Você está na página 1de 301

Manual de Curso de Licenciatura em F.

Públicas

2012 – FINANÇAS
PÚBLICAS
Reforma, da origem a Modernização no Sector Público, em Moçambique

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
CED
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
processos judiciais.

Elaborado Por: Manuel Bissopo Salacuchepa

Mestre em Políticas Económicas

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância-CED
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa·
Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0

Fax: 23 32 64 06
E-mail: ced @ ucm.ac.mz
Website: www. ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
Manuel Bissopo Salacuchepa (MSc), gostaria de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e
instituições na elaboração deste manual:

Pela maquetização e edição Dr.Filomena Simoni Camurai

Mestre em Gestão e administrçao de Empresas

Pos Graduada em Ciencia politica; Relações


Internacionais e Governação

Pela Revisão Final Dr.Filomena Simoni Camurai

Pelo apoio em Material João Raimundo Sulude N´taba


Mestre em Ciências Económicas
Pela revisão do índice
Joaquim Alexandre Janeiro Tembe
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS i

Índice
Visão geral 7
Benvindo a FINANÇAS PÚBLICAS. A Complexidade de um conceito de actividade
financeira centrada sobre o sector público ...................................................................... 7
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 7
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 8
Como está estruturado este módulo................................................................................ 8
Ícones de actividade ...................................................................................................... 9
Acerca dos ícones ................................................................................................. 9
Habilidades de estudo .................................................................................................. 10
Precisa de apoio? ......................................................................................................... 11
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................ 11
Avaliação .................................................................................................................... 12

Unidade I 13
Introdução ao Estudo Finanças Públicas ...................................................................... 13
Introdução ................................................................................................................... 13
1.1. Conceito de Finanças públicas .................................................................. 13
1.2. Finanças Públicas ..................................................................................... 15
1.3. Perspectivas de Estudo de Fenómeno Financeiro ......................................... 15
1.4. Objectivos do Estudo de Finanças Públicas .................................................. 16
1.5. Objecto do estudo das Finanças Públicas ..................................................... 18
1.6. Finanças Públicas e Finanças Privadas ......................................................... 19
Sumário ....................................................................................................................... 21
Exercícios.................................................................................................................... 22

Unidade II 23
Necessidades vs os Bens.............................................................................................. 23
Introdução .......................................................................................................... 23
2.1. Tipos de Necessidades ................................................................................. 23
2.2. Os Bens ....................................................................................................... 27
2.3. O resumo dos Bens de Consumo Rival Vs Bens de Consumo Não Rival...... 31
Sumário ....................................................................................................................... 32
Exercícios.................................................................................................................... 33

Unidade III 34
A Politica Pública ........................................................................................................ 34
Introdução .......................................................................................................... 34
3.1. Função do Estado ........................................................................................ 34
3.2. Externalidades, Bens Publicos e outras Falhas de Mercado .......................... 36
3.3. Politicas de correcção das externalidades ..................................................... 39
3.4. Bens Públicos .............................................................................................. 44
3.5. Bens Semi-Públicos ..................................................................................... 46
3.6. Ineficiências associadas à Provisão Privada de Bens Públicos ...................... 47
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS ii

Sumário ....................................................................................................................... 48
Exercícios.................................................................................................................... 48

Unidade IV 49
Finanças Públicas como Instrumentos da Política Económica ...................................... 49
Introdução .......................................................................................................... 49
4.1. Função do Estado ........................................................................................ 49
4.2. A Função da Afectação ............................................................................... 50
4.3. A Função Distribuição ................................................................................ 51
4.4. A Função de Estabilização ........................................................................... 52
Sumário ....................................................................................................................... 56
Exercícios.................................................................................................................... 56

Unidade V 57
Política Financeira do Estado....................................................................................... 57
Introdução .......................................................................................................... 57
5.1. Politica de Redistribuição ............................................................................ 57
5.2. Politica de Estabilização .............................................................................. 59
5.3. Os ciclos económicos .................................................................................. 61
Sumário ....................................................................................................................... 64
Exercícios.................................................................................................................... 64

Unidade VI 65
Politica Financeira Anteciclica do Estado .................................................................... 65
Introdução .......................................................................................................... 65
6.1. Politica Financeira Anteciclica..................................................................... 65
6.2. Politica Finaceira Anti - Inflacionista ........................................................... 67
6.3. A Politica de Desenvolvimento e Subdesenvolvimento Economica .............. 70
6.4. Politica de Finanças de Desenvolvimento .................................................... 74
Sumário ....................................................................................................................... 74
Exercícios.................................................................................................................... 75

Unidade VII 76
Sistemas Fiscais ....................................................................................................... 76
Introdução .......................................................................................................... 76
7.1. A Tributação................................................................................................ 76
7.2. Sistemas Tributários .................................................................................... 77
7.3. Sistema Tributário da República de Moçambique ........................................ 79
7.4. Composição do Sistema Fiscal Moçambicano .............................................. 81
7.5. Estrutura de Tributação em Moçambique..................................................... 84
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS iii

Sumário ....................................................................................................................... 85
Exercícios.................................................................................................................... 86

Unidade VIII 87
Receitas Públicas ......................................................................................................... 87
Introdução .......................................................................................................... 87
8.1. Conceito, Características & Tipos de Receitas Públicas ............................... 87
8. 2. Classificação económica das receitas .......................................................... 92
Resumo ....................................................................................................................... 95
Sumário ....................................................................................................................... 98
Exercícios.................................................................................................................... 98

Unidade IX 99
As Receitas das Autarquias locais ................................................................................ 99
Introdução .......................................................................................................... 99
9.1. Receitas Públicas ......................................................................................... 99
Sumário ..................................................................................................................... 106
Exercícios.................................................................................................................. 106

