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Material Teórico
Atuação Profissional no Âmbito do Lazer
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina F. Moreira
Atuação Profissional
no Âmbito do Lazer
• Introdução;
• Equipamentos e Espaços de Lazer e Entretenimento;
• Perfil Profissional para Atuar com o Lazer e Entretenimento;
• Formas de Atuação na Esfera do Lazer e Entretenimento;
• Animação Cultural.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender os interesses culturais centrais nas atividades de lazer;
· Diferenciar os conceitos de recreação e lazer;
· Conhecer as principais características da animação cultural;
· Distinguir e classificar os diferentes espaços e equipamentos para a
vivência do Lazer.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Atuação Profissional no Âmbito do Lazer
Introdução
Estamos chegando ao encerramento de nossa disciplina. Esperamos que tenha
sido uma caminhada prazerosa e, ao mesmo tempo, de muito aprendizado e ricas
reflexões. Afinal, como, brilhantemente, nos recorda a poetisa Cora Coralina: “O
que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e
semeando, no fim terás o que colher”.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Gostaríamos de iniciar esta última unidade da mesma forma que as outras, ou seja,
recordando os assuntos abordados na unidade anterior. Você se lembra dos assuntos
que foram apresentados na Unidade anterior? Então, vamos juntos recordá-los!
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O final da unidade anterior expôs a importância do lazer como prática da liber-
dade. Uma perspectiva crítica que propõe o lazer como tempo e espaço para o
exercício da cidadania, cujas bases teóricas se originam na educação popular dos
escritos de Paulo Freire. Novamente, destacou-se a possibilidade de uso do lazer
como ferramenta para constituição de indivíduos reflexivos, autônomos e inventi-
vos. O alcance dessa condição traz uma compressão da liberdade - e a sua prática
- como atitude consciente das necessidades humanas e sociais.
A partir dessa revisão do conteúdo, deve ter ficado ainda mais claro que dedi-
camos a Unidade anterior à exposição de possibilidades de atuação no âmbito do
lazer. Ao mesmo tempo, enfatizamos concepções ou enfoques educacionais de
caráter emancipatório, que objetivam, por meio dos interesses culturais do lazer,
a formação de sujeitos críticos e criativos. Entretanto, é possível que você esteja
se fazendo a seguinte pergunta: como fazer isso na minha atuação profissional?
Como pôr em prática essas concepções?
Tais questões nos remetem à preocupação com a aplicação prática dos con-
teúdos aprendidos até esse momento. Em síntese, fica a dúvida de como colocar
em prática aquilo que aprendi na disciplina? Algumas pistas para responder a essa
questão serão apresentadas nesta Unidade. Entretanto, antes disso, vale lembrar
que teoria e prática não estão dissociadas e não há hierarquia de valor entre elas.
Ao contrário, ambas formam uma unidade dialética, na qual os polos interagem
entre si, retroalimentando-se e qualificando-se.
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Em outras palavras, poderíamos dizer que à medida em que amplio meu acervo
teórico, isso também amplia meu repertório de estratégias e instrumentos para uma
melhor prática pedagógica. Da mesma forma, os problemas e dificuldades com os
quais me deparo no momento de atuação profissional exigem que eu me mantenha em
constante processo de formação e atualização, ampliando meu conhecimento teórico.
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UNIDADE Atuação Profissional no Âmbito do Lazer
Isso porque, antes de começar a atuar numa comunidade, num bairro ou numa
escola, eu preciso planejar, e para isso é fundamental conhecer quais são os locais
e aparelhos que tenho à disposição para realizar essa intervenção.
Equipamentos e Espaços
de Lazer e Entretenimento
Quando você quer se divertir, para onde você vai? Na sua cidade há muitos
espaços para a prática do lazer? A maior parte desses espaços é público ou privado?
