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Técnicas de Análise de Sistemas Trifásicos  Clever Pereira

UNIDADE III

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SISTEMAS TRIFÁSICOS

1- INTRODUÇÃO

CA 3φ em Regime Permanente
⇒ Senoidal (RPS)
SEP ⇒ Circuitos CA 1φ
CC

2- FASORES

Seja v(t) senoidal da forma

ω ⇒ freqüência angular

v(t ) = Vm cos(ωt + δ ) Vm ⇒ valor de pico

δ ⇒ ângulo de fase

(a) Valor Eficaz

O valor eficaz de uma onda periódica v(t), de período T, é definido


por :

T
1
Vef = V = ∫
2 (1)
v (t ) dt
T0

1
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Deste modo, para uma onda cosenoidal tem-se

2 1 − cos2ω t 
T T T

∫0 = ∫0 m ω = m ∫ dt =
2 2 2
v (t ) dt V sen t dt V 
0 
2 
T
(2)
V 2
 sen2ωt  V ⋅ T 2
= m
t − 2ω  = 2
m

2  0
E desta forma o valor eficaz de v(t) vai ser

1 Vm2.T/ Vm
Vef = V = . = (3)
T/ 2 2
(b) Representação Fasorial

Chama-se fasor A & o vetor de módulo |A| que gira com uma
velocidade angular ω no plano complexo, ou seja

 A& = A e jθ
FASOR ⇒
θ = θ 0 + ω t

Utilizando a fórmula de Euler tem-se que

v(t ) = Vm cos (ωt + δ ) = ℜe Vm e j(ωt +δ ) [ ] (4)

Pode-se então associar v(t) à projeção sobre o eixo real de um


fasor onde

 A → Vm

θ = θ 0 + ωt → δ + ωt

2
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(c) Representação na forma POLAR e CARTESIANA

Pode-se ainda associar v(t) à projeção sobre o eixo real de um


fasor RMS ou EFICAZ onde utiliza-se seu valor eficaz ao contrário
do seu valor máximo, ou seja

FASOR
 A& ef = Aef e j θ
“RMS”
⇒
θ = θ 0 + ω t

Desta forma, para a onda v(t) em questão tem-se

[
v(t ) = Vm cos (ωt +δ ) = ℜe Vm e j(ωt +δ ) ]
 = ℜe [ 2 (V e ( ) )]
 V ) 
(5)
= ℜe  2  m e j(ωt +δ j ωt +δ

  2 
onde V& = Ve j(ωt +δ ) é o fasor RMS associado à v(t). Assim

v(t ) ⇒ ( )
V e j(ωt +δ ) = V e jδ e jωt (6)

Desta forma, a onda v(t) pode ser representada por um fasor RMS
através de três notações distintas, a saber:

V e jδ = V (cos δ + j senδ ) = V ∠δ
14243 14442444 3 14243
⇓ ⇓ ⇓
NOTAÇÃO NOTAÇÃO NOTAÇÃO
EXPONENCIAL CARTESIANA POLAR

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2. POTÊNCIA EM CIRCUITOS MONOFÁSICOS CA

Seja o par de grandezas elétricas senoidais dadas por

v(t ) = Vm cos ωt

i(t ) = I m cos (ωt − θ )

(a) Potência Instantânea

s (t ) = v (t ) . i (t ) = Vm . I m . cos ω t cos(ω t − θ ) =

= Vm. I m.cos ω t [cos ω t cos θ + senω t senθ ] =

[
= Vm. I m. cos2 ω t cos θ + cos ω t senω t senθ = ]

  1 + cos 2 ω t   sen2 ω t 
= Vm. I m cosθ .  + senθ .  =
  2   2 
(7)
Vm. I m
= [cosθ .(1 + cos 2ω t ) + senθ .(sen2ω t )] =
2

Vm I m
= [cosθ . (1 + cos 2 ω t ) + senθ . (sen2 ω t )] =
2 2

= V I cos θ (1 + cos 2 ω t ) + V I senθ (sen 2 ω t ) =


1444 424444 3 14442444 3
p (t ) q (t )

= p (t ) + q (t )

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Vê-se que a potência instantânea s(t) é formada por dois termos: o


primeiro termo p(t) possui freqüência angular 2ω e valor médio
P dado por

P = V I cos θ (8)

Este termo recebe o nome de potência ativa e retrata uma potência


efetivamente entregue (ou absorvida). Em geral é representado
apenas pela letra P. O segundo termo também possui freqüência
angular 2ω, mas valor médio nulo. Isto indica que nada é
efetivamente entregue (ou absorvido). Em razão de possuir valor
médio nulo, sua identificação é feita pelo seu valor de pico, dado
por

Qm = V I sen θ (9)

Este segundo termo recebe o nome de potência reativa e é


representada geralmente pela letra Q. Pode-se associar a estes
dois termos uma potência complexa S dada por

S = P + j Q = V I cosθ + j V I senθ
= V I ( cosθ + j sen θ ) = V I e j θ
(10)
( )( )
= V e j 0 I e j θ = V& . I&*
A potência complexa S pode ser representada no plano polar
através do conhecido triângulo de potências abaixo (notar que o
ângulo θ que antes tinha sentido negativo passou a ter sentido
positivo, em razão do conjugado aplicado à corrente).

