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Tema:
FISCALIZACÃO NO ÂMBITO DO DIREITO DO URBANISMO EM MOÇAMBIQUE
(Licenciatura em Direito)
2023
2
Índice
1.Introdução .................................................................................................................................... 4
2.1.1.Fiscalização .......................................................................................................................... 12
Conclusão...................................................................................................................................... 17
3
1.Introdução
1.1.Objectivos do trabalho:
Objectivos específicos:
4
1.1.2.FISCALIZACÃO NO ÂMBITO DO DIREITO DO URBANISMO EM
MOÇAMBIQUE
Podemos, agora, tentar uma definição do direito urbanístico nos dois aspectos antes
considerados:1 O direito urbanístico no seu sentido objectivo que consiste no conjunto de normas
que têm por objecto organizar os espaços habitáveis, de modo a propiciar melhores condições de
vida ao homem na comunidade, enquanto que; o direito urbanístico como ciência é o ramo do
direito público que tem por objecto expor, interpretar e sistematizar as normas e princípios
disciplinadores dos espaços habitáveis.
1
SILVA, José Afonso Da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 6ª Edição, revista e actualizada. São Paulo,
Dezembro de 2009.p.49.
2
TAVARES, Márcia Andreia Marques. A força normativa do facto no Direito do Urbanismo português. Dissertação
de Mestrado. Lisboa, 2018.p.54
3
Cfr.p.55.
5
O urbanismo é o “sistema de normas jurídicas que, no quadro de um conjunto de orientações em
matéria de Ordenamento do Território, disciplinam a actuação da Administração Pública e dos
particulares com vista a obter uma ordenação racional das cidades e da sua expansão’’4.
Relembrando que a disciplina urbanística não visa proteger só as localidades, mas também a
conservação da natureza, a preservação de zonas florestais, ou a manutenção dos valores
históricos ou artísticos. Para Márcia Andreia (2018.p.57), considera que5:
1.1.4.Actividade urbanística
Para o autor SILVA (2009.p.31) define que, a actividade urbanística, assim, ‘‘consiste na acção
destinada a realizar os fins do urbanismo, acção destinada a aplicar os princípios do
urbanismo’’6. Essa actividade compreende momentos distintos que se acham entre si ligados e
em recíproca dependência. Para o mesmo autor acima citado, explica-se ainda que, esses
momentos ou objectos da actividade urbanística podem ser discriminados da seguinte forma7:
O planeamento urbanístico;
A ordenação do solo;
A ordenação urbanística de áreas de interesse especial;
A ordenação urbanística da actividade edilícia
4
TAVARES, Márcia Andreia Marques. A força normativa do facto no Direito do Urbanismo português. Dissertação
de Mestrado. Lisboa, 2018.p.57
5
Cfr.p.57.
6
SILVA, José Afonso Da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 6ª Edição, revista e actualizada. São Paulo,
Dezembro de 2009.p.31.
7
Cfr.p.32.
6
Os instrumentos de intervenção urbanística.
Para o autor SILVA (2009.p.32), entende que, o planeamento deve ter uma ideia clara do que
seja desejável para o lugar ou território em questão, mas também do que razoavelmente pode
lograr com os meios de que dispõe8. Essa ideia é expressa normalmente de forma gráfica sobre
um plano que reproduz a área atingida. Segue-se, como desdobramento e complemento do plano,
a ordenação do solo, que, em essência, revela o conteúdo fundamental do planeamento no que
tange à disciplina do uso e ocupação dos espaços habitáveis. Mas os proprietários de terrenos
nem sempre estarão dispostos a ceder seus lotes para a utilização que se previu no plano. Daí a
necessidade de formular-se uma política do solo, visando a obter os terrenos necessários aos fins
urbanísticos, mesmo contra a vontade dos proprietários. Para tanto, a legislação urbanística de
vários países prevê procedimentos adequados, como:
Por fim, cumpre examinar todos os projectos concretos de edificação, para verificar se se acham,
ou não, em harmonia com o plano e com as regras de ordenação de uso e ocupação do solo.
Trata-se da ordenação das edificações, ou ordenação urbanística da actividade edilícia.
8
SILVA, José Afonso Da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 6ª Edição, revista e actualizada. São Paulo,
Dezembro de 2009.p.32.
