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APLICAÇÃO DO GESSO ACARTONADO EM EDIFÍCIOS COMO FORMA

DE MINIMIZAR O RUÍDO PROVOCADO PELO TRÁFEGO RODADO, NUM


TROÇO DA RUA ALFREDO LAWLEY - BEIRA

Egas Vicente Ciedade Mendiate

BEIRA

2017
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

APLICAÇÃO DO GESSO ACARTONADO EM EDIFÍCIOS COMO FORMA


DE MINIMIZAR O RUÍDO PROVOCADO PELO TRÁFEGO RODADO, NUM
TROÇO DA RUA ALFREDO LAWLEY - BEIRA

Egas Vicente Ciedade Mendiate

BEIRA

2017
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

APLICAÇÃO DO GESSO ACARTONADO EM EDIFÍCIOS COMO FORMA


DE MINIMIZAR O RUÍDO PROVOCADO PELO TRÁFEGO RODADO, NUM
TROÇO DA RUA ALFREDO LAWLEY - BEIRA

Autor: Egas Vicente Ciedade Mendiate

Orientador: Engo. Michael Mendes Santos

Monografia submetida a Faculdade


de Ciências e Tecnologias, Universidade
Zambeze - Beira, em parcial cumprimento
dos requisitos para a obtenção do grau de
Licenciatura em Engenharia Civil.

BEIRA

2017
DECLARAÇÃO

Eu, Egas Vicente Ciedade Mendiate declaro por minha honra que esta monografia é
resultado do meu próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de
Licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Zambeze, Beira. Ela não foi submetida
antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra universidade.

Beira, aos ____ de ___________ de 2016

______________________________________________________________

(Egas Vicente Ciedade Mendiate)

i
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Vicente Ciedade Mendiate e Maria Teresa Jorge
Bamuenhe, minhas irmãs Stella e Nilza Mendiate.

ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus pela bênção da vida e saúde, por iluminar o
meu caminho e dar-me forças para superar as dificuldades durante esta caminhada.

Aos meus pais, Vicente Ciedade Mendiate e Maria Teresa Jorge Bamuenhe, por
toda a educação, apoio, amor e paciência que depositaram em mim durante esta longa
caminhada, o que serviu de base para que me tornasse na pessoa que sou hoje, as minhas
irmãs Stella Mendiate e Nilza Mendiate, pelo apoio, força e fé que depositaram
incondicionalmente em mim, aos meus irmãos Gil Mendiate e Sérgio Mendiate que
mesmos estando distantes, sempre se fizeram presentes em todos os momentos dessa
grande batalha.

Aos demais familiares em foco ao meu tio Albino Inácio Cotene, aos meus
cunhados Augusto Camacho e Hélder Mundereia pela grande contribuição e estímulo
durante todos estes anos. A Cacilda Isac Alberto Bova pela força, atenção, amor, apoio e
companheirismo em todos momentos.

Aos velhos amigos José Carlos Mautempo (Fábio), Délio (3H), Jerónimo Bernardo,
Mateus Borges pela força e incentivo de sempre e contributo para a melhoria do conteúdo
desse trabalho. Para Isaías Freitas, Geraldo Guerra, Mário Zuber, Nelson Klironomos os
agradecimentos são dobrados.

Aos novos, que conheci no caminho que este curso me fez percorrer nomeadamente
Ami Issufo, Oliveira Violante, Francisco Araújo, Francisco Barros Jr, Moguen Daipa,
Nelson Malua, Eduardo Pereira, Chidelson Bofana (Chidó) e Ubaldecio Bofana (Golias),
Farai e outros, aos colegas, funcionários e Director do Lar Internato 25 de Maio que
directamente e indirectamente me apoiaram nesta longa caminhada.

Ao Engo Michael Mendes Santos pela orientação precisa e segura, além do


incentivo permanente durante o desenvolvimento deste trabalho.

E a todos que directa ou indirectamente fizeram parte da minha formação vai o meu
muito obrigado.

iii
ÍNDICE
RESUMO ................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................ vii

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ viii

LISTA DE TABELAS ...............................................................................................x

INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

Objectivos do estudo ..................................................................................................3

Objectivo geral .......................................................................................................3

Objectivos específicos ............................................................................................3

Questão da pesquisa ...................................................................................................3

Justificativa ................................................................................................................3

Hipótese do estudo .....................................................................................................4

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................5

1.1. Som e ruído .....................................................................................................5

1.1.1. Níveis Sonoros .........................................................................................7

1.1.2. Propagação ...............................................................................................9

1.2. Percepção, controle e fontes de ruído ...........................................................10

1.2.1. Medição do ruido ...................................................................................12

1.2.2. Fontes de ruído .......................................................................................14

1.2.3. Tipos de ruído ........................................................................................18

1.3. Isolamento acústico: parâmetros relevantes ..................................................19

1.3.1. Principais tipos de materiais utilizados no isolamento acústico. ...........20

1.3.2. Caixilharias ............................................................................................21

1.3.3. Índice de redução Sonora .......................................................................22

1.4. Uso do gesso acartonado como isolante acústico. ........................................23

iv
1.4.1. História e Evolução ................................................................................23

1.4.2. Obtenção do gesso..................................................................................23

1.4.3. Processo de fabricação das placas. .........................................................25

1.4.4. Aplicação do gesso.................................................................................26

2. ESTUDO DE CASO ............................................................................................30

2.1. Descrição da Área do Estudo ........................................................................30

2.2. Ambiente exterior..........................................................................................32

2.2.1. Mapa de ruido ........................................................................................34

2.3. Proposta de solução .......................................................................................38

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................................................44

Conclusão .............................................................................................................44

Recomendações ....................................................................................................46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................47

v
RESUMO

O presente trabalho tem como objectivo melhorar o conforto acústico dos edifícios
ao longo da Rua Alfredo Lawley na Cidade da Beira, para tal fez-se um estudo do
ambiental ruído, principalmente o ruído gerado pelo tráfego rodado. Aplicam-se soluções
de reabilitação acústica recorrendo o uso da tecnologia de chapas de gesso acartonado
como solução do problema de ruído provocado pelo tráfego. Estudou-se o processo de
implementação desta técnica que se baseia simplesmente em revestir as paredes de
alvenaria com as ditas chapas de gesso acartonado. Ao final é apresentado um estudo de
caso o qual se refere a uma necessidade urgente e sua protecção acústica é indicada, visto
que o ruído nesta área perturba os moradores e utentes dos edifícios ao longo da rua, e por
fim chega-se à conclusão que com a utilização e o domínio das técnicas corretas, a
aplicação das chapas de gesso acartonado torna-se uma alternativa altamente viável. É
dado enfoque às soluções que permitem reduzir a componente de ruído aéreo.

Palavras-chaves: conforto acústico, reabilitação acústica, tráfego rodado, Chapas de gesso


acartonado, ruído.

vi
ABSTRACT

The present work aims to improve the acoustic comfort of the buildings along the
Alfredo Lawley Street in the City of Beira. A study was made of the environmental noise,
mainly noise generated by road traffic. Acoustic rehabilitation solutions are applied by the
use of gypsum board technology as a solution to the traffic noise problem. We studied the
process of implementing this technique which is based simply on coating the walls of
masonry with said panels of gypsum board. At the end a case study is presented which
refers to an urgent need and its acoustic protection is indicated, since the noise in this area
disturbs the residents and users of the buildings along the street, and finally one arrives at
the conclusion that With the use and mastery of the correct techniques, the application of
gypsum board becomes a highly feasible alternative. It focuses on solutions that reduce the
airborne noise component.

Keywords: acoustic comfort, acoustic rehabilitation, road traffic, gypsum board, noise.

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Variação de pressão produzida por uma fonte sonora (Fonte: SALIBA,
2004) ......................................................................................................................................5
Figura 1.2: Espectro sonoro (Fonte: FQ8-Edicoes ASA) ..........................................6
Figura 1.3: meios materiais de propagação do som (Fonte: Acústica de Edifício e C.
Ruído, 2008)...........................................................................................................................9
Figura1.4: Influência da envolvente de uma fonte na propagação sonora (Fonte:
Acústica de Edifício e C. Ruído, 2008) ...............................................................................10
Figura 1.5: Pressão e nível e pressão sonora. (Fonte: B&K, Apud Cetesb, 2005). .12
Figura 1.6: Decibelímetro (Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Decibelímetro) ...............13
Figura 1.7: Fontes de ruído. (Fonte: Arquivo pessoal, 2005). .................................14
Figura 1.8: Tipos de ruído (Fonte: Acústica de Edifício e C. Ruído, 2008) ............18
Figura 1.9: Ilustração da transmissão de ruído através de elementos construtivos
(Fonte: Acústica nos edifícios, 2007)...................................................................................19
Figura 1.10: Ilustração da definição do parâmetro Dxx,2m,nT em paredes
exteriores do edifício (Fonte: Reabilitação Acústica, 2014) ................................................20
Figura 1.11: Diferentes tipos chapas de gesso acartonado (Fonte: GESSO NA
ARQUITETURA, 2005) ......................................................................................................26
Figura 1.12: Aplicacao do gesso no reboco de parede (Fonte: GESSO NA
ARQUITETURA, 2005) ......................................................................................................27
Figura 1.13: Bloco de gesso para execução de paredes (fonte: GESSO NA
ARQUITETURA, 2005) ......................................................................................................28
Figuara 1.14: aplicacao de placas de gesso para forro (fonte: GESSO NA
ARQUITETURA, 2005) ......................................................................................................28
Figura 1.15: aplicação de placas de gesso acartonado (Fonte: GESSO NA
ARQUITECTURA, 2005) ...................................................................................................29
Figura 2.1: Localização da cidade da Beira e da área de estudo (Fonte: Google
Earth) ....................................................................................................................................30
Figura 2.2: Localização do troço em estudo (Fonte: Google Earth) ........................31
Figura 2.3: Trafego na Rua Alfredo Lawley no horário das 11h:30min (Fonte:
própria) .................................................................................................................................34

viii
Figura 2.4: Mapa de ruído Diurno-Entardecer-Nocturno da zona em estudo (Fonte:
Própria). ................................................................................................................................37
Figura 2.5: Dimensionamento de parede de gesso acartonado (fonte: CIOCCHI
2003). ...................................................................................................................................39
Figura 2.6: Planta Baixa (Fonte: Archicad 16) ........................................................40
Figura 2.7: Aplicação da chapa em revestimento estruturado (Fonte: GESSO NA
ARQUITETURA, 2005) ......................................................................................................40
Figura 2.8: Aplicação de placa de gesso acartonado em parede estrutural. (Fonte:
GESSO NA ARQUITETURA, 2005)..................................................................................41
Figura 2.9: Aplicação da chapa em revestimento intermediário (Fonte: GESSO NA
ARQUITETURA, 2005). .....................................................................................................42

