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Projeto de Graduação:

Pesquisa
Material Teórico
Conhecimento Científico e Método Científico

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Victor Barbosa Felix

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Conhecimento Científico
e Método Científico

• Classificação do Conhecimento;
• Essência e Limitações do Conhecimento Científico;
• Método Científico: Conceitos;
• Projeto de Pesquisa: Definição e Delimitação do Objeto de Estudo.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar e esclarecer aos alunos os conceitos sobre Conhecimento
Científico e Método Científico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Conhecimento Científico e Método Científico

Classificação do Conhecimento
É uma característica do homem construir o conhecimento, ele é próprio da
humanidade e é consequência de sua história, sendo o resultado de um processo
onde há o acúmulo de toda a história da vida do ser humano. O conhecimento
existe devido à necessidade do homem de questionar sobre sua própria existência e
também devido à sua busca por respostas, isso, pois, o homem tenta compreender
e explicar o mundo a sua volta. Mas o ser humano não guarda o conhecimento só
para si, ele busca o compartilhamento do conhecimento com o próximo e para as
futuras gerações, pois o conhecimento é patrimônio de toda a humanidade, um
patrimônio histórico e cultural.

Caro aluno, note que, graças ao conhecimento, existe a ciência, a arte e também
a tecnologia. Assim, com o objetivo de dar sentido ao mundo à sua volta, o homem
destaca quatro tipos de conhecimentos, sendo eles:
• O conhecimento científico;
• O conhecimento filosófico;
• O conhecimento religioso;
• O senso comum.

A seguir, serão apresentadas as características desses conhecimentos.

O Conhecimento Científico usa a racionalidade para conseguir compreender


a realidade. É importante que você tenha em mente que com isso é possível
descobrir as relações entre os fenômenos, descrevendo seu comportamento para
que seja possível prever os acontecimentos e nos ajudar a agir sobre a natureza,
sempre almejando benefícios para toda a humanidade. O conhecimento científico
é capaz de investigar a causa e a constituição do fenômeno, sendo caracterizado
principalmente por sua capacidade de analisar, explicar, justificar, criar leis e
predizer eventos futuros.

O Conhecimento Filosófico é resultado de reflexões que o homem faz sobre si


próprio e sobre a realidade à sua volta. Essas reflexões estão em consonância com
contextos culturais e podem se modificar com o tempo à medida que se modificam
também os contextos históricos.

Desde o início da filosofia, os filósofos questionam-se se a verdade está no objeto


ou na relação do homem com o objeto. Com isso, percebem-se diversas formas de
interpretações sobre o que é verdade e qual a validade da verdade, ou seja, cada
pensador vai responder essas questões de uma forma diferente.

É importante deixar claro que nem todos os pensadores e até mesmo cientistas
obtêm a mesma conclusão sobre essas questões que envolvem as verdades. Isso
deve ser visto como um ponto positivo, pois assim possibilita que esses conceitos
sejam testados inúmeras vezes, sejam comprovados e, assim, são diminuídas as
margens de erros.

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Você deve ter em mente que é possível pensar de forma filosófica a arte, a ciên-
cia, a religião, o homem etc.

O Conhecimento Religioso ou teológico é um tipo de conhecimento baseado


na Fé, não se baseado na razão. Umas das principais características do conheci-
mento religioso é que ele não aceita questionamentos, exatamente por não se ba-
sear na razão e sim na Fé, isso resulta que a verdade é algo que surge da revelação.
Esse conhecimento vem da crença em divindades e forças superiores. Como tam-
bém ocorre com o conhecimento filosófico, o conhecimento religioso ou teológico
não é experimentável, pois é totalmente dependente do exercício de pensar, eles
são produzidos da necessidade que o homem possuiu de transcendência.

O Senso Comum é um tipo de conhecimento que é produzido das experiências


acumuladas pelo homem durante sua existência, é resultado das experiências do
indivíduo, ou seja, aquilo que ele ouviu e viu de outras pessoas, sempre ligado às
tradições sociais. Esse é um tipo de conhecimento espontâneo, que é resultado
de opiniões subjetivas sobre fatos e acontecimentos que são formadas em função
da experiência de cada indivíduo. Também é conhecido como o conhecimento do
dia a dia e faz parte das tradições de uma sociedade e é simplesmente passado de
geração a geração.

