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Rio de Janeiro
Setembro de 2022
ESTUDOS EXPERIMENTAIS E MODELO NORSAND APLICADOS A UM
REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO
Aprovada por:
_____________________________________
Prof. Marcio de Souza Soares de Almeida
_____________________________________
Prof. António Joaquim Pereira Viana da Fonseca
_____________________________________
Prof. Ian Schumann Marques Martins
_____________________________________
Prof. José Maria de Camargo Barros
_____________________________________
Prof. Leonardo De Bona Becker
iii
Try Again. Fail Again. Fail
Better.
(Samuel Beckett)
(Albert Einstein)
iv
Àqueles que faço menção
em agradecimento,
DEDICO.
v
AGRADECIMENTO
A Deus;
À minha família;
Aos que lutam, neste país, em prol de uma educação acessível a todos.
Muito Obrigado!
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Setembro/2022
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Science (M.Sc.)
Setembro/2022
Recent accidents in mining tailings dams have caused environmental catastrophes with
hundreds of victims. This led to various actions by society and new control mechanisms. In
thesse structures the tailings presentes granulometry that varies between sand and silt and is
generally found with high water contents and in a loose state. These characteristics make these
materials highly susceptible to liquefaction, which can lead to dam failures. Therefore, the study
of the materials that constitute these structures is essential for the correct management and
knowledge of the stability condition of these structures. In this sense, this work presents the
study in a mining tailings, whose characteristics are representative of the tailings of the
Quadrilátero Ferrífero of Minas Gerais, which contributes to the knowledge of the behavior of
these materials. The study presented here is based on an experimental program that includes
traditional triaxial tests, with Bender Elements and in Resonant Column. The results obtained
are evaluated in the light of critical state soil mechanics, including obtaining the parameters of
the NorSand model, its calibration and the comparison between laboratory tests and the referred
model. The results obtained provide a mechanical characterization of the tailings, which allows
a better understanding of the geotechnical behavior of the structure.
viii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ........................................................................... 1
ix
3.5 Ensaio de compactação .................................................................................. 36
x
4.9.1 Dilatância e Parâmetros M, N e χ ............................................................. 73
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 4- Ilustração esquemática da LEC no espaço e versus p, mostrando sua não linearidade.
Figura 10- - Linha de estado crítico obtida a partir de ensaios triaxiais de compressão e extensão.
Figura 11- - Diferentes LECs obtidas para material com aproximadamente a mesma fração de
silte, mas diferentes granulometrias.
Figura 17- - Superfície de escoamento do modelo Norsand para material fofo (a) e compacto
(b).
Figura 18- Perfis de poropressão, densidade relativa e parâmetro de estado medidos no ensaio
de CPTu realizado na praia de rejeitos.
xii
Figura 19- Comparação entre a curva granulométrica do rejeito estudado com o rejeito das
barragens B1 do Córrego do Feijão e do Fundão.
Figura 23- Esquema ilustrativo do topo e base lubrificados para ensaios triaxiais (a) foto; (b)
ilustração lateral.
Figura 24- Molde de compactação dos corpos de prova (esquerda) e - base da célula, com a
dupla camada de membrana de látex (a direita).
Figura 25- Conjunto utilizado na moldagem dos corpos de prova, com aplicação de vácuo à
parede do molde para permitir a aderência da membrana.
Figura 26- Gráfico de q em função da deformação axial (ε1), mostrando o ponto a partir do qual
foi atingido o estado crítico (steady state).
Figura 28- a) Deformação do bender element e propagação da onda cisalhante através do corpo
de prova; b) representação dos elementos da onda senoidal.
Figura 29- curva senoidal típica dos sinais gerados e recebidos nos ensaios de Bender Elements
e diferentes pontos de chegada da onda.
Figura 30- Imagens obtidas a partir do Microscópio Eletrônico de Varredura, com aumentos de
100 vezes e 200 vezes.
Figura 32- Relação entre densidade seca e altura de queda equivalente do soquete (em log) para
as umidades de 7%, 9%, 11%, 13% e 15% com as retas de tendência.
Figura 34- Tensão desviatória (a) e deformação volumétrica (b) em função da deformação axial,
para os ensaios drenados em corpos de prova fofos.
xiii
Figura 35- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios drenados.
Figura 36- Gráfico de tensão desviatória (a) e de acréscimo de poropressão (b) para os ensaios
não drenados utilizados para determinação da LEC.
Figura 37- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios não drenados.
Figura 38- Linha de Estado Crítico (LEC) nos espaços e versus p’ (a) e q versus p’ (b).
Figura 39- Ensaios que não foram considerados para a definição da linha de estado crítico.
Figura 42- Taxa de tensão máxima (η)máx em função da dilatância mínima (Dmin)
Figura 43- ensaio realizado na caixa, para determinação do ângulo de atrito no repouso
Figura 44- Dilatância mínima (Dmin) em função do parâmetro de estado (ψ) em Dmin.
Figura 45- Módulos de endurecimento em função do parâmetro de estado, obtidos do ajuste das
curvas dos ensaios triaxiais e do modelo NorSand.
Figura 46- Relação entre os valores dos módulos cisalhantes obtidos em laboratório e os valores
calculados através da equação de elasticidade.
Figura 47- Comparação dos resultados dos ensaios CIU2 e CIU5 com o modelo NorSand.
Figura 48- Comparação dos resultados dos ensaios CIU3 com o modelo NorSand.
Figura 49- Comparação dos resultados dos ensaios CIU1 e CIU4 com o modelo NorSand.
Figura 50- Comparação dos resultados dos ensaios CIU4 com o modelo NorSand, considerando
diferentes valores de Gmax e OCR.
Figura 53 - Comparação da Linha de Estado Crítico obtida neste trabalho com outras descritas
na literatura.
xiv
Figura 55 - Comparação do parâmetro λ com os apresentados pela literatura, em função do
conteúdo de finos.
Figura 58 - Comparação entre a LEC obtida neste trabalho e as dos materiais da barragem B1
do Córrego do Feijão.
Figura 61 - Comparação dos valores de índice de fragilidade obtidos neste trabalho com valores
dos rejeitos da Barragem de Germano
Figura 62 - Comparação dos valores obtidos neste trabalho com valores dos rejeitos da
Barragem de Germano
Figura 63 – Valores do ângulo de atrito em função do parâmetro de estado obtidos neste trabalho
e apresentados por JEFFERIES e BEEN (2016).
Figura 65 - Ângulo de atrito versus parâmetro de estado normalizado obtidos neste trabalho e
apresentados por JEFFERIES e BEEN (2016).
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Faixa de valores típicos dos parâmetros de estado crítico para materiais arenosos
(JEFFERIES e BEEN, 2016).
Tabela 2 – Principais ensaios indicados para o estudo da liquefação através do estado crítico
Tabela 4 - Dimensões do molde utilizado para a moldagem dos corpos de prova para os ensaios
triaxiais.
Tabela 5 - Tempos de viagem estimados a partir dos pontos indicados na Figura 29.
Tabela 9 – Valores dos índices de vazios máximo e mínimo obtidos por diferentes métodos.
Tabela 12– Valores obtidos de Vs e Gmax a partir de ensaios com Bender Elements
Tabela 14 - Valores descritos, na literatura, para diferentes materiais, dos parâmetros usados no
modelo Norsand
Tabela 15– Valores dos parâmetros do estado crítico e de classificação granulométrica para o
material estudado e para os materiais da barragem B1 do Córrego do Feijão.
Tabela 16– Comparação entre os parâmetros obtidos neste trabalho com os da barragem de
Germano
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
xvii
e Índice de vazios
ec Índice de vazios no estado crítico
eo Índice de vazios inicial
emax Índice de vazios máximo
emin Índice de vazios mínimo
Κ Coeficiente de permeabilidade
p’ Tensão efetiva média (p’ = σ’1 + 2σ’3)/3
p'o Tensão efetiva média no início do ensaio
p'c Tensão efetiva média no final do ensaio
p'i Tensão efetiva média na condição de imagem
q Tensão desviatória (q = σ’1 - σ’3)
qs Tensão desviatória no estado permanente (crítico)
σ’3 Tensão principal menor
σ’1 Tensão principal maior
σ’h Tensão efetiva horizontal
σ’v Tensão efetiva vertical
σ’vm Tensão de sobreadensamento ou de pré-adesamento
Ko Coeficiente de empuxo no repouso (Ko = σ'h/σ'v)
τ Tensão cisalhante (τ = σ’1 - σ’3)/2
Δσ3 Variação da pressão na câmara.
Δu Variação da poropressão
B Parâmetro (B = Δu/ Δσ3)
S Grau de saturação
Δus Poropressão (Δus) gerada no estado permanente (estado crítico)
ϕ'c Ângulo de atrito do estado crítico
ϕ's Ângulo de atrito no estado permanente (estado crítico) (ϕ’s = ϕ’c)
ѱ Parâmetro de estado (e - ec)
+ѱo Parâmetro de estado positivo
-ѱo Parâmetro de estado negativo
Γ Posicionamento da LEC no espaço e versus log p’
λ Inclinação da LEC – na escala logarítmica de base e– no espaço e versus log
p’ (λ = λe)
xviii
λ10 Inclinação da LEC – na escala logarítmica de base 10 – no espaço e versus
log p’ (λ10 = 2,303λ)
Ƞ Razão entre os invariantes de tensão (q/p’)
ηmax Razão de tensão máxima (ηmax = q/p’)max
M Razão de atrito de estado crítico (M = qc/p’c)
Mtc Razão de atrito crítico, com referência em ensaios de compressão triaxial
Mcomp Razão de atrito de estado crítico obtidos através de ensaios de compressão
Mext Razão de atrito de estado crítico obtidos através de ensaios de extensão
Mi Razão de atrito na condição de imagem
N Coeficiente de acoplamento
D Dilatância
Dmin Máxima dilatância absoluta
DP Dilatância plástica
χ Parâmetro de ralação entre a dilatância e o parâmetro de estado (Dmin = χ ψ)
H Módulo de endurecimento
Ho Módulo de endurecimento da relação H = Ho - Hψψ
Hψ Coeficiente da equação H = Ho - Hψψ
G Módulo cisalhante
Gmax Módulo cisalhante máximo
Gexp Coeficiente adimensional que descreve a variação de Gmax com p’
Go Módulo cisalhante inicial
Ir Rigidez elástica do solo (Ir = Gmax/p’)
κ Propriedade do modelo Cam Clay que relaciona o índice de vazios e a tensão
confinante (e = A – κln (p’)
ν Coeficiente de Poisson
E Módulo de Young
Vs Velocidade da onda cisalhante (Vs = L/t)
t Tempo de viagem da onda cisalhante
L Distância percorrida pela onda cisalhante (igual ao comprimento do CP)
f Frequência de vibração induzida
d Diâmetro do corpo de prova
V leitura do voltímetro no momento da vibração torcional
ω Frequência angular (ω = 2πf)
xix
F Fator (F = ω.L/Vs)
I Momento de inércia
Io Momento de inércia do conjunto-cabeçote-oscilador
FCR Fator de calibração rotacional dado pelo manual do equipamento, FCR =
4,43/f2.
NFE Efeitos de campo próximo
εv Deformação volumétrica
εq Invariante de deformação cisalhante εq = 2(ε1 – ε3)/3
ε1 Deformação axial
Su Resistência não drenada
Sus Resistência não drenada no estado permanente (estado crítico (Sus = Sr)
IBu Índice de fragilidade (IBu = (Su - Sr)/Su)
K Coeficiente de permeabilidade
w Teor de umidade
ρd Massa específica aparente seca
ρdn Massa específica seca da camada n
γw Peso específico da água
γs Peso específico real dos grãos
Gs Densidade específica
qp Resistência à penetração de ponta
k; m parâmetros de inversão relacionados a rigidez do solo e de parâmetros de
estado crítico
xx
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A norma brasileira (NBR) (ABNT NBR 13028, 2017) especifica os requisitos mínimos
para a elaboração e apresentação de projeto de barragens de mineração, incluindo as barragens
para disposição de rejeitos de beneficiamento. A referida norma prescreve que, para projeto e
avaliação de segurança de uma barragem, devem ser considerados, nas análises, os riscos dos
mecanismos de ruptura relacionados à estabilidade física, ao galgamento, à erosão interna
(piping) e à liquefação, quando aplicável.
1
1.2 Justificativa
A literatura mostra que o modelo NorSand tem grande potencial de aplicação, por
representar a essência do comportamento de solos arenosos e siltosos sob diferentes condições
de solicitação (MORGENSTERN et al., 2016; ROBERTSON et al., 2019). Entretanto, várias
questões ainda permanecem em aberto, tais como a influência da razão das tensões geostática
(Ko), a razão entre a tensão principal e intermediária, e ângulo que a tensão principal faz com a
vertical (REID et al. 2021a). Com isso, suscita-se a necessidade de estudos adicionais com esse
modelo, particularmente quanto aos procedimentos para a obtenção de parâmetros e relevância
desses. A partir do exposto, evidencia-se a importância deste trabalho, o qual apresenta a análise
de um programa de investigação geotécnica do rejeito de minério presente em uma das
barragens do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e que se encontra em situação de
emergência. Essa investigação incluiu ensaios de caracterização, ensaios de compressão triaxial
drenados e não drenados, ensaios com Bender Elements, além de ensaios de Coluna Ressonante,
realizados em amostras remoldadas. Os ensaios de caracterização foram realizados em amostras
deformadas e os ensaios triaxiais, de Bender Elementes e Coluna Ressonante foram realizados
em corpos de prova remoldados. Os resultados foram analisados à luz dos conceitos da Teoria
dos Estados Críticos, incluindo determinação dos parâmetros do modelo NorSand, bem como
a sua calibração e validação.
2
• Caracterizar o rejeito, incluindo-se a distribuição granulométrica, o peso específico dos
grãos, índices de vazios máximos e mínimos e coeficiente de permeabilidade.
• Determinar os parâmetros geotécnicos e de estado crítico do rejeito estudado, através de
ensaios triaxiais, e analisar os resultados, comparando-os à literatura.