Figura 2.10: Aplicação de placa de gesso acartonado em parede estrutural. (Fonte:


GESSO NA ARQUITETURA, 2005)………………………………………………….....42

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela1.1: níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico (Fonte: NBR


10152/1987). ........................................................................................................................13
Tabela1.2: Nível Critério de Avaliação para ambientes externos em dB (Fonte:
NBR 10.151, 2000) ..............................................................................................................15
Tabela 1.3: Espessuras comerciais das chapas de gesso acartonado (Fonte: GESSO
NA ARQUITETURA, 2005) ...............................................................................................26
Tabela 1.4: dados de trafego da Rua Alfredo Lawley (Fonte: própria)…….……..36

x
INTRODUÇÃO

A presente pesquisa apresenta um estudo de desempenho, no que tange ao


isolamento acústico de edifícios já existentes através de placas de gesso acartonado,
procurando propor o uso do gesso nos revestimentos interiores como forma de minimizar o
ruído gerado pelo trafego rodado nos meios urbanos, o que de certa forma constitui um
desconforto.

O quotidiano nas cidades e com a evolução tecnológica ocorrida nos últimos anos,
nos expõe continuamente a impactos de sons e ruídos que podem comprometer nossa
qualidade de vida. O aumento dos níveis de ruído, especialmente em meios urbanos e
suburbanos, associada à crescente necessidade de conforto, a protecção acústica dos
edifícios, como forma de garantir um adequado conforto acústico no seu interior, assume
uma importância cada vez maior nos dias de hoje.

O binómio som/ruído nos impele a reavaliar os ambientes construídos, buscando


soluções que permitam reduzir convenientemente esses intervenientes, que, além de
provocar desconforto físico, são geradores de perturbações nervosas, estresse e podem até
ocasionar a perda parcial ou total da audição.

A construção civil, assim como outras áreas, vem apresentando cada vez mais um
acelerado processo de renovação tecnológica de seus componentes, materiais, técnicas e
métodos. Actualmente, diversas empresas construtoras buscam nas inovações a melhoria
qualitativa e também produtiva (PESSANHA et al 2002), impondo assim, novos desafios
aos métodos convencionais, sejam de habitações, estruturas ou edificações em geral.

Neste contesto, serão abordadas no presente estudo a produção, a propagação e a


recepção dos sons audíveis para a orelha humana, estudando as características dos
materiais de construção, em particular o gesso acartonado, o desempenho do mesmo e sua
correta especificação para obtenção do conforto acústico.

Também serão analisadas as condições urbanas, o clima de ruído da região, de


modo a permitir conhecimentos que possibilitem projectos de materiais de construção que

1
diminuam os efeitos dos ruídos nas construções já existes e melhorem a qualidade de vida
dos utentes dos mesmos.

Para minimizar a problemática do ruído causado pelo tráfego rodado em edifícios já


existentes, tem como uma das alternativas o uso do gesso acartonado no revestimento das
paredes internas dos mesmos.

O gesso acartonado é um componente de construção de paredes internas existente


há muitas décadas no exterior e, nos últimos anos, vem obtendo mais espaço no mercado
nacional. Diversos benefícios são apresentados pelas empresas produtoras das placas de
gesso e, dentre eles, um chama especial atenção: o isolamento sonoro. Esse é um aspecto
de fundamental importância pois, apesar das placas de gesso possuírem baixa densidade,
sabe-se que elas podem alcançar um bom desempenho de isolamento, através de diferentes
especificações chegando, até, a superar as tradicionais paredes de alvenaria

Acompanhando o processo em curso, um material que está ganhando mercado na


construção civil é o gesso acartonado, que forma um sistema construtivo de vedações
internas também chamado de “sistema construtivo a seco”. Esta designação refere-se ao
método de produção e montagem, no qual consegue-se produzir uma vedação com
materiais industrializados e pré-fabricados, com mínima geração de resíduos.

Uma importante propriedade no desempenho de vedações em habitações é


capacidade da partição em oferecer isolamento acústico. Actualmente, devido a dinâmica
do mundo contemporâneo, há grande necessidade de produção de espaços protegidos
frente à poluição sonora existente. GUEIROS e PINGUELLI ROSA (2001) propõem a
hipótese que quando a própria rua possui característica ruidosa, ela inevitavelmente será
uma fonte de doenças para o seu entorno, incluindo edificações, a menos que altos custos
com materiais sejam empregados. Esta situação pode ser encontrada em nossas cidades,
cujos ruídos externos facilmente adentram nos edifícios. Por outro lado, a demanda por
privacidade solícita que se alcance razoável isolamento sonoro entre partições internas de
edificações, separando acusticamente os ambientes (BELDERRAIN 1998).

2
Objectivos do estudo

Objectivo geral

- Propor a aplicação de gesso acartonado nos revestimentos interior das construções


como forma de minimizar o ruído gerado pelo trafego rodado nas grandes cidades.

Objectivos específicos

- Fundamentar teoricamente os aspectos relacionados com técnicas e processos de


implante nas paredes interiores, poluição sonora gerada pelo tráfego rodado;

- Avaliar as técnicas de implante do gesso no revestimento interno das paredes das


infra-estruturas em estudo;

- Analisar os impactos do processo de implante do gesso no revestimento interno


das paredes nas infra-estruturas em estudo.

Questão da pesquisa

- Que medidas podem ser tomadas para mitigar o ruído provocado pelo tráfego
rodado na Cidade da Beira, especificamente na Rua Alfredo Lawley?

Justificativa

Em consequência do aumento populacional nas zonas urbanas e o desenvolvimento


económico e tecnológico, têm-se multiplicado as fontes sonoras no exterior e interior dos
edifícios, o que tem conduzido a ambientes com níveis sonoros cada vez mais elevados.
Por outro lado, o desenvolvimento cultural e populacional dos cidadãos, os quais estão
cada vez mais conscientes do seu direito à qualidade de vida, tem produzido um aumento
das exigências de conforto.

Com o crescente auto das preocupações relativas à qualidade de vida, e com a


elevação dos níveis do ruido, em especial nos centros urbanos, o problema da poluição
sonora e da protecção acústica dos edifícios tem vindo a ganhar destaque nos últimos
tempos. Isolamento acústico é a técnica utilizada para não deixar passar o som de um para
outro ambiente, através do uso de diversos materiais: densos, pesados, entre outros, que
consigam amortecer e dissipar a energia sonora (vidros, chapas metálicas, tijolos maciços,

3
madeira maciça, gesso, cortiça, etc.). O Isolamento, como o nome já diz, tem o objectivo
de impedir a passagem/saída dos sons entre distintos ambientes, entre edificações e o
ambiente.

Outro factor que influencia no isolamento é o fato de não se usar apenas uma
barreira, mas criar uma sequência de obstáculos para o som ter mais dificuldade de se
propagar. O uso de paredes duplas, janelas com vidros duplos ou a combinação de
materiais de diferentes densidades são muito importantes para se ter um bom isolamento
acústico.

Entretanto, a minimização dos efeitos negativos do ruido pode ser conseguida


através de aplicação de gesso acartonado nos revestimentos internos das paredes
(combinação de materiais de diferentes densidade) dos edifícios que se encontram
fustigados pelos ruídos dos tráfegos urbanos.

O nível de desconforto causado pelos ruídos do tráfego nas zonas urbanas, vem se
agravando nos últimos tempos. Visto que algumas destas infra-estruturas fazem fronteiras
com certas ruas muito movimentadas, o que de certa forma garante um maior número de
movimentos de viaturas, cidadãos, existências de indústrias, e como consequência disto, o
nível de ruído aumenta significativamente, o que gera muito desconforto aos utentes das
infra-estruturas, influenciando assim, negativamente no desempenho dos mesmos.

Hipótese do estudo

Se se aplicar o gesso acartonado no revestimento interno das parede nos locais em


estudo, pode-se minimizar significativamente o ruído gerado pelo fluxo do tráfego rodado
e melhorar o conforto acústico para os utentes da mesma.

4
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta secção é apresentada a fundamentação teórica sobre conceitos importantes da


pesquisa em estudo relacionados com aspectos do ruído, propagação e fontes do ruído,
isolamento acústico, gesso acartonado e sua aplicação para o melhorar o conforto acústico.

1.1. Som e ruído

Para entender o controlo sonoro é necessário antes entender o som em si. Esse
capítulo se dedica a expor conceitos e definições importantes que serão utilizadas ao longo
desse estudo.

