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Direito Económico
4o Ano, Pós-Laboral
Discentes: Docente:
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1
2. ABORDAGENS SOBRE A INTERVENÇÃO ECONÓMICA ESTATAL – UM OLHAR
SOBRE O DECRETO-LEI NO16/75, DE 13 DE FEVEREIRO.......................................................... 3
2.1 A Evolução das Formas de Intervenção Económica do Estado .......................................... 4
Método Histórico, Lakatos e Marcone (1992: 81), defendem que o método histórico consiste
em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua
influência na sociedade de hoje […] para uma melhor compreensão do papel que actualmente
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Decreto-Lei n.º 16/75, de 13 de Fevereiro de 1975), in Boletim Oficial de Moçambique, 1.ª série. O Estado
nem sempre assumiu a posse legal das empresas cujo controlo assumiu. Em vez disso, baseou a sua intervenção
numa provisão constitucional segundo a qual o Estado era o proprietário de toda a terra.
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desempenham na sociedade […].O método histórico será útil na presente pesquisa na medida
em que para compreender o actual contexto da intervenção do Estado nas Empresas públicas,
há uma necessidade de se buscar factos históricos que deram azo ao que actualmente se
verifica, e isso permitirá compreender melhor o papel actual da intervenção do Estado.
Serão utilizadas técnicas como, Documental aquela que […] vale-se de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetivos da pesquisa […]. Com a técnica documental poder-se-á obter informações
que poderão ser adequada para a pesquisa que se pretende realizar (Gil 2008:51).
Bibliográfica […] acrescenta que refere-se ao levantamento de toda a bibliografia já
publicada, com a finalidade de colocar o pesquisador em contacto directo com tudo aquilo
que foi escrito sobre determinado assunto […]. Esta técnica é relevante para a pesquisa pois,
por meio dela obter-se-á dados congruentes para a pesquisa através de obras já elaboradas
(Lakatos & Marconi 2009: 44).
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2. ABORDAGENS SOBRE A INTERVENÇÃO ECONÓMICA ESTATAL – UM
OLHAR SOBRE O DECRETO-LEI NO16/75, DE 13 DE FEVEREIRO
Desde a década de 1980 que o mundo viu a afirmação de políticas ideológicas de espírito
neoliberal, isto é, o Estado tem vindo a perder influência na orientação das economias
nacionais passando esta, para as microeconomias privadas. O Estado passou de uma situação
de produtor e planificador de serviços e bens, para um papel de regulador, fazendo com que
se criassem condições favoráveis, a que houvesse uma dinamização e reestruturação interna
do sector empresarial (Franco, 1996).
A intervenção económica não implica, contudo, decisões directas sobre a utilização dos bens
e serviços, as quais são deixadas ao critério dos agentes económicos privados. Ela não
implica uma actuação do Estado como sujeito económico.
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Moçambique desde o Governo de transição, desencadeou uma série de medidas reguladoras
da actividade económica empresarial, particularmente nos considerados sectores estratégicos.
É assim que, pelo Decreto-Lei nº 16/75, de 13 de Fevereiro, estabeleceu uma série de
medidas tendentes a garantir a paz social e o progresso, destacando-se dentre elas, a sua
intervenção no processo de gestão.
Ao longo dos tempos, verificou-se que o Estado não conseguia regular livremente os
mercados, assim colocou-se a questão de o estado entregar a instituições independentes a
função de regulamentar os mesmos, deixando com que a “mão-invisível” perpetuada por
Adam Smith actuasse livremente. A ideia de que o Estado pudesse intervir na economia tem
vindo a ser substituída por mecanismos de mercado que progressivamente se impuseram na
2ª metade do século XX.
Como aborda Ribeiro (1991), o Estado perante a ineficácia dos mecanismos de mercado deve
intervir, isto é, os mercados agindo sozinhos não são capazes de resolver todos os problemas.
Compete assim ao Estado intervir, assumindo um papel de regulação no funcionamento da
economia fazendo respeitar as regras do jogo concorrencial, de modo a fazer face aos
desequilíbrios e às desigualdades geradas pelos mecanismos de mercado, sempre em busca de
uma maior eficiência, equidade e estabilidade da economia.
Dentro dos serviços colectivos podemos distinguir os privados (por exemplo o cinema), em
que é fácil imputar ao consumidor/utilizador o preço do bilhete, e em que é quase impossível
imputar o preço ao consumidor. Este tipo de serviço deve ser pago pelo Estado, sendo o
consumidor beneficiado por um todo. Segundo “Samuelson” e “Adam Smith” estes bens
colectivos puros nunca poderão fazer parte de uma apropriação privada, isto é, nunca podem
ser do interesse de um qualquer indivíduo (Neves, 1996).
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Assim, o número 1 do artigo 1º do referido Decreto-Lei em análise definia que “sempre que
as empresas, singulares ou colectivas, não funcionem em termos de contribuir, normalmente,
para o desenvolvimento económico de Moçambique e para satisfação dos interesses
colectivos, ficarão sujeitas à intervenção do Governo de Transição...”
Quando se verificasse alguma ou algumas das situações acima referidas, e confirmadas por
inquérito, o Governo, de entre outras medidas, podia determinar a intervenção do Estado na
fiscalização ou na administração da empresa, nomeando delegados seus, administradores por
parte do Estado, ou uma comissão administrativa.
