Você está na página 1de 13

Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Direito Económico

4o Ano, Pós-Laboral

Intervenção Económica em Moçambique à luz do Decreto-Lei no16/75, de 13 de


Fevereiro

Discentes: Docente:

1. Matilde Rafael Mahota Dr. António Patrício Daniel


2. Suzana João N. Chivecua
3. Tucha da Glória Bauque

Maputo, Março de 2023


Índice

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1
2. ABORDAGENS SOBRE A INTERVENÇÃO ECONÓMICA ESTATAL – UM OLHAR
SOBRE O DECRETO-LEI NO16/75, DE 13 DE FEVEREIRO.......................................................... 3
2.1 A Evolução das Formas de Intervenção Económica do Estado .......................................... 4

2.1.1 O Estado como produtor .......................................................................................... 4


2.1.1.1 A existência de serviços colectivos ...................................................................... 4
2.1.1.2 A existência de externalidades ............................................................................. 5
2.1.1.3 A existência de monopólios .................................................................................. 5
2.1.2 O Estado dirigista ..................................................................................................... 6
2.1.2.1 As nacionalizações ............................................................................................... 6
2.1.2.2 A Planificação....................................................................................................... 7
3. Determinantes e Efeitos da Intervenção Estatal sob o prisma do Decreto-Lei nº 16/75, de
13 de Fevereiro ..................................................................................................................................... 8
CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 10
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO

No âmbito dos estudos da história económica de Moçambique, a questão relativa ao modelo


de desenvolvimento económico ideal ainda continua sendo um assunto de destaque. Com a
criação da primeira república, o Estado ora consagrado experimentou diferentes modelos de
comando socialista, o que levou ao forte intervencionismo estatal na economia. Facto este
que veio a ser defendido através do Decreto-Lei no16/75, de 13 de Fevereiro1, que adoptou
várias medidas de providência tendentes a garantir a paz social e o progresso económico em
Moçambique.

Este trabalho pretende demonstrar a intervenção do Estado na Economia no bojo do


dispositivo legal supracitado, considerando a evolução de uma Economia centralmente
planificada para uma Economia de mercado. Estas alterações geram sempre discórdias,
pretendendo-se mostrar as “várias faces da questão”.

A intervenção do Estado assume um papel regulador no funcionamento da Economia, com o


objectivo de combater desequilíbrios e desigualdades geradas pelos mecanismos de mercado,
sempre em busca de uma maior eficiência, equidade e estabilidade.

Contudo perante intervenções que se revelaram ineficazes, resultando em consequências


várias como défices orçamentais, agravamento das dívidas públicas e perante determinados
constrangimentos, a intervenção por parte do Estado é cada vez mais limitada, urgindo deste
modo a seguinte questão problemática: Qual foi o impacto do Decreto-Lei no16/75, de 13
de Fevereiro na intervenção económica em Moçambique?

Metodologicamente, trata-se de uma abordagem qualitativa de natureza básica, com fins


exploratórios. Para Silva e Menezes (2001), este visa gerar conhecimentos para aplicação não
imediata e sim novas descobertas sobre os fenómenos e factos. Esta pesquisa visa
proporcionar maior familiaridade com o problema de modo a torná-lo explícito ou construir
hipóteses.

Método Histórico, Lakatos e Marcone (1992: 81), defendem que o método histórico consiste
em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua
influência na sociedade de hoje […] para uma melhor compreensão do papel que actualmente

1
Decreto-Lei n.º 16/75, de 13 de Fevereiro de 1975), in Boletim Oficial de Moçambique, 1.ª série. O Estado
nem sempre assumiu a posse legal das empresas cujo controlo assumiu. Em vez disso, baseou a sua intervenção
numa provisão constitucional segundo a qual o Estado era o proprietário de toda a terra.

1
desempenham na sociedade […].O método histórico será útil na presente pesquisa na medida
em que para compreender o actual contexto da intervenção do Estado nas Empresas públicas,
há uma necessidade de se buscar factos históricos que deram azo ao que actualmente se
verifica, e isso permitirá compreender melhor o papel actual da intervenção do Estado.