A acústica é a ciência que se dedica ao estudo do som e/ou do ruído, à sua


propagação, em meio gasoso, líquido ou sólido, e às suas inter-relações com o ser humano.
O som e/ou o ruído pode definir-se como qualquer variação de pressão atmosférica que o
ouvido humano pode captar (ver Figura 1.1). A distinção entre som e ruído é subjectiva,
não depende apenas da frequência e da amplitude, sendo, no entanto, o som associado a
sensações agradáveis (música e voz) e o ruído associado a sensações indesejáveis.

Figura 1.1: Variação de pressão produzida por uma fonte sonora (Fonte: SALIBA, 2004)

A maioria dos fenómenos ligados à propagação das ondas sonoras pode ser
encontrada no caso da propagação da luz. As comparações serão frequentes, os fenómenos
luminosos são mais fáceis de entender devido a sua visibilidade.

5
O som nada mais é do que a vibração de um meio, geralmente sendo este o ar, em
uma dada faixa de frequência que caia no intervalo de sensibilidade do ouvido humano. O
tímpano capta a vibração e o cérebro interpreta com som. Essa faixa de sensibilidade é
limitada, frequências acima de 20 kHz (ultra-sons) ou abaixo de 20 Hz (infra-sons) são
inaudíveis, conforme ilustra na figura 1, que se apresenta de seguida

Figura 1.2: Espectro sonoro (Fonte: FQ8-Edicoes ASA)

Este fenómeno resulta do aumento progressivo da energia reflectida. A energia


absorvida poderá ser dissipada nas paredes do ouvido. Pode o ouvido não registar qualquer
alteração, o que acontece, em geral, acima dos 20KHz.

O som é uma das mais importantes ferramentas de interacção social entre os


homens. A orelha humana é um órgão muito sensível à percepção dos sons ambientais pois
ouvimos mesmo quando estamos dormindo. Mas para que se compreenda o que vem a ser
poluição sonora, torna-se necessário definir som e ruído.

Frequência é a medida de quantas vezes o ciclo (intervalo entre dois picos ou dois
vales) ocorre por intervalo de tempo e é medido em Hertz (ciclos por segundo).

Os sons graves têm suas energias situadas nas faixas das baixas frequências e
grandes comprimentos de onda. Os sons agudos são as faixas das altas frequências e curtos
comprimentos de onda. Raramente uma onda sonora tem uma frequência única. Na grande
maioria das vezes o som pode ser considerado uma sobreposição de diversas frequências
formando os sons compostos.

6
Saliba (2004) define o som como “qualquer vibração ou conjunto de vibrações ou
ondas mecânicas que podem ser ouvidas”. A movimentação dessas moléculas é
responsável em transmitir o som até o aparelho auditivo. Dois atributos principais
caracterizam o som: frequência e intensidade. A frequência relaciona-se à velocidade de
vibração ou ao número de ciclos completos que uma partícula executa em 1 segundo,
sendo expressa em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). A orelha humana é capaz de detectar,
em média, sons entre 20 a 20.000 Hz, sendo que a faixa mais importante para se
compreender a fala encontra-se entre 250 a 8.000 Hz. A intensidade do som é representada
pelo volume com que as ondas sonoras são emitidas, medida em decibéis (dB).

1.1.1. Níveis Sonoros

Os sons são medidos em decibéis, uma relação logarítmica entre o valor medido e
um valor de referência. As principais grandezas medidas são relativas quanto à potência
sonora do emissor, da pressão sonora da medição e da intensidade sonora.

1.1.1.1. Níveis de potência sonoros


Cada fonte sonora pode ser associada a uma potência sonora que seria a quantidade
de energia sonora por unidade de tempo produzida pela fonte em Watt. Podemos calcular o
nível de potência sonoro como:

𝑊
Lw= 10 log10 (𝑊∗) (dB) (1)

Onde:

Lw – nível de potência sonora da fonte medida em decibéis (dB)

W – potência sonora da fonte medida em Watt

W* – potencia sonora de referência (10-12Watt).

1.1.1.2. Níveis de Pressão sonora


A unidade de pressão sonora é o Pascal, uma relação de força por área. Nível de pressão
sonora é dado por:

P
LP= 20 log10 (P∗) (dB) (2)

7
Onde:

Lp – nível de pressão sonora medida em decibéis (dB)

P – pressão sonora medida em Pascal

P* - pressão sonora de referência (2 x 10-5Pascal)

1.1.1.3. Nível de Intensidade Sonora


O nível de Intensidade Sonora, Li, em decibéis, que corresponde a uma intensidade sonora
I, em W/m2, é dado por:

𝐼
Li= 10 log10 (𝐼∗) (dB) (3)

Onde:

Li – nível de intensidade sonora medida em decibéis (dB)

I – intensidade sonora medida em Watt/m2

I* – intensidade sonora de referência (10-12Watt/m2)

O ruído aéreo é originado pela excitação directa doar decorrente de fontes sonoras
no exterior ou no interior dos fogos (televisão, rádio, etc..). Como o próprio nome indica, o
ruído aéreo propaga-se pelo ar e pode ser transmitido através dos elementos de construção
(paredes, janelas, etc…).

O ruído de impacto é originado nos elementos que formam a estrutura e a


envolvente dos edifícios por vibrações provocadas directamente por pessoas ou objectos
actuando sobre elementos construtivos do edifício. As fontes mais comuns deste tipo de
ruído são a locomoção humana, a queda de objectos e a vibração de equipamentos, tais
como electrodomésticos, entre outros. Este tipo de ruído é transportado pelos elementos de
construção em vibração e é transmitido aos compartimentos.

8
1.1.2. Propagação

A energia sonora, ao ser libertada por uma fonte, produz perturbações no meio
envolvente, meio de propagação, alterando os valores das variáveis de estado: pressão,
temperatura e massa específica. A principal variável neste processo de propagação é a
pressão sonora que origina perturbações, ou seja, variação da pressão relativamente ao
valor em equilíbrio.

Neste processo diferentes sons podem conter a mesma energia mas podem causar,
ao nível do ouvido, sensações completamente diferentes pois, além da energia, as ondas
sonoras são caracterizadas pela frequência (comprimento de onda) e amplitude.

O som resulta da vibração de partículas do ar que rodeiam normalmente corpos


vibrantes. A superfície vibrante move-se da sua posição de equilíbrio e arrasta consigo a
camada de ar com que está em contacto, a qual vai provocar sucessivos movimentos de
compressão e de descompressão nas sucessivas camadas de ar adjacentes.

A onda sonora se propaga em todas as direcções a partir da superfície emissora.


Como um objecto que derrubado num espelho de água gera ondas, uma fonte sonora gera
um som que se afasta da origem. Essas ondas se afastam até atingir algum tipo de
obstáculo ou se dissipar. Os sons podem se propagar em diferentes meios materiais, assim
como se ilustra na figura a seguir.

Figura 1.3: meios materiais de propagação do som (Fonte: Acústica de Edifício e C. Ruído, 2008)

9
Quando o som atinge uma superfície, como uma parede de alvenaria, parte da
energia sonora reflecte de volta ao ambiente; parte da energia é retida pela parede, que se
transforma em calor e é dissipado no ambiente; e parte se transmite ao outro lado da
parede. O ruído produzido por uma fonte, que é independente da envolvente onde se
propaga a energia sonora, para além de depender das características da fonte, depende das
características da evolvente, nomeadamente de absorção, de reflexão e de transmissão para
outros locais (figura 1.4)

Figura1.4: Influência da envolvente de uma fonte na propagação sonora (Fonte: Acústica de Edifício
e C. Ruído, 2008)

1.2. Percepção, controle e fontes de ruído

Em se tratando do ruído, a higiene do trabalho delimita-o como um tipo de som,


porém sendo um “som indesejável; onde o ruído e o barulho são interpretações subjectivas
e desagradáveis ao som”. Considera-se, portanto, a poluição sonora como sendo sinónima
de ruído e não de som (GERGES, 2000; MACHADO, 2003; WHO, 1999; SALIBA,
2004).

Entende-se por ruido um agente contaminante de tipo físico; é um som indesejável


e, desta forma, incómodo. É definido como o som ou grupo de sons de tal amplitude que
pode ocasionar adoecimentos ou interferência no processo de comunicação. Quanto à
diferença entre som e ruído, sabe-se que o primeiro pode ser quantificado.

Conforme CLARK (1992), o ruído é um incómodo e COSTA & CRUZ (1994)


completam que, em grande quantidade e de forma constante, torna-se mais que um
incómodo, passando a ser agente causador de doenças.

10
Para Russo (1999), o ruído pode ser conceituado, seguindo diferentes critérios de
classificação:

a) Subjectivamente caracteriza o ruído como um som desagradável e indesejável.

b) Objectivamente é um “sinal acústico originado da superposição de vários movimentos


de vibração com diferentes frequências as quais não apresentam relação entre si”.

c) Quantitativamente é definido de acordo com seus atributos físicos indispensáveis para o


processo de determinação de sua nocividade, em função de sua duração no tempo, do
espectro de frequência, em Hz e dos níveis de pressão sonora, em dB.

Para medir a o nível de pressão sonora de forma objectiva usamos instrumentos


chamados de sonómetros, que são medidores de nível de pressão sonora. Também são
conhecidos popularmente como decibelímetros. Esse sensor é um microfone, que mede em
decibéis a pressão sonora por faixa de frequência.

Para a World Health Organization (WHO,1999), o limite tolerável de ruído ao


ouvido humano é de 60 dB. Valores acima podem causar estresse e aumento do risco de
doenças. Acima de 80 dB, o ruído pode comprometer o sistema auditivo, tendo como dois
factores determinantes: o tempo de exposição ao ruído e o nível de ruído ao qual o homem
está exposto (MORAES; LARA, 2004). A figura que se segue ilustra aos níveis ruído
toleráveis e intoleráveis segundo a (WHO 1999).

