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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS

Curso de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

A Contribuição Associação Moçambicana Mulher Educação no Pagamento de


Segurança Social – INSS na, Cidade de Quelimane (2015-2017)

Discente: Maria Bernardete Sunde Miguel

Quelimane, Outubro de 2018


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS

Curso de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

A Contribuição da Associação Moçambicana Mulher Educação no Pagamento de


Segurança Social – INSS, na Cidade de Quelimane (2015-2017)

Discente: Maria Bernardete Sunde Miguel

Monografia a ser apresentada à


Faculdade de Ciências Sociais e
Políticas - Universidade Católica de
Moçambique, como requisito parcial
para obtenção do grau de Licenciatura
em Contabilidade e Auditoria.

Supervisor: MBA Pompílio Soares

Quelimane, Outubro de 2018

2
Índice
Declaração.............................................................................................................................. vi

Dedicatória ............................................................................................................................vii

Agradecimentos ...................................................................................................................viii

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................. ix

Lista de Tabelas ...................................................................................................................... x

Resumo .................................................................................................................................. xi

Abstract .................................................................................................................................xii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

1.1. Introdução ........................................................................................................................ 1

1.2. Problematização ............................................................................................................... 3

1.3. Objectivos ........................................................................................................................ 4

1.3.1. Objectivo Geral ............................................................................................................. 4

1.3.2. Objectivos Específicos .................................................................................................. 4

1.4. Questões de Investigação ................................................................................................. 4

1.5. Justificativa ...................................................................................................................... 4

1.6. Delimitação da Pesquisa .................................................................................................. 5

1.7. Limitações ........................................................................................................................ 5

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 6

2.1. Introdução ........................................................................................................................ 6

2.1.1 Quadro Conceptual ........................................................................................................ 6

2.1.1.1 Seguridade Social........................................................................................................ 6

2.1.1.2. Segurados ................................................................................................................... 7

2.1.3. Previdência Social ......................................................................................................... 7

2.2. Quadro Teórico ................................................................................................................ 8

2.2.1. Inscrição das Entidades Empregadoras ......................................................................... 8

2.2.2. Inscrição dos Trabalhadores ......................................................................................... 9


iii
2.2.3. Os Princípios Universais da Providência ...................................................................... 9

2.2.4. Direitos dos Segurados do INSS ................................................................................. 10

2.2.4.1. Prestações Pagas pela Previdência Social ................................................................ 10

2.3. Estudo Empírico............................................................................................................. 13

2.3.1. Concessão da Prestação Previdenciária ...................................................................... 13

2.3.2. Suspensão do Benefício .............................................................................................. 13

2.3.3. Cancelamento do Benefício ........................................................................................ 14

CAPÍTULO III: METODOLOGIA ...................................................................................... 16

3.1.1 Tipos de Pesquisa ......................................................................................................... 16

3.2. Universo Populacional ................................................................................................... 17

3.3. Amostra .......................................................................................................................... 18

3.4. Técnicas de Recolha de Dados ...................................................................................... 18

3.5. Técnicas de Análise de Dados ....................................................................................... 19

3.6. Validação dos Resultados .............................................................................................. 19

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .. 21

4.1. Breve Historial e Localização Geográfica da AMME ................................................... 21

4.2. Dados Relativos a Entrevista ......................................................................................... 22

4.2.1. Caracterização da Amostra ......................................................................................... 22

Tabela no 1 – Relação dos funcionários segundo género. ..................................................... 22

Questão 3) Nível de Escolarização ....................................................................................... 23

Tabela no 4 – Relação dos funcionários entrevistados por tempo de serviço na AMME. .... 24

4.2.2. Conhecimento sobre Pagamento de Segurança Social ............................................... 24

Tabela no 6 – Inscrição dos funcionários da AMME no INSS. ............................................ 26

Fonte: Autora (2018)............................................................................................................. 31

4.3. Dados Relativo a Análise Documental .......................................................................... 34

5.1. Conclusões ..................................................................................................................... 37

5.2. Sugestões........................................................................................................................ 38

iv
Referências Bibliográficas .................................................................................................... 39

Apêndice ............................................................................................................................... 41

Anexos .................................................................................................................................. 46

v
Declaração

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Quelimane, aos _____ de _____________ de 2018

_____________________________
(Maria Bernardete Sunde Miguel)

Supervisor

_____________________________
(MBA Pompílio Soares)

vi
Dedicatória

O presente trabalho dedico aos meus pais, Bernardo Aviso Miguel e Calácia Sunde Sunde,
pelo carinho e força que sempre proporcionaram-me estímulos para terminar o meu curso.

vii
Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço Deus, pelo dom da vida, por permitir que tal sonho esteja preste a
concretizar-se. Aos meus pais, Bernardo Aviso Miguel e Calácia Sunde Sunde, pelo apoio
incondicional que estes propuseram-me, no decurso dos meus estudos.

Aos meus irmãos, Inocêncio Sunde Miguel, Inácio Sunde Miguel, Maria do Céu Sunde
Miguel, Bernardino Hélder Sunde Miguel, Octávio Sunde Miguel, Miguel Bernardo Aviso
Miguel, Delfina Bernardo Aviso Miguel e Geraldo Bernardo, pelo carinho, dedicação e
atenção.

Aos meus tios, tias, primos, primas, sobrinhos, sobrinhas e aos de mais familiares.

Aos docentes do meu curso, em especial ao meu supervisor MBA Pompílio Soares, que
acompanhou carinhosamente a produção do trabalho.

Por fim, agradeço todos os meus amigos, colegas do trabalho e do curso, em especial ao meu
colega Barie Andrade, pela atenção e paciência em explicar-me alguns conteúdos temáticos.

O MEU MUITO OBRIGADO!

viii
Lista de Abreviaturas

AMME – Associação Moçambicana Mulher e Educação

CRM – Constituição da Republica de Moçambique

DAF – Departamento de Administração e Finanças

FAWEMO - Forum for african women educationalists (em portugues: Fórum para educadores
de mulheres africanas

FPLM - Forças Populares de Libertação de Moçambique

INSS – Instituto Nacional de Segurança Social

MEPT - Movimento de Educação para Todos

NAFEZA - Núcleo das Associações Femininas da Zambézia

PRE – Programas de Reajustamento Estrutural

LDC – Liga dos Direitos da Criança

ix
Lista de Tabelas

Tabela 1) Relação dos funcionários entrevistados segundo o género. .................................... 22

Tabela 2) Relação dos funcionários entrevistados por idade. .................................................. 23

Tabela 3) Relação dos funcionários entrevistados segundo o nível de escolarização. ............. 23

Tabela 4) Relação dos funcionários entrevistados por tempo de serviço na AMME............... 24

Tabela 5) Definição de pagamento de segurança social. ......................................................... 24

Tabela 6) Inscrição dos funcionários da AMME no INSS. ...................................................... 26

Tabela 7) Canalização dos valores descontados ao INSS ........................................................ 27

Tabela 8) Razões que levam as empresas a não canalizarem os valores ao INSS. .................. 27

Tabela 9) Consequências da não canalização dos valores ao INSS. ........................................ 29

Tabela 10) Transparência da AMME na confirmação da canalização dos valores ao INSS. .. 30

Tabela 11) Importância da contribuição da AMME ao INSS. ................................................. 31

Tabela 12) Sugestões para a minimização da não contribuição ao INSS. ................................ 32

Tabela 13) Análise documental da AMME (2015-2017).......................................................................35

x
Resumo

Esta pesquisa tem como tema, A Contribuição da AMME no Pagamento de Segurança Social
– INSS. Caso da Associação Moçambicana Mulher e Educação, Cidade de Quelimane (2015-
2017). O objectivo principal é de compreender a importância da contribuição feita pela
Associação Moçambicana Mulher e Educação no pagamento de segurança social, no INSS.
Para alcançamos tal objectivo servimo-nos da seguinte pergunta de partida, Qual é a
importância da contribuição feita pela AMME no pagamento de segurança social – INSS na
cidade de Quelimane? Partimos de pressuposto de que a contribuição ou canalização dos
valores descontados nos salários dos funcionários feita pelas empresas ao Instituto Nacional
de Segurança Social é algo de extrema importância na medida em que forma uma reserva e
garantia financeira para os funcionários lidarem com situações futuras, como a chegada da
aposentadoria ou a realização de um projecto de vida. Por esta razão, a previdência social é
aquela referente ao benefício pago pelo INSS aos trabalhadores. Ela funciona como um
seguro controlado pelo governo, garantindo que o trabalhador continue a receber uma renda
quando se aposentar, mas que também não fique desamparado em caso de gravidez, acidente
ou doença. Em termos metodológicos, trata-se de uma abordagem qualitativa, porque
procuramos fornecer maior compreensão do problema levantado. No que tange aos objectivos
da pesquisa, trata-se de um estudo exploratório, dado que as informações numa primeira fase,
exploramos nas referências bibliográficas e posteriormente no estudo de caso. Quanto aos
procedimentos trata-se de uma pesquisa bibliográfica e estudo de acaso. A população que
participou no estudo, são os funcionários da Associação da Moçambicana Mulher e Educação
na cidade de Quelimane, em um número de 20 funcionários. Com este estudo concluiu-se que
a AMME já fez a inscrição de todos seus trabalhadores no INSS. E constatamos que o que
leva as empresas a não canalizarem ao INSS os valores descontados nos salários dos
funcionários tem sido a falência das mesmas e a falta de honestidade, a má fé e mau
funcionamento administrativo. Assim, como consequências da não canalização dos valores
das empresas ao INSS, os funcionários participante no estudo, apontaram que as
consequências são dentre outras: prejuízo por parte dos funcionários e seus agregados
familiares. Apontam ainda a multa que a empresa pode sofrer. O trabalho termina sugerindo
que a AMME passe cada vez mais a contribuir ao INSS no seu devido tempo, pois é o meio
seguro para as famílias usufruírem os seus valores após a reforma ou morte e que o INSS crie
medidas que impulsione as empresas a canalizarem os valores que descontam nos salários dos
seus trabalhadores.

