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ECONOMIA POLÍTICA

CONTEÚDO

Introdução

Economia: é ciência que distribui os recursos escassos as necessidades ilimitadas.

Política: é a ciência que estuda o surgimento do Estado.

Economia Política: é a ciência que estuda as relações do Estado com a Economia.

Evolução: Economia política é a ciência que estuda as relações sociais de produção,


circulação e distribuição de bens materiais que visam atender as necessidades humanas,
identificando as leis que regem tais relações. O termo foi originalmente introduzido por
Antoine de Montchrestien em 1615 em seu livro "Tratado de Economia Política", com o
objetivo de transpor para a atividade estatal as ideias e os princípios da Economia. Nesse
livro o autor aborda temas como Monopólio, proteção para a indústria, trabalho, etc. O
nome passou a ser utilizado para o estudo das relações de produção, especialmente entre
as três classes principais da sociedade capitalista ou burguesa: capitalistas, proletários e
latifundiários. Em contraposição com as teorias do mercantilismo, e, posteriormente, da
fisiocracia, nas quais o comércio e a terra, respectivamente, eram vistos como a origem
de toda a riqueza, a economia política propôs (primeiro com Adam Smith) a teoria do
valor-trabalho, segundo a qual o trabalho é a fonte real do valor. No final do século XIX,
o termo economia política foi paulatinamente trocado pelo economia, usado por aqueles
que buscavam abandonar a visão classista da sociedade, repensando-a pelo enfoque
matemático, axiomático e valorizador dos estudos econômicos atuais e que concebiam o
valor originado na utilidade que o bem gerava no indivíduo.

As raízes da economia política


Existem elementos nos escritos dos precursores da economia política que nos
permitem considerar a economia política tanto como um desdobramento da filosofia do
direito natural, como uma resposta específica às questões suscitadas pelos crescimentos
questões suscitadas pelo crescimento agrícola e manufatureiro anterior à Revolução
- Industrial, bem como o elemento político contido na ideologia liberal.
- Racionalismo e Iluminismo
- Racionalismo e Iluminismo
- Controvérsias sobre temas econômicos correntes,
- Liberalismo

Racionalismo e Iluminismo se constituem nas raízes filosóficas da economia política.


Jusnaturalismo: Existência de uma “natureza humana”, a qual condiciona e determina a
ação dos homens e que pode ser conhecida pela Razão. Daqui se segue que o
comportamento humano é tido como certo e regular, sendo passível, portanto, de
conhecimento por parte da razão. A economia política também herda o debate sobre os
fundamentos da vida em sociedade.
O racionalismo Jusnaturalista funda o Estado e a legitimidade do poder na
contraposição entre a sociedade civil e o estado da natureza.

O Estado
Primeiros estudos: Sócrates, Aristóteles e Platão
Idade Média: Agostinho e Tomaz de Aquino

Pensamento Moderno do Estado

Maquiavel
- Nasceu em Florença em 03/05/1469 e morreu em 21/06/1527, aos 58 anos,
- Viveu no período áureo do Renascimento,
- Conseguiu seu primeiro emprego público em 1498 onde ficou por 14 anos,
- Em 1512 os Médicis assumiram o governo de Florença,
- Dissolvem a República e demitem Maquiavel mantendo-o exilado dentro do próprio
território italiano.
- Em 1513 começa a escrever O Príncipe,
- Ficou afastado das funções públicas até 1520,
- Recebeu a incumbência pública de escrever a história de Florença.
- Em 1527 os Médicis foram depostos, a República restituída e os novos republicanos o
acusaram de ser aliado da família deposta.

Sua Obra
- “O Príncipe” dá origem à modernidade política.
- Tem uma preocupação de criar um governo eficaz que unisse a Itália.
- Defendeu um príncipe dirigente sem preocupações morais ou éticas,
- Defende um dirigente que não olha a sensibilidades para atingir os seus fins.
- A política, era assim a arte de governar,
- Ou seja, a técnica que permite ao dirigente ou governante alcançar os fins
- Iindependentemente dos meios,
- Não visa a realização geral mas sim pessoal.
- Criou o método comparativo-histórico fazendo comparações entre dirigentes da sua
época e de épocas anteriores através de exemplos.
- Introduziu e reforçou a importância do Estado e da Instituição Estatal.

1 - Como se apresentava o quadro político da Europa na época de Maquiavel?


- Em Portugal, Espanha, França e Inglaterra a tendência era a centralização do poder
político que coincidia com a própria formação da Nação.
- Isso não ocorreu na Itália e na Alemanha,
- Onde a tendência à centralização do poder foi local.
- Tal centralização se deu por motivos econômicos e sócio-políticos.
- O feudalismo deu lugar ao mercantilismo que influenciou as relações sociais,
- Gerou novos grupos capazes de disputar o poder político,
- A posse da terra não era mais o único medidor de riquezas.
- Os comerciantes aumentaram sua esfera de influência
- Surge a necessidade de unificar os meios de troca,
- Isto é, as moedas, os pesos e medidas para fortalecer o poder real.
- Na política, os poderes do Sacro Império e do papa começam a enfraquecer.

- PAPEL DO ESTADO
- Estabelecer a ordem e garantir um convívio harmonioso entre os homens,
- Trabalhar sobre duas bases instáveis: a natureza humana e a existência de dois grupos
na sociedade
- Os que querem dominar e os que não querem ser dominados.
- Para Maquiavel o problema político e o papel do Estado é:
- Encontrar formas para tornar as bases instáveis em bases estáveis.
- Dois foram os mecanismos apresentados pela história: o Principado (ou monarquia) e a
República.
- Formas de governo que são necessárias de acordo com as contingências e não com as
ideas abstratas.

- AS FORMAS DE GOVERNO
- De Platão e Aristóteles se vê modelos composto por três formas de governos - Mas
Maquiavel diz: “Todos os ESTADOS que existem e já existiram são e foram sempre
repúblicas ou principados (monarquia)”.
- Com essa afirmação Maquiavel rompe com a visão clássica da tripartição,
- Governo de um, de poucos e de muitos, que deu origem a teoria aristotélica
- Introduz o termo ESTADO (ao que os gregos chamavam de Polis e os romanos de Res
Publica).

Preocupação de Maquiavel que permeia todas as suas obras e por que ele escreve
“O Príncipe”
- Se o Estado estiver desordenado, desagregado e deteriorado (como era o caso da Itália
de seu tempo),
- Só um “príncipe” virtuoso poderia restaurar um governo forte e ordenado.
- Quando o Estado tiver alcançado a estabilidade, o povo - este agora virtuoso- estaria
preparado para viver na República.
- Assim, a formação de um Estado italiano é o que mais preocupava Maquiavel. - Foi para
mostrar “quem” deveria conseguir esse objetivo.

Qual deve ser o objetivo desse Príncipe?


CONQUISTA E MANUTENÇÃO DO PODER
- Para manter o poder é necessário a sabedoria
- Ser bom quando necessário e mau quando a situação exige,
- O segredo do sucesso na política é a manutenção do poder,
- Isto é, a estabilidade e a legitimação do poder.
- E é esse o conceito que ele utiliza para distinguir entre as formas de governo boas e más.

RUPTURA ENTRE AS DUAS MORAIS


- Disso se chega a conclusão que um príncipe sábio é aquele que se guia pelas
necessidades e não pelos preceitos cristãos,
- Deve aparentar a bondade cristã, porém, ao mesmo tempo, demonstrar sua força cruel
quando as circunstâncias assim pedirem.
- Simboliza este homem como a fusão do leão (força) e a raposa (astúcia).
- Em suma, a política tem uma ética e uma lógica próprias
- Que envolvem o Estado e que não são as mesmas que envolvem a Igreja.

CRITÉRIO DE DISTINÇÃO
- Como distinguir dessa maneira a boa política e a má? É o êxito da política.
- Este êxito é medido pela capacidade de manter o Estado,
- Maquiavel diz no capítulo 8 do livro:”Os que aplicam a força e a violência somente uma
vez com o fim de conquistar o poder, podem se redimir diante de Deus e dos homens, ao
procurar mantê-lo.
- E qual é o fim do príncipe? Depois de conquistar, manter o poder!

HOBBES
- Nasceu no final do reinado de Elizabeth I (em 1588).
- Seu pai era rude e sem muita educação,
- Foi criado por seu tio pastor. Só então pode ter uma boa educação.
- Terminado seus estudos trabalha como educador de filhos de nobres ricos,
- Convivia com a nobreza e dependia dela.

- Sua obra: O Leviatã


- O estado de natureza é o estado do egoísmo, da vaidade, da violência e do desejo de
glorificação.
- É a guerra de todos contra todos,
- Cada um na busca de seus fins pessoais a fim de sobreviver,
- A liberdade é a lei maior e não existe um soberano para regular as forças,
- O pior mal que o homem faz ao outro é a morte,
- É a situação pré-cívica do convívio humano,
- Prevalece a lei do mais forte,
- Hobbes tem uma visão negativa, pessimista da natureza humana,
- Alguns lugares se vivem assim ainda hoje,
- A guerra de todos contra todos não é permanente e a paz é passageira,
- Tão precária e fraca, que pode ser quebrada a qualquer momento,
- Pelo ataque das armas.
- Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei há injustiças,
- Nesse estado cada homem só possui aquilo que ele é capaz de conseguir,
- E enquanto ele for capaz de conservá-lo.
- A própria lei da natureza impõe ao homem a procura da paz,
- Estabelecendo regras que os homens devem procurar na vida civil,
- O Estado é uma necessidade, um impositivo para os homens,
- Somente o Estado é capaz de impor a ordem e um governo comum,
- Onde as leis, regras e a justiça prevaleçam na sociedade,
- A idéia da guerra é algo abominável e que todos tentam fugir dela,
- Senão: todos serão eliminados por todos,
- O Estado civil existiria para evitar o Estado de guerra,
- O Estado:
- Então as pessoas abandonam a liberdade original.
- Fazem um contrato com o consenso da maioria entre a maioria e o soberano,
- E isso é feito por força da lei natural que manda a busca pela paz.

- Para que ele, o Estado, que é um poder abstrato personificado no soberano,


- Possa organizar a convivência em sociedade.
- O soberano tem poder incomum sobre os homens.
- O poder é um conjunto de meios empregados para obter vantagens futuras.
- E decidir o destino e a justiça.
- A motivação para a criação do estado é o temor da Morte violenta.
- O pacto de união da sociedade civil é irrevogável, absoluto e indivisível,
- A obediência ao soberano deve ser cumprida,
- A não ser, que o soberano não esteja oferecendo a sociedade paz e segurança ou a ordem
do soberano põe em perigo a vida do súdito,
- Isto significa que o súdito deve obedecer qualquer comando, salvo quando se trata de
sua própria vida.

- Os súditos devem honrar o compromisso de manterem-se fiéis ao pacto,


- Para Hobbes isso é justiça,
- A lei é apenas um instrumento do soberano para conduzir o Estado
- Hobbes estuda a perturbação que existe no perigo da dissolução do Estado,
- Ele está convencido que a causa do mal está na cabeça dos homens,
- Nas falsas opiniões sobre o que é justo e o que é injusto,
- Sobre os direito e deveres, respectivamente dos soberanos e dos súditos.
- Seu esforço é para a unificação, pacificação e reintegração da sociedade.

- O leviatã é um monstro (polvo gigante) legendário mencionado para ilustrar a figura


artificial do Estado.

- Portanto: O Estado representa a forma pela qual se pode garantir pacificamente o


convívio humano, ante a ameaça de dissolução, de anarquia, de destruição e retorno ao
estado de natureza belicoso.

- É o medo da desagregação, da corrupção completa do Estado, do enfraquecimento, que


leva Hobbes a preferir a monarquia.
- Para ele as monarquias estão menos sujeitas a isso que os outros governos.
JOHN LOCKE
- Nasceu em Wrington, 29/08/1632 e morreu em Harlow em 28/10/1704
- Foi um filósofo inglês e ideólogo do liberalismo,
- É considerado o principal representante do empirismo britânico
- E um dos principais teóricos do contrato social.
- Nega o conhecimento inato e enaltece empirismo.
- O conhecimento humano é profundamente dependente da experiência.
- O conhecimento origina-se da experiência.
- Quando nascemos somos iguais a uma folha em branco,
- Paulatinamente é que o conhecimento vai se formando
- Com base em experiências e nas demais atividades sensoriais.
- Locke parte de pontos de vista diferentes de Hobbes.
- Inicia dizendo que o Homem, no estado de natureza, não é bom nem é ruim. - - Para ele
o ser humano é neutro. Mas tem a tendência de ser bom,
- Porque ele tem três direitos naturais: direito a vida, o direito a propriedade privada e o
direito de punir.
- Além desses direitos o homem tem as leis naturais e as leis criadas por Deus. - Essas
leis não foram criadas pelo homem.
- Afirma que os homens, por influência dessas leis (da natureza e de Deus),
- São neutros, mas possuem a tendência de serem bons,
- Com isso pode-se perceber que, o estado de natureza de Locke é muito bom,
- Diferente do Estado de Natureza de Hobbes, onde o homem é mau,
- As pessoas são boas ou tem a tendência de serem boas,
- Por isso, elas não vão criar conflitos entre si.
- Para Locke o direito natural mais importante é o direito a propriedade privada,
- Pois no Estado de Natureza um indivíduo vai reconhecer o limite do outro
- E reconhecendo este direito não irá invadir esta propriedade,
- Assim como o outro não irá invadir a propriedade sua.
- Essa propriedade privada por sua vez irá garantir o direito à vida.
- Neste Estado de Natureza alguns indivíduos podem querer invadir a propriedade ou o
território do outro.
- Então o prejudicado poderá executar o terceiro direito que possui,
- Que é o direito de punir, ou seja,
- O indivíduo lesado pode (no estado de natureza) punir o invasor.
- Este direito não é a punição com a morte (ato desproporcional ao fato ocorrido).
- Então no Estado de Natureza o homem tem o direito de punir,
- Ele não pode julgar o outro porque corre o risco errar em seu julgamento.
- Pode acontecer que um ache a punição correta, mas o outro acha a punição exagerada.
- Quem vai julgar os fatos? Que punição serão adotadas?
- Então no Estado de Direito criam-se juízes imparciais para julgar os atos,
- Cometidos pelos homens e cria-se o Poder Coercitivo.
- Esse poder usará a força para que o julgamento e a decisão da punição
- Então: No Estado de Natureza o direito de punir não é concluído.
- Por isso cria-se o Estado de Direito para garantir a boa vida que o homem já tem no
estado de natureza.
- Então os indivíduos vivem cada um em seu território,
- Respeitando os limites de suas propriedades, comercializando entre si,
- Trocando mercadorias e vivendo em harmonia.
- Mas, se no estado de natureza de Locke a situação é boa, então porque os homens
criariam o Estado?
- Apesar de ser bom, o estado de natureza poderia ficar melhor,
- Com algumas inclusões de novos elementos.
- Esses elementos seriam as leis estabelecidas e aprovadas pelos homens.
- No estado de natureza o homem não é totalmente livre,
- Porque não participou da criação das leis da natureza nem as leis de Deus.
- Faltam as leis criadas pelos homens para que estes sejam livres totalmente através de
seus consentimentos.
- No novo Estado de Direito o homem cede seus direitos a esta nova instituição.
- Ele é dono de seus direitos, mas outorga ao Estado uma concessão temporária de seus
direitos para que este possa agir em seu nome.
- Para que o Estado não abuse de seu poder ele cria um sistema para limitá-lo
- Criado este Estado, ele propõe a sua limitação através da separação dos poderes:
executivo (administra - Rei), legislativo (cria as leis - Parlamento) que representa o povo:
- Também concebe o Poder Federativo, que, sendo diferente dos demais,
- Está vinculado ao Poder Executivo
- E tem como objetivo “gerir a segurança e o interesse público externo através do poder
de decidir sobre a guerra e a paz e de firmar ligas e promover alianças e todas as
transações com todas as pessoas e sociedades políticas externas.”(LOCKE, 1998, p.
516).
- Locke é um dos primeiros autores a falar de eleições
- Para renovar constantemente o poder legislativo e o federativo,
- A classe que pode ser eleita é a Nobreza rica.
- O rei teria seu poder limitado pelas leis criadas pelo legislativo,
- Que seria renovada através das eleições de tempos em tempos,
- Essas eleições seriam realizadas pelos indivíduos,
- Que cederam seus direitos ao Estado,
- E que agora através do voto estão exercendo seu direito natural,
- Escolhendo novos representantes para exercer o poder por eles outorgados,
- Nos demais momentos é o Estado que exerce o poder em nome dos cidadãos
- Essas idéias não são uma visão das Instituições modernas,
- Pois estas já melhoraram esses conceitos, mas é seu embrião.
- Essa limitação do Estado garantiria mais liberdade individual ao homem.
- Então para Locke a função do Estado é fazer o mínimo possível,
- Ou seja, intervir só quando for necessário,
- Pois o homem vem de um estado de natureza,
- Onde existia determinada ordem e os conflitos eram raros,
- Agora no Estado de Direito o homem vai continuar sendo bom e os conflitos
continuaram sendo raros.
- Se não houver conflitos o Estado seria uma mão invisível que estaria ali presente quando
fosse necessário.

CHARLES DE MONTESQUIEU
- Nasceu em 18/01/1689
- Morreu em 10/02/1755
- Foi um político, filósofo e escritor francês.
-Ficou famoso pela sua teoria da separação dos poderes,
- Aristocrata, filho de família nobre e cedo teve formação iluminista,
- Revelou-se um crítico severo e irônico da monarquia absolutista decadente,
- Adquiriu conhecimentos humanísticos e jurídicos,
- Em 1714, entra para o tribunal provincial de Bordéus de 1716 a 1726.
- Fez longas viagens pela Europa e esteve na Inglaterra.
- Escreve sobre a natureza e o princípio de um governo,
- Ou seja, os fenômenos que caracterizam as formas de governo
- E a relação dessas formas com as leis que regulam e criam as instituições.

