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Eletricidade e

Instalações Elétricas
Material Teórico
Corrente Contínua e Alternada

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Vinícius Azevedo Borges

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Corrente Contínua e Alternada

• Força Eletromotriz;
• Geração de Força Eletromotriz;
• Circuitos de Corrente Alternada;
• Geradores Monofásicos e Trifásicos;
• Fator de Potência.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer métodos de transformação de energia para a geração de energia elétrica,
principalmente na forma de corrente alternada.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

Força Eletromotriz
Para que um circuito elétrico funcione, é necessária uma fonte de tensão ou de
corrente. Mais especificamente, é preciso que exista um elemento que forneça car-
gas elétricas para o circuito operar. Essa fonte exerce uma força chamada de força
eletromotriz (f.e.m.), que provoca o movimento de cargas através do circuito elétrico.

A força eletromotriz exercida pela fonte, em geral, possui origem em uma ener-
gia armazenada de forma não elétrica, que é convertida em energia elétrica. Nas
baterias, por exemplo, a força eletromotriz ocorre pela conversão da energia quí-
mica em energia elétrica.

Quando tratarmos de força eletromotriz, ou f.e.m., estaremos falando de uma


fonte de energia. A unidade utilizada para f.e.m. é a mesma de tensão elétrica, o
Volt. Na Figura 1, é ilustrado um circuito elétrico bem simples, com apenas uma
fonte e um resistor.

i
10 V

R 100 Ω

Figura 1 – Circuito elétrico indicando a força eletromotriz

Em um circuito elétrico, a f.e.m. pode ser representada por uma seta com um
círculo na origem da seta, isso para diferenciar as outras setas que representam o
sentido da corrente elétrica. O sentido da f.e.m. sempre será do terminal de menor
potencial da fonte para o terminal de maior potencial. No caso de um circuito com
apenas uma fonte, o sentido da f.e.m. coincidirá com o sentido da corrente elétrica
do circuito.

Em um circuito elétrico, o sentido da corrente é sempre do terminal de maior


potencial para o terminal de menor potencial. A seta vermelha que representa a
f.e.m. da fonte indica, porém, que dentro dessa fonte as cargas positivas são levadas
de um potencial de menor energia para um potencial de maior energia.

Esse é exatamente o conceito de força eletromotriz. O circuito elétrico consome


energia das cargas elétricas, enquanto a fonte fornece mais energia a essas cargas.
Explor

Força Eletromotriz, disponível em: https://bit.ly/2EXjqkl

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Geração de Força Eletromotriz
Um princípio básico da natureza é o da conservação de energia. Em qualquer
sistema fechado, como é o caso dos circuitos elétricos e dos geradores de energia, a
energia não pode ser criada e não pode ser destruída, apenas pode ser transformada.

Na natureza, encontramos diversas formas de energia. Um raio, que consiste em


uma descarga elétrica atmosférica, pode fornecer energia na forma de eletricidade.
O sol nos fornece energia em forma de luz e calor. Podemos obter energia química
dos elementos, esta é a origem da energia das pilhas e baterias. Os átomos pos-
suem grande quantidade de energia armazenada em seus núcleos, conhecida como
energia nuclear.

Uma fruta no alto de uma árvore possui energia potencial gravitacional, que
pode se transformar em energia cinética quando se desprende do galho e desce até
o chão. Ao atingir o chão, converte a energia cinética em energia sonora e energia
de deformação.

Figura 2 – Exemplos de energias em suas formas naturais


Fonte: Wikimedia Commons

Mas como podemos utilizar a natureza a nosso favor para obter energia elétrica? Na
verdade, já somos capazes de obter energia elétrica da maioria dessas fontes naturais.

No caso da luz solar, a energia é obtida através de placas fotovoltaicas, que em


contato com a luz do sol e, uma vez que estejam ligadas a algum circuito, produzem
uma corrente contínua de energia elétrica. Para uso residencial, essa energia em
corrente contínua precisa ser convertida em corrente alternada, que é o padrão de
transmissão e distribuição de energia.

Para isso, a energia elétrica produzida por placas fotovoltaicas é convertida de


corrente contínua para corrente alternada em um dispositivo conhecido como in-
versor, conforme ilustrado na Figura 3.

