Você está na página 1de 30

- 85 -

CIRCEL 1 - CAP VIII - (PROF MASSIMO) – CORRENTE ALTERNADA

1- Definições de Tensão e Corrente alternada; Definições de valor médio,


eficaz, amplitude, período, velocidade angular e freqüência .

INTRODUÇÃO: Consideremos um fio condutor enrolado na forma de uma


bobina com n espiras, submetido à ação de um campo magnético externo.
Imaginemos ainda que esta bobina, com n espiras seja forçada a girar com uma
velocidade angular ω no interior deste campo magnético e que no instante t = 0
exista um ângulo α entre o campo magnético,e o vetor normal ao plano da
bobina. Nestas condições verifica-se e demonstra-se ( pela Lei de Lenz), que
nos terminais da bobina existirá uma tensão induzida, variável com o tempo,
dada por: v ( t ) = 2 V cos(ωt + α) ; para melhor compreensão do que foi
exposto, verifique o desenho abaixo:

Nestas condições definimos como sendo Tensão Alternada , uma tensão variável
no tempo segundo a expressão:

v ( t) = 2. V. cos(ω t + α ) ( DEFINIÇÃO FUNDAMENTAL! )

Com o objetivo de facilitarmos o estudo das funções alternadas, (note que as


suas equações lembram aquelas de um movimento harmônico simples) vamos
- 86 -

associar por exemplo, v(t) com a projeção horizontal de um vetor girante, que
possua comprimento 2. V , velocidade angular ω , e ainda que no instante: t =
0 , forme um ângulo α com o eixo horizontal; ou seja:

a) - Exatamente em: t = 0 b) - para um t qualquer ≠ 0

Para visualizarmos graficamente num instante t qualquer a função definida pela


projeção horizontal do vetor girante, vamos girar de 90 0 o circulo acima, de
modo que o eixo dos cossenos fique na posição vertical; teremos então:

DEFINIÇÕES E CONCEITOS FUNDAMENTAIS:

OBS: Todas as definições e conceitos, que serão aqui definidos para a tensão
alternada, também serão válidos de maneira análoga para a corrente alternada,
ou seja para uma corrente variável no tempo segundo a expressão:

i (t) = 2 ⋅ I ⋅ cos(ω t + α) ( DEFINIÇÃO FUNDAMENTAL! )

a) - 2 V : Amplitude da tensão alternada (ou valor de pico); representa o maior


valor positivo da função, e é dada em Volts;
- 87 -

b) - Valor Médio de v(t): Nulo ou Zero;

c) - V : É denominado de valor eficaz da tensão alternada e é medido em Volts.


Apesar de qualquer tensão alternada possuir valor médio nulo , isto não impede
a mesma de fornecer energia; ao dizermos que uma determinada tensão
alternada possui valor eficaz = V , estamos afirmando que esta tensão, é capaz
de fornecer a mesma energia que uma tensão constante de valor V forneceria;
ou seja:

Valor médio = 0 ; = em termos de fornecimento de


energia:

v( t) = 2 V c os( ω t + α ) ; ( V = 0 ; Vef = V ) v( t) = V ; ( V = V)
2V

=
t t

- 2V

Ressaltamos que todos os instrumentos de medida em C.A. fornecem valores


eficazes

d) - ω : Velocidade angular: Medida em rd/s e associada à velocidade da bobina,


ou do vetor girante;

e) - T : Período : representa o tempo necessário, para a execução de um ciclo


(ou de 360 0 ). Levando-se em consideração que a velocidade angular ω é dada
em rd/s e que 360 0 = 2 π rd teremos:


ω .T = 2 π ⇒ T =
ω

e) - F : Freqüência : Associada ao número de ciclos executados por unidade de


tempo, dada em Hertz (Hz) e matematicamente dada como sendo o inverso do
período:
1 ω
F = ⇒ F =
T 2π

f) - α : Denominada de fase inicial da tensão alternada, medida em graus ou


radianos.
- 88 -

g) - a expressão fundamental : v ( t ) = 2. V. cos(ω t + α ) , é também denominada


de expressão do valor instantâneo da tensão alternada,ou simplesmente de valor
instantâneo da tensão alternada.

Como consideração final, note que a diferença fundamental entre uma tensão
contínua e uma tensão alternada, é que a tensão contínua é definida por um
valor constante no tempo, ao passo que uma tensão alternada é definida como
sendo uma função variável no tempo, ou seja: uma tensão que varia à medida
que o tempo passa.

