma ampla faixa de densidades, permitindo, ainda, que houvesse maior controle da
densidade das camadas, em comparação aos métodos de moldagem convencionais.

Em todos os corpos de prova apresentados neste trabalho obteve-se valor de parâmetro


B superior a 0,97. No entanto, alguns ensaios realizados preliminarmente não atingiram tal
valor, ainda que para pressões mais elevadas e por mais tempo. A obtenção dos valores citados
do parâmetro B apenas foi possível a partir da aplicação de CO2 na etapa de saturação.

O congelamento dos corpos de prova ao final do ensaio, embora não seja uma prática
usual, possibilita a determinação do índice de vazios de forma simples e reduz a possibilidade
de erros nessa determinação.

A LEC obtida foi definida através de uma relação linear, com p’ na escala logarítimica,
assumindo. Por outro lado, foi apresentada a LEC com formato curvilíneo, alternativamente à
LEC linear, obtendo-se um ajuste satisfatório entre a LEC e os dados dos ensaios através dos
dois ajustes.

105
O valor de M pode ser obtido através da inclinação da LEC no diagrama q versus p’ e
através do diagrama de tensão dilatância. Neste trabalho, o valor de M foi obtido através dos
dois métodos, obtendo valor superior de M através do segundo método, o que condiz com o
obtido por alguns autores na literatura.

6.2 Parâmetros do Estado Crítico e do Norsand

As variações do valor de M influenciam largamente a curva de tensão deformação do


modelo Norsand para os ensaios drenados. Essas alterações nesse parâmetro, contudo, alteram
muito pouco o comportamento da curva de deformação volumétrica.

De forma geral, os valores dos parâmetros obtidos através dos ensaios de laboratório
situam-se dentro da faixa de valores descritos pela literatura.

Apesar da curva granulométrica do rejeito estudado se assemelhar à dos rejeitos finos


da Barragem do Córrego do Feijão, os parâmetros de ambos apresentam significativas
diferenças, indicando que esses parâmetros são influenciados por outros aspectos, como, por
exemplo, a morfologia dos grãos.

Os valores de ângulo de atrito de pico mostram uma tendência de redução à medida que
o parâmetro de estado se torna menos negativo, aproximando-se do ângulo de atrito do estado
crítico quando o parâmetro de estado é igual a zero.

A variação do ângulo de atrito de pico e do ângulo de atrito do estado crítico do material


estudado neste trabalho encontra-se de acordo com o comportamento apresentado pelos
principais materiais arenosos descritos na literatura.

Os parâmetros usados no modelo Norsand são obtidos a partir de ensaios comumente


realizados em laboratório, sendo exceção, o módulo de endurecimento (H), que é determinado
através de um processo iterativo, usando o modelo Norsand.

A interpretação dos resultados dos ensaios de bender elements foi realizada pelo método
de domínio do tempo. As diferentes frequências utilizadas e o cálculo de diferentes tempos de
chegada da onda permitiram selecionar aqueles que apresentaram comportamento mais
representativos.

106
Os valores de módulo cisalhante obtidos através dos ensaios com bender elemento e de
Coluna Ressonante foram comparados com uma equação teórica obtendo-se uma correlação
satisfatória. Esses valores são posteriormente calibrados para os ensaios, através do modelo
Norsand.

O comportamento geral dos resultados dos ensaios é bem descrito pelas curvas do
modelo Norsand. No entanto, aspectos específicos e pontuais das curvas dos ensaios não são,
necessariamente, reproduzidos pelas curvas do modelo.

Variações nos valores de Gmax e do parâmetro de estado, apesar de não modificarem o


comportamento geral da curva de tensão deformação e de caminho de tensão, interferem
largamente nos valores das tensões q e p’ máximas alcançadas pelos ensaios não drenados.

Os valores de tensão q alcançados pelos ensaios drenados não foram reproduzidos pelas
curvas do modelo Norsand utilizando os valores dos parâmetros obtidos a través dos ensaios.
Os valores mais elevados de q, obtidos nos ensaios drenados, apenas foram descritos pelo
modelo Norsand para valores de M superiores a 1,3, sendo o valor obtido através dos ensaios
fofos igual 1,28.

A calibração dos parâmetros obtidos através dos ensaios de laboratório é uma etapa
importante nas análises, pois permite ajustá-los aos valores que melhor descrevem as curvas e
o comportamento do material.

107
CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS
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liquefaction in plane strain.” In Proc., 18th Int. Conf. on Soil Mechanics and Geotechnical
Engineering, 833-836. Paris, 2013.
WOOD D. M. Soil Behaviour and critical state soil mechanics, Cambridge University Press,
1990
YAMAMURO J.A. E LADE P.V., “Static liquefaction of very loose sands” Can. Geotech. J.
34: 905–917, 1997.
YAMASHITA, S., KAWAGUCHI, T., NAKATA, Y., MIKAMI, T., FUJIWARA, T., AND
SHIBUYA, S. “Interpretation of international parallel test on the measurement of Gmax using
bender elements”. Soils and Foundations, 49(4): 631–650, 2009.
YU H. S., CASAM: “A Unified State parameter model for clay and sand” International Journal
for Numerical and Analytical Methods in Geomechanics, 22, 621-653, 1998.
.

113
ANEXOS

ANEXO A – Normas utilizadas na realização dos estudos experimentais

ANEXO B – Classificação Tátil-Visual Das Amostras De Rejeito

ANEXO C – Relatório fotográfico das condições de realização dos ensaios triaxiais

ANEXO D – Resultados dos ensaios de Fluorescência de Raio X

ANEXO E – Resultados dos ensaios de caracterização da amostra P3

ANEXO F – Fotografias com Microscópio Eletrônico de Varredura

ANEXO G – Resultado dos ensaios de compactação, índice de vazios e permeabilidade


realizados na amostra P3.