Palavras-chave: Pagamento. Segurança Social. AMME. INSS.

xi
Abstract

This monograph has as its theme, The Contribution of Associations to the Payment of Social
Security - INSS. Case of the AMME – Mozambican Women and Education Association, City
of Quelimane (2015-2017). The main objective is to understand the importance of the
contribution made by the Mozambican Women and Education Association in the payment of
social security, in the INSS. In order to achieve this objective, we ask ourselves the following
question: What is the importance of the contribution made by the Mozambican Women and
Education Association in the payment of social security - INSS in the city of Quelimane? We
start from the assumption that the contribution or channeling of the discounted amounts in the
salaries of the employees made by the companies to the National Institute of Social Security
is of extreme importance insofar as it forms a reserve and financial guarantee for the
employees to deal with future situations, such as the arrival of retirement or the realization of
a life project. For this reason, the social security is that referring to the benefit paid by the
INSS to the workers. It works as a government-controlled insurance, ensuring that the worker
continues to receive income when he retires, but also does not remain helpless in case of
pregnancy, accident or illness. In methodological terms, this is a qualitative approach, because
we try to provide a better understanding of the problem raised. Regarding the objectives of the
research, it is an exploratory study, since the information in a first phase, we explore in the
bibliographical references and later in the case study. As for the procedures, this is a
bibliographical research and a study of chance. The population that participated in the study,
are the employees of the Association of Mozambican Women and Education in the city of
Quelimane, in a number of 20 employees. With this study it was concluded that the AMME
has already registered all its workers in the INSS. And we find that what leads companies to
not channel to the INSS the values discounted in the salaries of employees has been their
bankruptcy and lack of honesty, bad faith and administrative malfunction. Thus, as a
consequence of the non-channeling of corporate values to the INSS, the employees
participating in the study, pointed out that the consequences are, among others: loss by
employees and their households. They also point out the fine that the company may suffer.
The work ends up suggesting that the AMME increasingly contribute to the INSS in due
course, since it is the safe way for families to enjoy their values after retirement or death and
that INSS creates measures that encourage companies to channel the values that deduct the
wages of their workers.

Keywords: Payment. Social Security. AMME. INSS.

xii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

A contribuição do sistema de segurança social é uma taxa existente em vários países, em que
cada pessoa ou empresa é obrigada a deduzir uma certa percentagem de sua renda média para
o governo. Esta percentagem pode variar de acordo com a renda média anual, ou pode ser fixa
em uma dada percentagem.

Em nosso país (Moçambique) presenciam-se situações em que algumas empresas, sobretudo


as privadas, não cumprem com a canalização dos pagamentos, pese embora tenham vínculos
com o Instituto Nacional de Segurança Social. Esta situação condiciona um mal-estar de todos
os trabalhadores dessas empresas, uma vez que esses trabalhadores sofrem descontos, que até
certo momento não são canalizados no INSS, afligindo desta maneira os trabalhadores e os
seus dependentes por não ter seu devido reembolso futuramente.

É sobre esses argumentos que a presente monografia aborda o seguinte tema: A Contribuição
da AMME no Pagamento de Segurança Social – INSS, na Cidade de Quelimane (2015-
2017). O objectivo principal é de compreender as razões que contribuem para a não
contribuição das empresas privadas no pagamento de segurança social.

Podemos dizer que um trabalhador que é descontado certa cota do seu vencimento mensal,
pode ser concebido como uma pessoa previdente. Na linguagem popular, uma pessoa
previdente é aquela que se prepara com antecedência. No mundo financeiro, vale o mesmo: ao
investir na previdência, a pessoa contribui com uma quantia mensal por um determinado
período e, ao término desse período, ela contará com um montante para usufruir da forma que
desejar.

Entretanto, a ideia é formar uma reserva financeira para lidar com situações futuras, como a
chegada da aposentadoria ou a realização de um projecto de vida. Por esta razão, a
previdência social é aquela referente ao benefício pago pelo INSS aos trabalhadores. Ela
funciona como um seguro controlado pelo governo, garantindo que o trabalhador continue a
receber uma renda quando se aposentar, mas que também não fique desamparado em caso de
gravidez, acidente ou doença.

1
Todavia, é pertinente frisar que o Instituto Nacional de Segurança Social garante tais
benefícios quando as empresas fazem a canalização dos descontos dos seus funcionários,
honrando desta feita, o vinculo estabelecido com a INSS.

Quanto à estrutura, esta monografia é composta por cinco (5) capítulos distintos, sendo que o
primeiro trata sobre a contextualização, onde expomos os seguintes elementos: introdução,
problematização, objectivos, justificava, perguntas de pesquisa e delimitação de estudo.

O segundo capítulo versa sobre a fundamentação teórica, onde reunimos os conteúdos sobre o
assunto tratado sob ponto de vista de vários autores. Importa aludir que deixamos sempre que
possível as nossas constatações como pesquisadores.

O terceiro capítulo é dedicado a explanação da metodologia do trabalho, onde


fundamentamos o tipo de pesquisa, as técnicas a serem usadas para a colecta de dados, a
população-alvo, a amostra e as técnicas de análise de dados.

O quarto capítulo trata sobre a apresentação, análise e discussão dos resultados, fase em que
expomos as informações fornecidas pelos entrevistados, neste caso, pelos funcionários da
Associação Moçambicana Mulher e Educação. Como forma de dar mais sustento as essas
informações buscando em algumas vezes as ideias de alguns autores que tratam sobre o
assunto, sem deixar de lado, as nossas constatações.

E, finalmente no quinto capítulo expõe-se a conclusão e as sugestões. Na conclusão deixamos


ficar as constatações do trabalho, enquanto nas sugestões expomos aspectos que podem de
alguma forma melhorar a problemática estudada na presente monografia, que é a canalização
dos valores dos funcionários no INSS.

Feito, a exposição desses conteúdos apresentamos as referências bibliográficas consultadas


para a composição do presente trabalho.

2
1.2. Problematização

Como salientamos de outros modos na parte introdutória, a previdência privada, como o


próprio nome sugere, é uma opção do indivíduo. Também chamada de previdência
complementar, ela estabelece a formação de uma reserva a ser usada tanto para complementar
a renda recebida pelo INSS, quanto para realizar um projecto de vida, como o pagamento da
faculdade dos filhos ou investir em um negócio próprio. Ou seja, a previdência privada
implica dizer que a formação da reserva é individual e o beneficiário recebe no final todo o
saldo acumulado ao longo do tempo.

Quando a AMME não contribuem no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) com os
descontos feitos nos seus trabalhadores, colocam em risco de não reembolso dos valores dos
mesmos trabalhadores. Por isso, é imperioso que as empresas reflectem e honrem com os seus
compromissos, contribuindo deste modo com os valores no INSS a tempo acordado.

A AMME devem sempre levar em conta essa reflexão, para que não “denigram” a sua
imagem. Assim, se o não pagamento da empresa estiver aliado ao desconhecimento dos
procedimentos legais por partes dos funcionários afectos no Departamento de Administração
e Finanças (DAF), pode-se destituir esses por outros competentes. Em outros moldes,
podemos dizer que deve se reflectir sobre o porquê da não contribuição, como forma de sanar
essa problemática nas empresas privadas do nosso país.

Para o efeito não serão abordados nesta pesquisa, aspectos relacionados as actividades
realizadas na Associação Moçambicana Mulher e Educação, somente nos restringiremos na
contribuição que esta instituição exerce sobre o Instituto Nacional de Segurança Social
(INSS). Assim, urge a necessidade de colocar a seguinte questão de partida:

• Qual é a importância da contribuição feita pela AMME-Associação Moçambicana


Mulher e Educação no pagamento de segurança social – INSS, na cidade de
Quelimane?

3
1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral

• Compreender a importância da contribuição feita pela Associação Moçambicana


Mulher e Educação no pagamento de segurança social, no INSS.

1.3.2. Objectivos Específicos

• Identificar as razões que contribuem para o não pagamento de segurança social;


• Descrever as razões do não pagamento da segurança social por parte das empresas
privadas ao Instituto Nacional de Segurança Social;
• Explicar a pertinência da contribuição das empresas privadas no pagamento de
segurança social ao INSS;
• Propor medidas para minimizar a problemática de não contribuição de segurança
social por partes das empresas privadas.

1.4. Questões de Investigação

A presente pesquisa sendo qualitativa necessita de algumas perguntas de pesquisa, que de


certa forma orientaram-nos no desenvolvimento da abordagem. Eis as perguntas:

• Qual é a importância da contribuição da AMME no pagamento de segurança social na


INSS?
• O que acontece quando as empresas não canalizam no INSS os valores descontados
aos trabalhadores?
• O que contribui para a não canalização dos valores ao INSS?

1.5. Justificativa

A justificativa da escolha do tema em discussão prende-se ao facto da sua grande importância


na sociedade. É um tema relevante e actual porque tem a ver com a sustentabilidade do
trabalhador, pois, toda contribuição que o trabalhador faz surtir efeitos positivos futuramente,
garantindo-lhe uma vida normal, após a sua aposentadoria.

Ao nível académico, abordamos esta temática com intuito de despertar atenção aos demais
pesquisadores sobre a pertinência do tema, no que concerne a contribuição das empresas na

4
segurança social ao Instituto Nacional de Segurança Social. Pois, fica mais evidente que
quando as empresas pautam na não contribuição dos valores descontados nos salários,
prejudicam consequentemente os seus funcionários e seus dependentes, uma vez que eles não
terão acesso ao reembolso dos valores por parte da INSS.

Ao desenvolvermos esta pesquisa estamos em grande parte contribuindo com matéria


suficiente sobre o desencorajamento do não pagamento dos valores descontados nos salários
dos funcionários das empresas. Assim, vincamos algumas directrizes ou sugestões que de
certa maneira podem ajudar na minimização da problemática.

De igual modo, apelamos a sociedade em geral, com mais incidência nos trabalhadores a
pautar pela criação do vínculo com o Instituto Nacional de Segurança Social, contribuindo
com uma taxa mensal, de modo a garantir sua sustentabilidade no futuro.

1.6. Delimitação da Pesquisa

Esta pesquisa delimita-se em três vertentes: tempo, temática e espaço. No que diz respeito ao
tempo esta pesquisa abarca o intervalo de 2015 a 2017. Acreditamos que através desta
delimitação teremos dados ou informações mais recentes e convenientes a presente
abordagem.

E o espaço é a Associação Moçambicana Mulher e Educação. E por último a presente


temática insere-se na disciplina de Auditoria Fiscal.