EXERCICIOS DE FIXAÇÃO:

1 0 ) Dada a tensão alternada: v(t) = 282.sen(377t + 30 0 ), pede-se:

a) - Caracterizar totalmente a mesma, e expressa-la na forma fundamental;


b) - Esboçar os gráficos de v(t) cotados em graus e em ms.

SOLUÇÃO: lembrando que a expressão fundamental é dada por:

v ( t) = 2. V. cos(ω t + α ) , e ainda que: senx = cos(x -90 0 ) , teremos:

282
v ( t) = ⋅ 2 c os ( 377 t + 30 − 90) ⇒ v ( t ) = 200 2 . c os (377 t − 60 0 )
2

DONDE:

a) Amplitude: 200 2 = 282 V ; b) Valor eficaz: V = 200V ;


c) Velocidade angular: ω = 377rd/s ; d) período: T = = 0,01667s = 16,67ms
377

377
e) Freqüência: F = = 60Hz ; e) fase inicial: α = - 60 0

Para a construção do gráfico cotado em graus, convém analisarmos o


comportamento do vetor girante; teremos então:
- 89 -

Obtemos facilmente todos os ângulos θ 1 , θ 2 , θ 3 . . etc. determinando


inicialmente θ 1 . De fato, observando que em θ 1 ⇒ ωt - 60 0 = 0 ∴ ωt = 60 0
;portanto : θ 1 = 60 0 ; observando ainda que: θ 2 - θ 1 = θ 3 - θ 2 = θ 4 - θ 3 = . . .
= 180 0 , teremos então:

Para a obtenção do gráfico cotado em ms., basta observarmos que 360 0


correspondem a 16,67ms; teremos portanto:

2 0 ) Dada a tensão alternada: v(t) = 100 2 sen ( 314t + 135 0 ), pede-se:


- 90 -

a) - Caracterizar totalmente a mesma, e expressa-la na forma fundamental;


b) - Esboçar os gráficos de v(t) cotados em graus e em ms.

SOLUÇÃO: lembrando que a expressão fundamental é dada por:

v ( t) = 2. V. cos(ω t + α ) , e ainda que: senx = cos(x -90 0 ) , teremos:

v ( t ) = 100 2 c os ( 314 t + 135 − 90 ) ⇒ v ( t ) = 100 2 . c os ( 314 t + 45 0 )

DONDE:

a) Amplitude: 100 2 = 141V ; b) Valor eficaz: V = 100V ;


c) Velocidade angular: ω = 314rd/s ; d) período: T = = 0,02s = 20ms
314

314
e) Freqüência: F = = 50Hz ; e) fase inicial: α = 45 0

Para a construção do gráfico cotado em graus, convém analisarmos o


comportamento do vetor girante; teremos então:

Obtemos facilmente todos os ângulos, determinando inicialmente θ 1 . De fato,


observando que em θ 1 : ⇒ ωt + 45 0 = 90 ∴ ωt = 45 0 ⇒ θ 1 = 45 0 .
teremos então:
- 91 -

Para a obtenção do gráfico cotado em ms, basta observarmos que 360 0


correspondem a 20ms; teremos portanto:

3°) Sendo fornecido o gráfico abaixo da tensão alternada v(t), pede-se


determinar a sua expressão fundamental:
- 92 -

SOLUÇÃO: Vamos inicialmente associar a função fornecida com o vetor girante;


pelo aspecto da mesma concluímos facilmente que:

200
Verificando-se portanto: a) 2 V = 200 ⇒ V = ∴ V = 141V
2

b) T = 10ms = 10.10 - 3 s ; lembrando que: ωT = 2π teremos:

2π 2π
ω = ⇒ ω = ⇒ ω ≈ 628 rd / s
T 10.10 −3

c) Observando-se que em t = 0 temos: v(t) = 100V e lembrando a forma


da expressão fundamental: v ( t ) = 2 V c o s ( ωt + α ) , concluímos que:

v(t) = 141 2 c o s ( 628 t + α ) ; mas se t = 0 ⇒ v(t) = 100 ; portanto:

100 1
141 2 c o s ( α ) = 100 ∴ cosα = ⇒ cosα = ⇒ α = ± 60° ;
141 2 2
1424
3
= 200

observando-se ainda o comportamento do vetor girante associado à função


fornecida, concluímos que: α = - 60° ∴

v ( t ) = 141 2 c o s ( 628 t − 60 ° )
- 93 -

Obs: Tendo-se em vista que ω é sempre dado em rd/s, o ângulo α deveria ser
determinado em rd; entretanto, pode-se tolerar o mesmo em graus, dependendo
do tipo de operação a ser realizada entre α e ωt.