ANEXO H – Resultados dos ensaios triaxiais realizados para a determinação da Linha de


Estado Crítico

ANEXO I – Resultados dos ensaios com Bender Elements

ANEXO J – Resultados dos ensaios de Coluna Ressonante

ANEXO K – Resultados das análises do modelo NorSand

114
ANEXO A – NORMAS UTILIZADAS NA REALIZAÇÃO DOS ESTUDOS
EXPERIMENTAIS

ABNT NBR: 7181 Solo – Análise granulométrica, Associação Brasileira de Normas Técnicas
2016.
ABNT NBR: 6458 Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8 mm –
Determinação da massa específica, da massa específica aparente e da absorção de água.
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2ª edição, 2017.
ABNT NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez, Associação Brasileira de
Normas Técnicas, 2ª edição, 2017.
ABNT NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade, Associação Brasileira de
Bormas Técnicas, 2ª edição, 2016.
ABNT NBR 16840: Solo – Determinação do índice de vazios máximo de solos não coesivos,
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2020.
ABNT NBR 16843: Solo – Determinação do índice de vazios mínimo de solos não coesivos,
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2020.
ABNT NBR 13292: Solo – Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos
granulares à carga constante, Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2ª edição, 2021.
ABNT NBR 14545: Solo – Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos
argilosos à carga variável, Associação Brasileira de Normas Técnicas 2ª edição, 2021.
ABNT NBR 7182: Solo – Ensaio de compactação, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2016.
ASTM D4254, Standard Test Methods for Minimum Index Density and Unit Weight of
Soils and Calculation of Relative Density. American Society for Testing and Materials, 2016.
ASTM D4253: Standard Test Methods for Maximum Index Density and Unit Weight of
soils using a vibratory table. American Society for Testing and Materials, 2016.
ASTM D4767: Standard Test Method for Consolidated Undrained Compression Test for
Cohesive Soils. American Society for Testing and Materials, 2012.
ASTM D7181: Standard Test Method for Consolidated Drained Triaxial Compression
Test fos Soils, American Society for Testing and Materials, 2020.
ASTM D2850: Standard Test Method for Unconsolidated-Undrained Triaxial
Compression Test on Cohesive Soils, American Society for Testing and Materials, 2015.

115
ANEXO B – CLASSIFICAÇÃO TÁTIL-VISUAL DAS AMOSTRAS DE REJEITO

A Figura B1 apresenta a fotografia das amostras coletadas na barragem, sendo suas


respectivas descrições tátil-visual apresentadas a seguir.

Figura B1: Amostras P1 (a), P2 (b), P3 (c), P4 (d) e P5 (e) coletadas na barragem

116
A seguir são apresentadas as descrições tátil-visual das amostras coletadas na barragem, sendo
utilizada nos estudos apresentados neste trabalho, a amostra P3:

• Amostra P1: Areia fina siltosa, coloração marrom e preto; grãos com brilho vítreo-
quartzo e fosco-mineral férrico.
• Amostra P2: Areia fina siltosa, coloração marrom amarelado e preto; minerais com
brilho variando de vítreo e fosco; minerais de silicato e óxido de ferro.
• Amostra P3: Silte arenoso; areia fina; coloração marrom avermelhada com preto; brilho
vítreo pouco marcado; minerais de silicato e óxido de ferro.
• Amostra P4-OD: Areia fina siltosa, coloração marrom amarelada com preto; minerais
de brilho vítreo e fosco.
• Amostra P5-OE: Areia fina, coloração marrom amarelado e preto; minerais brilho vítreo
e fosco – quartzo e minerais férricos aproximadamente com a mesma proporção.

117
ANEXO C – RELATÓRIO FOTOGRÁFICO DAS CONDIÇÕES DE REALIZAÇÃO DOS
ENSAIOS TRIAXIAIS

Figura C1 – Corpo de prova moldado através do método MMT

Figura C2 – Percolação de CO2 através do corpo de prova

118
Figura C3 – Sistema de realização do ensaio triaxial, com célula de carga interna e copo para guiamento do
pistão

Figura C4 – Modo de deformação do corpo de prova com ausência de plano de cisalhamento

119
ANEXO D - ANÁLISE DE FLUORESCÊNCIA DE RAIO X

Figura D1 – Resultados da primeira análise de Fluorescência de Raio X na amostra P3

120
Figura D2 – Resultados da segunda análise de Fluorescência de Raio X na amostra P3.

121
ANEXO E - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRAS
P3

FORMULÁRIO DE CÁLCULO DE ENSAIO Amostra P3

SEDIMENTAÇÃO E PENEIRAMENTO Revisão: Data:


27/09/2021 Página 1/1

Cliente Trabalho N º IPT

MASSA TOTAL DA AMOSTRA: MT= 120 g


TEOR DE UMIDADE: h= 6.20 Fator correção: fc = 0.9416
MASSA TOTAL SECA : MS= 112.99 g Ms=(Mt-Mg).fc+Mg
onde Mg=Massa acum.retida #10
PENEIRAMENTO GROSSO
MASSAS
# mm pol./ num Retida Acumulada Passante % passa
75.1 3" 0 0.00 112.99 100.00%
60 2 1/2" 0 0.00 112.99 100.00%
50.1 2" 0 0.00 112.99 100.00%
37.5 1 1/2 " 0 0.00 112.99 100.00%
25.1 1" 0 0.00 112.99 100.00%
19.1 3/4" 0 0.00 112.99 100.00%
9.5 3/8" 0 0.00 112.99 100.00%
4.75 4 0 0.00 112.99 100.00%
2 10 0 0.00 112.99 100.00%

PENEIRAMENTO FINO:
PESO DA AMOSTRA PARCIAL ÚMIDA: 120
PESO AMOSTRA SECA SUBMETIDA AO PENEIRAMENTO: MF= 112.99
PENEIRAS MASSAS PORCENTAGENS PASSANTES
Abertura Número Retida Acumulada Passante % passante % total
1.18 16 0 0.00 112.99 100.00% multiplicar 100.00%
0.6 30 0 0.00 112.99 100.00% % passante 100.00%
0.425 40 0 0.00 112.99 100.00% por 100.00%
0.3 50 0.4 0.40 112.59 99.65% % total 99.65%
0.15 100 1.68 1.68 111.31 98.51% 98.51%
0.075 200 40.79 40.79 72.20 63.90% 63.90%