Serão utilizadas técnicas como, Documental aquela que […] vale-se de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetivos da pesquisa […]. Com a técnica documental poder-se-á obter informações
que poderão ser adequada para a pesquisa que se pretende realizar (Gil 2008:51).
Bibliográfica […] acrescenta que refere-se ao levantamento de toda a bibliografia já
publicada, com a finalidade de colocar o pesquisador em contacto directo com tudo aquilo
que foi escrito sobre determinado assunto […]. Esta técnica é relevante para a pesquisa pois,
por meio dela obter-se-á dados congruentes para a pesquisa através de obras já elaboradas
(Lakatos & Marconi 2009: 44).

2
2. ABORDAGENS SOBRE A INTERVENÇÃO ECONÓMICA ESTATAL – UM
OLHAR SOBRE O DECRETO-LEI NO16/75, DE 13 DE FEVEREIRO

Desde a década de 1980 que o mundo viu a afirmação de políticas ideológicas de espírito
neoliberal, isto é, o Estado tem vindo a perder influência na orientação das economias
nacionais passando esta, para as microeconomias privadas. O Estado passou de uma situação
de produtor e planificador de serviços e bens, para um papel de regulador, fazendo com que
se criassem condições favoráveis, a que houvesse uma dinamização e reestruturação interna
do sector empresarial (Franco, 1996).

Por outro lado o fenómeno da globalização ao aproximar economias com características


diferentes, veio também a aproximar diferentes concepções de Estado, dos mais
intervencionistas aos mais liberais, o que pressupõe a tendência para a alteração do seu papel.

A intervenção económica, em sentido estrito, refere-se a acções do Governo que visam


alterar a actuação ou o comportamento dos agentes económicos sem, contudo, modificar o
quadro geral da actividade económica. É o caso, por exemplo, de uma subida dos impostos
sobre as actividades poluidoras, com vista a fazer com que as empresas reduzam a emissão de
resíduos poluentes, ou de uma redução dos direitos aduaneiros sobre as importações de bens
de capital, para estimular o investimento na economia. É também o caso de um subsídio aos
preços dos produtos básicos, a fim de reduzir a inflação e os níveis de pobreza, de uma
desvalorização da moeda, com vista a aumentar as exportações e diminuir as importações, ou
de uma expansão da oferta monetária, com o objectivo de reduzir as taxas de juro e incentivar
o investimento.

A intervenção económica não implica, contudo, decisões directas sobre a utilização dos bens
e serviços, as quais são deixadas ao critério dos agentes económicos privados. Ela não
implica uma actuação do Estado como sujeito económico.

No caso pátrio, no período imediatamente após a independência, a ordem económica em


Moçambique assentou no controlo estatal dos meios de produção e distribuição. O papel do
sector privado na produção e distribuição de bens foi considerado secundário e subordinado à
direcção do Estado. Desta forma, o Estado pretendia dirigir centralmente a afectação e
distribuição de recursos na economia, de modo a assegurar a produção de bens estratégicos
para o desenvolvimento e a satisfação das necessidades básicas da população.

3
Moçambique desde o Governo de transição, desencadeou uma série de medidas reguladoras
da actividade económica empresarial, particularmente nos considerados sectores estratégicos.
É assim que, pelo Decreto-Lei nº 16/75, de 13 de Fevereiro, estabeleceu uma série de
medidas tendentes a garantir a paz social e o progresso, destacando-se dentre elas, a sua
intervenção no processo de gestão.

2.1 A Evolução das Formas de Intervenção Económica do Estado

Ao longo dos tempos, verificou-se que o Estado não conseguia regular livremente os
mercados, assim colocou-se a questão de o estado entregar a instituições independentes a
função de regulamentar os mesmos, deixando com que a “mão-invisível” perpetuada por
Adam Smith actuasse livremente. A ideia de que o Estado pudesse intervir na economia tem
vindo a ser substituída por mecanismos de mercado que progressivamente se impuseram na
2ª metade do século XX.

Como aborda Ribeiro (1991), o Estado perante a ineficácia dos mecanismos de mercado deve
intervir, isto é, os mercados agindo sozinhos não são capazes de resolver todos os problemas.
Compete assim ao Estado intervir, assumindo um papel de regulação no funcionamento da
economia fazendo respeitar as regras do jogo concorrencial, de modo a fazer face aos
desequilíbrios e às desigualdades geradas pelos mecanismos de mercado, sempre em busca de
uma maior eficiência, equidade e estabilidade da economia.

