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EEETEPA Prof.

Anísio Teixeira
Filosofia Política
Prof. Esp. Luís Santana Júnior
4º semestre letivo

1. As ideias de Maquiavel
2. MAQUIAVEL
3. MAQUIAVEL Livros : O PRÍNCIPE e COMENTÁRIOS SOBRE A 1ª DÉCADA
DE TITO LÍVIO As obras de Maquiavel foram comentadas por Hobbes,
Rousseau, Hegel, Napoleão e Gramsci, entre outros autores notáveis. O
Príncipe foi inserido na lista de livros proibidos (obras literárias pecaminosas)
pela Igreja Católica, o Index Librorium Prohibitorium.
4. MAQUIAVEL
• Sua forma de pensar fugiu do tradicional moralismo piedoso. Teve um
pensamento original, em oposição à cultura dominante (ideais cristãos e aos
ideais da Antiguidade Clássica). Suas ideias causaram enorme polêmica, muito
maior que o pensador poderia imaginar, pois à 1ª vista pareciam defender o
absolutismo e o imoralismo.
5. MAQUIAVEL Maquiavelismo, maquiavélico, Maquiavel, “the old Nick”. Termos
e expressões associados ao pensador florentino Nicolau Maquiavel.
Maquiavélico: pessoa sem escrúpulos, traiçoeira, astuciosa, que, para atingir
seus fins, usa da mentira e má-fé (“os fins justificam os meios”).
6. Premissas:
a) Os homens são amplamente suscetíveis a vícios e paixões, tais como a
covardia, a cobiça, a luxúria, a ingratidão, a inveja, etc. Natureza humana:
maligna.
b) Por causa das paixões e vícios, as agremiações humanas não seguem uma
ordem natural. Ao contrário, se deixados ao acaso, os homens tendem à
anarquia e à barbárie.
c) Em toda sociedade há aqueles que querem oprimir (governantes) e aqueles
que não querem ser oprimidos (povo). Daí surge a instabilidade das agremiações
humanas.
d) Não há nada pior para os homens que a anarquia e a barbárie.
7 TESES
Donde se conclui que:
a) O primeiro dever de todo Estado é instituir a ordem, domesticando as paixões
humanas pelo maior lapso temporal possível.
b) Estado bom é Estado estável. Os meios pelos quais o soberano obtém a
estabilidade contam muito pouco. Em outras palavras, não há limites éticos ou
morais na busca da conquista e manutenção dos Estados.
c) A política segue uma lógica própria. O soberano não pode se prender às
virtudes cristãs se quer manter a estabilidade de seu principado. d) É melhor ao
soberano ser temido que amado. Os homens traem menos os seus medos que
o seu amor.
9. REALISMO POLÍTICO.
A busca pela “verdade efetiva das coisas”, isto é, do mundo que efetivamente
existe, não do mundo que gostaríamos que existisse (ser X dever-ser).
Abordagem desvinculada das abstrações filosóficas, etéreas e especulativas. A
separação clara entre o reino do ser e o reino do dever ser inaugura uma nova
fase na filosofia e antecipa o surgimento da Ciência Política. Estudo de fatos
históricos para extrair as causas e os meios utilizados para enfrentar o caos
resultante da expressão da natureza humana. Se os homens são os mesmos,
deverão reagir da mesma maneira uma vez mantidas as mesmas condições.
Método
10. As novas Ética e Moral Política Virtude = força, valor, lutador e guerreiro. Os
Príncipes de grande virtú são capazes de grandes obras e provocar mudanças
na história. Não é a virtude da moral cristã de bom e justo, mas sim a agir com
força e energia para conquistar e manter o poder. No sentido empregado pelo
filósofo significa sorte, ocasião, acaso, e não no sentido comum de riqueza. Ou
seja, o príncipe, para agir bem, não deve deixar escapar a ocasião oportuna. De
nada adianta ser virtuoso se não for ousado e agir na ocasião certa.
VIRTÚ e FORTUNA
11. A Teoria Política Modificou a abordagem tradicional da política elaborada
pelos gregos e pelos medievais. Maquiavel é considerado fundador da Ciência
Política (desvinculada da ética e da religião) Política realista Políticas normativas
que prescreviam as normas de um bom regime e as virtudes de um bom governo.
12. A Teoria Política É considerada realista – baseada em como o homem age
de fato, na realidade. Os governantes e os homens sempre agiram pela violência
e corrupção, pois a natureza humana é capaz do mal e do erro. Assim,
Maquiavel, analisa a ação política real. Dessa forma, elabora uma Teoria Política
UTILITARISTA voltada para ser eficaz e imediata. A Ciência Política só tem
sentido se propiciar o melhor exercício da arte política, portanto, voltada para a