Com essas informações o aluno pode observar que esse tipo de conhecimento
não depende de estudos ou pesquisas, ele aborda o fato em si sem se preocupar
com as causas. Mas nunca pense que por causa disso esse tipo de conhecimento
não tem valor ou significado, pois ele é a primeira compreensão que temos do
mundo à nossa volta e ele nos é dado por herança, e graças a ele nós fazemos
julgamentos, criamos projetos de vida e adquirimos convicções para agir.

Por outro lado, o senso comum é subjetivo e pessoal, é resultado do acúmulo


de conhecimento e experiências de vida. Assim, deve ser notado que uma opinião
pessoal não é considerada uma verdade desde que seja demonstrada cientificamente.

Essência e Limitações
do Conhecimento Científico
A ciência dentro do meio acadêmico é um conhecimento sistemático que nos
leva a conclusões lógicas dos fenômenos físicos, químicos, matemáticos, biológicos,
sociais e naturais que podem ser demonstradas utilizando a pesquisa. Isso dá uma
ideia de que a ciência é objetiva, pois ela busca uma comunicação universal com o
objetivo de divulgar, aumentar as possibilidades da confirmação ou até mesmo da
refutação do conhecimento.

Porém, existe um fato que deve ser levado em consideração. Tal fato é de que
qualquer mensagem, mesmo que seja objetiva, acaba se tornando subjetiva no
momento que o indivíduo toma consciência de sua existência, pois cada pessoa

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tem sua própria consciência da realidade – claro, baseada em suas experiências


pessoais. Isso ocorre na divulgação, pois as pessoas, em função de suas experiências
particulares, interpretam de diversas formas essa mensagem.

Com isso, fica evidente que as verdades científicas não são imutáveis, pois
variam de acordo com as mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais nos
diversos contextos históricos.

Qual é o Papel da Curiosidade?


Apesar do ser humano sempre ter buscado o conhecimento para interpretar
a natureza e o mundo que está a sua volta e esse conhecimento ter sido passado
ao longo das gerações, a alienação não é algo justificável, pois ela se dá quando o
indivíduo não quer repensar sobre o mundo.

É natural do homem ser curioso e duvidar das coisas, porém, mesmo a ciência
experimental tendo sido desenvolvida no século XVII, somente no século XX a
ciência se tornou não somente um fator histórico e cultural, mas também um
fator de ordem moral, política e ética. Assim se solidificou a função da curiosidade
para um cientista, pois existe muitas vezes um confronto com outras teorias já
estabelecidas; embora isso seja fundamental em muitos momentos para a ciência
obter o máximo conhecimento de determinada teoria.

O conhecimento científico auxilia a humanidade a melhorar cada vez mais


qualidade de vida, por resolver problemas que faziam parte das gerações anteriores.
A curiosidade que desenvolve o espírito científico é uma busca incansável pela
verdade, consciente dessa necessidade de busca, expondo suas ideias que estão
sujeitas a críticas, que sejam livres de interesses pessoais e crenças e que não
aceitem conclusões precipitadas e muitas vezes preconceitos.

As razões mais evidentes da investigação científica são os esforços por conhecer


e a busca da verdade, mesmo que não se consiga alcançar todas as respostas.

Método Científico: Conceitos


Até aqui foram vistos conceitos relacionados ao conhecimento científico. Pode
ser observado que a ciência busca conhecer, interpretar e intervir na realidade de
forma metódica. A partir daqui, serão apresentados alguns métodos científicos.

Que dizer então do método científico? Poderíamos dizer que é o caminho


trilhado pelo cientista quando em busca de verdades científicas, mas quais são
essas verdades científicas? O que é ser cientista? O que é ciência? Existe uma
ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética linha demarcadora, a
separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis verdades,
a que estamos nos referindo? Por essas questões, nota-se que o método tem vital

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importância, já que é por meio dele que se alcançam as verdades buscadas pela
humanidade por meio dos pesquisadores.

Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, mas
sempre necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só
aceitarão uma teoria ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas
irrefutáveis até aquele momento. Uma experiência científica só será considerada
como válida para o mundo da Ciência se for realizada seguindo determinadas
normas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis vezes um trabalho até
terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de cientificidade exigidos
pela Ciência.