Unidade X 107
Despesas Públicas ..................................................................................................... 107
Introdução ........................................................................................................ 107
10.1. Conceito, Classificação e Tipos de Despesas ........................................... 107
Sumário ..................................................................................................................... 112
Exercícios.................................................................................................................. 113

Unidade XI 114
Orçamento de Administração Pública ........................................................................ 114
Introdução ........................................................................................................ 114
11.1. Noções e Função do Orçamento ............................................................... 114
11.2. As Diferentes Ópticas de Orçamentos ...................................................... 121
Sumário ..................................................................................................................... 123
Exercícios.................................................................................................................. 123

Unidade XII 124


Orçamento do Estado como Subsistema do Sistema de Administração Financeira do
Estado, Lei 09/2002, de 12 de Fevereiro .................................................................... 124
Introdução ........................................................................................................ 124
12.1. Organização e Competências ................................................................... 124
12.2. Orçamento por Programa ......................................................................... 128
12.3. Elaboração da Proposta Orçamental: ........................................................ 129
12.4. Apresentação do Orçamento .................................................................... 132
12.5. Execução do Orçamento do Estado .......................................................... 133
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS iv

Sumário ..................................................................................................................... 134


Exercícios.................................................................................................................. 135

Unidade XIII 136


Instruções sobre a Execução Orçamental ................................................................... 136
Introdução ........................................................................................................ 136
8.1. Instruções sobre a Execução Orçamental ................................................... 136
8.2. Requisição de Fundos ................................................................................ 136
8.3. Modelo de Requisição de Fundos I ............................................................ 137
8.4.Modelo de Requisição de Fundos II ............................................................ 139
8.5.Utilização dos fundos ................................................................................. 142
8.6.Contas Bancárias ........................................................................................ 143
8.7. Dotações Orçamentais ............................................................................... 144
8.8.Dotação Disponível .................................................................................... 144
8.9. Alterações Orçamentais ............................................................................. 145
Sumário ..................................................................................................................... 146
Exercícios.................................................................................................................. 147

Unidade XIV 148


Execução do Orçamento ............................................................................................ 148
Introdução ........................................................................................................ 148
14.1. Procedimentos de Execução e Controle do Orçamrnto ............................. 148
14.2. Fonte de Financiamento do Orçamento .................................................... 152
14.3. Balanço Orçamental................................................................................. 155
Sumário ..................................................................................................................... 170
Exercícios.................................................................................................................. 171

Unidade XV 172
Orçamento Autartico ................................................................................................. 172
Introdução ........................................................................................................ 172
15.1. Orçamento das Autarquias ....................................................................... 172
15.2. Princípios e Regras Gerais para a Elaboração de Orçamento .................... 175
Sumário ..................................................................................................................... 178
Exercícios.................................................................................................................. 178

Unidade XVI 179


Lugares e Papel das Finanças Públicas na Integração Regional .................................. 179
Introdução ........................................................................................................ 179
16.1. A Integração Económica Regional ........................................................... 179
16.2. Tipologia de Integração Regional ............................................................ 181
16.3. Futuro incerto da SADC ou adiamento sine die do seu sonho.(*) ............. 185
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS v

Sumário ..................................................................................................................... 187


Exercícios.................................................................................................................. 188

Unidade XVII 189


Eestrategia de Moçambique para a Integração Regional............................................. 189
Introdução ........................................................................................................ 189
17.1. Estratégia de Moçambique para a Integração Regional............................. 189
17.2. Serviços de Transporte e Comunicações .................................................. 193
Sumário ..................................................................................................................... 200
Exercícios.................................................................................................................. 200

Unidade XVIII 201


A Contabilidade Pública ............................................................................................ 201
Introdução ........................................................................................................ 201
18.1. Contabilidade Publica .............................................................................. 201
18.5. Campo de aplicacão ................................................................................. 205
18.6. Livros obrigatórios aplicados na Contabilidade Pública em Moçambique 206
18.8. Contabilidade Pública como Subsistema do Sistema de Administração
Financeiro do Estado, Lei 09/ 2002, de 12 de Fevereiro .................................... 209
Sumário ..................................................................................................................... 211
Exercícios.................................................................................................................. 212

Unidade XIX 213


Conta Geral do Estado ............................................................................................... 213
Introdução ........................................................................................................ 213
19.1. Conta Geral do Estado ............................................................................. 213
19.2. O Plano Básico de Contabilidade Pública ................................................ 215
Sumário ..................................................................................................................... 220
Exercícios.................................................................................................................. 221

Unidade XX 222
Critérios de Valorimetria ........................................................................................... 222
Introdução ........................................................................................................ 222
20.1. Critérios de Valorimetria ......................................................................... 222
Resultado Patrimonial do Exercício ........................................................ 231
Contas de ordem ..................................................................................... 231
Sumário ..................................................................................................................... 233
Exercícios.................................................................................................................. 233

Unidade XXI 234


Movimentação das Contas ......................................................................................... 234
Introdução ........................................................................................................ 234
21.1. Âmbito de Movimentação das Contas ...................................................... 234
21.1.9. Despesas De Capital.................................................................. 249
21.1.12. Resultado Orçamental (Diminutivo) ........................................ 253
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS vi

Despesa Orçamental (5.1.1.0.0.00)......................................................... 253


21.1.16. Resultado Patrimonial ............................................................. 259
Contas de ordem activas diversas (7.9.0.0.0.00) ...................................... 264
21.1.24. Execução Orçamental da Despesa (Passiva) ............................ 265
Movimentação de dotação orçamental (8.2.2.0.0.00)............................... 266
Detalhamento de Dotação (8.2.3.0.0.00) ................................................. 266
21.1.25. Execução da Programação Financeira (Passiva)....................... 267
Despesas por pagar canceladas (8.4.9.0.0.00)......................................... 269
Sumário ..................................................................................................................... 270
Exercícios.................................................................................................................. 271

