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CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEMINÁRIO METODOLÓGICO

Projecto para Trabalho de Conclusão da Licenciatura

Contributo da Comunicação Organizacional na Eficácia das Instituições


Públicas: O Caso do Distrito Municipal Kamavota (2016-2019)

Discente: Docentes:

Ȃngela Neide Drs: Filipe Nhatuguês & José Manhiça

Maputo, Outubro de 2020


Para o trabalho a ser feito propõe-se o seguinte tema: Contributo da Comunicação
Organizacional na Eficácia das Instituições Públicas: O Caso do Distrito Municipal
Kamavota (2016-2019). O qual enquadra-se na linha de orientação do Desenvolvimento
Organizacional (DO), em virtude deste procurar debater aspectos do processo comunicativo,
factor preponderante para o crescimento e desenvolvimento das instituições.

1. Delimitação do Tema no Espaço e no Tempo

O tema proposto pretende-se realizar num campo espacial subordinado ao Distrito Municipal
Kamavota (DMK), em virtude desta instância mostrar-se um elo de ligação entre o Conselho
Municipal e as Localidades e/ou então Bairros municipais adjacentes, seguindo assim uma
estrutura lógica do processo comunicativo. Além desta justificativa, argumenta a pesquisadora
que o DMK constitui um ponto de interesse para a sua pesquisa devido a proximidade da sua
residência, facilitando deste modo o processo de colecta de dados.

Já no pelouro temporal, a pesquisa será realizada num período de quatro (4) anos compreendendo
os seguintes intervalos: 2016 ano em que o Conselho Autárquico de Maputo (CAM) desenha uma
nova estrutura de comunicação formal que subordina as suas instâncias inferiores, das quais o
DMK faz parte (CAM, 2019); e até 2019 é período em que a pesquisadora considera suficiente
para responder o seu questionamento em torno do tema proposto.

2. Contextualização

A CO na forma em que se acha configurada hoje em dia, é fruto de sementes lançadas no período
da Revolução Industrial, que ensejaria grandes e rápidas transformações em todo o mundo. Esta,
com a consequente expansão das empresas a partir do século XIX, propiciou o surgimento de
mudanças radicais nas relações de trabalho, nas maneiras de produzir e nos processos de
comercialização (Mumby & Stohl, 1996). Nesse contexto é que se devem buscar as causas do
surgimento da propaganda, do jornalismo empresarial, das relações públicas e da própria
comunicação organizacional como um todo.

Segundo os autores supracitados, as mudanças provocadas com o processo de industrialização


obrigaram as empresas a buscar novas formas de comunicação com o público interno, por meio
de publicações dirigidas especialmente aos empregados, e com o público externo, por meio de
publicações centradas nos produtos, para fazer frente à concorrência e a um novo processo de
comercialização. Assim, a propaganda foi pioneira em buscar formas de comunicação
mercadológica com o mundo exterior, especialmente com o consumidor.
O estudo da CO tem vindo a crescer desde a década de 1990, considerando-se a sua
interdisciplinaridade, a sua internacionalização e a sua identidade (Koschmann, 2012). Sabe-se
que hoje, no contexto moçambicano, a criação de uma especialização universitária em
comunicação estratégica e organizacional, bem como a intensificação de produção científica nesta
área, tem vindo a promover a criação de uma identidade e da institucionalização desta disciplina
(Oliveira & Ruão, 2014).

As complexidades organizacionais, na qual a CO se enquadra, e o seu recente estudo (isto é,


particularmente nas duas últimas décadas do século XX) são fundamentais para identificar as
quatro principais linhas de investigação que têm atravessado o seu estudo, considerando o seu
legado histórico multidisciplinar.