- INFLUÊNCIAS:
- Viveu em um período de transição influenciado pelos Contratualistas,
- Não seguiu a mesma metodologia.
- Leu os clássicos, principalmente Aristóteles e Maquiavel,
- Mas não os segue de totalmente,
- Utiliza da dedução para chegar a algumas conclusões,
- Mas procura associá-las ao historicismo, ou seja, evolução real da história,
- Em outras palavras tudo o que acontecia e que era de seu conhecimento,
- Todas as descobertas científicas e os relatos históricos, acabaram por repercutir em suas
obras.
- No século XVIII em pleno iluminismo, difunde idéias políticas,
- Que têm por base a ação humana.
- A geografia dos Estados e a geopolítica se tornam importante,
- Nas análises políticas e introduz o método comparativo de base geográfica;
- Faz a distinção entre república, monarquia e despotismo,
- Afirma que o despotismo deveria ser erradicado.
- Pois na república o poder pertence ao povo ou a uma parte esclarecida deste;
- Na monarquia o poder pertence ao monarca;
- No despotismo, o poder pertence a um indivíduo, o déspota.
- Governa sem honra, utiliza o terror e a violência como métodos do poder;
- Apresenta a separação d0s poderes (Executivo, Legislativo e Judiciáio),
- De forma que o poder seja descentralizado das mãos de uma só pessoa,
- Para que não o use em proveito próprio.
- Resolvia-se o perigo do despotismo com a institucionalização dos poderes.
ROUSSEAU
Nascido em Genebra (1712 - 1778),
- Foi um dos maiores nomes do iluminismo,
- Foi convidado pelos enciclopedistas para escrever um verbete sobre a música (sua
paixão inicial).
- Os enciclopedistas o influenciaram até que rompeu com eles,
- Se transforma no precursor do romantismo (“Eu senti antes de pensar”).
- Longe da nobreza só obteve reconhecimento em 1750,
- Quando ganhou o concurso sobre as ciências e as artes,
- Promovido pelo governo francês.
- Morou muitos anos entre a Suíça e a França devido a perseguições.
- Em uma das fugas se hospedou na casa de David Hume.
- Possui idéias semelhantes de Hobbes e Locke,
- Na concepção de um Estado de Natureza e de um Estado de Sociedade.
- Mas vai além de seus antecessores.
- O objetivo dele é analisar não o aspecto jurídico do Estado, mas o que sustenta este
aspecto que é a esfera social.
- Trabalha com três momentos ao contrário de Hobbes e Locke,
- Que trabalharam com dois (o Estado de Natureza e o Estado de Sociedade). -- Hobbes
diz que o homem é mau,
- Locke que é neutro, mas se torna bom ou tem a tendência de ser bom,
- E Rousseau diz que o homem é bom por natureza,
- Para Hobbes no Estado de Natureza o homem entra em contato com outros homens,
- E é por isso que surgem as guerras de todos contra todos;
- Para Locke também existe o contato dos homens uns com os outros,
- E é por isso que fala do direito de propriedade privada e do comércio entre os homens.
- Mas para Rousseau, no começo da civilização os homens não tinham contato uns com
os outros,
- E nem sabiam que existiam outros grupos.
- Só se preocupavam consigo mesmo
- O indivíduo vivia bem neste estado de natureza porque ele era bom,
- Tirava tudo o que precisava da natureza e não tinha contato com outras pessoas,
- Consequentemente não sabia o que era propriedade privada.
- Só que, com o passar do tempo, chega um momento, com o aumento da população,
- Que os grupos humanos se encontram.
- Então surge o atrito entre esses grupos e surge a corrupção entre um grupo,
- Os homens vão se preocupar com o que tinham,
- Pois antes não precisavam dividir com outros grupos,
- E que agora terão que dividir. Terão que se precaver com antecedência.
- Isso para ele é a corrupção do ser humano.
- Agora o ser humano irá correr atrás, não mais do que ele precisa,
- Mas do que ele acha que vai precisar.
- Então o Estado de Natureza deixa de ser bom para se tornar ruim,
- Começa a ideia de propriedade privada,
- Surgem os conflitos e os homens terão de defender seu território,
- Porque surgiu um novo grupo que também está interessado em aproveitar o que esse
território oferece.
- Para se evitar os conflitos será criado o Estado de Sociedade com um pacto social,
- Para ele Estado de Sociedade é ruim porque vai garantir a propriedade privada e esta
gerará desigualdades.
- É uma visão contrária a de Hobbes e Locke que diziam que a passagem do estado de
natureza para o Estado de Sociedade seria bom,
- Para Rousseau o Estado garantirá na lei a igualdade entre todos,
- Mas as pessoas não são iguais em condições econômicas.
- Então o Estado de Sociedade defenderá o direito a propriedade privada,
- E conseqüentemente em uma eleição, quem se elegerá?
- Quem terá condições de fazer uma boa campanha?
- Quem terá condições de correr atrás de votos?
- Para ele sempre será o rico. E uma vez eleito, o que ele fará com o direito?
- A situação mais lógica é perpetuar a desigualdade social existente.
- Isso vai gerar uma ausência de liberdade material.
- Então no Estado de Sociedade o homem não é completamente livre,
- Porque ele só vai até onde o dinheiro pode levá-lo.
- Mas o homem é livre para procurar qualquer condição financeira melhor.
- Para ele não, porque o homem não vai atrás do emprego que ele quer.
- Ele vai atrás do emprego que está disponível para ele naquele momento,
- Assim como uma viagem de férias, que só pode ser feita até onde o seu recuso financeiro
lhe pode levar,
- As pessoas vão poder eleger qualquer soberano ou qualquer candidato?
- Não. As pessoas vão poder eleger só quem está disponível como candidato,
- Elas vão escolher entre os candidatos que foram propostos,
- Sem seu consentimento.
- Então neste Estado de Sociedade o indivíduo não tem liberdade.
- Para ele a liberdade e a igualdade neste Estado de Sociedade são falsas
- Porque não são os indivíduos que definem quem serão os candidatos, mas outras
pessoas.
- Então, propõe o Contrato Social e para que este exista,
- 1º O indivíduo deve saber que no Estado de Sociedade ele não será livre.
- A lei diz que ele é livre, mas ele não será livre,
- Porque não fará o que quiser.
- Ele fará o que outros definem para ele fazer.
- 2º Deverá ser implantado uma democracia direta, onde o indivíduo participa da criação
da lei da qual ele se submeterá.
- Para Rousseau na democracia representativa, quem criará as leis são os representantes
do indivíduo,
- E estes por sua vez não farão nada a não ser obedecê-la.
- Então qual a liberdade que o indivíduo terá? E na democracia direta o que é esse
governo?
- Ele cria a idéia de soberania popular.
- O povo é o soberano e não vai transferir seus direitos individuais para um administrador
ou para o Estado.
- Ela é inalienável, indivisível, infalível e absoluta.
- Ou seja, compete ao povo mostrar quais os caminhos que o Estado deve tomar.
- Quando o indivíduo cria a lei, ele é o soberano e quando obedece a lei é o súdito.
- E quem executa a lei?
- Quem executa é o governo, que não é o representante do povo, mas sim o que está
executando a lei e está no exercício de uma função no Estado.
- Comparando os pensadores
- Pode-se dizer que na visão de Hobbes quem cria as leis é o Estado Absolutista e essa lei
é imposta sobre o indivíduo que não participa de sua criação.
- Locke diz que as leis são criadas pelos representantes e são impostas nos indivíduos
- Rousseau diz que a única forma de se garantir a liberdade do indivíduo na política é
através da democracia direta, onde todos os homens participariam da criação das leis pelas
quais eles se submeteriam.
- A liberdade para Rousseau é o indivíduo participar do processo de criação das leis.
- Para ele a liberdade individual no sistema absolutista de Hobbes e de Locke não dá
liberdade ao indivíduo,
- Porque este não participou de sua criação. O que importa é a participação do indivíduo
na criação da lei.
- 3º É a vontade geral, que não representa a vontade da maioria,
- Mas fazer aquilo que é o certo.
- Para ele todos os indivíduos são bons, sabem o que é certo e o que é errado,
- Independente do fato concreto que exista.
- A lei será um reflexo da vontade geral e conseqüentemente justa.
- Com isso se garante a liberdade, igualdade e principalmente a igualdade econômica
porque todos estão criando a lei.
- Para ele, criar distinção entre ricos e pobres não é certo,
- Então se a vontade geral é acabar com a desigualdade, ela é fazer o que é certo.
- Mas para o ser humano, que era bom, que saiu do estado de natureza para o Estado de
Sociedade e que se corrompeu,
- Não é fácil aceitar a vontade geral.
- É aí que Rousseau cria o legislador. E quem é o legislador?
- Por fim Rousseau sugere que na pior das hipóteses,
- Se isso não der certo cria-se a figura de um ditador como no período do Império Romano.
- Eles eram eleitos, atuavam em um período e em um local por um determinado tempo.
- Quando o problema era solucionado, o ditador seria dispensado.
- Para ele a ideia de um ditador, deveria ser imposta por bem ou por mau.
- A função dele seria levar as pessoas de um estado de natureza para um Estado de
Sociedade,
- Assim terminaria sua função e ele se tornaria um cidadão comum como os outros.
- Por mais utópico que o pensamento de Rousseau seja, ele deu origem não só ao
pensamento de soberania, mas também a Revolução Francesa que após o seu fim surge a
idéia da cidadania.
AUGUSTO COMTE
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte
Nasceu em Montpellier em 19/01/1798
Morreu em Paris em 5/09/1857
- Foi um filósofo francês, fundador da Sociologia e do Positivismo,
- Trabalhou intensamente na criação de uma filosofia positiva.
- Alertou para a necessidade de analisar com objetividade os fenomenos ou fatos políticos;
- Propôs a teoria positivista, que está expressa na bandeira brasileira, nos dizeres “ordem
e progresso”;

Lei dos três Estados


- Onde se situa sua filosofia, ciência e a política,
- Aplica-se aos vários âmbitos da existência humana,
- Desde as belas-artes, passando pela política, ciências e pela economia.
- É uma concepção histórica e filosófica,
- Permite criar a Sociologia, a História das Ciências e também a Psicologia Positiva
- Teve como precursores: Condorcet e Turgot.
- Segundo Condorcet: (A humanidade avança da época bárbara e mística para a civilizada
e esclarecida, e em melhoramentos contínuos e em princípio e infindáveis)
- Comte formula a Lei dos Três Estados.
- Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade,
- Percebe que essa evolução passa por três estados teóricos diferentes:
O teológico ou fictício,
- Caracterizado por explicações sobrenaturais,
- os homens buscavam divindades a fim de darem sentindo as suas praticas tribais
(primitivas)
- Cuja vontade arbitrária comanda a realidade.
- Busca o absoluto e as causas primeiras ("de onde vim? Para onde vou?").
- com várias subfases:
- o fetichismo: Caracteriza por dar aos objetos concretos da natureza
vida e vontade própria, semelhantes a dos seres humanos.
- o politeísmo: a vontade dos deuses possui controle absoluto sobre
todas as coisas
- o monoteísmo: a vontade dos deuses possui controle absoluto sobre
todas as coisas.

- O metafísico ou abstrato
- Pesquisa a realidade, mas ainda há a presença do sobrenatural,
- A metafísica é uma transição entre a teologia e a positividade.
- O que a caracteriza esta fase são as abstrações personificadas,
- De caráter ainda absoluto: a Natureza, o éter, o Povo, o Capital
- O científico ou positivo:
- Ocorre o apogeu que os dois anteriores prepararam progressivamente.
- Neste, os fatos são explicados segundo leis gerais abstratas,
- De ordem inteiramente positiva, em que se deixa de lado o absoluto (que é
inacessível),
- Busca-se o relativo.
- A partir disso, atividade pacífica e industrial torna-se preponderante,
- Com as diversas nações colaborando entre si.

- Cada um dos estágios representa fases necessárias da evolução humana,


- Onde a forma de compreender a realidade comunga com a estrutura social de cada
sociedade
- E contribui para o desenvolvimento do ser humano e de cada sociedade.
- Cada uma das fases tem suas abstrações, observações e sua imaginação;
- O que muda é como cada um destes elementos conjuga com os demais.
- Da mesma forma, como cada um dos estágios é uma forma totalizante de compreender
o ser humano e a realidade,
- Cada uma delas consiste em uma forma de filosofar, isto é, todas elas engendram
filosofias.
- Como é possível perceber, há uma profunda discussão ao mesmo tempo sociológica,
filosófica e epistemológica subjacente à lei dos três estados.

ALEXIS DE TOCQUEVILLE
Alexis-Charles-Henri Clére ou Visconde de Tocqueville
- Nasceu em 29/07/1805
- Morreu em 16/04/1859
- Foi um pensador político, historiador e escritor francês.
- Sua mente extraordinária era capaz de detectar tendências que quase nenhum de seus
contemporâneos percebia,
- Tornou-se célebre por suas análises da Revolução Francesa,
- Foi um defensor da liberdade e da democracia,
- Ele anteviu as insidiosas consequências que, a longo prazo, advêm da intervenção
estatal,
- Criou o termo: socialdemocracia,
- Em 1831 foi enviado pelo governo francês para estudar o sistema prisional americano,
- Estudou também o sistema político americano (único no mundo na época),
- Destes estudos escreveu sua obra

Obra: A Democracia da América (4 volumes)


- Uma sociedade, em que todos, com exceção dos escravos, eram iguais perante a lei,
independentemente da origem social,
- A igualdade social que significa a inexistência de diferenças hereditárias de condições,
- O que quer dizer que todas as ocupações, todas as profissões, dignidades e honrarias são
acessíveis a todos.
- Estão, portanto, inseridas na idéia de democracia a igualdade social,
- Cada indivíduo tem a esperança ou a perspectiva de ascender na hierarquia social,
- Ficou fascinado pela vida social e política americana,
- Por causa das dificuldades que seu próprio país encontrava,
- Para desenvolver instituições favoráveis à liberdade,
- Ele atribuía os problemas políticos franceses ao governo centralizado,
- Estudou a natureza essencial da própria democracia (vantagens e perigos),
- Interpretou o regime democrático como uma necessidade histórica,
- Resultante inevitavelmente da difusão da ideia de igualdade,
- Acentuou os elementos negativos da democracia,
- Considerava-a tediosa e alertava que ela poderia se tornar uma tirania de massas (regime
no qual as minorias não têm direitos assegurados).
- Na sua análise introduziu um conjunto de entrevistas,
- O que lhe permitiu realizar análises comparativas;
- O pensador inglês John Stuart Mill descreveu “A democracia na América” como uma
das produções mais notáveis de seu tempo,

Controvérsias sobre temas econômicos

- Tanto na França como na Inglaterra as controvérsias sobre economia e política


econômica ganharam um enorme espaço nos séculos XVII e XVIII.

- Mercantilismo: Trata-se de um corpo integrado de políticas de Estado em defesa da


Riqueza nacional.

- Deve-se ressaltar que não existe sob o mercantilismo um pensamento econômico


uniforme e muito menos uma escola de pensamento.

- Os autores mercantilistas divergem em numerosas questões e suas ideais não são


apresentadas por um conjunto de procedimentos minimamente coerente.

- A sua importância para o desenvolvimento da economia política está em colocar o pano
de fundo para o posterior desenvolvimento da reflexão sistemática em economia.

- As questões colocadas pelo mercantilismo eram aquelas relacionadas a existência dos


Estados Nacionais: discussão a respeito da riqueza da nação e do soberano, digressões a
respeito das causas do atraso e do progresso das nações, existência de “puzzles” como,
por exemplo, a ultrapassagem dos países Ibéricos pela Holanda e posteriormente pela
Inglaterra.

Os Fisiocratas

Fisiocratas: François Quesnay (Tableau Économique e Maximes géneráles du


gouvernement économique) e Anne Robert Jacques Turgo (Réflexions sur la formation
et la distribuion des richesses).
- A escola fisiocrata deve ser considerada um elemento importante para a constituição da
economia política clássica, isso porque ela foi capaz de subordinar a intervenção nas
questões concretas da vida econômica à um sistema de elevado grau de abstração.

- Contribuição mais marcante: entendimento do sistema econômico como um conjunto


de grupos sociais e setores produtivos interligados entre si por fluxos mercantis; a noção
de excedente econômico e de produtividade do trabalho; clara compreensão do conceito
de capital e da subordina ação do desenvolvimento econômico à acumulação de capital.

- Auto intitulam-se fisiocratas um grupo de pensadores franceses reunidos em torno da


liderança intelectual de F. Quesnay.

- O universo social seria regido por leis naturais, as quais compreendiam leis físicas e
morais.

- A “ordem natural” da sociedade não é, contudo, da mesma ordem que a da natureza


física: os seres humanos podem criar obstáculos a sua realização.

- O Soberano não deveria impor leis que estivessem em desacordo com as leis naturais.
- A questão concreta que mais preocupava os autores fisiocratas era a questão referente
ao atraso econômico relativo que a França tinha com respeito a Inglaterra.
- Três tópicos principais na agenda política fisiocrata:
- Defesa do livre comércio.
- Defesa do Imposto único
- Atenção à infraestrutura produtiva.

Agenda Política

- Segundo Quesnay, o livre comércio de cereais seria a condição necessária para a


estabilização dos preços agrícolas”.

- A política Colbertista de cerceamento à exportação e cereais e ao livre comércio dos


mesmos dentro das fronteiras nacionais teria contribuído para manter os preços dos
gêneros agrícolas num patamar baixo, desestimulando a produção agrícola.

“O imposto único sobre a renda fundiária beneficiaria toda a nação pois nem deprimiria a
subsistência dos trabalhadores e nem a capacidade de investimento dos empresários”.

- Por fim, a realização de obras de infraestrutura, tais como drenagens e estradas, seria
uma destinação útil ao excedente convertido em renda, o que permitiria um maior
desenvolvimento econômico.
- “O laissez-faire não implicava omissão do poder público. Muito ao contrário, fornecia
o arcabouço de um amplo programa de transformações econômicas” (Coutinho, 1991,
p.65).

Viés Agrícola
- Típico do pensamento fisiocrático não se origina de um culto ingênuo a natureza, mas
de uma rigorosa exigência do sistema de pensamento fisiocrático.

- Os fisiocratas estavam interessados fundamentalmente na análise das “leis naturais” que


permitem a “reprodução contínua” da vida social, portanto, o seu foco de análise é a
“teoria da reprodução”

- A reprodução da vida social exige a geração de um excedente econômico que permita


não só a manutenção dos indivíduos que não trabalham diretamente na produção de
gêneros de subsistência como também permita a “reprodução ampliada” da vida
econômica ao longo do tempo.

- A subsistência é definida como o consumo de gêneros agrícolas, dessa forma, o


excedente (parte da riqueza da sociedade que excede a riqueza consumida ao longo do
processo produtivo), tem que ser definido como o excesso de produção agrícola sobre os
insumos.

- O excedente é importante quer por ser a base de um consumo superior ou não necessário
quer por ser a fonte de crescimento do sistema por intermédio da acumulação de uma
parte desse excedente.

- Além disso, a existência do excedente permite a construção de uma superestrutura


institucional que regula os aspetos legal, social, político e cultural da sociedade.
- A noção de excedente econômico coloca três questões para serem debatidas:
- A avaliação do excedente. “A origem do excedente.
- A atribuição ou a apropriação do excedente.
- A Avaliação e a Origem do Excedente

Para autores como Napoleoni (1978), os fisiocratas nunca foram capazes de


avaliar o excedente em termos de valor, mas unicamente em termos físicos. A avaliação
em termos de valor implicaria na utilização de uma “teoria do valor” a qual nunca foi
desenvolvida pelos fisiocratas. a qual nunca foi desenvolvida pelos fisiocratas.
Dada a inexistência dessa teoria, os fisiocratas só podiam avaliar o excedente
naqueles setores de atividade nos quais cada um dos bens empregados no processo
produtivo se encontra em maior quantidade no conjunto de bens produzidos pelo próprio
setor. Esse setor é obviamente a agricultura.

- Se o excedente surge precisamente naquela atividade em que a terra intervém como


elemento determinante do processo produtivo, segue-se que é a própria terra que se atribui
o poder de dar origem ao produto líquido.

- O único trabalho produtivo é o trabalho agrícola e o excedente se origina da “


fertilidade natural do solo”.

A Atribuição do Excedente „No que se refere ao problema da atribuição do excedente, o


pensamento fisiocrático se caracteriza pelo fato de que o produto líquido é inteiramente
apropriado sob a forma de renda fundiária.
A renda obtida pelo arrendatário da terra não é considerada como lucro, mas como parte
dos gastos de produção e assimilada ao salário do trabalhado agrícola.
O LIBERALISMO

Contexto histórico

Na Inglaterra durante o século XVIII, inicia-se um movimento que passou a ser


chamado de Revolução Industrial que eleva a classe capitalista industrial ao poder no
lugar do capitalismo comercial.
A Revolução Industrial trouxe consigo uma série de mudanças nas atividades
produtivas, iniciadas por volta de 1760. O processo de produção foi acelerado por uma
sequência de invenções cujo ponto central era a utilização do vapor como força motriz.
No plano técnico, houve alteração não apenas na produção de bens de capital e de artigos
de consumo, como também nas técnicas agrícolas e nos meios de transporte. Mas, acima
de tudo, a Revolução foi marcada pelas modificações econômicas e sociais, o que
despertou o olhar crítico e a base para o desenvolvimento das teorias da economia política.
O pensamento econômico inglês evoluiu e refletiu as mudanças enfrentadas pela
sociedade. Se no século XVI, os mercantilistas viam na obtenção do ouro e da prata a
maneira mais importante de enriquecer o país, a própria necessidade e a realidade do
momento histórico, a ascensão das indústrias, evidenciou aos economistas a verdadeira
fonte de riqueza: a capacidade de produzir. Assim, ao decorrer do século XVIII, muitos
autores escrevem obras sobre as causas da riqueza, a divisão do trabalho, a ação do
Estado, os salários, o mercado que, a partir da experiência da economia inglesa, vão
embasar a teoria do liberalismo econômico.

A bandeira do Liberalismo

A Economia Política Clássica ou liberal expressou o ideário da burguesia no período


em que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais, conduzindo o processo
revolucionário que destruiu o Antigo Regime.

- Uma parte do sucesso da difusão da economia política deve-se ao fato de que ela deu
substrato científico ao liberalismo de meados do século XVIII.

- Deve-se observar, contudo, que o liberalismo não é um mero apêndice ideológico à


ciência da economia política, mas é um dos seus elementos constitutivos.

- Para que se possa entender o porquê dessa afirmação temos que remeter a economia
política ao ambiente político e filosófico que a envolveu.

- Iluminismo: “conhecer para prescrever”.

- O liberalismo considera a existência de leis econômicas naturais, as quais o governo


deveria se esforçar por preservar.

- Não existiria uma incompatibilidade entre a admissão da existência de e “leis


econômicas naturais” e o entendimento de que o conhecimento deve ser utilizado para
transformar a sociedade?

- Naquelas circunstâncias históricas tal incompatibilidade não existiria, isso porque o


liberalismo se opunha ao mercantilismo e aos obstáculos que as políticas mercantilistas
impunham ao progresso das leis naturais.
Os Liberais: David Ricardo e Adam Smith são considerados os mais importantes.

Adam Smith nasceu em 1723, na cidade de kirkaldy, na Escócia. Foi estudante de


filosofia em Glasgow e teologia em Oxford. Tornou-se professor de filosofia na
Universidade de Glasgow, em 1752. Graças a seu renome, tornou-se o preceptor do jovem
duque de Baccleugh, com a missão de percorrer a Europa em companhia de seu jovem
aluno, com o intuito de incentivar o garoto a ter maior interesse nos grandes espíritos da
época. Foi assim que Smith conheceu os enciclopedistas (D’ Alembert, Helvétius) e os
economistas da escola fisiocrata, como François Quesnay e Turgot. Foram estes que o
conduziram á economia política. Então começou a escrever sua obra central, A riqueza
das nações, publicada em 1776. No fim da vida, em 1778, foi nomeado comissário das
alfândegas em Edimburgo. Faleceu em 1790, com 67 anos. Foi enterrado no cemitério da
Igreja de Canongate, numa sepultura em que foi escrito “ali jaz Adam Smith, autor da
Riqueza das Nações”. Seria difícil imaginar um monumento mais imortal.