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(b) Potência Instantânea entregue a um resistor ideal

Para um resistor ideal tem-se as seguintes equações de circuito:

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência


(Ondas no Tempo) (Fasores)

v(t ) = Vm cos ωt V& = V∠0


e e
v(t ) = R i (t ) V& = R ⋅ I&

⇓ ⇓
v(t ) Vm &
&I = V = V ∠0
i (t ) = = cosωt
R R R R
⇓ ⇓
θ = 0° θ = 0°
⇓ ⇓
 P = P = V I cos θ = V I  P = V I cos θ = V I
 S& = V& .I&* ⇒ 
Q = Qm = V I sen θ = 0 Q = V I sen θ = 0

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(c) Potência Instantânea entregue a um indutor ideal

Para um indutor ideal tem-se as seguintes equações de circuito:

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência


(Ondas no Tempo) (Fasores)

v(t ) = Vm cosωt V& = V∠0


e e

d i (t )
v(t ) = L V& = j ω L I&
dt

⇓ ⇓
1
d i (t )= v(t )dt
L
1 V &
i (t ) = ∫ v(t )dt = m ∫ cosω t dt &I = V = V ∠ − 90°
L L jω L ω L
V V
i (t ) = m sen ω t = m cos(ω t − 90°)
ωL ωL

⇓ ⇓

θ = 90° θ = 90°

⇓ ⇓

 P = P = V I cos θ = 0  P = V I cos θ = 0
 S& = V& . I&* ⇒ 
Q = Qm = V I sen θ = V I Q = V I sen θ = V I

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(d) Potência Instantânea entregue a um capacitor ideal

Para um capacitor ideal tem-se as seguintes equações de circuito:

Domínio do Tempo Domínio da Freqüência


(Ondas no Tempo) (Fasores)

v(t ) = Vm cosωt V& = V∠0


e e

d v(t )
i (t )= C I& = j ω C V&
dt

⇓ ⇓

d (Vm cosωt )
i(t ) = C
dt
= C (−ω Vm sen ωt )
I& = ω C V∠90°
= −ω C Vm sen ωt
i(t ) = ω C Vm cos(ωt + 90°)

⇓ ⇓

θ = −90° θ = −90°

⇓ ⇓

 P = P = V I cos θ = 0  P = V I cos θ = 0
 S& = V& .I&* ⇒ 
Q = Qm = V I sen θ = −V I Q = V I sen θ = −V I

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3. CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS

(a) Sem mútuas

EQUAÇÕES DE
CIRCUITO

 E a =( Z g + Z LP +Z C )I a

 Eb =( Z g + Z LP +Z C )I b

 Ec =( Z g + Z LP +Z C )I c

TENSÕES DE CORRENTES SÃO


EQUILIBRADAS
SISTEMA É
EQUILIBRADO
⇒ Vb = a 2Va I b = a 2 I a
 e 
Vc = a Va I c = a I a

Substituindo estas relações nas equações de circuito vê-se na


verdade que existe apenas uma única equação. Surge daí o
conceito de circuito equivalente por fase, mostrado abaixo.

 E a = ( Z g + Z LP + Z C ) I a
 2
a/ E a = ( Z g + Z LP + Z C ) a/ I a
2


 a/ E a = ( Z g + Z LP + Z C ) a/ I a
Cuja solução é da forma

 Ea
 I a =
 Z g + Z LP +Z C
I = a 2 I ; I = aI
 b a c a

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(b) com mútuas

EQUAÇÕES DE CIRCUITO

 E a = ( Z g + Z LP + Z C ) I a + Z LM I b + Z LM I c

 Eb = Z LM I a + ( Z g + Z LP + Z C ) I b + Z LM I c

 E c = Z LM I a + Z LM I b + ( Z g + Z LP + Z C ) I c

TENSÕES E CORRENTES SÃO


EQUILIBRADAS
SISTEMA É
EQUILIBRADO
⇒ Vb = a 2Va I b = a 2 I a
 e 
Vc = a Va I c = a I a

Substituindo estas relações nas equações de circuito vê-se


novamente que tem-se apenas uma única equação.