Unidade XXII 272


Resultado Patrimonial ............................................................................................... 272
Introdução ........................................................................................................ 272
22.1. Resultado Patrimonial .............................................................................. 272
22.2. Execução Orçamental da Receita (Activa) ............................................... 273
22.3. Fixação Orçamental da Despesa (Activa) ................................................. 273
22.4. Execução da Programação Financeira (Activa) ........................................ 275
22.5. Execução das Despesas por Pagar (Activa) .............................................. 276
22.6. Inscrição das Despesas por Pagar(Activa) ................................................ 276
22.7. Execução de Acordos e Contratos ............................................................ 276
Contas de ordem activas diversas (7.9.0.0.0.00) ...................................... 277
22.8. Previsão Orçamental da Receita ............................................................... 278
22.9. Execução Orçamental da Despesa (Passiva) ............................................. 278
Movimentação de dotação orçamental (8.2.2.0.0.00)............................... 279
Detalhamento De Dotação (8.2.3.0.0.00) ................................................ 279
22.10. Execução da Programação Financeira (Passiva) ..................................... 280
22.11. Execução das Despesas por Pagar (Passiva) ........................................... 281
Despesas por pagar canceladas (8.4.9.0.0.00)......................................... 282
22.12. Direitos e Obrigações Acordadas ........................................................... 282
22.13. Operações Contabilísticas ...................................................................... 282
Sumário ..................................................................................................................... 283
Exercícios.................................................................................................................. 283

Unidade XXIII 284


O Fenómeno Financeiro ............................................................................................ 284
Introdução ........................................................................................................ 284
23.1. O Fenómeno Financeiro ........................................................................... 284
23.2. A Perspectiva Política do fenómeno Financeiro ................................................ 285
23.3 A Perspectiva Económica do Fenómeno Financeiro ........................................... 288
23.4. Actividade Financeira como forma de satifação de necessidades ............ 291
23.5. A satisfação passiva das necessidades...................................................... 292
23.6. Os meios da Actividade Financeira .......................................................... 294
Sumário ..................................................................................................................... 295
Exercícios.................................................................................................................. 295
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 296
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 7

Visão geral
Benvindo a FINANÇAS PÚBLICAS.
A Complexidade de um conceito
de actividade financeira centrada
sobre o sector público

Objectivos da cadeira
Quando terminar o estudo de Finanças Públicas – A Complexidade de um
conceito de actividade financeira centrada sobre o sector público; o
cursante será capaz de:

 Identificar os Sectores Públicos no geral;


 Explicar o funcionamento do Sector Público
 Explicar a natureza das actividades do Sector Público e identificação
Objectivos da fonte das receitas deste Sector;
 Descrever o processo de arrecadação das receitas Públicas;

 Posicionar a Finanças públicas no contexto das outras ciências sociais;

 Explicar a interdisciplinaridade das ciências sociais;


 Explicar a diferença que existe entre Finanças Públicas e as Privas;

 Identificar as primeiras fontes das finanças Públicas e das Finanças


Privadas;

 Saber classificar bens públicos, fornecidor dos mesmos e sua razão de


ser

 Descrever o Processo de Orçamento na Administração Pública;

 Explicar as etapas do processo Orçamental;

 Caracterizar cada processo Orçamental;

 Explicar os principios e regras para elaboração de Orçamento


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 8

 Identificar as leis das finanças Autarquicas e o quadro legal das


Autarquias Locais;

 Relacionar os bens públicos dos bens privados e sua formação;


 Identificar as Principais acepções da expressão “Finanças Públicas”

 Identificar o mérito das Finanças Públicas no desenvolvimento


político e social-económico;

 Destacar a eficiência na afectação de recursos

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram
frequentar o Curso de Administração Públicas, que estão a frequentar o
Curso de Licenciatura em Ensino de Administração Públicas, do Centro
de Ensino a Distancia. Estende-se a todos que queiram consolidar os seus
conhecimentos sobre este ramo.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 9

Conteúdo do curso/módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou
mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso/módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso/módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 10

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente


de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/ca-
fé/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-
semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio
sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo de 30 em 30
minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.

Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar para ter maior produtivamente, decidindo quanto tempo será
dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma


necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 11

Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado


desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacte-o pessoalmente.

Os tutores tem por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores tem por obrigação facilitar a interacção, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-se mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 12

que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período


presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem
ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e
materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente
referenciados, respeitando os direitos do autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti
desenvolvidos, durante o estudo individual, concorrem para os 25% do
cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos, 2
(dois) teste e 1 (um) exame. Não estão previstas quaisquer avaliações
orais.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como


ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações,
os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência
textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão
indicados no manual. Consulte-os.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 13

Unidade I
Introdução ao Estudo Finanças
Públicas

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam o que é Finanças
Públicas, as ascepcções do termo “Finanças Públicas”, formas de
organização do sector publico.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Finanças Públicas e Finanças Privadas;


 Enumerar as formas de organização sectorial na Administração
Objectivos Pública;
 Explicar o fenómeno Financeiro do Estado;
 Caracterizar as finanças públicas.

1.1. Conceito de Finanças públicas


Conceito, objectivos, objecto e diferenças entre finanças públicas e
privadas

Que são finanças de uma empresa?

Muitos sem precisar de pensar, respondem que são os seus meios


financeiros. Pela sua origem, finanças - são relações monetárias.

Todavia, nem todas relações monetárias são financeiras.