Smith (é considerado o grande sistematizador dos problemas de Economia Política,


tanto que suas reflexões foram e ainda são retomadas por economistas e sociólogos que
pretendem entender as inter-relações entre organização social e atividade econômica. A
definição que Smith dá à Economia Política consta no Livro IV de sua principal obra, A
Riqueza das Nações, de 1776), Vejamos:

A Economia Política, considerada como um setor da ciência própria de um estadista ou de um legislador,


propõe-se a dois objetivos distintos: primeiro, prover uma renda ou manutenção farta para a população ou, mais
adequadamente, dar-lhe a possibilidade de conseguir ela mesma tal renda ou manutenção; segundo, prover o
Estado ou a comunidade de uma renda suficiente para os serviços públicos. Portanto, a Economia Política visa
a enriquecer tanto o povo quando o soberano.

Percebe-se que Smith destaca o caráter pragmático da Economia Política, uma


ciência que oferece tanto à sociedade quanto aos chefes políticos as diretrizes para a
produção de riqueza, isto é, para o alcance da prosperidade a partir de princípios como o
livre-comércio, a propriedade privada e a divisão do trabalho. Esse tema da riqueza é o
ponto central da Economia Política, pois está no cerne da chamada Economia de
Mercado, a base do sistema capitalista.
Smith escreve que as pessoas deveriam ser livres tanto para comprar e vender como
para negociar de acordo com seus interesses, isso porque o comportamento do auto
interesse é um princípio da natureza humana. Assim, quem produz o faz com objetivo de
ter lucro, quem trabalha tem o objetivo de obter um salário e quem consome tem um
objetivo de satis fazer suas necessidades.
Smith ainda discorre sobre o fato de a pobreza e a miséria serem frutos da ordem
natural, e dessa forma o Estado nada poderia fazer em relação a isto. De acordo com os
clássicos, os trabalhadores deveriam ganhar apenas um salário de subsistência, pois eles
não poderiam morrer de fome, a miséria era natural da sociedade, já que existia uma
divisão entre os empregados e os trabalhadores de salário muito baixo, o qual diminuía
as chances de tornar-se um simples trabalhador em um rico empregador. Ressalta-se então
que, segundo Smith, não deveria haver no sistema econômico capitalista, a distribuição
igualitária de renda, porque com isso, não só o ciclo econômico seria alterado, mas
também a divisão do trabalho, pois assim, esse processo que para o fundador da escola
clássico é tão importante para gerar a Riqueza das Nações, desapareceria gradativamente.
Contudo, ele era defensor da ideia de que todos são iguais perante a lei, sendo sujeitos
dos mesmos deveres e direitos, mas não iguais perante a renda.

Teoria dos sentimentos morais

Para Adam Smith, a Teoria dos Sentimentos Morais tinha como função discutir as
forças morais que restringiam o egoísmo e uniam as pessoas em uma sociedade
trabalhistas, retratando que a solidariedade é um sentimento presente em todo ser humano,
e que este é guiado e limitado pelas forças econômicas. A compaixão e a benevolência
impedem o egoísmo e fazem com que o indivíduo, sem perceber, promova o interesse da
sociedade por meio da caridade e, principalmente da justiça.

A mão invisível

O conceito de ''mão invisível'' que se encontra na obra a riqueza das nações de


Adam Smith que foi baseado na expressão francesa ''laissez faire'' que significa que o
governo deveria deixar o mercado e os indivíduos livres para lidar com seus próprios
assuntos para ficar à vontade em um ambiente de competição, ou seja, a ''mão invisível é
a reguladora da economia. A livre concorrência que é gerada por essa liberdade acaba
sendo conduzida pela mão invisível.
A argumentação fundamenta-se na individualidade, ganância e egoísmo, com que
o indivíduo visa o que é de melhor a si. Sem intenção de gerar algum ganho para a
sociedade. Mas sem o mero interesse do que possa ser bom para a sociedade, com o
aumento de lucro individual consequentemente haverá um aumento na renda anual da
sociedade. Aí se encontra o papel da mão invisível, sem forçar ou prejudicar qualquer
indivíduo, gera consequências globais benéficas a uma nação.

Desenvolvimento econômico para Smith

Para Adam Smith o desenvolvimento econômico depende do trabalho produtivo,


e este depende do liberalismo econômico (laissez-faire), do auto interesse e do
aperfeiçoamento advindo da divisão do trabalho, ou seja, esses fatores estão interligados
em prol do crescimento econômico das nações, de modo que haja essencialmente a
divisão do trabalho para tal ganho. Em sua obra “A Riqueza das Nações” ele usa como
exemplo uma fábrica de alfinetes que aumentou a sua produção quando a divisão do
trabalho foi aplicada. Esse processo faz com que um trabalhador desenvolva apenas uma
ou até duas funções de um produto, adquirindo habilidade e agilidade no desenvolvimento
da produção. O auto interesse também é importante, à medida que ninguém produz apenas
por produzir. Em outro fragmento da obra o autor cita “não é da benevolência do padeiro,
do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho
deles para promover seu auto interesse”. Smith destaca que cada classe- produtora,
trabalhadora ou consumidora- tem o seu interesse, e que são individuais e diferentes uns
dos outros. Para que todos esses processos anteriormente citados aconteçam de forma
harmoniosa, o governo deve intervir de forma mínima, quase que imperceptível no
desenvolvimento econômico.

Preço natural e preço de mercado

Para Smith, o preço natural (PN) é calculado e obtido pelo conjunto de custos que
compões a produção de um objeto, incluindo o salário pago aos trabalhadores que fizeram
parte do processo produtivo. Tomando como exemplo a produção de alfinetes, na qual o
preço natural seria obtido pelo preço do arame utilizado em sua produção e do ferro, e o
salário pago aos trabalhadores que participaram das atividades, assim fica clara a maneira
como o economista interpretava o conceito de preço natural.
Já o preço de mercado (PM) pode estar acima, abaixo ou exatamente sobre o preço
natural, tudo depende da quantidade de oferta e de demanda em certo período. Um lucro
pode ser obtido quando um produto é negociado em seu preço acima do preço natural ou
por uma medida desesperada, ele também poderá ser vendido abaixo do preço natural,
mas essa medida não deve ser continuada. Assim, o lucro passa a ser um excedente que
pode ou não ser reinvestido ou ainda poupado pelo empregador que o obteve. Em suma,
o preço de mercado é o valor pelo qual o produto está sendo comprado. Assim, a interação
entre o preço natural e o preço de mercado é que determina a preço real e os lucros
obtidos.

Críticas à Smith

Alguns críticos de Smith afirmam que ele não foi original em suas obras, devido
ao seu método, que se caracteriza por percorrer caminhos já trilhados, buscando, assim,
segurança, utilizar elementos já existentes. No entanto, sabe-se que suas obras foram
grandiosas para o desenvolvimento do pensamento econômico, devido a sua clareza e ao
espírito equilibrado.
Marx se opõe a Smith quanto aos efeitos positivos de uma radical divisão do
trabalho, dizendo que os trabalhadores ficam à mercê do empregador na contratação e
demissão (nenhuma estabilidade), que há uma banalização da prática produtiva, entre
outro malefício. A impossibilidade de se reconhecer o fruto de seu trabalho, somada a
falta de promoção, se traduziu na falta de motivação para o trabalhador industrial.
Artur Laffer também critica alguns conceitos de Smith, ressalta os perigos de uma
pressão fiscal excessiva sobre a sociedade, demonstrando que um aumento dos impostos
obrigatórios se traduz num declínio das receitas fiscais e numa redução no nível de
produção e do emprego. Fora de uma lógica de mercado, o Estado assegura a produção
dos bens ditos coletivos. Os bens e serviços coletivos são bens “fora do mercado” e sua
produção parece justificar e existência de uma economia pública, independente dos
mecanismos associados à livre concorrência.

Conclusão
Adam Smith contribuiu grandemente para formação do sistema capitalista hoje
espalhado pelo mundo, suas teorias e fundamentos são de grande importância para
entendermos o sistema atual. Como o estado tinha o papel de intervir em todas as relações
fazendo com que não existisse liberdade, Smith lança uma tese de que o estado não
deveria intervir totalmente na economia, surgindo assim o liberalismo econômico.
Foi através de Smith que a economia passou a ser um gama de conhecimentos
sistematicamente organizado, que se refere ao entendimento dos recursos escassos da
sociedade. Com isso há uma necessidade em se estudar e compreender a vida de Smith,
para assim entendermos como a economia iniciou, e como ela se estende hoje na
sociedade.
Um dos prolongamentos do pensamento de Adam Smith pode ser observado no
americano Frederick W. Taylor (1856-1915), ele elaborou a pratica do taylorismo, em
que o trabalho industrial foi fragmentado, pois cada trabalhador passou a exercer uma
atividade específica no sistema industrial. A organização foi hierarquizada e
sistematizada, e o tempo de produção passou a ser cronometrado. Observa-se então o
princípio da divisão do trabalho com o objetivo de aumentar a produção.

David Ricardo

David Ricardo nasceu em Londres na Inglaterra em 1772, terceiro filho de uma


família de financistas judeus, começou a trabalhar aos 14 anos com seu pai na bolsa de
valores de Londres. Em 1786 começou a trabalhar por contra própria e enriqueceu devido
ao sucesso em especulações na bolsa. Aos quarenta anos, deixou os negócios da bolsa de
valores, e começou a se interessar pela economia política, onde adquiriu admiração pelos
autores Adam Smith e Jean-Baptiste Say, com essa nova empreitada começou a fazer
publicações de economia no Morning Chronicle. Em 1819 tornou-se deputado da câmera
dos comuns, mas em 1823 deixou o cargo por razoes de saúde, Ricardo veio a falecer no
mesmo ano de infecção no ouvido.

Obras
Ensaio acerca da influência do baixo preço do cereal sobre os lucros do capital (1815)
Princípios da economia política e tributação (1817)

PRINCIPAIS TEORIAS

- Analisou o valor dos bens que vem do valor do trabalho incorporado e do trabalho
indireto (máquinas e ferramentas).
- Analisou também o valor dos bens cujo valor se dá pela sua raridade,
- E quanto o comprador gostaria de gastar (denominado de bem não reprodutível)
- Discute o preço dos bens no mercado e a quantia de moeda para pagá-los.
- Na segunda teoria decorreu sobre o valor dos salários dos empregados industriais,
- O trabalhador deve ganhar o suficiente para reproduzir sua força de trabalho e manter
sua família,
- Conhecido como o salário de subsistência.
- Ele também diz que o valor do trabalho depende das condições do mercado,
- Se houver mais trabalhadores do que empregos o valor do salário diminui,
- Se houver muitos empregos e poucos trabalhadores o valor do salário aumenta.
- Teoriza (com base na teoria de Malthus) que se a população aumenta, a produção
agrícola não aumenta na mesma proporção,
-Assim a oferta dos bens de subsistência seja menor, elevando seu preço,
- Com a elevação do preço dos bens de subsistência os salários também aumentam,
- Diminuindo o lucro e
- Isso levaria ao estado estacionário que consiste na queda ou paralização do crescimento
econômico.
- Também fala sobre a emissão de papel moeda e a inflação,
- O aumento desenfreado da emissão de papel moeda elevaria o valor do ouro,
- Em sua quarta teoria decorreu sobre as trocas internacionais (importação do trigo)
- Lei do trigo (livre comércio e câmbio)

Críticas a Ricardo
Algumas das críticas a Ricardo são sobre o livre câmbio entre as nações, e a falta
do protecionismo econômico. Para alguns pensadores a falta do protecionismo econômico
faz com que a economia interna se torne frágil, sem o apoio do protecionismo muitos
fazendeiros ou industriais poderiam falir por falta de competitividade de seu produto,
devido ao valor mais barato de um produto internacional, o que levaria ao desemprego e
queda nos valores brutos de produção e lucro.
Para os marxistas o livre câmbio favorece os países desenvolvidos em relação aos
países menos desenvolvidos, pois com um maior acumulo de capital o país desenvolvido
consegue exportar produtos que demandem maior quantidade de horas de trabalho, e
exportar produtos com menor quantidade de horas de trabalho (teoria do valor do
trabalho) mostrando quase uma relação de exploração entre essas nações. Do mesmo jeito
a globalização da economia favorece aqueles que possuem melhores estruturas, pois a
facilidade de movimentação dos produtos seria maior pra quem possui mais recursos,
levando a uma superioridade em relação aos menos favorecidos, desequilibrando a
economia internacional.

Conclusão

Ricardo foi um dos precursores da livre troca entre os países, que inspirou a escola
sueca, que embasada na teoria de Ricardo, formulou os conceitos de escassez e
abundancia de produtos e a relação de seus valores para importação e exportação, e
também definiu novos conceitos para produtos caracterizando produtos que precisam de
mais capital do que horas trabalhadas, mas que mesmo assim seus produtos teriam valores
elevado devido a especialização no trabalho que foi feito. Isso leva países no dia de hoje
a se especializar na produção de alta tecnologia, que faz com que o custo do seu produto
seja elevado no mercado internacional, e como se trata de um produto especializado ele
é necessário para que outras industrias funcionem, fazendo com que esses produtos sejam
importados por outros países movimentando o mercado internacional.

Thomas Malthus - An Essay on the Principle of Population

Nasceu em Rookery, Surrey, em 1766. Depois de estudar matemática e literatura


em Cambridge, ele tomou o sacerdócio em 1789, assumindo uma paróquia em 1791. O
exercício do ministério o pôs em contato brutal com as realidades de seu tempo: a situação
das classes trabalhadoras arrastadas para o processo de industrialização da economia
britânica. A análise das desgraças da época o levou á economia política. Em 1805, tornou-
se professor de história e economia política na faculdade fundada pela Companhia das
Índias Orientais, em Haileybury. Morreu em 1834.

Contexto histórico

Viveu na Revolução Industrial, momento histórico em que o mundo presenciou


inúmeras transformações econômicas, políticas e em especial, drásticas mudanças sociais.
Com o advento das maquinas, houve a decorrente migração de trabalhadores do campo
para as cidades, todos em busca de emprego, já que este estava escasso no ramo agrícola
devido à mecanização dos meios de produção.
Após a Revolução Industrial, a população urbana começa a conviver com
melhores condições de vida e melhores serviços de saúde. A evolução na medicina
contribuiu para a melhoria dos serviços de saúde, diminuindo assim a mortalidade da
população em geral.
Com a qualidade de vida e condições melhores, houve o aumento do número de
habitantes, principalmente nas áreas que se industrializaram primeiro. Por volta de 1750,
ocorreu o processo de crescimento populacional nos países europeus que acompanharam
a primeira fase da Revolução.
Foi durante esse período que se iniciaram as preocupações com o aumento no número de
habitantes, e assim começaram a surgir às teorias populacionais. A teoria malthusiana
surge então neste contexto.
Estava muito interessado no crescimento da população na Inglaterra, os meios de
subsistência e as causas da pobreza em plena Revolução Industrial. Então começou a
acumular dados sobre nascimentos, óbitos, idade dos casamentos, da procriação e fatores
econômicos que contribuem para a longevidade das pessoas. Decidi então escrever sua
própria visão sobre o futuro da humanidade e o crescimento populacional. Segundo
Malthus: ''Pode-se seguramente declarar que, se não for à população contida por freio
algum, irá ela dobrando de 25 em 25 anos, ou crescerá em progressão geométrica (1, 2,
4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512,...). Pode-se afirmar, dadas as atuais condições médias da
terra, que os meios de subsistência, nas mais favoráveis circunstâncias, só poderiam
aumentar, no máximo, em progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,10)''. Malthus
concluiu que se o aumento da população não for controlado, o aumento de áreas
cultivadas seria esgotado, pois todos os continentes estariam completamente ocupados
pela agropecuária.

Resumindo: Malthus alerta a população inglesa sobre um possível esgotamento de


alimentos, ressaltando os malefícios de um surto populacional. Por meio de uma
perspectiva pessimista, o economista pretender chamar a atenção da sociedade para que
medidas de melhoramento de solo, melhor aproveitamento de alimentos, menor
desperdício de produtos alimentícios e, principalmente, medidas de prevenção e redução
da taxa de natalidade sejam tomadas, com o objetivo de evitar a disseminação da pobreza
e da miséria.

Proposta de soluções Para Malthus as principais medidas para combater a fome seria
controlar o crescimento populacional, ou seja, deveria manter um equilíbrio entre o
crescimento da população e a disponibilidade dos alimentos, através do aborto, do
controle de natalidade, do adiamento dos casamentos até que as pessoas pudessem
sustentar uma família. Outras medidas seria: aumentar a demanda de trabalho agrícola,
fomentando o cultivo e, com isso, aumentando a produção no país, e melhorar a condição
do trabalhador.

Falhas da teoria

Quando essa teoria foi elaborada mesmo parecendo muito consistente, tinha erros,
pois as previsões estão ligadas principalmente às limitações da época para a coleta de
dados, já que Malthus tirou suas conclusões partindo da observação do comportamento
demográfico em uma determinada região, com população predominantemente rural, e as
consideraram válidas para todo o planeta no transcorrer da história, sem considerar os
progressos técnicos advindos da natural evolução humana. Não previu os efeitos
decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado
à agricultura. Hoje, verifica-se que suas previsões não se concretizaram: a população do
planeta não duplicou a cada 25 anos, e a produção de alimentos se acelerou graças ao
desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo, a
quantidade produzida aumentou, uma vez que a produtividade (quantidade produzida por
área; toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem aumentando ao longo das
décadas.

CRITICAS

Malthus subestima o papel do progresso técnico na agricultura. A agricultura


ocidental teve um aumento no rendimento dos solos, bem como um forte aumento da
produtividade do trabalho. Assim hoje, um agricultor francês produz o suficiente para
alimentar sete pessoas, em vez de quatro pessoas na época do autor.
Na China, alguns princípios de sua teoria ainda são seguidos, em especial o de
controle da taxa de natalidade, as famílias portadoras de um “comprovante de filho
único”, recebem vantagens monetárias e prioridades nas escolas e mesmo nas
universidades. Por outro lado, os casais urbanos com mais de dois filhos nos campos
perdem parte de seus direitos sociais. Isso evidencia a preocupação com a possibilidade
de um surto nacional, em que o Estado não seria capaz de assegurar uma boa qualidade
de vida para toda a sociedade se houvesse um aumento populacional considerável.

Obras

- Ensaio sobre a população (primeira edição anônima em 1798, segunda edição com o
nome do autor em 1803).
- Investigação sobre a natureza e a evolução da renda (1815).
- Princípios de economia política e considerações sobre sua aplicação prática (1820).
- A medida do valor (1823).
- Definições de economia política (1827).

John Stuart Mill

(em sua obra Princípios de Economia Política, de 1848, percebe-se que ele reitera essa
questão da preocupação com a riqueza),

[…] Os autores de Economia Política professam ensinar ou investigar a natureza da riqueza, bem como as leis de
sua produção e distribuição, incluindo, diretamente ou de maneira remota, a operação de todas as causas que
fazem com que prospere ou decline a condição da humanidade, ou de qualquer sociedade de seres humanos, com
respeito a esse objeto universal do desejo humano. Não que algum tratado de Economia Política possa discutir
ou mesmo enumerar todas as essas causas; todavia, empreende segundo quais elas operam.

Esse universalismo característico da Economia Política destacado por Mill foi, com
o tempo, desmanchado por conta do nascimento de disciplinas especializadas, como a
Sociologia e a moderna Ciência Econômica.

Foi a Economia Política que começou a construir os fundamentos para se equacionar


problemas como a questão do preço de mercadorias (desde uma joia ou um alimento até
um navio ou um avião) e o tipo de trabalho nela empregado. Foi também essa ciência
que deu os instrumentos iniciais para o cálculo político e o cálculo econômico, o que hoje
é chamado de política econômica: taxa de juros, equilíbrio entre importação e exportação,
inflação, política monetária etc.

Jean Baptiste Say

Nasceu em Lyon na França em 1767. Aderiu às ideias liberalistas do final do


século e aos princípios da Revolução Francesa de 1789, voluntariou-se para o exército.
Oito anos mais tarde, após adquirir grande notoriedade como jornalista foi chamado por
Napoleão, para ocupar uma cadeira no Tribunal, embora não tenha ficado por muito
tempo em seu cargo, devido as suas ideias liberalistas que se opunham ao
intervencionismo bonapartista. Ao deixar a vida política, Say se tornou um empreendedor
e passou a dirigir uma empresa com mais de quatrocentos funcionários. Na restauração
da República Francesa foi lhe confiado um estudo sobre a economia britânica, e tornou-
se docente primeiramente no Conservatório de Artes e Ofícios e depois no Collège de
France, onde ocupou, em 1830, a primeira cátedra de Economia Política. Faleceu em
1832, aos 65 anos.
Como um fiel seguidor e difusor de Adam Smith na França, suas ideias liberais
influenciaram os modos de produção, distribuição e circulação de produtos, que por sua
vez vieram a modernizar e dinamizar o mercado francês em seu recente processo de
revolução industrial. Por se tratar de um economista liberalista percebeu na Revolução
Industrial que a verdadeira riqueza provinha da grande produção e escoamento de bens
produzidos.