Os primeiros estudos da CO realizaram-se entre os anos de 1900 e 1970, designando-se este


período por período positivista ou de emancipação (Ruão, 1999). Este paradigma encara as
organizações como algo natural e aberto à descrição, à predição e ao controlo, sendo os seus
estudos marcados pelo princípio da racionalidade (Mumby & Stohl, 1996). Segundo este
princípio, os estudos de CO baseiam-se, essencialmente, num conhecimento instrumental que
privilegie a predição e o controlo, com vista à eficácia organizacional (Deetz, 2001; Mumby &
Stohl, 1996). A comunicação é, assim, representada em termos de informação e de administração,
sendo que a sua investigação se centra, essencialmente, na resolução de problemas relativos à
ineficiência comunicativa (Miller, 2001; Spence & Baker, 2007). Especificamente, importa frisar
que a CO tende a ser encarada como uma transmissão e uma retroação, considerando-se este tipo
de comunicação um modelo telegráfico.

Já no quadro das reformas do sector público de Moçambique, a comunicação é tida como


ferramenta crucial para a prestação efectiva do serviço público. “Serviços públicos prestados não
mais por unidades de administração directa do Governo Central, mas por unidades das
administrações locais do Estado, autarquias locais, parcerias entre o sector público e privado ou
organizações da sociedade civil, sector privado ou institutos públicos” (CIRESP, 2001: 23).

De acordo com a Estrategia Global da Reforma do Sector Público (EGRSP, 2001-2011), o


funcionamento do sector público ao nível da comunicação institucional vem criando estratégias
cada vez mais consistentes para a realização efectiva dos objectivos traçados (Idem). Assim, o
estudo a ser realizado enquadra-se no contexto das reformas que o Estado tem vindo a
desenvolver desde os anos 80.
3. Justificativa

O DMK assume um papel fundamental nas instituições da Administração Pública, possuindo


como principal função o estabelecimento de boas relações, entre os seus diversos públicos. Esta
função, também é transversal ao nível da academia. O DMK assume cada vez mais inúmeras
tarefas de cariz completamente díspar.
A comunicação é fundamental em qualquer instituição. A sua gestão assume-se como factor
estratégico e competitivo nas Instituições, em geral, e das Instituições académicas em particular.
A gestão estratégica da comunicação é fundamental na ligação entre a missão, os objectivos e os
públicos que pretende atingir para a modernização de qualquer organização.
A comunicação organizacional (CO) assume relevância relativamente à dinâmica organizacional,
desempenhando um papel determinante na disseminação de informação e, consequentemente, na
coordenação e conclusão de tarefas, na tomada de decisões e na resolução de conflitos (Ayub,
Manaf & Hamzah, 2014). Apesar desta relevância, o estudo da CO tem sido fragmentado, uma
vez que esta considera diferentes perspetivas que importa ter em conta, seja em termos
académicos, seja em termos práticos (Deetz, 2001; Oliveira & Ruão, 2014). Desta forma, emerge
a necessidade de se perceber como é que experts (docentes universitários, formadores e gestores
de comunicação) entendem, definem e concretizam a CO, realizando-se um estudo de cariz
qualitativo exploratório, com entrevistas semiestruturadas.
Desta forma, este projecto aplicado debruçará-se precisamente sobre esta temática: a Gestão da
Comunicação na Administração Pública, mais propriamente no DMK, a nível local. Sabendo da
existência de um Guia para as Comunicações na Administração Pública, a opção será realizar um
estudo das formas diversas, como se encontra organizado o DMK, com vista a realização de um
levantamento sobre as suas competências, organização e planeamento comunicacional.

4. Problematizando o Tema

A gestão da comunicação é fundamental para a obtenção de resultados adequados, na aquisição de


novas tecnologias, na redução de custos e no processo de mudança (Polit & Hungler 1995). Para
os autores, à medida que o planeamento estratégico analisa a comunicação, inserindo-a nas
estratégias, a probabilidade de sucesso da implantação de novas tecnologias aumentará.