realidade e desvinculada da ÉTICA PESSOAL E DA RELIGIÃO, mas em uma :
NOVA ÉTICA E UMA NOVA MORAL A ÉTICA E A MORAL POLÍTICA.
13. As novas ÉTICA e MORAL POLÍTICA. A ÉTICA E A MORAL PRIVADA.
DIFERE ANALISA AS AÇÕES EM FUNÇÃO DE UMA HIERARQUIA DE
VALORES. ANALISA AS AÇÕES EM FUNÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS, DOS
RESULTADOS DA AÇÃO POLÍTICA. Distanciam-se das Políticas normativas
gregas e medievais que prescreviam as normas de um bom regime e as virtudes
de um bom governo.
14. As novas ÉTICA e MORAL POLÍTICA.
AMORALISMO ? NÃO ! A NOVA MORAL IRÁ OCUPAR-SE COM O QUE É ÚTIL
À COMUNIDADE: A MORAL POLÍTICA, POIS A MORAL PRIVADA (ou
simplesmente MORAL, com NORMAS GERAIS E ABSTRATAS) PODERÁ
LEVAR À RUÍNA DO GOVERNANTE E DE SUA AÇÃO POLÍTICA. DAÍ APOIAR
O EMPREGO DA FORÇA COERCITIVA DO ESTADO, A GUERRA, A
ESPIONAGEM, A VIOLÊNCIA.
15. A palavra virtude sugere a obediência ao bom, ao belo, ao justo. Sugere a
permanente obediência aos valores cristãos, uma bondade angelical alcançada
pela libertação das tentações terrenas. Virtude, assim compreendida, tem pouco
ou nada a ver com a virtú de Maquiavel. Ademais, pode significar a ruína do
príncipe. Virtú é o conjunto de qualidades demandadas de um soberano. Virtú é
a capacidade de o soberano agir, ora como homem, ora como animal, no intento
de manter-se no controle do Estado. O soberano tem de saber ser homem, leão
(para afugentar os lobos) e raposa (para conhecer os lobos). Poder, honra e
glória, considerados tentações pela doutrina cristã, são objetivos perseguidos
pelo soberano. Há que se observar, contudo, que o soberano tem de aparentar
guiar-se pela virtude, a fim de não causar escândalo em seu povo. Virtude x Virtú
16. Fortuna, para Maquiavel está associada ao Destino, às contingências, ao
imponderável, ao acaso. O pensador admite o império das fatalidades sobre os
homens. Contudo, defende que o homem previdente, isto é, o homem de virtú,
pode se antecipar aos golpes da sorte, para dificultar que tragédias lhe ocorram.
Exemplo do rio que inunda a planície. Em outras palavras, o livre-arbítrio humano
pode arrefecer a força do destino. Virtude x Fortuna
17. Democracia e conflito ORDEM Não é a ordem hierárquica, que cria a
harmonia forçada, mas a que resulta do conflito. ORDEM 2º Maquiavel É a que
resulta do conflito, porque as sociedades têm conflitos e antagonismos
(realidade). O conflito é um fenômeno inerente à atividade política, e esta
atividade se realiza pela busca da conciliação do confronto, num processo que
nunca cessa.
FORÇAS EM LUTA LIBERDADE A RELAÇÃO ENTRE FORÇAS
ANTAGÔNICAS É SEMPRE DE EQUILÍBRIO TENSO.
18. Maquiavel e a República Livro: Comentários sobre a primeira década de Tito
Lívio. -Nesta obra Maquiavel expõe suas ideias democráticas e republicanas. -
Reconhece os riscos da corrupção, que faz prevalecer os interesses particulares
sobre os coletivos. RECONHECE NA LEI O INSTRUMENTO EFICAZ PARA
FAZER RESPEITAR O BEM COMUM.
19. Maquiavel não admite um fundamento anterior e exterior à política (Deus,
natureza, razão). “Toda cidade está dividida em dois desejos opostos: o desejo
dos grandes de oprimir e comandar e o do povo de não ser oprimido nem
comandado.” 19 Filosofia Política Maquiavel
20. • A cidade é tecida por lutas internas que a obrigam a instruir um pólo superior
que possa unificá-la e dar-lhe identidade. • Esse pólo é o PODER POLÍTICO. 20
21. • A finalidade da política não é, como dizia os pensadores gregos, romanos
e cristãos, a justiça e o bem comum, mas como sempre souberam os políticos,
isto, é, A TOMADA E MANUTENÇÃO DO PODER.
22. • O príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder e que, por isso,
jamais se alia aos grandes, pois estes são rivais e querem o poder para si, mas
deve aliar-se ao povo, que espera do governante a imposição de limites ao
desejo de opressão e mando dos grandes.
23. • A política não é a lógica racional da justiça e da ética, mas a LÓGICA DA
FORÇA TRANSFORMADORA DO PODER E DA LEI.
24. • Maquiavel recusa a figura do Bom Governo. O príncipe precisa ter virtú,
mas é propriamente política, referindo-se às qualidades dos dirigentes para
tomar e manter o poder, mesmo que para isso, tenha que usar a violência. 24
