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Candidato: Supervisora:
Juliano Carlos Baptista Dra. Bernardete Gomana
Eu, Juliano Carlos Baptista, declaro, por minha honra, que o presente trabalho é da minha
autoria e que nunca foi anteriormente apresentado para avaliação em nenhuma Instituição de
Ensino Superior, nacional ou de outro País.
O candidato
____________________________________
i
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DA SUPERVISORA
O candidato: A supervisora:
__________________________________ _________________________________
(Juliano Carlos Baptista) (Dra. Bernardete Gomana)
1.3 Justificativa....................................................................................................................... 4
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 52
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 54
Apêndices ...................................................................................................................................... 61
Apêndice 1: Guião de Entrevista Dirigido aos Colaboradores da Mozal ................................. 62
Para a realização deste objectivo contei com a luz divina, colaboração e incentivo de várias
pessoas que não serei capaz de mencioná-las em simples texto monográfico. Tive apoio
institucional cuja relevância é inestimável.
Quero agradecer a Deus pelo dom da vida e pela força concedida para enfrentar com sucesso os
desafios e obstáculos ligados a esta caminhada.
Agradecer o corpo administrativo e docente da UJC, em especial a dra. Bernardete Gomana pela
supervisão do presente trabalho.
Agradecer a Mozal desde os seus funcionários e a comunidade estudada por permitir a realização
da pesquisa e o seu engajamento no processo de colecta de dados.
Agradeço aos colegas do curso pela partilha de experiências nos meandros académicos e sociais,
juntos enfrentamos desafios com espírito colectivo. A lista não esgota, porém, a todos (as) que
directa ou indirectamente fazem parte da minha vida, o meu eterno, profundo e sincero
agradecimento.
Por fim agradeço a todos que directa ou indirectamente deram o seu apoio.
iii
DEDICATÓRIA
À minha esposa.
iv
EPÍGRAFE
v
LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS
vi
LISTA DE FIGURA E GRÁFICO
vii
SUMÁRIO EXECUTIVO
O presente estudo tem como objectivo geral analisar o Papel da Participação Comunitária na
Responsabilidade Social das Empresas (RSE): Caso da Mozal na Localidade de Chinonanquila
(2015-2020) e é fundamentado à luz da Teoria de Democracia Participativa (TDP) e da Teoria de
Desenvolvimento Endógeno (TDE), no âmbito metodológico classifica-se como uma pesquisa de
natureza aplicada com uma abordagem quanti-qualitativa e quanto aos objectivos é exploratória.
São aplicados os métodos: monográfico e hipotético-dedutivo cuja colecta de dados é feita através
da revisão bibliográfica, documental, entrevistas semiestruturadas e inquérito por questionário.
Pode-se constatar que na criação de projectos de responsabilidade social são colhidas as opiniões
dos membros da comunidade, através de inquéritos e reuniões. Existe um corpo de regras que
permite que as pessoas dêem conselhos mas o poder de decisão não está nas suas mãos, mas sim
nas mãos das estruturas do Megaprojecto Mozal. Todavia os detentores do poder são capazes de
mostrar que houve a tentativa de envolver a comunidade. Para estimular a participação, é
necessário orientar os investimentos públicos muito mais em relações humanas do que em obras
físicas. Quando se fala em envolvimento comunitário, quer-se entender a consolidação de
relacionamentos, sejam eles entre pessoas ou organizações. Estes investimentos darão sustentação
à superação dos conflitos sociais, económicos, culturais, políticos e ambientais que surgirão em
decorrência das mudanças promovidas.
viii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Portanto, a partir deste estudo procura-se compreender os processos de interacção e diálogo entre
a Mozal e a comunidade, na elaboração de acções direccionadas ao bem-estar destas últimas. Ou
seja, há que perceber até que ponto a comunidade é ouvida na elaboração e implementação das
acções que a empresa incrementa.
1
Deste modo, o presente trabalho tem como tema: contributo da participação comunitária na
responsabilidade social empresarial.
1.2 Contextualização
Numa perspectiva histórica, a RSE é uma manifestação actual de debates antigos sobre o papel
dos negócios na sociedade. O fenómeno novo neste debate é o facto de estes debates
relacionarem a RSE com temas como o desenvolvimento, ambiente, direitos humanos, e tem
uma amplitude global em comparação com os períodos anteriores.
A responsabilidade social corporativa era aceite como doutrina nos EUA e Europa até o século
XIX, quando o direito de conduzir negócios de forma corporativa era uma questão de
prerrogativa do Estado ou Monarquia e não um interesse económico privado (Hood, 1998). Com
a independência dos EUA, os Estados americanos começaram a aprovar a legislação que
permitisse a auto-incorporação (Self-incorporation) como alternativa à incorporação por acto
2
legislativo específico, inicialmente para serviços de interesse público, como, por exemplo, a
construção de canais, e, posteriormente, para propósitos de condução de negócios privados.
Desta forma, até ao início do séc. XX a premissa fundamental da legislação sobre corporações
era de que seu propósito era a realização de lucros para seus accionistas (Ashley, 2000).
Após os efeitos da Grande Depressão e o período da Segunda Guerra Mundial, a noção de que a
corporação deve responder apenas aos interesses dos seus accionistas sofreu ataques na
academia, principalmente pelos trabalhos de Berle e Means, The Modern Corporation and
Private Property (Berle & Means, 1932), argumentando que os accionistas eram passivos
proprietários que abdicavam controlo e responsabilidade para a direcção da corporação. Estes
eventos históricos destacados criaram um ambiente para uma aceitação gradual da
responsabilidade social no contexto académico. Suzana Leal (2005) destaca as fases importantes
que marcam este percurso até às modernas formulações da responsabilidade social.
Com efeito, a responsabilidade social empresarial começa a sofrer uma crescente formalização
enquanto conceito a partir da década de 1960. McGuire (1963) defendeu a ideia de que a
responsabilidade social supõe que a empresa não tem apenas obrigações legais e económicas mas
também algumas responsabilidades para com a sociedade. Por sua vez, Walton (1967) destaca
que o conceito de responsabilidade implica uma intimidade da relação entre empresa e a
sociedade, e defende que tal relação deve ser lembrada pelos gestores de topo à medida que a
empresa e os grupos relacionados prosseguem os respectivos objectivos (Leal, 2005).
3
Este vazio legal ou orientador, aliado ao rápido crescimento empresarial, obrigou a uma
profunda reflexão por parte do Governo da República de Moçambique que culminou com uma
discussão que serviu de base para o desenvolvimento de uma política de RSE, através de
consultas públicas regionais. Esta auscultação contou com o envolvimento da sociedade civil e
do sector privado para determinação de acções concretas a serem financiadas em benefício das
comunidades vivendo em seu redor. A ideia é obrigar as empresas a desenhar projectos e estarem
inscritos nos seus planos de desenvolvimento para o benefício das comunidades onde estão
implantadas bem como para o país como um todo e dentro de um contexto de políticas
governamentais e estratégia de desenvolvimento mais alargado (Wache,2008).
Depois da realização da auscultação e discussão com todos os intervenientes, foi criada uma
política de RSE, sustentando-se também em práticas internacionais do sector e submetido ao
Conselho de Ministros, que foi aprovado através da resolução n˚ 21/2014, de 16 de Maio.
Espera-se que esta política venha a permitir que a indústria seja mais estratégica nos seus
programas de RSE e apoio as metas do Governo no crescimento económico sustentável e na
redução da pobreza.
1.3 Justificativa
Ao nível social, a escolha do tema sobre a RSE em Moçambique, com particular foco na
actuação da Mozal na vida das comunidades, é um contributo ao debate que já tem acontecido
sobre o desenvolvimento social e económico que é esperado com a actuação dos megaprojectos,
das multinacionais estrangeiras.
Ao nível da AP, a escolha deste tema é uma oportunidade de discutir a RSE com novas
perspectivas de análise, visto que este tema já tem sido alvo de estudos em ciências como a
administração, economia, gestão, entre outras, e por esta via através da AP podem ser levantados
novos problemas e sugestões de pesquisa.
Em termos de motivação pessoal, pesaram a curiosidade despertada no autor pelo tema da RSE,
que embora não sendo um novo tema, tem a capacidade de despertar animosidades em alguns
círculos de opinião da sociedade moçambicana. O autor sendo membro desta mesma sociedade,
não poderia deixar de dar o seu contributo para a reflexão do tema, com o auxílio da AP.
4
Portanto a partir de um estudo de caso do megaprojecto Mozal, procura-se compreender os
processos de interacção e diálogo entre a comunidade, na elaboração de acções direccionadas ao
bem-estar das comunidades locais. Ou seja, há que perceber até que ponto a comunidade é
ouvida na elaboração e implementação das acções que a empresa faz.
1.4 Problematização
Dentro da abordagem segundo a qual, a RSE relaciona-se com a filantropia e com a caridade,
este conceito vai para além destes elementos, pelo que, os beneficiários da RSE nas comunidades
não são meros agentes passivos sujeitos a depender da boa vontade das empresas, mas são
parceiros legítimos que almejam participar no desenvolvimento das suas comunidades, através
da criação e implementação de projectos socialmente responsáveis, de modo a que estes sejam
sustentáveis, e que as comunidades não sejam eternos dependentes da caridade das empresas.
