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Transformadores e

Máquinas Elétricas
Material Teórico
Transformadores

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Márcio Belloni

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Transformadores

• Introdução aos Transformadores;


• Relação de Potências entre Primário e Secundário;
• Relação de Transformação;
• Perdas e Ensaios em Transformadores;
• Rendimento;
• Circuito Equivalente e Reatâncias;
• Transformadores Monofásicos e Trifásicos.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar os conceitos basilares em relação aos transformadores habilitando o aluno
a conhecer o funcionamento de um transformador;
• Compreender as relações de transformação, o rendimento do transformador e os ensaios
para perdas no transformador.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Transformadores

Introdução aos Transformadores


É interessante que a transmissão seja efetuada em altas tensões. Como já se
verificou ao estudar circuitos elétricos e eletricidade básica, a potência é relaciona-
da ao produto da corrente e da tensão. Assim, evidentemente, para uma potência
inalterada, o aumento de tensão resulta na diminuição de corrente.

P = I.∆V (W)

Por outro lado, a passagem de uma corrente por um condutor, devido à sua
resistência, gera uma perda de energia, sendo essa energia perdida em forma de
calor. Dessa forma, essa perda de energia no sistema elétrico se verifica em função
da resistência do condutor.

2
(DV )
2
P = I ×R = (W )
R

Assim, verifica-se que uma corrente menor gera uma perda menor de potência
por calor. Os transformadores são utilizados em subestações de energia para trans-
missão de energia elétrica, efetuando a alteração do valor da corrente diminuindo
a bitola dos cabos na transmissão.

Figura 1 – Subestação alemã – Pode-se ver os transformadores de instrumento


Fonte: Wikimedia Commons

Para a correta utilização da energia elétrica, é necessário que a mesma seja tra-
tada, de forma que em qualidade se adapte à máquina elétrica ou ao uso ao qual
se destina. O transformador é um dispositivo constituído basicamente por duas
bobinas estreitamente acopladas. Um meio de alterar os valores de tensão e cor-
rente que entra por um de seus lados (Primário), em valores adequados no lado de
saída (Secundário). Dessa forma, os transformadores são dispositivos elétricos que
transformam tensão e corrente alternadas com a mesma frequência, entre dois ou

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mais enrolamentos, através da indução eletromagnética, em valores de tensões e
correntes iguais maiores ou menores.

Enquanto o campo magnético criado pela corrente no enrolamento primário


cresce, é gerada uma corrente no enrolamento secundário, pois a corrente no pri-
mário é variável e crescente. Quando o campo no enrolamento primário se estabi-
liza (se torna constante), a corrente cessa no enrolamento secundário. Enquanto o
campo magnético permanece constante no enrolamento primário, não há corrente
no enrolamento secundário. Em contrapartida, enquanto o campo magnético dimi-
nui no enrolamento primário, é gerada uma corrente no enrolamento secundário,
com sentido oposto à anterior. Isso cessa logo após o campo magnético se anular
no enrolamento primário.

Além disso, os transformadores isolam os circuitos eletrônicos da rede elétrica,


pois seus enrolamentos encontram-se eletricamente isolados. Transformadores de
alta frequência possuem núcleos feitos de materiais especiais, e, quando em baixa
frequência, possuem núcleos grandes e pesados.

Relação de Potências
entre Primário e Secundário
Pela teoria da conservação de energias, a potência que entra no transformador
é a mesma que é utilizada na carga do secundário e na magnetização do núcleo. A
relação de potências do transformador ideal é:

PS = PP

VP .IP = VS.IS

Frase Frase
Primária Secundária
NP giros NS giros

Corrente Fluxo
Primária Magnético, 
IP
Corrente
+ IS Secundária

Corrente
+
Primária
VP
Corrente
Secundária
VS


Núcleo do
Transformador

Figura 2 – Circuito elétrico e magnético de um transformador


Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

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UNIDADE Transformadores

Assim, utiliza-se do princípio magnético do fluxo magnético (apostila 1), para


gerar indução da espira 1 em 2 e assim, gerar corrente na espira do secundário.
Essa corrente será proporcional aos números de espiras.