Uma comunicação organizacional bem definida é importante para uma Instituição, mas não
resolve todos os seus problemas. A comunicação deve ser utilizada de forma adequada para poder
influenciar os padrões de produção e a identificação das diferenças estratégicas ao nível dos
órgãos de direcção.
Sem comunicação, não há organização “gestão, cooperação, motivação, vendas, oferta ou
procura, marketing ou processos de trabalho coordenados […] de facto, uma organização humana
é simplesmente uma rede comunicacional. Se a comunicação falha, uma parte da estrutura
organizacional se não também falha” (Wiio, 1995).

Chiavenato (1997) expõe que a comunicação é importante em todas as funções administrativas.


Especialmente porque representa o intercâmbio de pensamento e de informações, proporcionando
compreensão mútua e confiança nas relações humanas. Para o autor, “a comunicação eficiente se
apresenta como uma ferramenta indispensável ao pleno exercício da administração, pois, a
organização tem a necessidade de trabalhar com a adequação do produto ou serviço ao mercado”.

De acordo com Pimenta (1999), a comunicação nas instituições públicas contribui para a
definição e concretização de metas e objectivos, além de possibilitar a integração e equilíbrio
entre os seus componentes. A autora acrescenta que “a falta de comunicação entre os funcionários
de uma organização pode ser apontada como uma das causas de falta de comprometimento, e
consequentemente, impossibilita a organização de atingir suas metas, além de outro agravante, a
falta de capacitação dos mesmos para enfrentar os desafios das organizações”.

Assim, uma comunicação organizacional eficaz é um dos factores fundamentais para a obtenção
do êxito nas organizações. Quanto maior for o grau de deficiência no processo comunicativo,
tanto maior será o grau de incompreensão no ambiente organizacional, o que pode acarretar em
dificuldades no alcance dos objectivos da organização. Seguindo este pressuposto lógico do
processo comunicativo, surge o seguinte questionamento para o DMK: até que ponto a
comunicação organizacional contribui para a sua eficácia enquanto uma instituição
pública?

5. Objectivos da Pesquisa

Geral: Reflectir em Torno do Contributo da Comunicação Organizacional na Eficácia das


Instituições Públicas.
Específicos Questões da Pesquisa
Identificar os canais e actores da comunicação Quais são os canais e actores da comunicação
predominantes no DMK; existentes no DMK?
Descrever o sistema e processo de Como funciona o Sistema e processo de
comunicação usado pelo DMK interna e comunicação usado pelo DMK?
externamente;
Avaliar a eficácia organizacional do DMK; Qual é o nível da eficácia organizacional do
DMK?
Relacionar a comunicação e eficácia Qual é a relação existente entre a comunicação
organizacional do DMK; e eficácia organizacional do DMK?

6. Hipótese da Pesquisa
Os canais e actores da comunicação no DMK não são lineares, obedecem ao sistema misto
e o processo é dinȃmico, assim, pode contribuir positivamente na eficácia organizacional
desta instituição.
6.1 Variáveis da Hipótese

Variável Independente: Comunicação Organizacional

Variável Dependente: Eficáçia Organizacional das Instituições Públicas

7. Metodologia do Trabalho

A Metodologia tem como função mostrar ao pesquisador, como andar no “caminho das pedras”
da pesquisa, ajudá-lo a refletir e instigar um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso,
indagador e criativo (Kerlinger, 1980). Nesta etapa define-se onde e como será realizada a
pesquisa. Define-se o tipo de pesquisa, a população (universo da pesquisa), a amostragem, os
instrumentos de colecta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados (Idem).

7.1 Classificação da Pesquisa

Existem várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação serão


apresentadas tendo em conta Gil (1991):

Do ponto de vista da sua natureza, o estudo a ser feito classifica-se como Pesquisa Aplicada: que
objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas
específicos. Envolve verdades e interesses locais. Para o efeito, através de tal estudo analisar-se-á
a CO como solução na busca pela eficácia do DMK.