Dentro desta lógica, estudos realizados apontam para uma implementação inadequada da RSE
que resulta da falta de participação das comunidades nestas acções, por exemplo, há quem
acredita que a questão da participação comunitária em matérias de RSE dos megaprojectos, já
deu provas de ser em algum momento, um terreno aberto a diversas interpretações, tanto por
parte dos que implementam, como também das comunidades que dela se beneficiam (CIP, 2010).
Embora tenham sido feitos esforços na teorização da RSE, nota-se que ainda persistem lacunas
da sua implementação ao nível empírico.
Para CIP (2011) estas deficiências do entendimento e de implementação da RSE trazem consigo
um potencial conflito, dos quais podemos citar os casos dos megaprojectos da Companhia Vale
Moçambique em Tete, Kenmare em Nampula, que são alguns exemplos, onde as comunidades
reivindicaram condições dignas de reassentamento e por uma atitude mais responsável destas
empresas.
Echave (2006) concluiu em seu estudo sobre este assunto, que as comunidades ligadas às
companhias têm um papel reduzido no processo de tomada de decisão sobre o desenvolvimento
das suas zonas, pois as comunidades tendem a negociar com as empresas sem preparação
adequada, não definindo objectivos e estratégias, sem obter a informação necessária, sem
recursos, consultas e sem capacidade organizacional.
5
Por sua vez, Capito (2015) aponta para a vertente das compensações empresariais, dizendo que
as negociações entre empresas e comunidades estão mais concentradas em esquemas de
compensação (pagamento em dinheiro às comunidades pelos reassentamentos das suas áreas de
habitação com o surgimento da companhia), do que na definição de estratégias de
desenvolvimento a longo prazo. É de recordar que tais compensações contemplam as fases
iniciais dos projectos de mineração, ou seja, as companhias não reconhecem o seu papel na
responsabilidade social como uma relação contínua no presente e no futuro.
Para Echave (2006) este cenário verifica-se na medida em que estas empresas não se assumem
responsáveis pelas mudanças que ocorrem ao nível social e ambiental nas comunidades,
causadas pelo seu funcionamento. Assim esquemas de compensação não se baseiam numa
relação contínua entre empresas e comunidades, mas representam a busca de soluções rápidas
para um problema específico (os reassentamentos).
Assim a RSE, mais do que filantropia e caridade, é uma cultura de gestão das empresas que
prima por princípios éticos e morais vigentes numa sociedade.
Este questionamento é feito pelo facto de serem as próprias empresas que através da RSE,
regulam a sua própria conduta na sua intervenção social nas comunidades e frequentemente
apontam os aspectos positivos das suas actividades nos seus relatórios de prestação de contas.
Neste processo as comunidades que se beneficiam da RSE, raras vezes têm a oportunidade de
intervir e de concordar ou descordar do posicionamento das empresas. Nesta senda, pesquisas
feitas no campo da RSE, analisam a actuação social das empresas nas comunidades, realçando as
questões de participação, negociação e tomada de decisão dessas mesmas comunidades.
Por conseguinte, o não envolvimento das populações locais tem como consequências a
dependência mental. Visto que a construção de edifícios e de outros projectos de
desenvolvimento não envolvem de forma genuína a população local, estas iniciativas das
companhias são vistas como ofertas, e as populações não se sentem como donas destes projectos
(Frynas, 2005:590).
Assim, a participação dos beneficiários tem sido constrangida pela falta de habilidades das
companhias petrolíferas de gerir as questões de desenvolvimento local através da RSE, e também
pelas abordagens tecnicistas usadas pelos gestores das companhias no tratamento das questões
6
sociais. Em face a esta dicotomia urge elaborar a seguinte pergunta de partida: Até que ponto a
participação comunitária contribui nas acções de responsabilidade social das empresas,
especificamente a comunidade de Chinonanquila?
7
1.7 Hipóteses da Pesquisa
Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada. Para Marconi e Lakatos (2007) esse tipo
de pesquisa é caracterizado por ter interesse prático, com resultados aplicados e utilizados
imediatamente na solução de problemas que ocorrem na realidade. Para o efeito, através de tal
estudo analisa-se a participação da comunidade de Chinonanquila como factor de sucesso das
acções da RS da Mozal.
8
classificar e interpretar, sem a interferência do pesquisador (Munaretto; Corrêa; Cunha, 2013).
Logo, esta pesquisa se configura como uma pesquisa exploratória, visto que o seu objectivo é
expor as características de determinado fenómeno ou população.
De acordo com Zapelini e Zapelini (2013), o estudo de caso é utilizado visando a obtenção de
conhecimentos sobre determinada problemática para quando se busca uma resposta, ou, ainda,
pode ser considerada uma maneira de se comprovar algo. Além disso, vale levar em
consideração que o levantamento é de grande relevância, pois ajuda na busca de informações de
um grupo de pessoas acerca do problema que está sendo estudado, para consequentemente ser
analisado para obtenção das conclusões pertinentes (Gil, 2002).
Com relação aos instrumentos de colecta de dados, os meios utilizados são: entrevista e
questionário. Os questionários1 utilizados são mistos (que tal como o nome indica são
1
Questionário: é um instrumento de colecta de dados com uma série ordenada de perguntas que devem ser
respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objectivo, limitado em extensão e estar
acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da
colaboração do informante e facilitar o preenchimento (Andrade, 1980).
9
questionários que apresentam questões de diferentes tipos: resposta aberta e resposta fechada).
Entrevista2 com perfil pessoal e o roteiro de entrevistas utilizado foi semiestruturado. Para
Triviños (1987:146) a entrevista semiestruturada tem como característica questionamentos
básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os
questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes.
O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. Complementa o autor,
afirmando que a entrevista semiestruturada “[...] favorece não só a descrição dos fenómenos
sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...]” além de manter a
presença consciente e actuante do pesquisador no processo de colecta de informações. A colecta
de dados deu-se através de questionários aplicados e entrevistas gravadas, todos com a presença
do autor, na Mozal.
Para os fins pretendidos neste trabalho, os métodos são classificados em dois grandes grupos: o
dos que proporcionam as bases lógicas da investigação científica e o dos que esclarecem acerca
dos procedimentos técnicos que poderão ser utilizados. Esta é uma classificação de Lakatos
(1992:81), que fala em métodos de abordagem e em métodos de procedimentos.
Para a abordagem fala-se do método Hipotético-Dedutivo, definido por Karl Popper3 a partir de
críticas à indução. A indução, no entender de Popper, não se justifica, pois o alto indutivo de
“alguns” para “todos” exigiria que a observação de factos isolados atingisse o infinito, o que
2
Entrevista: é a técnica de obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema
(Gil, 1999). Esta é guiada na sua forma despadronizada ou semi-estruturada: não existe rigidez de roteiro. Podem-se
explorar mais amplamente algumas questões.
3
POPPER, K. (1935), A lógica da investigação científica.
10
nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade de factos observados (Gil, 1999).
Assim, Marconi e Lakatos (1983) concordam que a dedução-hipotética consiste na adopção da
seguinte linha de raciocínio:
Baseado neste pressuposto, para o estudo aplica-se este método, uma vez que se tem em base
dados incompletos para explicar o papel da participação comunitária nas acções da RSE, deste
problema, o pesquisador já cria postulado (hipótese) para tentar explicar o facto problemático e
assim, é testado, confirmado ou falseado no terreno.
As pesquisas nas ciências sociais abrangem um universo tão grande sendo impossível considerar
todo o universo ou população - conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo
menos uma característica em comum (Marconi & Lakatos, 2003:223). Assim sendo, trabalha-se
com uma amostra, que é uma parte dos elementos que compõem o universo, esperando que ela
represente essa população (universo) que se pretende estudar (Prodanov & Freitas, 2013).
4
O estudo de caso “visa explorar, descrever ou explicar uma realidade específica, e surge do desejo de
compreender fenómenos sociais complexos, ao mesmo tempo que retém as características significativas e holísticas
de eventos da vida real” (Yin, R., 2010).
11
Para este estudo, tem-se como universo todos os colaboradores da Mozal (506) e a comunidade
da Chinonanquila (30 000)5 elementos. Deste universo extraiu-se uma amostra de 134 elementos,
sendo quatro (4) funcionários da Mozal seleccionados intencionalmente6 e 130 elementos da
comunidade, seleccionados por acessibilidade ou conveniência7 para os inquéritos.
O segundo capítulo compreende o debate teórico e conceptual, onde são abordados aspectos
como o desenvolvimento teórico que faz o acompanhamento do tema em estudo, faz também a
conceptualização dos conceitos-chave usados com frequência na abordagem do tema;
O quarto capítulo faz menção à caracterização do campo de estudo e é ainda neste capítulo que
são apresentados e discutidos os dados colhidos no campo (Mozal).
5
Instituto Nacional de Estatística (2017). Censo populacional.
6
Amostragem por tipicidade ou intencional: também constitui um tipo de amostragem não probabilística e consiste
em seleccionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado
representativo de toda a população (Prodanov & Freitas, 2013).
7
A amostra por acessibilidade ou conveniência é uma forma de amostra não probabilística que consiste em
seleccionar os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam, de alguma forma, representar o universo
(Prodanov & Freitas, 2013), sem descriminação de sexo, idade nem pela categoria profissional.