11
Figura 1.5: Pressão e nível e pressão sonora. (Fonte: B&K, Apud Cetesb, 2005).

1.2.1. Medição do ruido

Para definir o espectro de um determinado ruído, será necessário medi-lo em várias


frequências e corrigir a curva resultante, conforme as curvas fisiológicas do aparelho
auditivo humano. Mesmo nas situações mais simples de caracterizar, com ruído contínuo,
existem sempre variações ao longo do tempo que se revelam no sinal adquirido através de
quebras e picos. De modo a simplificar a caracterização de ruído podem ser utilizados
indicadores de ruído, que conduzem a um valor único, mesmo para situações de grande
variabilidade dos níveis sonoros ao longo do tempo. A possibilidade de inserir filtros
correctivos no aparelho de medida do som (decibelímetro) visa obter valores únicos para
ruídos complexos, em vez de uma série de valores variando com as frequências ver a figura
a seguir.

12
Figura 1.6: Decibelímetro (Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Decibelímetro)

Os filtros funcionam como atenuadores para determinadas frequências, usando


curvas de referência denominadas curvas de avaliação de ruído (NC = Noise Criteria). A
tabela 1.1 a seguir, apresenta os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em
ambientes construídos.

Tabela1.1: níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico (Fonte: NBR 10152/1987).

13
Notas: a) O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto o
valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade.

b) Níveis superiores aos estabelecidos nesta tabela são considerados de


desconforto.

1.2.2. Fontes de ruído

As fontes de ruído são classificadas como “exteriores” e “interiores”, Os ruídos


mais intensos no nosso dia-a-dia, como apresenta a figura abaixo.

Figura 1.7: Fontes de ruído. (Fonte: Arquivo pessoal, 2005).

Em um ambiente residencial pode-se tratar de som de trafego Rodado, vizinhos


barulhentos, voo baixo de aviões e obras. Em ambientes industriais podem ser
compressores, máquinas de trabalho pesado entre outras. Muitas vezes combinando mais
de uma fonte, geralmente está fora do controle de quem faz o projecto acústico. Serão
tratados com mais cuidado, individualmente, depois de melhor entender o recurso de
isolamento acústico.

Entre as fontes internas que mais perturbam o sossego estão os passos no andar
superior, as conversas dos vizinhos e ruído das instalações eléctricas e hidráulicas.

O tráfego rodado, principalmente o representado pelos veículos de carga e de


transporte urbano, é o grande vilão do conforto acústico. Uma frota com idade média de 14
anos, sem manutenção adequada, vias mal conservadas e maus hábitos dos motoristas

14
fazem deste uma das principais fontes de poluição sonora das grandes cidades, perdendo
apenas para a poluição do ar e da água (OMS, 2005).

Apresentam-se os valores de níveis de ruído permitidos para ambientes externos,


diurno e nocturno, indicados na Norma Técnica Brasileira NBR 10.151, (tabela 1.2),
dependendo do tipo de ocupação da área.

Tabela1.2: Nível Critério de Avaliação para ambientes externos em dB (Fonte: NBR 10.151, 2000)

Uma particularidades do ruído externo, ao contrário do ruído interno, que pode ser
realizado reduzindo os tempos de reverberação, o controle do ruído externo conta com a
interposição de barreiras para interromper ou divergir a propagação sonora.

Moraes (2002) relata que há uma escassez de conhecimento sobre os ruídos


ambientais dos grandes centros urbanos, especificamente no que se refere à diferenciação
das fontes de ruído. Nos grandes centros Urbanos, observa-se uma acentuada degradação
ambiental como consequência de elevadas taxas de ocupação do solo e grande
concentração de actividades; degradação esta que recebe influência também do aumento
das fontes produtoras de ruído.

As principais fontes sonoras produzidas no meio ambiente urbano estão


relacionadas com o meio de transporte de pessoas e mercadorias, através de três tipos de
veículos: o rodado, o aéreo e o ferroviário. Destes, o tráfego rodado constitui como a maior
fonte de ruído nas grandes cidades, variando entre 80 e 90 dB, para os carros e 70 a 80 dB
para motocicletas. Estes valores não são fixos e podem ter um considerável aumento, uma

15
vez que os níveis de ruído são produzidos por diferentes tipos de veículo,
concomitantemente (MORAES, 2002).

Sons gerados por carros, caminhões e afins são seguramente uma das maiores
fontes de ruído nos grandes centros urbanos do mundo, como tal são fontes de estudos há
muitos anos e foco de diversas normas, sendo uma das mais famosas a norma “Calculo do
ruído por transito em vias” do país de Gales, que através de parâmetros de veículos, de
arquitectura e disposição de vias ajuda a estimar a pressão sonora incidente e propor
soluções.

Senchermes (1983), delimita que três grandes grupos de fontes de ruído dominam o
espaço ambiental, sendo elas:

a) Sistema de transporte terrestre: considerado como a maior fonte de poluição sonora, o


tráfego de carros, caminhões, ônibus e motocicletas dominam completamente os grandes
centros urbanos pelo seu número e proximidade com a comunidade, além de serem
responsáveis pelo aparecimento de diversas moléstias param a população.

b) Sistema de transporte aéreo: mesmo sendo menos extenso que o ruído terrestre, é
considerado como fonte importante de poluição pelo elevado nível de ruído emitido, tanto
na decolagem como na aterrissagem de aeronaves. Na população que reside próximo aos
aeroportos, observa-se o mesmo nível de desconforto.

c) Indústrias e Comércios: grupo de fontes sonoras muito amplo e com características


variadas, caracterizando todas as fontes de ruído produzidas pelas indústrias e pela própria
comunidade. O ruído comunitário pode ter relação com a densidade populacional de uma
determinada área, assim como as características da mesma, como quantidade de
edificações construídas e tipo de construção. Além desses factores, muito do ruído da
comunidade sofre influência de suas características sociais e económicas.

Sommerhoff (2002), por sua vez, classifica as fontes de ruído em dois grupos, a
saber:

a) Fontes fixas, sendo aquelas que operam em lugares fixos ou determinados, incluindo:
ruído de máquinas e indústrias; ruído de construções e obras públicas; ruído produzido em

16
edificações residenciais e comerciais; ruído doméstico; ruído gerado por actividades de
lazer e recreação. Os ruídos provocados pelas áreas de lazer acarretam considerável
incómodo aos vizinhos, não somente pelo nível de ruído emitido, mas também por
favorecer um aumento de circulação de tráfego e pessoas, aumentando ainda mais a
poluição sonora no ambiente.

b) Fontes móveis, sendo aquelas que não operam em lugares determinados, havendo um
deslocamento entre o meio urbano, tais como: ruído de tráfego de veículos; ruído de
tráfego de trens; ruído de tráfego de aeronaves e ruído de sirenes e alarmes de veículos.

Pimentel-Souza (2000),sinaliza que o tráfego de veículos automotivos é o principal


vilão da poluição sonora, sendo a principal razão de uma tendência de saturação do ruído
nas grandes cidades. Mas não é apenas este tipo de ruído que acarreta uma intolerância por
parte das pessoas residentes em grandes centros urbanos. O ruído gerado pelos aparelhos
electro acústicos, assim como da música ambiente contamina mas residências,
sobressaindo durante o período nocturno, com a diminuição do nível de ruído de fundo.
Qualquer uma das fontes geradoras de ruído, seja diurno ou nocturno, são responsáveis por
danos à saúde da população exposta.

Graeml; Ribas (2006) afirmam que milhares de pessoas são expostas à poluição
sonora, seja exercendo actividades de trabalho, de estudos ou de lazer. A população urbana
vive imersa numa atmosfera ruidosa e parece estar acostumada.

O crescimento desenfreado dos grandes centros urbanos nos remete a uma


constante preocupação com o meio ambiente, principalmente no que se refere aos efeitos
nocivos que determinadas actividades podem trazer para os habitantes da cidade. Dentre
essas actividades, a poluição sonora constitui-se como um ruído incómodo com amplo
prejuízo à saúde física e mental. A poluição sonora difere muito da poluição do ar e da
água, principalmente pelo fato do ruído ser produzido em toda parte, tornando difícil
combatê-lo na fonte. Além disso, o ruído não deixa resíduos no ambiente tão logo seja
combatido e atinge especificamente o homem (GRAEML E RIBAS, 2006).

17
1.2.3. Tipos de ruído

Em medições de ruído ambiente, a caracterização do ruído é efectuada


normalmente por amostragem, através da recolha durante pequenos períodos de tempo,
com o intuito destes representarem a situação a caracterizar, normalmente numa
perspectiva de longo prazo. De um modo geral, a escolha do intervalo de tempo de
medição deve permitir obter um valor representativo da situação a caracterizar. No limite,
a sua duração pode coincidir com a duração de todo o intervalo de tempo de referência,
correspondendo assim a uma medição em contínuo. No caso de não serem efectuadas
medições em contínuo, como acontece na maioria das situações, recomenda-se a recolha de
várias amostras, com um intervalo de tempo de medição acumulado significativo.

A duração mínima do intervalo de medição deve então ser função da variabilidade


temporal dos níveis sonoros. Em função desta variabilidade podem considerar-se quatro
tipos de ruídos (Figura 1.8): contínuo ou estacionário, como pode acontecer por exemplo,
com o funcionamento de um aparelho de ar condicionado a); intermitente, com vários
patamares, do tipo pára arranca b); impulsivo, com picos de curta duração intercalados
com níveis sonoros significativamente inferiores durante intervalos mais alargados de
tempo c); e flutuante aleatório, como acontece na maioria das situações, onde a variação
dos níveis sonoros é elevada e aleatória d).