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UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

Rede Elétrica

Painel Solar

Corrente
Contínua
Corrente
Alternada

Corrente Alternada

Inversor Medidor de Energia

Figura 3 – Conversão de energia solar em energia elétrica para uso residencial


Fonte: Adaptado de Getty Images

A maior parte da energia que extraímos de recursos naturais, diferentemente


da energia solar, envolve o aproveitamento de alguma energia de movimento para
conversão em energia elétrica.

Uma hidrelétrica aproveita o movimento das águas para mover turbinas que con-
vertem a energia mecânica em energia elétrica. Uma usina termoelétrica converte
energia química pela queima de combustíveis fósseis ou carvão vegetal em energia
mecânica, e essa em energia elétrica. Uma usina nuclear transforma a energia ar-
mazenada no núcleo de átomos em energia térmica, que é convertida em energia
mecânica e, por fim, convertida em energia elétrica. A energia eólica é a conversão
da energia cinética dos ventos em energia elétrica através da movimentação de
turbinas. Em qualquer um dos casos, há sempre um passo de transformação de
energia em forma mecânica em energia elétrica.

Essa conversão de energia mecânica em energia elétrica é possível graças à


interação entre as forças magnéticas com cargas elétricas. Sabemos que cargas elé-
tricas interagem entre si, podendo se atrair ou repelir. Os ímãs possuem compor-
tamento similar, com a diferença de que os dois polos de um ímã (norte e sul) não
podem ser separados, mas um polo sempre atrairá outro polo diferente e repelirá
outro polo igual.

A Lei da Indução Eletromagnética prevê como um campo magnético pode afe-


tar um circuito elétrico e gerar uma força eletromotriz. Em um fio condutor, por
exemplo, que é colocado em movimento em relação a um ímã, ocorrerá a sepa-
ração das cargas elétricas presentes em seu interior, fazendo-as migrar para suas
extremidades. A Figura 4 ilustra essa situação.

10
x x A x x +

x B x x x
V V

x x x x Fm

x x B x x –

Figura 4 – Indução eletromagnética


Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

Na Figura 4, os “x” em vermelho representam um campo magnético B, que está


entrando na folha. A barra metálica é movida da esquerda para a direita com veloci-
dade v, e essa condição induz a uma força Fm que separa as cargas em seu interior e
as posiciona em seus extremos. Após sair da região de ação do campo magnético,
a tendência é de que as cargas que migraram para os extremos da barra metálica
retornem para as posições de equilíbrio eletrostático. Se essa barra for conectada a
um circuito elétrico e forçada a se mover entrando e saindo desse campo magnéti-
co, ela funcionará como uma fonte de energia para o circuito.
Explor

Indução Eletromagnética, disponível em: https://bit.ly/2YuZyMI

Mas apenas uma barra metálica fornece pouca corrente. Para otimizar esse efei-
to nos geradores, ao invés de se utilizar apenas um fio metálico, são utilizadas bo-
binas, compostas por fios enrolados várias vezes, amplificando o efeito de indução
eletromagnética, e essas bobinas giram de maneira que os fios estejam sempre em
movimento próximo ao campo magnético. A Figura 5 mostra um diagrama com
esse princípio de geração de energia.

Figura 5 – Diagrama de um gerador de corrente elétrica por indução


Fonte: usp.br

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UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

A maioria dos geradores elétricos que utilizamos hoje seguem esse princípio
de funcionamento. Motores elétricos e geradores elétricos por indução funcionam
basicamente da mesma maneira. Ao se forçar o giro do eixo de um motor elétrico,
ele produzirá uma diferença de potencial entre seus terminais, que podem ser co-
nectados a um circuito elétrico e produzir corrente elétrica.
Explor

Gerador elétrico, disponível em: https://youtu.be/wpMicCKWbJc

Esse tipo de gerador produz um tipo de corrente diferente daquela produzida


por uma bateria, pilha ou placa fotovoltaica. Enquanto a corrente fornecida por
uma bateria é do tipo contínua (CC), esse tipo de gerador produz uma corrente do
tipo alternada (CA). A corrente alternada se comporta de acordo com uma curva
senóide. Na rede elétrica residencial, a frequência dessa senóide é de 60 Hz, o que
significa que em um segundo a corrente muda de sentido e volta para o sentido que
estava 60 vezes por segundo. O gráfico da Figura 6 ilustra a diferença entre esses
dois tipos de corrente.