Principais Obras
Tratado de economia política (1803)
Catecismo de economia política (1815)
Curso completo de economia política (1828)

PRINCIPAIS TEORIAS

Baseia sua teoria em três fatores para a produção: os agentes naturais (matéria
prima), trabalho humano, e o capital financiador, baseados na oferta e na procura do
mercado. Possuía ideias divergentes de Adam Smith que dizia que o valor da riqueza de
uma nação está na sua produção industrial, e para Say estava nas interações entre o
conjunto das atividades de produção e os serviços prestados.
Teorizou também sobre o valor dos produtos baseando na variação do custo da
matéria prima, os salários a serem pagos para os trabalhadores, e o lucro que será obtido
com o bem produzido. Também considerava que a moeda não influenciava no valor do
produto por considera-la neutra em relação a economia real, nisso baseou-se sua mais
expressiva teoria, a lei dos mercados.
A lei dos mercados diz que com a produção será gerada renda para a próxima
produção, já que dentro do processo de produção capitais já foram distribuídos tanto como
no salário dos funcionários como no pagamento dos fornecedores, o que faz com que o
capital mantenha-se em circulação, já que o trabalhador com seu salário adquiri produtos,
e o fornecedor ao ser pago pode adquirir novos meios de otimizar sua produção, mantendo
então um ciclo onde toda produção financia a produção posterior, e capitais adquiridos
na produção podem ser usados para melhoria de sua produção e aumento da próxima
produção. Para tornar essa teoria valida Say considera que toda produção será escoada no
mercado, ou seja, todo produto produzido será vendido, e que para que aja um
crescimento econômico deve-se aumentar a produção, pensando que todos os produtos
seriam vendidos, e que o período de crise econômica seria justificado por uma baixa taxa
de produção, pois sem a produção não há movimentação e distribuição de capital. Say
defendia que o papel do estado é aperfeiçoar o processo pelo qual o produto será escoado
no mercado, ou seja, o estado deve viabilizar as melhores infraestruturas para transportar
o produto pelo território para que não exista um aumento no preço dos produtos devido a
um processo de logística ruim.

CRÍTICAS

A lógica da lei dos mercados pode ser contrariada por vários pontos como, as
flutuações das atividades econômicas, que levaria a uma superprodução, a queda dos
preços decidida pelos vendedores, e a não escoação total dos produtos produzidos que
levaria ao acumulo de bens em estoques. Outro fator que seria prejudicial a teoria de Say
é o acumulo do lucro adquirido com a produção em poupanças, ou seja o capital seria
acumulado e deixado de ser reinvestido na produção, interrompendo o ciclo do capital
entre os termos das produções. Também deve ser considerado que o produto não seja do
agrado da população, o que levaria a uma pequena taxa de venda fazendo com que as
vendas dos produtos não sejam capazes de pagar a sua produção levando a indústria a
uma crise. Um dos principais pensadores que criticaram as ideias de Say é Thomas
Malthus, que critica a teoria em vários aspectos.

A crise da Economia Política Clássica

Entre os anos vinte e quarenta do século XIX, inicia-se a crise da Economia


Política Clássica. Aparece na mudança profunda da relação que a burguesia tinha com a
cultura da época e que se valera até então. Surge a emancipação política mas não a
humana que fora conduzido por ela nos ideais da Revolução Francesa (liberdade,
igualdade, fraternidade).

O regime burguês libertou os homens de dependência do feudalismo; mas a


liberdade política esbarrava na desigualdade jurídica (todos são iguais perante a lei). Isso
nunca pode se traduzir em liberdade econômico-social.

Portanto a Revolução Burguesa não conduziu ao prometido reino da liberdade.


Conduziu a uma ordem social sem dúvida muito mais livre que a anterior, mas que
continha limites insuperáveis a emancipação da humanidade.

A realidade era uma nova dominação de classe. A burguesia se torna uma classe
conservadora. Aqui surge uma divisão na Economia Política: surge duas linhas de
desenvolvimento teórico. Os pensadores vinculados a burguesia e os pensadores
vinculados aos trabalhadores. A Economia se dividirá em dois campos, uma parte se
preocupando com as faces históricas, sociais e políticas (Economia Política) e a Economia
se especializará marcadamente na área técnica e com aplicações das áreas exatas
(matemática e estatística) para explicar seus conceitos. A economia á a qualquer pretensão
de fornecer as bases para a compreensão do conjunto da vida social e deixará os
procedimentos analíticos para analisar preferencialmente superficiais imediata da vida
econômica (como os fenômenos da circulação), privilegiando o estudo da distribuição
dos bens produzidos entre os agentes econômicos.
A crítica da Economia Política

KARL MARX (1844)

- Nasceu em Trier, Alemanha, em 1818


- Morreu em Londres em 1883 aos 65 anos
- Estudou direito e filosofia em Bonn, depois em Berlim,
- Obteve o doutorado em filosofia em 1841.
- Não conseguindo ingressar na Universidade, voltou-se para o jornalismo,
- Colaborou para diversas revistas, como “Gazeta Renana” e “Anais Franco-Alemães”. -
- Devido suas posições políticas em artigos e livros, foi expulso de várias revistas,
- Conheceu e se tornou amigo de Friedrich Engels,
- Amigos até a morte,
- Sintetizou as obras de Marx,
- Era um empresário de tecidos em Manchester,

- Entrou na política e criou comitês operários que se fundiram com a Liga dos Justos,
- Que eram movimento revolucionário britânico.
- Se firmou como um dos dirigentes da Associação Internacional dos Trabalhadores,
- Fundada em 1864.
- Concentrou boa parte dos seus esforços para organizar os trabalhadores,
- Para que estes lutassem por seus direitos contra a burguesia,
- E para que isso acontecesse era necessário um conhecimento da realidade,
- Ele descobriu que o capitalismo surgiu da exploração,
- Ou da apropriação dos meios de produção,
- Essa exploração criou duas classes: Capitalista e Trabalhadora,
- E que não estavam destinadas a constituir a evolução humana; mas a organização
social histórica da elite,
- Mantendo os trabalhadores na linha de produção.
- Isso não significa o fim da Economia Política, mas a sua superação,
- Incorporando as suas conquistas, mostrando os seus limites e desconstruindo os seus
equívocos.

PRINCIPAIS OBRAS

1 - Manuscritos econômico-filosóficos – Escrito em 1844, mas só publicado em 1932


- Foram as primeiras análises de Marx sobre a economia política (Ele era jovem ainda)
- Criticando as ideias de Adam Smith e do Filósofo Hegel,
- Analisa a propriedade privada, o comunismo e o dinheiro,
- Pensava-se que seus primeiros trabalhos eram só filosóficos, mas fala sobre a alienação
do trabalhador,
- Que as pessoas confiam no “trabalho” para viver,
- Que é somente através do dinheiro que s pode sobreviver,
- Por isso “ele não vive, só sobrevive”, ele é usado para gerar riqueza.

2 – A Ideologia Alemã – 1846


- Primeiro livro escrito por Marx e Engels,
- Um dos mais importantes – é a fase intelectual de Marx,
- Faz uma crítica aos jovens hegelianos de esquerda,
- Diziam que o racional é o real,
- A realidade é expressa em categorias reais,
- Criticavam a filosofia antiga. Era sem vida, tendenciosa,
- O Estado é Deus,
- Tinham uma ideologia conservadora,
- Marx dizia que eles nunca alcançaram a realidade concreta,
- Viviam só de sonhos
- Marx dizia que o sujeito da história é o espírito humano e não a atividade humana,
- Para os Hegelianos as ideias adquirem autonomia e subjugam o mundo.

3 - A miséria da filosofia – 1847


- É uma resposta a Filosofia da Miséria de Proudhon
- Que criticava o sistema econômico capitalista,
- Discordava do autoritarismo marxista.

- Marx critica a economia e a filosofia de Proudhon,


- O livro foi boicotado pelos autores liberais,
- Por isso vendeu pouco, mas fez sucesso com os operários na Alemanha,
- Marx ironizou o livro de Proudhon,
- Eram amigos e se tornaram inimigos,

4 – Manifesto do Partido Comunista – 1848


- É um dos tratados de maior influência mundial,
- Escrito no meio da revolução urbana de 1848 na Europa,
- Chamada de “Primavera dos Povos”,
- Reivindicavam reformas sociais como redução da carga horária de trabalho (12 para 10
h) e voto universal,
- Sua divulgação foi proibida, mas hoje é um dos livros mais lidos do mundo.
- Analisam as formas de opressão social durante séculos,
- Situam a burguesia como “Classe Opressora”, mas
- Não deixam de falar de sua importância como a destruição do poder da monarquia e da
religião e valorizavam a importância da liberdade econômica,
- Diziam que a burguesia explorava o trabalhador contribuindo para sua miséria,
- Afirma que o operário deve se organizar para lutar contra a classe opressora,
- Depois que venceram não se devem tornar opressora,
- Faz uma crítica a produção capitalista e como a sociedade se estruturou,
- Descreve os vários tipos de comunismos, defende a abolição da propriedade privada e
o fim das classes sociais,
- Criticava: o socialismo reacionário (a elite conquista a simpatia do povo),
- Socialismo Conservador (reformador e antirrevolucionário),
- Socialismo Utópico (Sonhadores)
- Defendem:
- Abolição da propriedade privada,
- Confisco de propriedade de rebeldes e foragidos,
- Tributação progressiva,
- Centralização do crédito nas mãos do Estado,
- Apoio ao cooperativismo do microcrédito,
- Estatização dos Bancos, empresas, meios de produção e agricultura,
- Igualdade entre todos os trabalhadores,
- Integração entre campo e cidade,
- Educação pública e a proibição do trabalho infantil.
5 - O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte – 1852
- Publicado na revista “Die Revoluçion”,
- Fala da Revolução que acontecia na França (1848 – 1851),
- O golpe de Estado onde Napoleão III se torna imperador (como seu tio Napoleão B),
- Desenvolve as teses do materialismo histórico, as lutas de classes, a revolução proletária,
a doutrina do Estado e a ditadura do proletariado.

6 - Contribuição à crítica da economia política - 1859


- Possui apenas 2 capítulos,
- O primeiro fala sobre mercadoria
- A diferença entre valor de uso e valor de troca,
- Os Fisiocratas falam que o valor vem da natureza e depende da distância em que
se encontra este bem da natureza.
- Os Liberais (Smith e Ricardo) falam do valor do trabalho
- O segundo fala sobre a moeda
- Faz uma análise do sistema monetário e seus usos enfocando o sistema
comunista

7 - A guerra civil na França - 1871


- Incentiva os socialistas e trabalhadores a luta de classes,
- São discursos de incentivo

8 - O capital - 1867-1894
- É um conjunto de livros (continuação das Contribuições Críticas da E. P),
- É uma análise crítica do Capitalismo,
- Fala sobre: a mais valia, capital constante, capital variável, salário, acumulação
primitiva e modo de produção capitalista.
Conteúdo
- Livro 1 – O Processo de produção capitalista – 1867
- Livro 2 – O Processo de circulação do Capital – 1885,
- Livro 3 – O Processo Global da Produção Capitalista - 1894,
- Livro 4 – Teoria da Mais Valia – 1905 (De I até V),
- Capítulo VI – Foi excluído por Marx. São notas do autor na transição do livro 1 e 2.

5.2. CONTEXTO HISTÓRICO

Para entender a teoria de Karl Marx, é necessário entender o contexto histórico no


qual ele estava inserido. Marx nasceu durante o processo de industrialização, na região
que mais se desenvolvia na época. Ele viveu no contexto de surgimento das grandes
indústrias, da economia e também do surgimento de uma classe social responsável pela
produção (mais conhecida como classe proletária).
Como o próprio Marx explicou, sua obra foi influenciada pela filosofia de
Friedrich Hegel, a economia política inglesa encarnada em David Ricardo e o socialismo
francês. Marx deu origem a uma filosofia da história de caráter universalista que inspirou
a origem dos Estados ditos socialistas, através do método dialético de Hegel.
O economista foi também responsável por apontar as disfunções características da
economia capitalista, revelando a oposição de interesses entre a burguesia e o
proletariado. Portanto, a obra de Marx constitui uma importante contribuição para o
estudo da transformação social, por introduzir a dinâmica das classes socias no processo
histórico.
SUAS IDEIAS

Divisão do trabalho: Marx separa a divisão social do trabalho e a divisão manufatureira


(criação específica do modo de produção capitalista). A divisão social do trabalho
apresenta agentes produtivos independentes submetidos à anarquia do mercado. Já a
divisão manufatureira, contribui para a dominação do capital sobre o trabalho, pois a
concorrência entre os produtores supõe que cada um deles rivalize com os demais na
questão de preço. Mas a divisão do trabalho resulta em uma separação entre o agente
produtivo e o produto de seu trabalho, uma sujeição do homem à máquina e aos ritmos
impostos pelos proprietários dos meios de produção.

Conceito de “Mais-Valia”: trata-se da diferenciação entre o valor gerado pelo trabalho


empregado pelo indivíduo e qual a remuneração que recebe do empregador capitalista.
Ou seja, a diferença entre o valor criado pela força de trabalho na forma de produtos
vendáveis e a compra dessa mesma força de trabalho pelo seu valor de troca gera um
trabalho excedente não remunerado pelo empresário capitalista, chamado de “mais-
valia”.

Luta de classes: teoria existente desde o final do século XVIII para designar o confronto
entre os opressores e os oprimidos, respectivamente, nesse caso, a burguesia e o
proletariado. Vale ressaltar que Marx não criou essa teoria, ele apenas foi o primeiro a
mostrar o papel das classes sociais na evolução da história. Segundo ele, a luta de classes
seria a força motriz por trás das grandes revoluções na história. Ela teria começado com
a criação da propriedade privada dos meios de produção. A partir daí a sociedade teria
sido dividida em possuidores do meio de produção e possuidores, unicamente, de sua
força do trabalho. Na sociedade capitalista, a burguesia retém a mercadoria produzida
pelo proletariado, e o produtor dessa mercadoria recebe um salário que é pago de acordo
com a qualificação profissional dele.

CRÍTICAS

Há pessoas que criticam a concepção marxista das classes sociais e a consideram


limitada para a análise dos antagonismos sociais das sociedades modernas. Para alguns,
a definição das classes sociais pelo lugar que ocupam no modo de produção parece
singularmente limitada para explicar a complexidade das relações sociais nas sociedades
contemporâneas. Marx elabora as bases de uma filosofia da história em que a classe
operária, agente e protagonista do processo histórico, deve permitir a transformação da
sociedade capitalista, porém alguns críticos alegam que esse conjunto de proposições
parece contradizer o próprio método do autor de “O capital”.

Para o sociólogo alemão contemporâneo Ralph Dahrendorf, uma teoria de classe


baseada na divisão da sociedade entre detentores e não-detentores dos meios de produção
perde seu alcance analítico quando há uma separação entre a propriedade jurídica e o
poder de controle. Nas sociedades desenvolvidas, o poder de decisão é exercido fora do
campo da propriedade efetiva dos meios de produção. Os tomadores de decisão das
grandes empresas são assalariados formados em universidades de grande prestígio social.
Portanto, são as relações de autoridade – mais do que as relações de propriedade – que
fundam as relações antagônicas.
Outra crítica feita a Karl Marx funda-se na história da Rússia coletivista que
mostra os limites do raciocínio marxista, uma vez que a abolição da propriedade privada
não permitiu a instauração de uma sociedade igualitária. Mascarados pela ideologia,
ressurgiram vários sinais de diferenciação social.

Contribuições

As contribuições de Marx foram para os campos da economia, política e até


mesmo, filosofia. Os costumes e a cultura podem ter mudado, mas a sociedade continua
seguindo a mesma direção. ‘O Manifesto Comunista’ toca em assuntos como a miséria e
a exploração do trabalho, que continuam presentes, e é uma ferramenta que poderia ter a
capacidade de mudar o mundo.
Marx elaborou uma nova teoria científica da evolução das sociedades e chegou a
uma série de conclusões que podem ser resumidas em alguns pontos como: a constante
transformação das idéias e dos homens tinha como papel essencial e dinâmico a realidade
exterior; A importância da realidade econômica, pois dela depende a sobrevivência e essa
determina as relações de produção, relações sociais e relações políticas; A dinâmica de
luta de classes, através das relações sociais e interesses antagônicos, entre os que
dominam e se submetem aos bens de produção e mecanismos econômicos; A evolução
das sociedades humanas como uma sucessão de modos de produção (elite dominadora e
minoria).
A importância de Marx para a sociedade atual é fundamental, pois este propôs
‘soluções’ e refletiu o funcionamento das relações existentes nas diferentes esferas:
política, econômica e social. Marx propôs novas formas de enxergar o mundo e a
sociedade em que vivemos, que continua seguindo o mesmo ciclo de modos de produção.
Mudam-se os cenários e os protagonistas, mas os papéis de dominador e dominado
sempre estão presentes na história da vida.

Atualmente o termo economia política é utilizado comumente para referir-se a estudos


interdisciplinares que se apoiam na economia, sociologia, direito e ciências políticas para
entender como as instituições e os contornos políticos influenciam a conduta dos
mercados. Dentro da ciência política, o termo se refere principalmente às teorias liberais
e marxistas, que estudam as relações entre a economia e o poder político dentro dos
Estados. Economia Política foi criticada por Karl Marx em Introdução à Contribuição
para a Crítica da Economia Política

LÉON WALRAS

Marie-Espirit Léon Walras nasceu em 1834, em Évreux no departamente de Eure. Sua


vocação de economista derivou de seu pai, Antoine-Auguste Walras, da Escola Normal,
professor de filosofia com vivo interesse na economia. Após o curso secundário, Walras
foi admitido na Escola de Minas em 1854, mas logo abandonou o curso para aprofundar
seus conhecimentos de literatura, filosofia e, claro, economia. A seguir dedicou-se ao
jornalismo e, sem êxito, à literatura. Depois de uma primeira publicação em 1859,
opondo-se a Proudhon, tentou obter um cargo no magistério francês, que lhe foi recusado.
Apenas em 1870, aos 36 anos, prestou concurso e se tornou titular da cátedra de economia
da Academia de Lausanne (Suíça). Aposentou-se em 1892 e se dedicou a seus escritos.
Morreu na Suíça em 1910.
Léon Walras pertence a corrente chamada “neoclássica”. Sua outra iniciativa teórica,
além de fazer uma modelagem matemática da economia para demonstrar seus
mecanismos, também é, a partir não da produção, mas da troca, que lhe parece a ação
principal dentro do sistema econômico. A ele se deve o modelo de mercado de
concorrência pura e perfeita, assim como as leis de oferta e demanda.

Mas a sua principal contribuição para a economia, de Walras, foi a teoria do equilíbrio
geral. Walras pertence a corrente liberal, porém, invoca a intervenção do Estado. Ele
justifica essa necessidade, com a existência de monopólios naturais, sobretudo no
transporte ferroviário, e defende a nacionalização das terras.

Walras também defende a uma regulação estatal da criação monetária.

PRINCIPAIS OBRAS

Economia política e justiça (1860);


Elementos da economia política pura (1887-1877);
Elementos de economia social (1896);
Estudos de economia aplicada (1898);

CONTEXTO HISTÓRICO

Léon Walras viveu principalmente na época da ascensão e expansão do Neoclassicismo,


que marca a história e define, pelos seguintes fatos.

O Neoclassicismo, ou Academicismo foi um movimento cultural nascido na Europa, em


meados do século XVIII, denominado século das luzes, mais precisamente em Roma, o
seu centro irradiador. Nesse século, o continente Europeu passava por mudanças radicais
principalmente na Inlglaterra e na França: os burgueses adquiriram um elevado poder
econômico, a nobreza empobreceu, o clero era criticado e o pensamento iluminista,
apoiado pelos burgueses, se difundiu.

Devido a tais mudanças ocorridas na Europa nesse período, revoluções começaram a


ocorrer no campo político, com destaque especial à Revolução Francesa, marca do triunfo
do Liberalismo sobre o Absolutismo. Já no campo econômico, a revolução industrial
triunfava na Europa, dando origem ào início de uma urbanização desenfreada. Nas
versões de Antonio Canova (1757 - 1822), Bertel Thorvaldsen (1770 - 1844) e John
Flaxman (1755 - 1826), esse estilo teve larga influência na arte e cultura de todo o
ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e um
renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da
moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e
dramáticos do Barroco. O neoclassicismo tem como base a importância da técnica e a
necessidade do projeto, o rigor formal e a definição, opondo-se ao excesso, à desmedida
e aos detalhes ornamentais do Barroco. Então, o arcadismo criticava o movimento
barroco, eles acreditavam que o barroco ultrapassara limites da arte de qualidade, então,
procuravam recuperar e limitar as características artísticas do renascimento, que era um
estilo considerado um modelo para eles.

REFORMULAÇÃO DA TEORIA DO VALOR


“Walras abandona a visão clássica do valor-trabalho em favor do valor-utilidade”.

O ponto de ruptura entre os “clássicos” e os “neoclássicos” se encontra na questão de da


determinação do valor dos bens.

No caso, os clássicos (Smit, Ricardo e Marx), consideram que o valor de um bem está
ligado ao trabalho necessário para a sua produção, isto é, aos custos de produção. Ou seja,
que o valor de um bem está ligado ao custo de produção do mesmo.

Os neoclássicos, como Walras, associam o valor do bem à utlidade dele junto ao


consumidor. Assim se passa do valor-trabalho (custo do bem se relaciona ao custo de
produção) e o valor-utilidade (custo do bem se relaciona à utilidade que ele terá junto ao
seu consumidor).

Mas a o que se deve essa passagem do valor-trabalho para o valor-utilidade? De uma


economia política articulada na função de produção e uma economia política da troca?