Perto do local onde você mora existem parques, praças, ciclovias, teatros e cinemas
à disposição dos moradores? Ou, para se divertir, você precisa sair do seu bairro?
lação brasileira pratica seu esporte predileto em instalações esportivas pagas, enquanto
57,3% realizam atividades físicas em espaços abertos sem instalações. O que esses dados
nos demonstram? Inicialmente, eles apontam para a necessidade de ampliação de insta-
lações esportivas gratuitas, o que potencializaria o acesso democrático à prática esportiva.
Ao mesmo tempo, os dados reforçam a importância de espaços abertos e públicos para
que possamos ter uma população mais ativa e, por conseguinte, mais saudável. Por fim, é
importante a qualificação desses espaços públicos, preenchendo-os com equipamentos de
qualidade que potencializem e diversifiquem o uso desses locais.
Explor
Entretanto, será que as transformações pelas quais as cidades têm passado mais
recentemente garantem as condições necessárias para o exercício do direito ao
lazer? Quais seriam as garantias necessárias para o usufruto desse direito? Antes de
responder a essas questões, vejamos um pouco quais mudanças vêm acontecendo
nos espaços urbanos, sobretudo nas grandes cidades.
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Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Atuação Profissional no Âmbito do Lazer
Concordamos com Magnani (2015) quando diz que as relações entre o espaço
urbano e o lazer vão além dos equipamentos e espaços de encontro e entreteni-
mento. Entretanto, essa consideração não elimina a importância de conhecermos
melhor quais são esses equipamentos, como forma de qualificar e potencializar
nossa atuação profissional no âmbito do lazer.
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Para compreendermos as diferenças entre os equipamentos, adotamos a ca-
racterização dos espaços e equipamentos tendo como referências os trabalhos de
Stucchi (1997) e Requixa (1980). Classificamos os equipamentos em: a) específico
especializado; b) específico polivalente; e c) não-específico.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
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Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
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Perfil Profissional para Atuar
com o Lazer e Entretenimento
De que forma você pretende utilizar os conhecimentos adquiridos nesse curso?
Você já sabe em que tipo de atividade de lazer pretender atuar? Antes de iniciar
esse curso, já teve alguma experiência profissional no campo do lazer?
Equivocadamente, algumas pessoas ainda pensam que atuar no lazer é uma tarefa
simples, que não exige um bom preparo profissional, sendo suficiente ser uma pes-
soa engraçada e com boa capacidade de improviso. Essa leitura errada vem diminuin-
do, sobretudo com a valorização econômica do setor e com o crescimento de cursos
de formação voltados para a atuação no lazer em diferentes níveis, tais como: cursos
livres, técnico-profissionalizantes, graduações, pós-graduações e MBAs.
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
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De acordo com Melo e Alves Junior (2003, p. 85), a formação deve prever
espaços favoráveis à vinculação entre conhecimento teórico e aplicação prática.
[...] se é importante que o aluno compreenda as dimensões teóricas
centrais do assunto lazer, inclusive no que se refere à Teoria da cultura
e à Teoria da Arte, compreendo também sua articulação com a prática,
é fundamental que o curso também estimule o aluno a buscar romper e
superar seus limites de formação, para o que devem ser criados espaços
de sensibilização.
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interessante para o setor e amplia os espaços de atuação, por outro lado, cria uma
demanda muito difícil de ser atendida pelos cursos de formação profissional, qual
seja: incorporar esse caráter muldisicplinar e pensar nos conhecimentos e habilidades
necessárias dentro das múltiplas possibilidades de atuação deste profissional.
Tabela 1
Quanto à postura profissional Quanto ao domínio de conteúdos
Formação Linguagens
Liderança Lazer
Comunicação Cultural
Criatividade
Organização
Atualização
Senso crítico
A compreensão de lazer do profissional que pretende atuar sobre ele não pode
ser a de que se trata apenas de um tempo disponível a ser preenchido de qualquer
forma. Seu entendimento deve ser mais amplo, reconhecendo o lazer como uma
intervenção pedagógica no campo da cultura e que, sem abrir mão das suas carate-
rísticas de prazer e diversão, pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida
das pessoas (MELO e ALVES JUNIOR, 2003).