Relações monetárias transformam-se em financeiras, quando o fluxo


(movimentação) monetário adquire autonomia: Como resultado da
produção de bens/serviços e a sua posterior realização conseguem obter
rendimentos monetários (recursos financeiros).
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 14

Finanças - São meios e instrumentos financeiros, que são os valores


monetários, em espécie e os créditos adquiridos e aplicados na compra de
bens/ serviços ou como reserva de valor para o alcance de um certo fim.

Portanto, a ciência das Finanças estuda a actividade financeira, isto é, o


conjunto das relações financeiras ligadas á formação, aplicação e o controle
dos meios financeiros com o objectivo de alcançar um determinado
objectivo.

O que é Finanças Públicas?

Finanças Públicas, são as actividades económicas através do qual o


estado ou outro ente público afecta bens económicos1 para a satisfação
de certas necessidades sociais.

Quando surgem as Finanças Públicas?

As Finanças Públicas, surgem como consequência da incapacidade do


mercado em prover bens e serviços para a satisfação das necessidades
colectivas. Entende-se como necessidade colectiva as carências comuns
sentidas por uma colectividade. O exemplo disso são a falta de estradas
para a circulação de pessoas e bens, a falta de Escolas Públicas onde as
crianças possam estudar, a falta de protecção dos Cidadãos. A função de
prover bens e serviços públicos é exclusiva do estado.

Por quê da existência de Finanças Públicas?

As Finanças Públicas surgem como necessidade de gestão de coisa


pública, porque o estado emprega dinheiro para realizar as suas
actividades.

A Actividade Financeira Pública, para poder ser desenvolvida supõe que


se tenham tomado decisões financeiras e que exista um substracto
organizacional e humano que não só as haja preparar como as vá
executar.

1
Bem económico - é aquele que a sua oferta tem preço e é um bem escasso ao
contrário do bem livre.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 15

Mas, para que a actividade financeira possa ter um conteúdo tangível, é


ainda necessário conhecer, designadamente, quais os instrumentos
financeiros que os decisores políticos podem utilizar para desenvolver a
Actividade Financeira Pública, cujo fim, é o de prover à satisfação das
necessidades públicas, individuais ou colectivas, que o Estado se propõe
realizar.

1.2. Finanças Públicas


 Principais acepções da expressão "Finanças Públicas"

A expressão Finanças Públicas pode ser utilizada em três sentidos


diferentes, a saber:

1.2.1. Em sentido orgânico, as Finanças Públicas designam o


conjunto de órgãos do Estado ou de outro ente público que
tem por função gerir os recursos económicos destinados a
satisfazer determinadas necessidades sociais;

1.2.2. Em sentido objectivo, as Finanças Públicas designam a


actividade em si desenvolvida pelo Estado ou outro ente
público com vista à afectação dos meios económicos neces-
sários à satisfação de determinadas necessidades sociais e,

1.2.3. Em sentido subjectivo, as Finanças Públicas é usada para


identificar a disciplina científica que estuda os princípios e as
regras ou leis que regem a actividade financeira do Estado e
demais entidades públicas com vista à satisfação das
necessidades que lhes estão confiadas.

Em suma: o que nos leva a estudar as Finanças Públicas é,


fundamentalmente, a existência de uma actividade financeira pública, que
se traduz em obter receitas para a realização de despesas com vista à
satisfação de necessidades colectivas.

1.3. Perspectivas de Estudo de Fenómeno Financeiro


O estudo do fenómeno financeiro envolve três aspectos distintos
igualmente essenciais e com grandes repercussões ao nível da decisão
financeira pública:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 16

1.3.1. O aspecto jurídico, que nos obriga a estudar os princípios e as


regras que regem a actividade financeira pública

1.3.2. O aspecto económico, que nos obriga a estudar os diversos


sistemas económicos

1.3.3. O aspecto político-social, que nos obriga a estudar a forma de


organização do Estado e a sua componente política para um
afecta o outro. Os indivíduos envolvidos em um grupo devem
procurar alcançar os objectivos estabelecidos;

Finalidade social: é a razão de ser e do objectivo do grupo (ex.


económica, religiosa, cultural, filantrópica, corporativa, etc.);

Permanência: Para que um grupo seja considerado como tal, é


necessário que a interacção entre os membros se prolongue durante
determinado período de tempo (semanas, meses ou anos). As interacções
passageiras não chegam a formar grupos sociais organizados, forma sim
os chamados (agregados sociais – público, multidão, massa), que se
podem reunir em eventos de pouca duração. Ex. comícios, espectáculos,
greves, etc.

1.4. Objectivos do Estudo de Finanças Públicas


 Objectivo das Finanças Públicas

O objectivo fundamental das Finanças Públicas é o estudo da actividade


fiscal, ou seja aquela desempenhada pelos poderes públicos com o
propósito de obter e aplicar recursos para realizar despesas e investimento
dos Serviços Públicos. Assim a política Fiscal orienta-se em duas
direcções:

1.4.1. Política Tributária que se materialize na capitação de recursos


para atendimento das funções da administração pública

1.4.2. Política Orçamental que pretende atingir objectivos que podem


ser assim sumarizados:

 Eficiência na afectação de recursos;


 Distribuição adequada de rendimentos;
 Estabilidade económica;
 Crescimento e desenvolvimento económico.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 17

 Compreendamos cada um dos objectivos.

1.4.2.1. Eficiência na afectação de recursos

Um dos vectores da actividade financeira do Estado é a execução de


programas de despesas que constituem a aplicação de recursos a
determinados sectores e agentes económicos com vista a alcançar os
objectivos pré – determinados.

Como isto é possível?

Considere uma hipotética produção de material escolar por uma empresa.