Na intervenção do Estado na Economia este assume dois tipos nomeadamente, o Estado


como produtor de bens ou serviços, no qual o Estado afigura-se como Empresário, e o Estado
como regulador em que cabe ao Estado regular as actividades de terceiros (Waty, 2011: 200).

2.1.1 O Estado como produtor


2.1.1.1 A existência de serviços colectivos

Dentro dos serviços colectivos podemos distinguir os privados (por exemplo o cinema), em
que é fácil imputar ao consumidor/utilizador o preço do bilhete, e em que é quase impossível
imputar o preço ao consumidor. Este tipo de serviço deve ser pago pelo Estado, sendo o
consumidor beneficiado por um todo. Segundo “Samuelson” e “Adam Smith” estes bens
colectivos puros nunca poderão fazer parte de uma apropriação privada, isto é, nunca podem
ser do interesse de um qualquer indivíduo (Neves, 1996).

4
Assim, o número 1 do artigo 1º do referido Decreto-Lei em análise definia que “sempre que
as empresas, singulares ou colectivas, não funcionem em termos de contribuir, normalmente,
para o desenvolvimento económico de Moçambique e para satisfação dos interesses
colectivos, ficarão sujeitas à intervenção do Governo de Transição...”

Algumas causas determinadas da intervenção estatal no sector privado, são legalmente


definidas como sendo:

a) Encerramento total ou parcial de secções significativas da empresa, ou ameaça de


despedimento do respectivo pessoal;
b) Abandono das instalações ou estabelecimentos;
c) Descapitalização ou desinvestimentos significativos ou injustificados, nomeadamente
pela retirada, distracção ou imobilização de equipamentos ou outros bens da empresa, ou
actos preparatórios desse despedimento;

Quando se verificasse alguma ou algumas das situações acima referidas, e confirmadas por
inquérito, o Governo, de entre outras medidas, podia determinar a intervenção do Estado na
fiscalização ou na administração da empresa, nomeando delegados seus, administradores por
parte do Estado, ou uma comissão administrativa.

2.1.1.2 A existência de externalidades

A intervenção explica-se igualmente pela existência de efeitos externos ou de externalidades.


As externalidades são as consequências que um agente provoca noutro agente, sem que o 1º
tenha a noção ou contabilize esse efeito. Elas são deturpadas pelos mecanismos de
gratificação de recursos, visto que, cada agente no seu cálculo económico não integra o seu
interesse pessoal nem participa num chamado bem colectivo. Os mercados sofrem com estas
externalidades, e é aqui que o Estado toma um papel preponderante ao tomar medidas que
minimizem os seus efeitos.

2.1.1.3 A existência de monopólios

O peso económico de certos agentes privados necessita igualmente da intervenção do Estado.


O crescimento de certas actividades económicas conduz esporadicamente a situações de
monopólio ou de quase monopólio.

Em certas actividades o montante de financiamento de infra-estruturas é pesado e a longo


prazo os rendimentos são crescentes. Ao dobrar a produção, os preços de custo não

5
acompanham proporcionalmente as taxas fixas impostas pelo Estado. Para fazer face a estes
custos fixos, as empresas ou se fundem ou se separam consoante as necessidades. Estes
processos tendem a que progressivamente sejam apelidados de monopólios naturais que
operam sobre os bens e serviços, e que são indispensáveis ao bem comum, tanto particular
como colectivo.

Estes monopólios detêm um poder enorme e podem “abusar” em detrimento da colectividade,


pois podem alterar o preço, criar desigualdades para os concorrentes e aí, é o utilizador o
mais prejudicado.

No bojo do decreto analisado revela-se que para as empresas privadas que continuaram a
operar no país, as restrições e dificuldades foram consideráveis. O governo moçambicano
controlava rigidamente as suas actividades. Eram obrigadas a apresentar anualmente planos
de trabalho e relatórios de contas, a receber representantes do Estado, a vender e a comprar ao
Estado.

2.1.2 O Estado dirigista


2.1.2.1 As nacionalizações

Os Estado produtor intervém através das empresas públicas. Essas empresas são controladas
directa ou indirectamente por administrações públicas, estas administrações são nomeadas
directamente pelos governos e elegidas por sufrágio público.

O sector público reagrupa o sector público produtivo (instituições públicas de carácter


industrial e comercial), a função pública (administração central e local) e os organismos
públicos financeiros (representam grande parte dos recursos).

