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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 2

Objectivos ......................................................................................................................... 2

Normas jurídicas ............................................................................................................... 3

Conceitos .......................................................................................................................... 3

Relação da Norma Jurídica e a Ordem Jurídica ............................................................... 3

Características da norma jurídica ..................................................................................... 4

Generalidade ..................................................................................................................... 4

Abstracção ........................................................................................................................ 4

Estadualidade .................................................................................................................... 4

Imperatividade .................................................................................................................. 5

Coercibilidade................................................................................................................... 5

Estrutura da Norma Jurídica ............................................................................................. 5

Classificação das Normas Jurídicas.................................................................................. 7

Validade das normas jurídicas .......................................................................................... 8

Validade fática .................................................................................................................. 8

Validade constitucional .................................................................................................... 8

Validade ideal ................................................................................................................... 8

Conclusão ....................................................................................................................... 10

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 11


1. Introdução
O homem é de uma natureza eminentemente social (tem a tendência para se
agrupar com o seu semelhante), e somente através da interacção com outros
homens e da conjunção dos seus esforços, baseada na solidariedade e na divisão
do trabalho, é que será possível ao Homem atingir a sua plena realização. Deste
modo, a convivência em sociedade traduz-se na entre-ajuda, na solidariedade, na
divisão do trabalho; e tudo isto só é possível havendo padrões estabelecidos de
conduta, regras que assegurem a harmonização das actividades entre si. Assim,
torna-se essencial a resolução de conflitos que a vida social, inevitavelmente,
suscita, surgindo o Direito, que procura promover a solidariedade de interesses,
e resolver os conflitos de interesses. (Dr. Simbine)

A vida do homem em sociedade é regulada por várias normas. Estas normas podem ser
jurídicas, morais, religiosas, técnicas.

O presente trabalho tem como enfoque principal debruçar-se acerca das normas jurídicas,
buscando compreender como elas regulam a vida do Homem em sociedade.

1.1.Objectivos

Geral:

 O objectivo geral deste trabalho é falar das normas jurídicas.

Específicos:

 Dar o conceito de normas jurídicas;


 falar das características das normas jurídicas;
 falar da estrutura das normas jurídicas; e
 da classificação das normas jurídicas.

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2. Normas jurídicas
2.1.Conceitos

Partindo de um princípio, aceito como postulado do modelo analítico da Ciência Jurídica,


Ferraz Júnior (Sd. citado por Fonseca. Sd p313) dá ênfase especial à validade e à estrutura
da norma jurídica. Segundo ele “todo e qualquer comportamento humano pode ser visto
como cumprimento ou descumprimento de normas jurídicas, caso contrário ele é tido
como juridicamente irrelevante” .Surge assim o conceito da norma como regra.

Norma – é uma regra de conduta, padrão de conduta social, é um termo amplo abrange a
norma social, religiosa e jurídica.

Norma Jurídica (sentido amplo) – é cada regra de Direito,ou seja, a ligação de uma
hipótese a uma tese ou de uma previsão a uma estatuição e sanção.

Norma Jurídica – é um comando jurídico que impöe um procedimento ligado ou não a


uma tese, é o artigo no seu todo.

Norma Jurídica – regra de conduta social, assistida de protecção coactiva

De acordo com Varela (2011. p33), normas jurídicas são regras de conduta social gerais,
abstractas e imperativas, adoptadas e impostas de forma coercitiva pelo Estado, através
de órgãos ou autoridades competentes.

Concluindo-se então que a norma jurídica é a regra, criada por um órgão competente com
objectivos de regular a sociedade de um Estado de forma geral e abstracta. A norma
jurídica regula relaçöes sociais fixando imposiçöes (deveres positivos), proibiçöes
(deveres negativos) e permissöes.

2.2.Relação da Norma Jurídica e a Ordem Jurídica

Ordem Jurídica - ordem normativa intersubjectiva que se ocupa dos aspectos mais
importantes da convivência social e é assistida de coercibilidade material, que visa regular
a vida do Homem em sociedade, conciliando os interesses em conflito. A Ordem Jurídica
procura atingir a Justiça e a Segurança utilizando como meios as normas jurídicas, a
coercibilidade material.