Esta empresa pratica um determinado nível de preços, traduzindo as
condições de produção e os custos de diferentes factores de produção. O
Estado, verificando que, os preços praticados 90% dos alunos
correspondendo a famílias de baixo rendimento não tem acesso aquele
material escolar e face ao interesse de que reveste a utilização daquele
produto para os seus objectivos na educação o Estado decide adquirir o
material escolar à empresa produtora e proceder a posterior venda aos
alunos a preços bonificados, consoante o rendimento familiar

1.4.1.2. Distribuição adequada de rendimento

Para garantir uma distribuição adequada de rendimento os Estado


intervêm através de Finanças Públicas em dois sentidos:

 Primeiro subtraindo parte dos rendimentos individuais e


empresariais, através do sistema de tributação;
 Segundo, aplicando as receitas obtidas em programas de despesas
que beneficiam, directa ou indirectamente a população e as
empresas

Resumindo os objectivos das finanças públicas:

É a satisfação das necessidades colectivas de cidadões, assim com essa


finalidade que deve ou que tem de nortear todo o conteúdo das finanças
públicas.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 18

1.4.1.3. Estabilidade económica

O Estado está privilegiadamente colocado para regular o fluxo circular do


Produto e do rendimento Nacional, e neste contexto adoptar os meios
para anular possíveis e indesejadas flutuações.

1.4.1.4. Crescimento e desenvolvimento económico

O crescimento económico, que em termos reais é avaliado pelo


crescimento real do PIB à um ritmo maior que o crescimento
populacional, devera ser um dos objectivos da política económica dos
Governos e da actividade financeira do estado.

O crescimento económico pode, no entanto realizar se sem que inicie um


processo de desenvolvimento económico.

O desenvolvimento económico é no essencial, um processo dinâmico


visando alcançar a progressiva redução dos desequilíbrios entre regiões e
na distribuição do rendimento nacional.

Por exemplo, a afectação de parte de receitas do Estado a programas de


investimento que aumenta a capacidade produtiva instalada é um
instrumento mais poderoso que o estado detém para quebrar o
subdesenvolvimento.

1.5. Objecto do estudo das Finanças Públicas


O objecto das Finanças Públicas abrange o estudo de todos aspectos
que envolvem a aquisição e a utilização de recursos económicos, pelo
estado com vista alcançar determinados níveis de emprego, crescimento,
desenvolvimento e de distribuição de rendimento, através de bens e
prestação de serviços.

O Estado tem as finanças públicas porque precisa de fazer despesas com


a produção de bens públicos. Mas os bens são coisas úteis, são objectos
do mundo externo considerados aptos para a satisfação de necessidades,
por conseguinte as necessidades que o Estado satisfaz não podem ser
necessidades dele próprio, pois as necessidades são desejos insatisfeitos,
e o Estado não é um indivíduo, mas uma colectividade de indivíduos, e,
como tal, não tem conteúdo psíquico, não pensa nem sente, e portanto
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 19

não pode ter desejos. Dai que as essas necessidades, apesar de satisfeitas
pelo Estado, tenham de ser necessidades de indivíduos.

A satisfação das necessidades faz-se mediante a utilização de bens.


Simplesmente, há casos em que, para utilizar os bens, é preciso procura-
los; e outros em que, para os utilizar, basta eles existirem. Ex: é o caso de
alimentação e da defesa do território.

Para que uma pessoa se alimente, não basta que os bens existam, que os
víveres tenham sido produzidos; é preciso que essa pessoa os procure,
que desenvolva, portanto, uma actividade para os utilizar. Enquanto, os
habitantes de um determinado território sentem a necessidade de ser
permanentemente defendidos contra ataques externos, mediante o serviço
do exercito. Assim, basto esse serviço seja criado, basta que exista, para
que todos o utilizem, isto é, para que todos satisfaçam a sua necessidade
de defesa do território.

1.6. Finanças Públicas e Finanças Privadas


Finanças Públicas e Finanças Privadas

1.6.1. Caracterização

Finanças Públicas, preconizam o estudo das relações financeiras ligadas a


formação (angariação), aplicação e o controle dos recursos financeiros
pelas entidades públicas, com vista a satisfação das necessidades em bens e
serviços públicos, isto é, a actividade financeira das entidades públicas
enquadra-se nas Finanças Públicas. Enquanto, Finanças Privadas,
preconizam o estudo das relações financeiras ligadas a formação
(aquisição), aplicação e o controle dos recursos financeiros pelos
particulares (privados) com o objectivo de incrementa-los, quer dizer,
obtenção de lucro, isto é, a actividade das pessoas singulares e colectivas
privadas se considera no âmbito das Finanças Privadas.

1.6.2. Diferenças entre Finanças Publicas e Privadas

A actividade financeira das entidades públicas enquadra-se nas Finanças


Públicas enquanto a actividade das pessoas singulares e colectivas
privadas se considera no âmbito das Finanças Privadas. As finanças
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 20

Públicas distinguem-se claramente das privadas quanto ao fim que


prosseguem quer quanto aos meio utilizados.

1.6.2.1. Quanto aos meios de financiamento ou melhor quanto aos


meios utilizados:

As Finanças Públicas, utilizam meios de financiamentos obtidos através


do exercício do poder de coação. Para dizer que, os recursos das finanças
Públicas advêm das contribuições autoritariamente imposta pelo estado
aos cidadãos, isto é, o estado coage ao cidadão a contribuir, sob a forma
genérica de tributos, enquanto que, as Finanças Privadas utiliza meios
de financiamentos provenientes da troca dos bens2 e serviços produzidos
no mercado, isto é, os recursos que resultam dos preços pagos pelos
cidadãos, estabelecidos segundo uma forma negocial

1.6.2.2. Quanto ao objectivo (Quanto ao seu fim):

As Finanças Públicas providenciam bens e serviços para satisfazer


necessidades públicas, isto é, satisfação das necessidades colectivas da
sociedade; enquanto que, Finanças Privadas, sendo a lógica do mercado a
obtenção do lucro, são ela que vai presidir a todas as regras de
funcionamento das Finanças Privadas, isto é, as Finanças Privadas
providenciam bens e serviços que colocam no mercado destinados a
satisfazer necessidades individuais ou particulares (privadas).