1.7. Limitações

Em qualquer trabalho de pesquisa sempre nos deparamos com algumas limitações, este não
seria diferente. Deparamo-nos com falta de alguns livros, limitações por parte de alguns
funcionários da AMME. Assim, o respeito pelas pessoas garante que elas sejam tratadas com
respeito e dignidade de modo a não ferir sua sensibilidade.

Nesta pesquisa não foram apresentadas as Demostrações Financeiras da mesma, dado que não
fazem parte integrante desta pesquisa. Os funcionários participantes no estudo,
antecipadamente informados sobre a entrevista e no momento do fornecimento de
infirmações, tivemos em conta o elemento “sigilo”, com intuito de não expor os entrevistados.

5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Introdução

Nessa secção abordamos fundamentalmente os conteúdos sobre a temática levantada sob


visão de vários autores. Todavia, não queremos necessariamente com isso dizer que não
deixaremos ficar as nossas constatações em volta de tudo que abordaremos.

Como forma de expor melhor os conteúdos, apresentamos em duas fases, sendo que a
primeira fase intitulamos de quadro conceptual, onde definimos os conceitos chaves da
presente abordagem. E a segunda fase, de quadro teórico, constando os conteúdos mais
complexos.

2.1.1 Quadro Conceptual

2.1.1.1 Seguridade Social

Segundo Ibrahim, (2010), "quando os constituintes tratam da seguridade social dentro das
disposições da ordem social, visavam a ampliação e democratização do acesso da população à
saúde, à previdência social e à assistência social" ( p.5).

Torna-se imperioso compreender que nesse tripé, cuja implementação deveria envolver
iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, os constituintes depositaram suas esperanças
de maior justiça social, bem-estar e melhoria da qualidade de vida. O postulado fundamental
da solidariedade social transparece como baliza para o sistema de seguridade social,
rompendo definitivamente com a lógica económica do seguro privado, ou seja, a rígida
correlação entre prémio e benefício.

De acordo com Martins (2003):

A seguridade social é um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado


a estabelecer um sistema de protecção social aos indivíduos contra contingências que
os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias,
integrado por acções de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (p.43).

Nesta definição de Martins (2003), podemos aludir que todo sistema de segurança social não
tem outra finalidade, a não ser, proteger todos os integrados, ou seja, todos que possuem
vínculos com mesmo sistema. De modo geral, os sistemas de segurança social olham mais na
posição futura do integrante, de modo a garantir-lhe uma vida condigna.
6
2.1.1.2. Segurados

De acordo com Sagaz (2006), “segurados são as pessoas físicas que contribuem para a
previdência social, através de remuneração percebida em empresa ou recolhimento por mio da
guia própria da previdência social, vinculando-se assim ao Regime Geral” (p.28).

O mesmo autor salienta que os seguros classificam-se em obrigatórios e facultativos. Os


primeiros são os seguros que optam por um regime próprio de previdência, que contribuem
para o custeio de benefícios e serviços a eles concedidos quando requeridos, desde que
possuam os requisitos previstos em lei.

Conforme Castro & Lazzari (2010), segurados obrigatórios são aquelas pessoas que
contribuem compulsoriamente para a seguridade social, com direito aos benefícios
pecuniários previstos para a sua categoria (aposentadorias, pensões, auxílios, salário-família e
salário-maternidade) e aos serviços (reabilitação profissional e serviço social) a encargo da
previdência social.

Já os facultativos são aqueles que, não possuindo regime próprio de previdência, nem se
enquadrando na condição de segurados obrigatórios do regime geral, resolvem contribuir
facultativamente para fazer jus a benefícios e serviços.

2.1.3. Previdência Social

Embora seja uma espécie de seguridade social, a previdência é mais complexa, pois é
contribuitiva e somente com a contribuição resultará em benefícios para o cidadão. Castro &
Lazzari (2010) ensinam que é medida de prudência evitar que infortúnios da vida possam
interromper ou reduzir seus meios de subsistência e de sua família. Para tanto, deve (o
trabalhador), de alguma forma ter garantido no futuro um rendimento mínimo para suas
necessidades básicas.

Podemos apontar que o termo previdência significa precaução, prevenção. Quem se previne,
antecipa-se às contingências futuras, acautelando-se quanto aos danos possivelmente
decorrentes dela. Aquele que age de forma previdente antecipa-se às contingências futuras e
acautela-se quanto aos danos que possam ser gerados por elas.

Contudo, Cunha (2010), vai mais além ao referir que:

7
A previdência social é conquista consagrada com o advento das constituições sociais e
consolidada a partir da implantação do Estado social. Manifesta-se como um direito
fundamental social que assegura aos seus beneficiários, mediante pagamento de
determinada contribuição, os meios indispensáveis de manutenção, por motivo de
incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos
familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente, através
de certos benefícios como, por exemplo, as aposentadorias, os auxílios doença ou
acidente ou reclusão, os salários maternidade ou família e a pensão por morte (p.96).

O que a previdência social promove, é proporcionar um rendimento na forma de um seguro


social visando proteger os beneficiários em face dos riscos sociais a que se sujeitam, como a
morte, a idade avançada, a invalidez e o desemprego involuntário.

Entretanto, dizer que a previdência social é contributiva significa dizer que só recebe os
benefícios prestados pela previdência social, quem com ela contribuir, na forma da lei e
qualquer mudança também só poderá ocorrer mediante a lei.

2.2. Quadro Teórico

2.2.1. Inscrição das Entidades Empregadoras

De acordo com o Boletim da República de Moçambique (2007), no que tange ao


Regulamento da Segurança Social Obrigatória, a inscrição das entidades empregadoras, na
sua qualidade de contribuintes da segurança social, deve ser efectuada no prazo de 15 dias a
contar da data do início de actividade ou da aquisição da empresa, através de boletim de
inscrição de modelo próprio.

Desta maneira, ao boletim de inscrição deve juntar-se:

a) Fotocópia do alvará ou documento comprovativo do licenciamento da actividade;


b) Fotocópia autenticada do modelo 6 de início de actividade entregue na direcção da
área fiscal respectiva;
c) Fotocópia do bilhete de identidade da (s) pessoa (s) que obriga (m) a empresa.

Após a efectivação da inscrição, o INSS comunicará à entidade empregadora o número de


contribuinte que lhe tiver sido atribuído. O INSS pode proceder à inscrição oficiosa do
contribuinte, sem prejuízo das penalidades aplicáveis.

8
E, por fim, a entidade empregadora deve mencionar na folha de remunerações e em todos os
documentos relacionados com a segurança social obrigatória o seu número de contribuinte.

2.2.2. Inscrição dos Trabalhadores

No artigo no 8 do Boletim da República, está expresso que a inscrição dos trabalhadores é


efectuada com base em boletim de identificação de modelo próprio, acompanhado de
fotocópia do bilhete de identidade ou cédula pessoal ou da certidão de nascimento do
trabalhador e validado com a assinatura e carimbo da entidade empregadora.

O boletim deve ser preenchido pelo trabalhador, competindo à entidade empregadora o seu
envio ao INSS, devidamente preenchido, no prazo não superior a 30 dias a contar da data da
vinculação contratual. E, sem prejuízo do disposto no número anterior, poderá o boletim de
identificação ser entregue directamente no INSS pelo próprio trabalhador.

Caso o trabalhador não preencha o boletim de identificação, compete à entidade empregadora


o seu preenchimento com os elementos de identificação de que dispuser. A actualização dos
dados constantes do boletim é da responsabilidade do beneficiário.

Consta ainda que o INSS pode proceder à inscrição oficiosa dos trabalhadores, desde que
disponha dos elementos indispensáveis, sem prejuízo das penalidades aplicáveis. Assim, o
INSS atribui um número de beneficiário no prazo não superior a 30 dias contados a partir da
data de inscrição no sistema. E, finalmente, a inscrição do trabalhador reporta-se ao início do
mês a que se refere a primeira contribuição devida em seu nome.

2.2.3. Os Princípios Universais da Providência

Nada angustia mais o trabalhador do que a incerteza sobre o amanhã. O cidadão quer saber se
terá emprego para sustentar a si a sua família e se terá protecção contra acidentes ou doenças
que possam comprometer a sua capacidade de trabalho. Sonha também que depois, de uma
longa vida de trabalho, possa desfrutar de uma condição financeira que lhe possibilite uma
vida digna e tranquilidade até o final de seus dias.

A criação de uma rede de protecção ao trabalhador tem sido, ao longo do tempo, uma das
preocupações essenciais do Estado. O sistema previdenciário é um dos principais elementos
dessa rede de protecção, responsável, em grande medida, pela estabilidade social.

9
Autores como Azevedo (2001) sustentam que “o sistema previdenciário procura proteger o
trabalhador contra os riscos inerentes à actividade produtiva” (p.34). Quando um acidente ou
doença impede o trabalhador, mesmo que temporariamente, de exercer sua actividade, é
preciso que existam mecanismos que assegurem a sua sobrevivência e a de seus dependentes.
Se esse infortúnio o incapacita permanentemente de trabalhar, o cidadão precisa ter a certeza
de que disporá de uma renda que lhe permita sobreviver. Necessita também ter a garantia da
sociedade de que, no caso de sua morte, os seus dependentes ficarão amparados. Para essas
hipóteses, inclusive de trabalho, de invalidez e de pensão por morte. O sistema prevê também
a aposentadoria, que o trabalhador terá direito ao final de sua vida de trabalho.

A aposentadoria é um seguro de renda destinado àqueles que perderam sua capacidade de


trabalho e está relacionada essencialmente à velhice. O limite de idade para a concessão desse
benefício, portanto, é um dos princípios universais em que se baseiam os sistemas
previdenciários em todo o mundo. A quase totalidade dos países o adopta. E, na maioria dos
casos, a concessão da aposentadoria pressupõe o não retorno do trabalhador ao mercado de
trabalho.

2.2.4. Direitos dos Segurados do INSS

2.2.4.1. Prestações Pagas pela Previdência Social

D acordo com Araújo (2015), o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) compreende as
seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente de
trabalho, expressas em benefícios e serviços:

a) Quanto ao segurado:

• Aposentadoria por invalidez – uma vez cumprida a carência exigida, quando for o
caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for
considerado incapaz para o trabalho e insusceptível de reabilitação para o exercício de
actividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa
condição.