7
1.1.5.Natureza da actividade urbanística
Uma actividade com tais propósitos só pode ser realizada pelo Poder Público, mediante
intervenção na propriedade privada e na vida económica e social das aglomerações urbanas (e
também no campo), a fim de propiciar aqueles objectivos. Daí por que, hoje, se reconhece que a
actividade urbanística é função pública. Mas, também, por ser uma actividade do Poder Público
que interfere com a esfera do interesse particular, visando à realização de interesse da
colectividade, deve contar com autorizações legais para poder limitar os direitos dos
proprietários particulares ou para privá-los da propriedade. Essa actividade deve, pois,
desenvolver-se nos estritos limites jurídicos, e isso decorre do facto de que toda planificação
urbanística comporta uma disciplina de bens e de actividades que não pode actuar senão no
quadro de uma regulamentação jurídica, pela delimitação que necessariamente põe à propriedade
pública ou privada, ou, mesmo, por tolher o gozo desta.
1.1.7.Normas urbanísticas
9
SILVA, José Afonso Da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 6ª Edição, revista e actualizada. São Paulo,
Dezembro de 2009.p.34.
10
Cfr.SILVA.p.59.
8
A classificação puramente indicativa - aqui apresentada ainda se liga à característica enunciada
acima, para observar que a coesão dinâmica propicia conjuntos de normas coerentes em função
do objecto urbanístico a transformar, que se traduzem nos procedimentos urbanísticos e nas
operações urbanísticas. Esses conjuntos formam, por sua vez, três complexos de normas
urbanísticas, que são11:
Sob o enfoque da fonte de sua expressão, as normas urbanísticas são constitucionais e ordinárias.
As primeiras são todas aquelas disposições da Constituição que tratam de matéria urbanística, e
são os arts:91 (Habitação e urbanização), que estabelece, todos os cidadãos têm direito à
habitação condigna, sendo dever do Estado, de acordo com o desenvolvimento económico
nacional, criar as adequadas condições institucionais, normativas e infra-estruturais. Incumbe
também ao Estado fomentar e apoiar as iniciativas das comunidades locais, autarquias locais e
populações, estimulando a construção privada e cooperativa, bem como o acesso à casa própria;
Art.109 (Terra), estabelece que, a terra é propriedade do Estado. A terra não deve ser vendida, ou
por qualquer outra forma alienada, nem hipotecada ou penhorada. Como meio universal de
criação da riqueza e o bem-estar social, o uso e aproveitamento da terra é direito de todo o povo
moçambicano;
11
SILVA, José Afonso Da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 6ª Edição, revista e actualizada. São Paulo,
Dezembro de 2009.p.62.
9
Uso e aproveitamento da terra previsto nos termos do art. 110. O Estado determina as condições
de uso e aproveitamento da terra. O direito de uso e aproveitamento da terra é conferido às
pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim social ou económico. Art.111. Direitos
adquiridos por herança ou ocupação da terra: na titularização do direito de uso e aproveitamento
da terra, o Estado reconhece e protege os direitos adquiridos por herança ou ocupação, salvo
havendo reserva legal ou se a terra tiver sido legalmente atribuída à outra pessoa ou entidade.
Nos termos do n˚.1 e 2 do art.90 da CRM12, estabelece que, ‘‘todo o cidadão tem o direito de
viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender’’. ‘‘O Estado e as autarquias locais, com
a colaboração das associações de defesa do ambiente, adoptam políticas de defesa do ambiente e
velam pela utilização racional de todos os recursos naturais’’. O Estado promove iniciativas para
garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do ambiente visando a melhoria da
qualidade de vida dos cidadãos. Com o fim de garantir o direito ao ambiente no quadro de um
desenvolvimento sustentável, o Estado adopta políticas visando13:
12
Art.90 da CRM (Lei n.º 1/2018: Lei da Revisão Pontual da Constituição da República de Moçambique)
13
Previsto nos termos do n.º 2 do art.117 da CRM.
10
desenvolvimento social e económico do país, à promoção da qualidade de vida das pessoas, à
protecção e conservação do meio ambiente. (art.5 da Lei de Ordenamento do Território14).
De acordo com SILVA JORGE (2016.p.15 e 16), vem a explicar que, como objectivos
específicos para o contexto urbano, destacamos a intenção15:
14
Lei n° 19/2007 de 18 de Julho. Lei de Ordenamento do Território, publicada na 1ª série do b.r. n° 29 de 18 de
Julho de 2007.