• Determinar os parâmetros elásticos e plásticos do modelo NorSand através de ensaios
triaxiais convencionais, com Bender Elements e de Coluna Ressonante.
• Calibrar e validar os parâmetros obtidos nos ensaios para serem usados em modelagens
numéricas.
• Comparar os comportamentos dos ensaios de laboratório com o modelo NorSand.
Esta dissertação está organizada em 6 capítulos, sendo o conteúdo a que trata cada
capítulo apresentado suscintamente abaixo:
3
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo aborda, de forma suscinta, o tema do trabalho, incluindo conceitos teóricos
sobre o tema e estudos já realizados, visando fundamentar a interpretação dos resultados obtidos
e as discussões realizadas a partir desses resultados. Inclui-se neste capítulo uma discussão
sobre a liquefação de solos e sobre o modelo NorSand, que constituem o foco do presente
estudo.
A partir desse conceito, entende-se que quando um maciço de um solo silto arenoso
saturado e fofo é submetido a um carregamento repentino, o mesmo tenderá a uma redução de
volume (contração). Implícito no significado do termo “saturado” está uma condição em que
todos os poros estão preenchidos por líquido, e, portanto, para que haja redução de volume,
deve haver liberação de água dos poros. No entanto, devido à permeabilidade relativamente
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baixa deste solo, a saída de água é dificultada. Com isso, gera-se um excesso de poropressão,
que se desenvolve quando a drenagem não se completa. A geração de poropressão faz com que
haja uma redução da tensão efetiva entre os grãos de areia e, consequentemente, a redução da
sua resistência, que pode chegar a zero, e, portanto, se comportando como líquido, o que define
o fenômeno de liquefação.
A partir da análise da Figura 1 percebe-se que há uma ampla faixa de material sujeitos
ao processo de liquefação, os quais incluem, predominantemente, areia e silte. A suscetibilidade
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desses materiais à liquefação deve-se ao fato de serem não coesivos e da sua baixa
permeabilidade. Com isso, o carregamento rápido desses materiais provocará uma elevação da
poropressão e consequentemente redução da tensão efetiva e da resistência ao cisalhamento,
visto que esses materiais são compostos fundamentalmente pela parcela de resistência ao
cisalhamento relacionada ao atrito entre os grãos.
Outros fatores que interferem na suscetibilidade à liquefação dos solos são a gradação e
a forma das partículas, sendo os solos de graduação uniforme geralmente mais suscetíveis à
liquefação que os solos bem graduados. Nos solos bem graduados, as partículas menores
preenchem os espaços entre os grãos maiores, resultando em menores excessos de poropressão
em condições não drenadas. Ademais, solos com grãos angulares apresentam maior dificuldade
de serem adensados que solos com grãos arredondados. Desta forma, a angulosidade dos grãos
é um importante aspecto relacionado à suscetibilidade a liquefação dos solos (KRAMER,
1996). Nesse sentido, recomenda-se a realização de análises ao microscópio para identificar o
formato e a angulosidade dos grãos (JEFFERIES E BEEN, 2016).
Uma vez que o índice de plasticidade está relacionado com o conteúdo e composição
das partículas de argilas, considera-se razoável a relação entre o índice de plasticidade e a
liquefação dos solos. De acordo com a discussão apresentada por BOLTON (1919), quando um
solo composto por areia e argila apresenta valores de argila superiores a 25% em peso, os grãos
de areia não estariam se tocando, pois estariam emersos numa matriz argilosa. Neste caso o
comportamento do material passa a ser comandado pela fração argilosa.
6
Figura 2- Esquema representativo da estrutura dos grãos de solos relativamente à fração de argila e a influência
na liquefação.
Fonte: GRATCHEV et al., (2006).
Em que pese a mecânica dos solos clássica explicar grande parte dos fenômenos
geotécnicos, o estudo da liquefação de rejeitos envolve a abordagem de estado crítico
(SCHOFIELD e WROTH, 1968). Esse termo é usado para descrever o estado final que o solo
atinge quando submetido a um cisalhamento contínuo (JEFFERIES e BEEN, 2016). A
mecânica dos solos do estado crítico foi desenvolvida a partir do conceito teórico que considera
a densidade dos solos como uma variável de estado, ao invés de uma propriedade do solo, e,
portanto, responsável pelas mudanças de volume durante o cisalhamento. Dessa forma, o estado
do material pode ser caracterizado relacionando-o ao estado crítico.
A Linha de Estado Crítico (LEC) é definida no espaço índice de vazios versus tensão
efetiva média (p’) e separa dois campos que caracterizam o comportamento dos materiais, a
saber: contráteis e dilatantes, como mostrado na Figura 3 (CASTRO 1969). sendo p’=
((σ’1+2σ’3)/3), q = (σ’1 - σ’3 ) e σ’1 e σ’3 as tensões principais maior e menor, respectivamente.
A abordagem do estado crítico é caracterizada pelo parâmetro de estado (ψ), o qual consiste na
diferença entre o índice de vazios no estado atual (e) e o índice de vazios no estado crítico (ec)
para a mesma tensão efetiva média (p’), conforme Equação (1). (JEFFERIES e BEEN, 2016).
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𝜓 = 𝑒 − 𝑒𝑐 (1)
Esses conceitos, portanto, definem dois estados possíveis para os materiais, sendo os materiais
contráteis aqueles que se situam acima da LEC e apresentam parâmetro de estado positivo e os
materiais dilatantes, situados abaixo da LEC e com parâmetro de estado negativo.
8
efetiva média (caminho C), enquanto o carregamento não drenado resultará em um aumento
apenas da tensão efetiva média (caminho D).
A mecânica do solo dos estados críticos (SCHOFIELD e WROTH 1968) tem sido
empregada para a modelagem do comportamento de materiais granulares, como o rejeito de
mineração (JEFFERIES e BEEN, 2016). O estado crítico é entendido como o estado final
atingido pelo solo quando cisalhado continuamente. Os conceitos de estado crítico e estado
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permanente significam, matematicamente, o mesmo. No entanto, a abordagem de estado
permanente difere da abordagem de estado crítico, uma vez que essa última fornece um modelo
constitutivo que computa os detalhes de deformação e poropressão durante a liquefação
(JEFFERIES e BEEN 2016).
O índice de vazios do estado crítico varia com p’ (tensão efetiva média), definindo a
Linha de Estado Crítico – LEC ou CSL (do inglês, Critical State Locus), a qual pode ser descrita
a partir de uma expressão semi-logarítimica, conforme Equação (2).
10
𝑟
𝑝′ (3)
𝑒 = 𝐼 −𝐽( )
𝑝𝑟𝑒𝑓
em que I, J e r são parâmetros de ajustes da Linha de Estado Crítico curvilínea e pref um valor
de referência igual a 100 kPa.
Figura 4- Ilustração esquemática da LEC no espaço e versus p, mostrando sua não linearidade.
Fonte: Modificado de VIANA DA FONSECA et al. (2021).
Por outro lado, FOURIE et al. (2022) discutem que, quando o eixo horizontal é plotado
em escala logarítimica, o formato curvilíneo da LEC não está, necessariamente, relacionado
com a quebra de grãos. Nesse sentido, os autores reapresentam os resultados obtidos por
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NGUYEN et al (2018), em que foram utilizados estudos numéricos, para simular ensaios de
compressão triaxial drenados e não drenados, visando determinar a LEC. O material de estudo
era constituído de partículas de variados tamanhos e formato elipsoidal. Naquele estudo, não
foi permitida a quebra de grãos, sendo, mesmo assim, obtida a LEC com formato curvilíneo
(Figura 5), o que é usado como argumento a favor da curvatura da LEC independente da quebra
de grãos.
Para a determinação da LEC, muitas interpretações têm sido feitas em sentidos diversos,
incluindo a não existência da LEC para determinado material (CASTILHO, 2017), a existência
de mais de uma LEC (CASAGRANDE, 1975; ALARCON-GUZMAN et al., 1988) e até a
existência de uma zona de estado crítico, ao invés de uma linha (KONRAD, 1993). A obtenção
desses resultados, que sugerem a existência de mais de uma LEC resulta de divergências na
interpretação dos resultados ou de falhas nos procedimentos dos ensaios (JEFFERIES e BEEN,
2016).
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Um dos problemas possíveis na determinação da LEC deve-se à seleção, errônea, do
ponto a ser considerado como estado crítico. Isso ocorre, principalmente, porque alguns ensaios
apresentam uma condição de aparente estado crítico. Essa condição é definida como ‘Quasi-
steady state’ (JEFFERIES e BEEN, 2016) e ocorre no momento de transição do comportamento
contrátil para dilatante (ponto A na Figura 6b). Esse comportamento, presente em alguns
materiais, foi denominado por ISHIHARA et al. (1990) como transformação de fase, a qual é
influenciada pelas condições do ensaio e pela estrutura do corpo de prova. Para ensaios que
apresentem tal comportamento, torna-se mais significativo, para a definição da LEC, considerar
o ponto ao final do ensaio (JEFFERIES e BEEN, 2016), ainda que o estado crítico não tenha
sido claramente alcançado neste ponto.
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linha de estado crítico (LEC ou linha S). A SSL era definida a partir de ensaios não drenados
(Fast que significa rápido), enquanto a LEC era definida a partir de ensaios drenados (Slow –
que significa lento). Uma representação dessas linhas F e S é mostrada na Figura 7. No entanto,
hoje, entende-se que ambos os conceitos são matematicamente o mesmo, sendo que a diferença
no posicionamento das duas linhas deve-se às condições dos equipamentos triaxiais, que são
limitados a valores de deformação axial do corpo de prova em torno de 20%. Entretanto, para
estes valores, muitos corpos de prova ainda não atingiram o estado crítico. Por outro lado,
quando realizados em corpos de prova compactos (parâmetros de estado negativos), os ensaios
drenados requerem deformações axiais em torno de 50% para atingir o estado crítico. Em
virtude disso, recomenda-se a determinação da LEC através de ensaios em corpos de prova
contráteis (JEFFERIES e BEEN, 2016).
REZENDE (2013), ao estudar rejeitos de minério de ferro, obteve uma grande dispersão
nos resultados no diagrama e versus p’ do estado crítico, conforme apresentado na Figura 8.
Considerando esses resultados, CASTILHO (2017) comenta que, para o material estudado pela
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autora, não se tem uma única LEC, e, portanto, não se aplicaria a análise de suscetibilidade à
liquefação através desta metodologia.
15
Figura 9- - Dispersão da LEC obtida para um mesmo material em diferentes laboratórios
Fonte: REID et al. (2021b).
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Figura 10- - Linha de estado crítico obtida a partir de ensaios triaxiais de compressão e extensão.
Fonte: FABRE (2019).
Os aspectos que mais interferem na LEC são variações nas propriedades intrínsecas das
areias, como o formato dos grãos, a mineralogia, a distribuição do tamanho dos grãos e a
rugosidade da sua superfície (JEFFERIES e BEEN, 2016). A interferência desses aspectos em
cada parâmetro é apresentada a seguir.
JEFFERIES e BEEN (2016) obtiveram valores de valores de λ10 da ordem de 0,03 para
areias quartzosas com grãos arredondados, já para areias siltosas angulares, foram obtidos
valores de λ10 de 0,15 a 0,2. A graduação do material é um dos fatores que interferem no
comportamento da LEC, sendo que areias siltosas bem graduadas apresentam valores de λ10
que se aproximam dos valores obtidos para areias quartzosas, independentemente do conteúdo
de finos. O aumento no conteúdo de finos até um certo valor, facilita a segregação durante o
cisalhamento. No entanto, após um determinado valor, as partículas finas ocupam o espaço
intersticial entre os grãos de areia, imprimindo um comportamento mais compressível.
17
MOLINA-GÓMEZ e VIANA DA FONSECA (2021) avaliaram a influência dos
parâmetros de densidade relativa (emax, emin e variação do índice de vazios – emax -emin) e da
forma dos grãos no valor de λ. Os autores observaram a ausência de uma tendência clara da
variação de λ em função das propriedades do formato dos grãos. Com isso, o comportamento
da LEC não pode ser previsto baseado em uma única característica, como, por exemplo, o
conteúdo de finos. Essa variabilidade do comportamento do solo no estado crítico também é
observada em materiais que apresentem o mesmo conteúdo de silte, por exemplo, mas com
diferentes graduações. Como apresentado na Figura 11, para dois materiais com
aproximadamente o mesmo conteúdo de silte, são obtidos valores muito distintos de λ e de Γ.
Figura 11- - Diferentes LECs obtidas para material com aproximadamente a mesma fração de silte, mas
diferentes granulometrias.
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).
JEFFERIES e BENN (2016) discutem que o valor do parâmetro que define a posição
da LEC (Γ) está, aparentemente, relacionado com o índice de vazios máximo. Neste sentido,
MOLINA-GÓMEZ E VIANA DA FONSECA (2021) mostram que há uma relação direta de Γ
com os valores de emax, emin e (emax - emin), sendo que o menor espalhamento dos pontos é
apresentado para os valores de emax. No entanto, as maiores relações com os valores de Γ são
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dadas pelas características dos grãos, como arredondamento, esfericidade e regularidade.
Ademais, assim como o parâmetro λ, os valores de Γ são mais elevados para grãos mais
angulares que para os mais esféricos.
Para a razão de atrito de estado crítico (M), JEFFERIES e BENN (2016) mencionam
que há um aumento com o aumento da angulosidade dos grãos, mas que, considerando a base
de dados avaliada, não foi observada uma relação direta entre o valor de Mtc e outras
propriedades índices. Conforme Equação (4), definida para ensaios de compressão, o valor de
Mtc é dado em função do ângulo de atrito no estado crítico (ϕ’c). O valor de de ϕ’c é
caracterizado por MOLINA-GÓMEZ e VIANA DA FONSECA (2021), como fortemente
influenciado pelos índices emax e emin da diferença (emax - emin) e pela forma dos grãos. Uma
faixa de valores dos parâmetros λ10, Γ e Mtc é apresentada na Tabela 1, os quais representam
valores típicos para materiais arenosos obtidos por JEFFERIES e BEEN (2016).