Figura 1.8: Tipos de ruído (Fonte: Acústica de Edifício e C. Ruído, 2008)

18
1.3. Isolamento acústico: parâmetros relevantes

Numa perspectiva de condicionamento acústico de edifícios, é necessário cumprir


um conjunto de requisitos relativo ao isolamento sonoro entre os espaços, tanto a sons
aéreos como de percussão (ver figura1.9).

a) b)

Figura 1.9: Ilustração da transmissão de ruído através de elementos construtivos a) ruido aéreo, b) ruido a
precursão edifício (Fonte: Acústica nos edifícios, 2007)

Para efeitos de estabelecimento de condições acústicas mínimas, em termos de


isolamento sonoro, a regulamentação portuguesa apoia o seguinte parâmetro:

Índice de valor único (D2m,nT,W) que caracteriza a perda de energia sonora entre o
exterior e os espaços interiores do edifício, proporcionada pelo elemento de
compartimentação da envolvente no exterior do edifício.

Esta perda de energia sonora, entre o exterior e interior, é feita quando num
processo de avaliação experimenta, o microfone para a medição do campo sonoro exterior
é colocado à distância de 2m da superfície (ver figura) e é dada pela equação a seguir.

𝑇
Dxx,2m,nT = 𝐿 + 10 log 𝑇₀ (dB) (4)

Onde:

L: (L1-L2), nível de pressão sonora a 2m da distância (L1), nível de pressão sonora


médio no compartimento do receptor;

T0: tempo de reverberação de referência (normalmente igual a 0,5s)

T: tempo de reverberação do compartimento de recepção.

19
Figura 1.10: Ilustração da definição do parâmetro Dxx,2m,nT em paredes exteriores do edifício
(Fonte: Reabilitação Acústica, 2014)

De uma forma geral, a minimização dos efeitos negativos do ruído pode ser
conseguida através da redução dos níveis de ruído emitidos, do tratamento nos meios de
transmissão e/ou, em casos extremos, através da protecção directamente nos receptores
(aplicável normalmente em locais de trabalho). O Isolamento, como o nome já diz, tem o
objectivo de impedir a passagem/saída dos sons entre distintos ambientes, entre edificações
e o ambiente. Outro factor que influencia no isolamento é o fato de não se usar apenas uma
barreira, mas criar uma sequência de obstáculos para o som ter mais dificuldade de se
propagar. O uso de paredes duplas, janelas com vidros duplos ou a combinação de
materiais de diferentes densidades são muito importantes para se ter um bom isolamento
acústico.

1.3.1. Principais tipos de materiais utilizados no isolamento acústico.

Podemos classificar os materiais utilizados para o Isolamento Sonoro como


materiais convencionais e materiais não convencionais.

Materiais convencionais

Os materiais convencionais são aqueles habitualmente utilizados na construção


civil: blocos cerâmicos, madeira, bloco de betão simples, etc.

20
Materiais não convencionais.

Já os materiais não convencionais são aqueles que foram projectados, estudados e


desenvolvidos para actuarem como isolantes acústicos em ambientes diversos.

Os materiais não convencionais, podem ser dividido em quatro (4) tipos de


matérias para o isolamento acústico que são:

a) Materiais isolantes: Os que Impedem a transferência do sons entre ambientes


distintos. São densos e pesados ou o contraio, como tijolos maciços, gesso,
chumbo, madeira, pedras lisas. Alguns vidros com mais de 6mm de espessura
podem ser inseridos nessa categoria.
b) Materiais reflectores: Podem ser isolantes, mas também contribuem para a
reverberação. São materiais com aspecto liso, como pisos de cerâmica, massa
corrida, algumas madeiras.
c) Materiais difusores: Reflectem o som de forma difusa, espalhada. Apresentam-se
em formato irregular como pedras ou lambris de madeira.
d) Materiais absorventes: Desgastam a onda sonora, retirando parte de sua energia de
propagação e transformando a em calor. São materiais leves, de baixa densidade,
fibrosos ou de poros bem abertos. Podem ser Lã ou fibra de vidro revestido, manta
de poliuretano, carpetes espessos.

1.3.2. Caixilharias

As caixilharias podem ser consideradas em associação com as soluções de parede.


Tem-se o exemplo das janelas, portas e caixas de estore. No entanto, no presente trabalho
serão abordados apenas as janelas e portas, sendo dado particular relevo à sua influência no
desempenho acústico das envolventes onde se inserem.
Janelas
As paredes dos edifícios, são constituídos por janelas nas fachadas que diminuem o
isolamento desta. Desempenho acústico das soluções aplicáveis a estas situações, em
paredes de alvenaria, em caso de serem colocadas como paredes exteriores, depende
sempre da área e tipo de envidraçados que estarão presentes nas janelas.
Portas

21
Tal como acontece com as janelas, a colocação de uma porta pode afectar
significativamente o isolamento sonoro de uma parede ou mesmo de toda a envolvente de
um compartimento. O desempenho acústico das soluções para estas situações, depende da
área, tipo do material e a espessura que estarão presente nas portas.

1.3.3. Índice de redução Sonora

O índice de redução sonora (Rw) é um parâmetro que visa a reduzir a intensidade


sonora de proveniente de diferentes fontes. Existem três acções básicas que,
implementadas isoladamente ou em conjunto, podem solucionar satisfatoriamente os
inconvenientes causados por sons e ruídos “exteriores” ou “interiores”:

- Tratamento da fonte de ruído;

- Tratamento acústico do caminho do som;

- Protecção acústica do compartimento do receptor.

Neste trabalho se aborda mais na terceira acção básica que consiste na protecção
acústica do compartimento do receptor. Uma vez qua não pode se tratar a fonte do ruído e
nem o caminho do som, por se tratar duma rua que liga grandes centros urbanos da Cidade.

Deve-se lembrar que quanto maior a densidade do obstáculo ao som, maior será o
isolamento. Assim, as paredes de tijolos maciços de grande espessura apresentam as
maiores atenuações e as paredes de tijolos vazados atenuam menos. Outro fenómeno
importante é o do aumento da espessura: ao se dobrar a espessura de um obstáculo, a
atenuação não dobra; mas se colocar-se dois obstáculos idênticos o isolamento será
dobrado.

De uma forma geral, a minimização do ruído transmitido por esta via pode ser
conseguida, de forma bastante eficaz, através da utilização de revestimentos de parede
interiores dos compartimentos com o gesso acartonado nos ditos edifícios. Isolamento
contra o ruído, ambiente interno deve ser isolado dos ruídos externos

22
1.4. Uso do gesso acartonado como isolante acústico.

1.4.1. História e Evolução

Os termos “gipsita”, e “gesso” são usados frequentemente como sinónimos. A


denominação gipsita, no entanto, parece mais adequada ao mineral em estado natural,
enquanto gesso indicaria o produto calcinado. O gesso é conhecido há muito tempo, sendo
um dos mais antigos materiais de construção, assim como a cal e o barro. Escavações na
Síria e Turquia revelaram que o gesso é utilizado desde há 8.000 mil anos antes da era
comum, na forma de rebocos. Os egípcios usaram gipsita há cerca de 3000 anos A.C., e os
romanos a utilizaram, em pequenas quantidades, no acabamento de construções.

Durante séculos, o gesso foi usado de maneira limitada, principalmente para fins
ornamentais, sem alcançar maiores aplicações, devido ao seu tempo de pega
(endurecimento) considerado pequeno (de 25 a 30 minutos). No início do século XVIII, a
gipsita começou a ser utilizada na Europa como correctivo em solos. Nos Estados Unidos,
a calcinação da gipsita para emprego na construção civil começou em 1835, mas esta
aplicação só se desenvolveu por volta de 1885, com a descoberta de um método comercial
para retardar o tempo de pega do gesso.

O uso do gesso na construção civil vem crescendo gradativamente ao longo dos


últimos anos. Ganhou impulso a partir de meados da década de 1990, com a introdução da
tecnologia nas vedações internas de todos os tipos de edificações no país. A isso se somam
todos os usos tradicionais do gesso como material de revestimento, aplicado directamente
em paredes e tectos, e como material de fundição, utilizado na produção de placas de forro,
sancas, molduras e outras peças de acabamento.

1.4.2. Obtenção do gesso

O gesso é um produto químico aglomerante que se obtém a partir do mineral


gipsita que ocorre em grandes depósitos em todos os continentes. Os depósitos de gipsita
foram formados pela precipitação do sulfato de cálcio presente na água dos oceanos
quando submetida à evaporação. O sulfato de cálcio pode se apresentar precipitado na
forma de gipsita ou anidrita, quando desidratado, dependendo da temperatura e de
condições ambientais de formação. A gipsita é um sulfato de cálcio hidratado, representada

23
quimicamente pela fórmula CaSO4.2H2O. Das duas moléculas de água, uma e meia está
fracamente combinada e a outra meia molécula fortemente combinada. Isto explica o
porquê da ocorrência de, pelo menos, duas fases distintas na fabricação do gesso. Durante
o seu processamento industrial, na primeira fase se desprende a água fracamente
combinada, é quando se obtém o hemidrato, e a segunda fase quando se desprende a água
fortemente combinada, obtendo-se o sulfato anidro solúvel, também conhecido como
anidrita III.

A partir da gipsita são produzidos o gesso alfa e o gesso beta, com processos de
fabricação e aplicações bem diferentes. No momento do desmonte da bancada, já se pode
fazer a classificação da Gipsita, segundo sua destinação, em:

1) Tipo A - para fabricação do gesso alfa (α), odontológico, ortopédico ou cerâmico.

2) Tipo B - para fabricação do gesso beta (β), para revestimento ou fundição.

3) Tipo C - para refugo, ou para uso como correctivo de solo, na forma de gipsita, com
partículas de 0 a 5 mm.