No método científico, a hipótese é o caminho devem levar à formulação de uma


teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever
outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada e aplicada
para que os resultados obtidos pelos pesquisadores comprovem perfeitamente a
hipótese, então ela será aceita como uma teoria.

Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema


da pesquisa. A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não
confirmado com a pesquisa.

O método científico é composto pelas seguintes fases:


• Observação de um fato;
• Formulação de um problema;
• Proposta de uma hipótese;
• Realização de uma pesquisa para testar a validade da hipótese.

Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com
técnicas que permitam descartar as variáveis que podem mascarar o resultado.

Tipos de Métodos
Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesqui-
sadores de diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resul-
tados. São eles:
1. Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares
para o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método
proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o
conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar
em consideração princípios preestabelecidos.

Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se


desejam conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir
as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na
relação verificada entre os fatos ou fenômenos.

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Observe o exemplo a seguir:


• João é mortal;
• Paulo é mortal;
• Manoel é mortal;
• Ora, João, Paulo e Manoel são homens;
• Logo, (todos) os homens são mortais.

Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras


podem levar a uma falsa conclusão.
2. Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princí-
pio geral, chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhe-
cidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de
maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o
método proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo
os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que de-
corre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. Como neste exemplo:
• Todo mamífero é vertebrado;
• Todo homem é mamífero;
• Logo, todo homem é vertebrado.
3. Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de
uma lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo pro-
cesso de observação e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência
de fenômeno abrangido pela hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma:


a) Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto
são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema;
b) Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema,
são formuladas conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um
fenômeno, surge o problema;
c) Dedução de consequências observadas: das hipóteses formuladas,
deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas;
d) Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as
consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo
procura-se a todo custo confirmar a hipóteses, no método hipotético-
-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la;
e) Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso
concreto capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é
a confirmação da hipótese, entretanto, essa é considerada provisória.

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Nesse caso, de acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois
superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a
qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide;
4. Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando
as suas contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando
contraposta, tende a formar uma síntese. Tal método funda-se numa
concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas entre sujeito e
objeto, conhecimento para ação, teoria e prática.

Portanto, o método dialético é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo


é percebido como em constante mudança.
5. Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos.
Também é, ao mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, com
o objetivo de pôr a descoberto os sentidos menos aparentes, os sentidos
mais fundamentais que os fenômenos têm. Caracteriza-se por valorizar a
pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo que, pela rotina, foi
perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo uso, pelo hábito,
pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque fenomenológico permite
reeducar, reorientar o olhar que investiga.

O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o


qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que,
na pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador
imparcial, como pretende a abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a
condição de “ator”. Aliás, um os méritos do método fenomenológico é justamente o
de questionar os procedimentos positivistas, encarecendo a importância do sujeito
no processo da construção do conhecimento.

Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à


caracterização, pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações.

É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram


inadequado falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal
método, mas regras formais de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno
(aquilo que se mostra como é, que se mostra a si mesmo). Então, não caberia falar
em método, mas em atitude fenomenológica.
6. Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que
as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes
no passado, sendo, portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem
compreender sua natureza e função. Por exemplo, para se investigar uma
instituição social como a família e as relações de parentesco, o método
histórico pesquisa, no passado, os elementos constitutivos dos vários tipos
de família e as fases de sua evolução social.

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Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível


aplicar esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com enfoques tão
diferentes quanto o positivista, o fenomenológico, o dialético etc.

Relação entre Método e Técnica


Na investigação científica, os termos método e técnica estão estreitamente
relacionados e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua
diferenciação semântica.

Como já foi anteriormente descrito, o método – termo já conhecido na Grécia


Clássica (méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de “estudo
ordenado de uma questão filosófica ou científica”. A palavra pode ser decomposta
no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico
é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um determinado resultado.

Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de


dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado.
Ex.: pesquisa experimental, diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-
química ou biológica, prova clínica ou teste de laboratório. Muitos teóricos definem
método como um conjunto de meios dispostos convenientemente para se chegar
a um fim.

A palavra técnica vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o


caminho, a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder
em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas
padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um
mesmo método pode comportar mais de uma técnica.