Contínua
0
Alternada

Figura 6 – Gráfico comparativo da corrente contínua com a corrente elétrica


Fonte: Adaptado de GreenBras

Vamos fazer uma analogia para facilitar a compreensão da diferença entre esses
dois tipos de corrente. Imagine que você está andando de bicicleta e está com os
pés presos aos pedais. Você é a fonte de energia, pois é você quem produz a força
suficiente para que a bicicleta (circuito) se movimente. Se você pedala da manei-
ra convencional, empurrando um pé para a frente, em seguida o outro, e assim
por diante, você está movimentando os pedais de maneira contínua, equivalente
ao que acontece em um circuito de corrente contínua. Por outro lado, você pode
pedalar com apenas um dos pés, descansando o outro, em movimento alternado,
ora pressionando o pedal para frente, ora invertendo o movimento e voltando o pé
para trás. Nesse caso, você também conseguirá locomover a bicicleta, porém, mo-
vimentando os pedais de maneira alternada, assim como acontece em um circuito
de corrente alternada.

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Figura 7 – Pedalar uma bicicleta de maneira contínua ou alternada
Fonte: Wikimedia Commons

A diferença entre esta analogia e um circuito real de corrente alternada é que


a força eletromotriz é produzida nos dois sentidos, enquanto a força para voltar o
pedal da bicicleta para trás não é responsável por produzir movimento.

A corrente contínua em um circuito elétrico com resistores percorrerá o circuito


sempre no mesmo sentido e com a mesma intensidade, caso não haja alterações no
circuito. Já a corrente alternada percorrerá o mesmo circuito de maneira variada,
alterando sua intensidade e sentido ao longo do tempo.

• O que é corrente contínua e corrente alternada? https://youtu.be/dfNmTe9mqPQ


Explor

• Corrente contínua e alternada: https://youtu.be/dGkwpug0298

Quando temos uma fonte de energia de corrente contínua, identificamos seus


terminais como positivo e negativo, e sabemos que convencionalmente a corrente
elétrica percorrerá o circuito saindo do terminal positivo e chegando ao terminal
negativo dessa fonte.

No caso de uma fonte de energia de corrente alternada, a cada instante seus


terminais terão valores diferentes de tensão, forçando a corrente elétrica pelo cir-
cuito, ora em um sentido, ora no sentido oposto. Assim, a cada instante analisado,
poderemos ter variações quanto a qual terminal dessa fonte alternada é o positivo
e qual é o negativo, por isso não utilizamos a mesma identificação para seus termi-
nais. Em uma fonte alternada de energia, utilizamos a denominação de “fase” para
um terminal, que varia seu potencial elétrico ao longo do tempo de acordo com
a senóide, apresentada no gráfico da Figura 6, e “neutro” para um terminal que
mantém seu potencial constante no tempo.

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UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

A tensão nominal de uma fase de uma fonte de corrente alternada é o valor da


amplitude do seno. Pode-se também utilizar duas fases da fonte para se obter ten-
sões maiores, como mostrado mais adiante na Figura 10.

As fiações em nossa residência seguem a mesma identificação, podendo possuir


um terminal neutro e pelo menos um terminal de fase. A tensão de uma tomada
na rede elétrica residencial é dada pela diferença de potencial entre os terminais da
tomada. Veja um esquema elétrico residencial na Figura 8.

Circuito
rcuito 1

Responsabilidade da Responsabilidade do
concessionária cliente
Circuito
rcuito 2

QDC

Circuito 3

Circuito 4

Figura 8 – Esquema elétrico de uma residência


Fonte: Adaptado de mundodaeletrica.com.br

No esquema da Figura 8, os fios azuis representam o potencial neutro, os fios


vermelhos são o potencial fase e os fios verdes são a proteção do circuito por
aterramento. Nesse tipo de ligação, se o terminal de fase fornecer 110V de tensão
máxima em relação ao terminal neutro, então essa será a tensão máxima fornecida
para os equipamentos ligados na residência. Em algumas regiões do nosso país, a
tensão de 220V é fornecida por apenas um terminal de fase com tensão máxima
de 220V (sistema 380/220V). Em outras regiões, a tensão de 220V é fornecida
por dois terminais fase (sistema 220/127V), cada um com 110V de tensão máxima,
porém com uma defasagem entre as fases.
Explor