6𝑠𝑒𝑛(ϕ′c ) (4)
𝑀=
3 − 𝑠𝑒𝑛(ϕ′c )
Tabela 1 - Faixa de valores típicos dos parâmetros de estado crítico para materiais
arenosos (JEFFERIES e BEEN, 2016).
20
Figura 13- - Representação dos estágios de resistência do solo durante o carregamento.
Fonte: Modificada de SLADEN et al. (1985).
2.4.2 Dilatância
𝜀𝑣 = 𝜀1 + 2𝜀3 (5)
2(𝜀1 − 𝜀3 ) (6)
𝜀𝑞 =
3
21
enquanto a taxa de dilatação consiste na taxa (ou incremento) da mudança de volume com a
taxa ou incremento da deformação cisalhante.
𝜀𝑣̇ (7)
𝐷=
𝜀𝑞̇
22
2.4.3 Cisalhamento monotônico de areias
23
Figura 15- - Comportamentos típicos de areias nos ensaios triaxiais.
Fonte: Modificado de Robertson e Fear (1995).
24
𝑆𝑢 − 𝑆𝑟 (8)
𝐼𝐵𝑢 =
𝑆𝑢
25
2.5 Modelo NorSand
Este item visa apresentar, de forma resumida, os principais aspectos relacionados aos
conceitos básicos do modelo constitutivo NorSand. O modelo, apresentado originalmente por
JEFFERIES (1993), é descrito de forma detalhada em JEFFERIES e BEEN (2016).
Além disso, o modelo NorSand, juntamente com análises de elementos finitos, tem sido
aplicado na investigação dos casos recentes de ruptura de barragem, incluindo as barragens do
Fundão e do Córrego do Feijão (MORGENSTERN et al., 2016; ROBERTSON et al., 2019). O
objetivo dessas análises foi, principalmente, identificar se as condições in-situ poderiam resultar
em mecanismos de liquefação estática. Com relação à modelagem da liquefação, no entanto, a
26
interferência de alguns aspectos ainda não é completamente compreendida. Esses aspectos
incluem a razão da tensão geostática (Ko), a razão entre a tensão principal e a intermediária, e
o ângulo entre a tensão principal e a vertical, os quais podem interferir na previsão dos
mecanismos de liquefação estática (REID et al., 2021a).
Outros modelos constitutivos, também baseados na Teoria dos Estados Críticos, têm
sido aplicados em análises numéricas de barragens de rejeitos. Cita-se, como exemplo, o
modelo CASM (YU, 1998), usado no estudo de ruptura da Barragem do Feijão (CIMNE, 2021).
𝐷 = 𝑀𝑖 − ƞ (9)
em que η consiste na relação q/p’. Esta equação difere do modelo Cam Clay Original (CCO)
pela razão de tensão Mi, em que o subscrito “i”, de imagem, especifica uma condição de
evolução com a deformação cisalhante, para um valor da razão de atrito Mi. Na condição de
“imagem”, o material não está no estado crítico, pois, apesar da dilatância ser zero, a taxa de
mudança da dilatância (seta na Figura 17) é diferente de zero. O Norsand assume que o valor
de Mi varia em função do parâmetro de estado.
27
Figura 17- - Superfície de escoamento do modelo Norsand para material fofo (a) e compacto (b).
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).
28
p (10)
ƞ = 𝑀𝑖 [1 − 𝑙𝑛 ( )]
𝑝𝑖
29
CAPÍTULO 3: MATERIAIS E MÉTODOS
Este capítulo trata dos materiais utilizados na realização deste trabalho e dos métodos
empregados. São abordados, os ensaios realizados, bem como as premissas empregadas na
interpretação dos resultados dos ensaios.
A primeira etapa deste estudo foi realizada com a coleta de amostra deformada de rejeito
em diferentes posições da barragem estudada. Foram coletadas 5 amostras, sendo três de
overflow, na praia de rejeitos (P1, P2 e P3) e duas de underflow, no maciço da barragem a
jusante (P4 e P5). As fotografias desses materiais, bem como a descrição tátil-visual são
apresentados no Anexo B. Estudos preliminares indicaram que a superfície potencial de ruptura,
obtida pela análise de Equilíbrio Limite, intercepta, predominantemente, o rejeito de overflow,
o qual foi selecionado para o estudo neste trabalho. Foram realizados ensaios de caracterização
em todas as amostras, incluindo análise granulométrica, massa específica dos grãos e limites de
Atterberg. As amostras foram classificadas como areia fina a média, com variados teores de
silte e não plástica, sendo os valores de Gs situados entre 2,71 e 2,93.
A barragem de que trata este estudo contém rejeitos de underflow e overflow, resultados
do processo de disposição por ciclonagem (VICK, 1990). A barragem possui altura de 77
metros e volume de 37,5 milhões de metros cúbicos, representando cerca de três vezes o volume
da barragem do Córrego do Feijão antes da sua ruptura. A Figura 18, disponibilizada em
relatórios internos da mineradora, mostra os valores de densidade relativa, parâmetro de estado
e poropressão medidos no ensaio de CPTu, realizado na praia de rejeito, onde o material de
overflow é localizado. O gráfico mostra que, abaixo do nível d’água, a densidade relativa do
material varia entre 20% e 40%, sendo o parâmetro de estado maior que -0,05. Esse valor é
indicado como o limite inferior no qual o material apresenta comportamento contrátil
(JEFFERIES e BEEN, 2016), condição que ocorre acima e abaixo do nível d’água.
30
Figura 18- Perfis de poropressão, densidade relativa e parâmetro de estado medidos no ensaio de CPTu realizado
na praia de rejeitos.
Dentre as amostras coletadas, foi selecionada para o estudo do qual trata este trabalho,
a amostra P3, situada mais afastada do local de lançamento na praia de rejeito. Essa amostra
apresenta uma curva granulométrica (Figura 19) muito próxima aos rejeitos finos reconstituídos
da barragem B1 do Córrego do Feijão (ROBERTSON et al., 2019) e à areia do Fundão
(MORGENSTERN et al., 2016).
Figura 19- Comparação entre a curva granulométrica do rejeito estudado com o rejeito das barragens B1 do
Córrego do Feijão e do Fundão.
31
3.2 Ensaios realizados
Tabela 2 – Principais ensaios indicados para o estudo da liquefação através do estado crítico
Quantidade
Tipo de ensaio Objetivo
de ensaios
Análise
20 Caracterizar os materiais insitu.
granulométrica
Massa
Propriedade básica necessária para os cálculos dos índices de
específica dos 2
vazios.
grãos
Índice de Utilizados para comparação com outros materiais e na
vazios máximo 2 preparação dos corpos de prova para a definição das
e mínimo densidades alvo.
Obtenção da linha de estado crítico, do índice de fragilidade
Triaxiais CIU 5
e parâmetros do modelo Norsand.
Obtenção da linha de estado crítico e de parâmetros de
triaxiais CID 6 tensão-dilatância. Fornece base para a estimativa do módulo
de endurecimento plástico.
Bender
2 conjuntos Usados para medir a velocidade da onda cisalhante e para
Elements com
de cerca de desenvolver uma relação entre o módulo de cisalhamento,
adensamento
8 nível de tensão e índice de vazios.
hidrostático
Determinação da variação do módulo de cisalhamento e da
Coluna
1 razão de amortecimento em função da deformação
Ressonante
cisalhante.
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016)
32
3.3 Ensaios de Índices de Vazios Máximo e Mínimo
A definição dos índices de vazios máximo e mínimo pode ser realizada através de
diferentes metodologias. O índice de vazios máximo consiste no estado mais fofo que o material
pode ser encontrado, o que equivale a menor massa específica. O índice de vazios mínimo, por
outro lado, representa a condição mais compacta do material, equivalendo-se a maior massa
específica.
Para a determinação do índice de vazios mínimo foi utilizada uma mesa vibratória e um
conjunto composto por cilindro de 2830cm3, tubo guia, disco-base da sobrecarga e sobrecarga.
Após o preenchimento do cilindro com o material e o seu posicionamento na mesa vibratória,
essa era vibrada na frequência de 50Hz por um período de aproximadamente 15min. Após o
procedimento descrito, realizava-se a determinação da altura do molde não ocupada por
material e pesava o conjunto cilindro mais material.
De acordo com as normas de índice de vazios máximo e mínimo, sua aplicação é restrita
aos solos não coesivos, que apresentem teor de finos menor que 12%. Por outro lado,
REZENDE (2013) argumenta que, para os minérios de ferro, as frações finas são isentas de
características coesivas e recomenda que o termo “não coesivo” seja desconsiderado como
premissa restritiva às análises de índice de vazios máximo e mínimo dos rejeitos arenosos.
Dessa forma, a fração de partículas finas apresentariam características típicas de material
granular, de forma que seriam aplicáveis as metodologias para realização dos ensaios. Ademais,
devido à ausência de métodos específicos para a determinação de tais parâmetros nessa faixa
de granulometria, foram utilizados os procedimentos supramencionados.
Neste trabalho, além dos métodos definidos pelas normas brasileiras, para a obtenção
do índice de vazios mínimo e máximo, utilizou-se o método empregado por YAMAMURO E
LADE (1997). De acordo com esse método, para a determinação do índice de vazios mínimo,
33
são colocados 50g de solo dentro de um cilindro graduado, o qual é golpeado duas vezes, em
faces diametralmente opostas, com uma ferramenta revestida de borracha. Esse procedimento
é realizado até que todo o material é adicionado (cerca de 822g). Após a adição de todo o
material, o volume ocupado é anotado para a determinação do índice de vazios.
O ensaio de permeabilidade a carga variável pode ser realizado através de dois métodos,
A e B. No método A é utilizada a aplicação de contrapressão ao corpo de prova, o que assegura
a sua efetiva saturação, enquanto o ensaio com o método B é realizado com condições
sensivelmente menos controladas, e, portanto, aquele método é mais recomendável do que esse.
O ensaio realizado pelo método A é também denominado de ensaio com parede flexível, ou
triflex. Neste método é utilizada uma câmara semelhante à usada nos ensaios triaxiais.
Figura 20- Permeâmetro utilizado para a determinação do coeficiente de permeabilidade, aplicando uma carga
variável, instalado no IPT/SP.
Figura 21- Permeâmetro utilizado para a determinação do coeficiente de permeabilidade, aplicando uma carga
constante, nas instalações do IPT/SP.
35
3.5 Ensaio de compactação
𝜌𝑛 = 𝐶1 . 𝑙𝑛 (ℎ𝑛 ) + 𝐶2 (12)
36
Para avaliar o comportamento do material escolhido, após a execução do primeiro plano
de ensaios, foram executados ensaios de compactação com percentuais de 25%, 50% e 75% da
energia de PN, variando o número de golpes de 7, 13 e 19 golpes, respectivamente. Porém, os
resultados são mostrados em termos de percentuais de h (altura de queda) e não de número de
golpes.
Em que pese a importância desses ensaios, não existem, atualmente, normas brasileiras
que os regulamentem. Desta forma, os procedimentos e critérios que devem ser obedecidos na
sua realização são prescritos em normas americanas. Essas normas são para os ensaios adensado
hidrostaticamente, drenado e não drenado (CIU, CID e UU). Neste trabalho foram realizados
ensaios triaxiais CIU e CID, os quais seguiram os procedimentos prescritos pelas respectivas
normas americanas, além de procedimentos adicionais, para a determinação da Linha de Estado
Crítico. Esses ensaios foram realizados no Laboratório de Mecânica dos solos do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT/SP).
Para a obtenção da Linha de Estado Crítico, são realizados ensaios triaxiais drenados e
não drenados em corpos de prova de variados índices de vazios. Vários cuidados devem ser
tomados para a condução satisfatória do programa de ensaios, visto que diversos fatores podem
influenciar no estado crítico, em menor ou maior grau, conforme mostrado na Figura 22. Os
cuidados que devem ser tomados são a moldagem de corpos de prova homogêneos em estado
fofo, a preparação da amostra com a um determinado teor de umidade; a saturação completa do
corpo de prova; a determinação do índice de vazios com acurácia; um sistema de medição capaz
de medir baixas tensões e elevadas poropressões simultaneamente. A seguir são apresentados
os principais procedimentos seguidos adicionalmente aos critérios das normas.
37
Figura 22 – Fatores que influenciam no Estado Crítico.
Fonte: Modificado de KANG et al., 2019
Para a determinação da LEC são utilizados CPs de dimensões maiores, pois esses
mostram uma queda rápida para a resistência residual, enquanto os CPs de dimensões menores
apresentam uma queda menos acentuada da resistência, com o aumento da deformação. Nesse
sentido, para o estudo de liquefação de materiais a partir de ensaios de laboratório, têm sido
utilizados CPs com diâmetros entre 7 cm e 9,4 cm (YAMAMURO e LADE,1997; GEREMEW
e YANFUL, 2012; JEFFERIES e BEEN, 2016; REID e FANNI, 2020). As dimensões do molde
utilizado para a preparação dos CPs são mostradas no Tabela 4, em que é mantida a relação
entre a altura e o diâmetro de 2,17, estando de acordo com o requisito da norma.
38
Tabela 4 - Dimensões do molde utilizado para a moldagem dos corpos de prova para os
ensaios triaxiais.
Molde de compactação
Outro aspecto importante, no que tange ao diâmetro dos corpos de prova, é que esse
deve ser 5 mm menor que o diâmetro do pedestal e do cabeçote. Tal aspecto permite uma
deformação radial mais uniforme nas extremidades do CP Adicionalmente, sugere-se a
utilização, na base e no topo do corpo de prova, de uma camada dupla de membrana, com um
orifício de 3 centímetros ao centro, e aplicação de produto lubrificante entre elas, reduzindo o
atrito nas suas extremidades (Figura 23). Observa-se, no entanto, que o uso das camadas de
membrana implica que as condições de fluxo são modificadas e, que, portanto, os parâmetros
medidos durante o adensamento não devem ser considerados (JEFFERIES e BEEN, 2016;
VIANA da FONSECA et al., 2021).
Figura 23- Esquema ilustrativo do topo e base lubrificados para ensaios triaxiais (a) foto; (b) ilustração lateral.
Fonte: VIANA da FONSECA et al. (2021)
Figura 24- Molde de compactação dos corpos de prova (esquerda) e - base da célula, com a dupla camada de
membrana de látex (a direita).