Essa classificação tanto leva em conta o tipo do minério, como também o seu grau
de dureza e impureza, os tipos de minério são denominados correntemente por:

- Estrelinha que é a pedra branca, mais pura e de maior dureza, normalmente usada como
Tipo A;

- Rapadura que é estratificada em camadas mais espessas, com dureza intermediária, algum
teor de alabastro e cor mais escura. Pode ser usada como Tipo A ou Tipo B;

- Cocadinha, estratificada em camadas mais finas, apresentando cor mais clara, alto teor de
alabastro e a menor dureza de todas. Usada como Tipo B.

No que se refere à contaminação, se o barranco contiver fracturas preenchidas com


boró (restos de matéria orgânica em decomposição), o material obtido será recolhido como
Tipo C, mas se a camada da fractura já tiver saído, ficando só a face suja, será classificado
como Tipo B.

24
Já na selecção do material, a obtenção do gesso alfa se diferencia da do gesso beta,
pelo grau de pureza do minério usado. Os processos de fabricação são bastante
diferenciados. Enquanto o gesso beta é obtido por calcinação simples, o gesso alfa exige a
utilização do sistema de autoclave, seja usando desidratação em meio aquoso, seguida de
centrifugação e moagem, seja fazendo o cozimento da gipsita ao vapor d’água sob pressão,
seguido de moagem.

1.4.3. Processo de fabricação das placas.

O minério gipsita é a matéria-prima utilizada na fabricação do gesso acartonado,


sendo extraído das jazidas e introduzido ao processo produtivo através de um equipamento
chamado tremonha.

O gesso acartonado é produzido por meio de um processo de laminação contínua da


mistura do gesso com a água e aditivos para moldagem, posteriormente as chapas recebem
uma camada de papel cartão de cada lado, na sequência, uma guilhotina corta as chapas
nas dimensões necessárias. Os aditivos contidos nas placas são de acordo com a aplicação
e obedecendo certas normas. Há três tipos básicos de chapas que são:

- Chapa Standard “ST” (Branca/Marfim/cinza) – para uso geral em áreas secas;

- Chapa ou resistente à umidade “RU” (verde) - silicone é usado como aditivo ao gesso e
contém hidrofugantes em sua fórmula e é indicada para uso em áreas sujeitas a umidade
por tempo limitado e de forma intermitente e são indicadas para uso em áreas húmidas
como banheiros, cozinhas e áreas de serviço;

- Chapa resistente ao fogo “RF” (rosa) - contém retardantes de chama (fibra de vidro) em
sua fórmula e é indicada para áreas secas nas quais se exija um desempenho superior frente
ao fogo e sendo indicadas para uso em áreas especiais (saídas de emergência, escadas
enclausuradas, etc.).

Outros tipos, como chapas acústicas para forro e chapas com pequena espessura
para uso em superfícies curvas, etc., são derivadas das citadas acima. Na figura e tabela a
seguir se ilustra os tipos de chapas e espessuras disponíveis.

25
Figura 1.11: Diferentes tipos chapas de gesso acartonado, 1 - chapas ST, 2 - chapas RU, 3 - chapas RF
(Fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005)

Tabela 1.3: Espessuras comerciais das chapas de gesso acartonado (Fonte: GESSO NA ARQUITETURA,
2005)

1.4.4. Aplicação do gesso

O gesso é um material bastante consumido e aplicado na indústria da construção


civil, na agricultura, odontologia e sobretudo na medicina. Mas é na construção civil que se
registra o maior consumo, onde é muito utilizado em revestimentos, na fabricação de
cimento e na manufactura de pré moldados.

O uso do gesso como material de construção vem sendo intensificado, devido


principalmente ao factor socioeconómico, na medida em que é um produto que tem
atendido às expectativas dos usuários e construtores.

26
No revestimento, o gesso pode substituir o chapisco, o reboco e a massa de
regularização da superfície, apresentando propriedades extremamente atraentes para o uso
como revestimento, entre elas, a aderência em vários tipos de substratos e o endurecimento
rápido que proporciona rapidez na execução dos serviços. Além disso, destaca-se por
proporcionar um excelente acabamento final nas paredes e tectos de construções,
dispensando o uso de outro material de acabamento. Cabe lembrar que sua aplicação em
ambientes externos não é recomendada, devido a sua alta solubilidade na presença de água.
A figura a seguir ilustra a aplicação do gesso como reboco.

Figura 1.12: Aplicação do gesso no reboco de parede (Fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005)

Nos blocos pré-moldados de gesso são fabricados por processo de moldagem,


apresentando acabamento perfeito nas suas superfícies. Assim, os blocos se encaixam
perfeitamente e após a montagem da parede, obtém-se uma superfície plana e pronta para
receber o acabamento. Os blocos do sistema construtivo apresenta duas faces planas e
lisas, e podem ser vazados ou compactos. Os blocos vazados são utilizados quando se
deseja diminuir o peso das paredes, ou melhorar o isolamento acústico, enquanto os blocos
compactos permitem construir paredes com maior altura, na figura abaixo se ilustra Bloco
de gesso para execução de paredes.

27
Figura 1.13: Bloco de gesso para execução de paredes (fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005)

Ainda nos pré-moldados, o gesso é principalmente usado na produção de artefactos


de placas para forro e chapas acartonadas, as quais tem vastas aplicações na indústria da
construção.

As placas para forro destacam-se por proporcionarem um fechamento rápido, de


fácil execução, e que permite acesso para a manutenção das instalações eléctricas e
hidráulicas e variações da configuração para ajuste do nível de desempenho final.

Figuara 1.14: aplicação de placas de gesso para forro (fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005)

Em chapas acartonados, são usados principalmente na remodelação de áreas


degradadas, reformas de imóveis antigos, ou quando se deseja aumentar o isolamento da
vedação (ao fogo ou acusticamente). Os revestimentos com estas chapas podem ser feitos
de três (3) modos: Directo, Intermediário e Indirecto.

28
a) b)

Figura 1.15: aplicação de placas de gesso acartonado; a) Chapa ST; b) Chapa RF (Fonte: GESSO NA
ARQUITECTURA, 2005)

29
2. ESTUDO DE CASO

Nesta secção, será usada como base a fundamentação teórica vista no capítulo
anterior, onde será feita a discrição da área de estudo, descrição das características actuais
de trânsito e actual situação ruidosa na rua Alfredo Lawley e a aplicação do gesso
acartonado.

2.1. Descrição da Área do Estudo

O estudo centrou-se na cidade da Beira, capital da província de Sofala, em


Moçambique, concretamente na rua Alfredo Lawley que liga grandes centros urbanos. O
município tem uma área de 633 km², Tem limite ao norte e oeste com o distrito de Dondo,
a Este com o Oceano Índico e ao sul com o distrito do Búzi. É um município com um
governo local eleito. Beira é a segunda maior cidade de Moçambique, logo após a capital
do país, Maputo, contando com uma população de 431.583 habitantes de acordo com o
Censo de 2007.

Figura 2.1: Localização da cidade da Beira e da área de estudo (Fonte: Google Earth)

30
A Rua Alfredo Lawley se localizada no centro do município, estende-se ao longo
dos Bairros do Esturro e Matacuane e faz conexão entre o centro da cidade e os bairros
adjacentes (Chota, Macurungo e Macuti), por esse motivo há uma grande e constante
circulação de veículos colectivos, de carga e de passeio. Com todo o seu trajecto asfaltado,
a rua estende-se desde a intersecção com a Avenida Samora Machel e a Rua do
Condestável (1.783) com aproximadamente 2,5 Km de comprimento e 6 m de largura. Ao
longo da sua extensão, a rua esta rodeada por edifícios de habitação (maior parte),
Escritórios, Biblioteca, Hospital e Escola. Não há dúvida de que é o tráfego rodado a
principal fonte de ruído na rua em estudo.

O troço da rua Alfredo Lawley em estudo, estende-se desde a intersecção com a


avenida 24 de Julho até a intersecção com a rua do Condestável (1.783) que tem um
comprimento de 1.15 Km. Como ilustra a figura a seguir.

Figura 2.2: Localização do troço em estudo (Fonte: Google Earth)

Com o crescimento das cidades em todo o mundo aumenta também o ruído urbano.
Nesta circunstância, Beira é uma cidade que possui diversos problemas sócio -ambientais,
e um factor que vem chamando muito a atenção não só de profissionais e estudantes do
ramo acústico, mas também da população em geral, é o ruído excessivo no meio urbano.
Sem dúvida, a fonte de ruído mais importante nas zonas urbanas é o tráfego rodado. Tal
31
afirmação não só é uma consequência do extraordinário aumento que sofreu o parque
automobilístico nas últimas décadas em todos os países, como também, o fato de que em
geral as cidades não foram concebidas para suportar o volume de veículos que alcançou.
(MARICATO, 1996).

2.2. Ambiente exterior

Quando se fala em reabilitação, pensa-se quase sempre em edifícios degradados.


Invariavelmente, esta tendência também se verifica quando se trata de reabilitação
acústica, na qual os aspectos consequentes se associam ao desenvolvimento de processos
que tenham a ver com a adaptação do desempenho dos edifícios a reabilitar ao disposto no
corpo legal aplicável.

Numa perspectiva de reabilitação do conforto acústico dos indivíduos relativamente


à sua envolvente, alem do adequado desempenho acústico da unidade do edifício, a
qualidade da componente acústica da unidade exterior é factor fundamental no seu
ambiente global.

A acústica, entendida na sua abrangência como ciência que intersecta várias


disciplinas e engenharias, tem por objectivo a criação de condições de conforto, no seu
sentido mais lato, para o receptor individuo. Assim sendo, numa linha de reabilitação
acústica, importa ter sempre presente a necessidade de efectuar uma avaliação integrada de
todos os aspectos com relevância interveniente.

Por outro lado também é de senso como que a fonte de ruído mais significativa
associada ao ruído ambiente exterior é o tráfego rodoviário, salvo situações mais
excepcionais como sejam as de edifícios situados na proximidade de vias-férreas ou
aeroportos.