De outra forma, podemos dizer que a aposentadoria por invalidez consiste em um benefício
de natureza previdenciária devido ao segurado que for considerado totalmente incapaz e

10
insusceptível de recuperação para o exercício de actividades laborais que lhe garanta a sua
subsistência.

Assim, este conceito na presente pesquisa sustenta a grande importância advinda dos sistemas
de segurança social. Pois, todos aqueles que têm vínculo com o Instituto Nacional de
Segurança Social esperam futuramente usufruir dos valores que passaram apagar durante o
tempo em que se encontravam em capacidades de actividades laborais.

• Aposentadoria por idade – a aposentadoria por idade dos trabalhadores urbanos será
devida aos 65anos de idade, se homem, e aos 60 anos de idade, se mulher, com
exigência de 15 anos de contribuição (Araújo, 2015).

Este tipo de prestação social pode ser confundido com a aposentadoria por invalidez, por em
alguns casos coincidir a factor ‘idade’. Todavia, existe traço bastante característico entre os
mesmos, pois na aposentadoria por invalidez a pessoa se encontra impossibilitada, já na
aposentadoria por idade, a pessoa pode não se encontrar impossibilitada, mas a sua idade é
factor condicional.

• Salário maternidade – para Araújo (2015), é devido à segurada da Previdência Social


– empregada, empregada doméstica, avulsa, segurada especial, segurada contribuinte
individual e facultativa -, durante 120 dias, com início 28 dias antes e término 91 dias
depois do parto, podendo, em casos excepcionais, os períodos de repouso anterior e
posterior ao parto serem aumentados de mais duas semanas, mediante atestado médico
específico.

O autor salienta ainda que em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado
médico, pessoa que se encontra nessa condição, que é a segurada terá direito ao salário-
maternidade correspondente a duas semanas. Todavia, existe outra concepção segundo a qual
a segurada que possui vínculo empregatício recebe o salário maternidade por meio da
empresa. Em caso de adopção, o benefício é pago pelo INSS. Para as demais seguradas, o
benefício sempre será pago pelo INSS.

b) Quanto ao dependente:

• Pensão por morte – no caso de morte do trabalhador activo ou aposentado, seus


dependentes fazem jus à pensão por morte (Araújo, 2015).

11
A pensão por morte trata-se de uma protecção previdenciária fundamental, que, ao contrário
do seguro de vida vendido pelos bancos e seguradoras, que paga uma prestação maior, mas
única, significa um pagamento mensal e continuado que garante a tranquilidade da família do
falecido.

Assim, ao falarmos da pertinência do pagamento do seguro social, sobretudo no Instituto


Nacional de Segurança Social, estamos necessariamente relevando esse pagamento. Pois, a
previdência pública é o melhor seguro de vida que se pode deixar para os familiares.

• Auxílio reclusão – auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por
morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração
da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de
permanência em serviço, desde que o seu salário-de-contribuição o enquadre como
baixa renda.

Sustentando esse tipo de protecção social, Araújo (2015) assevera que é devido auxílio-
reclusão aos dependentes do segurado quando não houver salário-de-contribuição na data do
seu efectivo recolhimento à prisão, desde que mantida a qualidade de segurado.

c) Quanto ao segurado e dependente:

• Reabilitação profissional – a assistência (re) educativa e de (re) adaptação


profissional, instituída sob a denominação genérica de habilitação e reabilitação
profissional, visa proporcionar aos beneficiários, incapacitados parcial ou totalmente
para o trabalho, em carácter obrigatório, independentemente de carência, e às pessoas
portadoras de deficiência, os meios indicados para proporcionar o reingresso no
mercado de trabalho e no contexto em que vivem.

Esse tipo de providência visa a beneficiar tanto ao segundo, quanto a família do segurado.
Assim, a habilitação e a reabilitação profissional serão prestadas directamente pela
previdência social ou através de convénios com entidades públicas ou privadas.

12
2.3. Estudo Empírico

2.3.1. Concessão da Prestação Previdenciária

Para que o indivíduo faça jus à prestação previdenciária, Castro & Lazarri (2010), diz que é
necessário:

a) Que o indivíduo se encontre na qualidade de beneficiário do regime, à época do


evento;
b) A existência de um dos eventos cobertos pelo regime, conforme a legislação vigente
na época da ocorrência do fato;
c) O cumprimento das exigências legais;
d) A iniciativa do beneficiário.

É importante ressaltar que a inexistência de contribuições para com a Seguridade Social e a


falta de registro da actividade laboral em carteira profissional ou Carteira de Trabalho e
Previdência Social – CTPS não podem constituir obstáculo à concessão de benefícios para os
segurados empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos.

Em consonância, ao que afirmamos acima, Balera (2008) sustenta que uma vez existente o
vínculo jurídico que enquadra o indivíduo como uma das três categorias de segurados
mencionadas, fará jus a ser considerado beneficiário do Regime Geral de Previdência Social -
RGPS, sem prejuízo da cobrança das contribuições de quem inadimpliu, ou seja, o tomador de
serviços.

Por outro lado, é importante compreender que, se o beneficiário atende aos requisitos, embora
não postule a prestação, diz-se que mesmo possui direito adquirido a prestação previdenciária.
Uma vez adquirido este direito, este se torna intangível por norma posterior, devendo ser
concedido o benefício ou prestado o serviço nos termos do regramento existente à época da
aquisição do direito, independente de quando for requerido.

2.3.2. Suspensão do Benefício

Em relação a este ponto Castro & Lazarri (2010) salientam que “na legislação de seguro
social, há certas situações que autorizam o INSS a deixar de pagar o benefício, suspendendo a
prestação devida” (p.510). Não se deve confundir, contudo, tal situação com a de

13
cancelamento do benefício: na suspensão, o benefício teve apenas seu pagamento sustado; no
cancelamento, dá-se a extinção da obrigação de pagamento pelo INSS ao beneficiário.

São casos de suspensão do pagamento do benefício os seguintes:

a) A conduta do beneficiário inválido que não se apresenta para a realização do exame-


pericial periódico do INSS;

b) A não-comprovação trimestral da manutenção do cumprimento da pena privativa de


liberdade, ou a fuga do segurado detido ou recluso, em relação ao auxílio-reclusão aos
dependentes do segurado;

c) A ausência de defesa do beneficiário, quando notificado pelo INSS em caos de


suspeita de irregularidade na concessão ou manutenção de benefício.

2.3.3. Cancelamento do Benefício

Para Castro & Lazarri (2010) são casos de cancelamento de benefício previdenciário:

a) O retorno ao trabalho em actividade nociva à saúde ou à integridade física do segurado


que percebe aposentadoria especial;
b) O reaparecimento do segurado considerado falecido por decisão judicial que havia
declarado morte presumida;
c) O retorno ao trabalho de segurado aposentado por invalidez;
d) A verificação, pelo INSS, de concessão ou manutenção de benefício deforma irregular
ou indevida.

Para o INSS cancelar um benefício previdenciário deve, necessariamente, fazê-lo com base
em um processo administrativo que apurou alguma irregularidade na concessão do mesmo. O
poder-dever da Administração de desconstituir seus próprios actos por vícios de nulidade
condiciona-se à comprovação das referidas ilegalidades em processo administrativo próprio,
com oportunização, ao administrado, das garantias constitucionais da ampla defesa e do
contraditório (Castro & Lazarri, 2010).

Para além dos autores mencionados acima, recorremos à Alvarenga (2009), que entende que a
aposentadoria por invalidez será cancelada nas seguintes situações: pelo retorno voluntário do
aposentado por invalidez à actividade; quando o INSS constata, por meio de perícia médica,

14
que a incapacidade total para o labor está desaparecendo (hipótese em que o segurado
retornará à antiga actividade ou a um trabalho diverso, sendo o benefício gradualmente
reduzido durante o período de retorno à função); e quando alcançado o requisito etário para a
concessão da aposentadoria por idade ou reunidas as condições para tal intento, convertendo-
se a aposentadoria por invalidez em aposentadoria por idade.

Importante mencionar que nos casos em que o INSS não comprova que o cancelamento foi,
em face de alguma irregularidade, apurado em processo administrativo, o benefício deve ser
restabelecido. Para tanto, o beneficiário poderá obter a sua pretensão em juízo, por meio de
mandado de segurança, quando não demandar de instrução probatória, ou pela via ordinária,
com a possibilidade da antecipação de tutela, quando demonstrar o preenchimento dos
requisitos exigidos para a concessão da medida.

15
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3.1.Introdução

Nesta secção, mostramos o percurso metodológico usado para o seu desenvolvimento da


presente monografia. Sendo assim, usamos algumas ferramentas de acordo com tipo de
pesquisa.

De acordo com Lakatos & Marconi (2002), a metodologia é um conjunto de métodos e


técnicas utilizadas para a realização de uma pesquisa. E Gil (2009) define metodologia como
o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido
fixado de antemão de modo reflectido e deliberado.

3.1.1 Tipos de Pesquisa

Quanto a abordagem esta pesquisa é qualitativa, porque procura fornecer maior compreensão
do problema levantado.

De acordo com Malhotra (2001), “a pesquisa qualitativa proporciona uma melhor visão e
compreensão do contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar
os dados e aplica alguma forma da análise estatística” (p.155). A pesquisa qualitativa pode ser
usada, também, para explicar os resultados obtidos pela pesquisa quantitativa.

Diferente da pesquisa qualitativa, temos a pesquisa quantitativa, onde mostra-se a


determinação da composição e do tamanho da amostra é um processo no qual a estatística
tornou-se o meio principal. Como, na pesquisa quantitativa, as respostas de alguns problemas
podem ser inferidas para o todo, então, a amostra deve ser muito bem definida; caso contrário,
podem surgir problemas ao se utilizar a solução para o todo.

No que tange aos objectivos da pesquisa, trata-se de um estudo exploratório, dado que as
informações numa primeira fase, exploramos nas referências bibliográficas e posteriormente
no campo de estudo. Enquadram-se na categoria dos estudos exploratórios “todos aqueles que
buscam descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o
fenómeno pesquisado” (Selltiz, Wrigthsman & Cook, 1965, p.43).

Esses estudos possibilitam aumentar o conhecimento do pesquisador sobre os factos,


permitindo a formulação mais precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas

16
pesquisas mais estruturadas. Nesta situação, o planeamento da pesquisa necessita ser flexível
o bastante para permitir a análise dos vários aspectos relacionados com o fenómeno.