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema o estudo classifica-se como:

Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em
números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de
técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão).
Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto
é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode
ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são
básicas no processo de pesquisa qualitativa (Gil, 1991).

As abordagens acima complementam-se uma vez que o estudo a ser feito propõe-se a debater
ideias de forma teórica e empírica com o objectivo de depois tirar as possíveis ilações, e/ou
traduzir tais ideias em dados numéricos ou termos quantificáveis como forma de avaliação do
contributo da CO no alcance dos objectivos do DMK.

Do ponto de vista de seus objectivos, será tal estudo, uma Pesquisa Exploratória: a que de
acordo com o autor supracitado, “visa proporcionar maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de
exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas
Bibliográficas e Estudos de Casos” (ibid.). As características desta tipologia permitirão a
realização de estudo exaustivo através de materiais e pessoas encontradas no local de estudo.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos (Gil, 1991), o estudo a ser feito será:

Pesquisa Bibliográfica: uma vez que será elaborado a partir de material já publicado, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na
Internet.

Pesquisa Documental: além de livros, o estudo será elaborado a partir de materiais que não
receberam tratamento analítico (documentos oficiais) do DMK.

Estudo de caso: o estudo irá envolver o estudo profundo e exaustivo de CO e o seu contributo no
alcance dos objectivos no DMK de maneira que se permita o seu amplo e detalhado
conhecimento.

7.2 Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

De refirir que no estágio anterior já foram mencionadas as técnicas de documentação indirecta,


assim, cabe desde já mencionar as de documentação directa e os respectivos instrumentos. Para o
efeito, o estudo será feito através das entrevistas, questionários e inquéritos.

Entrevista: é a técnica de obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado


assunto ou problema (Kerlinger, 1980). Esta será guiada na sua forma despadronizada ou não-
estruturada: não existe rigidez de roteiro. Podem-se explorar mais amplamente algumas questões.
Questionário: é um instrumento de colecta de dados com uma série ordenada de perguntas que
devem ser respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em
extensão e estar acompanhado de instruções As instruções devem esclarecer o propósito de sua
aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o preenchimento
(Andrade, 1980).

Inquérito por questionário, para Campenhoudt e Quivy (1998:188), “é um processo de recolha


de dados que tem implícita, a verificação de hipóteses teóricas e a análise das correlacções, que
essas hipóteses sugerem e utiliza-se preferencialmente, quando se pretende conhecer uma
população enquanto tal, ou analisar um fenómeno social”.

A técnica da entrevista e os seus instrumentos serão administrados aos funcionários e utentes do


DMK como formas de buscar daqueles os dados sobre a CO e o seu contributo na eficácia da
instituição.

7.3 Métodos da Pesquisa

A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (Gil,


1999:26) para que seus objectivos sejam atingidos: os métodos científicos. Método científico é o
conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de
raciocínio adoptada no processo de pesquisa. Para os fins pretendidos neste trabalho, os métodos
são classificados em dois grandes grupos: o dos que proporcionam as bases lógicas da
investigação científica e o dos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos que poderão ser
utilizados. Esta é uma classificação que apresenta semelhanças com a de Trujillo Ferrari
(1982:23), que trata dos métodos gerais e discretos e a de Lakatos (1992:81), que fala em métodos
de abordagem e em métodos de procedimentos.

7.3.1 Método Hipotético-Dedutivo

É um método de abordagem, definido por Karl Popper1 a partir de críticas à indução. A indução,
no entender de Popper, não se justifica, pois o alto indutivo de “alguns” para “todos” exigiria que
a observação de factos isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que
fosse a quantidade de factos observados (Gil, 1999). No método hipotético-dedutivo, de acordo
com Kaplan (1972:12):

[...] o cientista, através de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis


antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que

1
POPPER, K. (1935), A lógica da investigação científica.
governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as
consequências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados,
substituindo-os, quando necessário, por outros, e assim prossegue.