1.6.2.3. Quanto às relações entre Receitas e Despesas.

2
Bens – são meios aptos a satisfação de necessidades (é tudo aquilo que
é capaz de satisfazer uma necessidade) Em sentidos económicos
caracterizam-se pela escassez, acessibilidade e utilidade.

Bem – objecto, instrumento, meio ou elemento material que, em função


de sua escassez, tem valor e pode satisfazer, directa ou indirectamente,
um desejo ou uma necessidade humano.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 21

Em relação as Finanças Privadas, são as receitas que determinam as


despesas. Uma entidade privada não pode efectuar mais despesas do que
o montante que prevê arrecadar com a venda do seu bem/ serviço.
Enquanto que, as Finanças Públicas, aparentemente são as despesas que
determinam as receitas, mas, há que ter em conta que o Estado determina
as receitas e as despesas em função do que pretende atingir.

Sumário
Finanças, são meios e instrumentos financeiros, que são os valores
monetários, em espécie e os créditos adquiridos e aplicados na compra de
bens/ serviços ou como reserva de valor para o alcance de um certo fim.

Ciência das Finanças, estuda a actividade financeira, isto é, o conjunto das


relações financeiras ligadas á formação, aplicação e o controle dos meios
financeiros com o objectivo de alcançar um determinado objectivo.

Finanças Públicas, são as actividades económicas através do qual o


estado ou outro ente público afecta bens económicos para a satisfação de
certas necessidades sociais.

Política Tributária, que se materialize na capitação de recursos para


atendimento das funções da administração pública

Política Orçamental, que pretende atingir objectivos que podem ser assim
suma rizados:

 Eficiência na afectação de recursos;


 Distribuição adequada de rendimentos;
 Estabilidade económica;
 Crescimento e desenvolvimento económico.

Eficiência na afectação de recursos, um dos vectores da actividade


financeira do Estado é a execução de programas de despesas que
constituem a aplicação de recursos a determinados sectores e agentes
económicos com vista a alcançar os objectivos pré – determinados.

O Crescimento Económico, que em termos reais é avaliado pelo


crescimento real do PIB a um ritmo maior que o crescimento
populacional, devera ser um dos objectivos da política económica dos
Governos e da actividade financeira do estado.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 22

Exercícios
1. O que é Finanças Públicas?

R: Finanças Públicas: são as actividades económicas através do qual o


estado ou outro ente público afecta bens económicos para a satisfação de
certas necessidades sociais.

2. a) Quais são as principais acepções de Finanças Públicas?

b) Dentro das finanças, detalha a diferenciação entre as finanças


públias e privadas?

c) Mencione três características de cada uma delas.

3. Qual é o objecto das Finanças Públicas


4. Defina resumidamente os objectivos das finanças públicas
5. Mencione as principais características das Finanças Públicos.
6. O facto de o estado dispor de impostos, seria, pois, a primeira
diferença entre Finanças Públicas e Privadas.

A) - Caracterize Finanças Privadas.

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação.

Auto-avaliação Entregar os exercícios: 2 e 5.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 23

Unidade II
Necessidades vs os Bens

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes conheçam tipos das
necessidades, saibam conceitualizar a necessidade e compreendam a
dinâmica da necessidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir tipo de necessidade;


 Conceitualizar a necessidade;
Objectivos  Explica e dê um exemplo de uma necessidade colectiva e de uma
necessidade individual
 Identificar os factores da variabilidade das necessidades humana.

2.1. Tipos de Necessidades


Necessidades colectivas e necessidades individuais
As necessidades do primeiro tipo – porque exigem, para a sua satisfação,
uma certa actividade do consumidor – são necessidades de satisfação
activa, as do segundo tipo – porque se satisfazem pela mera existência
dos bens, por que não exigem, para a sua satisfação, qualquer actividade
do consumidor – são necessidades de satisfação passiva.

Se a necessidade é de satisfação activa, o produtor dos bens pode exigir


um preço pela utilização deles. Vigora aqui, portanto o princípio de
exclusão, o preço exclui os que não podem ou não querem pagá-lo.
Assim, o padeiro, fabricou o pão, impede que quem quer o coma sem
previamente o ter pago. Isso lhe permite, através da venda, cobrir as
despesas que a produção importou.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 24

Contrariamente nas necessidades de satisfação passiva, o produtor dos


bens já não pode exigir pela utilização nenhum preço aos consumidores.
Imagine que alguém decide criar um exército, desde que o serviço exista
ele passa a ser utilizado por todos, sem discriminação e sem o pagamento
de nenhum preço. Como exigi-lo, se todos consomem passivamente, isto
é, sem terem de o procurar? Por conseguinte o indivíduo que criou o
serviço de exército não beneficia do princípio da exclusão: vê-se
impossibilitado de obter comparticipação dos utentes desse serviço e fica
com as despesas integralmente ao seu cargo. Surge deste modo, o
problema de quem há-de cobrir as despesas com a produção de bens que
satisfazem necessidades de satisfação passiva. O homo economicus, não
produz, em regra, só para dar. Há sem dúvida beneméritos. Vezes há, em
que os que sentem tais necessidades associam-se e contribuem
voluntariamente para a produção dos bens. Ex. Associação dos
moradores.