12
CAPÍTULO 2: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL
Este capítulo compreende o debate teórico e conceptual, onde são abordados aspectos como o
desenvolvimento teórico que faz o acompanhamento do tema em estudo, a conceptualização dos
conceitos-chave usados na abordagem do tema.
Mediante o auxílio de uma Teoria pode-se verificar que por trás dos dados existe uma série
complexa de informações, um grupo de suposições sobre o efeito dos factores sociais no
comportamento e um sistema de proposições sobre a actuação de cada grupo. Assim, as teorias
constituem elemento fundamental para o estabelecimento de generalizações empíricas e sistemas
de relações entre proposições. Assim, o estudo é lido na base da Teoria da Democracia
Participativa (TDP) complementada pela Teoria do Desenvolvimento Endógeno (TDE).
Para Langa (2012), Joseph Proudhon8 e Piotr Kropotkine9 formularam os modelos económicos
alternativos, com base no princípio da autogestão, criando deste modo a TDP.
Segundo Cohen (1998: 28), durante o Século XIX, nasce o movimento cooperativo e associativo,
como uma nova forma de organização da Sociedade Civil, colocando este movimento como
parceiro “natural” dos sistemas políticos e económicos, levando a que nos nossos dias, este
movimento, desenvolva nova estratégia baseada, nos actores locais, disponíveis para desencadear
um processo de diálogo e de negociação, criando assim, uma nova ordem social, baseada no
ordenamento participativo e negociado, promovendo assim o diálogo local.
Surgindo então, nessa época a ideia de autogoverno (sef-goverment), que é defendida, por vários
pensadores políticos, como democracia participativa.
8
PROUDHON, P. J. (2001), Do princípio federativo. São Paulo: Nu-Sol. ISBN
9
KROPOTKINE, P. (2009), Ajuda Mútua: Um factor de evolução, São Sebastião: A Senhora Editora.
13
Autogestão;
Divisão de poder por todos os elementos que constituem a comunidade;
Reduzir ao mínimo as funções políticas em simples funções económicas;
Estrutura da base para o topo (down-top) do Governo.
2.1.2 Teoria de Desenvolvimento Endógeno
a) Génese e Precursores
De acordo com Costa (2002), desde os meados dos anos 80 do século XX, a investigação no
âmbito da teoria do crescimento sofreu um novo impulso e tal impulso deveu-se aos inúmeros
trabalhos pioneiros desenvolvidos por autores como Romer (1986)12 e Lucas13 ( 1988). Os
modelos desenvolvidos por esses autores, bem como outros modelos subsequentes, passaram a
designar-se, genericamente como modelo de crescimento endógeno.
10
Consiste, em reduzir ao mínimo as funções políticas em simples funções económicas. A constituição desta
sociedade é essencialmente progressiva e que este destino não pode ser concretizado, senão num sistema onde a
hierarquia governamental, em lugar de assentar sobre o topo, é estabelecida a partir da base, ou seja, colocar o povo
no topo da hierarquia. Constituindo grupos pequenos, respectivamente autónomos e uni-los em torno de um pacto de
desenvolvimento económico. Este modelo assente na autonomia e no cooperativismo, tende aproximar-se cada vez
mais pela organização em outras mãos, que não as do Estado (Proudhon, 2001).
11
Barquero, A.V. (2001). Desenvolvimento endógeno em tempos de globalização. Porto Alegre: FEE/UFRGS.
12
Romer. P. (1986). Increasing returns and long-run growth. Journal of Political Economy, v. 94. n.5. pp 1002-
1037.
13
Lucas. R. ( 1988) On the mechanics of economic development, J. Monetary Econ. V. 22. n. 1, pp. 3-34.
14
cada empresa enfrentará rendimentos constantes na sua função de produção mas a função de
produção agregada exibirá rendimentos crescentes. Lucas (1988) é um dos autores precursores
da TDE tendo criado um modelo que determinava que “o capital humano designa o conjunto de
conhecimentos susceptíveis de serem utilizados na produção e incorporados nos indivíduos”
(Figueiredo, 2005:161), considerando assim o capital humano um factor de crescimento
económico.
O aspecto endógeno refere-se ao facto do desenvolvimento ser determinado por actores internos
à região, sejam eles empresas, organizações, sindicatos ou outras instituições (Campus et al,
2005).
Para Moraes (2003), a TDE pressupõe o apoio nos factores de produção, sendo estes geridos
endogenamente em cada território e baseia-se na execução de políticas de fortalecimento e
qualificação das estruturas internas dos territórios criando condições sociais e económicas para a
geração e atracção de novas actividades produtivas.
Segundo Vázquez (2001)14 citado por Ribeiro & Santos (2005: 56), existem seis pilares da TDE
nomeadamente:
14
Vázquez B. A. (2001), Desenvolvimento endógeno em tempos de globalização. Fundação de Economia e
Estatística. Porto Alegre
15
c) Críticas à Teoria do Desenvolvimento Endógeno
Para Oliveira (2001), a questão do desenvolvimento local possui, pelo menos, três limitações.
16
empresas como forma de possibilitar o desenvolvimento local, pois busca melhores perspectivas
de crescimento económico, redução de custos e geração de emprego.
A TDE é igualmente aplicável a esta pesquisa uma vez que tem como principal característica a
ampliação da base de decisões autónomas por parte dos actores locais, colocando nas mãos
destes, o destino da economia local ou regional. Este modelo caracteriza-se por ser realizado de
“baixo para cima”, ou seja, partindo das potencialidades socioeconómicas originais do local, no
lugar de um desenvolvimento estruturado de “cima para baixo”, isto é, partindo do planeamento
e intervenção conduzidos pelo Estado nacional (Amaral Filho, 1996).
A compressão plena de determinada matéria é, vezes sem conta, determinada pelo entendimento
dos conceitos básicos a sua volta. Para a melhor compreensão desta pesquisa afigura-se
importante a definição de alguns termos, nomeadamente: participação comunitária, RSE e
Megaprojectos.
No sentido mais amplo, de acordo com Bordenave (1985), participação é “fazer parte”, “tomar
parte” ou “ter parte”. Desta forma, para o autor a questão central da participação não é o quanto
se toma parte mas como se toma parte e distingue entre os processos de micro participação
(voltada para interesses pessoais e imediatos) e macro participação (voltada para a intervenção
no âmago das estruturas sociais, políticas e económicas).
A Participação não nos parece que seja uma obrigação moral ou política da democracia. Todavia,
a participação constitui uma técnica de gestão pela sedução que anda associada ao estilo pessoal
de liderança política dos eleitos. É uma forma de envolver os cidadãos na solução dos seus
problemas (Bilham, 2004:60).
A Participação deve ser entendida como acto e efeito de um processo em que a sociedade civil, a
sociedade política e a sociedade económica tenham tomado uma decisão em conjunto.
Klausmeyer e Ramalho (1995) entendem que ela acontece quando há acesso efectivo dos
envolvidos no planeamento das acções, na execução das actividades e em seu acompanhamento e
avaliação.
17
A Participação é um instrumento importante no sentido de promover a articulação entre os
actores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade e melhorando a qualidade das decisões,
tornando mais fácil alcançar objectivos de interesse comum. No entanto, as práticas
participativas não podem ser encaradas como procedimentos infalíveis, capazes de sempre
proporcionar soluções adequadas para problemas de todos os tipos (Bandeira,1999).
Neste sentido consideramos ser pertinente trazer as reflexões dos clássicos da sociologia como
ponto de partida para a compreensão deste conceito. Na visão de Tonnies (1995), a existência de
processos comunitários estaria ligada, em primeiro lugar, aos laços de sangue, em segundo lugar
à aproximação espacial, e em terceiro lugar à aproximação espiritual. De acordo com Tonnies
(1944: 98): “ pode se compreender a comunidade como um organismo vivo, e a sociedade como
um agregado mecânico e passageiro”.
Nesta vertente Weber (1987:77) define comunidade como: “uma relação social na medida em
que a orientação da acção social, na média ou no tipo-ideal, baseia-se em um sentido de
solidariedade: o resultado de ligações emocionais ou tradicionais dos participantes”. Neste
estudo foi adoptada a perspectiva de Brint (2001), que define comunidade como agregados de
pessoas que partilham actividades comuns e crenças, estando ligados por relações de afecto,
lealdade, valores comuns ou preocupações pessoais (com os acontecimentos das vidas dos seus
semelhantes).
Assim, a Participação Comunitária, termo formulado nos meados dos anos 50, surgiu num
contexto em que as iniciativas de desenvolvimento procuravam responder as necessidades dos
seus beneficiários, através do envolvimento activo das comunidades locais na planificação e
18
execução dos projectos, de modo que estes actores se sentissem partes integrantes dos mesmos, e
não somente receptores passivos (Valá, 1998; UNICEF, 1999).
A RSE, de acordo com Santos (2012) é um conceito difícil de delimitar porque é essencialmente
dinâmico e variável. Neste sentido, a amplitude deste conceito por vezes leva a que seja
implementado de forma díspar por parte das empresas, quer de acordo com os seus recursos,
como também pelo contexto em que se encontram. Uma das marcas distintas do conceito de RSE
é a sua relação com a noção de ética.
Para Santos (2012) o conceito de RS agrega um imperativo ético ao fazer coisas que melhoram a
sociedade, e não fazer aquelas que poderiam piorá-la. Ou seja a RSE na perspectiva de Santos
(2012:83) “é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com os
públicos com que se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais conciliáveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade”.