Outro autor que procura conceber a pesquisa exploratória é Gil (2007) que entende a pesquisa
exploratória como a que tem como objectivo principal desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores.

Quanto aos procedimentos trata-se de uma pesquisa bibliográfica e estudo de acaso. A


pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de
websites.

De acordo com Fonseca (2002), qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa
bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto.
Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica,
“procurando referências teóricas publicadas com o objectivo de recolher informações ou
conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta” (p.32).

Como referimos atrás, primeiro nos baseamos nos conteúdos avançados pelos autores e só
depois, com base na entrevista basear-nos-emos no estudo de acaso, momento em que
estaremos em contacto directo com o nosso alvo (funcionários da AMME). Segundo Gil
(2007), o estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que
procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma
perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto
quanto possível completa e coerente, do objecto de estudo do ponto de vista do investigador.

3.2. Universo Populacional

Segundo Marconi & Lakatos (2002) o “universo populacional é o conjunto de seres animados
ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum” (p.108).

Nesse estudo, o universo populacional são precisamente os funcionários da Associação da


Moçambicana Mulher e Educação na cidade de Quelimane. No total são 90 funcionários.

17
3.3. Amostra

Na visão de Fortin (2006, cit. em Dias et al. 2010), a amostra é entendida como “a fracção da
população total sobre a qual se faz a pesquisa, ou ainda um sub-conjunto dos elementos ou
sujeitos tirados da população que são convidados a participar num dado estudo” (p.122).

Quanto ao tipo da amostra usada nesta pesquisa, é uma amostragem não-probabilística ou


intencional, por que, é definida a partir da experiência do pesquisador no campo de pesquisa,
numa posição pautada em raciocínios instruídos por conhecimentos teóricos da relação entre o
objecto de estudo e o corpus a ser estudado. Ou seja, trata-se de uma amostra intencional
porque o pesquisador irá escolher as pessoas com as quais trabalhará, por entender que estas
facultarão informações convenientes a pesquisa.

Neste estudo a amostra foi constituída por 20 funcionários. Que serão escolhidos como
dissemos de forma intencional, onde alguns os funcionários da AMME terão a chance
diferente de outros para fazer parte no presente estudo.

3.4. Técnicas de Recolha de Dados

Para a composição do trabalho até a fase final contamos com duas técnicas ou instrumentos
de recolha dos dados, que são: a pesquisa bibliográfica, a análise documental, a observação
directa e entrevista.

A pesquisa bibliográfica consistiu na leitura e extracção das informações sobre o pagamento


de valores descontados nos salários dos funcionários ao INSS, nas referências bibliográficas.
De acordo com Fonseca (2002), “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros,
artigos científicos, páginas de web sites” (p.32).

Em analogia a pesquisa bibliográfica, temos a análise documental, que permitiu-nos a colecta


dos conteúdos em vários documentos, tais como relatórios, jornais, áudios. Em consonância a
isto que nos referimos, Fonseca (2002) refere que a análise documental trilha os mesmos
caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. Essa análise
recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas
estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias,
pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão.

18
Finalmente, faremos o uso da entrevista para o estudo de caso. Trata-se da entrevista com os
funcionários da Associação Moçambicana Mulher e Educação na cidade de Quelimane. Na
visão de Cervo (2007) a entrevista representa uma técnica em que o investigador se apresenta
frente ao investigado e lhe formula perguntas, com objectivos de obtenção de dados que
interessam a investigação.

Entendemos que a entrevista constitui uma das estratégias escolhidas na recolha dos dados
sustentáveis da nossa pesquisa em que conversaremos com alguns funcionários da AMME
com intuito de recolher as informações necessárias para o trabalho.

A entrevista a ser usada nesta pesquisa foi a semi-estruturada ou aberta, para facilitar uma
conversação mais aberta possível, o que não acontece na entrevistada estruturada, devido ao
seu carácter bastante rigoroso no cumprimento do guião de entrevista. Acreditamos que com a
entrevista aberta apuraremos melhor as informações, na medida em que haverá abertura da
entrevistadora para com o entrevistado. Essa abertura possibilitará a formulação e/ou
esclarecimento de algumas questões.

3.5. Técnicas de Análise de Dados

As técnicas para uma boa análise das informações colectadas no campo de estudo, significa
uma metodologia de interpretação coerente das mesmas informações. Assim sendo, possui
procedimentos peculiares, envolvendo a preparação dos dados para a análise, uma vez que
esse processo consiste em extrair sentido das informações.

Nos baseando em Chizzotti (2006), compreendemos que a descodificação de um documento


pode utilizar-se de diferentes procedimentos para alcançar o significado profundo das
comunicações nelas cifradas. A escolha do procedimento mais adequado depende do material
a ser analisado, dos objectivos da pesquisa e da posição ideológica e social do analisador.

De acordo com a ideia acima exposta, temos a dizer que para a análise dos dados, recorremos
ao uso de tabelas como técnica conveniente ao estudo. Nestas tabelas foram ilustradas as
respostas dos funcionários entrevistados e depois a devido discussão dos dados.

3.6. Validação dos Resultados

Os resultados a serem encontrados tiveram um tratamento adequado de modo a estar em


consonância com a prática de pagamento de valores na Associação Moçambicana Mulher e
19
Educação. Isto quer dizer, não validamos as informações que sofreram adulteração, uma vez
que não credibilizaria a nossa pesquisa.

Portanto, guiando-nos por esse espírito de veracidade, estaremos até certo momento não
somente respeitando a instituição em que se fará o estudo (AMME), mas preservando a nossa
singularidade como pesquisador.

20
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1.Introdução

Nesta secção apresentamos os resultados colectados no campo de estudo, neste caso na


Associação Moçambicana Mulher e Educação. Os resultados são apresentados e discutidos
simultaneamente de modo a garantir maior compreensão dos factos.

Todavia, antes de expormos os resultados obtidos através da entrevista, começamos por


apresentar o breve historial da AMME de modo a dar a conhecer o local de onde recolhemos
os resultados.

4.1. Breve Historial e Localização Geográfica da AMME

A Associação Moçambicana Mulher e Educação na cidade de Quelimane localiza-se na rua


das FPLM – nº145. A Associação Moçambicana Mulher e Educação (AMME) foi criada na
Zambézia em 1997. É uma Organização Não Governamental nacional sem fins lucrativos
criada, em Maputo, por um grupo de 10 professoras, em 1995. Em 1997, a associação
expandiu para a província da Zambézia onde definiu o seu grupo alvo - mulher docente do
ensino primário. Actualmente a AMME, possui um total de 150 membros de entre eles 104
mulheres e 46 homens.

A AMME surgiu para despertar a mulher docente e elevar o seu estatuto na sociedade
Moçambicana. Actualmente, a sua sede é baseada em Quelimane. A organização tem relações
de parceria com redes de organizações nacionais, nomeadamente a NAFEZA, a LDC, a
MEPT e a FAWEMO. Tendo como grupo alvo as mulheres docentes e raparigas,
estrategicamente trabalha-se com rapazes e homens docentes. O campo de actuação desta
organização é a educação, procurando desenvolver, no âmbito escolar e extra curricular, um
conjunto de actividades, que visam divulgar e promover uma maior igualdade de género.

A AMME é uma organização estruturada e funcional tem seus órgãos sociais, 3


departamentos (Direcção Executiva, Administração e Finanças e de Programação) e um staff
técnico de apoio totalizando 95 colaboradores. Em termos de equipa a AMME possui técnicos
qualificados e experientes na área de Género e HIV-SIDA, Género e educação que já vem
desenvolvendo actividades na área de prevenção para mudança de comportamento na
21
componente do HIV e SIDA nas escolas secundárias. Também é um parceiro activo no sector
da educação e possui bom relacionamento com as escolas onde o projecto será implementado
o que facilitará a implementação das suas actividades.

4.2. Dados Relativos a Entrevista

Antes de mostrar os resultados sobre pagamento de segurança social que os nossos


entrevistados forneceram, torna-se imperioso caracterizá-los, ou seja, mostrar as suas
características no que tange a idade, género, nível de escolarização e o tempo de trabalho na
Associação Moçambicana Mulher e Educação.

4.2.1. Caracterização da Amostra

Questão 1) Género

Como primeira questão do nosso guião de entrevista procurávamos saber o género dos nossos
entrevistados, e o resultado pode-se observar na tabela abaixo.

Tabela no 1 – Relação dos funcionários segundo género.

Género Número de
Funcionários
Homens 11
Mulheres 9
Total-------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Através da tabela acima, podemos dizer que no presente estudo participaram 20 funcionários,
dos quais 11 são do sexo masculino e 9 do sexo feminino. Desta maneira, podemos veemente
dizer que dos funcionários participantes, maior número foi de homens e menor número de
mulheres.

22
Questão 2) Idade

Na questão 2 procuramos conhecer a idade dos funcionários da Associação Moçambicana


Mulher e Educação participantes no presente estudo.

Tabela no 2 – Relação dos funcionários entrevistados por idade.

Faixas etárias (Idade) 20-25 26-30 31-35 36-40 41-45 46-50 51-55 56-60 Total
No de func. 2 4 4 6 1 1 1 1 20
Fonte: Autor (2018).

A tabela 2 representa a idade dos funcionários entrevistados. Onde dos 20 entrevistados, 2 se


encontram no intervalo de 20-25 anos; 4 se encontram no intervalo de 26-30 anos de idade; 4
no intervalo de 31-35; 6 funcionários no intervalo de 36-40; 1 no intervalo de 41-45; 1 no
intervalo de 46-50, 1 funcionário no intervalo de 51-55 e finalmente 1 funcionário no
intervalo de 56-60.

Quanto à idade, podemos dizer que dos 20 funcionários da AMME submetidos a entrevista,
maior numero (6) se encontram na faixa etária de 36-40.

Questão 3) Nível de Escolarização

Na questão 3 o objectivo principal foi de saber o nível académico que os nossos entrevistados
possuem.

Tabela no 3 – Relação dos funcionários entrevistados segundo nível de escolarização.