15
JORGE, Sílvia. A Lei E Sua Excepção: O Caso Dos Bairros Pericentrais Autoproduzidos De Maputo. Trabalho
enviado em 14 de Outubro de 2016, aceito em 21 de Outubro de 2016. (P. 15, 16).
16
MUACUVEIA, Reginaldo Rodrigues Moreno. LEGISLAÇÃO ATINENTE AO PLANEJAMENTO E GESTÃO
DO SOLO URBANO EM MOÇAMBIQUE. Artigo recebido em 11-12-2017. Artigo aceito para publicação em 20-
03-2019.p.174.
11
do solo na área urbana em nível autárquico, dispondo sobre seus princípios, objectivos e
instrumentos, bem como sobre as directrizes relativas à gestão e planeamento urbano, incluídos,
às responsabilidades do poder público e aos instrumentos de planeamento aplicáveis localmente,
sujeitas à observância deste decreto as cidades e vilas municipais que apresenta definições,
classifica a urbanização, apresenta o Plano de Estrutura Urbana, aponta as Infracções e
penalidades. A legislação do ordenamento territorial moçambicana contém instrumentos
importantes que ‘‘possam permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais
problemas urbanos, decorrentes do uso e ocupação inadequada do solo urbano’’17. Destaca-se o
fato de prever a redução dos assentamentos informais, com a proposta do reordenamento urbano
através da revitalização ou requalificação urbana.
2.1.1.Fiscalização
2.2.2.Importância da Fiscalização
17
MUACUVEIA, Reginaldo Rodrigues Moreno. LEGISLAÇÃO ATINENTE AO PLANEJAMENTO E GESTÃO
DO SOLO URBANO EM MOÇAMBIQUE. Artigo recebido em 11-12-2017. Artigo aceito para publicação em 20-
03-2019.p.177.
18
TRINDADE, Ricardo Manuel. Supervisão e Fiscalização da Construção Caso de Obra Forte da Graça, Elvas.
Mestrado em Reabilitação Urbana Projecto 2. Julho 2016.p23.
12
podem ser estendidas a outras áreas, nomeadamente à segurança, à qualidade, ao ambiente, entre
outras.
Compete aos governos distritais e aos órgãos executivos das autarquias, no que se refere aos
instrumentos de ordenamento territorial ao nível distrital e autárquico, respectivamente, fiscalizar
o cumprimento do disposto no presente Regulamento.
Compete às entidades que tutelam as áreas de domínio público e as zonas de protecção parcial
fiscalizar o cumprimento do disposto nos instrumentos de ordenamento territorial em relação a
tais áreas, de modo a obstar que estas sejam ocupadas e utilizadas em prejuízo do fim para o qual
foram estabelecidas.
19
Lei n° 19/2007 de 18 de Julho. Lei de Ordenamento do Território, publicada na 1ª série do b.r. n° 29 de 18 de
Julho de 2007.
20
Decreto n.°23/2008 de 1 de Julho (Regulamento da Lei de Ordenamento do Território)
13
No exercício das suas funções, os agentes de fiscalização das entidades acima referidas devem
apresentar-se devidamente identificados. Sempre que necessário, os agentes de fiscalização
podem recorrer ao auxílio da autoridade mais próxima e às autoridades policiais para garantir o
pleno exercício das suas funções.
21
RTIGO 78 do Decreto n.°23/2008 de 1 de Julho (Regulamento da Lei de Ordenamento do Território)
22
ARTIGO 79 do Decreto n.°23/2008 de 1 de Julho (Regulamento da Lei de Ordenamento do Território)
14
Sem prejuízo das demais sanções fixadas por lei, as infracções ao presente Regulamento são
punidas da seguinte forma: a) Não dar início à elaboração ou revisão dos instrumentos de
ordenamento territorial dentro dos prazos definidos no presente Regulamento, punida com uma
pena de 50 000,00MT (cinquenta mil meticais); b) São punidos com uma pena que varia de 30
000,00 MT (trinta mil meticais) a 100 000,00 MT (cem mil meticais), os especialistas, técnicos
médios e superiores que participem na elaboração o de instrumentos de ordenamento territorial
sem prévio registo como consultores, nos termos do presente Regulamento; c) O licenciamento
de actividades contra o disposto nos instrumentos de ordenamento territorial, punida com uma
pena de 500 000,00 MT (quinhentos mil meticais); d) A realização de obras e a utilização de
edificações contra o conteúdo dos instrumentos s de ordenamento territorial, punida com uma
pena que varia de 50.000,00 MT (cinquenta mil meticais) a 500.000,00 MT (quinhentos mil
meticais); e) A utilização do solo contra o conteúdo dos instrumentos de ordenamento territorial,
punida com uma pena que varia de 50 000,00 MT (cinquenta mil meticais) a 500 000,00 MT
(quinhentos mil meticais); f) Permissão de ocupação e utilização das áreas de domínio público
em prejuízo do fim para os quais foram estabelecidas, punida com uma pena de 500 000,00 MT
(quinhentos mil meticais). Compete aos Ministros que superintendem as áreas de Finanças e
Coordenação da Acção Ambiental, através de diploma ministerial conjunto, proceder à
actualização dos valores das taxas e multas previstas no presente Regulamento.