[
 Ea = ( Z g + Z LP +Z C ) − Z LM I a] [ ]
 Ea = Z g + (Z LP − Z LM ) + Z C I a
 2  2
[ ]
a/ Ea = ( Z g + Z LP +Z C ) − Z LM a/ I a ou
2
[ ]
a/ Ea = Z g + (Z LP − Z LM ) + Z C a/ I a
2


[ ]
 a/ Ea = ( Z g + Z LP +Z C ) − Z LM a/ I a

[ ]
 a/ Ea = Z g + (Z LP − Z LM ) + Z C a/ I a

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Novamente pode-se pensar num circuito equivalente por fase,


mostrado abaixo
Cuja solução é da forma:
 Ea
I =
 a Z + (Z − Z ) + Z
 g LP LM C
I = a 2 I ; I = aI
 b a c a

4. CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS

O circuito acima possui a seguinte equação:

 E a   Z aa + Z N Z ab + Z N Z ac + Z N   I a 
 E  = Z + Z Z bb + Z N Z bc + Z N   I b 
 b   ba N (11)
 Ec   Z ca + Z N Z cb + Z N Z cc + Z N   I c 
onde
Z ii = ∑ Z Pi = Z gi + Z Lii +Z Ci sendo i = a, b, c

Z ij = ∑ Z Mij = Z Lij sendo i, j = a, b, c ; i ≠ j

Z N = ∑ Z n = Z n + Z n′

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Chamando

Z I I = Z ii + Z N sendo I = A, B, C

Z I J = Z ij + Z N sendo I , J = A, B, C ; I ≠ J

a equação do circuito trifásico desequilibrado pode ser escrita


finalmente como

 Ea   Z AA Z AB Z AC   I a 
E  = Z Z BB Z BC  ⋅  I b 
 b   BA (12)
 Ec   Z CA Z CB Z CC   I c 

ou de maneira condensada
~
EF = Z F ⋅ I F (13)

Uma vez que o sistema não é equilibrado, não se pode resolvê-lo


utilizando-se os circuitos equivalentes por fase. Uma possível
~
solução é a inversão direta de Z F , ou seja
~
I F = Z F−1 ⋅ E F (14)

A solução acima é obtida através de um processo longo e


trabalhoso que envolve a inversão de uma matriz de ordem N,
onde neste caso, N é o número de malhas do sistema de potência,
geralmente muito elevado. Outra possível solução é obtida
utilizando-se a teoria dos modos de propagação ou dos
componentes modais.

(a) Caso Geral


Para o caso geral onde

Z AA ≠ Z BB ≠ Z CC
 (15)
Z AB ≠ Z AC ≠ Z BC
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admite-se que os vetores das tensões e das correntes de fase


possam ser expressos em função de vetores de tensões e
correntes modais da seguinte forma:
~
 EF = Q ⋅ EM
 ~ (16)
 I F = Q ⋅ I M
~
onde a matriz Q é denominada matriz de transformação modal.
Substituindo na equação do circuito vem
~ ~ ~ ~
E F = Z F ⋅ I F~ ⇒ Q ⋅ E M = Z F ⋅ Q ⋅ I M (17)

ou seja
~
EM = Z M ⋅ I M (18)
~
onde Z M é a matriz das impedâncias em componentes modais
dada por
~ ~ ~ ~
Z M = Q −1 ⋅ Z F ⋅ Q (19)

Aparentemente tem-se a mesma equação em componentes


~
modais que em componentes de fase. No entanto, se Q for
~
escolhida adequadamente, de tal maneira que Z M seja diagonal,
então a solução se torna simples, uma vez que sua inversão é
dada pela inversão de cada um de seus termos. A solução pode
então ser obtida seguindo-se o esquema abaixo


~ ~
EF = Z F ⋅ I F IF = Q ⋅ IM

↓ ↑
~
 EM =Q −1 ⋅ EF

~
 ~ ~ −1 ~ ~ I M = Z M−1 ⋅ EM
Z M =Q ⋅ Z F ⋅ Q

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O fato da matriz das impedâncias modais ser diagonal pode ser


interpretado como a inexistência de acoplamento entre os modos
de propagação, como mostra o diagrama abaixo

~
O novo problema que se apresenta é a determinação da matriz Q
~
que vai diagonalizar a matriz Z F através da transformação de
similaridade.

~ ~ ~ ~
Z M = Q −1 ⋅ Z F ⋅ Q (20)

Este é um problema clássico de álgebra linear e consiste na


determinação da matriz dos autovetores associados aos
~
autovalores da matriz Z F . Parece a princípio que o problema ficou
ainda maior pois, se inicialmente envolvia uma inversão, agora
~ ~ −1
torna-se necessário a determinação da matriz Q , sua inversa Q
(ou seja uma inversão) e diversas multiplicações matriciais,
tornando o método ainda mais complexo e trabalhoso. Será
mostrado a seguir que para alguns casos particulares este método
vai simplificar bastante a solução da rede.

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