220V Fase Fase ou Fase Neutro? Qual a diferença? https://youtu.be/mG05wQqNM0I

A energia elétrica é gerada e transmitida, geralmente, sob a forma de corrente


alternada. Vários são os motivos dessa escolha. Entre elas, a economia e a eficiên-
cia são as principais. Devido à resistência elétrica (ainda que pequena) presente nos
materiais condutores, a corrente contínua apresenta maior perda de energia por
aquecimento. Para reduzir esse aquecimento e a perda de energia, o condutor deve
possuir o mínimo de resistência elétrica, o que o torna mais caro. Considerando as
longas distâncias de transmissão de energia, a perda energética seria muito maior
do que a energia efetivamente transmitida. A transmissão de energia em corrente
alternada reduz a perda energética por aquecimento, permitindo o uso de cabos
mais baratos.

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Outra grande vantagem de se transmitir energia em corrente alternada é a facilidade
de transformação de níveis de tensão. Utilizando um transformador (Figura 9), é possí-
vel transformar uma corrente de alta tensão em uma de baixa tensão e vice-versa. Isso é
importante, pois a energia transmitida a longas distâncias precisa possuir tensões altas,
para vencer a resistência dos cabos e forçar o fluxo de cargas através deles. No entanto,
essas tensões são perigosas para uso residencial e industrial. Portanto, para a utilização
final dessa energia transmitida, a alta tensão deve ser transformada em baixa tensão,
que costuma ser de 127V ou 220V por fase.

Figura 9 – Transformador de tensão elétrica


Fonte: Wikimedia Commons

Circuitos de Corrente Alternada


A Figura 10 mostra um circuito elétrico bem simples, com apenas um resistor e
uma fonte de corrente alternada.

10 V
R 100 Ω

Figura 10 – Circuito elétrico de corrente alternada

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UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

A tensão nominal da fonte alternada é de 10V. Isso quer dizer que a tensão real
da fonte vai variar entre 0V e 10V segundo a equação:

Vt   V0 .cos .t    Equação 1

onde V é a tensão real da fonte no instante de tempo t, V0 é a tensão nominal (má-


xima) da fonte, ω é a frequência de oscilação da fonte alternada (para a rede elétrica
residencial, ω = 60 Hz) e φ é a fase inicial da tensão, medida em radianos.

É possível calcular também a corrente i que flui através do resistor R, através da


seguinte equação:

V V0 .cos .t   
it     i0 .cos .t    Equação 2
R R

onde δ é a fase inicial da corrente em radianos.

Na prática, a maioria dos equipamentos que utilizamos na rede elétrica costuma


operar de duas maneiras: a primeira delas é convertendo a tensão de corrente al-
ternada para tensão de corrente contínua; e a segunda é com os componentes do
circuito elétrico trabalhando em sincronismo com a tensão de corrente alternada.

No primeiro caso, encontramos a maioria dos equipamentos mais sensíveis,


como computadores, celulares, televisores mais modernos, equipamentos eletro-
eletrônicos com circuitos mais complexos, que funcionam com corrente contínua
proveniente de fontes internas ou externas ao equipamento. No segundo caso, en-
contramos equipamentos que usam motores ou elementos indutores ou capacitivos,
como ventiladores, geladeiras e ferramentas elétricas.

Geradores Monofásicos e Trifásicos


A diferença entre os geradores monofásicos e trifásicos é a quantidade de enrola-
mentos ou bobinas que possuem em seu interior, os quais, conforme o nome sugere,
produzirão apenas uma fase de tensão alternada (monofásico) ou três fases (trifásicos).

Em geral, equipamentos domésticos utilizam apenas uma fase, enquanto a ener-


gia trifásica costuma ser empregada em equipamentos industriais. Casos onde a
potência exigida da unidade consumidora seja maior do que 8 kW, mesmo que a
rede elétrica seja residencial, deve ser instalado o sistema trifásico, composto por
três terminais de fase e um neutro, ou bifásico, composto por dois terminais de fase
e um neutro.

As fases de um sistema bifásico ou trifásico operam de maneira sincronizada,


porém defasadas. A Figura 11 mostra um gráfico onde é possível identificar os
valores de tensão de cada fase em função do tempo, bem como o terminal neutro,
que possui uma tensão constante de referência para os terminais de fase.