Ordem Jurídica em Sentido Amplo – é o conjunto organizado, coerente de regras


jurídicas, ou de direito existente e vigente numa determinada sociedade, neste sentido a

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ordem jurídica inclui as fontes de direito, as regras existentes quer para preencher quer as
regras negociais.

Ordem Jurídica em Sentido Restrito – é um conjunto de normas jurídicas dirigidas a


regulação das relaçöes sociais, neste sentido coincide com o direito positivo. A Ordem
Jurídica contém três característica cumulativas:

a) Heterogeniedade

b) Exterioralidade

c) Imperatividade

Ou seja, a ordem jurídica se expessa através das normas jurídicas.

2.3.Características da norma jurídica

São características das normas jurídicas:

Previsibilidade ou Hipoteticidade – refere-se a situaçöes nascidas de uma previsão, de


levantamentos de situaçöes hipotéticas, da história de uma situação. Corresponde a
descrição de situaçöes nascidas de uma imaginação que pretende regular situaçöes a se
verificarem no futuro.

2.3.1. Generalidade

Todos os cidadãos são iguais perante a lei, razão por que a norma jurídica se aplica a
todas as pessoas em geral. As normas jurídicas são válidas para todos e a todos obrigam
de igual forma; conforme nos mostra o artigo 35 da Constituição da República de
Moçambique (CRM).

2.3.2. Abstracção

As normas jurídicas aplicam-se a um número abstracto de situações, a situações


hipotéticas em que poderão enquadrar-se as condutas sociais e não a um indivíduo ou
facto concreto da vida social;

2.3.3. Estadualidade

Toda a norma jurídica deve ter proveniencia Estatal ou seja é um produto da actividade
do Estado na sua competência legislativa. Não existe norma jurídica que não tenha

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proveniência Estatal, da mesma forma que qualquer norma que não é Estatal encontra-se
desprovida de juricidade

2.3.4. Imperatividade

As normas jurídicas são de cumprimento obrigatório. Isto é, é a proveniência Estatal da


norma confere-lhe um carácter imperativo ou obrigatório ao traçar a conduta que deve ser
adoptada face a verificação dos factos virtuais nela previstos como aptos à produção de
um certo crime. A norma não confere aos seus destinatários s liberdade de agir ou de não
agir de acordo com a sua conduta.

2.3.5. Coercibilidade

As normas jurídicas podem impor-se mediante o emprego de meios coercivos (ou da


força) pelos órgãos estaduais competentes, em caso de não cumprimento voluntário. o
carácter obrigatório da norma jurídica determina a sua natureza coerciva,poís seria ilógico
que uma norma dotada de obrigatoriedade estivesse desprovido deste caracter coercivo.
A coercibilidade da norma jurídica consiste no facto de os seus destinstários,num caso
concreto,não adoptarem o comportamento nela previsto eles se sujeitarem às medidas
punitivas estatuídas da mesma norma cuja a responsabilidade de concretizar nas pessoas
dos destinatários infractores cabe aos meios coercivos do Estado. Ex: artigo 38 nº 2 da
CRM

A norma jurídica, ao revestir as características de imperatividade e


coercibilidade, limita a liberdade do indivíduo, impelindo-o a conter os impulsos
pessoais e a eleger as condutas a seguir de modo a não pôr em causa a liberdade
dos outros e as bases de convivência social. Assim, para que a norma jurídica
possa ser observada efectivamente, a par da sua justeza intrínseca, joga um papel
importante a responsabilidade do indivíduo, que pode levá-lo a ter uma conduta
conforme ao direito. O acatamento voluntário ou natural dos deveres jurídicos
afasta a necessidade de coerção na aplicação da norma jurídica. (Varela. 2011
p33)

2.4.Estrutura da Norma Jurídica

A norma jurídica tem uma estrutura interna constituída, amiúde, por três elementos, a
saber:

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2.4.1. Hipótese ou previsão

A norma jurídica regula situações ou casos hipotéticos da vida que se espera venham a
acontecer (previsíveis), isto é, contém, em si mesma, a representação da situação futura.
Sendo então a previsão a situação de facto, hipotética que a norma pretende evitar.