Relacionado à moldagem dos CPs para o ensaio triaxial, diferentes metodologias são
propostas, como os métodos moist tamping, wet pluviation, slurry deposition, e dry pluviation.
De acordo com JEFFERIES e BEEN (2016), a principal preocupação com relação à moldagem
do corpo de prova para a determinação da Linha de Estado Crítico deve-se à homogeneidade
em termos de índices de vazios. Isso porque, o estado crítico é atingido após a estrutura do
corpo de prova ter sido destruída, e, portanto, a estrutura não é o principal interesse. Dentre os
métodos apresentados, aqueles autores concluem que o método moist tamping é o de mais fácil
aplicação e o que permite a obtenção de maior variedade de densidades do corpo de prova.
Figura 25- Conjunto utilizado na moldagem dos corpos de prova, com aplicação de vácuo à parede do molde
para permitir a aderência da membrana.
41
3.6.3 Etapa de saturação do corpo de prova
A saturação do corpo de prova foi realizada com a utilização de água e CO2. A etapa de
saturação por CO2 consistiu em submeter o CP a uma baixa pressão de CO2 da base para o topo
com um fluxo de aproximadamente 3 bolhas por segundo durante um período médio de 30
minutos. O princípio da utilização de CO2 para a saturação do corpo de prova baseia-se no fato
de que a sua solubilidade, em água, é muito maior que a solubilidade do ar. O CO2 é aplicado
à base do corpo de prova, após a sua montagem em célula, com aplicação de uma tensão
confinante, utilizando-se uma fonte de baixo volume e baixa pressão, a qual é regulada por uma
válvula. A linha de saída do topo do corpo de prova é preferencialmente deixada em um
recipiente com água para observar a saída das bolhas. A taxa de aplicação do CO2 encontra-se
adequada quando entre 1 a 5 bolhas por segundo, durante um período de 1 a 2 horas
(JEFFERIES e BEEN, 2016). VIANA DA FONSECA et al. (2021) recomendam a aplicação
de CO2 ao corpo de prova, com uma pressão de aproximadamente 3kPa durante cerca de 60
minutos ou até que o equivalente a um litro de gás seja deslocado. Após a etapa de saturação
seguiram-se os procedimentos descritos pelas normas americanas supracitadas, a depender se o
ensaio era realizado de forma drenada ou não drenada. As fotografias do equipamento utilizado
e das condições das etapas de realização do ensaio são apresentadas no anexo C.
42
3.6.4 Interpretação dos resultados
Figura 26- Gráfico de q em função da deformação axial (ε 1), mostrando o ponto a partir do qual foi atingido o
estado crítico (steady state).
Fonte: JEFFERIES e BEEN (2016).
43
temperatura de -3ºC é adequada para o congelamento do CP, pois permite a imobilização da
água dos poros, sem, contudo, se tornar tão congelada a ponto de dificultar a sua remoção do
pedestal (JEFFERIES e BEEN, 2016). A determinação do índice de vazios é, para o corpo de
prova saturado (S=100%), realizada através da Equação (13).
𝑒 = 𝐺𝑠 . 𝑤 (13)
A Linha de Estados Críticos (LEC) foi obtida a partir de ensaios triaxiais executados em
corpos de prova moldados de acordo com as recomendações de JEFFERIES e BEEN (2016).
Os corpos de prova em estados fofos possibilitam um cisalhamento homogêneo no estado
crítico, evitando a formação de bandas de cisalhamento e problemas na determinação do índice
de vazios. Por sua vez os corpos de prova no estado compacto, e dilatante sob condições de
cisalhamento, permitem a determinação das características de dilatância do material.
A LEC foi obtida a partir de 10 ensaios triaxiais, incluindo 6 ensaios CIU e 4 ensaios
CID, em corpos de prova de compacidades variadas. Além disso, para a determinação dos
parâmetros de dilatância, usados no modelo Norsand, foram realizados 3 ensaios CID em
corpos de prova compactos. Neste trabalho optou-se por referir à compacidade dos corpos de
prova como índice de vazios, em detrimento da densidade relativa (Dr), em virtude da
subjetividade dos valores de índices de vazios mínimo e máximo utilizados para a determinação
de tal parâmetro. VICK (1999) comenta que o uso da Dr é restrito a areias com até 10% de
conteúdo fino, porém a metodologia de determinação dos índices de vazios mínimo e máximo
tem sido estendida aos materiais de rejeito.
Ensaios com Bender Elements (BE) permitem determinar o módulo cisalhante para
pequenas deformações (Gmax) dos solos, através da velocidade da onda cisalhante, usando
corpos de prova em laboratório. O BE consiste em um transdutor piezoelétrico que converte
44
energia elétrica em energia mecânica e vice-versa. O equipamento consiste em dois elementos
que são colocados em lados opostos do corpo de prova, no qual um dos elementos atua como o
transmissor e o outro como receptor (Figura 27). Para que a onda cisalhante passe através do
corpo de prova, os elementos devem estar inseridos no material. No entanto, a penetração
excessiva pode deformar os corpos de prova excessivamente. Por outro lado, se os elementos
não forem inseridos suficientemente, tanto a transmissão quanto a recepção da onda pode ser
muito fraca, o que pode afetar os valores medidos (VJ TECH, 2020; YAMASHITA, 2009).
Os elementos que compõem o equipamento são formados por duas placas de cerâmicas
separadas por uma folha metálica. Essas cerâmicas são excitadas eletricamente, fazendo que
um dos BE descreva um movimento senoidal (Figura 28). Esse movimento é transmitido para
as partículas do solo, resultando na propagação de uma onda cisalhante em direção à outra
extremidade do corpo de prova. Desta forma, comparando os sinais elétricos recebido e
transmitido obtém-se o tempo (t) de viagem da onda cisalhante. Através do tempo e da distância
(L) percorrida, pela onda, calcula-se a velocidade (Vs) da onda cisalhante através da Equação
(14) (VJ TECH, 2020).
𝐿 (14)
𝑉𝑠 =
𝑡
45
A distância L, indicada na Figura 27, é dada pela distância de ponta a ponta dos Bender
Elements, o que obtido através da altura do corpo de prova, desconsiderando as dimensões dos
Bender Elements (3mm cada). Além disso, foi considerada a variação de altura do corpo de
prova durante o seu adensamento, de forma que a altura L variou para cada estágio de tensão
confinante.
Figura 28- a) Deformação do bender element e propagação da onda cisalhante através do corpo de prova; b)
representação dos elementos da onda senoidal.
Fonte: VJ TECH (2020).
KUMAR e SHINDE (2004) discutem vários aspectos que afetam os resultados dos
ensaios com BE, como o tamanho e a geometria do corpo de prova, posicionamento relativo
dos elementos, efeitos de vizinhança e diafonia (ou cross-talking) (RIO et al. 2003; ARROYO
et al. 2006; ARULNATHAN et al. 1998) Desta forma, são propostos diferentes métodos para
a interpretação dos dados dos ensaios de BE.
Os métodos utilizados para a interpretação dos resultados obtidos através dos ensaios
com BE incluem os métodos do domínio do tempo, de cross-correlation e do domínio da
frequência. Neste trabalho optou-se pelo uso do método do domínio do tempo. A análise pelo
método do domínio do tempo é realizada através da observação do sinal da onda emitida e
recebida e calculando a diferença entre elas como o tempo de propagação no corpo de prova.
46
Neste método, a distância muito curta entre os elementos emissor e receptor acarreta o
efeito de proximidade de campo, devido a influência dos sinais da onda P que chegam primeiro
que as ondas cisalhantes. Adicionalmente ao efeito das ondas P, a presença de outros ruídos
dificulta a leitura do tempo de chegada. Para distinguir esses efeitos dos efeitos da onda
cisalhante, faz-se a transmissão da onda através de diferentes frequências, além de medir o
tempo correspondentes às diferenças dos picos da onda emitida e recebida (YAMASHITA et
al, 2009). O período (ou frequência) e a amplitude são selecionados pelo usuário, sendo
normalmente utilizados valores entre 1kHz e 50kHz para a frequência e entre 1V e 12V para a
amplitude, sendo o valor de 50kHz utilizado para solos granulares. (VJ TECH, 2020).
Para determinar o tempo de viagem da onda cisalhante, são plotados os sinais gerado e
recebido em função do tempo, como apresentado na Figura 29. Os primeiros sinais registrados
são resultantes das ondas P geradas tanto diretamente pelo transmissor quanto pela reflexão
pelas superfícies laterais e são denominados de efeitos de campo próximo (NFE do inglês near-
field effect). Tanto o NFE quanto os ruídos do ambiente dificultam a identificação do ponto de
chegada da onda cisalhante, devendo ser definido manualmente, o que pode se tornar fonte de
erros (CLAYTON 2011). Diferentes pontos podem ser interpretados como tempo de viagem da
onda, dependendo do ponto escolhido, como observado na Tabela 5, o que pode resultar em
uma variação de quase 24% (KUMAR E SHINDE, 2019).
Figura 29- curva senoidal típica dos sinais gerados e recebidos nos ensaios de Bender Elements e diferentes
pontos de chegada da onda.
Fonte: KUMAR E SHINDE (2019).
47
Tabela 5 - Tempos de viagem estimados a partir dos pontos indicados na Figura 29.
Ponto Descrição Tempo de viagem (s)
aA Chegada de componente do efeito de campo 0,00032
aB Primeira inversão 0,00035
aC Zero após primeira inversão 0,00037
bD Primeiro pico a pico 0,00043
aE Primeiro ciclo maior 0,00039
cF Pico a pico do segundo ciclo maior 0,00037
Fonte – Modificado de KUMAR E SHINDE (2019)
em que ρ consiste na massa específica do corpo de prova após cada incremento de tensão.
48
3.8 Ensaios de Coluna Ressonante
2. π. f. L 2 (16)
𝐺 = 𝜌( )
𝐹
em que:
49
d = diâmetro do corpo de prova
FCR = fator de calibração rotacional dado pelo manual do equipamento como FCR = 4,43/f2.
ω. L 2. π. f. L (18)
𝐹= =
𝑉𝑠 𝑉𝑠
sendo que a velocidade cisalhante (Vs) é relacionada com o momento de inércia de massa (I)
do corpo de prova (I = ρ.J.L), com o momento de inércia de massa (Io) do conjunto-cabeçote-
oscilador e com a frequência angular (ω = 2πf) através da Equação (19). Na expressão do
cálculo de I, considera-se J a inércia rotacional (momento polar de inércia da seção transversal)
do corpo de prova. O cálculo de Io é realizado de acordo com metodologia específica e foge ao
escopo deste trabalho, sendo considerado, de acordo com a última calibração do equipamento,
o valor de Io = 8,22 g.cm.s2 (FERNANDES, 2018). Maiores detalhamentos, nesse sentido,
podem ser consultados em BARROS (1997).
Io ω. L ω. L (19)
. . tan ( )=1
I Vs Vs
50
3.9 Conclusões do capítulo
O programa de ensaios para a obtenção da LEC inclui ensaios triaxiais drenados e não
drenados, devendo ser realizados em corpos de prova essencialmente fofos, com índice de
vazios diversos. Recomenda-se a utilização de ensaios de dimensões maiores que as
convencionais e que sejam moldados com densidade homogênea.
Os ensaios triaxiais realizados para a definição da LEC devem seguir uma série de
especificações, que incluem a necessidade dos CPs estarem completamente saturados, além de
ser recomendado o congelamento do CP, ao final do ensaio, para determinação do índice de
vazios.
O congelamento dos corpos de prova ao final do ensaio, embora não seja uma prática
usual, possibilita a determinação do índice de vazios de forma simples e reduz a possibilidade
de erros nessa determinação.
A interpretação dos ensaios de bender elementes foi realizada através das análises no
domínio do tempo, pela sua maior simplicidade e por ser o método mais empregado. As
diferentes frequências utilizadas e o cálculo de diferentes tempos de chegada da onda,
permitiram selecionar aqueles que apresentaram comportamento menos disperso.
51
CAPÍTULO 4: RESULTADOS E ANÁLISES
O material de estudo consiste numa areia fina siltosa com 52% de areia, 46% de silte e
2% de argila, D50 igual a 0,06 mm, coeficiente de uniformidade (Cu) de 2,33, coeficiente de
curvatura (Cc) de 1,08 e graduação uniforme, conforme pode ser observado na Figura 30 O
ensaio de densidade real dos grãos forneceu valor de Gs de 2,93. A impossibilidade de obter os
valores dos Limites de Atterberg, classifica o rejeito como não plástico. As folhas de ensaios
52
dos parâmetros de caracterização citados são apresentadas no Anexo D, sendo as informações
sintetizadas na Tabela 7.
A densidade real dos grãos (𝜌s) pode ser obtida através do teor de ferro (%Fe), de acordo
com a equação (20) (ESPÓSITO, 2000). A equação fornece uma relação linear crescente entre
o teor %Fe e 𝜌s, a qual foi obtida para pontos amostrados em diferentes regiões na pilha de
Monjolo Mina de Água Limpa, localizada a aproximadamente 100km da Mina de Timbopeba.
ROCHA JUNIOR (2023) realizou análises químicas para a determinação do teor de Ferro no
material utilizado neste trabalho, sendo obtido um valor de %Fe igual a 14,30. O valor obtido
de 𝜌s, considerando a %Fe obtido por aquele autor foi de 3,00g/cm3, o que é relativamente
próximo do valor obtido no presente programa de ensaios, que forneceu valor de 𝜌s igual a 2,93,
conforme planilhas apresentadas no Anexo D.
53
Figura 30- Imagens obtidas a partir do Microscópio Eletrônico de Varredura, com aumentos de 100
vezes e 200 vezes.
A aplicação do método MMT requer que, inicialmente, sejam realizados ensaios prévios
de compactação, para a obtenção da relação entre densidade seca do corpo de prova e a altura
de queda do soquete. A partir dos ensaios preliminares, obtém-se as curvas que fornecem uma
relação entre a densidade seca (ρd), e a altura de queda (h) do soquete, obtendo-se a Equação
(21).