Não ao príncipe virtuoso com as morais cristãs
25 “Creio que isto [a usurpação de um principado] seja consequência de serem
as crueldades mal ou bem praticadas. Bem usadas se podem chamar aquelas
(se é que se pode dizer bem do mal) que são feitas, de uma só vez, pela
necessidade de prover alguém à própria segurança, e depois são postas à
margem, transformando-se o mais possível em vantagem para os súditos. Mal
usadas são as que, ainda que a princípio sejam poucas, em vez de extinguirem-
se [as crueldades], crescem com o tempo... “ MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe.
Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 38. Coleção .Os
Pensadores..
26. • A tradição afirmava que o governante devia ser amado e respeitado pelos
governados. Maquiavel afirma que o príncipe não pode ser odiado. Isso significa,
que o príncipe deve ser respeitado e temido – o que só é possível se não for
odiado.
27. • O poder do príncipe deve ser superior ao dos grandes e estar a serviço do
povo. O príncipe pode ser monarca hereditário ou por conquista; pode ser todo
um povo que conquista, pela força, o poder e o exerce democraticamente. 27
28. • qualquer um desses regimes políticos será legítimo se for uma REPÚBLICA
e não um despotismo ou tirania. Isto é, só é legítimo o regime no qual o poder
não está a serviço dos desejos e interesses de um particular. 28
29. • A virtú é a capacidade do príncipe para ser sempre FLEXÍVEL às
circunstâncias, mudando com elas para agarrar e dominar a fortuna. Um príncipe
que age sempre da mesma maneira fracassará e não terá virtú alguma. 29
30. • Para ser senhor da sorte ou das circunstâncias deve mudar com elas, e
com elas, ser volúvel e inconstante, pois somente assim saberá agarrá-las e
vencê-las. 30
31. • Em certas circunstâncias, deverá ser cruel, em outras generoso; em certas
ocasiões deverá mentir, em outras ser honrado; em certos momentos, deverá
ceder à vontade dos outros, em algumas, ser inflexíveis. 31 O ethos ou caráter
do príncipe deve variar.
32. • A fortuna é sempre favorável a quem souber agarrá-la. Oferece-se como
um presente a todo aquele que tiver ousadia para dobrá-la e vencê-la. Essa
ousadia para mudar de atitude e de comportamento é a verdadeira prudência
principesca, senhora da fortuna.
33. O Governante precisa saber... ...agir como uma fera, diz Maquiavel em O
Príncipe, e deve imitar as qualidades da raposa, assim com as do leão.
34. O governante deve ter a ferocidade do leão para amedrontar quem buscar
destituí-lo.
35. O governante deve ter a astúcia da raposa para reconhecer ciladas e
armadilhas.
36. A crueldade tem sido uma característica de líderes ao longo da história. No
século XX, os ditadores Josef Stalin e Adolf Hitler inspiraram o terror e a
admiração para manterem-se no poder respectivamente na ex-União Soviética
e na Alemanha.
37. O Príncipe não conservou sua juventude – muitas obras mereceriam esse
elogia banal -, O Príncipe conservou seu poder de fascínio. Sei disso, mas não
estou certo de saber por quê. Ocorreu-me uma primeira resposta. O Príncipe é
um livro cuja aparente clareza deslumbra e cujo mistério os eruditos e os simples
leitores tentam em vão esclarecer. o que queria dizer Maquiavel? A quem queria
dar aulas, aos reis ou aos povos? De que lado ele se colocava? Do lado dos
tiranos ou dos republicanos? Ou de nenhum dos dois? Raimond Aron.
Contracapa da edição de O Princípe da ed. WMF Martins Fontes, 2011.
38. Questões centrais d’O Príncipe
• Quais as formas de conquista e de manutenção do poder.
• Quais os meios materiais e quais as condições de possibilidade da ação
política.
• Quais as qualidades necessárias a um governante.
• Considerações sobre a natureza humana. Pano de fundo da obra: a
preocupação com a conquista e a fundação de um novo Estado, (Itália livre e
unificada).
39. ALGUMAS FRASES DE MAQUIAVEL
• "Os homens ofendem mais aos que amam do que aos que temem.”.
• "Nada faz o homem morrer tão contente quanto o recordar-se de que nunca
ofendeu ninguém, mas, antes, ajudou a todos.”.
• "Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por
ambição.”. • "Na política, os aliados atuais são os inimigos de amanhã.”
• - "O homem esquece-se de forma mais fácil à morte do pai do que a perda do
patrimônio".

