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Eu ja vi ateístas usarem Descartes para

negar a realidade, eu ja vi gente usar Hume para


tentar bater em Kant falando que a derivação
deontológica do imperativo categórico dele cai na
guilhotina Humeana.
O problema é que essas pessoas não
entendem nem Hume e nem Kant, ou se acham
que entendem, leram eles em algum artigo
qualquer ou blog de ciência sobre epistemologia e
ignorou completamente a gnosiologia ou
metafísica de ambos.

* 1 Primeiro ponto, o que é uma derivação do ser?


É dizer que se algo é assim, portanto deve ser
assim. O exemplo mais fácil que posso falar é o
próprio senso comum: " Se você não quer que te
machuquem, portanto voce não deve machucar
os outros".
Kant diz isso, ele cria a ética normativa da
deontologia a partir do que o homem busca para
si.
Muitos aqui já podem ter feito uma objeção ao
que eu disse : " mas falar que não pode machucar
pois não quer ser machucado, não torna o
parametro relativo ao próprio ser? E se alguém
quiser ser machucado? Então ele pode
machucar?"
^Poderia ocorrer, e a investigação em Kant
prosseguiu pois agora , faltaria somente
conseguir demonstrar que ninguém quer ser
machucado.
*2 Segundo ponto: Imperativo categórico.
Kant acredita que a pessoa só consegue
racionalizar o que é ruim através do que ela julgar
para si ser ruim ou não. Você só racionaliza que
bater ou dar carinho é ruim ou bom pois você
gosta de receber carinho e não gosta de apanhar.
E portanto você age imperativamente para o seu
próprio bem, você nunca vai querer apanhar, mas
se isso é um processo da Razão humana e a Razão
humana para Kant tem alguns conceitos
transcendentalistas, ou seja, não é integralmente
dependente da experiência sensível, mas é
apriori, significa que todos os homens passam
pelo mesmo processo noético, e
consequentemente todos os homens agem
imperativamente da mesma forma.
Só que o homem racionaliza primeiramente para
si, apesar do homem observar que bater é ruim
pois ele apanhou uma vez e não gostou, ele não
necessariamente está exteriorizando isso ao outro
e então ele bate.
*3 Talvez o homem só bata para evitar que
apanhe, portanto Apesar dele já ter entendido
que bater é errado ele vai bater por auto-
preservação, ele só bate pois ele Acha que o outro
irá bater, se ele tivesse a certeza que o outro não
bateria, ele também não o faria. Portanto ele
gostaria que Não bater fosse uma lei universal.
*4 se Todo homem individualmente quer
que não bater seja lei universal, ele deve agir
normativamente de forma que faça primeiro para
Si, portanto nenhum homem deve bater.
* 5 Ad absurdum: Para Kant, e dedução da
moral deve derivar de suas máximas e não de
suas consequências, ainda que alguém me ferir e
portanto eu o feriria antes para me proteger, eu
estaria observando um cenário em que ferir ele
foi bom para mim, mas essa consequência é um
fenômeno. Para saber se ferir é bom ou não devo
o levar para sua máxima e hipostasiar um cenário
onde Todos ferem a todos, e somente nesse
cenário eu vejo que ferir é ruim , logo, mais uma
vez, não se deve ferir.
O ponto importante é que: Como garantir
que todo ser humano está passando pelo mesmo
processo noético?
Kant era Deísta, acreditava em Deus e acreditava
que Deus dotava o homem da capacidade da
razão, e se é Deus apriori ao mundo sensível e
infalível ( é evidente que não se pode ignorar a
distinção de juizo de fato e juizo de falor, sobre
ser em si mesmo e fenômeno, a razão tem sua
limitação e não pode conhecer o transcendente, o
termo " infalível" que usei ai por outra questão
que será explicada., logo o dom da razão era
infalível. Então isso só funciona para Kant pois
tem metafísica por trás do próprio
jusracionalismo.
Isso está sim derivando o dever ser do ser, Apesar
de isto não estar derivando somente da
experiencia sensível, existe um juízo sintético,
que não se pode provar, mas que participa apriori
da experiencia sensível. É uma abordagem
metafísica que deriva algo da própria física (
mundo sensível).
Hume só dizia que não se pode derivar
"dever " do "ser" pois era empiricista e não
acreditava na abstração, ele acha que não pode
derivar dever do ser pois ele não acredita em
nada apriori ao ser. Kant está saindo
completamente pela tangente, saindo da crítica
de Hume, isso não torna a ferramenta de hume
errada, isso apenas diz que vai depender da
prerrogativa:
Você só conseguirá derivar dever do ser se: Ter
algum conceito transcendental, apriori e sintético
ao próprio ser.
Torna-se ridículo O uso de ética derivativa
somente quando o cara não compreende
transcendentais em sua forma de derivação.
Quando um Ateu cientificista tenta fazer esse
tipo de derivação, ai sim ele cai certinho na
guilhotina do Hume. AI tem gente ateísta usando
Jusracionalização, deontologia e derivando dever
do ser ...e achando que é kantiano...sem saber
que mesmo para kant isso só era possível
acreditando em Deus.
Apesar do Kant bater em descartes, ele só é capaz
de deduzir isso usando Descartes, ele pega
Descartes e o retifica.
Por isso o idealismo transcendental de Kant é
ensinado, de forma pedagógica, com ose fosse a
junção do racionalismo e do empirismo pois.
Descartes era Racionalista e viciado em
hipostasia. E só fazia isso pois considerava que a
mente era diferente do Corpo pois era Cristão,
acreditava que a capacidade da razão humana
vinha do espírito, se o espírito não é da mesma
substância do corpo sensível, e se o processo
gnosiológico é feito pelo Espírito, logo o processo
epistemológico tinha que ser Dedutivo, racional.
Depois vem Hume, querendo Bater em Descartes,
Eu não sei dizer a vocês se Hume era Ateu, mas,
Hume estará talvez trazendo Ockhan de volta ao
debate, e então usa a navalha de Ockhan para
Excluir de seu processo gnosiológico e
epistemológico e ético qualquer coisa apriori ao
processo sensível pois , tal qual o nominalismo de
ockhan, as Abstrações eram flatus vocis e não
tinham caráter probatório, portanto era preferível
não confiar em nenhum método que dependesse
de algo que separa mente de corpo , para ele o
processo era integralmente empírico, portanto
ele cria a guilhotina, pois ela é Derivada da
própria navalha de Ockhan.
Derivar dever do ser para ele implica em tudo.
Por exemplo, na epistemologia ele dirá que você
não pode hipostasiar, não pode fazer uma
dedução imaginando um cenário que não se
experimenta de forma sensível. Ele diria para um
anarquista o seguinte : " Não se dizer que
anarquia seria melhor que com o Estado pois,
você nunca viu a anarquia, nunca a experimentou
e portanto não tem como concluir nada
epistemologicamente sobre ela, Experimentar o
estado, ver que o estado é ruim, não torna
possível dizer que sem o estado seria Melhor pois
é uma hipostasia, isso é derivar dever ser do ser.
Imagina, tem dois picolés, um de uva e um de
morango. Você experimenta o de Uva, acha ruim,
e então diz " o de uva é ruim, então o de morando
deve ser melhor". Você não experimentou o de
morango, você não pode concluir NADA sobre o
de morando por ter experimentado o de uva.
Se voltarmos lá atras, no *5, o ad absurdum é
uma hipostasia, é preciso partir do pressuposto
que o homem poderia realmente imaginar um
cenário em que todo mundo se fere, mas Hume
dirá que o homem não tem como Imaginar um
cenário que ele nunca viu, que ele erraria,
imaginaria coisas que não são elas em si. Aqui,
terá um discernimento entre Imperativo
hipotético e imperativo categórico. Hume dirá
que você só consegue, é claro que a razão pode
mostrar-nos que meios usar dados os fins que
temos. Se quero ter saúde, a razão pode dizer-me
que devo parar de fumar. Neste caso, a razão
fornece um imperativo que na sua forma é
hipotético: Diz que devo parar de fumar se quiser
proteger a minha saúde. Hume pensava que a
razão não pode fazer mais do que isto.
Então Hume iria dizer que a ética que se deriva
do que se deve ser feito pelo ser não é possível
pois ele não acredita na hipostasia pois hipóteses
são abstratas e abstrações são flatus vocis.
Todavia, Kant defendeu que as regras morais são
categóricas na sua forma, e não hipotéticas. Um
acto que é errado, é errado — ponto final. As
regras morais dizem “Não faças x.” Não dizem
“Não faças x se o teu fim é G”. Kant tentou
mostrar que as regras morais — os imperativos
categóricos — derivam da razão tão seguramente
como os hipotéticos.
O que Kant faz, é sincretizar Hume a Descartes
pela percepção que A crítica de Hume apesar de
ser boa, só existe graças ao nominalismo que não
acredita no abstrato, mas se Kant acredita em
algo sintético apriori, logo não cai na guilhotina.