SEDIMENTAÇÃO
PROVETA : 30 DENSÍMETRO : 192 N= 100.00%
DENSIDADE PARTÍCULAS QUE PASSAM NA # 10: d = 2.930
HORA DE INICIO DA SEDIMENTAÇÃO: 09:48
FATOR Q/Lc PARA SIMPLIFICAR O CÁLCULO de Q %: FQ= 13.43574486 N d/Ms(d-1)
CORREÇÃO DEVIDO AO MENISCO: adotado 0,0012 que aparece no calculo de Lc como a terceira parcela da coluna Lc
TEMPO (anotar real) LEITURAS CORREÇÕES VALORES AUXILIARES RESULTADOS
NBR 7181
em SEGUNDOSTemper. L Ld LC Viscosid. Alt.queda d Água Diâmetro Q%
0.5 30 27.9 1.0350 0.99961 0.03539 8.55E-06 13.57 0.9963 0.0600 47.5%
1 60 27.9 1.0200 0.99961 0.02039 8.55E-06 16.38 0.9963 0.0466 27.4%
2 120 27.9 1.0090 0.99961 0.00939 8.55E-06 18.44 0.9963 0.0350 12.6%
5 300 27.9 1.0030 0.99961 0.00339 8.55E-06 18.48 0.9963 0.0222 4.6%
8 480 27.9 1.0020 0.99961 0.00239 8.55E-06 18.67 0.9963 0.0176 3.2%
15 900 28 1.0020 0.99959 0.00241 8.53E-06 18.67 0.9963 0.0128 3.2%
30 1,800 27.8 1.0015 0.99964 0.00186 8.56E-06 18.77 0.9964 0.0091 2.5%
60 3,600 27.4 1.0010 0.99973 0.00127 8.64E-06 18.86 0.9965 0.0065 1.7%
134 8,040 26.8 1.0010 0.99986 0.00114 8.76E-06 18.86 0.9966 0.0044 1.5%
253 15,180 26.7 1.0010 0.99989 0.00111 8.78E-06 18.86 0.9967 0.0032 1.5%
507 30,420 27.4 1.0005 0.99973 0.00077 8.64E-06 18.95 0.9965 0.0022 1.0%
1449 86,940 25.1 1.0005 1.00023 0.00027 9.11E-06 18.95 0.9971 0.0014 0.4%

Executado por: Renê Coutinho Data: 27/09/21

Figura E1 – Cálculos do ensaio de granulometria da amostra P3

122
Figura E2 – Cálculos do ensaio de granulometria na amostra P3

123
ANEXO F – FOTOGRAFIAS COM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA

Figura F1 – Microfotografia realizada com Microscópio Eletrônico de Varredura – MEV- na amostra P3, em
diferentes locais e com diferentes aumentos.

124
ANEXO G - RESULTADO DOS ENSAIOS DE ÍNDICE DE VAZIOS,
COMPACTAÇÃO E PERMEABILIDADE

Quadro G1 – Resultados dos ensaios de compactação com energia de 25% do Proctor Normal

ENSAIO DE COMPACTAÇÃO - Energia: 25% do Proctor Normal - 7 golpes


Ponto 1 2 3 4 5 6 7
Peso do cilindro(g) 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6
Volume do cilindro (cm³) 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1
Peso do cilindro + solo úmido3.846,8
(g) 3.877,9 3.919,1 3.965,5 4.011,5 4.122,7 4.133,7
Peso do solo úmido (g) 1.666,2 1.697,3 1.738,5 1.784,9 1.830,9 1.942,1 1.953,1
Massa esp. ap. úmida (g/cm³) 1,673 1,704 1,745 1,792 1,838 1,950 1,961
Cápsula nº 68 M-7 JK M-6 T2 13 K1 M-12 I-30 F-23 1 45 G13 J12
Peso da cápsula + solo úmido
52,9
(g) 46,9 49,3 55,7 49,7 48 53,5 49,5 58,7 47,8 31,2 35,7 49,6 64,0
Peso da cápsula + solo seco51,0
(g) 45,3 47,0 52,9 46,6 45 49,4 45,8 53,2 43,1 27,2 32,1 43,5 56,0
Peso da cápsula (g) 13,8 13,9 14,7 13,7 13,8 10 13,5 14,0 13,3 8,9 4,7 11,6 11,8 13,9
Peso da água (g) 1,9 1,6 2,3 2,8 3,1 3,2 4,1 3,7 5,4 4,7 4,0 3,6 6,1 8,0
Peso do solo seco (g) 37,2 31,4 32,3 39,1 32,8 34,5 35,9 31,8 40,0 34,2 22,5 20,5 31,8 42,1
Teor de umidade (%) 5,1 5,1 7,2 7,2 9,3 9,3 11,4 11,5 13,6 13,7 17,6 17,6 19,2 19,1
Umidade média (%) 5,1 7,2 9,3 11,5 13,6 17,6 19,1
Massa esp. ap. seca (g/cm³) 1,592 1,589 1,596 1,607 1,617 1,658 1,646