O pensamento econômico se fundou principalmente em relação as sociedades pré-


industriais, onde havia escassez de bens de consumo indispensáveis à sobrevivência das
populações, sobretudo agrícolas. No momento que a industrialização começou a se tornar
benéfica em termos de rendimento e de uma maior variedade de produtos no mercado, o
interesse dos economistas teria passado de análise de produção para análise de troca. A
partir do momento em que é possível discorrer, como fez Walras, sobre os matizes que
diferenciam o útil e o agradável, o necessário e o supérfluo, é razóavel pensar que, de
modo geral, estão atendidas as necessidades essenciais dos indivíduos.

“O valor de um bem decorre não da utilidade total do bem, mas sim da utilidade
marginal”

A fonte do valor reside não na utilidade total de um bem, mas em sua utilidade marginal,
ou seja, na utilidade da última unidade num mundo necessariamente sujeito à escassez. O
valor dos bens não é determinado pela quantidade total dos produtos que podem ser
adquiridos, mas sim pelo custo necessário para a produção da última unidade.

O conceito de utilidade marginal se situa no cruzamento entre a utilidade e a escassez dos


bens econômicos. Dessa forma, os neoclássicos resolvem o paradoxo smithiano do valor
da água da seguinte forma: A água é barata porque sua utilidade marginal é muito
pequena, devido à abundância de sua produção. Em contrapartida, o diamente é raro e,
portanto, sua utilidade marginal é grande. Não se trata mais de definir o valor dos bens
por sua utilidade global, e sim pela probabilidade de um agente econômico de obter sua
última unidade do bem em questão.

Porém a utilidade marginal é decrescente, ou seja, a satisfação do uso de um bem diminui


à medida que ele é consumido. A satisfação sentida no consumo de um produto alimentar
diminui de intensidade, e a lei da utilidade marginal decrescente explica por que as curcas
de demanda têm um lado negativo. O consumidor racional compara a utilidade marginal
do produto em termos de satisfação e a desutilidade do preço, isto é, o que lhe custa a
última unidade de consumo do produto.
O MERCADO CONCORRENCIAL ASSEGURA A REGULAÇÃO DO SISTEMA
ECONÔMICO

Uma economia moderna é composta por três grandes tipos de mercado, que são definidos
pela natureza do produto trocado pelos agentes econômicos. São eles:

- O mercado de bens e serviços satisfaz o consumo final dos lares.

- O mercado de trabalho, encontro entre a oferta de trabalho e demanda de trabalho.

- O mercado do capital que estabelece a relação entre a oferta e a demanda de capitais a


curto prazo (mercado monetário) e de capitais a longo prazo (mercado financeiro).

- O mercado de concorrência pura e perfeito se funda em cinco características. As três


primeiras definem a concorrência pura, as reuniões das cinco, forma o mercado de
concorrência pura e perfeita.

- Atomicidade da oferta e da demanda: grande população de indivíduos, todos iguais, e


com as mesmas qualidades (multidão de vendedores e consumidores), dessa forma,
nenhum participante consegue influenciar no nível das transações. Nenhum vendedor
nem consumidor consegue modificar a demanda e a oferta global, e portanto os preços
(regime de concorrência pura e perfeita).

- A homogeneidade dos produtos: os produtos são todos iguais (por exemplo: um quilo
de farinha do vendedor um é igual ao quilo de farinha do vendedor dois), o consumidor
escolherá indiferentemente. Isso supõe ausência de marca ou embalagem e a existência
produtos com qualidades totalmente iguais.

- O livre ingresso na indústria: obstáculos regulamentares, como a obtenção de


autorizações oficiais, barreiras econômicas, como o volume de capital técnico
indispensável para a realização de um determinado produto, não constam do modelo de
concorrência pura e perfeita.

- A transparência do mercado: todos estão completamente a par das quantidades


oferecidas e procuradas, e dos preços das transações.

- A fluidez do mercado ou mobilidade dos fatores de produção: evoca a liberdade a


circulação, trata-se de liberdade de entrada e saídas dos fatores de produção em relação à
determinada atividade econômica.

- O modelo de concorrência pura e perfeita apresenta dois interesses principais. A


concorrência pura e perfeita não existe, e é apenas uma ferramenta muito útil no ponto de
vista de análise econômica e ela explica a concorrência imperfeita, isto é, uma situação
de mercado que se afaste daquelas cinco características.

TEORIA DO EQUILÍBRIO GERAL

Se se agrega a totalidade dessas ofertas e demandas individuais a cada produto em cada


mercado, chega-se a uma oferta e a uma demanda global, isto é, uma oferta e uma
demanda de mercado. O encontro entre a oferta e a demanda para cada produto permite a
definição de um preço, que é flexível, pois se baseia nas intenções de compra dos
consumidores e nas estratégias de produção das empresas em relação ao nível dos preços.

Dessa forma a oferta é uma função crescente do preço e a demanda é uma função
decrescente do preço. E existe um preço de equilíbrio entre a oferta e a demanda.

Os preços permitem o equilíbrio em cada mercado e o contribuem para a realização do


equilíbrio geral. O sistema de preços, assegurando, pela auto-regulação, o equilíbrio entre
a oferta e a demanda em cada mercado, favorece a realização do equilíbrio geral, na
medida em que todos os mercados são interdependentes. Assim o equilíbrio no mercado
de trabalho e no mercado de capital por meio do salário (preço de equilíbrio do trabalho)
e do juro (preço do equilíbrio do capital) gera o equilíbrio no mercado de bens e serviços.

CRÍTICAS

Alfred Marshall critica a separação de valor-trabalho e os neoclássicos adeptos do valor-


utilidade. A oferta de um bem é função dos custos de produção (visão objetiva), ao passo
de que a demanda de um bem é determinada pela utilidade (visão subjetiva). Na visão
crítica, ele diz que a curto prazo, as capacidades de produção não podem ser alteradas,
portanto, é a intensidade da demanda que determina o valor dos bens anunciados pelos
preços.

Edward Chamberlain diz que a concorrência também pode existir no mercado imperfeito.
Ele mostra que os benefícios da concorrência não estão sistematicamente ligados à
atomicidade da oferta e da demanda. Ele defende a não homogeneidade dos produtos, ou
seja, a criação de marcas e ao processo de propagandas sobre o produto.

Diferentemente de Walras, que propõe a formação dos preços pela relação de oferta e
demanda, o economista Galbraith propõe a noção de preços administrados, para designar
a formação dos preços nos mercados oligopolistas.

JOHN MAYNARD KEYNES, REFORMADOR DO CAPITALISMO

John Maynard Keynes nasceu em Cambridge em 1883. Aluno do colégio Eton, depois
estudante de matemática e economia no King’s College, em Cambridge, ele seguiu os
ensinamentos do grande representante da escola neoclássica, Alfred Marshall. Depois de
uma rápida passagem pela administração britânica no Ministério dos Negócios das Índias,
tornou-se assistente no King’s College, após defender sua tese sobre a teoria das
probabilidades em 1908. A seguir, foi chamado para diversas missões administrativas,
primeiro no Tesouro em 1915, e depois para a conferência de paz em 1919 (durante a
Primeira Guerra Mundial), para preparar o Tratado de Versalhes. Discordando do
montante das indenizações impostas à Alemanha, ele renunciou a suas funções. Então
passou a se dedicar a hábeis especulações na Bolsa, como Ricardo, ao mesmo tempo que
escrevia vários artigos sobre os problemas econômicos da época. Recebendo o título de
lorde em 1942, representou a delegação britânica na Conferência de Bretton Woods, em
1944. Keynes morreu aos 63 anos de um ataque cardíaco em 1946.

PRINCIPAIS OBRAS

“As consequências econômicas da paz” (1919)


“Tratado sobre a moeda” (1930)
“Ensaios de persuasão” (1931)
“Teoria geral do emprego, do juro e da moeda” (1936)

CONTEXTO HISTÓRICO

Na década de 30, a economia mundial enfrentava uma crise econômica (oriunda dos
prejuízos da Primeira Guerra e agregada à quebra da bolsa de valores de Nova York, em
1929), conhecida como “Grande Depressão”. A realidade dos países capitalistas era
crítica. Desemprego, fome e miséria assolavam. Apesar de a crise ter se estendido por
alguns anos, os economistas achavam que a mesma duraria pouco. Nesse contexto,
Keynes desenvolveu uma teoria alegando que a política econômica vigente não surtiria
melhoras, relacionando-a ao período crítico, e propôs uma nova organização econômica.
Keynes alegava que o Estado tinha que intervir na economia através de uma política em
que o nível de produção nacional seria determinado pela demanda agregada ou afetiva.
Ou seja, a demanda geraria a oferta. Os estadistas seguiram a teoria de Keynes e a
economia se desenvolveu.

SUAS IDEIAS

Os economistas clássicos e neoclássicos, antes de Keynes, abordavam os fenômenos e


mecanismos econômicos como vinculados a comportamentos individuais (consumo,
poupança) ou a estratégias elaboradas por grupos de dimensões relativamente restritas
(empresas). A economia nacional não era mais do que a soma dos comportamentos e
estratégias individuais. A revolução Keynesiana constituiu uma ruptura com esses
pensamentos e ensinou a considerar o sistema econômico em seu conjunto e a analisar as
interações entre as diferentes grandezas da economia nacional.

Keynes contestou a teoria clássica da taxa de juros e a neutralidade da moeda

Para os clássicos, o juro era um preço que, como qualquer outro, é determinado pelo jogo
da oferta e da procura no mercado. A taxa de juros equilibra o nível do capital que pode
ser emprestado e o nível do capital buscado pelos empresários. Assim se forma o
equilíbrio entre poupança e o investimento.

Keynes rompe com essa visão clássica ao mostrar que a taxa de juros regula menos o
mercado de capitais do que a oferta e a procura de moeda, isto é, de “dinheiro líquido”.
Ele então recorre a essa preferência pela liquidez, que remete aos comportamentos dos
agentes econômicos. Essa preferência pela liquidez, que se caracteriza pela vontade de
conservar valores em caixa em moeda líquida, responde a três motivações:

- um motivo de transação. Os agentes econômicos conservam uma parte de seus


rendimentos em forma líquida, para atender às despesas normais de consumo;

- um motivo de precaução.Os agentes econômicos guardam valores líquidos para se


precaver contra eventuais dificuldades (desemprego, acidente);

- um motivo de especulção, que leva os agentes econômicos a guardar dinheiro líquido


na espera de uma boa ocasião (alta das taxas de juros).
A demanda de moeda é forte quando a taxa de juros é baixa, e fraca quando a taxa de
juros é alta. Para Keynes, trata-se não tanto de um preço, e sim de um prêmio oferecido
aos poupadores para incentivá-los a se desfazer de suas reservas monetárias.

Keynes contesta a teoria clássica do desemprego

Os economistas clássicos e neoclássicos abordam o trabalho humano como uma


mercadoria igual a qualquer outra, e seu preço é determinado livremente pelo simples
jogo da oferta e da procura. É o salário (preço do trabalho) que permite atingir o equilíbrio
entre a oferta e a demanda de trabalho. Para Arthur Cecil Pigou, que apresentou a teoria
neoclássica do desemprego, não pode existir desemprego involuntário quando não há um
entrave à livre concorrência no mercado de trabalho e à elasticidade dos salários
nominais. Se a oferta é superior à demanda, o salário, como qualquer outro preço, deve
diminuir. Na medida em que os salários diminuem e os preços continuam inalterados, os
lucros das empresas aumentam, estimulando, assim, a criação de novos empregos que
reabsorvem o desemprego. Para os clássicos, o desemprego só pode ser voluntário, ou
seja, é ligado à recusa dos trabalhadores em aceitar uma baixa em sua remuneração.

Em contrapartida, Keynes acredita que a baixa dos salários só pode gerar o aumento do
desemprego. Se a redução dos salários é acompanhada por uma baixa dos preços,
nenhuma alteração consegue romper o círculo vicioso do subemprego, na medida em que
os salários nominais serão iguais aos salários reais. Uma redução salarial de 10%,
associada a uma baixa do nível geral dos preços de 10%, mantém inalterado o nível de
lucro das empresas. Não podendo haver, portanto, criação de empregos.

A demanda efetiva comanda o nível de produção e, portanto, o nível do emprego

O conceito de demanda efetiva designa não a demanda real, mas a demanda potencial tal
como antecipada pelos empresários. É em função da demanda efetiva, que reúne a
demanda de bens de consumo e de bens de produção, que os empresários determinam o
nível da produção. É evidente que de nada serve produzir se o bem produzido não tem
compradores. Assim, o nível de produção das empresas deve estar de acordo com o nível
da demanda antecipada pelos empresários. O nível de emprego, por sua vez, decorre do
nível de produção.

O volume do consumo depende, primeiramente, do nível de rendimento global

Um rendimento só pode ser usado de duas maneiras: poupança e consumo. Se o


rendimento aumenta, os dois devem aumentar normalmente. Quando o rendimento
aumenta, o consumo cresce. No entanto, segundo Keynes, ele cresce numa proporção
menor do que o aumento do rendimento. Para estabelecer as relações que podem ligar o
consumo ao rendimento, Keynes definiu as propensões médias e marginais a consumir.

A propensão média a consumir mede a relação entre o consumo e o rendimento num dado
período.

A propensão marginal a consumir mede a relação entre a variação do consumo num dado
período, e a variação correspondente do rendimento no mesmo período.
Inversamente, a propensão média a poupar mede a relação entre a poupança e o
rendimento num dado período.

E, por último, a propensão marginal a poupar mede a relação entre a variação de


poupança num dado período, e a variação correspondente do rendimento no mesmo
período.

A demanda de bens de consumo, portanto, depende do rendimento global e da propensão


marginal a poupar.

A ampliação das funções do Estado é a única maneira de evitar uma destruição das
instituições econômicas

Perante a crise econômica, a recessão e o desemprego, os poderes públicos devem acionar


políticas econômicas que permitam a restauração do pleno emprego. O Estado se substitui
aos mecanismos espontâneos do mercado, para assegurar o equilíbrio econômico e o
crescimento, mas sem eliminar a sociedade civil em favor de um sistema coletivista.
Keynes não acredita no socialismo de Estado, assim como se declara contrário ao
princípio das nacionalizações: o Estado não deve assumir a propriedade dos meios de
produção. Se o poder público intervir, sua gestão deve ser apenas temporária, ou seja,
uma vez garantido o retorno ao pleno emprego, a intervenção estatal cessa e o mercado
retoma seus direitos.

CRÍTICAS

O economista italiano Franco Modigliani relativiza a hipótese keynesiana de um


crescimento de poupança em função do aumento da renda. A decisão entre consumo e
poupança dependeria de diversos fatores associados ao “ciclo de vida” de um indivíduo
ou de uma família. A idade é um fator dominante: os rendimentos associados à atividade
profissional aumentam à medida do tempo de serviço na função. O tamanho da família
também desempenha um papel nas estratégias de poupança dos agentes econômicos.
Modigliani, baseando-se em estudos empíricos, mostra que a riqueza de uma família é
uma função decrescente do número de filhos no lar.

O economista norte-americano James Duesenberry mostrou que os comportamentos de


consumo dos agentes econômicos não dependem apenas do nível de renda, mas também
de sua posição nas estruturas sociais. Assim, para Duesenberry, as classes superiores são
levadas por suas práticas de consumo a exercer um “efeito de demonstração” no conjunto
do corpo social, e talvez mais particularmente nas categorias que vem imediatamente
abaixo. Quando um agente ou um grupo de agentes econômicos tem uma melhoria no
padrão de vida, não irá aumentar automaticamente seu nível de poupança, como sugeria
Keynes, mas sim, tentará se aproximar, por um “efeito de imitação”, das normas de
consumo das categorias que, até então, estavam acima dele.

Contribuições

John Maynard Keynes, sem dúvida, foi o economista mais influente dos últimos 100 anos.
Suas teorias iniciaram uma revolução na ciência, contestando preceitos da lógica
neoliberal que, até então, reinavam na academia. E foi além, suas idéias tiveram força
suficiente para criar a escola de pensamento Keynesiana, cujo o impacto transformou toda
a macroeconomia contemporânea.

JOSEPH ALOIS SCHUMPETER

Nasceu em Triesch, atual Triesch, Morávia, que era, então, parte do Império Austro-
Húngaro (atualmente República Tcheca), em 1883,
Morreu em 1950 em Harvard
- Mesmo ano da morte de Karl Marx e do nascimento de John Maynard Keynes.
- De família católica e único filho de pais alemães étnicos.
- Seu pai, um fabricante de tecidos, morreu precocemente, e sua mãe casou-se então com
um oficial de alta patente do exército austro-húngaro.
- O jovem Schumpeter recebeu uma educação tipicamente aristocrática
- Forte nas Humanidades, fraca em Matemática e ciência — no Theresianum, instituição
jesuíta de ensino, fundada pela imperatriz Maria Teresa, em Viena, no ano de 1746.
- Em 1901 ingressou na faculdade de Direito da Universidade de Viena,
- Começou a lecionar antropologia em 1909, na Universidade de Czernovitz (hoje na
Ucrânia), e, a partir de 1911, na Universidade de Graz, onde permaneceu até a Primeira
Guerra Mundial.
- Teve cursos de economia ministrados por Friedrich Von Wieser (1851–1926) e
participou de seminários de Eugen Böhm Von Bawerk (1851–1914), junto com outros
economistas em formação, como Ludwig von Mises (1881-1973) e os austromarxistas
Otto Bauer (1881-1938) e Rudolf Hilferding (1877-1941).
Em março de 1919 assumiu o posto de Ministro das Finanças da República Austríaca,
permanecendo por poucos meses nesta função.
- Em seguida, assumiu a presidência de um banco privado, o Bidermann Bank de Viena,
que faliu em 1924.
- A experiência custou a Schumpeter toda a sua fortuna pessoal e deixou-o endividado
por alguns anos.
- Depois desta passagem desastrosa pela administração pública e pelo setor privado,
decidiu voltar a lecionar, desta vez na Universidade de Bonn, Alemanha, de 1925 a 1932.
- Com a ascensão do Nazismo, teve que deixar a Europa.
- Viajou pelo Japão e pelos Estados Unidos, para onde se transferiu, em 1932, assumindo
uma posição docente na Universidade de Harvard, em Cambridge (Massachusetts).
- Ali permaneceu até sua morte, em janeiro de 1950, pouco antes de completar 67 anos.
- Foi muito estimado por seus alunos, vários dos quais se tornaram seus leais seguidores.

PRINCIPAIS OBRAS
Teoria do desenvolvimento econômico (1911);
Ciclos dos negócios (1939);
Capitalismo, socialismo e democracia (1942);

CONTEXTO HISTÓRICO
- O período em que Joseph viveu, foi um dos mais perturbados da história, a Primeira
Guerra Mundial, a ascensão do Nazismo e do Fascismo.

Sobre a Primeira Guerra Mundial, vale destacar, os vários problemas que atingiam as
principais nações europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado
feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a
partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por
exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e
Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande
mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser
considerada uma das causas da Grande Guerra. Vale lembrar também que no início do
século XX havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus,
principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou vários
conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados
numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem,
no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os
países, onde um tentava se armar mais do que o outro.

Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A
França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a
Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os
franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.

O pangermanismo e o pan-eslavismo também influenciou e aumentou o estado de alerta


na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma
nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos.

O Fascismo surgiu devido à crise econômica vivida pela Itália a partir do fim da Primeira
Guerra Mundial. Embora tendo ficado do lado vitorioso da Guerra, a Itália não foi
beneficiada com as recompensas prometidas, o que ocasionou um aumento na inflação,
desemprego, fome, dentre outros problemas econômicos no país.

O monarca, Rei Vitor Emanuel III, foi incapaz de atender às reinvindicações das
manifestações populares, enquanto as classes médias e altas ficavam apavoradas com
estas manifestações dos trabalhadores.

Foi quando Benito Mussolini fundou uma organização chamada “fasci di


combattimento”, junto com ex-combatentes e desempregados e financiada por industriais.
Tal organização transformou-se no Partido Nacional Fascista, e se utilizava de ações
violentas para tentar restabelecer a ordem no país. O Rei acabou por encarregar Mussolini
de formar um novo governo, em 1922.

O Nazismo nasceu também após a Primeira Guerra Mundial, período a partir do qual a
Alemanha entrou em crise econômica que desestrutura a produção e o comércio do país.
Esta crise permitiu a ascensão do poder do partido Nazista, liderado por Adolf Hitler.

A partir das ideias racistas de Hitler e de seu poder de persuasão, surgiu na Alemanha um
regime totalitário e militar que era baseado na ideia de regeneração nacional, a qual se
daria por meio do extermínio das raças consideradas impuras (judeus, cristãos, negros,
etc). Durante este regime aconteceu o Holocausto, episódio da história mundial em que
milhares e milhares de pessoas foram mortas cruelmente por uma nação completamente
dominada pelas ideias nazistas.

O EMPREENDEDOR É O REVOLUCIONÁRIO DA ECONOMIA

“Os motivos que levam o empreendedor a agir não são exclusivamente comandados pela
busca de lucro”

Ao contrário de Marx, para quem o empreendedor, “o homem do dinheiro”, se identifica


com uma classe social (burguesia), o empreendedor de Schumpeter é um invidivíduo um
pouco à margem do corpo social, um agente que, segundo seus próprios termos, “nada
contra a corrente”.