Os níveis de contaminação acústica produzidos pelo tráfego de veículos costumam


alcançar valores muito elevados em todas as grandes vias urbanas ou interurbanas, que, em
muitos casos, estão sujeitas à densidade de tráfego muito alta tanto de dia como de noite.
Em geral os automóveis com motor a gasolina são relativamente silenciosos, para 50%
desses veículos o nível sonoro que produzem apenas superam os 80 dB, enquanto os níveis

32
de ruído produzidos pelos veículos pesados (a diesel) superam facilmente os 90 dB.
(MORAES e LARA, 2004). O ruído estabelecido pelos veículos automóveis tem a sua
origem, fundamentalmente, nos seguintes tipos de fonte:

a) Fontes mecânicas: correspondem essencialmente às vibrações do motor e dos


sistemas mecânicos acoplados, as quais são transmitidas à estrutura global do
veículo, radiando energia sonora;
b) Fontes aeráulicas: correspondem á variação do fluxo de ar na admissão e escape
de gases; o ruído devido ao escoamento de ar sobre a estrutura do veículo encontra-
se integrado neste tipo de fontes. A energia sonora radiada por estas fontes varia
significativamente com a velocidade de circulação e com a configuração exterior
do veículo.
c) Contacto pneu/pavimento: correspondente ao ruído devido ao contacto entre o
pneu e a camada de desgaste da via, sendo particularmente relevante na presença de
pavimentos irregulares, ou de pneus em más condições, ou em pavimentos
molhados.

No entanto, não pensando estritamente numa perspectiva correctiva mas também,


complementarmente, numa atitude de gestão de ruído gerado pelo tráfego, podem adoptar-
se critérios de permissão e gestão de tráfego nas vias de acesso aos centros urbanos, bem
como no seu interior, de modo a garantir níveis de ruídos ambiente consentâneos com
padrões de qualidade ambiental requeridos.

Contudo, à medida que se aumenta o número de veículos em circulação, as


condições do trânsito agravaram-se, verificam-se situações como: fluxo de trafego maiores
que o nível de serviço da rua, deficiência geral da fiscalização sobre as condições dos
veículos, falta de manutenção e conservação das rodovias, na figura (ver figura 2.3) a
seguir revela a rua em estudo, que o trânsito é intenso em praticamente todas as horas do
dia.

33
Figura 2.3: Trafego na Rua Alfredo Lawley no horário das 11h:30min (Fonte: própria)

As reclamações relativas à percepção de ruídos nos ambientes internos aumentam


com a chegada do verão, devido à necessidade de abrir as janelas para ventilar os
ambientes. Fica evidente a incompatibilidade entre conforto térmico (ventilação) e
conforto acústico em grandes centros urbanos.

Uma forma de garantir uma adequada gestão do ruído ambiente em zonas sensíveis
das cidades reabilitando o seu uso, seria, poe exemplo, a implementação de sistema de
monitorização contínua do ruído estabelecido.

Como deve ser perceptível, a solução correctiva recorrendo a alteração no meio de


propagação, por utilização de barreiras sonoras nas ruas e avenidas das cidades, não é
facilmente adoptável dada a não existência de espaço disponível para as construir e,
também, pela sua inexequibilidade estética nas zonas de malhas urbanísticas consolidada e
densa.

2.2.1. Mapa de ruido

Os mapas de ruído são importantes ferramentas para a identificação de áreas


ambientalmente sensíveis ao som indesejado, como os centros urbanos densamente
povoados. Ainda que os mapas de ruído sejam um instrumento novo quando comparados a
outros tipos de mapeamento, eles são uma ferramenta cada vez mais utilizada por gestores

34
públicos, principalmente na Europa, para mapear o impacto ocasionado pelo ruído. Da
mesma forma, ele é um instrumento de sensibilização pública, pois apresenta o problema
de maneira simples e clara, permitindo que, com isso, as comunidades apoiem as
iniciativas para controle do ruído.

Os parâmetros identificadores das características das fontes de ruido são,


normalmente menos estacionários. De um ponto de vista de ruído urbano, o instrumento de
apoio ao planeamento e gestão urbanística, assim como das valências correlacionadas,
mais comummente considerado para o efeito é o Mapa de Ruído ou mapa acústico.

Analogamente, a propagação sonora é condicionada por uma grande variação dos


perfis de ventos locais, muitas vezes criados pela orientação específica dos edifícios da
aglomeração urbanística.

Este tipo de oscilações e particularidades devem constar no mapa de ruído


respectivo para que a representação quantitativa e qualitativa da área urbana de interesse
seja a tradução mais ou menos fidedigna da realidade existente.

Pois embora a avaliação dos cálculos da exactidão dos cálculos associados à


produção do mapa de ruído possa ser feita com base em medições dos níveis sonoros
realmente existentes, a geometria substancialmente complexa devido a pequenos e grandes
obstáculos, superfícies com características diferentes e uma multiplicidade de bordos onde
ocorrem processos de difracção, tornam o cálculo respectivo extremamente difícil,
demorado e pouco exacto.

Em caso de zonas urbanas de malhas relativamente densa e consolidada, as


metodologias de avaliação da exactidão requerida não são triviais. O resultados de
medições efectuadas em zonas urbanas incluem geralmente um numero muito elevado de
eventos sonoros complementares, que não podem ser sempre atribuídos ao tráfego
circulante.

35
2.2.1.1. Colecta de dados

O ponto de partida para a elaboração dos mapas acústicos deste trabalho consistiu
na obtenção de grandezas geométricas, acústicas e de tráfego.

A colecta dos dados geométricos baseou-se em observações de mapas da região e


levantamentos in loco, obtendo-se o número de pistas, faixas, sentidos dos fluxos de
veículos; tipo de pavimento; dimensões (largura e comprimento) e gradiente da via;
existência ou não de obstáculos entre a via e edificações; presença ou não de canteiro
central, ciclovias e passeios; uso e ocupação do solo na circunvizinhança.

A colecta dos dados de tráfego (composição, fluxo dos veículos) ocorreu


simultaneamente às medições acústicas. Em situações de fluxo livre de veículos, com
tempos variáveis para cada registro e em dias úteis. A contagem era interrompida sempre
que se observava uma acentuada redução do referido fluxo. Foi feito no período da 6h -
22h, nos dias uteis da semana. Considerou-se um ponto representativo tendo em vista que
os fluxos de veículos, praticamente, se mantinham constantes ao longo do trecho, mesmo
existindo vias secundárias perpendiculares.

O levantamento das características de tráfego se deu por meio de contagens directas


de veículos em ambas as pistas, executadas ao mesmo tempo por duas pessoas. Os níveis
de pressão sonora foram medidos com ajuda de aplicativos de medição de níveis de ruídos
(decibelimetros) para telemóveis a contagem foi feita por uma pessoa. A tabela a seguir
apresenta os dados de tráfego colhidos durante os dias de contagem, os valores aqui a
presentados são as medias dos dados colhido no período de contagem

Tabela 1.4: dados de trafego da Rua Alfredo Lawley (Fonte: própria)

36
Através de uma colecta de dados físicos e subjectivos, os níveis de pressão sonora
onde foram identificados os pontos críticos de poluição sonora. Em grande parte dessas
áreas a emissão de ruídos é muito alta ou intolerável na maior parte do dia, levando-se em
consideração as recomendações da Organização Mundial de Saúde, a figura (figura 2.4)
que segue, ilustra os níveis de pressão sonora da área em estudo durante o dia
(principalmente nas oras de ponta). No período diurno (6h-21h), as pressões sonoras
estavam um pouco acima dos níveis aceitáveis e recomendáveis e era consequência do
ruído de tráfego de veículos, potencializado pelas características morfológicas do bairro. O
tráfego de veículos que causava mais impacto acontecia pela via principal, o que gerava
NPS médios entre 85 dB e 95 dB. Enquanto nas vias internas do bairro registravam NPS
médios que iam de 45 dB à 65 dB.

Figura 2.4: Mapa de ruído Diurno-Entardecer-Nocturno da zona em estudo (Fonte: Própria).

37
2.3. Proposta de solução

Para minimizar o problema de ruido gerado pelo trafego rodado nos grandes centos
urbanos, recorreu-se ao uso desta técnica baseando-se como referencia á vários autores e
exemplos já aplicados em vários países e também verifica-se que é uma técnica
sustentável.

Face ao exposto, há necessidade de encontrar soluções para combater o problema


de ruído gerado pelo trafego rodado na Cidade da Beira. Neste sentido, as placas de gesso
acartonado, são recursos credíveis, visto que é considerada como isolante sonora e deve ser
capaz de proporcionar razoável isolamento aéreo e estrutural.

A chapa de gesso acartonado comum é formada por uma mistura de gesso (gipsita
natural) em sua parte interna, revestida por um papel do tipo “kraft” em cada face. Existem
outros tipos de placas especiais para usos específicos, como para áreas húmidas placas
verdes (banheiros e cozinha) e para proporcionar maior resistência ao fogo placas rosas. O
que diferencia essas placas são aditivos incorporados ao gesso com o objectivo de
melhorar a propriedade específica a que se destina.

As placas de gesso acartonado são montadas em ambos os lados de estruturas


metálicas leves ou de madeira que, por sua vez, são fixadas na estrutura principal da
edificação (lajes, vigas, pilares). As placas são montadas sequencialmente até a vedação da
toda a superfície. Na parte interna da parede fica um vazio, por onde podem passar
tubulações eléctricas e hidráulicas. Entre cada placa existe uma junta que, além de separá-
las, serve para absorver esforços mecânicos oriundos de movimentações estruturais das
próprias placas e/ou da estrutura principal da edificação. Também, outras movimentações,
como dilatações e retracções térmicas, são absorvidas pelas juntas.

