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Direito Internacional Público

Introdução ao Direito Internacional

Amílcar Mário QUINTA (2020)


marquinta@yahoo.com
Plano da Apresentação

 Objecto do DIP;
 O direito e a sociedade;
 A sociedade nacional ou sociedade de
subordinação;
 Características da sociedade nacional;
 A sociedade internacional ou sociedade
de subordinação;
 Características da sociedade nacional;
 Sociedade internacional e comunidade
internacional.
Objecto do DIP: O direito e a sociedade
“A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias
constitui a Cidade, que tem a faculdade de se bastar a si
mesma, sendo organizada não apenas para conservar a
existência, mas também para buscar o bem-estar ….

Assim, o homem é um animal cívico, mais social do que as


abelhas e os outros animais que vivem juntos ….

O Estado, ou a sociedade política, é até mesmo o primeiro


objecto a que se propôs a natureza. …. As sociedades
domésticas e os indivíduos não são senão as partes
integrantes da Cidade …. O mesmo ocorre com os membros
da Cidade: nenhum pode bastar-se a si mesmo. … Assim, a
inclinação natural leva os homens a este género de
sociedade.”
Aristóteles in Política
Objecto do DIP: O direito e a sociedade
 Ubi Societas Ibi Ius:
 Normas de condutas de carácter extra jurídico;

 “A família é o núcleo fundamental da


organização da sociedade …” [Art. 35(1) da CRA];

 Sociedade estatal (nacional) Direito Interno

 Sociedade internacional Direito Internacional


Sociedade Nacional
 A sociedade nacional: O Estado;

 Elementos constitutivos do Estado [Artigo 1º da


Convenção de Montevideu sobre os Direitos e
Deveres dos Estados, de 1933]:
• “[O] Estado deverá, como pessoa internacional,
possuir os seguintes elementos:
• a) uma população permanente;
• b) um território definido;
• c) um governo; e
• d) capacidade para estabelecer relações com outros
Estados.”
Sociedade Nacional (2)
 População: Conjunto de pessoas que de modo permanente
habita o território do Estado e está ligado à ele pelo vínculo
jurídico da nacionalidade;
 Critérios de atribuição da nacionalidade:
 Ius soli;
 Ius sanguinis.
 Efeitos da nacionalidade:
 Capacidade eleitoral activa;
 Capacidade eleitoral passiva;
 Protecção diplomática:
 O probelma da nacionalidade efectiva.
 A nacionalidade como direito fundamental [Art. 9º da CRA];
 Domestic jurisdiction [Art. 9(5) da CRA].
Sociedade Nacional (3)

 Território: Espaço físico em que se exerce a


organização e poder do Estado;

 Características do território:

 Estabilidade: População permanente;


 Limites fixos e definidos:
 Delimitação v. demarcação.

 Ver Art. 3(2) e Art. 5(1 e 2) da CRA.


Sociedade Nacional (4)
 Governo: Conjunto dos poderes públicos
instituídos;
 Organização funcional do poder político:
 Poder Legislativo;
 Poder Executivo;
 Poder Judicial.
 Princípio da isonomia: Igualdade de todos
perante a lei;
 Ver Art. 23.º e Art. 6.º da CRA;
O controlo efectivo do território.
 Portanto, a sociedade nacional é uma
sociedade de subordinação.
Sociedade internacional

 A sociedade internacional distingue-se da


sociedade interna;

A sociedade internacional é o conjunto dos


Estados;
 Existência de outros membros da
sociedade internacional;

 O princípio de desdobramento
funcional do Estado (George Scelle).
Características da sociedade internacional
 Os Estados são os principais sujeitos da sociedade
internacional:
 População + Território + Governo = Estado
 O Estado é um ente soberano;
 O Estado é um ente independente;
 “Angola é uma República soberana e independente
…” [Art. 1.º da CRA];
 “O Estado exerce a sua soberania sobre a totalidade
do território nacional …” [Art. 3.º(2) da CRA];
 “A República de Angola … estabelece relações de
amizade e cooperação com todos Estados e povos, na
base dos seguintes princípios:
a) Respeito pela soberania e independência
nacional; [Art. 12.º(a) da CRA].
Características da sociedade internacional (2)
 Ausência de uma estruturação do poder semelhan-
te à da sociedade interna:
 Poder Legislativo;
 Poder Executivo;
 Poder Judicial.
 Poder Legislativo:
 Os Estados são os legisladores e só se submetem as regras
por si criadas (Pacta sunt servanda);
 Comparativamente, na ordem interna funciona o princípio
da isonomia.
 Poder Executivo:
 Os Estados executam apenas aquilo que convencionam;
 Sistema precário de execução das obrigações dos
Estados.
Características da sociedade internacional (3)
 Poder judicial: Os Estados só se submetem
ao sistema judicial mediante prévio
consentimento;
 A acção do Tribunal Internacional de Justiça
(TIJ) depende da aceitação prévia da sua
competência pelos Estados (Cláusula
facultativa de jurisdição obrigatória);