Schumpeter desenvolve os motivos que caracterizam o empreendedor e o impulso à ação,


que são eles:

- A criação de um espaço de poder;

- A vontade de lutar e vencer;

- A satisfação de criar uma forma econômica;

O EMPREENDEDOR ESTÁ NA ORIGEM DA INOVAÇÃO

- O empreendedor realiza novas combinações produtivas à base do trabalho humano e do


capital fixo,

- Utiliza novos meios de produção de maneira inovadora, mais vantajosa.

- O empreendedor, procura apenas fazer render seu capital, mas sem assumir riscos:

- Assim, o capitalista tem a tendência, por desconfiança, de evitar a inovação e o motor


da mudança econômica.

- Apresenta cinco formas de inovação, definida a “Teoria do desenvolvimento


econômico” a inovação não consiste apenas no investimento, nem na aplicação industrial
do avanço técnico:

Sendo assim, finalmente no capítulo II de sua teoria do desenvolvimento, ele nos


apresenta a sua figura central: o empresário inovador. Ele é o responsável por novos
produtos para o mercado, por meio de combinações mais eficientes dos fatores de
produção. Tipificando, as combinações inovadoras se configurariam nos seguintes casos:
1) Introdução de um novo bem;

2) Introdução de um novo método de produção, baseado numa descoberta cientificamente


inovadora;

3) Abertura de um novo mercado;

4) Conquista de uma nova fonte de matérias-primas


5) Estabelecimento de um novo modo de organização de qualquer indústria (criação ou
fragmentação de uma posição de monopólio, por exemplo).

O empreendedor, independentemente do porte da empresa em que atua, é o agente da


inovação e da destruição criativa, esta entendida como a força propulsora não só do
capitalismo como do progresso material. Quase todos os negócios, por mais fortes que
pareçam em dado momento, acabam falindo, e quase sempre porque não foram capazes
de inovar (algumas empresas que foram vanguarda, hoje estão na lata de lixo da história).

- A fabricação de um novo bem ou a transformação de um produto antigo com o acréscimo


de uma nova qualidade, que o torna diferente;

- A introdução de um novo método de produção. Não é preciso que se baseie numa


descoberta científica de primeira importância. Pode ser um novo procedimento comercial;

- A abertura de uma nova saída para o produto num mercado que não tinha sido
considerado anteriormente;

- A conquista de uma nova fonte de matérias-primas;

- A realização de uma nova organização de produção.

- A obtenção de uma nova combinação produtiva, mais inovadora do que as precedentes,


resulta de um excedente de valor: o lucro. Este se torna, pois, a remuneração do
“empreendedor dinâmico”, que deu origem à inovação. O lucro que decorre da inovação
não constitui uma renda de caráter permanente.

- A função empresarial, porém, pode declinar e, com ela, a inovação devido a mudanças
que afetam a grande empresa moderna. O aumento das dimensões da empresa ameaça
eliminar a figura do empresário inovador.

- A classe burguesa, que gerou um grande número de empreendedores, também está


ultrapassada, com a evolução das estruturas econômicas do capitalismo moderno que ela
própria havia criado. Relegada ao papel de acionista, motivada apenas pelo desejo de
aumentar os dividendos, a burguesia perdeu seu poder de direção econômica.

- A unidade industrial gigantesca, plenamente burocratizada, não só elimina as firmas de


porte pequeno e médio ao “expropriar” seus proprietários, mas, ao fim e ao cabo, elimina
igualmente o empreendedor e expropria a burguesia como classe destinada a perder não
só seus rendimentos, mas também, o que é infinitamente mais grave, sua própria razão de
ser.

A INOVAÇÃO DO CERNE DA DINÂMICA DO CAPITALISMO

A inovação se caracteriza por um processo de destruição criadora. O capitalismo é um


sistema econômico em movimento incessante. Nunca é e nunca será estacionário.
Sua essência é a evolução permanente que, retomando a fórmula de Schumpeter,
revoluciona constantemente a estrutura econômica em seu interior, destruindo
continuamente seus elementos velhos e criando continuamente elementos novos. O
desenvolvimento econômico, motor do capitalismo, se opõe à visão de um circuito
autorregulado apenas pelas forças do mercado.

A inovação, fenômeno descontínuo, gera flutuações no crescimento econômico. Uma


inovação nunca aparece sozinha, ela pertence a um grupo que reúne várias inovações.

Num primeiro período, a inovação apresenta seus efeitos benéficos alimentando o


crescimento econômico. Essa fase de prosperidade vem acompanhada pelo aumento de
investimentos e pleno emprego. Aqui a teoria schumpeteriana se torna uma derivada dos
ciclos de Kondratieff:

As ondas Schumpeterianas da inovação


Numa segunda fase, o pacote tecnológico tem um impacto desestabilizador nas estruturas
econômicas: é o momento crítico da “destruição criadora” que pode incluir falências de
empresas, quedas nas ações e desemprego.

CRÍTICAS

John Kenneth Galbraith critica o “empresário individual”, para ele, deve existir
um “empresário coletivo”, os membros da tecnoestrutura geralmente são donos do capital
da empresa. São assalariados recrutados em função de suas competências técnicas. Para
ele, suas motivações estão essencialmente ligadas ao desenvolvimento da empresa.
Assim, o lucro se torna um simples indicador dos desempenhos globais da unidade de
produção. No entanto, essa concepção sobre a evolução das economias desenvolvidas
apresenta dois limites: muitas empresas são de porte modesto e os membros das
tecnoestruturas possuem uma autonomia apenas relativa. Quando os resultados da
empresa mostram uma diminuição dos benefícios, o poder dos acionistas volta a ocupar
o primeiro plano, Assim, os diretores assalariados podem ser demitidos.

Junto com sua contribuição positiva, Schumpeter fez uma crítica persistente à
economia convencional, cuja preocupação com problemas estáticos de alocação em
mercados perfeitamente competitivos elimina a mudança e o papel do empresário. Mas
as especulações de Schumpeter foram muito além, para a questão da durabilidade de uma
civilização que vive continuamente destruindo o que criou -uma linha de pensamento que
vinha desde Marx e seu Manifesto Comunista.
Talvez Schumpeter tenha mais a dizer sobre a natureza do capitalismo do que a
nova safra de idealistas do mercado gerada pela globalização ou pelos apóstolos do século
20 da estabilização, como Keynes.
Ao menos, esse é o argumento de Thomas K. McCraw, em "Prophet of
Innovation" (profeta da inovação), sua nova biografia do grande Schumpeter e das
pessoas e locais importantes da vida dele. O tema da destruição criativa surge no cenário
da migração da própria família de Schumpeter, da dissolução do império Austro-
Húngaro, do descontentamento dos anos entre as guerras e de algumas circunstâncias
trágicas de sua vida pessoal adulta.
A principal ideia de McCraw diz respeito ao efeito do impacto do capitalismo na
ordem ainda muito feudal da Europa Central e Oriental sobre o pensamento de
Schumpeter. Foi a velocidade da transformação e a extensão dos deslocamentos que se
seguiram que o levaram a rejeitar os modelos de equilíbrio estático dos economistas
britânicos, derivados de uma sociedade onde a mudança econômica era evolucionária, e
as instituições, muito estáveis. Diferentemente de seu contemporâneo Keynes,
Schumpeter sempre viu a economia do ponto de vista de um empresário inovador, não do
tesouro ou do banco central.

Contribuições

Nos anos 60, um economista norte-americano Michael Posner, desenvolveu, a


partir da teoria de Schumpeter, uma explicação da troca internacional fundada no avanço
tecnológico de uma indústria ou nação, e, portanto sua superioridade em relação aos
parceiros da troca mundial. Isso também sugere um legado, deixado por Joseph, inserindo
suas ideias para outras pesquisas.

MILTON FRIEDMAN

Nasceu no Brooklyn, em 1912, Nova York


Morreu em São Francisco em 2006
- Filho de judeus imigrantes da Ucrânia,
- Estudou matemática na Universidade de Chicago.
- É um economista estatístico e liberal
- Participou da fundação da Sociedade de Mont-Pèlerin
- Reunindo economistas ligados à defesa dos valores próprios do liberalismo econômico
- à qual presidiou de 1970 a 1972.

- É considerado um dos maiores economistas do séc. XX, logo atrás de Keynes.


- Exerceu grande influência sobre as políticas econômicas dos países anglo-saxão é das
nações em desenvolvimento.
- Defensor do laissez-faire das forças espontâneas do mercado para se atingir um estado
de equilíbrio.
- Se contrapõe à teoria e às políticas de inspiração keynesiana.
- Na década de 1960, promoveu uma política macroeconômica alternativa conhecida
como "monetarismo".
*- Afirmou que existia uma taxa "natural" de desemprego,
- Defendeu que os governos somente poderiam aumentar o nível de emprego acima desta
taxa aumentando a demanda agregada e causando uma aceleração da inflação.
- Recebeu o Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel em 1976,
- É conhecido por sua pesquisa sobre a análise do consumo, a teoria e história monetária,
bem como por sua demonstração da complexidade da política de estabilização,
- Defendeu que a curva de Phillips era, no longo prazo, vertical à "taxa natural" e previu
o que seria conhecido como estagflação.
- Foi um conselheiro econômico de Ronald Reagan enquanto presidente,
- Sua teoria monetária influenciou a resposta do Federal Reserve à crise financeira
mundial de 2007-2008

PRINCIPAIS OBRAS

Teoria da função de consumo (1957)


Capitalismo e liberdade (1962)
Uma história monetária dos Estados Unidos (1963)
O papel da política monetária (1968)
Teoria dos preços (1976)
Liberdade de escolher (1980)

HERANÇA KEYNESIANA

Ele contesta a visão monetária derivada do keynesianismo: a inflação é sempre um


fenômeno monetário. Um banco central deve vincular a criação monetária ao aumento do
volume da produção nacional. Aponta a existência de um desemprego natural, que não
pode ser reduzido pelas políticas de alavancagem conjuntural, cuja única consequência
seria o aumento da inflação.

"Um aumento de rendimento não supõe necessariamente um aumento imediato do


consumo dos agentes econômicos."

TEORIA DA FUNÇÃO CONSUMO

Em "Teoria da função consumo", publicada em 1957, Friedman lança as bases de um


novo raciocínio sobre as relações entre a função repartição e a função consumo. O
rendimento resulta de dois componentes: um permanente é outro transitório.

O componente permanente (ou rendimento permanente) é função dos recursos que um


indivíduo considera estáveis ao longo do tempo (patrimônio, salário vinculado à
qualificação, avanço previsível na área de trabalho). O componente transitório é mais
aleatório, e pode se manifestar por uma baixa ou alta do rendimento no curto prazo
(ganhos em aplicações financeiras, prêmios salariais, reduções tributárias). A teoria do
rendimento permanente se opõe à ideia keynesiana de que um aumento do rendimento
determina quase automaticamente um aumento da propensão a consumir e, portanto, da
demanda global.

TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

Friedman apresenta a ideia de uma taxa de emprego natural que não está vinculada a uma
contingência conjuntural, mas faz parte das próprias estruturas de um mercado
administrado por forças exógenas à concorrência e ao sistema de preços.
Ele retoma a teoria quantitativa da moeda na obra "Uma história monetária dos Estados
Unidos". Qualquer variação na massa monetária só pode resultar numa igual variação no
nível geral dos preços. Quando a massa monetária é quantitativamente insuficiente para
autorizar a compra da produção, a economia entra em recessão. Por outro lado, quando a
quantidade de moeda circulante é superior ao nível da produção, a economia mergulha na
inflação. Se a demanda da moeda permanece estável, o crescimento da liquidez leva os
agentes econômicos a se desfazerem de uma moeda excedente, gastando-a na compra de
bens e serviços. Ressurge o mecanismo da inflação por demanda.

PAPEL DA POLÍTICA MONETÁRIA

Em "O papel da política monetária" ele pretende mostrar que a inflação, fenômeno
exclusivamente monetário, se deve a um aumento demasiado rápido da massa monetária
em relação ao PIB. O aumento da quantidade de moeda está ligado aos erros da política
econômica (déficit orçamentário, política conjuntural de alavancagem de inspiração
keynesiana, estratégia dos bancos centrais). Portanto, cumpre que os poderes públicos
subordinem a criação monetária ao aumento da produção e desistam totalmente de
recorrer às políticas de pleno emprego.

"Mais mercado e menos Estado" palavra de ordem do liberalismo friedmaniano.

Contribuições

Os primeiros a ouvir a mensagem de Friedman foram aqueles que ocupariam as mais altas
funções políticas nos EUA e no Reino Unido: o presidente Ronald Reagan e a primeira-
ministra Margaret Thatcher.

Ronald Reagan procurou reatar laços com os valores da sociedade americana: o trabalho,
a poupança e o investimento. Seu programa consistia em reduzir presença do Estado na
sociedade civil, diminuindo os créditos destinados às políticas sociais e reduzindo a carga
tributária sobre os rendimentos das pessoas físicas e jurídicas.

Margaret Thatcher implementou uma política drástica de controle da massa monetária. A


taxa de juros do Banco da Inglaterra aumentou e houve uma ofensiva contra os sindicatos
e a uma política de privatização.

CRÍTICAS

A crise do petróleo de 1930 deu razão aos neoclássicos porque não era conveniente
“laissez-faire o mercado” para garantir a prosperidade. O Estado deveria intervir com
todo o seu peso para salvar a sociedade civil, garantindo assim, o êxito de John Keynes.
O modelo keynesiano durou muito tempo após a Segunda Guerra, permitindo crescimento
econômico e pleno emprego. A partir dos anos 60 que esse modelo começou a ruir e a
última gota foi a quadruplicação do preço do petróleo em 1973.

O Pensamento da Economia Política está dividido em:


Escola Marxista Clássica/Austríaca Keynesiana Monetarista
Econômica
Economistas Karl Marx, Adam Smith, John Maynard Milton
Principais Vladimir Ludwig Von Mises Keynes e Paul Friedman e
Lenin e e Friedrich Hayek Samuelson David Laidler
Joseph
Stalim
Ideias Básicas Valorização Livre mercado, Intervenção O controle da
em função do crescimento, capital Estatal como oferta
trabalho e e empreendimento estímulo da monetária
economia como base da economia em como base do
dirigida pelo riqueza situações de crescimento
Estado crise nacional

3 – MERCADO: OFERTA, PROCURA E PREÇO

A lei da oferta e da procura é considerada a mais importante no terreno da


economia capitalista. Formada por conceitos que designam a disponibilidade de bens e
serviços à venda no mercado, por um lado, e sua demanda, por outro. A correlação entre
ambas fixa o preço de mercado para o comprador num momento dado, preço este que,
em condições normais, aumenta com o aumento da procura ou com a diminuição da
oferta.

A palavra “oferta” significa a ação de oferecer à venda, ou colocar à disposição


de alguém, bens e serviços. Por seu turno, a palavra “demanda” (ou procura) exprime a
ação de ir em busca de bens ou serviços. Já o “preço” é a medida do valor (expresso em
moeda) de um bem e/ou serviço. Oferta, procura e preço são elementos interdependentes.

O mecanismo da oferta e da procura resulta do comparecimento de compradores


e vendedores no mercado, começando os primeiros pelos preços mais baixos (maior
maximização da satisfação com o menor dispêndio possível) até encontrarem vendedores
disponíveis, e os segundos, que começam pelos preços mais altos até encontrarem
compradores. Hipoteticamente, haverá um preço de equilíbrio no ponto em que a
quantidade procurada seja igual à quantidade oferecida. Segundo o economista
Henderson, numa economia de livre concorrência:
1. O preço tende a subir quando, a um preço dado, a procura excede a oferta.
Inversamente, tende a baixar, quando a oferta excede a procura;
2. Uma alta do preço tende, mais cedo ou mais tarde, a diminuir a procura e a aumentar
a oferta. Inversamente, uma baixa no preço tende a aumentar a procura e a diminuir a
oferta;
3. O preço tende a um nível em que a procura seja igual à oferta. Todavia, convém
observar que o tipo de economia de livre concorrência (concorrência perfeita)
praticamente não existe, dando lugar a um mercado imperfeito, controlado pelos
grandes produtores, distribuidores e pelo Estado.
Por exemplo, quando um só vendedor controla o mercado temos uma situação de
monopólio; quando
um só comprador controla o mercado temos o monopsônio.
Muitas coisas são ofertadas e procuradas em relação a determinado preço. No caso
de haver modificação no nível do preço. As ofertas e procuras reagem com maior ou
menor intensidade; daí os estudos da teoria da elasticidade da oferta e da procura.
O estudo da elasticidade tem por finalidade explicar as inclinações das curvas da procura
e da oferta (elástica ou inelástica). Em geral, os bens de consumo de primeira necessidade
(ex.: arroz, feijão, sal) têm procura inelástica; os bens menos essenciais e de grande luxo
(ex.: jóias, objetos de arte) têm procura elástica. Em resumo, podemos conceituar a
elasticidade como sendo a relação entre a variação relativa da quantidade e a variação
relativa do preço.

4 – MOEDA E CRÉDITO

4.1 – MOEDA

4.1.1 – Conceito de Moeda

Ainda hoje existe muita polêmica em torno do conceito de moeda. Não é


ponto pacífico entre os economistas a compreensão do que seja moeda, divergindo
segundo as correntes ideológicas. Todavia, para fins introdutórios, ser a moeda tudo
aquilo que é aceito como instrumento de troca pelos diversos agentes econômicos, sendo
imposta por lei ou por costume nos negócios. A moeda funciona como forma de
pagamento de bens e serviços.

4.1.2 – Origem da palavra

A palavra moeda vem do latim “moneta”, derivando do nome da deusa


romana Juno Moneta, em cujo templo se fabricavam as moedas do Império Romano. A
palavra dinheiro pode ser admitida como sinônima de moeda, tendo sua origem, segundo
a maioria dos estudiosos, na expressão latina “denarius”, que era o nome de uma das
moedas romanas.
4.1.3 – Tipos de moeda

4.1.3.1 – Moeda metálica – formada pelo conjunto das moedas de ouro,


prata, níquel, bronze (moeda-mercadoria), e pelas moedas chamadas divisionárias (de
troco);

4.1.3.2 – Moeda fiduciária – formada pelo conjunto da moeda-papel


(bilhete de banco), papel-moeda (moeda de conta, de curso legal e forçado), e pela moeda
escritural (moeda bancária: cheque, títulos e cartões de crédito).

4.1.4 – Funções da moeda

A moeda desempenha várias funções na economia de um país,


destacando-se sobretudo as quatro funções seguintes:

1). Instrumento de troca;


2). Reserva de valor;
3). Medida comum de valor (referencial) dos bens e serviços,
traduzidos em seus preços;
4). Padrão de pagamentos futuros

4.1.5 – Os meios de pagamento

Levando-se em conta que o meio circulante é o total de moeda emitido,


ou seja, o que está em poder do público, na caixa dos bancos comerciais e com a
autoridade monetária; e que a moeda em poder do público é a soma do meio circulante
menos o total da moeda corrente na caixa dos bancos, temos por definição que os meios
de pagamento compreendem o total de moeda em poder do público mais os depósitos à
vista nos bancos comerciais. As fórmulas seguintes resumem o que acabamos de dizer:

Moeda em poder do público = meio circulante - moeda


corrente nos bancos

Meios de pagamentos = moeda em poder do público +


Depósitos à vista nos bancos comerciais

4.2 – CRÉDITO

4.2.1 – Origem do nome

A palavra crédito vem do latim “credere” e significa confiar em que uma pessoa,
ou qualquer outro agente econômico, possa restituir, no futuro, um valor equivalente ao
que recebe no presente.

4.2.2 – Conceitos de crédito

Crédito é a transferência temporária do uso do dinheiro; é o ato de outorgar a


terceiros (famílias, empresas ou mesmo o governo) o direito ou a capacidade de adquirir
parte da produção global.

4.2.3 – Alguns aspectos fundamentais

Depois da grande crise de 1929, os países capitalistas foram abandonando


paulatinamente a moeda-mercadoria, deixando o volume dos meios de pagamento em
cada país de ser determinado pelos mecanismos automáticos de mercado, passando a ser
regulado pelo governo. Com isso, a presença da taxa de juros ganhou destaque, sendo a
remuneração pela renúncia à liquidez, acrescentando ainda o elemento risco. A taxa de
juros real não somente reflete a diferença de liquidez, mas também um elemento de risco.

Segundo o economista inglês John M. Keynes, existem basicamente dois grande


motivos provocadores da demanda por moeda no mercado: o motivo transacional,
incluindo também aqui o motivo precaucional; o motivo especulativo. A taxa de juros,
desta forma, seria governada, em grande parte, pela expectativa em relação a ela própria.
Sobre moeda e crédito, pode-se tirar algumas conclusões:

Existe uma forte interrelação entre a taxa de juros (i), o crédito e a moeda;
A análise do crédito é muito útil para se entender a economia capitalista moderna, que
assume a forma, em muitas ocasiões, de um capitalismo de Estado, portanto, sujeito às
regulações e leis emanadas pelo governo;
Em caso de inflação, o valor da moeda será dado pelo inverso dos preços, uma vez que
as pessoas procurarão se desfazer o mais rapidamente possível do dinheiro, a fim de
adquirirem bens e/ou serviços.