Exemplo: publicada uma lei que pune o homicídio (provocação ou favorecimento da


corrupção de outrem) ela não se aplica automaticamente – só se aplica quando um
homicídio for efectivamente praticado.

2.4.2. Estatuição ou disposição

A norma jurídica impõe uma conduta a adoptar quando se verifique, no caso concreto, a
previsão da norma. Ou seja, informa em que é que vai se encontrar aquele que preencher
a situação prevista, ou seja é a consequência sofrida por quem estiver enquadrado na
situação. Então, a estatuição será a consequência que sofrerá aquele que se encontrar na
situação de facto prevista.

2.4.3. Sanção

É a consequência jurídica que recai sobre os infractores da norma jurídica, muitas vezes
a sanção encobre-se prevista na estatuição/disposição. A norma jurídica dispõe os meios
de coacção que fazem parte do sistema jurídico para impor o cumprimento dos seus
comandos.

Exemplo: “aquele que, tendo achado algum objecto pertencente a outrem, deixar
fraudulentamente de o entregara seu dono, ou de praticar as deligências que a lei
prescreve, quando se ignora o dono da coisa achada, será punido com as penas de furto,
mas atenuadas” (artigo 272 do Código Penal)

Deste exemplo temos:

A previsão: “aquele que, tendo achado algum objecto pertencente a outrem,…”

Estatuição: ...”deixar fraudulentamente de o entregar a seu dono, ou de praticar as


deligências que a lei prescreve,…”

Sanção: …”será punido comas penas de furto, mas atenuadas.”

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Esclareça-se, entretanto, que nem sempre (e, porventura, raramente)
encontramos, na estrutura de uma norma jurídica, simultaneamente, os três
elementos referidos, que podem apresentar-se de forma dispersa em diferentes
normas do mesmo diploma legal ou mesmo de distintos diplomas legais. Assim,
há diplomas legais em que a parte sancionatória é encontrada no fim,
precedendo-a as normas de previsão/estatuição. Refira-se, por outro lado, que
certos autores apenas consideram, na estrutura da norma jurídica, dois
elementos. Assim, a Previsão e a Estatuição fundem-se num só elemento, que
costuma tomar diferentes designações (Estatuição, Hipótese ou Previsão…),
mantendo-se, entretanto, o último elemento (a Sanção), com a ressalva referida
no parágrafo precedente. (Varela. 2011 p34).

Segundo Varela (2011 p34) as normas que apresentam esta estrutura (hipótese ou tese)
são normas em sentido restrito. Existem também normas que não comportam previsöes
nem estatuiçöes porque não fixam directamente condutas, é o caso das definiçöes
jurídicas, as normas remissivas, normas de interpretação, estas são normas em sentido
amplo.

ex‫ ׃‬artigo 202 nº 1 do Código Civil ”Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de
relaçöes jurídicas”.

Ferraz Júnior (p61 apud Fonseca p 315) extrutulariza as normas jurídicas da


seguinte forma: um operador normativo; uma descrição de ação que é o seu argumento;
e uma descrição da condição da ação. O operador determina o caráter normativo: norma
obrigatória ou proibitiva ou permissiva; a descrição da ação constitui o conteúdo da
norma; e a condição da ação e a sua condição de aplicação.”

Importa referir que existem vários tipos de sanções como morais, religiosas, civis, penais,
disciplinares, políticas e as jurídicas que são as que estamos referindo no trabalho de
pesquisa. As sanções jurídicas visam sancionar a violação das normas jurídicas.