4°) Sendo fornecido o gráfico abaixo da tensão alternada v(t), pede-se


determinar a sua expressão fundamental:

SOLUÇÃO: Vamos inicialmente associar a função fornecida com o vetor girante;


pelo aspecto da mesma concluímos facilmente que:

Verificando-se portanto: a) 2 V = 80 2 ∴ V = 80 V


b) T = (24 - 4) ms = 20ms ∴ T = 20.10 - 3 s ⇒ ω = = 314rd / s
T

Nestas condições teremos: v ( t ) = 80 2 c o s ( 314 t + α ) ; entretanto observando


o movimento do vetor girante, verifique que quando: t = 4ms tem-se que
ωt + α = π ( Note que aqui deveremos forçosamente utilizar radianos!),
portanto, com ω = 314 rd/s e t = 4.10 - 3 s, obteremos:
- 94 -

314 ⋅ 4.10 −3 + α = π rd ⇒ α = 0,6π rd ; considerando-se que; π rd =


1442443
= 0,4 π rd

180° ⇒ 0,6π rd = 108° ∴ α = 108° , portanto:

v ( t ) = 80 2 c o s ( 314 t + 108 ° )

2- Associação das funções v(t), e i(t) a números complexos ou fasores


representativos; parâmetros de rede utilizados em circuitos elétricos;
definição de impedância complexa; impedância dos parâmetros de rede:

a) Associação das funções v(t), e i(t) a números complexos:

Vimos anteriormente que a definição de uma tensão alternada é dada pela


expressão: v ( t ) = 2 V c o s ( ωt + α ) ; expressão esta também conhecida como
expressão do valor instantâneo da tensão alternada, ou simplesmente de valor
instantâneo da tensão alternada. De maneira análoga, e com as mesmas
considerações válidas para a tensão, também teremos a corrente alternada como
sendo: i ( t ) = 2 I c o s ( ωt + β ) .

Note entretanto que quando usávamos tensão ou corrente contínua, os


resultados eram constantes numéricas , ao passo que ao utilizarmos tensão ou
corrente alternada, estaremos lidando com funções variáveis no tempo ;
verifique então por exemplo, que a aplicação das leis de Kirchoff ou das próprias
equações de Maxwell, em circuitos onde a tensão ou a corrente são variáveis no
tempo, torna-se extremamente trabalhosa. Observe-se também que em regime
de tensão ou corrente alternada, existirão novos elementos não lineares, onde
não se aplica de forma direta a lei de Ohm.

Nestas condições, com o objetivo de tornar possível a solução matemática de


circuitos elétricos funcionando em tensão ou corrente alternada, desenvolveu-se
através do cálculo (mais precisamente através da Transformação de Laplace),
um método de resolução pela utilização de números complexos, onde verifica-se
e demonstra-se, que todas as leis e conceitos válidos em tensão e corrente
contínua, também valem para a tensão e a corrente alternada, desde que
devidamente utilizados no domínio dos números complexos .

Com estas considerações verifica-se e demonstra-se que existe uma


correspondência biunívoca entre uma tensão ou uma corrente alternada, e um
número complexo da seguinte forma:
- 95 -


a) sendo: v( t ) = 2 V c o s ( ω t + α ) , teremos: V = V α


e sendo: V = V α teremos: v( t ) = 2 V c os( ωt + α)


b) sendo: i ( t) = 2 I c o s ( ω t + β ) , teremos: I = I β


e sendo: I = I β teremos: i ( t) = 2 I c o s ( ω t + β )

Note então que a transformação é feita, definindo-se o módulo do número


complexo, como sendo o valor eficaz da tensão ou do corrente, e ainda
definindo-se a fase do número complexo, como sendo a fase da tensão ou do
corrente.

• •
os números complexos V e I serão denominados de números complexos
representativos , ou ainda de fasores representativos de v(t) e de i(t).

b) Parâmetros de rede utilizados em circuitos elétricos :

Os parâmetros de rede mais utilizados no nosso curso, serão definidos com as


seguintes características:

1) RESISTOR: Cuja característica principal, é a resistência elétrica, (medida em


Ohms e simbolizada por “R”), e é assim denominado pela propriedade de
oferecer resistência à passagem da corrente elétrica. Verifica-se e demonstra-se
que neste componente, a tensão é diretamente proporcional à corrente ( Lei de
Ohm), em qualquer circunstância; ou seja:

Lei de Ohm: v(t) = R. i(t)