A noção de sector público é diferente de serviço público, já que estes últimos são de interesse
geral e onde a autoridade pública assegura a execução de trabalhos sejam eles vendáveis ou
não.

O decreto-lei analisado estabelece que outra forma de intervenção estatal consistia na


apropriação, pelo Estado, de estabelecimentos industriais instalados sem a prévia autorização
pelas entidades governamentais competentes. As empresas com comissões administrativas
intervencionadas nos termos atrás descritos podiam, reunindo as condições técnicas e
financeiras estabelecidas, ser transformadas ou integradas em empresas estatais.

6
Por outro lado, as empresas privadas estavam sujeitas a uma série de condicionantes donde se
destacava a obrigatoriedade de:

a) Apresentar planos anuais de trabalho que lhes fossem solicitados pelas estruturas do
Ministério do Comércio;
b) Submeter-se aos objectivos que lhes são fixados pelo Plano Económico e pelos órgãos
competentes do Estado;
c) Aceitar técnicos indicados pelos órgãos competentes do Estado, desde que a
importância económica da empresa o justificasse;
d) Dar preferência ao Estado ou entidade por este designada na aquisição de matérias-
primas, produtos acabados ou meios de produção de que carecessem.

Desse modo em Moçambique logo após a independência, o Governo de transição decretou a


intervenção nas Empresas que não funcionassem, dando lugar a empresas estatais, e essas
intervenções foram seguidas mais tarde pelas nacionalizações que vão formalizar
juridicamente o sector Empresarial do Estado […], apesar de muitas empresas estatais terem
sido criadas antes das nacionalizações propriamente ditas (Waty, 2011: 244).

Em suma, do período de transição até pouco antes da implementação do PRES, há um


conjunto de factores (dos quais se destaca as nacionalizações) que leva a criação, entre outras
de Empresas Públicas.

2.1.2.2 A Planificação

A vontade do Estado orientar, e até mesmo de dirigir a actividade económica não se limita á
existência de empresas públicas, mas exprime-se igualmente na planificação. A planificação
reside num documento, o plano, que apresenta as grandes orientações económicas e sociais
para o futuro. O plano é realizado pelo Estado em concertação com os parceiros sociais. O
plano não comporta nenhuma medida obrigatória para as empresas e geralmente apoia-se na
instigação financeira.

Com a proclamação em Junho de 1975, da República de Moçambique, uma nova era, em


termos políticos Económicos se abre e com ela se define um novo posicionamento do Estado
face à propriedade dos meios de produção (Pale, 1996: 181).

Os princípios de propriedade estatal dos recursos naturais situados no subsolo e no solo, nas
águas territoriais e na plataforma continental (artigo 8 da Constituição de 1975), da

7
planificação estatal da economia (artigo 9) e ainda da primazia e direcção do sector
económico do Estado sobre o conjunto da economia nacional (artigo 10), agregados ao êxodo
de alguns proprietários e gestores logo após os acordos de Lusaka, tiveram a despeito da
permissão constitucional da propriedade privada, como um dos corolários, o processo de
apropriação pelas diversas formas, pelo Estado de algumas unidades até então pertencentes
ao sector privado.

3. Determinantes e Efeitos da Intervenção Estatal sob o prisma do Decreto-Lei nº


16/75, de 13 de Fevereiro

Em Fevereiro de 1975, o governo provisório aprovou uma medida que sancionava a


intervenção estatal nos seguintes casos:

 Ameaça de despedimento dos trabalhadores;


 Interrupção ou redução da produção;
 Destruição do equipamento;
 Descapitalização ou desinvestimento e abandono.

De acordo com a medida, uma empresa seria considerada abandonada se se revelasse incapaz
de funcionar normalmente durante um período superior a noventa dias, o que dava azo à sua
nacionalização e à transferência de facto, mas nem sempre de jure, do seu património para o
Estado.

Nos casos em que o governo não tomava posse legal da empresa, a intervenção estatal
assumia diferentes formas. Por vezes, no seguimento de uma investigação das deficiências ou
abusos de uma empresa, o governo substituía toda a administração por uma comissão
administrativa que passava a gerir a empresa, suspendia um ou mais administradores, recebia
fundos para gerir a empresa ou realizava quaisquer outras correcções necessárias à
manutenção do funcionamento da empresa.