O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que


desafia a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições
para seu controle, a fim de confirmá-la ou não; a conclusão é então generalizada,
ou seja, considerada válida não só para aquela situação, mas para outras similares.
Além disso, quase nunca se trata de um trabalho solitário o do cientista, pois, hoje
em dia, cada vez mais as pesquisas são objeto de atenção de grupos especializados
ligados às universidades, às empresas ou ao Estado. De qualquer forma, a
objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade
científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões,
divulgadas em revistas especializadas e congressos.

Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a reali-


dade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os
fenômenos, o que permite prever os acontecimentos e, consequentemente, tam-
bém agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge
um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do
rigor do método, não é conveniente pensar que a ciência é um conhecimento
certo e definitivo, pois ela avança em contínuo processo de investigação que

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supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventados
novos instrumentos.

Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por
diversos matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais
precisa. No século XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção
clássica que a luz se propaga em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter
provisório do conhecimento científico sem, no entanto, desmerecer a seriedade e
o rigor do método e dos resultados – ou seja, as leis e as teorias continuam sendo
de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e verificabilidade, podendo
ser aperfeiçoadas ou superadas.
• A partir da explanação feita acima, será que podemos afirmar que existe um
método universal?
• Será que os métodos universais devem ser considerados válidos para situações
diversas? E tendo situações diferentes, podemos qualificá-las como universais?
• Como descrever relações universais por meio de métodos individuais?
• Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente?
• Será que podemos nomear o método como sendo universal?

A busca do Conhecimento Científico, como vimos anteriormente, passa por


diversas etapas. Tais etapas discutiremos a seguir.

Projeto de Pesquisa: Definição e


Delimitação do Objeto de Estudo
O projeto de pesquisa desempenha várias funções: planeja a elaboração do
trabalho de conclusão de curso, permite aos orientadores que avaliem o trabalho
de pesquisa que será realizado e auxilia o aluno para a sistematização organizada
de uma pesquisa.

Para a elaboração de um projeto de pesquisa é fundamental que o aluno já


tenha definido o objeto que vai pesquisar, de forma que possa, junto ao orientador,
delimitar o assunto, de forma a torná-lo mais preciso e claro. Não existe regra
definida para a escolha do objeto, pode ser feito de acordo com a curiosidade do
aluno, suas necessidades pessoais ou mesmo por sugestão do orientador.

Ou seja, é necessário definir com precisão o assunto particular que será tratado,
pois, quanto maior o domínio que o aluno tiver do tema, mais facilidade terá
no desenvolvimento do projeto e, posteriormente, na redação do Trabalho de
Conclusão de Curso.

Após a definição do objeto e delimitação do tema de estudo, o pesquisador deve


elaborar um projeto de pesquisa; mas, para tal elaboração, é de fundamental impor-
tância a realização de um levantamento de fontes primárias e secundárias de pesquisa.

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Projeto de Pesquisa: Levantamento, Leitura e Organização


das Fontes Primárias e Secundárias de Pesquisa
O pesquisador, após realizar a definição do objeto de estudo e delimitação do
tema, deverá partir para os próximos passos da pesquisa.

Inicialmente, o estudante deve realizar o levantamento e a organização das fontes


primárias (jornais, revistas, leis, decretos etc.), que poderão ser localizadas nos dife-
rentes órgãos de documentação (museus, arquivos, bibliotecas, centros de documen-
tação, entre outros) e secundárias de pesquisa (referenciais teóricos e metodológicos).

A leitura e organização desses materiais auxiliarão o pesquisador a situar o objeto


de estudo no tempo e no espaço e, ainda, na indicação dos pressupostos que irão
subsidiar as discussões e análises a que se propõe o estudo.

O diálogo inicial com as fontes primárias e secundárias de pesquisa aponta os


caminhos para que o pesquisador consiga problematizar o objeto, ou seja, levantar
questões e/ou hipóteses de pesquisa e, ainda, definir quais os objetivos do trabalho.

Após a definição do objeto, a delimitação do tema e o levantamento inicial das


fontes de pesquisa, o pesquisador pode partir para o próximo passo da pesquisa,
que é a elaboração do projeto de pesquisa.

Projeto de Pesquisa: Importância e Aspectos Metodológicos


(Elementos Constitutivos)
Um projeto de pesquisa, como vimos anteriormente, pode desempenhar várias
funções, pois define e planeja para o próprio aluno o caminho a ser seguido no
desenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a serem
alcançadas, os instrumentos e as estratégias a serem usados; disciplina o trabalho e
organiza o tempo e permite ao orientador avaliar melhor o sentido geral do trabalho.