5 – TEORIAS DO VALOR

5.1 – Introdução

O problema do VALOR, dentro da ciência econômica, é básico. É


intrínseco à economia, por ser esta uma ciência social que difere das demais, possuindo a
possibilidade de quantificar fenômenos. A maior parte das leis econômicas pode ser
expressa matematicamente, e verificada empiricamente (ex.: a lei da oferta e procura, lei
do valor da moeda, etc). É justamente sobre o valor que estudaremos ao longo deste
esboço, posto que é o valor o conceito-chave que permite a utilização de uma unidade de
medição essencial para, praticamente, todos os fenômenos do mundo econômico.

5.2 – Conflito Básico

“Existe um conflito que divide a economia em duas escolas opostas. Esta


divisão da economia em correntes, que se repelem e divergem e que, inclusive, não têm
uma linguagem comum, distingüe os partidários da Economia Marginalista dos da
Economia Marxista.” (Paul Singer, in Curso de Introdução à Economia Política). Assim,
existem, na ciência econômica moderna, duas maneiras diferentes de se definir valor:

1). Uma delas retira o valor de uma relação do homem com a natureza, ou
do homem com as coisas. Esta teoria parte da idéia de que o homem sente uma série de
necessidades e é na procura da satisfação destas necessidades que ele se engaja na
atividade econômica. O valor, neste caso, seria o grau de satisfação ou utilidade derivada
dessa atividade. De acordo com esta abordagem, a atividade econômica se dá
essencialmente entre o homem e o meio físico, sendo que o homem atribui valor aos
objetos ou aos serviços, na medida em que estes satisfazem suas necessidades. Esta é, em
essência, a chamada Teoria Marginalista (valor-utilidade).

2). A abordagem oposta retira o valor não das relações do homem com as
coisas, mas do homem com outros homens, isto é, das relações sociais. O valor seria assim
o fruto das relações que se criam entre os homens na atividade econômica, sendo medido
pelo tempo do trabalho produtivo que os homens gastam na atividade econômica como
um todo. Esta é, em essência, a Teoria Marxista (valor-trabalho).
A teoria do valor-utilidade parte da relação entre uma necessidade humana
e o serviço ou objeto que a satisfaça. Como isto depende muito das preferências
individuais dos agentes ativos da economia, a teoria do valor-utilidade parte de um
comportamento subjetivo. O consumidor passa a ser o centro do sistema, supondo os
autores marginalistas ser o consumidor sempre racional e capaz de reconhecer suas
necessidades e os modos de melhor satisfazê-las. Todavia, sabe-se que, com a propaganda
massiça, o marketing, a publicidade, as grandes corporações conseguem, em grande parte,
condicionar o consumo. Mesmo um autor da envergadura de John K. Galbraith concorda
em que o consumidor acaba por comprar em medida muito maior e em direção muito
diferente da que espontaneamente faria.

A teoria do valor-trabalho parte da idéia de que atividade econômica é


essencialmente coletiva, portanto, social, decorrente da divisão social do trabalho, na qual
as pessoas desempenham funções diferenciadas e complementares. Na medida em que o
valor é o valor do produto social, ele resulta de uma atividade coletiva e pode ser medido
pelo tempo de trabalho social investido neste produto, trabalho este socializado,
mensurado objetivamente.

Do ponto de vista da teoria do valor-utilidade, o valor do mesmo objeto


pode mudar, se a opinião das pessoas a respeito dele também mudar. Para o teoria do
valor-trabalho, o valor do produto social resulta de um determinado tempo de trabalho
socialmente necessário, gasto na produção de certa quantidade de mercadorias.
Evidentemente que estas mercadorias irão satisfazer necessidades humanas, pois, caso
contrário, não teriam valor. Mas a satisfação de cada necessidade do conjunto dos
consumidores requer uma determinada quantidade de mercadorias, e qualquer mercadoria
produzida além deste limite não é socialmente necessária. Ou seja, o trabalho gasto em
sua produção não é socialmente necessário, e portanto, não tem valor.

A teoria do valor-utilidade pretende-se a-histórica, ou seja, o


comportamento humano na área econômica é essencialmente idêntico sempre, embora
possa mudar na sua manifestação concreta.

A teoria do valor-trabalho é histórica por definição, sendo válida na


medida em que existe a divisão social do trabalho. Ponto interessante posto em pauta
pelos teóricos do valor-trabalho, é que a economia não é uma ciência meramente
descritiva, mas tende a resultados operacionais, interessando-se não pela troca individual
e seu comportamento, mas sim pela coletiva, tida como mais importante. A teoria do
valor-trabalho parte da produção; o valor não surge do mercado; surge sim na produção,
ou seja, no trabalho. É ainda macroeconômica, ao considerar a economia sempre como
um conjunto.

6 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

6.1 – Definição Básica

No verbete “Desenvolvimento” do Dicionário de Economia organizado pelo


economista Paulo Sandroni, pode-se ler que este autor entende por desenvolvimento
econômico o “crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per capita)
acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações
fundamentais na estrutura de sua economia”. É ainda Sandroni que aponta ser o
desenvolvimento de cada país dependente de características tais como situação
geográfica, passado histórico, extensão territorial, população, cultura e recursos naturais.

De maneira geral, as mudanças que caracterizam o desenvolvimento econômico


consistem no aumento da atividade industrial em comparação com a atividade agrícola,
migração da mão-de-obra do campo para as cidades, diminuição das exportações de
produtos primários e menor dependência de recursos (auxílio) externos.

A ONU usa os seguintes indicadores para classificar os países segundo o grau de


desenvolvimento: 1. Índice de mortalidade infantil; 2. Esperança de vida média; 3. Grau
de dependência econômia externa; 4. Nível de industrialização; 5. Potencial científico-
tecnológico; 6. Grau de alfabetização; 7. Condições sanitárias.

6.2 – Dimensões históricas do conceito de Desenvolvimento:

6.2.1 – Desenvolvimento entendido como evolução de um sistema cpaz de


produzir bens e serviços com elevada produtividade;
6.2.2 – Desenvolvimento entendido como grau de satisfação de necessidades
humanas elementares (habitação, transporte, saúde, alimentação);
6.2.3 – Desenvolvimento como consecução de objetivos dos grupos dominantes,
ditando o “tipo” de desenvolvimento a que se quer chegar
.
6.3 – Indicadores tradicionais do nível de desenvolvimento:

6.3.1 – Produto Interno Bruto (PIB);


6.3.2 – Renda per Capita;
6.3.3 – Eficácia do sistema produtivo.

6.4 – Indicadores Sociais mais específicos:

6.4.1 – Mortalidade Infantil;


6.4.2 – Incidência de enfermidades contagiosas;
6.4.3 – Grau de alfabetização.

6.5 – Crescimento versus Desenvolvimento

Poderíamos, de modo bastante sintético, dizer que o termo “crescimento” está


mais ligado ao aumento persistente do PIB; ao passo que o “desenvolvimento” seria o
objetivo mais amplo e complexo, envolvendo aspectos não só econômicos, mas também
sociais, políticos e culturais, estando mais ligado ao “estilo” de crescimento, trazendo
benefícios para a maioria da sociedade. O crescimento é pré-requisito para o
desenvolvimento; isto é, é condição necessária, mas não suficiente por si só para garantir
o desenvolvimento.
7 – REPARTIÇÃO DA RENDA

7.1 – Introdução

A repartição da renda é um dos tópicos mais antigos, clássicos e importantes da


economia. O economista inglês David Ricardo considerava a repartição da renda como
sendo o verdadeiro objeto da economia política. Afirmava este autor que a economia
deveria determinar as leis que presidem a repartição do produto social entre as diferentes
classes sociais.

De uma forma geral, a repartição da renda gerada tenta explicar de que maneira o
produto social é ou está sendo repartido (distribuído) entre as classes que compõem a
sociedade, ou seja, envolvendo certos rendimentos, tais como o salário, o lucro, a renda
da terra e o juro. Aliás, estas são as quatro categorias clássicas que quase sempre
constituem a estrutura da repartição da renda.

7.2 – Teorias da Repartição da Renda

7.2.1 – Teoria Marginalista – Segundo esta escola, a cada rendimento (salário,


lucro, renda da terra e juro) corresponde determinado fator de produção, sendo que os
rendimentos são a remuneração dos titulares (proprietários) desses fatores. Assim, ao
rendimento salário corresponde o fator trabalho; ao lucro corresponde o fator empresa; à
renda da terra corresponde o fator terra (recursos naturais); e ao juro corresponde o fator
capital (monetário).

O centro do problema está em saber como se reparte o produto social pelos quatro
rendimentos típicos. Ou seja, qual é a parcela do produto que se transforma em salário
(remuneração do trabalho), qual é a parcela que se transforma em lucros (remuneração do
capital e do capitalista), qual é a parcela que se transforma em juro e qual em renda da
terra. Para a maioria dos economistas marginalistas (neoclássicos), o problema é
resolvido a partir da “teoria dos rendimentos decrescentes”. Portanto, a resposta está na
combinação dos fatores de produção, e esta combinação é dada pela tecnologia. Na
medida em que se aumenta a participação de um dado fator, mantendo-se os demais
constantes (hipótese “ceteris paribus”), os rendimentos obtidos deste fator tendem a
decrescer. Assim, a tecnologia nos dá os limites em que podemos usar os fatores, mas
dentro destes limites existe uma certa flexibilidade. Cada um dos fatores podem ser
combinados em proporções variáveis, porém nunca arbitrárias. Todo o raciocínio
marginalista se baseia num comportamento racional do empreendedor (capitalista). Da
mesma forma, do outro lado da equação econômica (oferta da força de trabalho), o
trabalhador também deve Ter um comportamento dito “racional”. O resultado final é que
juros, salários e renda da terra serão determinados pelas produtividades marginais dos
respectivos fatores, e pela reivindicação mínima dos titulares daqueles fatores.

De acordo com a teoria marginalista, sempre que um elemento não econômico,


que é principalmente o governo, mas pode ser também um sindicato, interfere no mercado
de um fator de produção, elevando a remuneração deste fator, um certo número de
titulares de fatores, de trabalhadores, de capitalistas ou de donos de terra, terão que ser
desempregados.
7.2.2 – Teoria Marxista – Esta teoria começa com uma definição do que há a
repartir, ou seja, do que constitui o produto social (o fruto do trabalho socialmente
necessário de toda a população ativa da sociedade). O interesse da teoria marxista, que é
basicamente uma teoria macroeconômica, não está tanto em explicar como se reparte o
produto por vários fatores, mas como é que se reparte o produto global entre a parcela
necessária para a manutenção da capacidade produtiva e aquela outra parte que é o
chamado excedente social (mais-valia); repartição esta que se dá essencialmente pela luta
de classes. Por exemplo, o salário não tem uma determinação econômica estrita, ele
depende do equilíbrio das forças em presença no mercado de trabalho, sendo o mercado
de trabalho o centro da economia social. O nível da remuneração da força de trabalho não
é economicamente determinado. Ou seja, não há nada de essencialmente “técnico” que
leve a remuneração do trabalhador a ser igual à que é no presente.

8 – NOÇÕES DE CONTABILIDADE SOCIAL

8.1 – Principais agregados macroeconômicos

8.1.1 – O Produto Interno Bruto – PIB

O PIB pode ser entendido como sendo a agregação, pelo preço de mercado, dos
valores econômicos finais que são produzidos no território de um país, em determinado
ano. Ou, como define Paulo Sandroni no “Dicionário de Economia”: “o valor agregado
de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico do país,
independentemente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtoras desses
bens e serviços” (Sandroni, 1989: 234). Para o levantamento do PIB de um país deve-se
excluir as transações intermediárias, podendo ser calculado sob três aspectos: a) pela ótica
da PRODUÇÃO: soma dos valores agregados líquidos dos setores primário, secundário
e terciário da economia, mais os impostos indiretos, mais a depreciação do capital, e
menos os subsídios governamentais; b) pela ótica da RENDA: total das remunerações
pagas dentro do território econômico do país (salários, juros, aluguéis e lucros
distribuídos); soma-se a isso os lucros não-distribuídos, os impostos indiretos e a
depreciação do capital, subtraindo os subsídios (se houver); c) pela ótica do DISPÊNDIO:
soma dos dispêndios (gastos) em consumo das famílias e do governo, mais os
investimentos sob a forma de FBKF (formação bruta de capital fixo), mais as Variações
de Estoques, menos as importações e mais as exportações. Sob esta última ótica, o PIB é
também denominado Despesa Interna Bruta.

Notas Importantes: 1. Imposto Indireto: imposto cobrado pelo governo que incide sobre
a produção; usado para confiscar a renda necessária para financiar os dispêndios
governamentais, encarecendo o produto. 2. Subsídio: espécie de empréstimo
governamental prestado principalmente às empresas, a uma taxa de juro menor que a
praticada pelo mercado; tecnicamente é também chamado de “imposto indireto negativo”;
3. Depreciação: desgaste físico e/ou técnico sofrido pelas instalações e equipamentos
produtivos, implicando perdas do valor do patrimônio. Na prática, constitui um fundo de
reserva organizado pelas empresas com o intuito de se recapitalizarem.

8.1.2 – O Produto Interno Líquido – PIL (a preços de mercado)


Quando subtraímos a Depreciação (D) do valor do PIB, chegamos ao conceito de
Produto Interno Líquido a Preços de Mercado (PILPM). Este agregado traz a vantagem
de mostrar o valor de mercado da produção final, já deduzida a parcela dessa mesma
produção que não está disponível para consumo, nem para novos investimentos, mas que
se destina apenas a repor o que foi desgastado. Assim, a partir do PIB chega-se ao PIL,
pela simples exclusão das depreciações de capital. É claro que é preciso o conhecimento
do índice de depreciação dos estoques de edificações, maquinarias e bens acabados.

8.1.3 - Renda Interna (RI)

Quando subtraímos dos preços de venda, além da depreciação, os impostos


indiretos líquidos (impostos indiretos menos os subsídios) que os oneram, atingimos o
conceito de Produto Interno Líquido a Custo de Fatores (PILCF), que é o equivalente
analítico da Renda Interna. O PILCF mostra o valor do produto do ponto de vista de quem
o produz; já o PILPM mostra-o do ponto de vista de quem o compra.

8.1.4 – Renda Nacional (RN)

É a soma de todos os rendimentos percebidos, durante um determinado período


de tempo (geralmente um ano civil) pelos habitantes de um país, a título de remuneração
dos fatores de produção (recursos naturais, capital, trabalho e tecnologia). Portanto, inclui
salários, lucros, juros, aluguéis, arrendamento, as receitas daqueles que trabalham por
conta própria (autônomos), e ainda os lucros e rendas líquidas dos organismos
governamentais que não são distribuídos (por não haver capital privado a remunerar).
Esse fluxo de renda proporciona, por sua vez, os recursos com que as pessoas adquirem
bens e serviços (bem intangível). Para se calcular a Renda Nacional, subtraem-se do PNB
(Produto Nacional Bruto) o consumo de capital e os impostos diretos.

8.1.5 – Renda Pessoal (RP)

É aquela percebida pelos indivíduos em forma de salário, lucro, juro, aluguel,


arrendamento ou remuneração por serviços prestados. É a renda total de todos os
indivíduos antes que tenham pago o Imposto de Renda (e demais impostos individuais,
se houver). Para o cálculo da RP deve-se partir da RN, subtraindo as contribuições para
a previdência social, os impostos sobre os lucros das S/A e os lucros não-distribuídos. Os
impostos não podem ser computados porque vão para o governo. A Renda Pessoal
Disponível é o que sobra para os indivíduos depois de pagos os impostos. Representa a
renda efetivamente à disposição das pessoas para consumo e poupança (Y=C + S).

8.1.6 – Alguns Conceitos Importantes:

Disponibilidade Interna – é tudo aquilo que é ofertado no mercado interno, ou seja, é o


PIB mais o total das importações (M) havidas no período. Logo: DI = PIB + M
A oferta agregada assim definida é, em parte, consumida pelas pessoas, outra parte é
investida (aumento da capacidade produtiva instalada), parte é consumida pelo governo,
e ainda outra parte é exportada para as nações com os quais o país mantém relações
comerciais. Portanto, PIB + M = C + I + G + X
Ou ainda, matematicamente, PIB = C + I + G + (X - M)

Interno e Nacional – o conceito de “interno” abrange toda a produção ou renda realizada


no país, enquanto o termo “nacional” aparece já compensado das parcelas remetidas aos
fatores de produção residentes no exterior e daquelas recebidas pelos residentes(*)
nacionais por suas contribuições à produção de outros países. Essas parcelas compõem a
rubrica de “Remessas ao Exterior Líquidas (REL) ou Renda Líquida (Yliq). Logo, PNB
= PIB – REL (caso geralmente de países em desenvolvimento, onde o PIB > PNB); ou
PNB = PIB + REL (caso de países industrializados e desenvolvidos, onde o PNB > PIB).

(*) – Residente – entende-se por residente os agentes permanentementes situados no


“território econômico” do país considerado, cujas atividades estejam sujeitas à direção e
ao controle sistemático das autoridades nacionais.
Território econômico – segundo o estudioso francês Henry Culmann, o território
econômico abrange: 1. o território terrestre aduaneiro, incluindo as chamadas “zonas
francas”; 2. O espaço aéreo e as águas territoriais do país; 3. Jazidas e explorações em
águas internacionais; 4. Porções de territórios utilizados pelo país em virtude de acordos
internacionais (ex.: embaixadas, consulados, bases militares e/ou de pesquisa; 5.
Equipamentos móveis (ex.: barcos, navios, aviões, que sejam de propriedade de
residentes econômicos do país.

Agentes Ativos da economia – são agentes econômicos: 1. as unidades familiares


(famílias/consumidores); 2. empresas (incluindo aqui todas as empresas, públicas ou
privadas); 3. o governo; 4. Resto do mundo (comércio exterior). Os agentes ativos da
economia são agrupados em função da natureza de suas ações.

Economia Aberta – uma economia é dita “aberta” quando transaciona com exterior,
quando mantém intercâmbio comercial com o chamado “resto do mundo”. Caso
contrário, é chamada de economia “fechada”.

Setores Prudutivos da economia – São eles: 1. Primário: agricultura, pesca, extrativismo,


minas, etc.; 2. Secundário: transformação e processamento industriais; 3. Terciário:
serviços e comércio em geral.

Fatores de produção - São os elementos indispensáveis ao processo produtivo de bens


materiais. Tradicionalmente são fatores de produção: 1. a terra (recursos naturais: terras
cultiváveis, florestas, minas); 2. o trabalho (do homem); 3. o capital (máquinas,
equipamentos, instalações, matérias-primas). Alguns autores colocam a capacidade
empresarial (tecnologia) como um quarto fator de produção. De forma geral os fatores
são limitados (escassos), e por isso se combinam de forma diferente conforme o local e a
situação histórica.

8.2 - SISTEMAS DE CONTAS NACIONAIS


De um sistema de contas nacionais para
uma economia fechada e sem governo a
um sistema aberto (completo: governo e
resto do mundo)

8.2.1 – Introdução

Em sua acepção mais tradicional, as contas nacionais destinam-se


a apresentar, em termos de fluxos, estimativas articuladas que atendam a exigências
básicas de utilização, tais como: a) avaliação do poder econômico das nações e do seu
possível estágio de desenvolvimento econômico; b) exame de desempenho; c)
fundamentação de prognósticos; d) estabelecimento de diretrizes de política econômica.

De maneira sucinta poderíamos afirmar que as contas nacionais


nada mais são do que sistematizações estatísticas, fundamentadas em técnicas de registro
contábil, mensurando a produção, a renda, o consumo e a acumulação.

As contas nacionais revelam três grandes grupos de informações:


1. o valor agregado da produção em determinado tempo; 2. o valor agregado de diferentes
fluxos de renda; 3. os fluxos interrelacionados das diferentes categorias de débitos e
créditos.

8.2.2 – As características do modelo:

A produção é realizada por um elevado número de


empresas;
A economia registra a presença de duas principais formas do processo de acumulação: a
formação bruta de capital fixo (FBKF) e a variação de estoques ( E);
Não há governo ainda;
Não existe ainda comércio exterior (a economia é fechada).

8.2.3 – Um primeiro sistema de contas nacionais:

Os lançamentos contábeis do nosso modelo simples, estão organizados em três


contas básicas, a saber: conta de apropriação (das unidades familiares ou familiais), conta
de produção (das empresas), e conta de acumulação (poupança de recursos que se
transformarão em capital; investimento).

8.2.4 – Um sistema padrão de contas nacionais para uma economia fechada e sem governo
apresenta as seguintes transações: salários, aluguéis, juros, lucros (distribuídos),
depreciação, consumo familiar, poupança familiar, FBKF e E. O seguinte quadro-
resumo esquematiza de forma satisfatória os lançamentos contábeis para o presente
modelo:

8.2.5. – Receitas do Governo:


Tributos Diretos – atingem as propriedades e as rendas das unidades familiares e das
empresas;
Tributos Indiretos – são introduzidos nos preços dos bens e serviços. Ex.: IPI, ICMS;
Outras Receitas Correntes do Governo – aluguéis, arrendamentos, e todas as demais
receitas oriundas das prestações de serviços (correios, telefonia, etc).

Obs.: Os tributos envolvem os impostos, as taxas e as contribuições.

8.2.5. - Despesas do Governo:

Consumo – estão nesta categoria os pagamentos com pessoal (civil e militar), além de
custeios diversos;
Subsídios – são fornecidos com o objetivo de cobrir os déficits operacionais, na tentativa
de “segurar” os preços de bens tidos como estratégicos;
Transferências – são os pagamentos unilaterais feitos pelo governo às famílias. Ex.:
aposentadorias, pensões, salários-família, auxílio-doença, auxílio-natalidade, etc.