Ashley e Cardoso (2002) definem a RS como o compromisso de uma organização para com a
sociedade, na medida em que, os actos e atitudes da organização afectam toda a sociedade ou
alguma comunidade em particular. A Comissão Europeia (2001) no seu Livro Verde define a RS
como um conceito segundo o qual “as empresas numa base voluntária decidem contribuir para
uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo” (Comissão Europeia, 2001:4). Isto
implica para as empresas irem mais além das suas obrigações legais plasmadas nos quadros
jurídicos nacionais e internacionais, através de acções como investimento em capital humano, no
ambiente, e nas relações com outras partes (Leal, 2001; Santos, 2012).
19
A definição de RSE que adopta-se para este trabalho é a de Neto e Froes, na medida em que
consideram a RSE de um ponto de vista ético e moral, ou seja o papel da empresa vai para além
do cumprimento da lei. A preocupação da empresa em fazer o bem e não o mal para a sociedade
(perspectiva ética), encontram na responsabilidade social um mecanismo de retribuição a
sociedade. Para Neto e Froes (1999:82) “a RSE é uma forma da empresa retribuir a sociedade
pelos recursos naturais, capitais financeiros e tecnológicos, e força de trabalho usados no seu
funcionamento, recursos estes que pertencem ao património gratuito da humanidade. A RSE é
também um mecanismo de reduzir as diferenças sociais criadas pela empresa”.
Uma das elaborações teóricas com maior adesão na literatura norte-americana sobre RSE é a
proposta apresentada por Carroll em 1979, a qual resistiu, no essencial, até à actualidade,
permanecendo amplamente aceite pela comunidade científica. Carroll estabelece quatro tipos
específicos de responsabilidades sociais das empresas, identificadas com base nas expectativas
da sociedade em relação ao desempenho empresarial. O autor apresenta uma definição de RSE
estruturada em quatro dimensões – económica, legal, ética e filantrópica:
2.2.3 Megaprojectos
20
fundamentais de acumulação e reprodução económica em Moçambique por causa do seu peso no
investimento privado, na produção e no comércio.
Castel-Branco (2008) acrescenta ainda que os megaprojectos são área quase exclusiva de
intervenção de grandes empresas multinacionais por causa dos elevadíssimos custos, das
qualificações e especialização requeridas, da magnitude, das condições competitivas
especialização dos mercados fornecedores e consumidores, geralmente dominados por
oligopólios e monopólios. Em economias menos desenvolvidas, como é o caso de Moçambique,
estas empresas podem exercer considerável poder.
Neste capítulo, para além da apresentação da base teórica, foram desenvolvidas conceptualmente
as expressões-chave que auxiliam a compreensão do presente trabalho, ou seja, os conceitos aqui
debatidos servem de arcabouços para o avanço científico do tema em análise. Já a seguir abre-se
o terceiro capítulo com vista a aprofundar o tema na óptica de vários autores.
21
CAPÍTULO 3: ABORDAGENS SOBRE A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA E O SEU
PAPEL NA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
O presente capítulo intitulado revisão da literatura traz várias abordagens em relação ao tema do
estudo. A revisão da literatura consolida alguns subtemas necessários para que o leitor tenha
ciência da necessidade da presente pesquisa, bem como das características, da importância da
participação comunitária, dos actores no processo de RSE, dos motivos que fazem a sociedade se
envolver e do papel das empresas.
A interacção entre as comunidades rurais de países da América Latina como o México, Peru e
Bolívia, com as Multinacionais das indústrias mineradoras e petrolíferas, bem como o papel
destas indústrias para o desenvolvimento local e regional, foi um tema estudado por Clark e
North (2006) tendo destacado em particular os processos de negociação entre comunidades e
corporações no desenho de projectos de desenvolvimento local, através da responsabilidade
social empresarial.
Para fazerem face a este criticismo, estas corporações avançaram com o conceito de
Responsabilidade Social Empresarial e diálogo dos Stakeholders (partes interessadas). Embora
passos consideráveis fossem dados em alguns aspectos, na visão de Clark e North (2006) a RSE
reforça a retirada do Estado com o argumento de que as empresas podem gerir seus próprios
22
assuntos. O que está implícito neste conceito é a noção de que não só os interesses das empresas
e das comunidades são semelhantes, mas também que as diferenças entre os dois são
quantitativas (uma questão de dólares e centavos), do que qualitativas (baseadas em diferentes
visões sobre desenvolvimento).
O modelo de negociação que tem como base a retórica dos stakeholders (partes interessadas)
ignora o facto de existirem diferenças de poder e recursos entre os diferentes actores. As
corporações têm recursos para o engajamento em discussões infindáveis com os representantes
das comunidades, ao mesmo tempo em que conduzem as suas actividades. As corporações têm
capacidade para desencadear lobbys com o governo, iniciar novos projectos e manipular os
media. Para Wache (2008) aqueles que organizam as mesas de negociação, tem uma vantagem
estratégica, na medida em que, seleccionam previamente de forma limitada os actores que
representam os interesses da sociedade.
24
c) Participação consultiva: as pessoas participam sendo consultadas por agentes externos, os
quais definem problemas e propõem soluções com base na consulta, mas sem dividir a tomada
de decisão;
d) Participação por incentivos materiais: as pessoas participam fornecendo recursos como mão-
de-obra e terra em troca de dinheiro, equipamentos, sementes ou outra forma de incentivo. A
maioria dos experimentos em propriedades e projectos agrícolas se encaixa neste tipo.
Quando a ajuda é retirada, o entusiasmo logo termina;
e) Participação funcional: as pessoas participam formando grupos para atender a objectivos pré-
determinados e definidos por agentes externos. Estes grupos em geral dependem dos
facilitadores, mas às vezes se tornam independentes;
f) Participação interactiva: as pessoas participam de forma cooperativa, interagindo através de
planos de acção e análise conjunta, os quais podem dar origem a novas organizações ou
reforçar as já existentes. Estes grupos têm controlo sobre as decisões locais. É dada ênfase a
processos interdisciplinares e sistemas de aprendizado que envolvem múltiplas perspectivas;
g) Participação por automobilização: as pessoas participam tomando iniciativas para mudar os
sistemas independentemente de instituições externas. O resultado dessa acção colectiva pode
ou não mudar uma situação social indesejável (por exemplo, distribuição desigual de renda e
de poder).
Visando obter maiores êxitos na participação da comunidade na RSE, muitas ONGs, órgãos
governamentais, autarquias e consultores da área criaram diversos mecanismos para maximizar a
participação; contudo, neste estudo estes não foram tratados, mas sim os diversos mecanismos de
participação.
25
As decisões são realizadas através de um processo que poderá fazê-los demorar mais ou menos
tempo para tomá-las. Elas só são realmente tomadas quando o decisor ou os decisores decidem
fazer ou não fazer algo (Roy, 1996). Portanto, se todos os actores realmente participarem do
processo, poderão decidir que acções são prioritárias e quais deverão ser realizadas na sua
municipalidade e/ou região.
Baseado no autor supracitado é possível perceber que quanto maior e representativo for o
número de actores envolvidos em um processo participativo, mais democrático este será e
maiores serão os êxitos no desenvolvimento local. Em um processo participativo, desde a
elaboração do planeamento até sua execução, é necessário que as organizações e os cidadãos
participem, em algum momento, de sua elaboração. Além de participar, é importante que cada
organização e todo cidadão conheça o seu papel dentro do sistema planejado, comprometendo-se
com o desenvolvimento local. Para conseguir este êxito, faz-se necessário o envolvimento, se
possível, de todos os sectores sociais, económicos e políticos da comunidade, bem como de
sindicatos, comunidades, secretarias municipais, prefeito, poder legislativo local, comissões
existentes no município, cooperativas, empresas, agricultores, lideranças, igrejas e ONGs, entre
outros.
Dentro desse processo existem dois grupos de organizações que devem participar. O primeiro, é
composto pelas organizações formais e que normalmente são registradas. Mas existe o grupo de
organizações informais, que, segundo Bernardes e Marcondes (2001), é constituído por pessoas
que se reúnem para atingir metas individuais em uma situação cooperativa ou convergente. Este
grupo pode ser apenas um grupo de pessoas que se reúne para jogar futebol e se divertir ou,
ainda, um grupo para defender um ambiente desfavorável, como cobrar uma medida da
prefeitura.
Para se envolver as organizações informais, é necessário conhecê-las e saber dos seus interesses,
da representatividade e da importância de cada uma. Jamais deve ser ignorada a existência desse
tipo de organização. Apesar de inicialmente ser utópica a participação de todos os actores citados
acima, visto que alguns resistem em participar, torna-se essencial demonstrar sua importância e
nunca eliminar futuras participações dos atores que inicialmente não concordaram com este novo
processo de decisão. Isto porque, se algum deles, além de não participar, minar o processo
26
participativo, tal comportamento poderá acarretar consequências graves no desenvolvimento
local (Marcondes, 2001).
Carvalho (1997) sugere que os movimentos e as organizações sociais, assim como as instâncias
de participação social na administração municipal, tenham carácter predominantemente efémero,
modificando-se permanentemente em função dos objectivos e da correlação de forças políticas
conjunturais.
O governo procura, na sua essência, que o desenvolvimento local seja realizado com a
participação da comunidade, mas, para assim ocorrer com sucesso, é preciso que haja
mecanismos que possibilitem a participação.
