Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4
1. OBJETIVOS
• Compreender como se organizam os bens culturais.
• Reconhecer a possibilidade de contribuição, por meio das
atividades de lazer, para a construção de uma cidade mais
justa e uma vida melhor aos seus habitantes.
• Entender o conceito de animação cultural.
• Abordar aspectos inerentes ao processo de formação e
atuação profissional no campo do lazer.
• Compreender a animação cultural como uma das possi-
bilidades para a elaboração de programas e projetos de
lazer.
2. CONTEÚDOS
• Profissionais do lazer: formação e atuação.
• A animação cultural.
150 © Recreação e Lazer
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, trataremos das questões relativas ao proces-
so de formação e atuação profissional no campo do lazer, apresen-
tando suas especificidades quanto à formação e aos seus campos
de atuação na sociedade atual.
Esta unidade se justifica na medida em que o profissional da
Educação Física também é um profissional do lazer, atuando desde
o planejamento até a execução de ações de lazer.
Sendo assim, vamos aos estudos!
6. A ANIMAÇÃO CULTURAL
Caminhando diretamente ao assunto, traremos uma defini-
ção que será fundamental para esta unidade. Trata-se do conceito
de "animação cultural". Segundo Melo (2006, p. 28-29), animação
cultural é:
[...] uma tecnologia educacional (uma proposta de intervenção pe-
dagógica), pautada na idéia radical de mediação (que nunca deve
significar imposição), que busca permitir compreensões mais apro-
fundadas acerca dos sentidos e dos significados culturais (conside-
rando as tensões que nesse âmbito se estabelecem), que conce-
dem concretude à nossa existência cotidiana, construída a partir
do princípio de estímulo às organizações comunitárias (que pressu-
põe a idéia de indivíduos fortes para que tenhamos realmente uma
construção democrática), sempre tendo em vista provocar ques-
tionamentos acerca da ordem social estabelecida e contribuir para
a superação do status quo e para a construção de uma sociedade
mais justa.
Cultura erudita
Trata-se de manifestações que normalmente se organizam
em "escolas" que contemplam certas características em comum.
São manifestações de longo alcance, que são destacadas por figu-
ras insignes, reconhecidas pela excelência de sua produção, que as
representam. Veja alguns exemplos:
• Artes plásticas: Renascimento – Leonardo da Vinci; Barro-
co – Caravaggio; Surrealismo – Salvador Dalí.
• Cinema: Expressionismo – Fritz Lang; Neorrealismo ita-
liano – Roberto Rosselini; Nouvelle Vague – François Tru-
ffaut; Cinema Novo – Glauber Rocha.
• Literatura: Greco-romana – Homero; Idade Média e Re-
nascença: Dante Alighieri e Shekespeare; pós-Renascença
– Goethe e Dostoiévski
• Música: Classicismo – Mozart; Período Romântico – Franz
Listz; Período Moderno e Contemporâneo – Erik Satie,
Claude Debussy e Maurice Ravel. Brasil – Machado de As-
sis, Manuel Bandeira e José de Alencar.
Essas manifestações normalmente gozam de prestígio so-
cial. Tendem a ser valorizadas e a estabelecer padrões estéticos.
Como são frequentadas notadamente por indivíduos ligados às
camadas privilegiadas economicamente, constroem ao seu redor
uma ideia de prestígio e certo poder de decisão.
Por que seriam acessadas prioritariamente por membros
das elites econômicas? Será que é por que as pessoas mais humil-
des não gostam desse tipo de diversão?
Certamente não. A primeira ressalva que deve ser feita: o
fato de alguém ser rico não o credencia automaticamente a apre-
ciar esse tipo de manifestação.
Cultura de massa
Chamamos de cultura de massa a que é produzida, em geral,
pela indústria do entretenimento, diretamente relacionada aos
meios de comunicação, e normalmente modulada para atender a
um grande contingente de pessoas.
Para atender ao gosto médio, a cultura de massa costuma re-
forçar alguns clichês, organizar-se de forma estandardizada, e não
investir em investigações ou experiências no âmbito das peculiari-
dades da linguagem.
Na verdade, a cultura de massa é bastante heterogênea, ofe-
recendo produtos bastante diferenciados, envolvendo os mais di-
ferentes desejos e gostos. Mais do que discutir a questão da quali-
dade, o fundamental é perceber que a ela se atrelam diretamente
estratégias comerciais e interesses de grupos específicos.