2) INDUTOR: Cuja característica principal, é a indutância elétrica, (medida em


Henrys , e simbolizada por “L”), e é assim denominado, pela propriedade de
induzir campo magnético. Verifica-se e demonstra-se que neste componente, a
tensão é proporcional à taxa de variação da corrente com o tempo, (Lei de
Newmann), em qualquer circunstância; ou seja:
- 96 -

d i(t )
Lei de Newmann: v ( t ) = L ⋅
dt

3) CAPACITOR: Cuja característica principal, é a capacitância elétrica, (medida


em Farads, e simbolizada por “C”), e é assim denominado, pela propriedade de
armazenamento de cargas elétricas . Verifica-se e demonstra-se que neste
componente, a corrente é proporcional à taxa de variação da tensão com o
tempo (Lei de Faraday), em qualquer circunstância; ou seja:

d v(t )
Lei de Faraday: i( t ) = C ⋅
dt

Note então que no indutor e no capacitor, a relação entre tensão e corrente, não
é linear, como no caso do resistor, mas diferencial , não sendo então válida a lei
de Ohm para estes dois componentes, aplicada diretamente no domínio do
tempo. Para tornar possível o equacionamento matemático dos circuitos
elétricos em regime de c.a. utilizaremos os conceitos de impedância complexa,
como veremos a seguir.

c) Definição de Impedância complexa :

Imaginemos um determinado bipolo B qualquer num circuito elétrico, que num


determinado instante esteja submetido a uma tensão alternada da forma:
v( t ) = 2 V c o s ( ω t + α ) , e ainda percorrido por uma corrente alternada da
forma: i ( t) = 2 I c o s ( ω t + β ) . Vimos que tanto a tensão v(t), como a corrente i(t),
possuem números complexos representativos; nestas condições mudemos do
domínio “t” , para o domínio dos números complexos; teremos:

Em domínio
Em “t”: complexo:

Apenas no domínio dos números complexos , definiremos como sendo


impedância complexa do bipolo como sendo:
- 97 -



V
Z = •
I

A expressão acima será denominada de “lei de Ohm em corrente alternada”, por


analogia à expressão da lei de Ohm aplicada num resistor em c.c. ou seja:

Em c.a.
Em c.c.: (Domínio complexo)

CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPEDÂNCIA:

1) Convém observar que a impedância é um número complexo, porquanto obtida


a partir do quociente entre dois números complexos: um representativo da
tensão, e outro representativo da corrente; nestas condições, por ser a
impedância um número complexo, a mesma não possui nenhum significado
físico.
2) Apesar de ser a impedância um número complexo sem nenhum significado
físico, o módulo da mes ma possui significado físico ; de fato, se analisarmos o
seu módulo teremos:


• V
Z = •
I


Notando que: V é o valor eficaz da tensão alternada (cuja unidade é o Volt), e

que I é o valor eficaz da corrente alternada ( cuja unidade é o Ampère),
concluiremos que o módulo da impedância será dado em Ohms; de fato:

⎡ • ⎤ V ol t s
Z ⎥ = = Ohms ( Ω )
⎣⎢ ⎦ A mpèr es

Poderemos basicamente entender então o módulo da impedância (também


denominado de reatância), como sendo a dificuldade oferecida à passagem da
corrente alternada
- 98 -



V
3) Note que a definição de impedância Z =
é definida de forma

I
generalizada (não válida apenas para resistores, mas para qualquer bipolo) e
ainda que qualquer que seja o bipolo em questão, o módulo da mesma é dado
em Ohms ( Ω ).

4) Não existe nenhum sentido em determinarmos a impedância no domínio “t”

Impedância dos parâmetros de rede:

Para a determinação das impedâncias dos parâmetros de rede mais usuais em


circuitos elétricos, convém inicialmente estudarmos o comportamento físico de
cada um deles no domínio “t”, para posteriormente transformarmos os resultados
obtidos para o domínio dos números complexos; teremos:

1) RESISTOR: Sabemos que neste bipolo, a tensão é diretamente proporcional


à corrente ( Lei de Ohm), ou seja:

Lei de Ohm: v(t) = R. i(t)

Imaginemos então uma tensão da forma: v ( t ) = 2 V c o s ( ω t + α ) , aplicada no