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A compressão de cultura desse profissional também deve ser ampla e não restrita
a algumas de suas manifestações mais conhecidas. Como nos recorda Marcellino
(2007), o lazer deve ser percebido nas diferentes esferas do fazer cultural e não
em apenas alguns conteúdos culturais (esporte, dança, arte etc.). Nesse sentido, a
cultura deve ser compreendida como um conjunto de valores e normas – conceito
já destacado anteriormente.
Da mesma forma que outras profissões, o trabalhador do lazer deve estar atento
às expectativas do mercado e aos desafios lançados por suas mudanças cada vez
mais rápidas e intensas. Entretanto, no caso daquele que escolhe atuar especifica-
mente com o campo do lazer, não basta apenas estar afinado com as perspectivas
do mercado. Conforme demonstramos na Unidade anterior, reconhecer a possi-
bilidade educativa do lazer envolve a presença de um profissional capacitado para
gerar situações que problematizem o próprio mercado, sobretudo quando se trata
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de um mercado que restringe a oferta do lazer ao consumo de serviços e produtos
efêmeros e superficiais (MARCELLINO, 1995).
Pesquisa realizada por uma das maiores empresas de e-commerce de viagens do mundo
Explor
apontou algumas das principais tendências para o mercado de turismo para 2017. Dentre
elas encontravam-se as viagens sustentáveis/ecoturismo ou para lugares pouco explora-
dos, além do bleisures, que corresponde a uma mescla que combina viagens a negócios
(business) com momentos de lazer (leisure).
Explor
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Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
Marcellino (2000) nos adverte que o bom humor não deve ser confundido com o
“bobo-alegrismo”. Para o autor, o bom humor é consequência de uma situação geral
e profissional adequada e que torna a atividade prazerosa. E, por conseguinte, a
constituição dessa situação ou ambiente favorável exigirá competência profissional.
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É do prazer do trabalho que deve nascer o bom humor, e não do bom humor estabelecido “a
Explor
priori” como mais uma peça do vestuário colocada, que deve nascer o prazer pelo trabalho
(MARCELLINO, 2000, p. 128).
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Na Unidade anterior, falamos das possibilidades de utilizar o lazer como instru-
mento educacional, dentro ou fora do ambiente escolar. Naquele momento, ao
abordar a educação para e pelo lazer, destacamos três possibilidades de enfoque
de trabalho dentro dessa proposta. Dentre elas, estava a proposta da Animação
Cultural. Encerraremos essa unidade de conteúdo falando um pouco mais sobre
essa forma de atuação profissional no lazer.
Animação Cultural
Você já pensou em ser um animador? Conhece algum animador cultural? Já ouviu
falar sobre essa profissão? O que ele faz? Quais conhecimentos e competências ele
deve ter?
Marcellino (2007, p. 24) nos ajuda a buscar respostas para essas questões a
partir do detalhamento daquilo que denominou de estrutura de animação. Para o
autor, a reponsabilidade pela montagem dessa estrutura deveria ser das autoridades
públicas com políticas voltadas para essa área.
Tabela 2
Estrutura de animação
1. Animadores socioculturais dirigentes - de competência geral mais apurada;
2. Animadores socioculturais profissionais de competência específica, sem deixar de lado, no entanto, a
competência geral, e funcionando, no caso de políticas públicas, como educadores, e não como “mercadores”,
como é quase regra, em amplos setores da indústria cultural;
3. Animadores socioculturais voluntários, necessários para a vinculação com a cultura local - anseios, aspirações,
gostos etc. - da população que se pretende atingir;
4. Quadros profissionais de apoio - pessoal de atividade meio, adminitrativos e operacionais, que precisam estar
conscientes da área em que trabalham e do serviço final prestado.