Quadro G1 - Continuação

ENSAIO DE COMPACTAÇÃO - Energia: 25% do Proctor Normal - 7 golpes


Ponto 8 9 10 11 12 13
Peso do cilindro(g) 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6
Volume do cilindro (cm³) 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1
Peso do cilindro + solo úmido (g)4.102,8 4.042,9 4.084,0 4.134,8 4.127,7 4.065,7
Peso do solo úmido (g) 1.922,2 1.862,3 1.903,4 1.954,2 1.947,1 1.885,1
Massa esp. ap. úmida (g/cm³) 1,930 1,870 1,911 1,962 1,955 1,892
Cápsula nº 631 663 K1 J12 LC M-2 JF T2 707 862 B13 G-13
Peso da cápsula + solo úmido
40,4
(g) 35,6 45,9 45,8 51,9 45,8 52,9 59,6 43,2 46,86 50,3 50,3
Peso da cápsula + solo seco 35,9
(g) 31,9 41,8 41,8 46,6 41,4 46,6 52,3 37,6 40,88 45,3 45,0
Peso da cápsula (g) 12,6 13,2 13,5 13,9 13,4 13,6 13,7 13,8 12,6 13,12 13,6 11,8
Peso da água (g) 4,5 3,7 4,0 3,9 5,2 4,4 6,3 7,3 5,6 6,0 5,0 5,3
Peso do solo seco (g) 23,4 18,7 28,3 27,9 33,2 27,8 33,0 38,5 25,1 27,8 31,7 33,2
Teor de umidade (%) 19,0 19,5 14,2 14,1 15,8 15,7 19,2 19,1 22,2 21,5 15,9 16,0
Umidade média (%) 19,3 14,2 15,7 19,1 21,9 15,9
Massa esp. ap. seca (g/cm³) 1,618 1,638 1,651 1,647 1,604 1,632

125
Figura G1 – Curva do ensaio de compactação para a energia de 25% do Proctor Normal

Figura G2 – Material compactado com energia de 25% do PN, com diferentes teores de umidade.

126
Quadro G2 – Resultados dos ensaios de compactação com energia de 50% do Proctor Normal

ENSAIO DE COMPACTAÇÃO - Energia: 50% do Proctor Normal - 13 golpes


Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8
Peso do cilindro(g) 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6
Volume do cilindro (cm³) 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1
Peso do cilindro + solo
3.896,4 3.918,7 3.975,8 4.009,3 4.066,9 4.152,4 4.147,4 4.138,0
úmido (g)
Peso do solo úmido (g) 1.715,8 1.738,1 1.795,2 1.828,7 1.886,3 1.971,8 1.966,8 1.957,4
Massa esp. ap. úmida
1,723 1,745 1,802 1,836 1,894 1,980 1,975 1,965
(g/cm³)
F-
Cápsula nº T2 M12 G-13 I-30 M-6 B 13 K - 1 13 M-7 68 C 05 JF JK 45 631
23
Peso da cápsula + solo
56,6 53,5 48,5 46,2 50,8 59 54,0 51,0 60,9 41,1 63,1 60,2 53,7 62,5 41,9 38,0
úmido (g)
Peso da cápsula + solo
54,4 51,5 46,1 44,0 47,8 55 50,1 47,1 55,7 37,5 56,6 54,0 47,8 55,68 37,2 34,0
seco (g)
Peso da cápsula (g) 13,8 14,0 11,8 13,3 13,7 14 13,5 10,4 13,9 8,9 13,8 13,8 13,7 14,71 11,6 12,5
Peso da água (g) 2,2 2,0 2,4 2,2 3,0 3,7 3,9 3,9 5,2 3,6 6,5 6,2 5,9 6,8 4,7 4,0
Peso do solo seco (g) 40,6 37,6 34,3 30,7 34,0 41,2 36,6 36,7 41,8 28,5 42,9 40,3 34,1 41,0 25,6 21,5
Teor de umidade (%) 5,4 5,3 7,1 7,1 8,7 8,9 10,6 10,7 12,5 12,7 15,1 15,3 17,4 16,6 18,4 18,8
Umidade média (%) 5,3 7,1 8,8 10,7 12,6 15,2 17,0 18,6
Massa esp. ap. seca
1,636 1,629 1,656 1,659 1,682 1,719 1,688 1,657
(g/cm³)

Quadro G2 - Continuação

ENSAIO DE COMPACTAÇÃO - Energia: 25% do Proctor Normal - 50% PN


Ponto 9 10 11 12 13 14 15
Peso do cilindro(g) 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6
Volume do cilindro (cm³) 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1
Peso do cilindro + solo
4.099,1 4.171,1 4.171,5 4.168,3 4.171,5 4.168,3 4.108,8
úmido (g)
Peso do solo úmido (g) 1.918,5 1.990,5 1.990,9 1.987,7 1.990,9 1.987,7 1.928,2
Massa esp. ap. úmida
1,926 1,998 1,999 1,996 1,999 1,996 1,936
(g/cm³)
Cápsula nº J6 I-30 CO 5 B13 13 M-7 M9 M6 13 M-7 M9 M6 10 663
Peso da cápsula + solo
51,1 51,5 58,2 55,6 52,4 53,5 61,7 56,4 52,4 53,5 61,7 56,4 36,3 38,8
úmido (g)
Peso da cápsula + solo
46,9 46,9 52,1 49,79 46,4 47,9 54,4 50,0 46,4 47,9 54,4 50,0 33,2 35,6
seco (g)
Peso da cápsula (g) 15,9 13,3 13,8 13,59 10,4 13,9 13,1 13,7 10,4 13,9 13,1 13,7 11,5 13,2
Peso da água (g) 4,2 4,6 6,0 5,8 6,0 5,6 7,4 6,4 6,0 5,6 7,4 6,4 3,1 3,3
Peso do solo seco (g) 31,0 33,6 38,4 36,2 36,1 34,0 41,2 36,3 36,1 34,0 41,2 36,3 21,7 22,4
Teor de umidade (%) 13,5 13,7 15,7 15,9 16,5 16,5 17,9 17,7 16,5 16,5 17,9 17,7 14,3 14,5
Umidade média (%) 13,6 15,8 16,5 17,8 16,5 17,8 14,4
Massa esp. ap. seca
1,695 1,725 1,716 1,694 1,716 1,694 1,692
(g/cm³)

127
Figura G3 – Curva do ensaio de compactação para a energia de 50% do Proctor Normal

Figura G4 – Material compactado com energia de 50% do PN, com diferentes teores de umidade.