Dessa forma, pode-se relacionar o número de voltas da espira (N) com cada
parte infinitesimal do fluxo de campo magnético (∅) e, assim, perceber a existência
de uma ddp (E) entre os polos da espira.

dO
E = N× [V ]
dt

Você Sabia? Importante!

O transformador somente pode atuar em corrente alternada. Foi Nicola Tesla (1856-1943),
físico norte-americano nascido na Croácia, quem apresentou ao mundo a transmissão
em corrente alternada e as elevações e diminuições de tensão e corrente para viabili-
zar essa transmissão. O ponto de vista de Tesla contrastava com Thomas A. Edson, que
apoiava o uso da corrente contínua para transmissão. O uso de transformadores de alta
tensão possibilitou a transmissão em corrente alternada e a abordagem de Tesla preva-
leceu sendo utilizada até hoje.

Relação de Transformação
Sabe-se que o valor da diferencial do fluxo de campo magnético no tempo apre-
senta o valor da tensão nos terminais de uma espira. Assim, a razão entre esses
valores estará apresentando a relação de transformação do transformador.

dO
E1 = N1 × [V ]
dt
dO
E2 = N 2 × [V ]
dt
E N
RTp = 1 = 1
E2 N 2

É necessário diferenciar os transformadores de corrente e de tensão. Os trans-


formadores acima descritos são denominados Transformadores de Potencial, ou a
razão entre as espiras do primário e do secundário é igual á razão entre a tensão
do primário e do secundário. Nos Transformadores de Corrente, a relação é inver-
sa e a razão entre as espiras do primário e do secundário é igual à razão entre a
corrente do primário e do secundário e igual ao inverso da razão entre a tensão do
primário e do secundário.

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Transformadores de Potencial Transformadores de Corrente
N1 U1 I 2 N1 I U
RTp = = = RTc = = 1= 2
N2 U 2 I1 N 2 I 2 U1

Os transformadores de potencial possuem seus primários conectados em paralelo


com a rede e os transformadores de corrente são conectados em série com a rede.

Figura 3 – Transformador de Corrente de Alta Potência


Fonte: Wikimedia Commons

Transformadores com mais de um Secundário


Quando existe mais de um secundário, a potência absorvida da rede pelo primá-
rio é a soma das potências fornecidas em todos os secundários.

P1 = P2 + P2 + ... Pn
1 2 m

Figura 4 – Transformador com derivação


Fonte: Wikimedia Commons

Perdas e Ensaios em Transformadores


Pelo que foi verificado até o momento, o transformador ideal é aquele em que a
potência de entrada é igual à potência de saída, ou melhor, um sistema eletromag-
nético perfeito onde não se perde potência. Contudo, o transformador real sofre
perdas por conta dos fenômenos eletromagnéticos que ocorrem no processo de
transformação. Alguns desses processos são desejados, mas muitos são indesejados
pois diminuem a potência de saída, sendo denominados perdas.

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UNIDADE Transformadores

É certo que toda matéria possui certo valor de resistividade. Assim, deve-se
considerar a resistência ôhmica nos enrolamentos do primário e secundário. Essa
perda é denominada perda no cobre.

Também são consideradas as perdas pelo fenômeno de magnetização do núcleo


de ferro (núcleo magnético). Uma dessas perdas é a perda por histerese, causadas
pelas propriedades dos materiais ferromagnéticos de apresentarem um atraso entre
a indução magnética e o campo magnético, Quando o ferro não está magnetizado,
seus domínios magnéticos estão dispostos de maneira desordenada e aleatória.
Porém, ao aplicar uma força magnetizante, os domínios se alinham com o campo
aplicado. Se invertemos o sentido do campo, os domínios também inverterão sua
orientação. Num transformador, o campo magnético muda de sentido muitas vezes
por segundo, de acordo com o sinal alternado aplicado. E o mesmo ocorre com os
domínios do material do núcleo. Ao inverter sua orientação, os domínios precisam
superar o atrito e a inércia. Ao fazerem isso, dissipam certa quantidade de potência
na forma de calor.