27
Em Moçambique, a participação da comunidade no processo de planificação local é assegurada
pelos Conselhos Consultivos Locais onde, juntamente com o Estado, se discutem questões
prioritárias locais. Entre as quais o orçamento do Estado para fazer face aos planos, económico e
social e estratégico do respectivo distrito.
Segundo o artigo 2 do Guião dos Conselhos Locais, o “Conselho Local é um órgão de consulta
das autoridades da administração local, na busca de soluções para questões fundamentais que
afectam a vida das populações, o seu bem-estar e desenvolvimento sustentável, integrado e
harmonioso”.
Mas, para que haja participação no desenvolvimento local, é necessário que o governo municipal
abra espaços para a participação, descentralizando o poder. No campo económico, as empresas já
verificam a importância de se estabelecer parcerias para que elas cresçam em consonância com o
local onde estão situadas.
Numa perspectiva histórica a RSE é uma manifestação actual de debates antigos sobre o papel
dos negócios na sociedade. O fenómeno novo neste debate é o facto de estes debates
relacionarem a RSE com temas como o desenvolvimento, ambiente, direitos humanos, e tem
uma amplitude global em comparação com os períodos anteriores.
A RSE era aceite como doutrina nos EUA e Europa até o século XIX, quando o direito de
conduzir negócios de forma corporativa era uma questão de prerrogativa do Estado ou
28
Monarquia e não um interesse económico privado (Hood, 1998). Com a independência dos EUA,
os estados americanos começaram a aprovar a legislação que permitisse a auto-incorporação
(Self-incorporation) como alternativa à incorporação por acto legislativo específico, inicialmente
para serviços de interesse público, como, por exemplo, a construção de canais, e, posteriormente,
para propósitos de condução de negócios privados. Desta forma, até ao início do séc. XX a
premissa fundamental da legislação sobre corporações era de que seu propósito era a realização
de lucros para seus accionistas (Ashley, 2000).
Desse modo, a prática de acções sociais pelas empresas não era estimulada, sendo até condenada.
A RSE limitava-se apenas ao acto filantrópico, isto é, uma acção de natureza assistencialista,
caridosa e predominantemente temporária, de carácter pessoal, representada por doações de
empresários ou, por exemplo, pela criação de fundações americanas, como a Rockfeller (criada
em 1913), a Gugenheim (em 1922) e a Fundação Ford (em 1936) (Costa, 2005).
Após os efeitos da Grande Depressão e o período da Segunda Guerra Mundial, a noção de que a
corporação deve responder apenas aos interesses dos seus accionistas sofreu ataques na
academia, principalmente pelos trabalhos de Berle e Means, The Modern Corporation and
Private Property (Berle & Means, 1932), argumentando que os accionistas eram passivos
proprietários que abdicavam controlo e responsabilidade para a direcção da corporação. Estes
eventos históricos destacados criaram um ambiente para uma aceitação gradual da
responsabilidade social no contexto académico. Suzana Leal (2005) destaca as fases importantes
que marcam este percurso até às modernas formulações da responsabilidade social.
Com efeito, a RSE começa a sofrer uma crescente formalização enquanto conceito a partir da
década de 1960. Dos contributos mais relevantes destacam-se Davis (1960, 1967), McGuire
(1963), Davis e Blomstrom (1966) e Walton (1967). McGuire (1963) defendeu a ideia de que a
responsabilidade social supõe que a empresa não tem apenas obrigações legais e económicas mas
também algumas responsabilidades para com a sociedade. Por sua vez, Walton (1967) destaca
que o conceito de responsabilidade implica uma intimidade da relação entre empresa e a
sociedade, e defende que tal relação deve ser lembrada pelos gestores de topo à medida que a
empresa e os grupos relacionados prosseguem os respectivos objectivos (Leal, 2005).
29
No período posterior a 1990 têm sido desenvolvidos conceitos complementares aos da
responsabilidade social, tais como, corporate social responsiveness, corporate social
performance (CSP), public policy, ética nos negócios, gestão dos stakeholders, etc.
Tendo como base o livro verde, Mogele e Troop (2010), consideram que o exercício empresarial
pressupõe uma atitude eficaz da empresa em duas dimensões: interna e externa.
Interna é a dimensão que está centrada nos trabalhadores da empresa e compreende a adopção de
práticas socialmente responsáveis no seio da empresa, no âmbito da gestão de recursos humanos
(GRH), através da implementação de medidas que visem melhorar a saúde e segurança no
trabalho, a capacidade de adaptação às mudanças e, igualmente, a gestão do impacto ambiental e
dos recursos naturais no seu processo produtivo (Comissão das Comunidades Europeias, 2001).
Neto e Froes (1999) referem que a dimensão interna direcciona acções para os trabalhadores e
suas famílias, tendo como principal objectivo desenvolver um ambiente de trabalho de salutar e
contribuir, assim, para o bem-estar dos que ali trabalham, deixando-os mais satisfeitos. Para além
do investimento no desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores, bem como na
melhoria das condições de trabalho, exige-se também um estreitamento nas relações com os
trabalhadores. O ganho para a empresa ao investir nos trabalhadores e suas famílias é
considerável, pois os trabalhadores tornam-se mais dedicados, empenhados, proporcionando,
muitas vezes, um ganho a nível da motivação que se traduz num maior retorno de produtividade
para os accionistas (Neto & Froes, 1999).
30
Já a dimensão externa ultrapassa a expectativa da própria empresa e estende-se à gestão das
relações com as comunidades locais envolventes, os parceiros de negócio, fornecedores,
accionistas, autoridades públicas, consumidores, baseados na observância dos direitos humanos e
a questão da protecção do meio ambiente global (Comissão das Comunidades Europeia, 2001).
No que diz respeito à comunidade local, a empresa tem de se preocupar em resolver a carência
dos locais aonde estiver inserida, ajudando na implantação de centros comunitários que integram
a empresa na comunidade, procurando a preservação dos recursos naturais, protecção ambiental
e o reforço da sustentabilidade das comunidades. Estas acções, contribuem para melhorar a
qualidade de vida da população da comunidade e consequentemente o desenvolvimento
comunitário bem como o respeito aos costumes, às culturas locais, o empenho na educação e na
disseminação de valores sociais através de um relacionamento ético, transparente e responsável
com as minorias e instituições que representam seus interesses (Oliveira & Scwertner, 2007).
Vejamos então alguns modelos de responsabilidade social que podem ser aplicáveis no contexto
moçambicano em especial.
31
Modelo de Carroll (1991) foi construído a partir de análise de resultados obtidos anteriormente
por outros autores, sugerindo um modelo baseado na relação entre a responsabilidade social e a
rentabilidade. Este modelo trouxe nova visão ao conceito de RSE ao considerar que ela é
composta por quatro responsabilidades (Económica, Legal, Ética e filantrópica), como se
apresenta na figura 1.
Responsabilidades
Filantrópicas
ser um bom cidadão
Contribuir com recursos para a
comunidade, melhorar a
qualidade de vida.
Responsabilidades Éticas
Ser ético
Obrigação de fazer o que é certo,
justo e evitar danos.
Responsabilidades legais
Obedecer a lei
A legislação é a codificação do certo e errado numa
sociedade. Jogar dentro das regras do jogo
Responsabilidades Económicas
Ser lucrativo
A base da pirâmide da qual derivam as demais responsabilidades.
Fonte: elaborado pelo autor, com base em Ferreira (2012: 27; Carroll, 1991).
Visser (2005) ao analisar o modelo de Carroll chega a conclusão de que a ordem das
responsabilidades está dependente do local. Explica que o modelo de RSE quando aplicado no
contexto africano verifica-se uma mudança na sua disposição sendo que, a fase quatro
(filantrópica) passa para fase dois (legal), motivado por fraco nível de investimento estrangeiro
nas economias em causa, provocando altos índices de desemprego.
Baseando-se em dados estatísticos chega a conclusão de que até 1997, apenas 43% dos
trabalhadores participavam na economia, e na generalidade dos países analisados apresentavam
altos índices de pobreza extrema e com elevada dependência externa (Visser, 2005: 37-38).
32
Na perspectiva de Visser (2005), o modelo de Carrol não é compatível para a realidade africana
conforme exposto acima. Nesta óptica, a pirâmide foi reformulada da seguinte maneira: (i)
responsabilidade económica; (ii) responsabilidade filantrópica; (iii) responsabilidade legal e (iv)
responsabilidade ética.
A prática de RSE gera bons resultados, vantagens, lucros, crescimento das próprias empresas e
da economia no geral (Comissão das Comunidades Europeias, 2001). Adoptar uma postura
empresarial responsável é proporcionar vantagens directas para a empresa, garantir a
competitividade e a sustentabilidade a longo prazo.
De acordo com Biorumo (2005), são apresentadas algumas das vantagens da adopção da
estratégia da prática da RSE:
a) Antecipa os problemas e os riscos que possam surgir decorrentes das suas actividades e
que causam marcas profundas na imagem e sobrevivência;
b) Permite um maior índice de inovação através do aproveitamento de oportunidades e do
estímulo da criatividade que lhes traz valor acrescentado e maior qualidade percebida
fidelizando os clientes;
c) Posiciona a empresa como atente às necessidades dos novos consumidores permitindo a
sua diferenciação face à concorrência e, logo, potenciando o valor percebido da marca;
d) Provoca uma melhoria das condições de vida da comunidade, o que tem um efeito
reconhecido através da melhoria da imagem da empresa e sua reputação no mercado
permitindo abraçar novas oportunidades;
e) Decorrente de todos os factores anteriores a performance económica e financeira está
assegurada.