Assim, Marconi e Lakatos (1983) concordam que a dedução-hipotética consiste na adopção da


seguinte linha de raciocínio:

Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a


explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades
expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses
formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear
significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método
dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao
contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la.

Baseado neste pressuposto, para o estudo a ser realizado propõe-se o uso deste método, uma vez
que se tem em base dados incompletos para explicar o processo comunicativo no DMK e o
contributo que desta decorre para a eficácia organizacional, deste problema, a pesquisadora já cria
postulado (uma hipótese) para tentar explicar o facto problemático e assim, será testado,
confirmado ou falseado no terreno.

7.3.2 Método Monográfico

É um método de procedimento, chamado por muitos como método das representatividades. Este
método parte do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes. Esses casos podem ser
indivíduos, instituições, grupos, comunidades (Gil, 2009). Assim, o estudo a ser realizado será
exaustivo e poderá ser representativo ao ponto de se considerar a CO um vector preponderante
para o alcance dos objectivos não só no DMK como também para as demais instituições públicas.
Portanto, especificamente este estudo será representativo de caso institucional e territorial.

7.4 População e Amostra da Pesquisa

População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas


características definidas para um determinado estudo (Yin,1994). Para o autor, amostra é parte da
população ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou plano. Entretanto, o universo
da pesquisa a ser feita irá abarcar (_______) elementos, dos quais (____) são funcionários e
(_____) são utentes do DMK. Do universo extrair-se-á uma amostra de (_______), dos quais
serão entrevistados (_______) e inquiridos (______) funcionários e serão entrevistados (_______)
e inquiridos (______) utentes.
7.4.1 Processo de Amostragem da Pesquisa

Na pesquisa o processo de amostragem procura identificar desde a unidade de amostragem, o


tamanho da amostra e como selecionar. Assim, quanto técnica de amostra, a pesquisa beneficiará
da amostra não-probabilística, definida por Schiffman e Kanuk (2000) como uma técnica de
amostragem na qual as amostras são recolhidas em um processo que não dá todos os indivíduos
da população as mesmas chances de ser selecionado.

Assim, para a operacionalização desta técnica serão aplicadas as seguintes técnicas de


amostragem:

Amostragem por acessibilidade ou por conveniência: constitui o menos rigoroso de todos os tipos
de amostragem, por isso mesmo é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona
os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o
universo (Gil,1999). Aplica-se este tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos,
onde não é requerido elevado nível de precisão. Portanto, esta tipologia será aplicada para a
selecção dos utentos, devido a dificuldade para a sua localização.

Amostragem por tipicidade ou intencional: também constitui um tipo de amostragem não


probabilística e consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações
disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população. A principal vantagem da
amostragem por tipicidade está nos baixos custos de sua seleção. Entretanto, requer considerável
conhecimento da população e do subgrupo selecionado (Ibid.:94). Esta amostra será aplicada na
selecção de detentores de conhecimento sobre CO, quando mais na repartição de Comunicação no
DMK.

8. Quadro Teórico da Pesquisa

Para interpretar os resultados, o pesquisador precisa ir além da leitura dos dados, com vistas a
integrá-los num universo mais amplo em que poderão ter algum sentido. Esse universo é o dos
fundamentos teóricos da pesquisa e o dos conhecimentos já acumulados em torno das questões
abordadas (Gil, 2009). Mediante o auxílio de uma Teoria pode-se verificar que por trás dos dados
existe uma série complexa de informações, um grupo de suposições sobre o efeito dos factores
sociais no comportamento e um sistema de proposições sobre a actuação de cada grupo. Assim, as
teorias constituem elemento fundamental para o estabelecimento de generalizações empíricas e
sistemas de relações entre proposições. Assim, o estudo será suportado pela Teoria Estruturalista
(TE).
8.1 Gênese e Pressupostos da Teoria Estruturalista

A Teoria Estruturalista surgiu por volta da década de 1950, como um desdobramento das análises
dos autores voltados para a Teoria da Burocracia que tentaram conciliar as teses propostas pela
Teoria Clássica e pela de Relações Humanas (Chiavenato, 2003).