Ainda há as perdas por correntes parasitas, que são geradas pela circulação de
correntes causadas pelo fluxo magnético variável, induzindo no material ferromag-
nético uma corrente indesejada (chapas finas isoladas diminuem as perdas).

Perdas no Ferro (Núcleo Magnético) [PerdasFe]


• Perdas por histerese são causadas pelas propriedades dos materiais ferro-
magnéticos de apresentarem um atraso entre a indução magnética e o cam-
po magnético;
• Perdas por correntes parasitas são geradas pela circulação de correntes para-
sitas causadas pelo fluxo variável induzido no material ferromagnético (chapas
finas isoladas diminuem as perdas).

Perdas no Cobre (Enrolamento) [PerdasCu]


• Perdas por resistência ôhmica causam queda de tensão que deve ser conside-
rada no rendimento do transformador.

Você Sabia? Importante!

Uma das luas de Júpiter, denominada Io,


possui um núcleo metálico. Os fortes campos
magnéticos do gigante gasoso criam por in-
dução correntes parasitas no núcleo da lua Io
aquecendo o núcleo desta lua. Isso causa em
sua topologia grande movimentação vulcâ-
nica e tem uma luminosidade considerável,
proveniente de alguns lagos incandescentes
devido às altas temperaturas, mas a maioria
dessa luminosidade provém de descargas Figura 5
elétricas entre Júpiter e Io. Fonte: NASA

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Rendimento
Como explanado, o transformador possui perdas, e essas perdas devem ser veri-
ficadas por meio dos ensaios e descontadas para formar a potência de saída. A essa
diferença denomina-se rendimento do transformador.

Esse rendimento é apresentado da seguinte forma:

Potênciasaída
n% = ×100%
Potênciaentrada

E considerando as perdas no ferro e no cobre, pode-se deduzir o seguinte cálculo.

Potênciasaída
n% = ×100%
( Potênciasaída + PerdasFe + PerdasCu )

Também é necessário computar os valores referentes á regulação de tensão,


onde a tensão do secundário em vazio e do secundário com carga são diferentes.
Dessa forma, deve-se considerar o seguinte:

Vo -VL
Rt =
VL

Onde Rt = Regulação de tensão

Vo = Tensão de operação “sem carga”

VL = Tensão de operação “em carga”

Circuito Equivalente e Reatâncias


Pode-se analisar o transformador por meio de um circuito elétrico que considera
sua potência de primário e secundário e suas perdas na forma de reatâncias indutivas
e resistivas. As perdas no ferro e no cobre foram já apresentadas no volume 1. Os pa-
râmetros desse circuito, segundo Fitzgerald, são apresentados na seguinte maneira:

R1 X i1 X i′2 R 2′

Iˆϕ
+ Iˆ1 Iˆ2′ +
Vˆ1 Vˆ2′
Rc Xm
– –

Figura 6

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UNIDADE Transformadores

Xm = reatância indutiva de magnetização;

Rc = resistência de magnetização que retrata as perdas do ferro;

R1 = resistência do enrolamento primário;

X1 = indutância do enrolamento primário;

R´2 = resistência do enrolamento secundário refletida;

X´2 = indutância do enrolamento secundário refletida.

No primário, têm-se a representação da resistência no cobre (R1) e a indutância


gerada pela corrente apresenta ao circuito a reatância indutiva (XL1). Essa indutân-
cia gera o aparecimento da tensão no secundário e, assim, deve-se considerar a
resistência no secundário pela passagem da corrente refletida (R’1) e a passagem
dessa corrente na bobina do secundário gera a reatância indutiva refletida no se-
cundário (X’L2). Consideram-se também as perdas no núcleo, por meio da reatância
indutiva de magnetização (Xm) e da Resistência de magnetização (Rc) para retratar
a perda no ferro, com a queda de tensão.