23
Decreto n˚.60 de 26 de Dezembro de 2006 - Regulamento do Solo Urbano
24
Art.46 do Regulamento do Solo Urbano. Compete aos Ministérios das Finanças e da Administração Estatal
estabelecer por diploma próprio a actualização das multas constantes do presente Regulamento. Vide.art.47
15
A polícia municipal no exercício das suas funções é competente em matéria de25: Fiscalização
do cumprimento dos regulamentos e da aplicação das normas legais, designadamente nos
domínios do urbanismo, da construção, do comércio, da saúde, da defesa e protecção dos
recursos cinegéticos, do património cultural, da natureza e do ambiente. Todo o cidadão tem o
direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender. O Estado e as autarquias
locais, com a colaboração das associações de defesa do ambiente, adoptam políticas de defesa do
ambiente e velam pela utilização racional de todos os recursos naturais- art.90 da CRM26.
25
Decreto n.°35/2006 de 6 de Setembro. Regulamento de Criação e Funcionamento da Polícia Municipal.
26
Constituição da República de Moçambique (2004), que inclui a Lei de Revisão Pontual da Constituição (Lei no
1/2018, de 12 de Junho, publicado no Boletim da República, 1a Série – no 115, 2o Suplemento, de 12 de Junho de
2018.
27
Lei do Ambiente Lei n˚20/97 de 01 de Outubro.
16
Conclusão
17
Referência bibliográfica
Legislação:
Constituição da República de Moçambique (2004), que inclui a Lei de Revisão Pontual da
Constituição (Lei no 1/2018, de 12 de Junho, publicado no Boletim da República, 1a Série – no
115, 2o Suplemento, de 12 de Junho de 2018.
Decreto n.°23/2008 de 1 de Julho (Regulamento da Lei de Ordenamento do Território)
Decreto n.°35/2006 de 6 de Setembro. Regulamento de Criação e Funcionamento da Polícia
Municipal.
Decreto n˚.60 de 26 de Dezembro de 2006 - Regulamento do Solo Urbano
Lei n° 19/2007 de 18 de Julho. Lei de Ordenamento do Território, publicada na 1ª série do b.r.
n° 29 de 18 de Julho de 2007.
Lei do Ambiente (Lei n˚20/97 de 01 de Outubro).
Doutrina:
JORGE, Sílvia. A Lei E Sua Excepção: O Caso Dos Bairros Pericentrais Autoproduzidos De
Maputo. Trabalho enviado em 14 de Outubro de 2016, aceito em 21 de Outubro de 2016. (P. 15,
16).
MUACUVEIA, Reginaldo Rodrigues Moreno. LEGISLAÇÃO ATINENTE AO
PLANEJAMENTO E GESTÃO DO SOLO URBANO EM MOÇAMBIQUE. Artigo recebido em
11-12-2017. Artigo aceito para publicação em 20-03-2019.p.174, 177.
SILVA, José Afonso Da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 6ª Edição, revista e
actualizada. São Paulo, Dezembro de 2009.
TAVARES, Márcia Andreia Marques. A força normativa do facto no Direito do Urbanismo
português. Dissertação de Mestrado. Lisboa, 2018.p.54, 55, 57.
TRINDADE, Ricardo Manuel. Supervisão e Fiscalização da Construção Caso de Obra Forte da
Graça, Elvas. Mestrado em Reabilitação Urbana Projecto 2. Julho 2016.p23
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