Resistor; teremos como conseqüência da Lei de Ohm, uma corrente dada por:

v ( t) 2 V c os (ω t + α) 2V
i( t ) = = = ⋅ c os (ω t + α) ;
R R R

utilizando o conceito da transformação para números complexos, tanto para v(t),


como para i(t) iremos obter:


a) sendo: v( t ) = 2 V c o s ( ω t + α ) , teremos: V = V α
- 99 -

2V •
V
b) sendo: i ( t) = ⋅ c os (ω t + α) , teremos: I = α
R R

Portanto utilizando o conceito geral de impedância no domínio complexo,


definiremos para o resistor a impedância resistiva como sendo:


• VR V α
ZR = • = = R 0o
V
IR α
R

Com estas considerações, daqui em diante, não utilizaremos mais um resistor de


valor R no domínio “t”, mas sim uma impedância resistiva de valor: R 0 no
domínio complexo; ou seja:

2) INDUTOR:Sabemos que neste bipolo, a tensão é proporcional à taxa de


variação da corrente com o tempo, (Lei de Newmann); ou seja:

d i( t )
Lei de Newmann: v ( t ) = L ⋅
dt

Imaginemos então uma corrente da forma: i(t) = 2 I.c os (ωt + β), aplicada no
Indutor; teremos como conseqüência da Lei de Newmann uma tensão dada
por:

d ⎡ 2 Ic o s ( ω t + β ) ⎤
⎢⎣ ⎥⎦
v(t) = L ⋅ = L . [− 2 I . ω . sen( ω t + β ) ] ou ainda:
dt

v(t) = − 2 I . ω L . sen( ω t + β ) = + 2 I . ω L . sen( ω t + β + 1 8 0 0 ) =

= 2 I . ω L . cos( ω t + β + 1 8 0 0 - 9 0 0 ) ⇒ v(t) = 2 I . ω L . cos( ω t + β + 9 0 0 )


- 100 -

utilizando o conceito da transformação para números complexos, tanto para v(t),


como para i(t) iremos obter:


a) sendo: v(t) = 2 I . ω L . cos( ω t + β + 9 0 0 ) , teremos: V = I ωL β + 90


b) sendo: i(t) = 2 I.cos( ω t + β ) , teremos: I = I β

Portanto utilizando o conceito geral de impedância no domínio complexo,


definiremos para o indutor a impedância indutiva como sendo:


• VL I ω L β + 90
ZL = • = = ωL 90 o
I β
IL

Com estas considerações, daqui em di ante, não utilizaremos mais um indutor de


valor L no domínio “t”, mas sim uma impedância indutiva de valor: ωL 90 o no
domínio complexo; ou seja:

3) CAPACITOR:Sabemos que neste bipolo, a corrente é proporcional à taxa de


variação da tensão com o tempo, (Lei de Faraday); ou seja:

d v(t )
Lei de Faraday: i( t ) = C ⋅
dt

Imaginemos então uma tensão da forma: v ( t ) = 2 V c o s ( ω t + α) , aplicada no


capacitor; teremos como conseqüência da, Lei de Faraday uma corrente dada
por:

d[ 2 V c o s ( ωt + α ) ]
i( t ) = C ⋅
dt
= C ⋅ [− 2 V ⋅ ω ⋅ s e n( ω t + β ) ] ; ou ainda:
- 101 -

i( t ) = − 2 V ⋅ ωC ⋅ s e n( ω t + α ) = + 2 V ⋅ ω C ⋅ s e n ( ω t + α + 180 ) =

= 2 V ⋅ ωC ⋅ c o s( ω t + α + 180 − 90 ) ∴ i( t ) = 2 V ⋅ ωC ⋅ c o s( ω t + α + 90 )

utilizando o conceito da transformação para números complexos, tanto para v(t),


como para i(t) iremos obter:


a) sendo: v( t ) = 2 V c o s ( ω t + α ) , teremos: V = V α


b) sendo: i ( t ) = 2 V ⋅ ω C ⋅ c o s ( ω t + α + 90 ) , teremos: I = VωC α + 90

Portanto utilizando o conceito geral de impedância no domínio complexo,


definiremos para o capacitor a impedância capacitiva como sendo:


• VC V α 1
ZC = • = = − 90 0
V ω C α + 90 ωC
IC

Com estas considerações, daqui em diante, não utilizaremos mais um capacitor


de valor C no domínio “t”, mas sim uma impedância capacitiva de valor:
1
− 90 0 no domínio complexo; ou seja:
ωC
- 102 -

RESUMO BÁSICO:

1) TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CORRENTE ALTERNADA:


a) se: v( t ) = 2 V c os( ωt + α) V = V α


b) se: i(t) = 2 I c o s ( ω t + β) I = I β

2) TRANSFORMAÇÃO DE PARÂMETROS DE REDE:

a) Resistor / Impedância resistiva :

b) Indutor / Impedância indutiva :

c) capacitor/impedância capacitiva :