Os estruturalistas (mais voltados para a Sociologia Organizacional) procuram interrelacionar as


organizações com seu ambiente externo, que é a sociedade maior. Daí, a sociedade de
organizações caracterizada pela interdependência entre as organizações. Surge um novo conceito
de organização e um novo conceito do homem: o homem organizacional que desempenha papéis
simultâneos em diversas organizações diferentes.

Assim, Gil (1999) acredita que o estruturalismo parte do pressuposto de que cada sistema é um
jogo de oposições, presenças e ausências, constituindo uma estrutura, onde o todo e as partes são
interdependentes, de tal forma que as modificações que ocorrem num dos elementos constituintes
implica a modificação de cada um dos outros e do próprio conjunto.

O conceito de estrutura vem de longa data, no entanto, o Estruturalismo propõe um novo


conceito, em que considera que a estrutura é o conjunto de dois ou mais elementos que
permanecem inalterados, seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos. A estrutura mantém-
se mesmo com a alteração de um dos elementos ou relações. Desse modo, a Escola Estruturalista
se preocupa com o todo, com a interdependência entre as partes que formam o todo, e faz com
que esse todo seja maior que simplesmente a soma das partes (Chiavenato, 2003).

8.1.1 Principais Expoentes da Teoria Estrututalista

Embora, ao longo do desenvolvimento das ciências sociais, diversas correntes de pensamento


tenham sido designadas como estruturalistas, este termo aplica-se hoje particularmente para
identificar as correntes de pensamento que têm suas bases conceituais nos estudos do lingüista
Ferdinand Saussure (1857-19132) e do antropólogo Claude Lèvi-Strauss3 (Gil, 1999).

2
DE SAUSSURE, Ferdinand (Genebra, 26 de novembro de 1857 - Morges, 22 de fevereiro de 1913) foi um linguista
e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma.
Seu pensamento exerceu grande influência sobre o campo da teoria da literatura e dos estudos culturais.
Seus conceitos serviram de base para o estruturalismo no século XX.
3
LÉVI-STRAUSS, Claude (Bruxelas, 28 de novembro de 1908 - Paris, 30 de outubro de 2009) foi um antropólogo,
professor e filósofo francês, embora tenha nascido na Bélgica. É considerado o fundador da antropologia
estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século XX.
Ribeiro (2009) destaca que o principal precursor da Teoria Estruturalista foi o sociólogo alemão
Amitai Etzioni (19294), com seus estudos na década de 1960, que pregava a divisão do trabalho e
atribuição de poder e responsabilidades, centros de poder, substituição de pessoal e meios de
controlo, classificando as organizações com base na obediência.

Etzioni e outros estruturalistas5 viam a sociedade moderna como uma sociedade de organizações
que interagem entre si, assim como os grupos sociais. Ou seja, a Escola Estruturalista estuda as
organizações concentrando-se principalmente em sua estrutura interna e em sua interação com
outras organizações. O Estruturalismo vê a organização interagindo com o meio externo (Etizioni,
1960).

8.1.2 Pressupostos da Teoria

De acordo com Lèvi-Strauss (1967), o estruturalismo acenta sobre os seguintes pressupostos:

O modelo deve oferecer um caráter de sistema, isto é, consistir em elementos tais que
qualquer modificação num de seus elementos acarrete modificação em todos os outros;
Todo modelo deve pertencer a um grupo de transformações, cada uma das quais
correspondendo a um modelo da mesma família, de modo que o conjunto dessas
transformações constitua um grupo de modelos;
As propriedades exigidas por essas duas condições devem permitir prever de que modo
reagirá o modelo, em caso de modificação de um dos elementos; e
É necessário que o modelo seja construído de tal modo que seu funcionamento possa
explicar todos os factos observados.

