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Contratos Económicos

Noção de Contrato

Em sentido amplo, um contrato é uma operação económica entre duas ou mais pessoas.
Nesse sentido um contrato económico é uma troca económica visando a circulação de
riqueza, em sentido sinônimo do conceito de negócio.

Noção de Contratos Económicos

Vaz Manuel Afonso (1994), numa sociedade plural, heterogénea e conflitual, as


decisões unilaterais e imperativas da autoridade pública, além de se revelarem, as mais
das politicamente custosas, mostra-se especialmente ineficazes no domínio económico.
As próprias medidas de fomento de carácter genérico esbaram, repentemente, na
indiferença e desmotivação dos agentes económicos (p. 361).

Vaz Manuel Afonso (1994), tal constatação tem levado os poderes públicos a lançar
mão de outras formas de intervenção que privilegiam a persuasão, o diálogo e a
concertação, em detrimento de uma atitude autoritária e passiva. Assim, o Estado,
encarnando o interesse geral, e os diversos agentes económicos privados, representando
interesses particulares, descobre pontos de interesse comum, no âmbito de um diálogo e
discussão periódica, geradoras de consensos quanto às medidas mais adequadas às
transformações económicas evolutivas de reflexos futuros (p. 361).

Vaz Manuel Afonso (1994), um tal operar, além de diminuir ou atenuar as tenções
existentes na sociedade ao nível económico, necessidade de acumulação de captal
sentida por uns e necessidades básicas sentidas por outros, é de molde a,
convenientemente aprofundado, alicerçar uma vertente de participação dos
administrados na formação da decisão político-económica contraposta ao modelo
burocrático. A “economia concertada”, efectivamente, revela-se no facto de as pequenas
e grandes decisões de caracter económico serem fruto de estreitos contactos
estabelecidos entre o Estado e os representantes dos vários interesses económicos e
socias, sendo as medidas legislativas ou administrativas, muitas vezes, resultantes de
acordos pré-estabelecidos (p. 361 e 362).

Os contratos económicos constituem um meio o Estado pôr em prática as suas políticas


económicas, tendo em vista assegurar a coerência dos comportamentos das empresas
com aquelas políticas. Trata-se, segundo J. Sérvelo Correa, de contractos de atribuição
que tem por causa-função atribuir uma certa vantagem ao co-contratante da
administração, celebrados com os fins de intervenção económica (Dos Santos António
Carlos; Goncalves Maria Eduarda & Marques Maria Manuel Leitão, 2010, p. 213).

Natureza Jurídica dos Contratos Económicos

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G. & Marques M.M.L. (210), não obstante a designação
global das formas de relacionamento entre o Estado e as empresas como “contrato”, não
devem ignorar-se as características especiais que assumem e que tem levado a pôr em
duvida a sua natureza de “verdadeiros contratos” (p. 213)

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), sem prejuízo da
especificidade das diferentes modalidades de contratos económicos, tais hesitações
resultam de haver, em regra, lugar a celebração de contratos económicos quando as
empresas interessadas preenchem requisitos previamente fixados na lei. Fica, por isso,
limitado o principio da autonomia da vontade inerente a liberdade contratual. Acresce
que a decisão de celebrar ou não o contrato depende das autoridades administrativas
competentes para apreciar se as empresas reúnem as condições que lhes permitam fazê-
lo. Por esta razão há quem os designem por actos-condição visto que as empresas, em
muitos casos, se limitam a desencadear a aplicação de uma medida previamente
definida na lei (p. 213, 14).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), no entanto, a favor da sua
natureza contratual, verifica-se que esses contratos apresentam como traço comum a
aceitação pelas empresas de certas obrigações, em contrapartida de prestações a que o
Estado, por seu lado, se obriga. Essas obrigações contam de um acordo assumido
livremente. É do contrato e não da lei que resultam as obrigações das empresas. Para
além disso, uma vez celebrado, não pode o Estado alterar ou rescindir unilateralmente o
contrato, a não ser com fundamento em incumprimento da outra parte (p. 214).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), não obstante, talvez se
esteja mais próximo da realidade se se admitir que se trata de contratos especiais, que
integram elementos de direito pública a par de elementos de direito privado; por outras
palavras, que se está perante mais uma expressão concreta da natureza mista do direito
económico, o qual extravasa das categorias em que o direito aparece classicamente
sistematizado (p. 214).
Modalidades de Contratos Económicos

Contratos de Programação

Segundo Vaz Manuel Afonso (1994), consideram-se contratos de programação aqueles


que são utilizados pelos poderes públicos como instrumentos de realização e
concretização de uma politica económica geral (global ou sectorial). O plano (ou outros
documentos de política económica) não só define os grandes objectivos a atingir no
âmbito da politica económica, como também determina e específica os “programas” a
concretizar, num tempo e num espaço determinado. Para a implementação desses
programas os poderes públicos podem pedir a colaboração de entidades independentes e
vinculá-las contratualmente à adopção de comportamentos precisos e determinados em
contrapartida de benefícios múltiplos e específicos (p. 363, 364).