Na generalidade dos casos, os que utilizam passivamente os bens só


coagidos contribuem, para as respectivas despesas. Ora coagir apenas é
dado a um ente munido de poder de império e poder de império apenas o
Estado e as restantes colectividades públicas possuem. É assim que,
mediante a intervenção do Estado, que se consegue obter muitos dos bens
que satisfazem necessidades de satisfação passiva.

Algumas vezes esses bens só podem ser produzidos pelo Estado, pois só
o Estado dos respectivos elementos de produção. É o que sucede com o
bem redistribuição do rendimento. Se se entende que o rendimento do
país, depois de distribuído, através do mercado, em salários, juros, rendas
e lucros, deve ser redistribuído de modo a tirar parte do rendimento aos
que se julga terem de mais, para transferir aos que se julga terem de
menos – evidentemente que só o Estado pode forçar os primeiros a
cederem parte do que possuem.

Os bens de satisfação passiva, têm como mostramos, a característica de


serem utilizáveis por todos independemente de qualquer procura. É a
passividade no consumo, a qual se traduz na impossibilidade de exclusão,
isto é, na inexcluibilidade. Ora, havendo inexcluibilidade, há
indivisibilidade no consumo e, portanto, irrivalidade; com efeito, se o
consumo de um bem é inexcluível, não pode dividir-se pelos utentes o
consumo que cada um faz; e, sendo o consumo indivisível, ele é
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 25

igualmente não rival, no sentido de que a utilização do bem por A não


impede que prejudica a sua utilização por B.

Tomemos por exemplo, o que se passa na sala de cinema: todos os


espectadores podem consumir simultaneamente a exibição do filme – o
consumo é irrival; mas para tanto tiveram de pagar o bilhete de entrada –
o consumo é excluível.

Donde se pode concluir que as necessidades de satisfação passiva são


satisfeitas com bens cujo consumo é inexcluível e irrival, e que as
necessidades de satisfação activa são satisfeitas com bens cujo consumo é
excluível, podendo ser rival ou irrival. Mas precisamente porque as
necessidades de satisfação passiva são satisfeitas com bens cujo consumo
é inexcluível, é que a produção destes bens tem de ser quase sempre
empreendida por uma colectividade – ou uma colectividade privada,
como sucede em alguns casos, ou uma colectividade pública: dai que se
possa chamar colectivas às necessidades que esses bens satisfazem. Em
contraposição, às necessidades de satisfação activa pode chamar-se
individuais.

Números bens satisfazem simultaneamente as duas ordens de


necessidades. Exemplo deles, o serviço da instrução. Este serviço satisfaz
a necessidade colectiva que muitos sentem de que haja ensino, as
necessidades individuais dos que frequentam as escolas. Como tais bens
satisfazem necessidades individuais, necessidades de satisfação activa,
pode-se exigir um preço, pelo seu consumo, aos que individualmente os
utilizam. Mas há casos em que é necessidade colectiva a satisfação
gratuita das necessidades individuais – assim acontece, em Moçambique,
com o serviço de ensino básico nas escolas públicas, ou em que é
necessidade colectiva a satisfação das necessidades individuais a preço
inferior ao custo dos bens – assim acontece, ainda entre nós, com os
serviços do ensino secundário e superior públicos.

A satisfação das necessidades colectivas exige a renúncia a todo ou parte


do lucro, e as empresas privadas não se compadacem com tal renúncia, o
Estado tem de inverter, e é ainda ele que geralmente toma o seu cargo a
produção desses bens.

De entre os bens, e são muitos, que satisfazem simultaneamente


necessidades colectivas e necessidades individuais, só aqueles cuja oferta
pelas empresas privadas é considerada conveniente – só esses não
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 26

suscitam a intervenção do Estado, quer para os produzir, quer para


assegurar a sua produção pelos particulares.

Por exemplo, o caso do pão. O pão satisfaz as necessidades individuais


dos que o comem, e as necessidades colectivas dos que entendem, por ser
alimento básico (apesar desta classificação ser discutível na realidade
moçambicana), que deve haver sempre pão a preço acessível para todos.
Tanto satisfaz necessidades colectivas que, se porventura as padarias se
recusam a fabricar pão, o Estado passa a produzi-lo em sua vez. Em
condições normais, as empresas privadas satisfazem capazmente essas
necessidades. Não é preciso que o Estado se lhe substitua.

Conclui-se, portanto que, a passividade no consumo leva o Estado a


produzir três categorias de bens:

a) Bens que só satisfazem necessidades colectivas; Ex. Exercito,


Policia, Selecção Nacional “Os Mambas”
b) Bens que satisfazem, além das necessidades colectivas,
necessidades individuais gratuitamente ou a preço inferior ao
custo; Ex. Ensino
c) Bem que satisfaz, além de necessidades colectivas, necessidades
individuais a preço igual ao custo, ou a preço superior ao custo
mas inferior ao que o mercado se estabeleceria caso a oferta
coubesse às empresas privadas

Os bens produzidos pelo Estado e que satisfazem necessidades colectivas


são sempre bens públicos. Simplismente, acabamos de ver que muitos
desses bens satisfazem ao mesmo tempo necessidades de satisfação
activa. Dai que se possa distinguir entre bens públicos propriamente
ditos: os que se limitam a satisfazer colectivas, e bens semipúblicos: os
que satisfazem as duas ordens de necessidades. Assim, é público o
serviço de pulverização contra malária e é semipúblico o serviço da
Administração da Justiça. Porém, quem decide sobre a existência de
necessidades colectivas e sobre a sua conveniência da sua existência é o
Estado, ou melhor, são os órgãos do Estado que exercem o poder politico,
as assembleias representativas e o Governo.