É lógico que existem coisas de melhor qualidade que conse-
guem romper o sem-número de atividades de qualidade duvidosa
que são oferecidas, mas essas constituem exceções em um quadro
que parece piorar a cada dia.
Com isso, não estamos adotando uma posição preconceituo-
sa. Muito pelo contrário, estamos preocupados com a possibilida-
de de que isso venha a ocorrer.
O prazer que as pessoas obtêm com as atividades da cultura
de massa é obviamente legítimo e não pode ser desconsiderado.
Cultura popular
Quando falamos em cultura popular, normalmente estamos
nos referindo a uma produção local, bastante relacionada a uma
tradição.
Por certo, nos dias de hoje, em função da ação dos meios
de comunicação, muitas vezes as atividades relacionadas à cultura
popular já conseguem chegar a um grande número de pessoas,
algumas vezes com suas características notadamente modificadas,
em função não só dos encontros culturais, mas também da ação do
mercado, que as transforma, tornando-as mais "palatáveis", mais
vendáveis, um produto de consumo. Isso quer dizer que, como
normalmente têm menor poder de influência e decisão, muitas
vezes as atividades relacionadas à cultura popular tornam-se mais
frágeis perante a ação do mercado cultural.
Essa dimensão deve ser observada. Não adianta acreditar
que devemos preservar as manifestações exatamente na sua for-
ma original, se é que isso é possível. Devemos perceber que muitas
vezes seus parâmetros são tão alterados que, no fundo, estamos
observando outro produto, uma distorção profunda dos sentidos
originais.
Mas, mesmo com tantas ações do mercado cultural, há re-
sistências. Muitos grupos conseguem preservar o essencial de sua
manifestação ou conseguem dialogar com a cultura de massa sem
perder a consciência de suas origens. A questão, mais uma vez re-
8. POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO
Animação cultural é a postura do profissional de lazer peran-
te a cultura erudita, a cultura de massas e a cultura popular. Ani-
mação é originária da palavra grega anima, que quer dizer alma.
Dessa forma, encontramos o termo que julgamos mais ade-
quado para definir o profissional de lazer: ou seja, "animador cul-
© U4 - Lazer: Formação e Atuação Profissional 165
tural". Esse termo define com mais rigor a natureza do seu conhe-
cimento e da sua intervenção.
Por certo, outros termos serão encontrados para definir o
profissional de lazer (recreador, gentil organizador, agente cultural
e até professor), mas nenhum deles pode definir com tanta pre-
cisão o que esperamos ser seu compromisso político-pedagógico
específico ao se trabalhar na dupla perspectiva educacional: edu-
cação para e pelo lazer.
Observamos, também, que alguns estudiosos preferem a
utilização do termo "animação sociocultural", mas o sentido é se-
melhante ao de animação cultural.
É interessante observar que ambas as dimensões educativas
não estão livres de risco nem definem, a priori, uma atuação cujo
compromisso seja o de superação do status quo.
As abordagens funcionalistas também concordam com as
duas dimensões, utilizando-as a partir de sua visão de mundo.
Sendo assim, devemos tomar cuidado para que educar não seja
adaptar os indivíduos à sociedade em vigor, mas, sim, o processo
contrário, de questionamento dessa ordem.
É interessante, então, discutir um pouco mais sobre as possí-
veis intencionalidades existentes ao redor de diferentes perspecti-
vas de animação cultural.
Para entendermos de forma ampla as diversas possibilidades
de intervenção da animação cultural, recorremos à classificação
proposta por P. Besnard e aceita por José Antonio Caride Gomez
(1997). Conforme esses autores, podemos encontrar três grandes
perspectivas de atuação, sendo uma delas diretamente relaciona-
da à manutenção da ordem social. A outra entende serem neces-
sárias reformas nessa ordem, enquanto a terceira tenta promover
uma transformação completa dessa estrutura.
12. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
GRUPO DE PESQUISA "ANIMA". Lazer, Animação Cultural e Estudos Culturais/UFRJ.
Disponível em: <http://www.anima.eefd.ufrj.br/>. Acesso em: 05 out. 2012.
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA (Unimep). Grupo de pesquisas em lazer.
Disponível em: <http://www.unimep.br/gpl/index.php?fid=81&ct=1682>. Acesso
em: 18 set. 2012.