Você pode derivar dever do ser SE compreender


que a razão humana é uma abstrata Universal e
apriori que independe da experiencia sensível. <
E isso só se faz com metafísica.
Pois: Se não há nada além da experiencia sensível
e apriori a ela, logo o processo noético
gnosiológico só depende da experiência , mas >
Se se cada pessoa tem uma experiência diferente
logo não se pode dizer que o processo
gnosiológico delas são iguais > Se pessoas de
diversas culturas em lugares diferentes
experimentam algo diferente e por tanto tem
uma Razão diferente, Logo não se pode usar a
Razão humana ( que se tornou relativa pois cada
pessoa é relativa) para Derivar uma ética
universal, imperativa e categórica.
Eu falei de Hume outro dia e ninguém sabia dizer
que a guilhotina dele era para fazer juízo ético ou
para epistemologia, falaram : " mas hur dur a
guilhotina de Hume é só pra ética, tem nada a ver
com epistemologia" COMO NADA A VER? TEM
TUDO A VER.
PAREM de ficar debatendo filosofo x e y sem
saber TODAS as concepções dele, você não pode
debater filosofo X pela perspectiva epistemologia
dele SEM saber a perspectiva gnosiológica dele e
por ai vai.
Falar que Kant cai em Hume pois a ética de
Kant é derivativa é IGNORAR que a guilhotina de
Hume só existe por uma questão de conceito
nominalista , mas Kant é transcendentalista, logo
não cai.
Conclusão, Quando Olavo e outros filósofos
conservadores falam que Descartes, Kant, etc
criaram uma degeneração, pois os ateus adoram
usar estres 3, é somente porque esses Ateus usam
eles dentro da epistemologia sem entender que a
epistemologia deles deriva da gnosiologia deles e
que a gnosiologia deles depende de sua
metafísica. Portanto usar Descartes ou Kant sem
ser metafísico é burrice. O que eles dizem só faz
sentido dentro da concepção metafísica deles.
Não é culpa nem de Descartes nem de Kant
porra, é culpa de gente prepotente, arrogante e
ignorante que distorce eles e ignora que eram
todos cristãos. Ver gente citar Descartes para
negar a realidade me dá dor no coração. Ver
gente ateísta fazendo derivação dever ser de ser
da forma que Kant fazia sem adotar a metafísica
dele me dói mais ainda.

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