𝜌𝑑 = 𝐶1 ln (ℎ) + 𝐶2 (21)
em que C1 e C2 são constantes. Através dessa relação, a densidade seca (ρdn) da camada n-ésima
é obtida a partir de uma determinada altura de queda, através da Equação (22).
𝜌𝑑𝑛 − 𝐶2 (22)
ℎ𝑛 = 𝑒𝑥𝑝 ( )
𝐶1
Assim como no método de moist tamping, no método MMT é considerada uma sub-
compactação das camadas inferiores, de acordo com Equação (23) (BRADSHAW e BAXTER,
2007).
54
2𝜌𝑑𝑡 − 𝜇 (23)
𝜌𝑑𝑛 = 𝜌𝑑𝑡 ( 1 − 𝜇) + (𝑛 − 1) ( )
𝑁𝑐 − 1
sendo ρdt a densidade seca alvo para o corpo de prova, μ a porcentagem de sub-compactação
(em decimal) e Nc o número total de camadas. A partir do índice de vazios escolhido, é definida
a densidade alvo (ρdt) do corpo de prova por meio da Equação (24).
𝛾𝑠 (24)
𝜌𝑑𝑡 =
1+𝑒
55
Figura 31- Curvas dos ensaios de compactação para diferentes energias.
A Figura 32 apresenta as retas para umidades de: 7%, 9%, 11%, 13% e 15%. A partir
das funções de tendência na forma y = C1.ln(h) + C2, em que h é a altura equivalente de
compactação, para adequação à forma apresentada por BAXTER e BRADSHAW (2007), foi
possível encontrar C1 e C2 da Equação (21), para as diversas umidades. Para a moldagem dos
corpos de prova, foi selecionada a umidade de 13%, devido estar posicionada no ramo seco e
pela melhor trabalhabilidade. Com isso foi definida a Equação (25), que relaciona a altura de
queda e a densidade seca.
𝜌𝑑𝑛 − 1,415
ℎ𝑛 = 𝑒𝑥𝑝 ( ) (25)
0,0996
A Equação (25) foi definida para as especificações do Proctor Normal, assim, para ser
aplicada aos corpos de prova triaxial, a altura foi convertida em porcentagem de energia do
Proctor Normal. Considerando o Proctor Normal, no qual a altura de queda é de 30,5 e com
uma energia de 5,9, para as dimensões do molde apresentadas na Tabela 4 (volume 486,57 cm3),
56
(fazendo 5,9x486,57/30,5 = 94,12) tem-se que a altura de queda do soquete por camada é
expressa em função da densidade da camada (ρdn), da massa do soquete (Ms), do número de
golpes por camada (Ng) e do número de camadas (Nc) do corpo de prova, conforme Equação
(26).
Figura 32- Relação entre densidade seca e altura de queda equivalente do soquete (em log) para as umidades de
7%, 9%, 11%, 13% e 15% com as retas de tendência.
Para a compactação dos corpos de prova, a sua densidade alvo (ρdt), constante de
undercompaction μ, o número de camadas (Nc), e a ordem da camada (n) foram aplicados à
Equação (23), obtendo-se a densidade de compactação (ρdn) da camada de ordem (n), a qual era
considerada para a compactação de cada camada usando a Equação (26). Os corpos de prova
foram moldados com 8 camadas, com valor de μ igual a 0,01, o qual foi estabelecido, seguindo
orientações de LADD (1978), isso porque valores superiores a este resultam em maiores
discrepâncias entre as densidades das camadas de base e de topo.
57
4.5 Índices de vazios máximo e mínimo
Tabela 9 – Valores dos índices de vazios máximo e mínimo obtidos por diferentes métodos.
Método ABNT Método Proveta Graduada
emin emax emin emax
0,54 0,97 0,56 0,92
Os valores obtidos para os índices de vazios máximo e mínimo são semelhantes aos
valores por outros autores em materiais em rejeitos semelhantes ao estudado neste trabalho.
FABRE (2019) obteve índice de vazios mínimo igual a 0,55 e índice de vazios máximo igual a
0,86 e 0,85, quando utilizados diferentes métodos. TELLES (2017) obteve valor igual a 0,59 e
0,97 para o índice de vazios máximos.
Em que pese os valores obtidos neste trabalho serem considerados como o máximo e o
mínimo supostamente possível para esses materiais, foi observado que valores mais elevados
que os valores de índice de vazios máximo foram obtidos para alguns corpos de prova
ensaiados. Dessa forma, considera-se possível ser observados, em campo, índices de vazios
superiores ao obtido neste trabalho, conforme também foi discutido por TELLES (2017).
59
4.7 Ensaios Triaxiais
sendo, emax, enat e emin os índices de vazios máximo, na condição analisada e mínimo,
respectivamente.
1
A literatura brasileira usa, predominantemente, o termo “densidade relativa”, citando-se, por exemplo as
dissertações recentes da COPPE, na linha de pesquisa de barragens de rejeitos (FLOREZ,2015 TELLES, 2017
FABRE, 2019), sendo o termo “compacidade relativa” também usado (SOUSA PINTO, 2006).
60
diferentes densidades relativas, apresentarão comportamentos semelhantes (JEFFERIES e
BEEN, 2016).
O termo “densidade relativa” é usado com menos ênfase nesta pesquisa, considerando
que, para a sua determinação, são necessários três valores (emax, emin e eo). Além disso, para
materiais de rejeito de mineração, que possui finos, sua determinação fica prejudicada, uma vez
que é fundamentalmente uma determinação feita para solos puramente granulares sem finos.
Neste trabalho, admitiu-se que a redução de volume é indicada pelo sinal positivo,
enquanto o aumento de volume é expresso pelo sinal negativo. Na Figura 34 são apresentados
os resultados dos ensaios drenados. Os ensaios CID1, CID2 e CID6 (não utilizado para a
61
definição da LEC), realizados em corpos de prova fofos, tiveram como objetivo precípuo a
definição da Linha de Estados Críticos. Todos apresentaram redução de volume, sendo as
maiores tensões e maior redução de volume obtidos para o CID6. O ensaio CID1 apresenta
estabilização de volume e de tensão desviatória próximo a 12% de deformação axial (Figura
34), enquanto o ensaio CID2 apenas apresentou estabilização do volume e da tensão desviatória
próximo a 25% de deformação axial (Figura 34b). Por outro lado, o CID6 não mostra uma
constância visível do volume nem da tensão desviatória, ao final do ensaio.
Os cinco ensaios realizados em corpos de prova compactos CID3, CID4, CID5, CID7 e
CID8 apresentaram um pico de tensão desviatória inferior a 4% de deformação axial (Figura
34a). Após o pico, a tensão desviatória reduziu para um valor residual de tensão ao atingir uma
deformação axial próxima de 7%, mantendo-se constante até o final do ensaio. A deformação
volumétrica dos corpos de prova foi inicialmente positiva, com redução do volume, e
posteriormente um aumento de volume ( Figura 34b). Os ensaios CID3, CID4 e CID5
apresentaram um aumento do volume de forma mais acentuada até o pico de tensão desviatória,
em 7% de deformação axial, após o qual, a variação de volume ocorreu a uma taxa menor, até
o final do ensaio, não apresentando estabilização do volume.
62
1800
1600 800kPa
Tensão desviatória, q: kPa
1400
1200
1000 500kPa
800
200kPa
600
200kPa
400
100kPa
200 100kPa
50kPa
0 25kPa (a)
6 CID1
800kPa; eo = 0,88
Deformação volumétrica, εv: %
5 CID2
CID3
4
CID4
3 500kPa; eo = 0,82 CID5
2 CID6
A relação entre a tensão desviatória (q) e a tensão efetiva média (p’), definida como a
razão de tensão (η = q/p’) é um indicativo adicional do comportamento do solo. Para os ensaios
drenados, esses resultados são plotados na Figura 35. Nota-se que para os ensaios realizados
nos corpos de prova fofos (CID2 e CID6) o valor de η cresce monotonicamente com a
deformação. O ensaio CID1, no entanto, atinge o valor de η aproximadamente igual a 1,1 e
apresenta uma redução até o valor aproximado de 0,97. Esse comportamento apresentado pelo
CID1 deve-se à baixa tensão confinante do ensaio (25kPa) e a instabilidade das tensões ao final
do ensaio, o que também foi obtido por outros autores (VELTEN et al., 2022). Os ensaios
compactos, diferentemente dos ensaios fofos, apresentaram um pico da razão de tensão (η),
63
passando a uma queda rápida de η. No entanto, percebe-se que para a faixa de deformação
obtida nos ensaios (18%) o valor de η encontra-se entre 1,4 e 1,3, não se mostrando constante.
Os valores de η ao final do ensaio (estado crítico) são esperados serem próximos para
os ensaios que atingem a condição de estado crítico, definindo o valor de M. No entanto,
conforme se observa na Figura 35, nem todos os ensaios alcançaram esta condição. Um método
complementar para a determinação do parâmetro M será incluído nesta discussão.
1,8
1,6
1,4
1,2
η, q/p'
CID1
1 CID2
CID3
0,8
CID4
0,6 CID5
CID6
0,4
CID7
0,2 CID8
0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa %
Figura 35- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios drenados.
65
600kPa
1000
Tensão desviatória, q: kPa
800
600
400
200kPa
200
300kPa
150kPa
400kPa 500kPa
0 (a)
1,2
CIU1
CIU2
1 400kPa; eo = 0,89 500kPa; eo = 0,89
CIU3
CIU4
0,8 300kPa; eo = 0,83 CIU5
Δu/p'0
CIU6
150kPa; eo = 0,82
0,6
0,4
600kPa; eo = 0,78
0,2
200kPa; eo = 0,81
(b)
0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa: %
Figura 36- Gráfico de tensão desviatória (a) e de acréscimo de poropressão (b) para os ensaios não drenados
utilizados para determinação da LEC.
66
1,8
1,6
1,4
1,2
η, q/p'
0,8
CIU1
0,6 CIU2
CIU3
0,4
CIU4
0,2 CIU5
CIU6
0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação axial, εa %
Figura 37- Gráfico da razão de tensão η (=q/p’) para os ensaios não drenados.
A Linha de Estado Crítico (LEC) foi definida a partir dos ensaios que atingiram o estado
crítico, o que é caracterizado pela estabilização da tensão desviatória e da poropressão para os
ensaios não drenados, e da tensão desviatória e da deformação volumétrica para os ensaios
drenados. Desta forma, foram considerados os resultados de nove ensaios, CIU1, CIU2, CIU3,
CIU4, CIU5, CID1, CID2 e CID7 e CID9. Os valores de p’c e qc, correspondente ao estado
crítico foram considerados como sendo aqueles a partir dos quais não foram observadas
variações nas tensões p’ e q, e em variação de volume. Esses valores foram obtidos a partir da
interpretação dos gráficos de tensão q em função da deformação axial (ε), apresentados na
Figura 34 e na Figura 36, e, individualmente, no ANEXO H. A LEC é apresentada nos espaços
e versus ln p’ e q versus p’ na Figura 38(a,b). Os ensaios indicados por linhas tracejadas no
gráfico e:lnp’ (Figura 38a) foram considerados para a definição dos parâmetros de dilatância
(ver Tabela 11).
67
1 e = -0,030ln(x) + 0,966
R² = 0,89
0,95
CID1
0,9 CIU3
Índice de vazios, e
0,85 CIU2
CID2
CIU1
0,8 CIU5
CIU4
0,75 CID7
CID9
0,7
0,65
(a)
0,6
10 100 1000
1200 p' (ln): kPa
M = 1,28
R² = 1,00
1000
Tensão desviadora, q: kPa
CID2
800
CID9
600 CIU4
400 CIU1
Os pontos obtidos do estado crítico, nos ensaios que atingiram essa condição, definem
um comportamento linear tanto no espaço e versus lnp’ como no q versus p’. Os ensaios CIU2,
CIU3 e CIU5 apresentaram “comportamento contrátil”, com redução da tensão efetiva média
68
com o carregamento. Já os ensaios CIU1 e CIU4 apresentaram “comportamento dilatante”
(aumento de p’ com o carregamento), com trecho aproximadamente vertical (Figura 38b) até
metade do valor da tensão desviatória máxima atingida. A Tabela 11 apresenta os valores dos
parâmetros de estado de todos os ensaios em função da LEC apresentada na Figura 38a.
O gradiente da LEC no espaço q versus p’ define a razão de atrito do estado crítico (M),
o qual fornece um valor de M = 1,28 para o material ensaiado (Figura 38b). Considerando o
valor de Mpq = 1,28, através da Equação (28) obtém-se o valor de ângulo de atrito (ϕ’c) igual a
31,8º.
6𝑠𝑒𝑛𝜙′𝑐 (28)
𝑀=
3 − 𝑠𝑒𝑛𝜙′𝑐
Na Figura 39, são plotados os resultados dos ensaios que não alcançaram o estado
crítico, sendo os ensaios realizados em corpos de prova compactos (CID3, CID4 e CID5) e o
ensaio de tensão confinante mais elevada (CID6). Os ensaios drenados em corpos de prova
compactos atingem o estado crítico para deformações axial em torno de 50% (JEFFERIES e
BEEN, 2016), o que é um desafio em termos experimentais.
69
1 e = -0,030ln(x) + 0,966
R² = 0,89
0,95
0,9
Índice de vazios, e
CID6
0,85
0,8
0,75
0,65
(a)
0,6
10 100 1000
p' (ln): kPa
Figura 39- Ensaios que não foram considerados para a definição da linha de estado crítico.
A partir dos resultados apresentados na Figura 38a foi selecionada uma relação linear
representada pela Equação (29).
De acordo com essa relação, tem-se que, para p’ igual a 1kPa, o índice de vazios (Γ) na LEC
assume um valor igual a 0,97, sendo a inclinação (λe) da LEC igual a 0,030. Alguns autores, no
entanto, definem a LEC com formato curvilíneo. Nesse sentido, a LEC foi interpretada com
formato curvo, alternativamente à LEC linear, a qual foi definida de acordo com a Equação (3)
O ajuste da LEC curvilínea resultou em um grau de ajuste inferior ao resultante da Equação
(28), e, sendo assim, não é aqui apresentada (JEFFERIES e BEEN, 2016; VERDUGO, 1992 e
SCHNAID, 2020).