NOTA FINAL: T O D A S A S L E I S E C O N C E I T O S V I S T O S EM C.C. SÃO VÁLIDOS EM


C.A. DESDE QUE UTILIZADOS NO DOMÍNIO DOS NÚMEROS COMPLEXOS.
- 103 -

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO:

1°) Para o circuito abaixo pede-se determinar: a) O equivalente “circuito


complexo”; b) O Valor eficaz da corrente i(t) ; c) O Valor instantâneo da corrente
i(t), bem como o seu gráfico cotado no tempo.

SOLUÇÃO :Vamos inicialmente proceder às transformações; ou seja:

= 100
678
14142
,
a) v( t) = 14142
, c o s( 400 t + 30° ) = ⋅ 2 c o s( 400 t + 30° ) =
2


= 100 2 c o s ( 400 t + 30 ° ) ; portanto: V = 100 30 °

• •
b) ZR = R 0º ⇒ no nosso circuito: ZR = 3 0º

• •
1 1
c) ZC = − 90 º ⇒ no nosso circuito: Z C1 = − 90º ⇒
ωC 400 ⋅ 625 ⋅ 10 −6

• • •
1
Z C1 = 4 − 90 º ; Z C2 = − 90º ⇒ Z C 2 = 2 − 90º
400 ⋅ 1250 ⋅ 10 −6

• • •
d) Z L = ωL 90 º ⇒ no circuito: Z L = 400 ⋅ 10 .10 −3 90 º ⇒ ZL = 4 90 º

Portanto, o equivalente “circuito complexo” fica da forma: (Solução do Item a))


- 104 -

Solução do item b): , vamos proceder à solução do circuito por técnicas de


associação série- paralelo, respeitando entretanto as propriedades dos n o s
complexos: Note que inicialmente a impedância: 2 -90º encontra-se em série
com a impedância: 4 90º

A impedância equivalente da série será obtida pela soma das impedâncias


parciais; entretanto, lembrando que a soma de n o s complexos deve ser
executada preferencialmente na forma cartesiana, teremos:


Z S = 2 -90° + 4 90° = -2j + 4j = 2j = 2 90° ; portanto:

Tendo-se obtido a impedância série equivalente, note então que a mesma agora
encontra-se em paralelo , com a impedância: 4 -90° ; lembrando do conceito
de associação em paralelo de resistores teremos:

• 4 − 90° × 2 90° 8 0° 8 0° 8 0°
ZP = = = = = 4 90 o ;
4 − 90° + 2 90° −4 j + 2 j −2 j 2 − 90°

portanto teremos agora para o circuito:

Note então que agora temos


uma impedância em série de:

3 0° com: 4 90°
- 105 -

Portanto, em termos de impedância equivalente final, teremos para o circuito:


Ze = 3 0° + 4 90° = 3 + 4j = 5 53,13° ; portanto:

Nestas condições bastará determinarmos o n° complexo representativo da


corrente no circuito, pela mera aplicação da lei de Ohm; ou seja:

• 100 30°
I = = 20 − 23,13° ; Lembrando que o módulo do n°
5 53,13°

complexo representativo da corrente, é o próprio valor eficaz de i(t) teremos:

Ief = 20A b)

c) Tendo-se o n° complexo representativo da corrente, facilmente determinamos


o seu valor instantâneo i(t), ou seja:


sendo: I = 20 -23,13° ⇒ i ( t ) = 20 2 c o s ( 400 t − 23 ,13 ° )

Para a construção do gráfico cotado, visualizemos inicialmente o vetor girante:


- 106 -

Determinação do ângulo θ: Facilmente determinamos o ângulo θ , se


considerarmos que neste ponto: ωt - 23,13° = 0 ⇒ ωt = 23,13° ∴ θ =
23,13° ; fazendo os acréscimos de 180° em 180° obtemos:

Para a obtenção do gráfico cotado em ms, basta determinarmos o período ou


seja:

2π 2π
ωT = 2π portanto: T = = = 15,708 ⋅ 10 = 3 s = 15,708 m s
ω 400

Levando-se então em consideração que 15,708ms correspondem a 360°


facilmente obtem-se os pontos do gráfico abaixo:

2°) Para o circuito a seguir pede-se determinar:

a) O equivalente “circuito complexo”;


b) O valor de todas as tensões e correntes “complexas”
c) Executar as verificações possíveis(leis de Kirchoff) de forma analítica e
gráfica.
- 107 -