2.5.Classificação das Normas Jurídicas

Na classificação das normas jurídicas segundo o Dr. Simbine, importa analisar dois
grupos de regras, as de conduta e as injutivas.

As de conduta, podem ser:

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Persceptivas – as que impöem uma conduta ou comportamento/tem comportamento
positivo.

Proibitivas – aquelas que vedam determinadas condutas, comportamentos.

Permissivas – são aquelas que permitem certas condutas, certos comportamentos.

As regras Injutivas e Dispositivas, por sua vez, podem ser:

(i) Injutivas – são as que se aplicam haja ou não declaração de vontade dos
sujeitos nesse sentido.
(ii) Regras Dispositivas – são as que se aplicam se as partes suscitarem ou não
afastam a sua aplicação. Estas também se chamam facultativas.

Mas, as regras dispositivaspodem se classificar em ‫ ׃‬Permissivas – são aquelas que


permitem um certo comportamento. Interpretativas – estas tem como finalidade
interpretar uma norma fixando o entendimento de outras normas. Supletivas – são aquelas
que só se aplicam na falta de disposiçöes ou acordo entre as partes.

2.6.Validade das normas jurídicas

Segundo Fonseca (Sd p314), com relação à validade, pode a norma ser vista do prisma
de sua validade fática, validade constituicional e validade ideal.

2.6.1. Validade fática

Analisa-se a correspondência efetiva entre a hipótese de incidência configurada pela


norma e a efetividade do fato imponível por ela contemplado, ou ainda a ocorrência da
sanção. Visualiza-se uma correspondência entre o conteúdo da norma e uma realidade
social que o concretiza.

2.6.2. Validade constitucional

Focaliza-se na norma primordialmente a sua correspondência formal às prescrições


constitucionais, quer quanto à forma de criação da lei, quer quanto à discriminação
constitucional do campo material a ser abrangido pela norma.

2.6.3. Validade ideal

A norma nos põe o problema de sua correspondência a uma teoria jurídica, aceita como
doutrina e imposta como dogmática, pois que “como os problemas se caracterizam como
ausência de uma solução, abertura para diversas alternativas possíveis, a ciência jurídica
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se nos depara como um espectro de teorias, às vezes até mesmo incompatíveis, que
guardam sua unidade no ponto problemático de sua partida.

 Uma norma é vigente quando é válida do ponto de vista constitucional, e é eficaz


quando tem validade do ponto de vista fático.

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3. Conclusão

Findo trabalho pudemos concluir que as normas jurídicas são regras de conduta de
carácter obrigatório e abrange uma generalidade de situações.

A norma jurídica é a responsável por manter o convívio entre membros de pensamentos


distintos. Essa, dispõe de elementos imperativos e coercitivos para garantir sua eficácia.
Pudemos também concluir que a normas jurídica diverge de várias outras normas, sendo
esta de ordem social e ordem jurídica.
As normas jurídicas não abrem espaço para negociação, a partir do momento em que estas
entram em vigor, torna-se obrigatório cumprir os seus estatutos, sob a pena de sofrer
sanções jurídicas. Em sua estrutura ela visa evitar situações futuras de lesão contra a
sociedade, isto é, previne a ocorrência de crimes, ou violabilidades através da exposição
da sanção, o que podemos considerar como uma forma de atuação psicológica sobre o
homem.

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4. Referências Bibliográficas

Macuácua. E. G., Costa. J. (2019). Constituição da República de Moçambique. Editora


Escolar;

David Júnior. (Sd). Manual de Introdução ao Direito. Instituto Superior de Ciências e


Educação a Distância;

Fonseca. J. B. L. (Sd). Normas Jurídicas – Aplicação. Revista da Faculdade de Direito;

Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro – Código Penal;

Varela. B. L. (2011). Manual de Introdução ao Direito. 2ª edição. Revista disponível em


http//unicv.academia.edu/ BartolomeuVarela.

Fonte oral: Dr. João Simbine – advogado e docente de direito Criminal, Aduaneiro, Civil,
e Fiscal.

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