Transformadores Monofásicos e Trifásicos


Os transformadores podem ser classificados de acordo com o número de fases.
Os mais conhecidos são os trifásicos e os monofásicos, devido à sua grande utiliza-
ção nos sistemas de transmissão, distribuição e sistemas de potência. Há situações
em que a alimentação necessita ser bifásica e, nesse caso, é preciso da transforma-
ção trifásico/bifásico.

Entre outras utilizações, destacam-se as seguintes características deste tipo de


transformador:
• Fornecer um sistema bifásico a partir de um sistema trifásico;
• Alimentar cargas monofásicas a partir do sistema trifásico;
• Alimentar cargas trifásicas a partir do sistema bifásico;
• Conectar sistemas bifásicos de distribuição a sistemas trifásicos de transmissão.

As principais formas para obtenção de transformadores trifásicos/bifásicos é


através das conexões Scott e Le Blanc, nas quais se verifica a possibilidade de
conversão de um sistema trifásico com defasagem de 120º entre as fases em um
sistema bifásico com defasagem de 90º, sem desequilibrar a rede.

Conexão Scott
No início da história da transmissão elétrica, era comum a utilização dos siste-
mas bifásicos e trifásicos. Logo, era constantemente necessária a interligação entre
esses sistemas. Isso levou Charles Scott (1864-1944), em 1894, a apresentar um

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novo método para a transformação de fase: o transformador Scott ou “T”. Essa
conexão é formada por dois transformadores monofásicos. Um deles deve possuir
derivação central e recebe o nome de “principal”, “M” ou “Main”. Nessa derivação,
é conectado a outro transformador, chamado de transformador “T” ou “teaser”.

Conexão Le Blanc
Outra alternativa de acoplamento para transformação trifásica/bifásica é cone-
xão Le Blanc, desenvolvida no final do século XIX. Ela possui eficiência aproximada
à conexão Scott. Contudo, não teve a mesma repercussão que a outra ligação. Essa
conexão é formada por um transformador trifásico modificado com enrolamentos
secundários assimétricos, para se obter uma estrutura similar à ligação Scott.

Figura 7 – Transformador trifásico conectado à rede de distribuição


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Transformadores

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
Identificando transformadores (INS066)
Entrevista com Mestre Newton C. Braga – Internet e Coisas #99.
http://bit.ly/35hlFt6

 Vídeos
Transformadores, relação e tensão – Mundo da Elétrica
https://youtu.be/QFaVUuIabJ0
Instalações Elétricas – Aula 05 – Transformadores
UNIVESP. Curso de Engenharia Univesp – Universidade Virtual do Estado de São
Paulo Disciplina: Instalações Elétricas (FEG-002).
https://youtu.be/zo7z8Lp_tB0
Laboratório de Máquinas elétricas: Ensaio de transformador
Passo a passo para efetuar o ensaio em vazio do transformador (Laboratório de
Máquinas Elétricas) videoaula do CEFET-MG na disciplina prática de Laboratório de
Máquinas Elétricas.
https://youtu.be/D81DS4edmmk

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Referências
COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas. 3. ed. São Paulo: Makron, c1993.

CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

EDMINISTER, J. A. Circuitos elétricos. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, c1985.

FITZGERALD, A. E. Máquinas Elétricas - Com introdução á eletrônica de po-


tência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, , 2008.

HOROWITZ, P. A arte da eletrônica: circuitos eletrônicos e microeletrônica. 3.


ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.

NASAR, S. A. Máquinas elétricas. São Paulo: Makron, 1984.

SIMONE, G. A. Máquinas de corrente contínua: teoria e exercícios. São Paulo:


Érica, 2000.

SIMONE, G. A. Máquinas de indução trifásicas. São Paulo: Érica, 2000.

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