SOLUÇÃO :

282
a) v g (t) = ⋅ 2 c o s ( 500 t + 120 − 90 ) ⇒ v g ( t ) = 200 ⋅ 2 c o s ( 500 t + 30 ° )
2


portanto: Vg = 200 30 °

• •
b) Z R 1 = 2 0° ; ZR2 = 8 0°

• • •
c) Z L 1 = 500 ⋅ 8 .10 −3 90 ° ⇒ ZL1 = 4 90 ° ; Z L 2 = 500 ⋅ 12 .10 −3 90 ° ⇒

• • •
ZL2 = 6 90 ° ; ZL3 = 500 ⋅ 16 .10 −3 90 ° ⇒ ZL3 = 8 90 °

• • •
1
d) Z C 1 = − 90 ° ⇒ Z C1 = 4 − 90 ° ; ZC3 = 4 − 90 °
500 ⋅ 500 .10 −6

• •
1
ZC2 = − 90 ° ⇒ ZC2 = 8 − 90 °
500 ⋅ 250 .10 −6
- 108 -

Feitas as devidas transformações, teremos para o circuito complexo:

Observe então que no circuito acima teremos inicialmente duas associações em


série:


Z s1 = 2 0° + 4 90° = 2 + 4j = 4,47 63,43°


Zs2 = 8 0° + 8 -90° = 8 - 8j = 11,31 -45°

Portanto teremos no circuito:

Note então que temos agora duas associações em paralelo:

• 4,47 63,43° × 4 − 90° 17,88 − 26,57°


ZP1 = = = 8,94 − 26,57° = 8 − 4 j
2 + 4 j + (−4 j) 2 0°

• 1131
, − 45° × 8 90° 90,48 45°
ZP 2 = = = 1131
, 45° = 8 + 8 j
8 − 8j + 8j 8 0°

Portanto teremos no circuito:


- 109 -

Observe que tem-se uma associação série:


Zs3 = 8 - 4j + (-4j) = 8 - 8j = 11,31 -45° ; portanto no circuito:

Note que novamente tem-se uma associação em paralelo:

• 1131
, − 45° × 1131
, 45° 128 0°
ZP = = = 8 0º = 8 ;
8 − 8j + 8 + 8j 16 0°

Substituindo esta associação em paral elo no circuito, teremos uma última



associação em série, de : 8 0° com : 6 90° , que resulta em: Ze = 8 0° +
6 90° = 8 + 6j = 10 36,87° ;

Nestas condições reduzimos o circuito a uma única malha, e determinamos a


• 200 30°
“corrente complexa” por: I = = 20 − 6,87° ; veja circuito seguinte:
10 36,87°
- 110 -

Uma vez determinado o n° complexo representativo da corrente voltemos passo


a passo no circuito original. Lembremos que a impedância 10 36,87° foi obtida
pela associação série de: 6 90° com 8 0º ; mantendo-se a corrente voltemos
no circuito, e determinemos as tensões em cada impedância pela aplicação da
lei de Ohm:

Observando-se que a impedância 8 0° foi obtida a partir da associação em


paralelo de: 11,31 -45° com 11,31 45°, voltemos ao circuito mantendo-se
sobre estas impedâncias a mesma tensão da impedância equivalente, e
determinando então as correntes sobre cada impedância pela aplicação direta
da lei de Ohm; teremos:
- 111 -

lembrando que a impedância 11,31 -45° foi obtida pela associação série de:
8,94 -26,57° com 4 -90º , mantendo-se a corrente voltemos no circuito, e
determinemos as tensões em cada impedância pela aplicação da lei de Ohm:

Observando-se que a impedância 8,94 -26,57° foi obtida a partir da associação


em paralelo de: 4,47 63,43° com 4 -90°, e ainda que impedância: 11,31 45°
foi obtida a partir da associação em paralelo de: 11,31 -45° com 8 90°,
voltemos ao circuito mantendo-se sobre estas impedâncias a mesma tensão da
impedância equivalente, e determinando entâo as correntes sobre cada
impedância pela aplicação direta da lei de Ohm; teremos:

Finalmente lembrando que a impedância 4,47 63,43° foi obtida pela


associação série de: 4 90° com 2 0º , e ainda que a impedância 11,31 -45°
foi obtida pela associação série de: 8 -90° com 8 0º, mantendo-se a corrente
voltemos no circuito original, e determinemos as tensões em cada impedância
pela aplicação da lei de Ohm:
- 112 -