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Fase 1 Fase 2 Fase 3
COMUM

TEMPO

Figura 11 – Representação gráfica da rede elétrica trifásica


Fonte: Adaptado de sinclair.com.br

Considerando a Equação 1, o que vemos na Figura 11 é que, em uma rede elé-


trica trifásica, o valor do coeficiente φ é de 0°, 120° e 240° para as fases 1, 2 e 3
respectivamente. Essa defasagem é constante ao longo do tempo, e permite que as
fases sejam combinadas entre si para fornecer tensões diferentes da tensão nominal
do gerador.

R
S
T
N

220V 220V 220V 380V 380V 380V

Entre cada fase e o neutro Entre fases

Figura 12 – Combinação de fases em uma rede trifásica


Fonte: Adaptado de forums-es.ubi.com

Na Figura 12, vemos como pode ser utilizada a rede trifásica, considerando que
o gerador dessa rede possui tensão nominal de 220V e as indicações R, S e T se
referem aos terminais fase, e a N se refere ao terminal neutro dessa rede.

Veja que, ao utilizarmos qualquer terminal de fase juntamente ao terminal neu-


tro, obteremos a tensão nominal de 220V. Porém, se combinarmos duas fases
quaisquer, a tensão nominal será de 380V.

Voltando ao gráfico da Figura 11, se analisarmos apenas uma das fases, o valor
de tensão nominal será igual à diferença entre o valor real da tensão e o valor da
tensão do terminal neutro, que é 0V, quando essa diferença é máxima.

Agora, se tomarmos duas fases quaisquer, a maior diferença entre elas será
maior do que considerando uma fase e o neutro. Assim, podemos obter tensões
mais elevadas que os 220V nominais do gerador.

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UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

O sistema trifásico oferece diversas vantagens sobre o monofásico, sendo o siste-


ma mais utilizado do mundo para distribuição de energia. Além de poder fornecer
dois níveis de tensão diferentes, os geradores trifásicos são mais eficientes que os
monofásicos, o que significa que, para produzir a mesma potência, um gerador
trifásico pode ser mais leve e menor do que seu correspondente monofásico.

O sistema trifásico, devido à maior eficiência energética, consegue fornecer a


mesma potência que o sistema monofásico usando menos materiais condutores
(em geral, cobre e alumínio), o que acarreta em redução de custos e de peso com
esses materiais.

Os motores trifásicos também apresentam vantagens sobre os monofásicos. Um


motor trifásico produz um torque constante. Já os motores monofásicos, por usa-
rem apenas uma fase da rede, produzirão um torque que varia de intensidade, pas-
sando por instantes em que o torque é nulo, e só continua girando devido à inércia.

A potência fornecida pelo sistema monofásico também possui maior variação,


chegando a zero em torno de 120 vezes por segundo. Já no sistema trifásico, a po-
tência nunca é nula, pois sempre haverá diferença de potencial maior do que zero
entre seus terminais.

Em casos de sobrecarga na rede elétrica, se o sistema utilizado for o monofási-


co, haverá falta de energia em todos os equipamentos ligados nessa rede. Se isso
acontecer no sistema trifásico, apenas a fase sobrecarregada deixará de fornecer
energia até que o problema seja solucionado. Até lá, tudo o que estiver conectado
às outras duas fases continuará funcionando.
Explor

Me Salva! TRI01 - O sistema de alimentação trifásico - Introdução: https://youtu.be/AaNRmeIaOH0

Fator de Potência
Para circuitos elétricos em corrente contínua, podemos calcular a potência dissi-
pada pelo circuito, ou por elementos desse, através da equação:

P = V .i Equação 3

onde P é a potência, V é a diferença de potencial entre os pontos que se deseja


calcular e i é a corrente elétrica.

A mesma equação também é válida para calcular a potência de cargas resistivas


em circuitos de corrente alternada monofásica, como lâmpadas incandescentes, chu-
veiro elétrico, forno elétrico (daqueles que aquecem por resistência, diferente do forno
micro-ondas), ferro elétrico, entre outros. Nesse caso, a potência calculada é instan-
tânea, uma vez que V e i variam com o tempo, de acordo com as equações 1 e 2.