70
4.8 Determinação do Módulo Cisalhante
O valor do módulo cisalhante (G) foi obtido através dos ensaios com Bender Elements
(BE) e de Coluna Ressonante (CR), para diferentes valores de tensões confinantes. Nos ensaios
com BE, a velocidade da onda cisalhante foi calculada considerando os tempos de viagem da
onda de acordo com os pontos A, B, C e D da Figura 29, sendo feitas emissões da onda com
frequências variando de 5 kHz a 20 kHz. Os resultados obtidos para todas as frequências
realizadas, considerando os pontos de primeira chegada e de pico a pico, são apresentados no
Anexo I. Os valores de G, calculados a partir da velocidade cisalhante no BE, foram, ainda,
comparados com os obtidos através do ensaio de CR, para uma mesma tensão confinante.
Tabela 12– Valores obtidos de Vs e Gmax a partir de ensaios com Bender Elements e Coluna
Ressonante
Ensaio p'o (kPa) Vs Gmax
BE 25 118,46 27,13
BE 50 144,19 40,63
BE 100 180,55 64,41
BE 200 214,32 91,78
BE 300 246,39 122,15
BE 400 265,48 142,79
BE 500 285,37 168,08
BE 600 295,88 181,31
CR 25 103,20 18,20
CR 50 136,50 33,00
CR 100 188,10 62,70
CR 308 253,20 114,30
CR 588 303,60 164,90
71
200
Bender Elements
180
Coluna Ressonante
160
140
Gmax (MPa)
120
100
80
60
40
20
0
0 100 200 300 400 500 600 700
p' (kPa)
Figura 40- Módulo cisalhante máximo em função da tensão efetiva média
Para as análises com o modelo Norsand, foi utilizada a planilha NorTXL.xls versão 2
de JEFFERIES e BEEN (2016). Essas análises envolvem a determinação de oito parâmetros,
definidos conforme apresentado na Tabela 13. Os parâmetros Г e λ foram obtidos da LEC. Os
parâmetros M, N, χ e H descrevem o comportamento plástico do solo, sendo os três primeiros
obtidos diretamente dos ensaios, e o último obtido a partir da aplicação do modelo Norsand,
conforme descrito abaixo. O módulo de rigidez (Ir = G/p’o) descreve o comportamento elástico
do solo e é determinado através de ensaios Bender Element ou coluna ressonante. Finalmente,
o valor do Coeficiente de Poisson (ν) foi assumido igual a 0,2, conforme recomendação da
literatura (JEFFERIES e BEEN, 2016).
72
Tabela 13- Parâmetros usados no modelo Norsand
Parâmetros Definição
Г
LEC
Altitude da LEC em 1kPa, por convenção
λe Inclinação da LEC linear no espaço e-log(p')
M razão de atrito crítico
Plasticidade
ν Coeficiente de Poisson
Os resultados dos ensaios triaxiais CID3, CID4 e CID5, CID7 e CID8 (Tabela 11), em
corpos de prova compactos, foram usados para a determinação dos valores de M, N e χ,
seguindo recomendações de JEFFERIES e SHUTTLE (2005).
𝑞 (30)
𝜂=
𝑝′
No estado crítico, a relação (qc/p’c) define o parâmetro M Equação (31), o qual pode ser
escrito também em função do ângulo de atrito no estado crítico ϕ’c, conforme a Equação (28)
(valor de M para ensaios triaxiais de compressão).
73
𝑞𝑐 (31)
𝑀=
𝑝′𝑐
𝑀 − ƞ𝑚𝑎𝑥 (32)
𝐷𝑚𝑖𝑛 =
1−𝑁
A partir dos ensaios triaxiais, foram obtidas as relações entre a dilatância e razão de
tensão (Figura 41a) e dilatância parâmetro de estado (Figura 41b). Na Figura 41a, as curvas
convergem para o valor de η correspondente a D igual a 0, em dois pontos. No primeiro ponto,
o corpo de prova passa de uma condição contrátil para dilatante, tendo, neste ponto, o valor de
η entre 1,20 e 1,30 para os ensaios CID3, CID4 e CID5. O segundo ponto de D igual a zero é
obtido ao final do ensaio quando o corpo de prova passa a apresentar variação de volume e de
η nulos, o que representa o estado crítico. Esse ponto apenas foi alcançado pelo ensaio CID 7,
marcando o valor igual a 1,39. Esse valor é indicado, também pelo prolongamento do trecho
retilíneo pós pico dos ensaios CID3, CID4 e CID5, até o eixo vertical. O valor de M igual a
1,39 fornece um ângulo de atrito de estado crítico igual a 34,4º.
74
2 CID3
CID4
1,8
0,6
0,4
CID5
0,2
η em Dmin (a)
0
Parâmetro de estado. ψ (-)
-0,05
CID7
-0,1 CID9
-0,15
CID5
-0,2 CID4
CID3
ψ em Dmin
-0,25
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6
Dilatância (-) (b)
4.9.1.2 Parâmetros M e N
75
Figura 42- Taxa de tensão máxima (η)máx em função da dilatância mínima (Dmin).
76
Figura 43- ensaio realizado na caixa, para determinação do ângulo de atrito no repouso
4.9.1.3 Parâmetro χ
78
endurecimento controla a magnitude da deformação plástica, sendo uma propriedade paralela
ao módulo de cisalhamento elástico G. Seu valor depende, da estrutura do material, podendo
ser constante ou variar em função de ψ, sendo, por isso, determinado durante a calibração do
modelo com os ensaios.
Figura 45- Módulos de endurecimento em função do parâmetro de estado, obtidos do ajuste das curvas dos
ensaios triaxiais e do modelo NorSand.
79
4.9.3 Módulo de rigidez (Ir)
O valor do módulo de rigidez (Ir) é dado pela razão do módulo cisalhante (G) pela tensão
efetiva média (p’). Sua variação é considerada como não linear, uma vez que é afetado por
fatores como, o nível de tensão, a estrutura, a cimentação e o histórico de tensões. Uma resposta
linear de rigidez ocorre apenas para pequenas deformações, em ensaios não destrutivo, sendo
que, para deformações maiores, o módulo diminui com o aumento da deformação (KU E
MAYNE, 2014).
Os valores de Gmax obtidos através dos ensaios de BE e de CR, foram modelados a partir
da Equação (33a) (JEFFERIES e BEEN, 2016). A relação entre os valores de Gmax calculados
e os medidos em laboratório é apresentada na Figura 46, com a linha de equivalência mostrando
uma forte relação entre os dois valores. O ajuste apresentado na Figura 46 foi obtido para
valores de a = 235, b = 0,45 e emín = 0,543, sendo pref o valor da tensão de referência, por
convenção, igual a 100kPa.
𝑏 (33a)
𝐺 𝑎 𝑝
= ( )
𝑝𝑟𝑒𝑓 (𝑒 − 𝑒𝑚𝑖𝑛 ) 𝑝𝑟𝑒𝑓
ou
0,45 (33b)
235 𝑝
𝐼𝑟 = ( )
(𝑒 − 0,543) 𝑝𝑟𝑒𝑓
80
Linha de equivalência
200 Bender Elements
Coluna Ressonante
100
50
0
0 50 100 150 200 250
Figura 46- Relação entre os valores dos módulos cisalhantes obtidos em laboratório e os valores calculados
através da equação de elasticidade.
σ′𝑣𝑚 (34)
𝑂𝐶𝑅 = ′
σ𝑣
O uso de ensaios não drenados nesta etapa é importante, uma vez que a liquefação é um
fenômeno que ocorre, essencialmente, de forma não drenada. O objetivo desta etapa é ajustar
os valores dos parâmetros obtidos, de forma a obter o melhor ajuste que descreva o
comportamento dos dados no geral, ao invés de selecionar os parâmetros que descreva,
perfeitamente, um único ensaio. Para obter melhor ajuste entre as curvas do modelo Norsand e
dos ensaios, os valores de Gmax calculados a partir da Equação (33a) foram reduzidos em
Gmax/4, conforme recomendações de SHUTTLE e JEFFERIES (2016).
82
4.10 Conclusões do capítulo
A condição de estado crítico foi avaliada através da razão de tensão η, sendo que, no
estado crítico, o seu valor é igual a M. Essa avaliação permitiu avaliar a consistência de um
ensaio individualmente em relação aos demais. Desta forma, para o ensaio CIU3, foi
selecionado um ponto com tensão p’ e q diferentes dos apresentados no final do ensaio, uma
vez que foi considerado mais representativo do estado crítico.
A LEC foi definida a partir de uma relação linear e de uma equação curvilínea,
mostrando, através de ambas as relações, um forte ajuste entre os pontos e a curva.
O valor de M pode ser obtido através de dois métodos, pela inclinação da LEC no
diagrama q versus p’ e pelo diagrama de tensão dilatância, sendo esse último, recomendado por
(JEFFERIES e SHUTTLE 2005). Neste trabalho, o valor de M foi determinado por ambos os
métodos.
83
Os parâmetros usados no modelo Norsand são obtidos a partir de ensaios comumente
realizados em laboratório, sendo exceção, o módulo de endurecimento que é determinado
através de um processo iterativo usando o modelo Norsand.
84
CAPÍTULO 5: APLICAÇÃO DO MODELO
NORSAND E COMPARAÇÃO DOS
RESULTADOS COM A LITERATURA
Este capítulo calibra os resultados dos ensaios triaxiais com o comportamento descrito
pelo modelo Norsand. Para isso foi usada a planilha NorTXL.xls de JEFFERIES e BEEN
(2016) São comparados os resultados de todos os ensaios triaxiais drenados e não drenados
discutidos no capítulo anterior. Maior ênfase é dada, no entanto, aos ensaios não drenados, visto
que a liquefação é um fenômeno que ocorre essencialmente de forma não drenada, sendo que
alguns ensaios são apresentados no presente capítulo e os demais no anexo K. As curvas dos
ensaios foram modeladas com parâmetros Γ = 0,97, λ = 0,030, M = 1,39, N = 0,43, χ = 4,5, H
= 115 -360ψ, ν = 0,2, Gmax/4, antes determinados e OCR = 1. Neste capítulo, é apresentada
também uma comparação entre os valores dos parâmetros obtidos neste trabalho com os
apresentados na literatura. Ênfase maior é dada aos resultados da Barragem 1 do Complexo
Mineiro do Córrego do Feijão.
85
Figura 47- Comparação dos resultados dos ensaios CIU2 e CIU5 com o modelo NorSand.
Figura 48- Comparação dos resultados dos ensaios CIU3 com o modelo NorSand.
86
Na Figura 49 são apresentadas as curvas de tensão deformação (Figura 49a) e os
caminhos de tensão (Figura 49b) para os ensaios CIU1 e CIU4. As curvas do modelo descrevem
o comportamento geral de ambos os ensaios, atingindo, aproximadamente, a mesma faixa de
tensões efetivas e tensão desviatória ao final dos ensaios. No entanto, as curvas dos ensaios e
as curvas do modelo só se aproximam mais para deformações axiais superiores a cerca de 10%.
Os caminhos de tensão dos ensaios (Figura 49b), analogamente às curvas tensão-deformação,
se aproximam mais para maiores valores de tensão desvio e de deformação axial. Nestes
trechos, as curvas dos ensaios tocam a LEC (Figura 49b) e os corpos de prova passam a
apresentar as maiores deformações axiais (Figura 49a), com aumento da tensão efetiva e da
tensão desviatória, até o ponto em que esta permanece constante (estado crítico).
Figura 49- Comparação dos resultados dos ensaios CIU1 e CIU4 com o modelo NorSand.
87
foi reduzido de 90 kPa para 40 kPa. Essa redução provocou um forte afastamento entre as curvas
de tensão deformação do modelo e do ensaio (Figura 50a). Por outro lado, essa mesma variação
do valor de Gmax resultou em uma maior aproximação da curva de caminho de tensão do modelo
do caminho de tensão do ensaio (Figura 50b) em relação ao mostrado na Figura 49.
Figura 50- Comparação dos resultados dos ensaios CIU4 com o modelo NorSand, considerando diferentes
valores de Gmax e OCR.
Com relação ao parâmetro de estado, foi feita a alteração no seu valor, de -0,010 para -
0,012. A Figura 50a mostra que esse aumento do valor de ψ não provoca uma alteração
significativa no comportamento da curva de tensão deformação, gerando apenas um aumento
considerável no valor de q do estado crítico. Ademais, a Figura 50b mostra que nenhuma
variação ocorre no comportamento da curva de caminho de tensão, sendo que, assim como na
curva de tensão-deformação, maiores valores das tensões q e p’ são observados. O valor do
OCR foi alterado de 1,0 para 1,3. Observa-se que o aumento no valor de OCR reflete num
trecho inicial verticalizado na curva do caminho de tensões, como apresentado na Figura 50b.
Dessa forma, ainda que maiores semelhanças sejam obtidas para as curvas com a
mudança nos valores dos parâmetros, nenhuma combinação dos parâmetros foi capaz de
reproduzir com alto grau de ajuste, a curva de caminho de tensão dos ensaios CIU1 e CIU4.
Apesar disso, o comportamento geral dos ensaios foi satisfatoriamente reproduzido pelas
combinações dos valores dos parâmetros avaliados.
88
Conforme observado por WANATOWSKI et al. (2013), a divergência entre os
resultados dos ensaios e o modelo NorSand pode estar relacionada a erros nos ensaios ou a erros
teóricos. Os erros relacionados aos ensaios incluem diferença entre o índice de vazio do corpo
de prova e o valor registrado, equação de definição da LEC ou imprecisões nos sensores de
medida da tensão. Por outro lado, no que se refere aos erros teóricos, esses podem estar
relacionados às relações tensão-dilatância e trabalho-endurecimento. Aqueles autores
consideraram que as divergências entre os dados calculados e os dados medidos, para os
caminhos de tensão, devem-se principalmente à lei de endurecimento (H), visto que é o limite
de endurecimento que controla a inclinação da linha de instabilidade.