128
Quadro G3 – Resultados dos ensaios de compactação com energia de 50% do Proctor Normal

ENSAIO DE COMPACTAÇÃO - Energia: 75% do Proctor Normal - 19 golpes


Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8
Peso do cilindro(g) 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6
Volume do cilindro (cm³) 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1
Peso do cilindro + solo úmido3.934,0
(g) 3.969,5 4.021,8 4.061,3 4.106,9 4.179,7 4.167,8 4.159,6
Peso do solo úmido (g) 1.753,4 1.788,9 1.841,2 1.880,7 1.926,3 1.999,1 1.987,2 1.979,0
Massa esp. ap. úmida (g/cm³) 1,760 1,796 1,848 1,888 1,934 2,007 1,995 1,987
Cápsula nº M-6 K-1 13 T2 I-30 C05 68 B13 M12 M7 631 45 10 707 F23 JK
Peso da cápsula + solo úmido
48,5
(g) 46,2 49,2 51,2 54,2 52 63,7 59,8 54,0 48,8 37,3 33,4 40,9 40,3 54,3 60,4
Peso da cápsula + solo seco46,8
(g) 44,6 46,5 48,6 50,7 48 58,6 55,1 49,4 44,8 34,2 30,6 36,9 36,6 47,7 53,9
Peso da cápsula (g) 13,7 13,5 10,4 13,8 13,3 14 13,8 13,6 14,0 13,9 12,6 11,6 11,5 12,6 8,9 14,7
Peso da água (g) 1,7 1,6 2,7 2,6 3,5 3,3 5,1 4,7 4,6 4,1 3,1 2,9 3,9 3,7 6,6 6,5
Peso do solo seco (g) 33,0 31,1 36,1 34,8 37,4 34,7 44,8 41,5 35,4 30,9 21,6 19,0 25,4 24,0 38,8 39,2
Teor de umidade (%) 5,1 5,0 7,5 7,5 9,4 9,4 11,3 11,3 13,1 13,1 14,4 15,1 15,4 15,5 16,9 16,6
Umidade média (%) 5,1 7,5 9,4 11,3 13,1 14,8 15,5 16,8
Massa esp. ap. seca (g/cm³) 1,675 1,671 1,69 1,697 1,71 1,749 1,728 1,702

Quadro G3 - Continuação

ENSAIO DE COMPACTAÇÃO - Energia: 75% do Proctor Normal - 19 golpes


Ponto 9 10 11 12 13 14 15
Peso do cilindro(g) 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6 2.180,6
Volume do cilindro (cm³) 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1 996,1
Peso do cilindro + solo
4.021,2 4.050,4 4.085,0 4.124,0 4.156,5 4.178,9 4.158,0
úmido (g)
Peso do solo úmido (g) 1.840,6 1.869,8 1.904,4 1.943,4 1.975,9 1.998,3 1.977,4
Massa esp. ap. úmida
1,848 1,877 1,912 1,951 1,984 2,006 1,985
(g/cm³)
Cápsula nº M9 JK L14 G13 B13 T2 M6 M12 M7 LC17 862 707 68 J13
Peso da cápsula + solo
40,2 39,9 36,2 41,3 42,8 46,0 53,8 56,1 56,6 67,0 34,5 32,0 56,5 47,9
úmido (g)
Peso da cápsula + solo
37,8 37,6 33,5 38,3 39,6 42,5 49,0 51,1 51,3 60,2 31,7 29,4 50,7 42,7
seco (g)
Peso da cápsula (g) 13,1 14,7 9,5 11,8 13,6 13,8 13,7 14,0 13,9 13,4 13,1 12,6 13,8 10,4
Peso da água (g) 2,4 2,3 2,7 3,0 3,2 3,5 4,8 5,1 5,2 6,9 2,8 2,6 5,8 5,2
Peso do solo seco (g) 24,7 22,9 24,0 26,5 26,0 28,7 35,3 37,1 37,4 46,7 18,6 16,8 36,9 32,3
Teor de umidade (%) 9,6 9,8 11,2 11,2 12,2 12,3 13,6 13,6 14,0 14,7 15,3 15,3 15,8 16,0
Umidade média (%) 9,7 11,2 12,2 13,6 14,3 15,3 15,9
Massa esp. ap. seca
1,684 1,688 1,703 1,717 1,735 1,74 1,713
(g/cm³)

129
Figura G5 – Curva do ensaio de compactação para a energia de 75% do Proctor Normal

Figura G6 – Material compactado com energia de 75% do PN, com diferentes teores de umidade.

130
Tabela G1 – Índices de vazio máximos pela ABNT

volume massa solo


massa do massa do solo γs d
cilindro + cilindro emax
cilindro (g) (g) (g/cm3) (g/cm3)
(cm3) (g)
2830 3441 7678.40 4237.40 1.50 2.934 0.96
2830 3441 7653.10 4212.10 1.49 2.934 0.97
2830 3441 7668.30 4227.30 1.49 2.934 0.96
2830 3441 7652.90 4211.90 1.49 2.934 0.97
2830 3441 7663.50 4222.50 1.49 2.934 0.97
emax médio 0.967

Tabela G2– Índices de vazio mínimo pela ABNT

volume Massa Volume


Area da Altura do d
cilindro Hsolo de solo preenchido γs (g/cm3) emin
seção (cm2) molde (g/cm3)
(cm3) (g) (cm3)
2830 182.06 15.54 9.61 3322.75 1749.80 1.90 2.934 0.55
2830 182.06 15.54 9.94 3436.50 1809.82 1.90 2.934 0.55
2830 182.06 15.54 9.04 3142.30 1646.64 1.91 2.934 0.54
emin médio 0.543