Nível de Escolarização Número de Funcionários


Secundário 1
Médio 6
Técnico Profissional 8
Bacharel 2
Licenciatura 3
Total ---------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

23
Na tabela 3, constata-se que dos 20 funcionários entrevistados, 1 possui nível secundário, 6
nível médio, 8 nível técnico profissional, 2 bacharéis e 3 com nível de licenciatura. Desta
descrição verificamos que maior parte dos funcionários da AMME submetidos a entrevista,
possui o nível técnico profissional.

Questão 4) Tempo de Serviço na Instituição

Tabela no 4 – Relação dos funcionários entrevistados por tempo de serviço na AMME.

Tempo de Serviço De 1 a 3 anos De 4 a 8 anos De 9 a 15 anos Total


Número de Funcionários 12 6 2 20
Fonte: Autora (2018).

A tabela acima, ilustra a relação dos funcionários no concernente ao tempo de serviço na


Associação Moçambicana Mulher e Educação. Assim, com base na entrevista realizada
constatamos que dos 20 funcionários participantes no estudo, 12 se encontram a exercerem
suas funções num intervalo de 1 a 3 anos; 6 funcionários no intervalo de 4 a 8 anos e os
restantes 2 de 9 a 15 ano.

Evidencia-se facilmente que maior número (12 funcionários) possui tempo inferior de
trabalho naquela instituição.

4.2.2. Conhecimento sobre Pagamento de Segurança Social

Questão 1) O que entendes por pagamento de segurança social?

Tabela no 5 – Definição de pagamento de segurança social.

24
Respostas Número de
Funcionários
Pagamento de segurança social é a contribuição que um indivíduo
ou uma sociedade faz ao INSS provenientes dos descontos
incorridos nos salários dos trabalhadores para garantir a 15
sustentabilidade após período de reforma e/ou beneficie os
dependentes após a morte do contribuinte.
Pagamento de segurança social é um direito garantido a todos
cidadãos moçambicanos no artigo 95 da Constituição da 1
República.
Pagamento de segurança social é um imposto. 1
Abstenção 3
Total ---------------------------------------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Na segunda fase da nossa entrevista começamos por perguntar, o que os funcionários da


Associação Moçambicana Mulher e Educação entendiam por pagamento de segurança social?
Desta primeira questão, as respostas foram múltiplas e algumas tendiam para a mesma
posição, tal como ilustra a tabela 5. Todavia, existiram funcionários entrevistados que
pautaram pela abstenção, ou seja, não forneceram qualquer pergunta sobre a questão
colocada. Dos 20 funcionários entrevistados constatamos de que 15 respondem de forma
sábia, apontando que o pagamento de segurança social é uma contribuição feita ao INSS pelos
descontos mensais do trabalhador, com vista a garantir a sustentabilidade do mesmo e dos
seus membros do agregado familiar.

Como forma de coadjuvar a respostas desses 15 entrevistados, recorremos a Cunha (2010,


p.96), ao dizer que a segurança social é conquista consagrada com o advento das constituições
sociais e consolidada a partir da implantação do Estado social. Manifesta-se como um direito
fundamental social que assegura aos seus beneficiários, mediante pagamento de determinada
contribuição, os meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade,
desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou
morte daqueles de quem dependiam economicamente.

Diferentemente a esses 15 funcionários que respondem de forma satisfatória, encontramos 1


funcionário que diz que o pagamento de segurança social é um direito garantido a todos
25
cidadãos moçambicanos no artigo 95 da Constituição da República. Importa dizer que o
funcionário procura abranger todos os cidadãos moçambicanos, mas quando consultado a essa
Constituição, constatamos que “todos os cidadãos têm direito à assistência em caso de
incapacidade e na velhice” (CRM, 2004, p.27). Assim, entendemos que o funcionário não
definiu precisamente o que é o pagamento de segurança social, restringindo-se simplesmente
em dizer que é um direito de todos os moçambicanos.

Um outro funcionário diz que o pagamento de segurança social é um imposto. Constatamos


que essa resposta não é satisfatória na medida em que entra o elemento “imposto”. Pois,
imposto é muito diferente do pagamento de segurança social: enquanto o primeiro é de
carácter obrigatório por uns serviços que os cidadãos beneficiam no seu dia-a-dia, o segundo
é de carácter voluntário, sendo que o trabalhador sofre descontos dos seus salários com
esperança de usufruir os mesmos montantes futuramente.

Tal como ilustra a tabela 5, dos 20 funcionários entrevistados, 3 deles pautarem pela
abstenção a primeira pergunta, mostrando que não tem conhecimento sobre a pergunta por
nós colocada.

Questão 2) A instituição em que trabalhas já inscreveu todos os funcionários a sua


responsabilidade no Sistema de Segurança Social?

Tabela no 6 – Inscrição dos funcionários da AMME no INSS.

Respostas Número de
Funcionários
Sim 20
Não 0
Total----------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Como se pode observar na tabela acima, todos os 20 funcionários entrevistados quando


questionados se a instituição na qual trabalham fez a inscrição de todos os funcionários no
sistema de segurança social, respondem positivamente, ou seja, que todos os funcionários da
Associação Moçambicana Mulher e Educação foram inscritos na Instituto Nacional de
Segurança Social (INSS).

26
Nisto compreendemos que a Associação Moçambicana Mulher e Educação procura proteger
os seus trabalhadores, quando se preocupa com a inscrição dos mesmos no sistema de
segurança social. E essa preocupação para com os seus trabalhadores é mais enfatizada pela
próxima questão.

Questão 3) Esta instituição tem canalizado ao INSS os valores descontados nos salários dos
funcionários, todos os meses e no período acordado?

Tabela no 7 – Canalização dos valores descontados ao INSS.


Resposta Número de Funcionários
Sim 20
Não 0
Total-----------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Mais uma vez, nos deparamos com resposta unânime no seio dos funcionários da AMME
entrevistados. Pois, quando questionados se a Associação Moçambicana Mulher e Educação
tem canalizados todos os meses ao INSS os valores descontados nos salários dos funcionários,
todos eles respondem de forma positiva, alegando que sim, a instituição tem canalizado os
valores.

Questões 4) Na sua opinião, o que leva as empresas a não canalizarem ao INSS os valores
descontados nos salários dos funcionários?

Tabela no 8 – Razões que levam as empresas a não canalizarem os valores ao INSS.

27
Respostas Número de
Funcionários
Em alguns casos, as empresas tem entrado em falência e
por motivo de desleixo. E noutros casos, as empresas não 7
tem recebido fundos dos seus doadores por motivos
particulares.
O que leva as empresas a não canalização ao INSS é a
sua não regularização. 4
O que leva a empresa a não canalizar os valores ao INSS
é a falta de honestidade, má fé, mau funcionamento do
sistema administrativo. Por vezes, tem sido a falta de 6
desembolso dos doadores.
É devido a falta de percepção da importância da
canalização ao INSS e o roubo dos valores dos 3
funcionários.
Total ------------------------------------------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Na tabela expomos as diversas razões que levam as empresas a não canalizarem ao INSS os
valores descontados nos salários dos funcionários. Como se pode observar várias são as
respostas fornecidas pelos entrevistados, onde podemos constatar que as respostas de vários
funcionários entrevistados tendiam para o mesmo sentido.

Maior parte (7) dos funcionários aponta que em alguns casos, as empresas têm entrado em
falência e por motivo de desleixo. E noutros casos, as empresas não tem recebido fundos dos
seus doadores por motivos particulares. Portanto, na mesma resposta notamos que um
elemento crucial para a não canalização é a falência, que não se tem percebido em muitos
casos, quando as empresas descontam os seus funcionários. Pois, embora se verifique a
falência as empresas deveriam honrar com os seus compromissos.

Outros 6 funcionários alegam que a não canalização deve-se ao facto de falta de honestidade,
a má fé e mau funcionamento administrativo. Esta é uma questão com a qual nos deparamos
actualmente, onde muitas empresas sobretudo, as não estatais não pagam ou canalizam os
valores ao INSS. E em casos de canalizarem o fazem fora do prazo acordado.

28
Há ainda outra posição dos entrevistados (4 funcionários), sobre a não canalização que paira
sobre a não regularização das empresas, facto que preocupa-nos como pesquisadores, os
trabalhadores sofrem descontos enquanto a empresa não está devidamente legalizada. Esses
casos na maioria das vezes são relatados por trabalhadores que se sentem “ameaçados”
quando as suas futuras pensões. São empresas que correm para estar no mundo de negócio
sem antes garantir sua legalização.

Os outros três funcionários apontam que a não canalização dos valores ao INSS é devido a
falta de percepção da importância da canalização ao INSS e o roubo dos valores dos
funcionários. Esse segundo aspecto chama-nos bastante atenção, quando os funcionários
falam de roubo dos valores dos funcionários praticado pela empresa. Portanto, algumas
empresas não levando a sério a contribuição apoderam-se dos valores descontados nos
salários de seus trabalhadores.

Questão 5) Quais são as consequências da não canalização dos valores ao INSS, depois das
instituições descontarem os seus funcionários?

Tabela no 9 – Consequências da não canalização dos valores ao INSS.

Respostas Número de
Funcionários
As consequências da não canalização dos valores ao INSS são:
prejuízo por parte dos funcionários que sofrem descontos e seus
beneficiários. E multa a empresa por parte do INSS que variam 17
de 1 a 3 salários mínimos.
Os beneficiários não usufruem dos seus valores; o Estado perde
valor; o país fica cada vez mais pobre, porque lesa as pessoas 2
reformadas sem terem onde recorrerem para a sua sobrevivência.
Mau desempenho dos funcionários 1
Total--------------------------------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).
29
No que concerne as consequências da não canalização dos valores das empresas ao INSS, 17
dos 20 funcionários participante no estudo, apontaram que as consequências são dentre
outras: prejuízo por parte dos funcionários e seus agregados familiares. Apontam ainda a
multa que a empresa pode sofrer.

Desta maneira, fica evidenciado que as consequências recaem tanto para os empregadores,
como para os empregados. Todavia, é importante mensurar a dimensão da consequência em
ambas partes. É claro que a empresa entra em prejuízo devido a multa que lhe possa ser
aplicada, mas o prejuízo maior pode verificar-se nos trabalhadores, uma vez que, ficaram a
sua “sorte”, sem o devido reembolso, a perigando assim o seu bem-estar.