Na Figura 51 e na Figura 52, são apresentadas as curvas dos ensaios CID2 e CID6,
respectivamente, juntamente como as curvas do modelo Norsand. Nota-se que os
comportamentos das curvas de tensão deformação e de deformação volumétrica são, no geral,
bem descritos pelo modelo Norsand, usando os valores dos parâmetros calculados através dos
ensaios.
89
Figura 52 - Comparação entre ensaio CID6 e o modelo NorSand.
Na Tabela 14, são apresentados os valores dos oito parâmetros usados no modelo
NorSand para nove diferentes materiais, incluindo os parâmetros de estado crítico, de
plasticidade e de elasticidade. Os valores de Г dos materiais variam entre 0,754 e 1,315. A
inclinação da LEC (λ) apresenta valores variando entre 0,0122 e 0,0738. Já para o valor de M
os valores variam entre 1,00 e 1,40. Os valores dos parâmetros do estado crítico obtidos neste
trabalho situam-se dentro da faixa de valores apresentados para os diferentes materiais. A
Figura 53 mostra a LEC obtida neste trabalho, comparando-a com a dos materiais apresentados
na Tabela 14, em que se percebe essa concordância entre os valores descritos neste trabalho e
os apresentados pelos autores.
90
Tabela 14 - Valores descritos, na literatura, para diferentes materiais, dos parâmetros usados
no modelo Norsand
Figura 53 - Comparação da Linha de Estado Crítico obtida neste trabalho com outras descritas na literatura.
Fonte: Modificado de GHAFGHAZI, M. e SHUTTLE, D. (2008)
91
Os valores dos parâmetros Г e λ obtidos neste trabalho são comparados com valores
obtidos para diferentes materiais de rejeito em função do teor de finos (VERGARAY et al.,
2022) na Figura 54 e na Figura 55, respectivamente. Neste trabalho, foi obtido o valor de finos
igual a 47%, conforme apresentado na Tabela 7. Ambos os parâmetros se mostram com elevado
grau de espalhamento. A dispersão dos pontos indica que esses parâmetros não são controlados,
unicamente, pela granulometria dos materiais, mas dependem de aspectos morfológicos dos
grãos, como a angulosidade e a esfericidade, por exemplo (MOLINA-GOMÉZ e VIANA DA
FONSECA, 2021, JEFFERIES e BEEN, 2016). Através das figuras, nota-se que os valores
obtidos para os dois parâmetros encontram situados em torno da média dos valores descritos na
literatura.
Figura 54 - Comparação do parâmetro Г com os apresentados pela literatura, em função do conteúdo de finos.
Fonte: VERGARAY et al. (2022).
92
Figura 55 - Comparação do parâmetro λ com os apresentados pela literatura, em função do conteúdo de finos.
Fonte: VERGARAY et al. (2022).
94
Tabela 15– Valores dos parâmetros do estado crítico e de classificação granulométrica para o
material estudado e para os materiais da barragem B1 do Córrego do Feijão.
Programa Rejeito Г λe M D50 Cu %finos <75microns Gs
Este trabalho 0,97 0,030 1,40 0,0623 2,32 72,20 2,93
EPR fino 1,12 0,039 1,35 0,0502 4,76 71,20 4,33
EPR Médio 1,04 0,039 1,39 0,0709 5,44 51,50 4,52
RPR Grosso 1,01 0,039 1,38 0,1321 6,47 32,80 4,65
FEUP Tipo1_Or 1,24 0,053 1,42 0,053 3,97 77,40 3,90
FEUP Tipo1_Ev 1,17 0,056 1,42 0,0596 2,25 85,16 3,90
FEUP Tipo2_Or 1,04 0,037 1,40 0,0377 7,17 91,85 4,50
FEUP Tipo2_Ev 1,06 0,051 1,40 0,0377 7,17 91,85 4,50
FEUP Tipo3_Or 1,36 0,043 1,36 0,0596 2,25 71,27 5,00
FEUP Tipo3_Ev 1,37 0,050 1,36 0,0596 2,25 71,27 5,00
Fonte: Modificado de CIMNE (2021).
Figura 58 - Comparação entre a LEC obtida neste trabalho e as dos materiais da barragem B1 do Córrego do
Feijão.
Fonte: modificada de CIMNE (2021).
Na Figura 59, são plotadas as resistências de pico normalizadas pela tensão confinante
p’o, para os ensaios de parâmetro de estado positivo. Para esses cálculos foram considerados os
valores finais dos ensaios. Os valores obtidos neste trabalho são comparados com valores
descritos na literatura (JEFFERIES e BEEN, 2016), bem como os valores da barragem B1 do
95
Córrego do Feijão (CIMNE, 2021). De forma geral os valores obtidos neste trabalho situam-se
dentro da faixa de valores descritos pela literatura, e apresentam valores relativamente
superiores de resistência de pico quando comparados com os valores da Barragem B1.
Figura 59 - Comparação entre a resistência normalizada versus o parâmetro de estado, dos valores obtidos neste
trabalho e os descritos na literatura.
Fonte: Modificada de JEFFERIES e BEEN, (2016).
Os valores da resistência não drenada de pico e residual obtidos para o rejeito estudado
são normalizados pela tensão efetiva média (p’o) e plotados em função de (ψo/λe) na Figura 60.
É plotada, também, a curva teórica de resistência não drenada do estado crítico para M=1,25,
num valor muito próximo ao obtido neste trabalho através dos ensaios fofos (1,28). A curva
teórica e os valores de resistência residual, plotados no gráfico, mostram como a fragilidade IB
aumenta com parâmetro de estado normalizado. A fragilidade, IB, abordada no capítulo 2,
caracteriza o fenômeno da liquefação, uma vez que tal queda da resistência faz com que uma
ruptura incipiente se desenvolva rapidamente para um fluxo de lama (JEFFERIES e BEEN,
2016).
96
Figura 60 - Desenvolvimento da resistência não drenada de pico e residual com o parâmetro de estado.
Fonte: Modificada de JEFFERIES e BEEN, (2016).
97
1,2
Este trabalho
Barragem do Germano - TELLES (2017)
1
R² = 0,95
0,8
IBU
0,6
0,4
0,2
0
-0,02 0 0,02 0,04 ѱo 0,06 0,08 0,1 0,12
Figura 61 - Comparação dos valores de índice de fragilidade obtidos neste trabalho com valores dos rejeitos da
Barragem de Germano
Os resultados obtidos dos ensaios de laboratório para os dois rejeitos são apresentados
na Tabela 16. Os rejeitos da Barragem de Germano apresentam menor porcentagem da fração
silte e maior de areia que os rejeitos estudados neste trabalho, apresentando, ainda, maior valor
de D50. Por outro lado, o rejeito estudado neste trabalho apresenta maior valor de Gs, e com
composição consideravelmente mais férrica que os rejeitos da barragem de Germano. Esses
resultados estão consistentes, visto que, minerais de composição férrica apresentam maiores
valores de Gs e tendem a se apresentar em grãos de menores diâmetros, quando comparados
com os grãos de quartzo. Por outro lado, com relação aos parâmetros de estado críticos, o rejeito
da barragem de Germano apresenta valores superiores de λ, Г e Mpq que os obtidos para os
rejeitos estudados neste trabalho.
98
Figura 62 - Comparação dos valores obtidos neste trabalho com valores dos rejeitos da Barragem de Germano
Fonte: Modificada de TELLES (2017).
Tabela 16– Comparação entre os parâmetros obtidos neste trabalho com os da barragem de
Germano
D50 Argila Silte Areia SIO2 Fe Al2O3
Material Gs M λ Г
(mm) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
B. de
0,09 0 31 69 2,8 85,7 9,6 0,06 1,36 0,048 1,017
Germano
Este 1,28/
0,06 2 46 52 2,93 70 26 - 0,030 0,97
trabalho 1,39
99
5.6 Ângulo de Atrito de Pico
Na Figura 63 são apresentados os valores obtidos para o ângulo de atrito dos ensaios
realizados em função do parâmetro de estado inicial de cada corpo de prova. É possível notar
uma tendência de redução do ângulo de atrito de pico (ϕ’p) à medida que o parâmetro de estado
se torna mais positivo. Os maiores valores de ângulo de atrito foram obtidos para os ensaios
com parâmetros de estado mais negativos (ψo em torno de -0,2), o que é esperado, em virtude
da maior compacidade dos corpos de prova com parâmetros de estado mais negativos. Nota-se,
também, que para o parâmetro de estado igual a zero, o ângulo de atrito de pico situa-se em
torno de 30°. Pode-se perceber, através da análise da Figura 63, que os valores do ângulo de
atrito de pico obtidos neste trabalho se apresentam dentro da faixa de valores descritos por
JEFFERIES e BEEN (2016), apresentando também o mesmo comportamento.
100
Figura 63 – Valores do ângulo de atrito em função do parâmetro de estado obtidos neste trabalho e apresentados
por JEFFERIES e BEEN (2016).
Fonte: COCCHIARALE (2022)
101
Figura 64 - Diferenças entre o ângulo de atrito de pico e residual, em função do parâmetro de estado, obtidas
neste trabalho e apresentadas por JEFFERIES e BEEN (2016).
Fonte: COCCHIARALE (2022)
102
Figura 65 - Ângulo de atrito versus parâmetro de estado normalizado obtidos neste trabalho e apresentados por
JEFFERIES e BEEN (2016).
Fonte: COCCHIARALE (2022)
103
5.7 Conclusões do capítulo
O comportamento geral dos resultados dos ensaios é, em geral, bem descrito pelo
modelo Norsand. No entanto, aspectos específicos e pontuais das curvas dos ensaios não são,
necessariamente, reproduzidos pelas curvas do modelo.
A calibração dos parâmetros obtidos através dos ensaios de laboratório é uma etapa
importante nas análises, pois permite ajustá-los aos valores que melhor descrevem as curvas e
o comportamento do material.
De forma geral, os parâmetros obtidos situam-se dentro da faixa dos valores descritos
pela literatura. Enquanto o valor de Γ apresenta valor que se assemelha aos valores médios
descritos na literatura, o valor de λ situa-se abaixo dos valores médios descritos para este
parâmetro.
104
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES
O ponto central deste trabalho foi o estudo de um rejeito de minério de ferro presente
em uma das barragens do Quadrilátero Ferrífero (MG). As análises realizadas objetivaram o
conhecimento do seu comportamento no estado crítico bem como a determinação dos
parâmetros do modelo Norsand.
O método MMT, usado para a moldagem dos corpos de prova, possibilitou a obtenção
de uma ampla faixa de densidades, permitindo, ainda, que houvesse maior controle da
densidade das camadas, em comparação aos métodos de moldagem convencionais.
O congelamento dos corpos de prova ao final do ensaio, embora não seja uma prática
usual, possibilita a determinação do índice de vazios de forma simples e reduz a possibilidade
de erros nessa determinação.
A LEC obtida foi definida através de uma relação linear, com p’ na escala logarítimica,
assumindo. Por outro lado, foi apresentada a LEC com formato curvilíneo, alternativamente à
LEC linear, obtendo-se um ajuste satisfatório entre a LEC e os dados dos ensaios através dos
dois ajustes.
105
O valor de M pode ser obtido através da inclinação da LEC no diagrama q versus p’ e
através do diagrama de tensão dilatância. Neste trabalho, o valor de M foi obtido através dos
dois métodos, obtendo valor superior de M através do segundo método, o que condiz com o
obtido por alguns autores na literatura.
De forma geral, os valores dos parâmetros obtidos através dos ensaios de laboratório
situam-se dentro da faixa de valores descritos pela literatura.
Os valores de ângulo de atrito de pico mostram uma tendência de redução à medida que
o parâmetro de estado se torna menos negativo, aproximando-se do ângulo de atrito do estado
crítico quando o parâmetro de estado é igual a zero.
A interpretação dos resultados dos ensaios de bender elements foi realizada pelo método
de domínio do tempo. As diferentes frequências utilizadas e o cálculo de diferentes tempos de
chegada da onda permitiram selecionar aqueles que apresentaram comportamento mais
representativos.
106
Os valores de módulo cisalhante obtidos através dos ensaios com bender elemento e de
Coluna Ressonante foram comparados com uma equação teórica obtendo-se uma correlação
satisfatória. Esses valores são posteriormente calibrados para os ensaios, através do modelo
Norsand.
O comportamento geral dos resultados dos ensaios é bem descrito pelas curvas do
modelo Norsand. No entanto, aspectos específicos e pontuais das curvas dos ensaios não são,
necessariamente, reproduzidos pelas curvas do modelo.
Os valores de tensão q alcançados pelos ensaios drenados não foram reproduzidos pelas
curvas do modelo Norsand utilizando os valores dos parâmetros obtidos a través dos ensaios.
Os valores mais elevados de q, obtidos nos ensaios drenados, apenas foram descritos pelo
modelo Norsand para valores de M superiores a 1,3, sendo o valor obtido através dos ensaios
fofos igual 1,28.
A calibração dos parâmetros obtidos através dos ensaios de laboratório é uma etapa
importante nas análises, pois permite ajustá-los aos valores que melhor descrevem as curvas e
o comportamento do material.
107
CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS
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.
113
ANEXOS
114
ANEXO A – NORMAS UTILIZADAS NA REALIZAÇÃO DOS ESTUDOS
EXPERIMENTAIS
ABNT NBR: 7181 Solo – Análise granulométrica, Associação Brasileira de Normas Técnicas
2016.
ABNT NBR: 6458 Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8 mm –
Determinação da massa específica, da massa específica aparente e da absorção de água.
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2ª edição, 2017.
ABNT NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez, Associação Brasileira de
Normas Técnicas, 2ª edição, 2017.
ABNT NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade, Associação Brasileira de
Bormas Técnicas, 2ª edição, 2016.
ABNT NBR 16840: Solo – Determinação do índice de vazios máximo de solos não coesivos,
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2020.
ABNT NBR 16843: Solo – Determinação do índice de vazios mínimo de solos não coesivos,
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2020.
ABNT NBR 13292: Solo – Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos
granulares à carga constante, Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2ª edição, 2021.
ABNT NBR 14545: Solo – Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos
argilosos à carga variável, Associação Brasileira de Normas Técnicas 2ª edição, 2021.