Os contratos de programação podem ser:

Os Contratos-Programa

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), um exemplo de contratos
económicos utilizados entre nós são os contratos-programa. Trata-se de contratos
realizados entre Administração Pública e as autarquias, as empresas privadas,
cooperativas ou mesmo pública, cujo o objectivo principal é tradicionalmente o de
permitir a execução do plano. No entanto, eles têm também utilizados para a
prossecução de outros objectivos não relacionados com o plano (por exemplo, em
matéria pública ambiental). Distingue-se, teoricamente das restantes espécies de
contratos económicos porque deverão conter um programa, amplo e escalado no tempo,
de actividades e acções a desenvolverem e de resultados a obter pela empresa ou
empresas contratantes e não simplesmente um conjunto de acções ou projectos ou uma
só acção ou projecto. Tais programas pressupõem uma negociação entre as partes
visando a definição de compromissos adaptados à situação correcta (p. 215).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), os contratos-programa


enquanto tais, ou seja, como forma de execução do plano anual, não obedecem, entre
nós, a um regime específico definido na lei. Contudo, alguns dos contratos económico
regulamentados no direito português configuram exemplos de contratos-programa de
âmbito sectorial ou plurisectorial (p. 215).
Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), “configuram também uma
variante de contrato-programa os contratos de desenvolvimento, o mesmo acontecendo
com os contratos de investimento estrangeiro ou de investimentos de projetcos
estruturantes” (p. 216).

Os Contratos de Desenvolvimento em Geral

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), os contratos de


desenvolvimento são os de acordo realizados entre o Estado e uma ou mais empresas,
mediante os quais aqueles se compromete a fornecer estímulos e auxílios de vária
ordem, tendo como compartida por parte das empresas iniciativas de organização de
investimento que se enquadrem nas linhas da política de desenvolvimento nacional ou
regional definidas para o domínio específicos de actividades a quem respeitem. As
relações a estabelecer assentam numa base puramente contratual de equilíbrio das
prestações. A efectivação do direito das empresas aos benefícios a atribuir depende,
pois, da realização por aquelas dos objectivos definidos no contrato e o incumprimento,
pelas empresas, das prestações a que se obrigam, confere ao Estado o Direito a rescindir
o contrato (p. 216).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), o Regime dos contratos de
desenvolvimento para a exportação foi, porem, revogado em 1988., em razão da
incompatibilidade superveniente com as obrigações internacionais assumidas pelo o
Estado Português no acordo geral sobre pautas aduaneiras e comerciais (GATT) e da
adesão à CEE. Tratava-se, com efeito, de um auxilio directo à expetação das empresas,
que é proibido pelo artigo 87. ˚ CE (p.216).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), contudo, no âmbito de
programas de apoio a internacionalização das empresas Portuguesas, o ICEP recorre
igualmente à instrumentos contratuais, sem designação especifica, para concessão dos
apoios financeiro. Estes contratos têm como partes o ICEPP e a empresa destinatária do
apoio, podendo ainda integrar outras instituições em que co-financiem o projecto (p.
216, 217).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), ainda em matéria de
investimento relacionado com a internaciolização de especial interesse para a
modernização da economia nacional, foi criado o regime contratual de investimentos
para o projectos de natureza estruturante, generalizando a todos os projectos – mesmo
para aqueles que envolvam apenas empresas nacionais - o regime já existe para o
investimento estrangeiro. Este regime foi, entretanto, alterado, de forma a não
descriminar entre investimento nacional e investimento estrangeiro, no seguimento da
integração nos espaços EU e OCED. Abrange projectos de dimensão igual ao superior
a 25 milhões de euros, ou promovidos por empresas cuja a futuração anual consolidada
iguale ou ultrapasse os 75 milhões de euros. Abrange ainda projectos levado a cabo por
entidades de natureza não empresarial, cujo orçamento anual seja superior a 40 milhões
de euros. O interlocutor é único: a Agência Portuguesa de Investimento (p. 217).

Os Contratos Fiscais

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), importância crescente tem
assumido entre nós os contratos fiscais, pese embora a controvérsia sobre a sua
constitucionalidade. O que ele tem de especifico e a natureza das contrapartidas pelo
lado do Estado, que consistem numa vantagem fiscal concedida a troco de um projecto
de investimento considerado interessado na perspectiva do interesse publico. O Estatuto
dos benefícios fiscais possibilita a realização de tipos diversos de contratos fiscais. De
entre eles destaca-se o previsto no art. 39. ˚, segundo o qual a conexão de projectos de
investimentos em unidades positivas, realizados ate o final de 2010, de valor igual ao
superior € 4 987 978, 97, fica subordinada a celebração de um contrato entre o Estado e
a entidade promotora do projecto, a aprovar pelo Governo, mediante resolução do
Conselho de Ministros. Nesta resolução são fixados os objectivos, as metas, os
incentivos a conceder e as penalizações para o caso de incumprimento. Além disso,
respeitando o principio da transparência, a lei obriga à publicação oficial deste tipo de
contatos (p.218).

Outros Contratos Económicos

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), para além das referidas, há
diversas outras modalidades de contratos económicos mais ou menos típicas, como seja
os ֞ quase-contratos֞ e os contratos de auxilio financeiro, alguns dos quais, como os
contratos de viabilização e os acordos de saneamento económico e financeiro,
desempenharam um importante papel na ordem económica Portuguesa (p. 219).

Dos Santos A.C.; Goncalves M.G.; Marques M.M.L. (210), os quase-contratos são actos
pelos quais as empresas se obrigam perante a administração a conformar-se com
objectivos de politico económica do Estado e este a examinar favoravelmente pedidos
que as empresas lhe dirijam, relativos a empréstimos, dispensa de formalidades
administrativas, constituem, no fundo, promessas de a comportamento (p. 219).

Tipos de contrato e económico

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