33
3.2.4 Razões Adjacentes à Prática da Responsabilidade Social
Segundo Melo Neto e Froes (2001), a empresa deve financiar projectos sociais porque é correcto,
e é justo fazer isto. Esta actividade não é actividade de caridade, típica dos donos das empresas
capitalistas do início do século XX, que utilizavam a filantropia como forma de expiração dos
seus sentimentos de culpa por obterem lucros fáceis às custas de exploração do trabalho das
pessoas e dos recursos naturais abundantes.
Sabe-se que a RSE é um conceito que está associado à firma moderna e nasce no âmbito dos
demais objectivos desta, em consequência de exigências do mercado e de pressões sociais
resultantes da avaliação dos impactos que a nova orientação capitalista traz ao mundo dos
negócios. A RS é vista como um compromisso da empresa em relação à sociedade e à
humanidade em geral, e uma forma de prestação de contas do seu desempenho, baseada na
apropriação e uso de recursos que não lhe pertencendo, constitui sua fonte geradora de lucros.
A RSE em Moçambique encontra-se ainda numa fase embrionária, num processo lento de
desenvolvimento, em certa medida resultado da existência de grupos da sociedade civil ainda em
constituição; baixa incorporação na agenda do Governo; existência de poucas ONG´s bem
estabelecidas com plano estratégico, estrutura criada, recursos financeiros e resultados palpáveis;
reduzidos incentivos e pressões às empresas para adopção de altos padrões ambientais e sociais;
fraquíssima capacidade humana e institucional; inexistência de instrumentos de RSE; provável
inexistência de legislação específica de RSE e ainda uma visão de curto prazo por parte de
algumas empresas (Cabral, 2009).
34
africano, com um crescimento estimado na ordem dos 7% na última década (Brynildsen &
Nombora, 2013). Dispondo de uma vasta reserva de recursos naturais, Moçambique tem sido um
dos destinos privilegiados do investimento directo estrangeiro.
Assim as empresas multinacionais que exploram estes recursos naturais são consideradas actores
chaves na divulgação da Responsabilidade social empresarial em Moçambique. As companhias
multinacionais estão engajadas em actividades de Investimento Social Corporativo (CSI), como
parte do compromisso com o governo, e por esta via se beneficiam de benefícios fiscais e
administrativos (Global Compact, 2007).
No que diz respeito às pequenas e médias empresas do sector privado local, existe pouco
envolvimento destas nas iniciativas de responsabilidade social empresarial, na medida em que a
RSE não é vista por estas empresas como uma estratégia-chave para os seus negócios, mas sim, a
RSE está dependente de recursos financeiros disponíveis.
No que concerne as empresas detidas pelo estado, é importante notar que durante duas décadas,
constituíram os principais atores corporativos em Moçambique. Após a adopção de políticas de
privatização pelo governo no princípio dos anos 90, parte considerável das empresas detidas pelo
estado, foram privatizadas. No entanto algumas destas empresas não sobreviveram tendo as suas
actividades reduzido a níveis mínimos, tal não se verificou com as companhias responsáveis pela
prestação de serviços como abastecimento de energia, telecomunicações e transporte (UN Global
Compact, 2007).
35
desenvolvimento como Moçambique, portanto, o próximo capítulo aborda esta questão tendo em
conta os dados do campo.
Este capítulo visa trazer em termos práticos e realísticos os dados sobre o tema, colhidos no
terreno, especificamente da Localidade de Chinonanquila e dos órgãos e funcionários da empresa
Mozal. Pretende-se com esses dados, depois fazer uma confrontação da teoria, revisão da
literatura e a realidade com vista ao alcance dos objectivos preconizados.
A Mozal é um ramo da indústria multinacional BhpBilliton, com sua sede na Austrália, que no
seu portfólio, detém interesses nas áreas de exploração de minério de ferro, carvão energético,
metalurgia, petróleo e gás, alumínio, manganês, urânio, níquel, prata e cobre. A BhpBilliton
possui operações em 141 localizações em diversas partes do mundo.
36
4.2 Mecanismos de participação usadas pela comunidade de Chinonanquila no âmbito da
Responsabilidade Social Empresarial da Mozal
Ao ser questionado sobre como a comunidade participa no âmbito da RSE, Donga (2023)15
explica que “participamos através de reuniões onde os responsáveis da Mozal ouvem a
comunidade”.
Já por sua vez, Manhice (2023) avança que “só dando opinião, na hora de fazer algo a
comunidade espera a acção pública.” Esse depoimento quando confrontado com a opinião da
Donga (2023), qual sustenta que “existe a tendência da Mozal impor suas percepções. Muitas
vezes os debates são realizados apenas por pessoas ligadas à área em questão. A ideia é envolver,
mas na prática não funciona”.
Sobre este aspecto, Bruce (2022)16 exorta que “tanto a comunidade quanto a Mozal têm a
vontade em participar e em incluir no processo de tomada de decisão e também na planificação
de projectos e de facto existe esse engajamento, contudo, existem determinadas camadas com
entendimento limitado sobre o que é participar efectivamente”. Para este, “existem na Mozal
mecanismos institucionais de participação a falar por exemplo do OP, CC, reuniões e audiências,
mas se formos a prestar atenção as pessoas dificilmente comparecem” (Idem).
Para decifrar o enigma de divergência dos depoimentos entre a Moal e a comunidade, foi
administrado um inquérito a cento e trinta (130) munícipes interceptados aleatoriamente
correspondendo a cem (100%) cujos resultados são apresentados no gráfico abaixo.
15
Munícipe entrevistado em Boane.
16
Bruce, John. Gestor operacional dos projectos sociais da Mozal. Entrevistado aos 10 de Janeiro de 2022, Boane.
37
Gráfico 1: Mecanismos de Participação Comunitária nas acções de RSE da Mozal
31%
54%
15%
Fonte: Adaptado pela autora baseado nos dados dos inquéritos (2023).
Atento aos dados do gráfico 1, percebe-se que cerca de 54% dos munícipes participam através de
reuniões e audições com os órgãos da Mozal, sendo esta percentagem a melhor, por sua vez, há
aqueles que participam através do OP cuja percentagem chega a atingir 31 e os restantes 15%
pelo visto a mais critica desta onda de mecanismos, recorrem aos Conselhos Consultivos Locais
para participarem. Esses dados quantitativos são corroborados pelo Director dos projectos
comunitários da Mozal quando esta diz que “de facto há algumas discrepâncias no que tange a
participação da comunidade, alguns podem até exercer esta participação obedecendo a todos os
mecanismos instituídos na Mozal, mas há aqueles que usam um e não outro mecanismo”
(Mendes, 2023)17.
Manave (2023) assevera que esses mecanismos não é a toa que foram institucionalizados na
Mozal é que são mais associados a RSE da Mozal. Em função disso, Uaca (2019) em seu estudo
concluiu que as práticas destes mecanismos destinam-se a mobilizar as pessoas para o local das
reuniões. “Nestas reuniões, são identificadas as necessidades, discutidas as propostas de
projectos e a votação dos projectos a serem priorizados”. Para a fonte, o “OP tem-se
transformado num excelente instrumento ou ferramenta de participação pública na Autarquia da
17
Mendes, Calvin. Director de Projectos Sociais da Mozal. Entrevistado por videochamada, dia 19/04/2023.
38
Vila de Boane, pois, os anseios da comunidade são por esta expostas e definidas como
prioridades detendo de per si, o poder absoluto da participação”.
Nestes termos, os Conselhos Consultivos Locais, como iniciativa do governo central (top-down)
para as comunidades, são estabelecidos na perspectiva de que sejam catalisadores do bem-estar
das comunidades locais, através da participação popular nos processos de discussão, elaboração e
implementação dos planos de desenvolvimento distrital (AfriMAP, 2009:145).
No entanto, apesar de ser uma iniciativa do governo central para responder aos interesses locais
do Estado e da Comunidade não constitui membro do aparelho do Estado. Mas sim, um fórum de
carácter consultivo e informativo sem poder legislativo e nem coercivo no seio da respectiva
comunidade.
O Conselho Consultivo Local apesar de concebido como um fórum de produção de opiniões para
a política da governação e, por conseguinte, envolvimento e participação popular nos assuntos de
interesses locais, de facto cabe a este, a missão de aprovar os projectos passíveis de
financiamento pelo Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) e a monitoria dos planos de
desenvolvimento local
A participação popular organizada tende a aumentar os conflitos, e estes, apesar das dificuldades
enfrentadas, tendem a ser resolvidos a partir do reconhecimento de direitos, das negociações e da
colaboração entre as partes envolvidas. A participação da sociedade é, pois, um exercício de sua
real cidadania (Bittencourt, 1998).
Já sob prisma da TDP, o exercício da participação efectiva requer um treinamento social devido
a falta de informação e capacitação popular quanto aos instrumentos e mecanismos legais
existentes. A participação tem uma função educativa por isso é importante que os cidadãos sejam
capacitados para exercer uma escolha responsável, especialmente no que se refere ao
desenvolvimento de uma consciência critica quanto às demandas sociais e às decisões políticas.