VERIFICAÇÕES POSSÍVEIS:

a) VERIFICAÇÕES ANALÍTICAS:

Obs: Notar que devido às aproximações numéricas efetuadas, os resultados das


verificações analíticas poderão apresentar ligeiras diferenças; na prática
diferenças da ordem de até 1% (dos valores das grandezas envolvidas) são
aceitáveis. Teremos então:

1) Verificação das correntes (Aplicação da Lei de Kirchoff nos nós):

Nó A:

28,3 − 51,87° + 31,6 101,6° = 11,12 + j 8,69 = 14,11 38,02°


144424443 1442443
17,47 − j22,26 − 6,35 + j30,95

Nó F:

14 ,15 38 ,13 ° + 14 ,15 − 51, 87 ° = 19 , 87 − j 2 , 39 = 20 , 01 − 6 , 87 °


144 42444 3 144424443
11, 13 + j 8 , 74 8 , 74 − j 11, 13

Nó E:

20 − 96 , 87 ° + 14 ,15 38 ,13 ° = 8 , 74 − j 11,12 = 14 ,14 − 51, 84 °


14442444 3 144 42444 3
−2 , 39 − j 19 , 86 11, 13 + j 8 , 74

Nó C:

28 , 3 − 51, 87 ° + 14 ,15 38 ,13 ° + 31, 6 101, 6 ° + 20 − 96 , 87 ° =


14442444 3 144 42444 3 1442443 14442444 3
17 , 47 − j 22 , 6 11, 13 + j 8 , 74 −6 , 35 + j 30 , 95 −2 , 39 − j 19 , 86

= 19,85 - j2,43 = 20 -6,97°

2) Verificação das Tensões (Aplicação da Lei de Kirchoff nas malhas):


- 113 -

Malha A B C A:

113 , 2 38 ,13 ° + 56 , 6 − 51, 87 ° − 126 , 5 11, 56 ° = 0 , 06 + j 0 , 02 ≅ 0


144 42444 3 14442444 3 144 42444 3
89 , 04 + j 69 , 90 34 , 95 − j 44 , 52 123 , 93 + j 25 , 35

Malha A C F A:

126 , 5 11, 56 ° + 120 83 ,13 ° − 200 30 ° + 56 , 6 − 51, 87 ° = 0 , 03 − j 0 , 03 ≅ 0


144 42444 3 1442443 14243 14442444 3
123 , 93 + j 25 , 35 14 , 35 + j 119 , 14 173 , 2 + j 100 34 , 95 − j 44 , 52
Malha F C E F:

200 30 ° − 120 83 ,13 ° − 160 − 6 , 87 ° = − 0 , 0002 + j 0 , 0003 ≅ 0


14243 1442443 14442444 3
173 , 2 + j 100 14 , 35 + j 119 , 14 158 , 85 − j 19 , 14

Malha E C D E:

160 − 6 , 87 ° − 113 , 2 38 ,13 ° − 113 , 2 − 51, 87 ° = − 0 , 09 + j 0 , 01 ≅ 0


14442444 3 144 42444 3 144424443
158 , 85 − j 19 , 14 89 , 04 + j 69 , 9 69 , 9 − j 89 , 04

VERIFICAÇÕES VETORIAIS: Note que números complexos não são vetores mas
sim Fasores; em termos de soma e subtração entretanto possuem propriedades
vetoriais. A verificação vetorial (também denominada de verificação pelo
diagrama de Fresnell), consiste na aplicação das leis de Kirchoff na forma
vetorial, ou fasorial. Comecemos então pelas correntes nos nós:
- 114 -

Note então que nos diagramas anteriores é mostrado que no nó A por exemplo,
a soma vetorial de: 28,3 -51,87° com: 3 1 , 6 1 0 1 , 6 ° fornece como resultante
o fasor: 1 4 , 1 1 3 8 , 0 2 ° ; ainda no nó F é mostrado que , a soma vetorial de:
14,15 38,13° com : 14,15 -51,87° fornece como resultante o fasor:
20,01 - 6 , 8 7 ° , resultados estes já comprovados de forma analítica.

Continuemos as verificações da Lei dos nós com o nó E, e com o nó C;


observe que quando se tem mais de dois vetores envolvidos, torna-se muito
conveniente a obtenção da resultante geral pelo método da soma poligonal . Note
de fato a verificação fasorial efetuada no nó C:

Pelo mesmo conceito de soma poligonal, mostremos que a soma das tensões na
mallha: A C F A é igual a zero :

Você também pode gostar