A última etapa da montagem consiste em realizar a vedação das juntas entre placas
ou entre elementos construtivos. Para isto são utilizadas fitas de papel micro-perfuradas,
massas especiais flexíveis, para evitarem-se fissuras, e colas para calafetação. Por fim, a
partição está pronta para receber seu acabamento final, podendo-se utilizar os acabamentos
convencionais aplicados comumente em alvenarias.

38
Para as portas e janelas são normalmente deixados os vãos abertos para
posteriormente colocação das esquadrias, cujo procedimento é feito de duas maneiras.
Através da aplicação de espuma expansiva de poliuretano ou através de aparafusamento do
caixilho no perfil metálico leve ou nas tiras de madeiras previamente deixadas em espera
para tal finalidade.

Para melhoria do sistema é possível a utilização de métodos e materiais conjugados


e complementares, como a utilização de duas ou mais placas sobrepostas na espessura ou a
colocação de mantas de lã mineral no vazio interior, para maior isolamento sonoro e
propriedades térmicas e, ainda, a utilização de mais elementos estruturais metálicos
visando o aumento da resistência a cargas apoiadas.

Os dados principais necessários para o dimensionamento das placas de gesso


acartonado, recorrem as características locais dos edifícios (área, comprimento e largura)
em que se pretende aplicar de acordo com CIOCCHI (2003). A figura a seguir, mostra a
configuração para dimensionamento de parede de gesso acartonado.

Figura 2.5: Dimensionamento de parede de gesso acartonado (fonte: CIOCCHI 2003).

As placas de gesso deverão ser reforçadas com aditivos incorporados ao gesso com
o objectivo de melhorar a propriedade específica a que se destina, nestes casos os aditivos
deverão ser resistentes a humidade e ao fogo, nalgumas vezes adicionando um outro

39
material para melhorar o isolamento acústico. Nas figuras que se seguem, mostram-se a
aplicação de placa de gesso acartonado em uma parede estrutural e sua planta baixa.

Figura 2.6: Planta Baixa (Fonte: Archicad 16)

Figura 2.7: Aplicação da chapa em revestimento estruturado (Fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005)

O revestimento com chapas de gesso acartonado é muito utilizado nas obras de


paredes de alvenaria ou na recuperação/reabilitação de edifícios para melhorar o
isolamento acústico do ambiente, associando-se neste caso materiais isolantes as chapas.

Com efeito, para se aplicar essa técnica é composto basicamente por três (3) que
são:

40
- Revestimento colado (directo): as placas são coladas directamente sobre a
alvenaria sendo usada massa adesiva disposta sobre a superfície da parede, podendo
receber reforço com a utilização de pregos. Nesse sistema não é possível ocupar o espaço
criado entre a parede e as placas, na figura a seguir se ilustra a execução chapa em um
revestimento colado.

Figura 2.8: Aplicação de placa de gesso acartonado em parede estrutural. Legenda: 1- parede
estrutural; 2- massa adesiva (cola); 3 placa de gesso acartonado (Fonte: GESSO NA ARQUITETURA,
2005).

- Revestimento intermediário: sistema constituído estruturas metálicas ou de


madeiras que são fixadas no piso e no tecto, que serve de suporte para a colocação das
chapas de gesso acartonadas em ambos lados das estruturas e um outro material para
melhorar ainda mais o isolamento acústico, para servir de divisão interior de um
compartimento, como se ilustra na figura a seguir.

41
Figura 2.9: Aplicação da chapa em revestimento intermediário (Fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005).

- Revestimento estruturado (indirecto): são utilizados guias e montantes sendo


instalada somente em um lado a chapa de gesso acartonado do outro lado fica localizada a
alvenaria. A forma de montagem e os componentes utilizados permitem que o
revestimento seja configurado para atender a diferentes níveis de desempenho, de acordo
com as exigências ou necessidades de cada ambiente em termos mecânicos, acústicos,
térmicos e de comportamento frente ao fogo. Nesse sistema é possível ocupar o espaço
criado entre a parede e a chapa. A figura abaixo mostra a aplicação da chapa em um
revestimento estruturado.

Figura 2.10: Aplicação de placa de gesso acartonado em parede estrutural. Legenda: 1- parede estrutural; 2-
estrutura metálica; 3 placa de gesso acartonado (Fonte: GESSO NA ARQUITETURA, 2005).

42
O revestimento directo é indicado quando se tem uma superfície de aplicação
aproximadamente nivelada (a máxima irregularidade admitida da parede é 15 mm).

Quando se deseja ou se precisa de alta performance acústica o revestimento


estruturado é o indicado. Todos os elementos possuem diversos componentes para
adaptação a necessidades específicas de cada caso.

Existem várias soluções no que diz respeito relativamente ao isolamento dos sons
aéreos dos elementos de compartimentação, podem ser utilizadas soluções de alvenaria
simples, duplas ou de elementos de compartimentação aligeirados. Estas soluções aqui
apresentadas, melhoram o isolamento acústico, aumentando o índice de redução sonora,
sendo a mais baixa em revestimento directo um índice de redução sonora de Rw = 48 dB,
seguindo-se o revestimento estruturado com um índice de redução sonora até Rw = 55 dB
já que existe um espaço crido entre a alvenaria e a chapa de gesso, possibilitando assim o
seu preenchimento com outros materiais como lã de vidro, lã de rocha, etc., e por último
vem o revestimento intermédio com um índice de redução sonora até Rw = 61 dB por
envolver em cada lado uma chapa de gesso, e criando um espaço entre elas que servira
para melhorar o isolamento acústico aplicando outros materiais com os citados acima.

43
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclusão

No âmbito deste trabalho foram estudados soluções de reabilitação acústica em


revestimentos, corrente em edifícios, localizados sobretudo na Rua Alfredo Lawley. Tais
soluções consistem na alteração da superfície do revestimento, através da implementação
de revestimentos de chapas de gesso acartonado sobre a parede interior dos. A importância
da pesquisa se deve principalmente a crescente poluição sonora nos principais centros
urbanos, proveniente do tráfego rodado. Desta forma, o conhecimentos das técnicas,
processos e materiais a serem utilizados para um melhor condicionamento acústico dos
ambientes de trabalho, das residências entre outros, torna-se cada dia mais imprescindível
para a sociedade.

A pesquisa feita sobre o material de gesso acartonado, apresentou as suas principais


características, revelando um grande potencial de qualidade para construção civil. É um
material versátil que traz inovação e atende várias necessidades arquitectónicas.
Apresentando um bom desempenho, de custo e beneficio. Podendo substituir matérias mais
caros, e de difícil manutenção como principal exemplo a alvenaria convencional.
Possibilitando métodos simples para construção e modificação se necessário. Sendo de
exclusivo uso interno. Desempenha também um importante papel para meio ambiente, pois
é totalmente reciclável, desde as chapas de gesso até os demais componentes que é
constituído para sua montagem na obra. Podendo substituir matérias mais caros, e de difícil
manutenção como principal exemplo a alvenaria convencional. Possibilitando métodos
simples para construção e modificação se necessário. Sendo de exclusivo uso interno.

Convém realçar que existe a necessidade de realizar investigação sobre vários


aspectos relacionados com a utilização destes sistemas antes que os mesmos possam ser
utilizados com confiança. E apesar de não se apresentar os dados claros das dimensões das
chapas é importante frisar que o campo de acção se restringe no estudo de poluição sonora
e inovação de uma nova técnica. É de salientar no caso dos revestimentos com chapas de
gesso acartonado e diferentes materiais absorventes/isolantes apresentam um melhor
comportamento a sons aéreos. Tal facto deve-se a uma maior massa interior no espaço

44
criado pela parede, estrutura metálica e a chapa de gesso. Para tal facto aponta para a
necessidade de serem efectuados mais estudos deste tipo de modo a reduzir as incertezas e
os receios que ainda lhe estão associados.

Pode-se ainda concluir que o conteúdo do presente trabalho, de fato, poderá ajudar
na elaboração de um projecto e procedimentos executivos para execução e montagem de
revestimentos com chapas de gesso acartonado, tendo sido, desta forma, alcançados os
principais objectivos da presente pesquisa.

45
Recomendações

Para desenvolvimentos futuros recomenda-se:

- Fazer estudo do impacto ambiental e orçamental desta nova técnica;

- Fazer uma análise detalhada dos níveis de ruído (níveis sonoros) em fachadas de
edificações sensíveis existentes às margens de Ruas/ Avenidas com fluxo de trafego
elevados;

- Fazer um estudo aprofundado sobre o processo de instalação desta técnica e executar o


isolamento acústico dos edifícios;

- Identificar novas técnicas complementares ou similares à esta de modo a melhorar ainda


mais o conforto acústico em edifícios já existentes;

46
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http://www.metalica.com.br/artigos-tecnicos/manual-fixac-o-manutenc-o-e-acabamento-
de-drywall

http://arteestilogesso.blogspot.com.br/

49
AVALIAÇÃO FINAL - PARECER DO ORIENTADOR

Engo Michael Mendes Santos, Docente na Faculdade de Ciências e Tecnologias,


da Universidade Zambeze, vem na qualidade de orientador da Monografia de Licenciatura
submetida por Egas Vicente Ciedade Mendiate, com o tema “APLICAÇÃO DO GESSO
ACARTONADO EM EDIFÍCIOS COMO FORMA DE MINIMIZAR O RUÍDO
PROVOCADO PELO TRÁFEGO RODADO, NUM TROÇO DA RUA ALFREDO
LAWLEY - BEIRA” declarar que o trabalho apresentado pelo Candidato reúne a
qualidade científica e as condições necessárias para que o aluno seja submetido á prova de
defesa para obter o grau de Licenciatura em Engenharia Civil.

Beira, aos ___ de ____________de 2016

________________________________________

Engo Michael Mendes Santos

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