Isso contribuiria para o rompimento de padrões de subordinação e de injustiças sociais (Neto,
2009).
39
comunitário adquira peso fundamental em contraposição ao Estado centralizado. O autor refere-
se à criação de mecanismos de participação simplificados e mais directos dos atores-chave do
município; à criação de mecanismos de comunicação mais ágeis de comunicação com a
população (porque é preciso estar bem-informado para participar eficientemente), à
flexibilização de mecanismos financeiros (com maior controlo directo das comissões e conselhos
gestores), entre outros aspectos. Implica a mobilização da sociedade local para que a gestão do
processo de desenvolvimento se faça de forma solidária e compartilhada.
Apesar da RSE ser um discurso em voga o seu entendimento e aplicação por parte das empresas
é diferenciado, pois estas apresentam percepções diferentes em função das suas motivações e do
contexto. Assim, a materialização das práticas de RSE, através de projectos de apoio às
comunidades, faz parte de um processo complexo de conceituação e definição da
responsabilidade social. Para a Mozal em especial, os dados da pesquisa sustentam que a
comunidade é o motor da RSE como se pode verificar:
Bruce (2023)18 explica que a RSE é a forma como as actividades da empresa são conduzidas,
estando em conformidade com os melhores padrões industriais, dando ênfase ao comportamento
ético, integridade e o respeito pela diversidade cultural.
O entendimento que a Mozal tem da RSE toma em consideração os diversos públicos com que a
empresa se relaciona, e neste processo procuram ir ao encontro das expectativas dos seus
parceiros sociais. Este posicionamento está em concordância com as perspectivas de RSE que
defendem que as empresas têm compromissos para além do aspecto económico, não se
restringindo ao lucro. As empresas funcionam num determinado espaço físico e social, e desta
forma participam do conjunto de relações sociais ao nível das comunidades e da sociedade no
seu geral. De acordo com Kartoli e Aragão (2005:48), “no âmbito da RSE o comportamento
ético consiste na busca de qualidade das relações que a organização estabelece com todos os seus
stakeholders, incorporando à orientação estratégica da empresa, e reflectindo em desafios éticos
18
Bruce, John. Gestor operacional dos projectos sociais da Mozal. Entrevistado aos 10 de Abril de 2023, Boane.
40
para as dimensões económica, ambiental e social”. Este compromisso ético é um factor
importante para a compreensão das motivações para realização de práticas de RSE:
Por seu turno, Mendes (2023)19 explica que “a responsabilidade social da Mozal é feita como
uma obrigação moral. Esta tem como objectivo atender às necessidades das comunidades locais,
devido à sua proximidade da empresa. Por outro lado a RSE da Mozal é motivada pela
necessidade de uma melhor inserção local, garante uma boa imagem ao nível nacional e
internacional, e também ajuda a prevenir relações ou situações de conflituosidade entre a
empresa e as comunidades circunvizinhas”.
Se por um lado a “obrigação moral” constitui uma motivação interna para a prática da RSE pela
Mozal, isto associado a questões como a consciência individual do decisor, o desejo de
integração no meio social, por outro lado, a face externa pode ser encontrada nesta necessidade
de criar uma boa imagem ao nível nacional e internacional, e também garantir uma convivência
harmoniosa com as comunidades circunvizinhas.
Pode-se afirmar que a Mozal, enquanto empresa, tem consciência de que as suas acções são alvo
de atenção e de avaliação pelos diversos stakeholders, como consumidores, sociedade civil,
governo, instituições reguladoras de nível internacional, entre outros, de tal modo que o respeito
pelas normas sociais, a ética, os direitos humanos e a protecção do ambiente tornaram-se
questões vitais para o sucesso do seu negócio. Estas atitudes embora tenham uma origem
reactiva por causa das novas exigências e dinâmicas sociais que se impõem as empresas, tem
também motivações estratégicas pelo facto de através da RSE, as empresas são capazes de
diferenciar os seus produtos perante a concorrência.
Estes objectivos estratégicos delineados pelas empresas, podem ser comprometidos caso estas
últimas não tenham um bom relacionamento com as comunidades circunvizinhas. Este aspecto
nos remete a visão de Neto e Froes (1999:82), que defendem que uma das missões da RSE é de
reduzir as diferenças sociais criadas pela empresa, uma vez que esta usa recursos naturais,
capitais financeiros e tecnológicos, e força de trabalho que são património gratuito da
humanidade. Assim o desafio que se coloca às empresas que estão engajadas na RSE é de ir ao
encontro das reais necessidades das comunidades locais, através do diálogo permanente e de
19
Mendes, Calvin. Director de Projectos Sociais da Mozal. Entrevistado por videochamada, dia 19/04/2023.
41
partilha de objectivos em torno do desenvolvimento social e económico. Em relação ao seu papel
na redução dos problemas sociais na comunidade, a Mozal posiciona-se nos seguintes termos:
A resolução dos problemas das comunidades é um processo contínuo, e por esta via,
apostamos em projectos sustentáveis de modo que os beneficiários não sejam sempre
dependentes da Mozal e que tenham os seus próprios pés para andar, pois a Mozal está
presente hoje, mas amanhã pode não estar. Isto permitirá uma maior emancipação das
comunidades. Num passado recente os membros da comunidade preferiam ser
contratados como trabalhadores da empresa, hoje em dia já há uma tendência de se
apostar no empreendedorismo. Neste aspecto podemos afirmar que a empresa teve um
impacto na mudança de mentalidades (Mendes, 2023).
A prática de RSE levada à cabo pela Mozal beneficia os trabalhadores e seus familiares,
fornecedores, parceiros, Governo e a comunidade local, de uma forma geral, a sociedade.
Contudo, neste trabalho, iremos nos cingir, principalmente, nas acções sociais que impulsionam
o desenvolvimento da região e melhoria das condições de vida das comunidades locais e
circunvizinhas, onde tem lugar as suas actividades ou comunidades afectadas pelo seu projecto.
Os projectos de RSE são geridos pela AMDC. A AMDC é parte estratégica da Mozal, que
embora opere de forma mais ou menos autónoma, ela reflecte aquilo que é o pensamento social
da empresa em relação às comunidades (Bene Jr, 2004). A Mozal através da sua política de
RSE nas comunidades em volta da empresa, tem actuado nas seguintes áreas: Educação e
formação, saúde e bem-estar, gestão e mitigação de impactos sociais, agro-negócios,
empreendedorismo.
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Bila, Herménia. Coordenadora social da Mozal. Entrevistada por videochamada, dia 19/04/2023.
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O sector da educação é um dos principais pilares para o desenvolvimento socioeconómico do
país, por isso que o “desenvolvimento e formação das pessoas é uma das prioridades e desafios
da Mozal” (Mendes, 2023). Este desenvolvimento e formação não se destinam exclusivamente
aos trabalhadores, mas também às comunidades locais e circunvizinhas, bem como às
comunidades afectas pelo projecto com vista a aumentar a qualificação e percentagem de
contratação da mão-de-obra local, tanto para os projectos da Mozal, como para o mercado de
trabalho no geral (Idem).
A Mozal mantém a política de contratação que prioriza candidatos locais (nascidos ou residentes
na região) e o compromisso de capacitar e qualificar a mão-de-obra local, uma vez que existe
escassez de uma força de trabalho local qualificada de modo a responder pela crescente demanda
por bens e serviços locais (Entrevista à Bila, 2023).
Nesse sentido, o entrevistado supracitado explica que “a Mozal tem apoiado continuamente este
sector nas comunidades onde opera através das seguintes realizações e/ou programas (Idem)”:
Todas as formações são desenvolvidas por meio de parcerias com os Governos locais, distritais,
provinciais; representantes comunitários; organizações do sector empresarial, instituições de
ensino (escolas técnicas locais, Institutos médios e universidades) e sociedade civil, de modo a
alinhavar com as prioridades do Governo e necessidades específicas de cada comunidade
(entrevista com a coordenadora social, 2023).
Programa de Estágio: é destinado a estagiários que também se designa por Programa Porta
de Entrada. Com este programa pretende-se dar oportunidades de desenvolvimento,
experiência e competências profissionais aos jovens finalistas e recém-graduados de diversas
áreas do ensino técnico e superior em Moçambique, principalmente os do distrito de Boane.
Tem uma duração de um ano, podendo ser renovado por mais um ano. O estagiário é
destinado para uma das áreas, onde possa realizar actividades na sua área de formação sob
supervisão de um mentor mais experiente. No final, o estagiário tem a possibilidade de
integrar os quadros da empresa. Até 2019, mais de 80 jovens ingressaram na Mozal através
deste programa e destes, mais da metade foram efectivados em posições juniores.
Bila (2022) continua dizendo que “os candidatos seleccionados e aprovados têm os seguintes
benefícios”:
Contrato a prazo;
Subsídio de estágio;
Subsídio de alimentação e de transporte;
Seguro de saúde;
Seguro de vida.
Programa de Especialização/Pós-Graduação: Este visa desenvolver e aperfeiçoar
Engenheiros e Gestores do mercado de trabalho, contribuindo para o suprimento da demanda
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por profissionais especializados. Este programa possui foco nas áreas de processamento,
Ferrovia, Portos e Segurança Ocupacional. São programas financiados pela Mozal e que
conta com a participação de instituições de ensino superior, nacional e Internacionais.