131
Quadro G4 – Resultados do ensaio de permeabilidade a carga constante

CÁLCULO DO ENSAIO DE PERMEABILIDADE A CARGA CONSTANTE


Interessado Renê
Local IPT
N o de Ordem 20169

DIMENSÕES INICIAIS DO CORPO DE PROVA e max 1.18


Altura do CP (cm) 21 e min 0.54
Diâmetro do CP (cm) 15.4
3
Volume cm 3911.57
Área do CP (cm2) 186.265 Umidades
Distância entre os piezômetros (cm) 13.0 Moldagem
Massa úmida + tara g 18.11 19.38 16.99
CARACTERÍSTICAS INICIAIS DO CORPO DE PROVA Massa seca + tara g 17.42 18.6 16.21
Massa de moldagem g 7397.60 Massa seca g 6559.6 Tara g 12.11 12.35 10.14
Massa específica dos grãos (g/cm3) 2.934 Massa da água g 0.69 0.78 0.78
Densidade seca (g/cm3) 1.677 Gama seco (kN/m3) 16.45 Massa seca g 5.31 6.25 6.07
Índice de vazios 0.750 Umidade % 12.99 12.48 12.85
Compacidade relativa (%) 67.25 Média 12.77

CÁLCULO DA PERMEABILIDADE
Volume Intervalo Temperat Piezômetro Piezômetro Perda Vazão velocidade relação velocidade gradiente
escoado tempo (oC) Base (cm) Topo (cm) de viscosidades da agua 20o hidraulico
(cm3) [delta t] Carga (cm) (cm3/s) (cm/s) (cm/s)
(s)
0 0
20 136 24.7 2.7 14.05 11.35 0.1 0.00079 0.893 0.00071 0.87
20 137 24.7 1.4 14 12.6 0.1 0.00078 0.893 0.00070 0.97
20 175 24.8 1 14 13 0.1 0.00061 0.891 0.00055 1.00
20 97 24.8 0.8 14 13.2 0.2 0.00111 0.891 0.00099 1.02
20 140 24.8 0.5 14 13.5 0.1 0.00077 0.891 0.00068 1.04
20 110 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00098 0.895 0.00087 1.99
20 107 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00100 0.895 0.00090 1.99
20 106 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00101 0.895 0.00091 1.99
20 107 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00100 0.895 0.00090 1.99
20 109 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00099 0.895 0.00088 1.99
20 87 24.9 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.889 0.0011 3.10
20 87 24.9 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.889 0.0011 3.10
20 87 24.9 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.889 0.0011 3.10
20 88 25 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.887 0.0011 3.10
20 91 25 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.887 0.0010 3.10
20 76 25.2 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.883 0.0012 4.23
20 75 25.2 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.883 0.0013 4.23
20 73 25.3 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.881 0.0013 4.23
20 72 25.3 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.881 0.0013 4.23
20 74 25.3 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.881 0.0013 4.23

coeficiente de permeabilidade: 9.9E-04 cm/seg 20ºC

132
Quadro G5 – Resultados do ensaio de permeabilidade a carga variável

ENSAIO DE PERMEABILIDADE À CARGA VARIÁVEL - DEC-LMS-PE-010


PLANILHA DE CÁLCULO

Amostra No. IPT: P3 Data início: 29/09/2021

Operador: Renê / Rodrigo Hora início: 8:02


Pressão Pressão Leitura Leitura Tempo (s) k20 oC
na base no topo na base no topo
(kPa) (kPa) (cm 3) (cm 3) Estágio Acumulado (cm/s)
300 300 1.00 24.00 0 0
300 300 2.70 22.00 15 15 1.8E-03
300 300 4.00 20.60 15 30 1.6E-03
300 300 5.20 19.50 15 45 1.5E-03
300 300 6.10 18.60 15 60 1.4E-03
300 300 6.90 17.80 15 75 1.4E-03
300 300 7.50 17.20 15 90 1.2E-03
300 300 8.00 16.70 15 105 1.1E-03
300 300 8.50 16.20 15 120 1.3E-03
300 300 8.90 15.60 15 135 1.4E-03
300 300 9.40 15.30 30 165 6.5E-04
300 300 9.80 14.90 30 195 7.5E-04
300 300 10.00 14.70 15 210 8.4E-04

média 4 últimos valores de k: 1.4E-03 (cm/s)

ENSAIO DE PERMEABILIDADE À CARGA VARIÁVEL - DEC-LMS-PE-010


PLANILHA DE CÁLCULO

Amostra No. IPT: P3 Data início: 29/09/2021

Operador: Renê / Rodrigo Hora início: 8:00


Pressão Pressão Leitura Leitura Tempo (s) k20 oC
na base no topo na base no topo provisório
(kPa) (kPa) (cm 3) (cm 3) Estágio Acumulado (cm/s)
300 300 1.00 24.00 0 0
300 300 2.00 23.00 14 14 1.0E-03
300 300 3.00 22.00 15 29 1.0E-03
300 300 4.00 21.00 19 48 9.0E-04
300 300 5.00 20.00 21 69 9.2E-04
300 300 6.00 19.10 23 92 9.1E-04
300 300 7.00 18.10 28 120 9.1E-04
300 300 8.00 17.10 32 152 9.6E-04
300 300 9.00 16.10 40 192 9.6E-04
300 300 10.00 10.05 54 246 1.4E-02

média 4 últimos valores de k: 9.2E-04 (cm/s)

133
ANEXO H - RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS

Tabela G1 – Condições do ensaio do CIU1

CIU1
Tensão confinante (kPa) 200
Índice de vazios (e) de moldagem 0.785
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.98
w (%) 27.8
e 0.806
Estado crítico
p' (kPa) 261
q (kPa) 299

Figura H1 – Curva tensão defromação do ensaio CIU1

Figura H2 – Caminho de tensão do ensaio CIU1


134
Figura H3 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU1

Tabela H2 – Condições do ensaio do CIU2

CIU2
Tensão confinante (kPa) 300
Índice de vazios (e) de moldagem 0.83
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.99
w (%) 28.36
e 0.831
Estado crítico
p' (kPa) 105
q (kPa) 126