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Melo e Alves Junior (2003) nos lembram de que o profissional do lazer deve
encarar esse fenômeno sociocultural com seriedade, sendo que sua localização
no campo da cultura possibilita um trabalho com intencionalidade e clareza.
De acordo com os autores, os profissionais dessa área – com cuidado e sensibilidade
– devem educar seu público para ocupar o lugar de um espectador crítico, atento e
participativo na vivência de seus momentos de lazer.
Melo e Alves Junior (2003) indicam para o animador cultural a busca por uma
formação de qualidade que combine aspectos teóricos do lazer e da cultura e as
mais diferentes linguagens às possibilidades de incorporá-las à animação cultural
e, finalmente, o estímulo à formação cultural dos alunos. Os autores também des-
tacam a importância de que o animador cultural incorpore a seu cotidiano essa
formação cultural. Afinal, perguntam os autores: como ser um animador se não
incorporo a minha própria vida à animação?
Tomando como base outros autores, Melo e Alves Junior (2003) apresentam os
sentidos da animação cultural a partir de três perspectivas/paradigmas: tecnológico,
interpretativo e dialético.
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hipótese de que isso será suficiente para desenvolvimento individual, motivando os
sujeitos a construírem uma ordem social reformada.
Por todo o conteúdo que apresentamos até esse momento, nos parece que essa
última perspectiva é aquela com maior potencial para o desenvolvimento humano
e social, por meio do lazer, da arte e da cultura. Entretanto, reconhecemos que ela
é a mais desafiadora e que pode gerar dificuldade e desconforto, mesmo porque
ela não se aproxima do modelo tradicional de educação com o qual estamos
acostumados. Entretanto, o profissional do lazer e/ou o animador cultural deve se
colocar em desafios que o faça se mover, retirando-o do comodismo, da atitude
conformista e dos lugares comuns. Ao contrário disso, deve buscar constantemente
manter alimentada e estimulada sua capacidade criativa e de inovação.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Espaços e equipamentos de lazer em região metropolitana: o caso da RMC - Região Metropolitana de Campinas
MARCELLINO, N. C., BARBOSA, F. S., MARIANO, S. H., SILVA, A. da, FERNANDES,
E. A. de O. Espaços e equipamentos de lazer em região metropolitana: o caso da
RMC - Região Metropolitana de Campinas. Curitiba, PR: OPUS, 2007.
Dimensões do lazer e da recreação: questões espaciais, sociais e psicológicas
SANTINI, R. de C. G. Dimensões do lazer e da recreação: questões espaciais,
sociais e psicológicas. São Paulo: Angelotti, 1993.
Lazer, Recreação e Educação Física
Gomes; ISAYAMA, Hélder Ferreira (Org.). Lazer, Recreação e Educação Física.
Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Vídeos
Documentário - O Riso dos Outros (Pedro Arantes)
https://youtu.be/uVyKY_qgd54
Documentário - Território do brincar
https://youtu.be/ng5ESS9dia4
Leitura
Reportagem “No filme ‘Tarja Branca’, um corajoso elogio do brincar”
https://goo.gl/oTksdc
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Referências
GARCIA, F. E. S. et al. Rio 2016: o projeto olímpico e sua economia simbólica.
In: XIV Encontro Nacional da ANPUR, 2011, Rio de Janeiro - RJ. Anais do XII
Encontro Nacional da ANPUR. Rio de Janeiro: ANPUR, Maio de 2011.
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. 2 ed. São Paulo: Annablume, 2006.
MELO, V. A. de. Arte e lazer: desafios para romper o abismo. In: MARCELLINO,
N. C. Lazer e cultura. Campinas, Alínea, 2007.
POYNTER, G. From Beijing to Bow Bells: Measuring the Olympic Effects (London
East Research Institute. Working paper in Urban Studies). Londres: London East
University, 2006.
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