Aula-Atividade

Objetivo da realização da atividade: Permitir que o aluno reflita de forma


sistemática sobre aspectos essenciais do conceito de política moderna. A
atividade será realizada por meio da leitura de algumas teses do contexto
teórico-histórico em que é produzido o pensamento de Maquiavel. Além disso,
espera-se que a atividade auxilie na fixação de temas que serão trabalhados ao
longo da semana.

Tema: O mundo da política é feito de homens concretos


Leia com atenção as sentenças abaixo e o texto que segue. Elabore em seguida,
em duplas ou trios, as reflexões solicitadas na atividade:
I - Em Maquiavel o mundo da política é o mundo dos homens concretos que
buscam realizar interesses conflitantes, diferente do mundo antigo e medieval
em que se pensava a política como um domínio do bem comum e da justiça. O
conflito é inerente à política e ao humano e, sua solução, consequentemente,
também o deve ser. O uso da força e da violência política é uma qualidade se
aplicado com sabedoria.
II – No mundo antigo a politica se subordinava à realização da justiça ou aos
desígnios de Deus, como fica explícito na leitura de Platão ou Tomás de Aquino.
No mundo moderno a política passa a ser concebida como um campo autônomo
que funciona segundo suas próprias regras, independentes das regras éticas e
religiosas.
1° período Módulo: Ética e Política Tema: Política e modernidade: dissociação
entre ética e política no pensamento de Maquiavel
III – A política passa a ser o ato de tomada de poder e os meios para sua
manutenção.
IV – A obra de Maquiavel se caracteriza pela recusa de pensar o mundo da
política como mundo ideal, sua perspectiva é a de quem procura a verdade
efetiva das coisas.
V – Leia o trecho abaixo extraído da obra O príncipe de Maquiavel:

Na verdade, aquele que num mundo cheio de perversos, pretende seguir em


tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição.
Daí se infere que um príncipe desejoso de conservar-se no poder tem de
aprender os meios de não ser bom e a fazer uso ou não deles, conforme as
necessidade (MAQUIAVEL, 2001, p.37).
Redija um texto dissertativo considerando os seguintes elementos e orientações
(você deve usar as indicações livremente ao longo do texto, considerando todas
elas, sem necessariamente seguir a ordem que estão apresentadas):
a) Explore e explicite cada sentença apresentada, bem como o trecho do texto
de Maquiavel durante sua argumentação;
b) Discuta a partir das sentenças o título dado a essa atividade: O mundo da
política é feito de homens concretos;
c) Nesse contexto teórico, como você interpreta a frase: O uso da força e da
violência política é uma qualidade se aplicado com sabedoria. Procure
fundamentação para sua intepretação no trecho de O Príncipe apresentado
acima (sentença V).
Nossa proposta é que no final desta atividade você tenha produzido um texto
dissertativo acerca da concepção de política moderna, usando para tanto as
teses, orientações e questões propostas. A atividade foi pensada para ser
realizada em duplas ou trios. Não serão aceitas outras formações. Envie a
atividade por arquivo.doc no campo “maquiavel” hoje, 26/05/2009.

Divirtam-se!
Bom trabalho!
Qualquer problema estamos no chat à disposição.

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