 Dos 193 Estados Membros da ONU, 73


reconhecem a jurisdição do TIJ.
 Portanto, a sociedade internacional é
uma sociedade de cooperação ou
sociedade de coordenação.
Sociedade Internacional e Comunidade
Internacional

 “A sociedade internacional
acompanha com preocupação a
evolução da pandemia da Covid-19.”

 “A comunidade internacional
vem manifestando solidariedade para
com as vítimas do novo corona vírus.”
Sociedade e Comunidade Internacional (2)
 Comunidade Versus Sociedade: Ferdinand
Tönnies estabeleceu, em 1877, a diferença
entre comunidade (Gemeinschaft) e sociedade
(Gesellschaft);

 Comunidade: Vínculo assente na vontade


essencial dos seus membros;
 “Os vínculos que ligam entre si os …
membros [da comunidade] definem-se sem
que estes directamente os tenham querido.”
Silva Cunha
Sociedade e Comunidade Internacional (3)

 Sociedade: Vínculo assente apenas no


interesse e na necessidade de satisfação
desse interesse;
 “Na comunidade os membros estão unidos
apesar de tudo quanto os separa; na
[sociedade] permanecem separados apesar de
tudo quanto fazem para se unir.”
 “A sociedade é um meio de realizar em
comum certos fins deliberadamente
escolhidos e os vínculos sociais
correspondentes são criados pela vontade dos
associados.” Marcello Caetano
Sociedade e Comunidade Internacional (4)
 Existirá uma Comunidade Internacional ?
 A actual Comunidade Internacional reveste, no
geral, a natureza de sociedade e não de comuni-
dade;
 A Comunidade Internacional ainda é uma mera
aspiração;
 A expressão comunidade
internacional dá relevo a
solidariedade internacional;
 Sociedade e Comunidade
internacionais são termos usa-
dos indistintamente.
Bibliografia
 ACCIOLY, HILDEBRANDO/NASCIMENTO E SILVA, EULÁLIO
GERALDO/CASELLA, PAULO BORBA.- Manual de Direito Internacional Público, 23ª
edição, Editora Saraiva, S. Paulo, 2017.
 BACELAR GOUVEIA, JORGE.- Manual de Direito Internacional Público – Uma
Perspectiva de Língua Portuguesa, 5ª edição, Almedina, Coimbra, 2020.
 BROWNLIE, IAN.- Princípios de Direito Internacional Público, Gulbenkian,
Lisboa-1997.
 FRANÇA VAN-DÚNEM, F. J. D.- Apontamentos de Direito Internacional Público,
(Textos policopiados), Luanda.
 GONÇALVES PEREIRA, ANDRÉ/QUADROS, FAUSTO.- Manual de Direito
Internacional Público, reimpressão da 3ª edição revista e aumentada, Almedina,
2015.
 LUKAMBA, PAULINO.- Direito Internacional Público, Escolar Editora, 4ª edição,
2018.
 MACHADO, JÓNATAS E. M.- Direito Internacional. Do Paradigma Clássico ao
Pós-11 de Setembro, 5ª Edição, Coimbra Editora, 2019.
 MIRANDA, JORGE.- Direito Internacional Público, Principia, S. João do Estoril, 6ª
edição revista e actualizada, 2016.
 NGUYEN QUOC DINH/ DAILLIER, PATRICK/ PELLET, ALAIN.- Direito
Internacional Público, Gulbenkian, Lisboa, 1999.
 REZEK, FRANCISCO J.- Direito Internacional Público - Curso Elementar, 17ª
edição, Editora Saraiva, 2018.
Próxima aula
 A moral e a comitas gentium;

 A ordem normativa internacional;

 Aula prática: Análise do Projecto


de Artigos sobre a Protecção
Diplomática (Yearbook of the
International Law Commission, Vol. II,
Parte 2, 2006).
Direito Internacional Público

Introdução ao Direito Internacional

Amílcar Mário QUINTA (2020)


marquinta@yahoo.com

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