Figura H4 – Curva tensão defromação do ensaio CIU2

135
Figura H5 – Caminho de tensão do ensaio CIU2

Figura H6 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU2

Tabela H4 – Condições do ensaio do CIU3

CIU3
Tensão confinante (kPa) 400
Índice de vazios (e) de moldagem 0.964
Percolação Água
Parâmetro B 0.71
w (%) 30.3
e 0.886
Estado crítico
p' (kPa) 5
q (kPa) 10

136
Figura H7 – Curva tensão defromação do ensaio CIU3

Figura H8 – Caminho de tensão do ensaio CIU3

137
Figura H9 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU3

Tabela H5 – Condições do ensaio do CIU4

CIU4
Tensão confinante (kPa) 600
Índice de vazios (e) de moldagem 0.871
Percolação Água e CO2
Parâmetro B 0.94
w (%) 26.64
e 0.781
Estado crítico
p' (kPa) 812
q (kPa) 1000

Figura H10 – Curva tensão defromação do ensaio CIU4

138
Figura H11 – Caminho de tensão do ensaio CIU4

Figura H12 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU4

Tabela H6 – Condições do ensaio do CIU5

CIU5
Tensão confinante (kPa) 150
Índice de vazios (e) de
0,820
moldagem
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0,98
w (%) 28,08
Estado crítico e 0,823
p' (kPa) 132
139
q 100

Figura H13 – Curva tensão defromação do ensaio CIU5

Figura H14 – Caminho de tensão do ensaio CIU5

140
Figura H15 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU5

Tabela H7– Condições do ensaio do CID1

CID1
Tensão confinante (kPa) 25
Índice de vazios (e) de
0.892
moldagem
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.99
w (%) 29.12
e 0.853
Estado crítico
p' (kPa) 33
q 32

Figura H16 – Curva tensão defromação do ensaio CID1

Figura H17 – Caminho de tensão do ensaio CID1


141
Figura H18 – Curva de deformação volumétrica em função da deformação axial do ensaio CID1

Tabela G8– Condições do ensaio do CID2

CID2
Tensão confinante (kPa) 500
Índice de vazios (e) de moldagem 0.826
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.99
w (%) 26.45
e 0.775
Estado crítico
p' (kPa) 825
q (kPa) 983

Figura H19 – Curva tensão defromação do ensaio CID2


142
Figura H20 – Caminho de tensão do ensaio CID2

Figura H21 – Curva de deformação volumétrica em função da deformação axial do ensaio CID2

Tabela H9– Condições do ensaio do CID6

CID6
Tensão confinante (kPa) 800
Índice de vazios (e) de
0,978
moldagem
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0,97
w (%)
Estado crítico e
p' (kPa)
143
Figura H22 – Curva tensão defromação do ensaio CID6

Figura H23 – Caminho de tensão do ensaio CID6

144
Figura H24 – Curva de deformação volumétrica em função da deformação axial do ensaio CID6

2
1,8

Razão de tensão, η (-) 1,6


1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4 CID3
η em Dmin 0,2
0 (a)
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2
Dilatância (-)

Figura H1 – Relação entre a razão de tensão e dilatância para o ensaio CID3

2
1,8
Razão de tensão, η (-)

1,6
1,4
1,2
1
0,8
CID4
0,6
0,4
0,2
0
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4
Dilatância (-)

Figura H2 – Relação entre a razão de tensão e dilatância para o ensaio CID4

145
1,8
1,6
Razão de tensão , η (-) 1,4
1,2
1 CID5
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4
Dilatância (-)

Figura H3 – Relação entre a razão de tensão e dilatância para o ensaio CID5

1,8
1,6
Razão de tensão, η (-)

1,4
1,2
CID7
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6
Dilatância (-)

Figura H4 – Relação entre a razão de tensão e dilatância para o ensaio CID7

146
1,8
1,6

Razão de tensão, η (-)


1,4
1,2
1
CID8
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,4 -0,2 0 0,2 0,4
Dilatância (-)

Figura H5 – Relação entre a razão de tensão e dilatância para o ensaio CID8

147
ANEXO I - RESULTADOS DOS ENSAIOS COM BENDER ELEMENTS

15 Tensão: 25 kPa
10 frequencia: 5 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

15 Tensão: 25 kPa
10
frequencia: 6,7 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

15 Tensão: 25 kPa
10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

15 Tensão: 25 kPa
10
frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016
Tempo (segundos)

Figura I1 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 25
kPa, para diferentes frequências.

148
15 Tensão: 50 kPa
10 frequencia: 5 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

15 Tensão: 50 kPa
10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014
Tempo (segundos)

15 Tensão: 50 kPa
10
frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016
Tempo (segundos)

Figura I2 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 50
kPa, para diferentes frequências.

149
15 Tensão: 100 kPa
10
frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014
Tempo (segundos)

15 Tensão: 100 kPa


10 frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008
Tempo (segundos)

Figura I3 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 100
kPa, para diferentes frequências.

150
15 Tensão: 200 kPa
Amplitude (V)
10
frequencia: 5 kHz
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 200 kPa


10
frequencia: 6,7 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)

15 Tensão: 200 kPa


10
frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)

15 Tensão: 200 kPa


10 frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

Figura I4 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 200
kPa, para diferentes frequências.

151
15 Tensão: 300 kPa
10 frequencia: 5 kHz
Amplitude (\V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 300 kPa


10
frequencia: 6,7 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15
Tensão: 300 kPa
10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)

15 Tensão: 300 kPa


frequencia: 20 kHz
10
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

Figura I5 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 300
kPa, para diferentes frequências.

152
15 Tensão: 400 kPa
10
Amplitude (V) frequencia: 5 kHz
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 400 kPa


10 frequencia: 6,7 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 400 kPa


10
frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)

15 Tensão: 400 kPa


10 frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

Figura I6 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 400
kPa, para diferentes frequências.