8.4 – O BALANÇO DE PAGAMENTOS

8.4.1 – Introdução

Como já vimos anteriormente, as transações econômicas com o resto do mundo,


levadas em conta pela contabilidade social, são as que interferem diretamente nos fluxos
de produção e apropriação da renda, além do processo de acumulação. Em cada país,
todas estas, e outras transações, constam de um importantíssimo registro econômico-
financeiro denominado BALANÇO DE PAGAMENTOS.

8.4.2 – Conceito

Existem muitas e corretas formas de conceituarmos o que seja o Balanço de


Pagamentos (BP). Uma dessas diferentes formas é a que damos a seguir: é um sistema
contábil que realiza levantamento de todas as transações econômico-financeiras que
ocorrem durante um determinado período de tempo, entre os residentes de um país e os
residentes de outros países.

8.4.3 – Estrutura usual de um Balanço de Pagamentos:

O BP é constituído basicamente por oito (08) partes, também chamadas balanças


ou contas. Dependendo da natureza da transação econômica ou financeira que dá lugar à
receita ou despesa de divisas, podem ser classificadas como operações em transações
correntes ou movimento de capitais. As transações correntes incluem as contas de
comércio (balança comercial), balança de serviços e as transferências unilaterais. O
movimento de capitais constitui uma conta, também chamada de conta de capital. No caso
de países endividados e anfitriões de empresas multinacionais, como é o caso brasileiro,
a conta de serviços apresenta-se geralmente deficitária devido à forte pressão exercida
pelos juros e pelos lucros e dividendos remetidos ao exterior. Se este déficit não for
compensado por um superávit na balança comercial, a conta de capital terá que acusar um
superávit muito elevado para que não ocorra um défict no balanço de pagamentos.

Estrutura geral de um BP:

BALANÇA COMERCIAL
– Exportações
– Importações

BALANÇA DE SERVIÇOS
– Viagens Internacionais
– Transportes
– Seguros
– Rendas de Capital (juros, royalties, patentes)
– Serviços governamentais
– Serviços diversos

TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS (doações, bolsas de estudo, etc)

SALDO DO BP EM TRANSAÇÕES CORRENTES (1 + 2 + 3)

MOVIMENTO DE CAPITAIS
– Investimentos estrangeiros líquidos
– Empréstimos a médio e longo prazos
– Empréstimos a curto prazo
– Financiamentos
– Amortizações

ERROS E OMISSÕES (conta residual)

SALDO DO BP (4 + 5 + 6)

---------------------------

RESERVAS INTERNACIONAIS
– Direitos Especiais de Saque (D.E.S)
– Ouro Monetário
– Posição de reserva no FMI
– Divisas estrangeiras (posição em moeda estrangeira)
– Outros ativos
– Utilização de crédito do FMI

Pede-se montar (com todas as divisões e com os respectivos lançamentos a débito e a


crédito) o Balanço de Pagamentos do país “Gama”.
8.4.4 – Análise de um Balanço de Pagamentos

Para uma boa e abrangente análise de um BP, os seguintes critérios certamente


serão importantes:

1)- Analisar por balança, ou seja, por cada divisão (parte) do BP;
2)- Fazer uma breve apreciação quantitativa (agregativa);
3)- Tecer sucintos, porém sólidos, comentários de natureza econômica;
4)- Averigüar as ações das autoridades econômicas em termos de política
econômica (monetária, fiscal, cambial, creditícia);
5)- Apurar principais reflexos sociais;
6)- Estudar brevemente o comportamento do país em termos de
endividamento externo;
7)- Identificar os prováveis “pontos de estrangulamento”, ou seja, detectar os
elos mais frágeis e vulneráveis do BP considerado;
8)- Apontar alternativas para combater o possível desequilíbrio;
9)- Abrir perspectivas;
10)- Realizar a síntese global do quadro (cenário).

Além destes passos da mais alta relevância, outros procedimentos auxiliares podem
também ser apresentados na análise, tais como:

a). Levantamento histórico dos anos anteriores ao da análise;


b). Estudo comparativo com outras economias;
c). Oscilações cambiais do país;
d). Comportamento do processo inflacionário.

8.5 - CÂMBIO

– Introdução - Quando dois países mantêm relações econômicas entre si, há também como
consequência, o intercâmbio entre duas diferentes moedas (padrões monetários). O estudo
do câmbio se preocupa justamente com esta forma de intercâmbio, ou seja, da troca de
moedas.

– Taxa de Câmbio – entendida como sendo a fixação da relação de troca entre duas
moedas diferentes. É o valor de uma moeda em relação à outra.

- Mercado Cambial Livre – denomina-se mercado livre aquele sem intervenção das
autoridades monetárias (no caso brasileiro, do Bacen), sendo a taxa de câmbio
determinada pela oferta e procura por moeda.

– Competência Brasileira – o órgão brasileiro responsável pela política cambial é o Banco


Central do Brasil (Bacen), que regula o mercado e o normatiza através da Consolidação
das Normas Cambiais.

– Tipos de Taxas de Câmbio – existem basicamente três tipos: fixas, flexíveis (também
chamadas flutuantes), e as de flutuação administrada. As taxas do tipo fixas são
características de países “em desenvolvimento” (exceto Áustria, Finlândia, Noruega,
Suécia). As taxas do tipo flutuantes podem sofrer variações independentes ou de maneira
conjunta, sendo mais comuns em países desenvolvidos.

– Política Cambial Brasileira – as principais características, do ponto de vista histórico,


da política cambial em nosso país são: a de estabelecer taxas cambiais atreladas ao dólar
norte-americano, e fazer uso sistemático de minidesvalorizações cambiais.

– Taxa de câmbio e o Balanço de Pagamentos – as taxas de câmbio estabelecem diretas


ligações entre os preços domésticos das mercadorias e dos fatores de produção, e mais
os preços vigentes em outros países. Com os preços domésticos e externos a um dado
nível, um conjunto de baixas taxas de câmbio tende a prejudicar as exportações,
estimulando as importações, podendo provocar um déficit na balança comercial. Por
outro lado, taxas cambiais elevadas estimulam as exportações, uma vez que os
exportadores (no caso brasileiro) recebem em moeda nacional (com o valor
convertido na unidade monetária de curso legal único e obrigatório).

10 – TEORIAS DA INFLAÇÃO

– Conceito Genérico

Entende-se por inflação o processo de crescimento contínuo e generalizado dos


preços (alta persistente e geral). Ou, em outras palavras, inflação é a alta do nível de
preços em geral.

10.2 – Hiperinflação: A inflação insidiosa (que está começando, insipiente), quando


não combatida pode vir a ser uma inflação com repercussões danosas para a economia e
para as pessoas individualmente. Ao apresentar taxas muito elevadas e que crescem
rapidamente, tem-se o fenômeno da hiperinflação.

10.3 – Causas principais da inflação – Os principais fatores que provocam inflação


ocorrem quando: 1. Há um aumento sem lastro da oferta monetária, causando uma
inflação de demanda; 2. Há uma forte elevação dos custos (produção), causando uma
inflação de oferta.

10.4 – Tipos de inflação – Há autores e obras que citam inúmeros “tipos” de inflação,
tais como: de demanda; de oferta (estas duas mais conhecidas, mais gerais e de maior
aceitação); setorial; estrutural; cíclica; importada; reprimida; compensatória; inercial; etc.

10.5 – Teorias da Inflação

Em termos das principais teorias da inflação, a economia moderna se preocupa com as


seguintes modalidades básicas (sete grandes teorias):

1). Inflação de Demanda – ocorre quando há um aumento na demanda (procura) de bens


e/ou serviços maior que a produção, vindo geralmente acompanhada de expansão
monetária;

2). Inflação de Custo – causada pela disputa, antagonismo de interesses das classes
sociais pela participação do excedente gerado, geralmente provocada pelas imperfeições
de mercado (monopólio, oligopólio, olipsônio, lutas sindicais), por custos não-
controláveis (imprevisíveis), tais como secas, geadas e demais fenômenos climáticos, ou
ainda pela elevação dos preços administrados pelo governo;

3). Inflação Setorial – este tipo de inflação, segundo alguns autores, decorre de mudanças
ao longo do tempo e que demanda e oferta são dinâmicas e diferenciadas, sendo que o
ajustamento nos preços dos bens produzidos pelos setores da atividade econômica pode
e deve refletir estas mudanças. Caso contrário, será detonado o processo inflacionário;

4). Inflação Estrutural – aqueles que admitem sua existência, partem do princípio de
que a capacidade de produção está aliada com o perfil da demanda para dada
determinação de distribuição de renda. A Comissão Econômica para a América-latina e
Caribe – CEPAL, criada pela ONU, já teve em seus quadros autores exponenciais que
defendiam tal tese, atualizando e assemelhando-se ao pensamento do economista liberal
francês Jean-Baptiste Say, segundo o qual “a oferta cria sua própria demanda” (Lei de
Say);

5). Inflação Quantitativa – o aumento de moeda numa dada economia, pode acabar por
causar o processo inflacionário, elevando a demanda, fazendo os preços subirem. Quando
a emissão de moeda não acompanha a variação do nível do produto, excedendo esta
variação, a inflação é então detonada. Modernamente, o economista norte-americano
Milton Friedman, expoente da Escola econômica de Chicago, afirma que a maior causa
das crises econômicas e sua estreita relação com a inflação é justamente devido à
excessiva emissão dos meios de pagamento (oferta monetária). Alguns autores
apresentam a seguinte fórmula fundamental para tentar explicar este mecanismo
quantitativo: MV = PT (onde, M = meios de pagamento, ou total da oferta monetária; V
= velocidade de circulação da moeda; P = nível geral de preços da economia; e T = volume
das transações efetuadas);

6). Hiato Inflacionário – existindo uma diferença (defasagem) entre os níveis de


investimento e poupança; existindo uma quantidade dos meios de pagamento maior que
a renda real da economia; ou ainda sendo a renda monetária maior que o produto efetivo,
tudo isto aponta para a existência de um “hiato” (lacuna) econômica, devendo sobretudo
o governo intervir nos pontos de estrangulamento. De tempos em tempos, é preciso fazer
esta “acomodação”. Alguns adeptos desta teoria afirmam que o processo inflacionário
findaria no final do ciclo econômico. W.W. Rostow e Paul Samuelson são alguns dos
autores que abordam em suas obras este tipo de inflação;

7). Inflação Conjuntural – trata-se de uma corrente que acredita ser apenas momentâneo
o fenômeno inflacionário, afirmando
existir uma “evolução” em todo o processo, apresentando três fases distintas: Inflação >
Recessão > Retomada do crescimento econômico.

(Continuação do Livro sobre o espaço Geográfico)

INFLAÇÃO

Existem diversos conceitos sobre inflação, alguns pôr sinal, muito extensos. Se
solicitarmos de uma dona de casa brasileira seu conceito de inflação, ela certamente responderá:
"Inflação é ir à feira ou ao mercado, levando dinheiro no bolso e voltar com alimento na cesta, e
daqui um mês ir à mesma feira ou mercado levando dinheiro na cesta e voltar com o alimento no
bolso". Basicamente significa excesso de moeda confrontados com poucos bens. Ou, no seu
conceito mais simples, Inflação é a perda do poder aquisitivo do dinheiro, em virtude do aumento
dos preços dos bens econômicos, duradouro e progressivo.
Para que a inflação se já caracterizada, é necessária que ocorra sempre uma
progressividade e pôr longo período, nos preços das mercadorias e serviços.

CAUSAS DA INFLAÇÃO

1) Demanda maior que a oferta - governo emite mais dinheiro que o necessário
2) Multiplicação da moeda escritural além do necessário (Representada pelos depósitos
bancários);
3) Baixa produtividade - eleva os custos de produção;
4) Déficit dos setores públicos e privados;
5) Elevação da carga tributária

CONSEQÜÊNCIAS DA INFLAÇÃO
1 - Econômicas - A inflação geralmente conduz à medidas destinadas a conter a expansão da
demanda, através da restrição e expansão do crédito e isso impossibilita o planejamento
empresarial a longo prazo, dada a impossibilidade de se efetuar previsões em relação ao
comportamento dos preços e do custo do crédito;

2 - Sociais - em período de inflação elevada, e recebendo apenas reajustes salariais semestrais ou


anuais, o poder de compra dos assalariados fica seriamente afetado, e isso provoca distorções na
distribuição da renda, ocasionando aumento nas desigualdades existentes entre as classes sociais.

3 - Políticas - Não existe governo capaz de obter altos índices de popularidade, em tempo de
inflação elevada. Nos últimos cinco governos militares do País, o que conseguiu índice de
popularidade mais elevado foi o governo Médici, pois todos os ajustamentos necessários a reduzir
a inflação já haviam sido efetuados no governo Castello Branco, e no curto governo Costa e Silva.
Portanto, foi incrivelmente fácil ao governo Médici, conseguir a redução do hiato do PIB,
promover o crescimento econômico e reduzir a inflação, o que foi possível em grande parte à
violenta repressão política no período, e à indiscutível manipulação dos dados sobre a inflação
brasileira de 1973, quando os levantamentos dos preços eram efetuados com base nos preços
tabelados, e não nos preços reais do mercado. A inflação chegou a 20% ao ano.

O governo Geisel teve um alto grau de impopularidade devido a uma dose de azar e a
crise do petróleo que eclodiu em 1973 (que aumentou o preço do barril de petróleo em 400%
devido a guerra entre judeus e árabes), em 1975 enfrentou uma grande geada (que dizimou lavoura
de café, trigo e hortaliças), em abril de 1977 o governo lança um pacote econômico (onde criou o
senador biônico e cancelou as eleições diretas para governador prevista para 1978) e em 1978
houve uma grande seca que ocasionou uma quebra de 50% na produção de milho, soja e arroz (e
durante os 3 anos seguintes fomos obrigados a importar estes produtos aumentando o déficit na
balança comercial) A inflação chegou a 55% ao ano.

O governo Figueiredo teve uma preocupação em investir para procurar sanar


principalmente a sangria das importações do petróleo. Expandiu-se o "Pro-álcool", aumentou a
produção de carros a álcool, investiu-se nas hidrelétricas e na agricultura. Em seu governo fez a
transição para o governo democrático passando a faixa para os civis. A inflação em seu governo
chegou a 235% ao ano.

O governo Sarney teve um alto grau de popularidade graças aos planos milagrosos para
salvar a economia. Foi criado o Plano Cruzado com o Ministro da Fazenda Dílson Funaro no dia
28/02/86, pois a inflação chegara ao patamar de 84% ao mês. O objetivo do plano era conter a
inflação desordenada. Congelou-se os preços de tudo, mas não funcionou, pois o próprio governo
foi o primeiro a desrespeitar o plano subindo as tarifas públicas no dia seguinte. Após esta
frustração inicial o governo cria outro plano. O Plano Bresser com o Ministro da Fazenda Luiz
Carlos Bresser Pereira no dia 21/06/87. Seguiram o mesmo erro do ministro anterior e plano
fracassou. Surge outro plano o Plano Verão já com o Ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega
no dia 15/01/89 que também não deu certo. A inflação chegou a 1.783% ao ano.

O governo Collor com uma alta dose otimismo e populismo foi criado o Plano Collor
com a Ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello, que iniciou no dia 15/03/90. Também não
funcionou. Em seu governo foi iniciado o processo de privatização das estatais. Foi obrigado a
renunciar graças a denúncias de corrupção. Assume então o seu vice Itamar Franco que pegou um
governo cambaleante e nos dois últimos anos teve que reestruturar a casa. Seu governo foi fraco,
pois não teve condições de fazer muita coisa já que estava arrumando a casa. A inflação chegou
a 1.158%.

O primeiro governo de Fernando Henrique foi instituído um plano para acabar com a
inflação em moldes diferentes dos anteriores. Foi criado a Medida Provisória nº 434 que criava a
URV (Unidade Real de Valor). A URV foi uma unidade que transformou Cruzeiro Real em Real.
Este plano foi mais transparente do que os demais e não houve nenhum choque sem que o povo
não soubesse o que estava sendo feito. A inflação chegou a 30% ao ano.

PRINCIPAIS MEIOS UTILIZADOS NO COMBATE A INFLAÇÃO

1 - Participação Popular - Qualquer medida destinada a conter o avanço inflacionário, se não


obtiver respaldo popular, estará certamente condenado ao fracasso.
2 - Combater a falta de moralidade administrativa - A corrupção, a sonegação e a
incompetência a cada dia envolvem um número maior de pessoas e ameaçam tornar-se uma
moléstia incurável na vida econômica brasileira.
3 - Reduzir o custo do dinheiro - juros elevados são totalmente contrários aos interesses da
Nação, pois desencorajam o investimento e dificultam o desenvolvimento econômico.
4 - Modernizar o sistema de arrecadação de impostos - A maior eficiência da máquina
arrecadadora e uma reforma tributária destinada a elevar a participação dos imposto diretos na
carga tributária do País, com a devida redução os impostos indiretos são fatores fundamentais
para restabelecer os princípios da equidade tributária e combater a inflação.
5 - Deter o avanço monopolista das multinacionais - A aplicação na economia de o mais forte
esmagar o mais fraco conduz a uma situação que ameaça o sistema político, elimina a livre
concorrência (que é a mola mestre do capitalismo) e gera o monopólio das multinacionais que
estão interessadas no lucro a qualquer custo.
Como no Brasil não existe um código de ética capaz de proteger os interesses das
empresas nacionais as multinacionais continuam enviar suas remessas de lucros para o exterior
sem o recolhimento do imposto de renda. Além disso são acostumadas a nomear ex-ministros e
generais reformados para suas presidências como forma de obterem favores.
6 - Promover o Desenvolvimento - A inflação elevada por muitos anos, conduz a uma política
que Roberto Campos denominava de "reversão das expectativas", Simonsen denominava de
"desaquecimento da economia" e Delfim denominava de "ajustamento", mas que a sociedade
conhece como recessão. A condição única para se compatibilizar os objetivos de estabilidade
econômica-social é através do crescimento e desenvolvimento econômico. Um país que necessita
criar quase dois milhões de novos empregos por ano e não está conseguindo nem manter o ritmo
de emprego atual, deve procurar dar nova orientação à economia, sobretudo para a produção de
bens de capital.

FORMAS DE INFLAÇÃO
Inúmeras são as formas de inflação conhecidas, mas as mais importantes são:

1) Inflação de Moeda - basicamente excesso de moedas para pouco bens.


2) Inflação de Crédito - crédito em excesso produz o mesmo efeito do acréscimo de moedas
em circulação, e os preços sobem.
3) Inflação de Custo - Empresas que operam a um custo elevado, em função de máquinas
obsoletas e péssima capacidade gerencial, por serem muito numerosas acabem se unindo num
"lobby" contra o governo, e conseguem aumento nos preços.
4) Inflação de demanda - Excesso de demanda (procura) em relação à oferta de bens e serviços.
5) Inflação psicológica - A simples propagação de boatos que haverá escassez de determinada
mercadoria, provoca uma demanda anormal do produto e um desequilíbrio no mercado, então
o produto realmente desaparece do mercado, e os preços realmente sobem.
6) Inflação adquirida, importada ou externa - A alta dos preços no mercado internacional dos
produtos que importamos, exercem grande influência sobre o comportamento interno dos
preços, elevando-os.
7) Inflação reprimida ou subsidiada - O governo eleva os preços pagos aos produtores, mas
não permite o repasse aos consumidores e concede então subsídios diretamente aos
produtores, através do crédito a um custo mais reduzido, ou fornece às indústrias os produtos
adquiridos dos produtores a um custo mais reduzido.
8) Inflação setorial - Quando existe alta de preços em alguns setores e em outros não. Os preços
das matérias primas costumam sofrer grande oscilação em suas cotações, sem que isso afete
os preços dos produtos industrializados, que dificilmente baixam.
9) Hiper-inflação - completo desmoronamento da vida econômica de uma Nação. Foi o caso da
Alemanha após a 2ª Guerra Mundial onde eram necessários 14 trilhões de marcos para
comprar 1 dólar.

CORRENTES DO PENSAMENTO INFLACIONÁRIO

MONETARISTAS - é a mais antiga de todas e simplificadamente, procura explicar a inflação


com base única e exclusivamente na quantidade de moedas em circulação, ou seja, na elevação
da base monetária em proporções superiores ao aumento da produção de bens e serviços. São
chamados de monetaristas ortodoxos e são seguidores da "Escola de Chicago" No Brasil os
principais seguidores desta corrente são: Eugênio Gudin, Octávio Gouveia de Bulhões, Roberto
Campos, Mário H. Simonsen, Carlos Langoni, Ernane Galveas, Delfim Neto e outros.

ESTRUTURALISTAS - Explicam a inflação como sendo de demanda e que é causada pela


insuficiência da oferta em determinados setores da Economia, uma vez que a produção de bens
de consumo interno não responde adequadamente aos estímulos da demanda desses mesmos bens.
São chamados de Heterodoxos de origem marxista e foram influenciados pela CEPAL (Comissão
Econômica para a América Latina, vinculada a ONU). São chamados de "Escola de Campinas" e
seus principais seguidores são: Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga
Belluzzo, Carlos Lessa, Luiz Carlos Bresser Pereira e outros.

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