Outros 2 funcionários recaem parcialmente na resposta avançados acima, quando dizem que
as consequências da não canalização dos valores é de os beneficiários não usufruem dos seus
valores. Porém, estes vão mais além, quando apontam que o Estado perde valores; o país fica
cada vez mais pobre, porque lesa as pessoas reformadas sem terem onde recorrerem para a
sua sobrevivência.

Portanto, há nesta resposta outros elementos, sobretudo, quando se aponta o Estado como um
dos que mais sofre. A perda de valores segundo os nossos entrevistados cria uma instabilidade
para assegurar as pessoas reformadas.

Já para 1 funcionário entrevistado, a consequência advinda do não pagamento ou canalização


dos valores ao Instituto Nacional de Segurança Social é de condicionar mau desempenho dos
funcionários. Portanto, vale dizer que esse mau desempenho pode-se aliar ao
descontentamento dos mesmos, uma vez que ninguém ficaria feliz sabendo que a sua
aposentadoria está sendo comprometida.

Questão 6) A instituição em que trabalhas tem sido transparente aos seus funcionários na
confirmação da canalização dos valores ao INSS?

Tabela no 10 – Transparência da AMME na confirmação da canalização dos valores ao INSS.

Respostas Número de Funcionários


Sim 14
Não 6
Total ---------------------------------------------------20

30
Fonte: Autora (2018).

Como ilustra a tabela acima, quando questionamos os 20 funcionários se os representantes da


Associação Moçambicana Mulher e Educação tem sido transparente na confirmação da
canalização dos valores ao Instituto Nacional de Segurança Social, 14 deles respondem que
“sim” e outros 6 respondem “não”.

Como forma de reforçar a posição dos entrevistados frente a questão acima colocada, a
questão era acompanhada de uma outra que dizia: Se SIM, quais são os meios que tem usado
para o efeito?

Destes modos, os funcionários entrevistados que responderam positivamente alegaram que os


meios usados para informar os funcionários sobre a canalização dos valores têm sido a
marcação de encontros com todos os funcionários para informe, ilustrando-se os talões
bancários mensais de depósitos da conta do INSS.

Porém, o número de 6 funcionários que respondem negativamente suscita em nós algumas


dúvidas no que tange a transparência da instituição. Pois, por mais que o número seja inferior
deve-se levar em consideração essas opiniões. Esse é um aspecto bastante interessante quando
o assunto é a canalização dos valores descontados nos salários dos funcionários. Pois, a
transparência motiva os funcionários, uma vez que todos ficam confiantes na postura do seu
empregador e consequentemente acabam exercem as suas funções como devem ser. Tal como
observamos na questão anterior, quando um funcionário alegava o mau desempenho dos
funcionários quando as empresas não canalizam os valores descontados ao INSS.

Questão7) Qual é a importância da contribuição feita pela Associação Moçambicana


Mulher e Educação ao INSS para os seus funcionários?

31
Tabela no 11 – Importância da contribuição da AMME ao INSS.

Respostas Número de
Funcionários
A importância é de garantir uma boa pensão aos trabalhadores e
seus dependentes os valores após a reforma ou incapacidade 16
física, mental ou outra.
A importância da contribuição feita pela AMME ao INSS é de
garantir a aposentadoria no futuro; o pagamento confere os
benefícios nos casos de cobertura dos eventos de doenças, 4
invalidez, acidente no trabalho, idade avançada, morte; protecção
a maternidade especialmente as gestantes, devido a licença de
parto.
Total--------------------------------------------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Sobre a importância da contribuição da Associação Moçambicana Mulher e Educação ao


Instituto Nacional de Segurança Social, agrupamos as respostas em três grupos, sendo que o
primeiro grupo de respostas é pertencente a 16 entrevistados. Para estes, a importância da
contribuição é de garantir uma boa pensão aos trabalhadores e seus dependentes, os valores
após a reforma ou incapacidade física, mental ou outra.

Outros 4 funcionários vão mais além quando respondem que a importância da contribuição
feita pela AMME ao INSS é de garantir a aposentadoria no futuro; o pagamento confere os
benefícios nos casos de cobertura dos eventos de doenças, invalidez, idade avançada, morte;
protecção a maternidade especialmente as gestantes, devido a licença de parto.

Quem corrobora com estas respostas é Ferreira (2007), quando diz que a seguridade social
visa proteger os indivíduos contra os infortúnios da vida e do trabalho. Ou seja, a contribuição
ao sistema de segurança social é um ordenamento que busca preservar as pessoas, membros
da sociedade organizada, de determinados eventos que afectam directa ou indirectamente as
suas rendas, garantindo uma vida digna a elas, enquanto durarem essas causas danosas.
Ademais, é umas das parcelas das exigências do bem-estar das pessoas, garantindo a
preservação da dignidade humana.

32
Questão 8) O que sugeres para minimizar a problemática de não contribuição ao INSS por
partes das empresas.

Tabela no 12 – Sugestões para a minimização da não contribuição ao INSS.

Respostas Número de
Funcionários
Para minimizar a problemática é necessário que as empresas
devem ser serias, transparentes, e quando não tiverem fundos 5
devem fazer arranjo para pagar.
Que as empresas apresentem todos os meses as justificativas
do depósito ao INSS aos seus funcionários. 7
O Estado deve ser rígido no controlo da contribuição feita por
parte das empresas; deve existir um sistema claro e de fácil 4
acesso por parte de qualquer trabalhador de qualquer entidade.
Que haja cobrança coerciva por parte do INSS 2
Os funcionários após o pagamento do primeiro salário devem 2
se aproximar ao recursos humanos para se inteirar da situação
da sua contribuição e logo depois pode aproximar o INSS para
melhor saber o seu caso e pedir o seu cartão de contribuinte.
Total--------------------------------------------------------------------------------------20
Fonte: Autora (2018).

Segundo os resultados apresentados na tabela 12, 5 funcionários entrevistados, quando


questionados sobre o que sugeriam para a minimização da problemática de não pagamento,
responderam que é necessário que as empresas sejam sérias, transparentes, e quando não
tiverem fundos façam arranjo para pagar.

Concordamos com essa resposta, dado que o não pagamento ou contribuição que se verificam
em muitas empresas acontecem pelo facto de não existir seriedade, que consequentemente
contribuir para a não transparência.

Os 7 funcionários conforme a tabela acima ilustrada como sugestão dizem que as empresas
apresentem todos os meses as justificativas do depósito ao INSS aos seus funcionários. Não

33
ficamos satisfeitos com esta resposta porque não responde a questão colocada. Pois, os
funcionários entendem que a situação de contribuição das empresas ao INSS pode melhorar
se os empregadores apresentarem aos seus funcionários a justificativa. Era para os
funcionários dizerem o que sugeriam para que as todas empresas contribuíssem ao INSS.

Já outros 2 funcionários, respondem que os funcionários após o pagamento do primeiro


salário devem se aproximar ao recursos humanos para se inteirar da situação da sua
contribuição e logo depois pode aproximar o INSS para melhor saber o seu caso e pedir o seu
cartão de contribuinte. Portanto, esses juntam-se aos 7 funcionários que fizemos menção
acima, quando viram suas atenções para a empresa e funcionários, e não a empresa para o
INSS.

Finalmente, 2 funcionários sugerem que haja cobrança coerciva por parte do Instituto
Nacional de Segurança Social. Portanto, essa situação tem ocorrido, pese embora sem muitos
resultados satisfatórios. O que deve acontecer é uma tomada de consciência por parte das
instituições pregadoras, particularmente, as instituições privadas sobre a pertinência da
contribuição a devido tempo.

4.3. Dados Relativo a Análise Documental

Nesta parte do trabalho dedicamos a exposição das informações extraídas em algumas fontes
documentais, que retratam sobre o assunto discutido.

Segundo Quive (2010), em seu texto intitulado, Sistemas formais e informais de protecção
social desenvolvimento em Moçambique, “o INSS surgiu da necessidade que o Governo
moçambicano teve de estender a protecção social para trabalhadores dos sectores público -
privado e misto, saídos das empresas estatais, devido à implementação dos Programas de
Reajustamento Estrutural (PRE)” (p.20).

Diga-se que estes trabalhadores até então encontravam-se cobertos pelo sistema de
previdência social para funcionários do Estado, embora disso não tenham sido alguma vez
informados. O Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) foi criado através do decreto
N.º 17/88, de 27 de Dezembro. Como gestora do regime de segurança social, entanto que tal,
só veio a ser criado pela lei da segurança social 5/89 de 18 de Setembro.

De acordo com Quive (2010):

34
O INSS é doptado de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e
patrimonial, sob tutela de Ministério do Trabalho e com sede na cidade de Maputo.
Esta instituição é gestora da segurança social dos trabalhadores assalariados das
empresas públicas, privadas e mistas, tem uma cobertura nacional, exercendo as suas
actividades em todas as províncias do país, através de delegações, provinciais e
distritais. Neste momento o INSS tem delegações provinciais em todas as capitais
provinciais, bem como 16 direcções distritais, além de 27 representações distritais
(p.21).

A este instituto cabe a responsabilidade de gerir e administrar o seguro social obrigatório para
o grupo de trabalhadores acima mencionados. Mas os beneficiários que, por alguma razão,
perdem o poder de contribuir através das empresas, têm, de acordo com a lei 5/89 de 18 de
Setembro, a possibilidade de inscrever-se no INSS de forma voluntária.

Desde o inicio que a administração do INSS tem um carácter tripartido e dela fazem parte:
Representantes do Estado; Representantes dos empregadores e Representantes dos
trabalhadores.

Para a implementação da segurança social o INSS possui uma direcção executiva,


denominada, Direcção Geral, doptada de autonomia financeira e administrativa. Os
funcionários do INSS regem-se pelo Estatuto Geral dos Funcionários do Estado e são
efectivamente funcionários do Estado ao serviço do INSS. Isto implica que sejam
assegurados, na verdade, pelos serviços de previdência social para os funcionários do Estado
mas, pelo facto de estarem a trabalhar para INSS, têm uma série de outras regalias sociais. É
um dos poucos casos em que o funcionário é duplamente beneficiado e o Estado cobre as
despesas inerentes com toda a naturalidade.

De acordo com a Lei da segurança social, é obrigatória a inscrição dos trabalhadores


nacionais assalariados e estrangeiros residentes, bem como das respectivas entidades
empregadoras no sistema de segurança social gerido pelo INSS. Tecnicamente, no INSS, a
entidade empregadora é designada contribuinte e o trabalhador beneficiário (Quive, 2010).