8.1.3 Aplicalibidade da Teoria Estruturalista ao Estudo

Do ponto de vista estrutural o tema a ser analisado obedece a seguinte linhagem: as instituições
públicas em especial o DMK deve ofecerer u carácter sistêmico de tal maneira que a modificação
da CO enquanto seu subsistema acarrete a modificação dos objectivos pretendidos. Percebe-se
pois, um interdependência estrutural entre o factor comunicacional e o alcance da eficácia
organizacional. O DMK pertence a um grupo maior (Conselho Autárquico de Maputo) e por sua
vez, compreende a um grupo de segmentos que o fixam (repartições ou sectores e/ou comissões
de trabalhos), entretanto a esta estrutura toda, aplica-se um processo de comunicação que permita

4
ETZIONI, Amitai (nascido Werner Falk em 4 de Janeiro de 1929 em Colónia, Alemanha) é um sociólogo
germano-estadunidense-israelense. É um dos autores mais importantes da Abordagem Estruturalista mais
precisamente da Teoria Estruturalista da Administração.
5
James D. Thompson, Victor A. Thompson, Peter M. Blau, W. Richard Scott.
a sua ligação. A estrutura fornece um procedimento de comunicação que permite o intercȃmbio
entre a sociedade organizacional.

8.1.4 Críticas à Teoria Estruturalista

Segundo Ferreira, Reis e Pereira (2002), as críticas feitas ao Estruturalismo normalmente são
respostas às críticas formuladas pelos próprios estruturalistas em relação à outras teorias,
principalmente à Teoria das Relações Humanas. Dentre as críticas recebidas, destacam-se as
seguintes:

Ampliação da abordagem: a TE ampliou o campo de visão da administração que antes se


limitava ao indivíduo, na Teoria Clássica, e ao grupo, na Teoria das Relações Humanas, e
que agora abrange também a estrutura da organização, considerando-a um sistema social
que requer atenção em si mesmo;
Ampliação do estudo para outros campos: a TE alargou também o campo de pesquisa da
administração, incluindo organizações não- industriais e sem fins lucrativos em seus
estudos;
Convergência de várias teorias: Na visão de Chiavenato (2003), nota-se, no
Estruturalismo, uma tentativa de integração em ampliação nos conceitos das teorias que o
antecederam, a saber: A Teoria Clássica, a Teoria das Relações Humanas e a Teoria da
Burocracia;
Dupla tendência teórica: Ainda para Chiavenato (2003), alguns dos autores estruturalistas
enfatizavam somente a estrutura e os aspectos que integravam a organização, onde a
mesma é o objecto da análise. Outros autores se atêm aos aspectos como conflitos e
divisões na organização.

9. Resultados Esperados

Aprior espera-se do estudo obter e enriquer as abordagens escassas sobre o tema, uma vez que o
dilema de CO e o seu contributo nas empresas vem se discutindo desde os tempos imemoriais,
contudo até actualmente não chega a uma ideia consensual. Já operacionalmente, espera-se buscar
os seguintes resultados: saber que canais e actores da comunicação predominam no DMK; como
o sistema e processo de comunicação é usado pelo DMK interna e externamente; saber se o DMK
é ou não eficaz, se sim, até que ponto; por fim achar a relação entre a comunicação e eficácia
organizacional do DMK.
Cronograma

Actividades Periodização mensal 2020


Setembro Outubro Novembro Dezembro
Apresentação a críticas e apreciação …
do projecto de pesquisa
Revisão da literatura …
Estudo do caso …
Processamento e sistematização de …
dados
Submissão e defesa do Trabalho …
REFERÊNCIAS

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LAKATOS, E. M. (1992), Metodologia Cientifica. 4ª ed. Editora Atlas: São Paulo.

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