21
Mandlate, Humberto. Chefe do Posto Administrativo de Chinonanquila. Entrevistado aos 17 de Abril de 2023,
em Boane.
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desde a culinária, costura, alfabetização, criação de frangos de corte e poedeiras, olaria e, entre
vários outros, a produção agrícola.
Percebe-se que as acções da prática de RSE da Mozal estão de certa forma alinhadas com as
prioridades do Governo e necessidades da população-alvo, de modo a evitar a duplicação de
22
Jesus, Cristovão. Extencionista-Chefe da Mozal. Entrevistado aos 17 de Janeiro de 2022, em Boane.
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esforços na melhoria das condições de vida das comunidades locais e circunvizinhas onde a
empresa exerce a sua actividade.
Na execução das acções sociais em diversas áreas, verifica-se que são utilizados vários
instrumentos, nomeadamente: doações filantrópicas de recursos materiais e equipamentos;
investimento em projectos sociais para as comunidades; patrocínios a causas sociais; apoio de
programas do Governo; investimento no meio ambiente e emprego solidário como, recrutamento
de mão-de-obra-local, contratação de serviços e produtos locais, integração dos jovens nas suas
operações.
A importância da participação nas iniciativas de RSE é cada vez mais apontada como um meio
para envolver as comunidades, de modo que se sintam partes do processo e não apenas
receptores da caridade e da boa vontade das empresas (Capito, 2015).
A participação comunitária engloba vários processos e etapas, que de acordo com a estrutura da
RSE da Mozal, começam com estudos de base desenvolvidos nas comunidades locais a cada
cinco anos, como forma de colher informações direccionadas para o planeamento dos projectos e
programas direccionados aos beneficiários.
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Estes projectos são monitorados pelos parceiros comunitários como forma de assegurar o
progresso dos mesmos. Estes processos têm como motivação garantir a partilha de objectivos
entre comunidades e empresa, sendo que, o modelo de participação das comunidades toma a
forma de consultas, auscultações e colaborações de modo a colher as suas necessidades. Do que
constata-se no terreno, existem diferentes percepções em relação a participação das
comunidades, que é feita por meio de reuniões abertas, na qual estes contribuem com opiniões,
sugestões e ideias:
“Eu já participei de uma reunião na Escola Primária 1 de Junho (que foi feita pela Mozal). Esta
reunião foi convocada porque a Mozal queria reabilitar a escola (...) A Mozal queria saber como é
que estava a escola, se estávamos a gostar, e queria saber também se precisava de mudar algo.
Estou cá a 7 anos, mas creio que qualquer instituição empresarial, sempre tem que ter informação
dos moradores, para saber o que acontece (...) convocou-se uma reunião com os secretários do
bairro, representantes das comunidades e demais testemunhas” (Paula 20 anos).
“As reuniões poucas tem havido por aqui. Elas acontecem quando (os representantes da Mozal)
querem fazer alguns discursos, para fazerem algumas obras de caridade, tal como arranjar
estradas aqui da comunidade. Por exemplo, eles têm apoiado a polícia comunitária, mas mesmo
assim a polícia comunitária vem trabalhar só no tempo de natal e do ano novo” (Venâncio, 70
anos).
“Para mim isso não existe. Se o senhor for a ver, os debates sobre a RSE da Mozal sobre o seu
impacto ambiental são feitos nos grandes hotéis, particularmente ali no Anfiteatro da TDM, ali ao
lado da UEM, eu já participei. Digo isto porque quem participa desses debates não são os
cidadãos pacatos daqui, mas sim os mais críticos da praça. Lá come-se, bebe-se do bom e do
melhor. Neste país quem toma as decisões não é o povo” (Titos, 30 anos).
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externo da empresa, onde se encontram as comunidades, e por esta via devem ser responsáveis
pelos efeitos das suas acções. Em termos práticos isto implica que os programas que visam
desenvolver as comunidades locais devem ser mensuráveis e quantificáveis, de modo que os
beneficiários tenham uma maior participação nos mesmos.
O envolvimento das comunidades deve ir além da tradicional abordagem que se limita a informar
e consultar os beneficiários durante o planeamento destes projectos. Por outro lado, mesmo nos
casos em que as comunidades são envolvidas na elaboração dos projectos de RSE, o seu impacto
no processo de tomada de decisão é baixo, pois estas não tem o poder e recursos na mesma
proporção que as empresas que implementam os projectos (Colenut & Cutten, 1994).
Os dados da pesquisa revelam uma história convergente. Assim, a produção de sentido das
experiências e acções dos indivíduos resulta da conexão entre diversas mentes em interacção no
processo social (Castro, 2012). A introdução da Mozal no seio das comunidades circunvizinhas e
o seu impacto social fazem parte destas reservas de experiências apreendidas no passado, e por
isso, dotadas de sentido.
É neste quadro de relações que os indivíduos interpretam a Mozal e as suas acções de RSE, como
sendo benéficas para a vida da comunidade. Com a introdução do Megaprojeto Mozal, e
sobretudo, a realização de práticas de responsabilidade social, a experiência do dia-a-dia toma
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novas configurações. O aparecimento da Mozal e suas práticas de RSE, surgem como uma
“relevância imposta, na medida em que aparecem como situações e eventos que não estavam
ligadas aos interesses imediatos dos indivíduos, se originando em actos exteriores a vontades dos
mesmos, e que por sua vez passaram a aceitar exactamente como são, sem nenhum poder para
modificá-los por meio das suas actividades espontâneas” (Shutz, 1979:133).
Neste aspecto a RSE é um conceito que surge num contexto global, e que procura se impor a
nível local. Ela se concretiza num processo de transformação de uma relevância imposta à
experiências das comunidades, e passando a ser uma relevância intrínseca a partir do momento
que, as pessoas nas comunidades exprimem suas opiniões nos projectos, participam, e decidem
sobre a forma como os mesmos irão influenciar as suas vidas.
Estes tomam parte das consultas comunitárias, promovidas pela Mozal, onde são chamados a dar
as suas opiniões, exprimindo os seus interesses e necessidades imediatas na realização dos
referidos projectos. Nesta perspectiva as comunidades são consideradas como stakeholders
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(partes interessadas) legítimas, que simultaneamente sofrem influências e influenciam o
Megaprojecto Mozal.
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CONCLUSÃO
No quadro dos mecanismos de participação, na Mozal dentre vários são destacados três deles a
saber: orçamento participativo que tem vindo a se mostrar pujante como instrumento de inclusão
da comunidade na definição das prioridades na autarquia; reuniões com a liderança, estas
também mostram-se elementos de inclusão sobejamente úteis, que por via delas a comunidade
pode expor seus anseios rumo ao desenvolvimento, o outro também não menos importante, são
os conselhos consultivos locais estes também que são vinculados à interacção entre as massas e a
Mozal.
Existem diferentes percepções sobre a participação das comunidades nos projectos de RSE da
Mozal, sendo que pode-se encontrar no mesmo contexto, os sentimentos de inclusão como
também de exclusão nos projectos de RSE. Estes aspectos são o resultado dos diferentes
estoques de conhecimento sobre estas práticas e que condicionam a forma como cada indivíduo
interpreta a realidade;
Por fim, conclui-se que para estimular a participação, é necessário orientar os investimentos
públicos muito mais em relações humanas do que em obras físicas. Quando se fala em
envolvimento comunitário, quer-se entender a consolidação de relacionamentos, sejam eles entre
pessoas ou organizações. Estes investimentos darão sustentação à superação dos conflitos
sociais, económicos, culturais, políticos e ambientais que surgirão em decorrência das mudanças
promovidas.
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RECOMENDAÇÕES
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Bila, Herménia. Coordenadora social da Mozal. Entrevistada por videochamada, dia 19/04/2023.
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2023, Boane.
Jesus, Cristovão. Extencionista-Chefe da Mozal. Entrevistado aos 17 de Abril de 2023, em
Boane.
Madeira, António. Avicultor-Membro da comunidade de Beluluane. Entrevistado em Abril de
2023, Maputo.
Mandlate, Humberto. Chefe do Posto Administrativo de Chinonanquila. Entrevistado aos 17 de
Abril de 2023, em Boane.
Mendes, Calvin. Director de Projectos Sociais da Mozal. Entrevistado por videochamada, dia
19/04/2023.
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Apêndices
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Apêndice 1: Guião de Entrevista Dirigido aos Colaboradores da Mozal
Este guião de entrevista é para fins da pesquisa científica a ser realizada com vista a obtenção do
grau de Licenciatura em Administração Pública na Universidade Joaquim Chissano (UJC) e tem
como tema: “Papel da Participação Comunitária na Responsabilidade Social das Empresas:
O caso da Mozal na Localidade de Chinonanquila (2015-2020)”.
Esta entrevista é semi-estruturada, pois, das respostas destas questões planeadas poderão surgir
outras questões advindo da inquietação do pesquisador.
Os dados colhidos através desta pesquisa serão processados respeitando aos princípios éticos da
pesquisa científica de anonimato (protecção das identidades das fontes) e de forma agregada e não
individualizada.
62
Apêndice 2: Questionário dirigido à comunidade de Chinonanquila
Mecanismo de participação
Sim
Não
R:
Boa
Razoável
Má
Porquê?
Bom
Mau
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