Para se beneficiarem do regime de segurança social os trabalhadores são descontados


mensalmente 3% do seu salário e a entidade empregadora contribui com mais 4% sobre o
salário do trabalhador, totalizando 7% que a ser canalizado ao NISS.

Para além das contribuições dos trabalhadores e das entidades empregadoras, este regime de
segurança social poderá ser financiado pelas contribuições do Estado, doações, bem como

35
através dos resultados dos seus investimentos. Deste modo, os juros e as reservas do INSS
desempenham um papel importante no co-financiamento do sistema.

É certo que, até ao momento, o INSS não recebe um financiamento directo do Estado. Mas
como os seus funcionários são funcionários do Estado, uma parte dos salários são pagos
através do Orçamento Geral do Estado. Assim, pode-se falar de uma contribuição indirecta do
Estado no sistema de segurança social, além de que, os referidos funcionários em caso de
reforma ou outros benefícios sociais no âmbito da previdência social, são pagos pelo Estado.

Tabela no 13 – Analise Documental AMME (2015-2016).

Anos Salario Bruto INSS descontado INSS canalizado INSS não


canalizado
2015 4.343.127,60 304.018,93 253.349,11 50.669,82

2016 10956.628,56 766.964,00 703.050,33 58.58,53

2017 26.212.675,68 1.834.887,30 1.823.919,54 16.293,90

Total 41.512.431,84 2.905.870,23 2.780.318,98 125.551,22

De referir que no periodo (2015-2017), AMME, teve um total em salário bruto de


41.512.431,84mt deste valor, foi descontado para o pagamento de Inss um total de
2.905.870,23mt, tendo sido canalizado ao INSS um total de 2.780.318,98mt. Não foi
canalizado um total de 125.551,22mt.

Durante a entrevista constatamos que 109.257,35mt não foi canalizado no decurso dos anos,
em referencia, mas sim foi canalizado no ano de 2018 acrescido a multas e juros de mora, esta
situação deve-se ao desembolso tardio por parte dos seus Doadores de financeamento. Ao
passo que 16.293,90mt do ano de 2017 não foi canalizado por negiligencia por parte do
pessoal afecto no DAF da AMME, que não efectuou o devido processaram.

36
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusões

Chegado ao término do trabalho percebemos a importância da canalização dos valores


descontados nos salários dos trabalhadores feitos pelos empregadores. Pois, para os
funcionários da Associação Moçambicana Mulher e Educação entrevistados a importância da
contribuição é de garantir uma boa pensão aos trabalhadores e seus dependentes, os valores
após a reforma ou incapacidade física, mental ou outra.

Assim, alcançamos o objectivo que procurava saber a pertinência da contribuição que a


AMME tinha no pagamento ao INSS. Nisto compreendemos que a contribuição ao sistema de
segurança social é um ordenamento que busca preservar as pessoas, membros da sociedade
organizada, de determinados eventos que afectam directa ou indirectamente as suas rendas,
garantindo uma vida digna a elas, enquanto durarem essas causas danosas.

No que concerne a canalização dos valores ao Instituto Nacional de Segurança Social pela
AMME, todos os funcionários participante no estudo responderam que AMME, honra com o
seu compromisso todos os meses. E maior parte desses funcionários acrescem ainda que após
a canalização dos valores a instituição informa os seus funcionários sobre o efeito, como
forma de garantir a transparência.

Frente a essa resposta de canalização dos valores ao INSS feita pela AMME, procuramos
sabermos no seio dos funcionários as possíveis razões que contribuem para as empresas não
canalizarem os valores ao INSS. Eis que as respostas foram diversificadas, apontando-se que
a não canalização por vezes deve-se ao facto de fundos, falta de honestidade, a má fé e mau
funcionamento administrativo da AMME.

Portanto, torna-se imperioso perceber que seja qual for o motivo, AMME não devem
prejudicar os seus colaboradores. É necessário que sempre se procure alternativas para a
canalização. Ressalta-se que a segurança social visa auxiliar o indivíduo em momentos em
que sua capacidade laborativa torna-se limitada ou impossível, assim cabe a reflexão que a
canalização limita o gozo do direito humano.

37
5.2. Sugestões

Como se observou durante a interpretação dos resultados, existem muitos motivos que levam
algumas empresas a não canalizarem os valores descontados nos salários dos seus
funcionários ao INSS. E em algumas vezes notamos nas respostas de alguns entrevistados que
a AMME não tem sido transparente no que tange a canalização dos fundos ao Instituto
Nacional de Segurança Social. Desta feita, deixamos ficar as seguintes sugestões:

À AMME:

• Que AMME passe cada vez mais a contribuir ao INSS no seu devido tempo, pois é o
meio seguro para as famílias usufruírem os seus valores após a reforma ou morte;

• Visto que quando estes não canalizam os valores descontados a tempo e hora, as
empresas sofrem sanções, tais como multas, juros de mora, razão pela qual quando
não são canalizados os trabalhadores não terão direito a seus beneficios sociais, tais
como, subsidio de saude, de morte e outros.

• Que haja maior transparência das instituições para com os seus colaboradores,
confirmando a regularização da sua situação.

Ao INSS:

• Que o Instituto Nacional de Segurança Social crie medidas que impulsione as


empresas a canalizarem os valores que descontam nos salários dos seus trabalhadores.

38
Referências Bibliográficas

Alvarenga, R. Z. (2009). Aposentadoria por Invalidez. São Paulo: PUC-MG.

Araújo, J. P. (2015). Manual dos direitos dos segurados do INSS. São Paulo, MG.

Azevedo, F. R. (2001). Previdência privada: uma alternativa ao actual modelo de


previdência oficial. Rio de Janeiro: Ática.

Castro, C. A. & Lazzari, J. B. (2010). Manual de direito previdenciário (4ª. ed.). São Paulo:
LTr.

Cervo, A. (2007). Metodologia Cientifica (6ª. ed.). São Paulo, Pearson Prentice Hall.

Chizzotti, A. (2006). Pesquisa em ciências humanas e sociais (8ª. ed.). São Paulo: Cortez.

Cunha, D. (2010). Curso de Direito Constitucional (4ª. ed.). Salvador: PODVM.

Dias, H. N. et al. (2010). Manual de Práticas e Estágio Pedagógico (2ª ed.). Maputo, Editora.

Ferreira, L. C. M. (2007). Seguridade Social e Direitos Humanos. São Paulo: Ed. LTr.

Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC.

Fortin, M. F. (1999). O processo de investigação. Lisboa Lusociência.

Gil, A. (2009). Metodologia e técnicas de pesquisa social (5ª. ed.). São Paulo, Atlas Editora.

Gil, A. C. (2007). Como elaborar projectos de pesquisa (4ª. ed.). São Paulo: Atlas.

Ibrahim, F. Z. (2010). Desaposentação: o caminho para uma melhor aposentadoria. Rio de


Janeiro: Impetus.

Malhotra, N. K. (2001). Pesquisa de marketing. Porto Alegre, Bookman.

Marconi, M. de A. & Lakatos, E. M. (2002). Técnicas de pesquisa (5ª ed). São Paulo: Atlas.

Martins, S. P. (2003). Direito da Seguridade Social (19ª ed.). São Paulo: Atlas.

Quive, S. (2010). Sistemas informais de segurança social em desenvolvimento. Maputo,


Fundação Friedrich Ebert.

39
Sagaz, S. (2006). Da aposentadoria por tempo de contribuição. Itajaí: CEJURPS.

Selltiz, C.; Wrightsman, L. S.; Cook, S. W. (1965). Métodos de pesquisa das relações sociais.
São Paulo: Herder.

Documentos:

Constituição da República de Moçambique (2004). Maputo.

Boletim da República. (2007). Regulamento da segurança social obrigatória. Maputo, I Serie


– número 48.

40
Apêndice

41
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE – QUELIMANE

Guião de Entrevista Dirigido aos Funcionários da Associação Moçambicana Mulher e


Educação (AMME)

Este guião de entrevista leva-se a cabo no âmbito de um estudo de pesquisa de monografia no


Curso de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria, com o tema: A Contribuição da AMME
no Pagamento de Segurança Social – INSS. na, Cidade de Quelimane (2015-2017).

Com o mesmo procura-se compreender a importância da contribuição feita pela Associação


Moçambicana Mulher e Educação no pagamento de segurança social, no INSS.

As informações fornecidas pelo nosso entrevistado serão extremamente confidenciais.

Por favor, seja sincero e claro nas suas respostas.

Secção I: Caracterização

1. Género: Feminino Masculino

2. Idade:

3. Nível de escolarização

• Primário ( )
• Secundário ( )
• Nível Médio ( )
• Técnico profissional ( )
• Licenciatura ( )
• Outros ( ) Qual? _______________________

4. A quanto tempo trabalhas nesta Instituição?

De 1 a 3 anos ( ) De 4 a 8 anos ( ) de 9 a 15 anos ( ) Outro? ( ) Qual _____________

42
Secção II: Conhecimentos sobre pagamento de segurança social

1. O que entendes por pagamento de segurança social?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. A instituição em que trabalhas já inscreveu todos os funcionários a sua responsabilidade no


Sistema de Segurança Social?

a) Sim ( )

b) Não ( )

2.1. Se NÃO, porquê?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

3. Esta instituição tem canalizado ao INSS os valores descontados nos salários dos
funcionários, todos os meses e no período acordado?

a) Sim ( )

b) Não ( )

3. 1. Se NÃO, qual tem sido o impedimento?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

43
4. Na sua opinião, o que leva as empresas a não canalizarem ao INSS os valores descontados
nos salários dos funcionários?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

5. Quais são as consequências da não canalização dos valores ao INSS, depois das instituições
descontarem os seus funcionários?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

6. A instituição em que trabalhas tem sido transparente aos seus funcionários na confirmação
da canalização dos valores ao INSS?

a) Sim ( )

b) Não ( )

6.1. Se SIM, quais são os meios que tem usado para o efeito?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

7. Qual é a importância da contribuição feita pela Associação Moçambicana Mulher e


Educação ao INSS para os seus funcionários?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

44
8. O que sugeres para minimizar a problemática de não contribuição ao INSS por partes das
empresas.

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

Obrigado pela atenção dispensada!

45
Anexos

46

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