No sector industrial, o governo estabelecia com frequência conselhos de gestão ou grupos de


dinamização. Constituídas por trabalhadores e membros da FRELIMO, estas organizações
trabalhavam com (ou em vez de) uma comissão administrativa com vista a manterem a
empresa em funcionamento.

Nos casos em que o governo estabelecia comissões administrativas ou conselhos de gestão, as


empresas permaneciam legalmente como propriedade privada. Contudo, era o Gabinete de

8
Controlo de Produção Industrial e Comercial do Ministério da Indústria e Comércio que
tomava todas as decisões relativas à sua produção.

À medida que a ideologia do marxismo-leninismo foi sendo formulada de modo mais


sistemático e que o partido da FRELIMO cresceu em poder, a intervenção estatal tornou-se a
pedra angular da agenda política do governo.

O estatismo servia de base às tentativas da FRELIMO de reordenação da estrutura do poder e


de transformação das relações sociais e espaciais em Moçambique, reforçadas por uma
retórica que condenava enérgica e repetidamente a exploração capitalista e era apoiada por
uma legislação de nacionalização e intervenção estatal.

As apropriações espontâneas por parte de trabalhadores e camponeses intensificaram e


ampliaram este processo e, em consequência, os colonos e empresas coloniais foram alvo de
maus tratos e ameaças para que abandonassem Moçambique.

9
CONCLUSÃO

Depois de uma exaustiva análise sobre o tema conclui-se que as características das elites
económicas no período de transição e o papel que desempenham durante o mesmo podem
influenciar de modo decisivo o resultado das reformas. Por sua vez, o modo como os
governos lidam com as elites pode afectar a capacidade do sector privado para lidar com a
transição. Podemos ver esta dinâmica em acção durante ambos os períodos de transição de
Moçambique. O modo como o governo tratou o sector privado durante o período socialista
permitiu a sobrevivência do sector e, simultaneamente sufocou-o. Similarmente, o sector
privado sustentou o regime socialista e, contudo, a sua própria existência minou a economia
centralizada.

Na transição para o capitalismo, às elites do sector privado juntaram-se frequentemente elites


económicas e políticas criadas pelo socialismo, administradores estatais, directores de
institutos, funcionários do governo e altos representantes do partido. É o Estado que tem a
grande responsabilidade no equilíbrio entre a satisfação das necessidades colectivas, o seu
intervencionismo nas empresas públicas e a rentabilidade económica das mesmas.

Tendo-se dito que o nível de intervenção do Estado pode colocar em causa ou em vantagem o
bom funcionamento da economia, tem-se a tutela como uma alternativa de intervenção que
tem como objectivo, fiscalizar as actividades das economias sem contudo esvaziar a sua
autonomia e personalidade, fazendo assim com que as relações económicas e o Estado não
resultem na perda da eficácia das mesmas.

As economias nem sempre são auto-suficientes, tornando assim necessária a intervenção do


estado no sentido de subsidiar, conceder empréstimos e a grosso modo suprir os deficits que
estas apresentarem, cujas razões podem ser de má gestão por parte dos seus órgãos.

10
REFERÊNCIAS

REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE (1975),Constituição da República Popular


de Moçambique. Editora Escolar: Maputo.

REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE (1975), Decreto-Lei n.º 16/75, de 13 de


Fevereiro de 1975, in Boletim Oficial de Moçambique, 1.ª série.

AMARAL, Diogo Freitas do (1994), o ordenamento do território, urbanismo e ambiente:


objecto, autonomia e distinções, 1ª edição: revista jurídica do urbanismo e do ambiente.

CAETANO, Marcelo (2010), Manual de direito administrativo vol. I 10ª edição: Almedina,
Coimbra;

GIL, António Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Edição: Atlas, São
Paulo;

LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Mariana de Andrade (1992), metodologia


científica, 2ª edição: Atlas, São Paulo;

LAKATOS, Eva Maria &, MARCONI Mariana de Andrade (2009), metodologia de


trabalho científico. 7ª Edição: Atlas, São Paulo;

WATY, Teodoro Andrade (2011), Direito Económico. Editora Limitada, Maputo-


Moçambique.

SANTOS, António Carlos et al (1999), Direito Económico. 3a. Edição: Livraria Almedina
Coimbra, Lisboa- Portugal.

MONCADA, Luís S. Cabral de (1998) Direito Económico . 2a Edição: Coimbra Editora


Limitada.

11

Você também pode gostar