O projeto de pesquisa é a etapa inicial da elaboração de trabalhos de conclusão


de curso e, portanto, deve conter alguns elementos essenciais, tais como:
• Título e subtítulo do trabalho;
• Introdução que permita situar e apresentar o tema de pesquisa;
• Justificativa da escolha do tema;
• Objetivos;
• Problematização (questões e/ou hipóteses da pesquisa);
• Metodologia;
• Cronograma de trabalho;
• Bibliografia.

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O título do projeto deve indicar o assunto do trabalho de forma criativa, para
chamar a atenção para a pesquisa. O subtítulo do projeto deve explicar o assunto
do trabalho de forma detalhada, ou seja, o título como um todo deve sintetizar o
conteúdo da pesquisa. Exemplo: A licenciatura em História: avaliação do curso
de História da Unesp-Franca. Claro, o título pode ser acompanhado ou não de
subtítulo, mas, no geral, enquanto o título tem caráter mais geral, o subtítulo deli-
mitaria com mais precisão o alcance dos objetivos da pesquisa.

A introdução é a apresentação do assunto da pesquisa, ou seja, é onde


contextualizamos espacial e temporalmente nosso objeto de estudo, dialogando
com os trabalhos que já versaram sobre o assunto.

Na justificativa, apresentamos o motivo da escolha do tema, sua relevância


social e/ou acadêmica (científica). Nesse item, também precisamos dialogar com
autores/trabalhos que já versaram sobre o assunto, é onde se coloca a gênese do
problema, explicitando os motivos mais relevantes que levaram à abordagem do
assunto. Nesse item, o pesquisador expõe os motivos mais significativos que o
levaram a abordar o tema escolhido.

A argumentação, mediante na qual o pesquisador expõe os motivos que o


levaram a eleger determinado tema e a importância da contribuição que seu estudo
pode ensejar, são fatores fundamentais na aceitação da pesquisa por parte de seu
público-alvo.

Na problematização do projeto, devemos levantar as questões e/ou hipóteses


da pesquisa. Tais problemas deverão ser investigados durante a pesquisa e,
posteriormente, respondidos durante a redação do trabalho de conclusão de curso.

Após a problematização do tema, o autor do projeto deve expor os objetivos que


o trabalho visa atingir, isso é, a situação que se deseja obter ao final da trajetória de
pesquisa e redação do trabalho de conclusão. Os objetivos devem estar claramente
definidos, coerentes com o tema proposto, esclarecendo o que se pretende com
o projeto a partir das hipóteses ou das questões de pesquisa a serem investigadas.
Na explicitação dos objetivos de uma pesquisa, antecipam-se as contribuições que
a mesma pretende trazer para o avanço daquela área específica do conhecimento.

No item metodologia, o autor deverá anunciar os materiais (fontes de pesquisa)


que irá analisar e os procedimentos metodológicos (métodos e técnicas) que irá
utilizar na elaboração da monografia: trabalho de campo, laboratório, entrevistas,
pesquisa bibliográfica ou, se for o caso, um estudo que combinará diferentes formas
de investigação.

A partir daí, devem ser apresentadas e respondidas questões do tipo: Como?


Com que? Onde? Quando?

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Deverão ser mencionadas, também, as técnicas e instrumentos de pesquisa que


serão empregados na coleta de dados como, por exemplo: levantamento das fontes
documentais e bibliográficas, observação, entrevistas, questionários, testes, história
de vida, análise de conteúdo etc.

O cronograma de trabalho deve apresentar as várias etapas (atividades) do


desenvolvimento da pesquisa, distribuídas no tempo, ou seja, distribuição das
tarefas nos períodos do calendário.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
O Método Científico e os Tipos de Pesquisa
https://youtu.be/ey9bTshV308
O Mundo de Beakman e o Metodo Científico
https://youtu.be/cJWaVeWQJdw
Conteúdo e conhecimento | Mario Sergio Cortella
https://youtu.be/Y9aImcSqp2U
Teoria do Conhecimento | uma introdução
https://youtu.be/FLmXYm8oVsY

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Referências
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científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Pearson Makron
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BIANCHI, A. C. M.; ALVARENGA, M.; BIANCHI, R. Orientação para estágio


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