ABNT NBR 7182: Solo – Ensaio de compactação, Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2016.
ASTM D4254, Standard Test Methods for Minimum Index Density and Unit Weight of
Soils and Calculation of Relative Density. American Society for Testing and Materials, 2016.
ASTM D4253: Standard Test Methods for Maximum Index Density and Unit Weight of
soils using a vibratory table. American Society for Testing and Materials, 2016.
ASTM D4767: Standard Test Method for Consolidated Undrained Compression Test for
Cohesive Soils. American Society for Testing and Materials, 2012.
ASTM D7181: Standard Test Method for Consolidated Drained Triaxial Compression
Test fos Soils, American Society for Testing and Materials, 2020.
ASTM D2850: Standard Test Method for Unconsolidated-Undrained Triaxial
Compression Test on Cohesive Soils, American Society for Testing and Materials, 2015.
115
ANEXO B – CLASSIFICAÇÃO TÁTIL-VISUAL DAS AMOSTRAS DE REJEITO
Figura B1: Amostras P1 (a), P2 (b), P3 (c), P4 (d) e P5 (e) coletadas na barragem
116
A seguir são apresentadas as descrições tátil-visual das amostras coletadas na barragem, sendo
utilizada nos estudos apresentados neste trabalho, a amostra P3:
• Amostra P1: Areia fina siltosa, coloração marrom e preto; grãos com brilho vítreo-
quartzo e fosco-mineral férrico.
• Amostra P2: Areia fina siltosa, coloração marrom amarelado e preto; minerais com
brilho variando de vítreo e fosco; minerais de silicato e óxido de ferro.
• Amostra P3: Silte arenoso; areia fina; coloração marrom avermelhada com preto; brilho
vítreo pouco marcado; minerais de silicato e óxido de ferro.
• Amostra P4-OD: Areia fina siltosa, coloração marrom amarelada com preto; minerais
de brilho vítreo e fosco.
• Amostra P5-OE: Areia fina, coloração marrom amarelado e preto; minerais brilho vítreo
e fosco – quartzo e minerais férricos aproximadamente com a mesma proporção.
117
ANEXO C – RELATÓRIO FOTOGRÁFICO DAS CONDIÇÕES DE REALIZAÇÃO DOS
ENSAIOS TRIAXIAIS
118
Figura C3 – Sistema de realização do ensaio triaxial, com célula de carga interna e copo para guiamento do
pistão
119
ANEXO D - ANÁLISE DE FLUORESCÊNCIA DE RAIO X
120
Figura D2 – Resultados da segunda análise de Fluorescência de Raio X na amostra P3.
121
ANEXO E - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRAS
P3
PENEIRAMENTO FINO:
PESO DA AMOSTRA PARCIAL ÚMIDA: 120
PESO AMOSTRA SECA SUBMETIDA AO PENEIRAMENTO: MF= 112.99
PENEIRAS MASSAS PORCENTAGENS PASSANTES
Abertura Número Retida Acumulada Passante % passante % total
1.18 16 0 0.00 112.99 100.00% multiplicar 100.00%
0.6 30 0 0.00 112.99 100.00% % passante 100.00%
0.425 40 0 0.00 112.99 100.00% por 100.00%
0.3 50 0.4 0.40 112.59 99.65% % total 99.65%
0.15 100 1.68 1.68 111.31 98.51% 98.51%
0.075 200 40.79 40.79 72.20 63.90% 63.90%
SEDIMENTAÇÃO
PROVETA : 30 DENSÍMETRO : 192 N= 100.00%
DENSIDADE PARTÍCULAS QUE PASSAM NA # 10: d = 2.930
HORA DE INICIO DA SEDIMENTAÇÃO: 09:48
FATOR Q/Lc PARA SIMPLIFICAR O CÁLCULO de Q %: FQ= 13.43574486 N d/Ms(d-1)
CORREÇÃO DEVIDO AO MENISCO: adotado 0,0012 que aparece no calculo de Lc como a terceira parcela da coluna Lc
TEMPO (anotar real) LEITURAS CORREÇÕES VALORES AUXILIARES RESULTADOS
NBR 7181
em SEGUNDOSTemper. L Ld LC Viscosid. Alt.queda d Água Diâmetro Q%
0.5 30 27.9 1.0350 0.99961 0.03539 8.55E-06 13.57 0.9963 0.0600 47.5%
1 60 27.9 1.0200 0.99961 0.02039 8.55E-06 16.38 0.9963 0.0466 27.4%
2 120 27.9 1.0090 0.99961 0.00939 8.55E-06 18.44 0.9963 0.0350 12.6%
5 300 27.9 1.0030 0.99961 0.00339 8.55E-06 18.48 0.9963 0.0222 4.6%
8 480 27.9 1.0020 0.99961 0.00239 8.55E-06 18.67 0.9963 0.0176 3.2%
15 900 28 1.0020 0.99959 0.00241 8.53E-06 18.67 0.9963 0.0128 3.2%
30 1,800 27.8 1.0015 0.99964 0.00186 8.56E-06 18.77 0.9964 0.0091 2.5%
60 3,600 27.4 1.0010 0.99973 0.00127 8.64E-06 18.86 0.9965 0.0065 1.7%
134 8,040 26.8 1.0010 0.99986 0.00114 8.76E-06 18.86 0.9966 0.0044 1.5%
253 15,180 26.7 1.0010 0.99989 0.00111 8.78E-06 18.86 0.9967 0.0032 1.5%
507 30,420 27.4 1.0005 0.99973 0.00077 8.64E-06 18.95 0.9965 0.0022 1.0%
1449 86,940 25.1 1.0005 1.00023 0.00027 9.11E-06 18.95 0.9971 0.0014 0.4%
122
Figura E2 – Cálculos do ensaio de granulometria na amostra P3
123
ANEXO F – FOTOGRAFIAS COM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA
Figura F1 – Microfotografia realizada com Microscópio Eletrônico de Varredura – MEV- na amostra P3, em
diferentes locais e com diferentes aumentos.
124
ANEXO G - RESULTADO DOS ENSAIOS DE ÍNDICE DE VAZIOS,
COMPACTAÇÃO E PERMEABILIDADE
Quadro G1 – Resultados dos ensaios de compactação com energia de 25% do Proctor Normal
Quadro G1 - Continuação
125
Figura G1 – Curva do ensaio de compactação para a energia de 25% do Proctor Normal
Figura G2 – Material compactado com energia de 25% do PN, com diferentes teores de umidade.
126
Quadro G2 – Resultados dos ensaios de compactação com energia de 50% do Proctor Normal
Quadro G2 - Continuação
127
Figura G3 – Curva do ensaio de compactação para a energia de 50% do Proctor Normal
Figura G4 – Material compactado com energia de 50% do PN, com diferentes teores de umidade.
128
Quadro G3 – Resultados dos ensaios de compactação com energia de 50% do Proctor Normal
Quadro G3 - Continuação
129
Figura G5 – Curva do ensaio de compactação para a energia de 75% do Proctor Normal
Figura G6 – Material compactado com energia de 75% do PN, com diferentes teores de umidade.
130
Tabela G1 – Índices de vazio máximos pela ABNT
131
Quadro G4 – Resultados do ensaio de permeabilidade a carga constante
CÁLCULO DA PERMEABILIDADE
Volume Intervalo Temperat Piezômetro Piezômetro Perda Vazão velocidade relação velocidade gradiente
escoado tempo (oC) Base (cm) Topo (cm) de viscosidades da agua 20o hidraulico
(cm3) [delta t] Carga (cm) (cm3/s) (cm/s) (cm/s)
(s)
0 0
20 136 24.7 2.7 14.05 11.35 0.1 0.00079 0.893 0.00071 0.87
20 137 24.7 1.4 14 12.6 0.1 0.00078 0.893 0.00070 0.97
20 175 24.8 1 14 13 0.1 0.00061 0.891 0.00055 1.00
20 97 24.8 0.8 14 13.2 0.2 0.00111 0.891 0.00099 1.02
20 140 24.8 0.5 14 13.5 0.1 0.00077 0.891 0.00068 1.04
20 110 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00098 0.895 0.00087 1.99
20 107 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00100 0.895 0.00090 1.99
20 106 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00101 0.895 0.00091 1.99
20 107 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00100 0.895 0.00090 1.99
20 109 24.6 -4.4 21.5 25.9 0.2 0.00099 0.895 0.00088 1.99
20 87 24.9 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.889 0.0011 3.10
20 87 24.9 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.889 0.0011 3.10
20 87 24.9 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.889 0.0011 3.10
20 88 25 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.887 0.0011 3.10
20 91 25 -10.1 30.2 40.3 0.2 0.0012 0.887 0.0010 3.10
20 76 25.2 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.883 0.0012 4.23
20 75 25.2 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.883 0.0013 4.23
20 73 25.3 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.881 0.0013 4.23
20 72 25.3 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.881 0.0013 4.23
20 74 25.3 -16.5 38.5 55 0.3 0.001 0.881 0.0013 4.23
132
Quadro G5 – Resultados do ensaio de permeabilidade a carga variável
133
ANEXO H - RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS
CIU1
Tensão confinante (kPa) 200
Índice de vazios (e) de moldagem 0.785
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.98
w (%) 27.8
e 0.806
Estado crítico
p' (kPa) 261
q (kPa) 299
CIU2
Tensão confinante (kPa) 300
Índice de vazios (e) de moldagem 0.83
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.99
w (%) 28.36
e 0.831
Estado crítico
p' (kPa) 105
q (kPa) 126
135
Figura H5 – Caminho de tensão do ensaio CIU2
CIU3
Tensão confinante (kPa) 400
Índice de vazios (e) de moldagem 0.964
Percolação Água
Parâmetro B 0.71
w (%) 30.3
e 0.886
Estado crítico
p' (kPa) 5
q (kPa) 10
136
Figura H7 – Curva tensão defromação do ensaio CIU3
137
Figura H9 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU3
CIU4
Tensão confinante (kPa) 600
Índice de vazios (e) de moldagem 0.871
Percolação Água e CO2
Parâmetro B 0.94
w (%) 26.64
e 0.781
Estado crítico
p' (kPa) 812
q (kPa) 1000
138
Figura H11 – Caminho de tensão do ensaio CIU4
CIU5
Tensão confinante (kPa) 150
Índice de vazios (e) de
0,820
moldagem
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0,98
w (%) 28,08
Estado crítico e 0,823
p' (kPa) 132
139
q 100
140
Figura H15 – Curva de acrescimo de poropressão do ensaio CIU5
CID1
Tensão confinante (kPa) 25
Índice de vazios (e) de
0.892
moldagem
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.99
w (%) 29.12
e 0.853
Estado crítico
p' (kPa) 33
q 32
CID2
Tensão confinante (kPa) 500
Índice de vazios (e) de moldagem 0.826
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0.99
w (%) 26.45
e 0.775
Estado crítico
p' (kPa) 825
q (kPa) 983
Figura H21 – Curva de deformação volumétrica em função da deformação axial do ensaio CID2
CID6
Tensão confinante (kPa) 800
Índice de vazios (e) de
0,978
moldagem
Percolação CO2 e Água
Parâmetro B 0,97
w (%)
Estado crítico e
p' (kPa)
143
Figura H22 – Curva tensão defromação do ensaio CID6
144
Figura H24 – Curva de deformação volumétrica em função da deformação axial do ensaio CID6
2
1,8
2
1,8
Razão de tensão, η (-)
1,6
1,4
1,2
1
0,8
CID4
0,6
0,4
0,2
0
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4
Dilatância (-)
145
1,8
1,6
Razão de tensão , η (-) 1,4
1,2
1 CID5
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4
Dilatância (-)
1,8
1,6
Razão de tensão, η (-)
1,4
1,2
CID7
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6
Dilatância (-)
146
1,8
1,6
147
ANEXO I - RESULTADOS DOS ENSAIOS COM BENDER ELEMENTS
15 Tensão: 25 kPa
10 frequencia: 5 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
15 Tensão: 25 kPa
10
frequencia: 6,7 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
15 Tensão: 25 kPa
10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
15 Tensão: 25 kPa
10
frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016
Tempo (segundos)
Figura I1 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 25
kPa, para diferentes frequências.
148
15 Tensão: 50 kPa
10 frequencia: 5 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
15 Tensão: 50 kPa
10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014
Tempo (segundos)
15 Tensão: 50 kPa
10
frequencia: 20 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016
Tempo (segundos)
Figura I2 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 50
kPa, para diferentes frequências.
149
15 Tensão: 100 kPa
10
frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008
Tempo (segundos)
Figura I3 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 100
kPa, para diferentes frequências.
150
15 Tensão: 200 kPa
Amplitude (V)
10
frequencia: 5 kHz
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
Figura I4 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 200
kPa, para diferentes frequências.
151
15 Tensão: 300 kPa
10 frequencia: 5 kHz
Amplitude (\V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
15
Tensão: 300 kPa
10 frequencia: 10 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
Figura I5 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 300
kPa, para diferentes frequências.
152
15 Tensão: 400 kPa
10
Amplitude (V) frequencia: 5 kHz
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
Figura I6 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 400
kPa, para diferentes frequências.
153
15 Tensão: 500 kPa
10
frequencia: 5 kHz
Amplitude (V)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008 0,0009
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,002
Tempo (segundos)
Figura I7 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 500
kPa, para diferentes frequências.
154
15 Tensão: 600 kPa
Amplitude (V)
10 frequencia: 5 kHz
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
5
0
-5
-10
-15
0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012
Tempo (segundos)
Figura I8 – Sinal emitido e recebido dos ensaios com bender elements no CP 1, com tensão confinante de 600
kPa, para diferentes frequências.
155
Tabela I8 – Valores da velocidade da onda cisalhante obtidos através do ensaio de Bender Elements
157
ANEXO J – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COLUNA RESSONANTE
158
Figura J4 – Valores de Vs para diferentes tensões confinantes.
159
ANEXO K– RESULTADOS DAS ANÁLISES DO MODELO NORSAND
160
Figura K2 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID3.
161
Figura K3 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID4.
162
Figura K5 – Curvas do modelo NorSand e do ensaio CID5.
163