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Podemos reescrever a Equação 3 para corrente alternada de um sistema monofásico:

Pt   Vt  .it   V0 .cos .t    .i0 .cos .t     

V0 .i0 V .i
 .cos      0 0 .cos  2..t      Equação 4
2 2

No caso de outros equipamentos que possuem motores, indutores, capacitores


ou outros elementos similares, uma outra potência entra em cena, chamada de
potência reativa (Q), medida em Volt-Ampere reativo (VAr).

A soma vetorial da potência real (P), ou potência ativa, com a potência reativa
nos fornece um valor de potência aparente (N), ou potência total, que representa o
valor de potência que é drenado pela rede elétrica para alimentar o sistema. Pode-
mos indicar essa soma vetorial conforme a Figura 13, em um triângulo retângulo
onde a potência aparente representa a hipotenusa, as potências ativa e reativa
representam os catetos e o ângulo φ=θ−δ.

Pot
ênc
ia a
Potência reativa (Q)

par
ent
e (N
)

Potência ativa (P)

Figura 13 – Relação entre potências

Podemos relacionar as potências ativa, reativa e aparente de acordo com as


seguintes equações:

P2  Q2  N 2 Equação 5
P  N .cos  Equação 6
Q  N .sin  Equação 7

O fator de potência (FP) é um valor definido pela razão entre a potência real (P) e
a potência aparente (N). O fator de potência indica a eficiência de determinado equi-
pamento, mostrando quanto da potência fornecida pela rede elétrica é convertida em
trabalho efetivamente. Quanto maior o valor de FP, maior será a eficiência energética
do sistema ou equipamento. Podemos calcular o FP da seguinte maneira:

P
FP = Equação 8
N

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UNIDADE Corrente Contínua e Alternada

onde FP é o fator de potência, P é a potência ativa medida em Watt (aquela que efe-
tivamente produz trabalho) e N é a potência aparente medida em Volt-Ampere (VA).

Suponha que tenhamos uma carga monofásica que absorva 50 kW e 15 kVAr,


podemos calcular a potência aparente absorvida de acordo com a Equação 5 da
seguinte maneira:

N  P 2  Q 2  502  152  52, 2kVA

Também podemos encontrar o fator de potência dessa carga, utilizando a Equação 8:

P 50
FP    0, 96indutivo
N 52, 2

A potência ativa, para casos onde não temos apenas cargas resistivas no circuito
e estamos trabalhando com circuitos elétricos de corrente alternada monofásicos,
pode ser calculada da seguinte maneira:

P = N .FP Equação 9

Se estivermos tratando de um equipamento ligado à rede trifásica, deve haver


P3 fde 3.N
ainda um fator de correção na.cos   3.ficando
equação, N .FP assim:

P3 f  3.N .cos   3.N .FP Equação 10

Q3 f  3.N .sin  Equação 11

N 3 f  3.N  P32f  Q32f Equação 12

Suponha um motor ligado à rede elétrica trifásica. A tensão da rede é de 220 V,


a corrente exigida por esse motor é de 10 A por fase e ele possui um fator de po-
tência de 95%. Para calcularmos a potência fornecida pela rede, podemos utilizar
a Equação 10:

P  3.N .FP  1, 73.V .i.FP  1, 73.220.10.0, 95  3615, 7W

É importante conhecer o fator de potência dos equipamentos ligados à rede


elétrica, pois ele indica o quão eficiente é o equipamento, ou o quanto aquele equi-
pamento realmente entrega de trabalho a partir da energia que ele consome.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), através do Artigo n.° 95 da


Resolução ANEEL n.° 414 de 09 de setembro de 2010, estabelece que o fator de
potência deve ser superior a 0,92 nas unidades consumidoras, podendo acarretar
em multa o descumprimento dessa norma.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Fundamentos de Física
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física.
v. 3. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
Instalações Elétricas
CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

Leitura
Circuito elétrico
https://bit.ly/2Hl8fl5
Eletricidade
https://bit.ly/2XV8r2L

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Referências
CIRCUITO ELÉTRICO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wiki-
media Foundation, 2018. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.
php?title=Circuito_el%C3%A9trico&oldid=53797201>. Acesso em: 10 dez. 2018.

COTRIM, A. A. M. B. Instalações Elétricas. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2009.

CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

ELETRICIDADE. In: Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.


com.br/eletricidade/>. Acesso em: 10 dez. 2018.

HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física.


v. 3. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

LARA, L. A. M. Instalações elétricas. Ouro Preto: IFMG, 2012.

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