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acompanham proporcionalmente as taxas fixas impostas pelo Estado. Para fazer face a estes
custos fixos, as empresas ou se fundem ou se separam consoante as necessidades. Estes
processos tendem a que progressivamente sejam apelidados de monopólios naturais que
operam sobre os bens e serviços, e que são indispensáveis ao bem comum, tanto particular
como colectivo.
No bojo do decreto analisado revela-se que para as empresas privadas que continuaram a
operar no país, as restrições e dificuldades foram consideráveis. O governo moçambicano
controlava rigidamente as suas actividades. Eram obrigadas a apresentar anualmente planos
de trabalho e relatórios de contas, a receber representantes do Estado, a vender e a comprar ao
Estado.
Os Estado produtor intervém através das empresas públicas. Essas empresas são controladas
directa ou indirectamente por administrações públicas, estas administrações são nomeadas
directamente pelos governos e elegidas por sufrágio público.
A noção de sector público é diferente de serviço público, já que estes últimos são de interesse
geral e onde a autoridade pública assegura a execução de trabalhos sejam eles vendáveis ou
não.
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Por outro lado, as empresas privadas estavam sujeitas a uma série de condicionantes donde se
destacava a obrigatoriedade de:
a) Apresentar planos anuais de trabalho que lhes fossem solicitados pelas estruturas do
Ministério do Comércio;
b) Submeter-se aos objectivos que lhes são fixados pelo Plano Económico e pelos órgãos
competentes do Estado;
c) Aceitar técnicos indicados pelos órgãos competentes do Estado, desde que a
importância económica da empresa o justificasse;
d) Dar preferência ao Estado ou entidade por este designada na aquisição de matérias-
primas, produtos acabados ou meios de produção de que carecessem.
2.1.2.2 A Planificação
A vontade do Estado orientar, e até mesmo de dirigir a actividade económica não se limita á
existência de empresas públicas, mas exprime-se igualmente na planificação. A planificação
reside num documento, o plano, que apresenta as grandes orientações económicas e sociais
para o futuro. O plano é realizado pelo Estado em concertação com os parceiros sociais. O
plano não comporta nenhuma medida obrigatória para as empresas e geralmente apoia-se na
instigação financeira.
Os princípios de propriedade estatal dos recursos naturais situados no subsolo e no solo, nas
águas territoriais e na plataforma continental (artigo 8 da Constituição de 1975), da
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planificação estatal da economia (artigo 9) e ainda da primazia e direcção do sector
económico do Estado sobre o conjunto da economia nacional (artigo 10), agregados ao êxodo
de alguns proprietários e gestores logo após os acordos de Lusaka, tiveram a despeito da
permissão constitucional da propriedade privada, como um dos corolários, o processo de
apropriação pelas diversas formas, pelo Estado de algumas unidades até então pertencentes
ao sector privado.
De acordo com a medida, uma empresa seria considerada abandonada se se revelasse incapaz
de funcionar normalmente durante um período superior a noventa dias, o que dava azo à sua
nacionalização e à transferência de facto, mas nem sempre de jure, do seu património para o
Estado.
Nos casos em que o governo não tomava posse legal da empresa, a intervenção estatal
assumia diferentes formas. Por vezes, no seguimento de uma investigação das deficiências ou
abusos de uma empresa, o governo substituía toda a administração por uma comissão
administrativa que passava a gerir a empresa, suspendia um ou mais administradores, recebia
fundos para gerir a empresa ou realizava quaisquer outras correcções necessárias à
manutenção do funcionamento da empresa.
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Controlo de Produção Industrial e Comercial do Ministério da Indústria e Comércio que
tomava todas as decisões relativas à sua produção.
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CONCLUSÃO
Depois de uma exaustiva análise sobre o tema conclui-se que as características das elites
económicas no período de transição e o papel que desempenham durante o mesmo podem
influenciar de modo decisivo o resultado das reformas. Por sua vez, o modo como os
governos lidam com as elites pode afectar a capacidade do sector privado para lidar com a
transição. Podemos ver esta dinâmica em acção durante ambos os períodos de transição de
Moçambique. O modo como o governo tratou o sector privado durante o período socialista
permitiu a sobrevivência do sector e, simultaneamente sufocou-o. Similarmente, o sector
privado sustentou o regime socialista e, contudo, a sua própria existência minou a economia
centralizada.
Tendo-se dito que o nível de intervenção do Estado pode colocar em causa ou em vantagem o
bom funcionamento da economia, tem-se a tutela como uma alternativa de intervenção que
tem como objectivo, fiscalizar as actividades das economias sem contudo esvaziar a sua
autonomia e personalidade, fazendo assim com que as relações económicas e o Estado não
resultem na perda da eficácia das mesmas.
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REFERÊNCIAS
CAETANO, Marcelo (2010), Manual de direito administrativo vol. I 10ª edição: Almedina,
Coimbra;
GIL, António Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Edição: Atlas, São
Paulo;
SANTOS, António Carlos et al (1999), Direito Económico. 3a. Edição: Livraria Almedina
Coimbra, Lisboa- Portugal.
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