153
15 Tensão: 500 kPa
10
frequencia: 5 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 500 kPa


10 frequencia: 6,7kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 500 kPa


10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008 0,0009
Tempo (segundos)

15 Tensão: 500 kPa


10
frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)

Figura I7 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 500
kPa, para diferentes frequências.

154
15 Tensão: 600 kPa
Amplitude (V)
10 frequencia: 5 kHz
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 600 kPa


10
frequencia: 6,7 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 600 kPa


10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

15 Tensão: 600 kPa


10
frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)

5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)

Figura I8 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 600
kPa, para diferentes frequências.

155
Tabela I8 – Valores da velocidade da onda cisalhante obtidos através do ensaio de Bender Elements

1a. 2a. V(s) (m/s)


1a. 2a. Determinação Determ Determin. altura
pressão frequência Determinação delay distância
pico do cp
confinante kHz - chegada pico tempo (ms) (cm)
chegada corrigida corrigida (cm) 1a. Determ 2a. Determ
(kPa) (ms) excitação (ms)
(ms)
(ms)
20 0,8 0,84 0,013 0,828 0,021 0,779 0,807 10,05 9,45 121,309 117,173
10 0,8 0,84 0,025 0,815 0,021 0,779 0,794 10,05 9,45 121,309 119,018
25 121,309 118,464
6,67 0,8 0,85 0,037 0,813 0,021 0,779 0,792 10,05 9,45 121,309 119,391
5 0,8 0,87 0,050 0,820 0,021 0,779 0,799 10,05 9,45 121,309 118,273
20 0,65 0,68 0,013 0,668 0,021 0,629 0,647 9,97 9,37 148,967 144,934
50 10 0,67 0,7 0,025 0,675 0,021 0,649 0,654 9,97 9,37 144,376 144,4675 143,272 144,1941
5 0,69 0,72 0,050 0,670 0,021 0,669 0,649 9,97 9,37 140,060 144,376
20 0,53 0,54 0,013 0,528 0,021 0,509 0,507 9,9 9,3 182,711 183,613
100 180,951 180,547
10 0,54 0,57 0,025 0,545 0,021 0,519 0,524 9,9 9,3 179,191 177,481
20 0,46 0,47 0,013 0,458 0,021 0,439 0,437 9,82 9,22 210,023 211,226
10 0,46 0,48 0,025 0,455 0,021 0,439 0,434 9,82 9,22 210,023 212,442
200 208,8534 214,3242
6,7 0,47 0,49 0,037 0,453 0,021 0,449 0,432 9,82 9,22 205,345 213,581
5 0,46 0,49 0,050 0,440 0,021 0,439 0,419 9,82 9,22 210,023 220,048
20 0,39 0,41 0,013 0,398 0,021 0,369 0,377 9,78 9,18 248,780 243,825
10 0,41 0,43 0,025 0,405 0,021 0,389 0,384 9,78 9,18 235,990 239,063
300 243,9418 246,3949
6,7 0,4 0,43 0,037 0,393 0,021 0,379 0,372 9,78 9,18 242,216 246,982
5 0,39 0,43 0,050 0,380 0,021 0,369 0,359 9,78 9,18 248,780 255,710
20 0,38 0,39 0,013 0,378 0,021 0,359 0,357 9,74 9,14 254,596 256,381
14,3 0,38 0,39 0,017 0,373 0,021 0,359 0,352 9,74 9,14 254,596 260,016
400 254,5961 265,4806
10 0,38 0,39 0,025 0,365 0,021 0,359 0,344 9,74 9,14 254,596 265,698
6,7 0,38 0,4 0,037 0,363 0,021 0,359 0,342 9,74 9,14 254,596 267,497
156
1a. 2a. V(s) (m/s)
1a. 2a. Determinação Determ Determin. altura
pressão frequência Determinação delay distância
pico do cp
confinante kHz - chegada pico tempo (ms) (cm)
(kPa) (ms) chegada corrigida corrigida (cm) 1a. Determ 2a. Determ
excitação (ms)
(ms)
(ms)
5 0,38 0,4 0,050 0,350 0,021 0,359 0,329 9,74 9,14 254,596 277,812
20 0,34 0,35 0,013 0,338 0,021 0,319 0,317 9,62 9,02 282,759 284,992
14 0,35 0,37 0,018 0,352 0,021 0,329 0,331 9,62 9,02 274,164 272,390
500 10 0,35 0,37 0,025 0,345 0,021 0,329 0,324 9,62 9,02 274,164 275,883 278,395 285,369
6,7 0,35 0,37 0,037 0,333 0,021 0,329 0,312 9,62 9,02 274,164 289,393
5 0,35 0,37 0,050 0,320 0,021 0,329 0,299 9,62 9,02 274,164 301,672
20 0,34 0,35 0,013 0,338 0,021 0,319 0,317 9,6 9 282,132 284,360
14 0,34 0,35 0,018 0,332 0,021 0,319 0,311 9,6 9 282,132 289,256
600 10 0,34 0,35 0,025 0,325 0,021 0,319 0,304 9,6 9 282,132 282,132 296,053 295,882
6,7 0,34 0,36 0,037 0,323 0,021 0,319 0,302 9,6 9 282,132 298,323
5 0,34 0,36 0,050 0,310 0,021 0,319 0,289 9,6 9 282,132 311,419

157
ANEXO J – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COLUNA RESSONANTE

Figura J1 – Variação de Gmáx ao longo do tempo para diferentes tensões confinantes.

Figura J3 – Valores de Gmáx para diferentes tensões confinantes

158
Figura J4 – Valores de Vs para diferentes tensões confinantes.

159
ANEXO K– RESULTADOS DAS ANÁLISES DO MODELO NORSAND

Figura K1 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID1.

160
Figura K2 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID3.

161
Figura K3 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID4.

162
Figura K5 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID5.

163

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