Significa dizer que a escolha das necessidades colectivas a satisfazer pelo


Estado é uma decisão de carácter eminentemente político, obedecendo
critérios variáveis de época para época, consoante a força relativa dos
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 27

grupos e classe sociais; e que por isso mesmo, é uma decisão que pode
corresponder à vontade de muitos ou só de alguns.

Em resumo, temos em breves palavras, a explicação de finanças


públicas: O Estado pretende que sejam satisfeitas determinadas
necessidades colectivas; para tanto propõe-se produzir os bens; mas
produção de bens implica despesas; o Estado precisa, portanto, de obter
receitas para cobrir essas despesas, isto é, precisa de dinheiro, de meios
de financiamento.

2.2. Os Bens
2.2.1. Classificação de Bens

Bens Públicos, Bens Semi-Públicos, Bens Privados e suas Caracteristicas.

A teoria de bens públicos não é uma coisa nova, vários foram os autores
que se têm concentrado sobre esta matéria tendo alguns artigos sido feitos
há mais de dois séculos. Há um disse que “dois vizinhos podem
concordar em drenar e secar um pequeno pântano, mas é já difícil de se
conseguir que 1000 vizinhos concordem em fazer o mesmo porque
eventualmente alguns deles tentarão deixar que os outros façam tudo ou
suportem todos custos”.

Esta questão levantou então a preocupação de que tem que ter alguém
que zele por interesses públicos e assegure “os interesses da maioria”.

Adam Smith reconheceu também a necessidade da provisão de bens e


serviços públicos, argumentando que não era necessário que alguém
supervisionasse a actividade privada, mas mesmo assim era necessário
que o Governo exista, assumindo três funções principais, nomeadamente:

 A protecção contra o invasor externo;

 Criação de um sistema de Justiça que proteja contra injustiça e


opressão interna;

 Função de criar e manter certas obras públicas e certas


instituições, as quais não seriam nunca para determinado
interesse individual ou interesse de pequenos grupos de
indivíduos, porque o custo a cobrir por estas nunca poderia ser
pago por um só indivíduo ou grupo de indivíduos, embora possa
vir a contribuir em grande medida para a sociedade.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 28

1.5.1.1. Os Bens

Há uma diversidade de bens. Segundo Finanças Públicas, os bens


classificam-se em:

 Bens Públicos,
 Bens Privados e
 Bens Sem-Públicos.

Assim, entende-se por um Bem Público um bem cujos benefícios são


usufruídos por toda comunidade de modo indivisível, independentemente
da vontade de um qualquer indivíduo querer ou não consumir o bem
público.

Bens públicos ou comuns são aqueles em que os consumidores não


pagam nenhum preço pela sua utilização e são produzidos pelo estado ou
por outros entes público. Eles satisfazem as necessidades colectivas,
cujo consumo se caracteriza pela não-exclusividade, isto é, pela
impossibilidade de excluir de consumo uma pessoa em particular, e pela
não rivalidade, isto é, o consumo de um bem ou serviço por determinados
indivíduo não reduz a quantidade disponível desse bem para os demais
membros da sociedade.

Ainda podemos definir o Bem público como uma mercadoria cujos


benefícios revertem a favor de todas as pessoas (de um País, duma
Cidade ou de uma Autárquia) sem que o seu custo seja superior ao que se
verficaria se ele se destinasse apenas a uma pessoa. Os benefícios do bem
são indivisíveis e ninguém pode ser excluído. Por exemplo: Uma medida
de Saúde Pública que elemine as varicelas contribui para a protecção de
todos e não apenas dos que pagam para receber vacinas.

Compare com bens privados, como pão, que quando é consumido por
uma pessoa não pode ser consumido por qualquer outra pessoa.

Por exemplo a Defesa Nacional é um caso evidente e extremo de


um bem público porque protege a cada um de nós.

Bens privados são aqueles produzidos por Entidades Privadas e que para
sua aquisição, o produtor exige o pagamento de um preço, excluindo
todos os que não querem pagar. Estes bens satisfazem as necessidades
individuais ou pessoais. Ainda pode-se definir:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 29

Bem privado- é aquele que não pode ser compartilhado por todos. Há
concorrência entre os indivíduos. O direito de propriedade não permite
que todos tenham acesso ao bem. É excludente.

Bens Privados, pelo contrário, são os que podem ser divididos e


proporcionados de forma separada aos diferentes indivíduos sem
benefícios nem custos externos para os outros.

Por exemplo, a decisão de consumir um bem privado, como o pão, é um


acto individual onde cada um pode comer quarto fatias, ou seis ou um
pão inteiro; A decisão é estritamente pessoal e não obriga mais ninguém
ao consumo de uma determinada quantidade de pão.

Bens semi-públicos são aqueles produzidos por uma colectividade de


carácter público ou privado podendo ser gratuitos, parcial ou totalmente
custeados pelos utilizadores. Por outra:

Bem semi-publico- é aquele que pode ser oferecido tanto pelo Governo
quanto pelo sector privado. O governo o oferece para tentar reduzir as
desigualdades de acesso. E, em alguns casos, há uma selecção para
possibilitar o acesso ao bem. Ex: serviços de Educação e Saúde,
apresentam consumo rival excludente (apenas quem passa no vestibular
tem acesso a Universidade Pública - no caso de Universidade Privada,
apenas quem paga), mas apresenta também externidades. Ou seja, o
benefício Social é menor que o benefício privado (internalizado pelo
consumidor), o que também justifica a internação governamental.

Note Bem:

A educação e saúde, etc. Atendem ao princípio da exclusão porque


podem ser prestados por particulares. Estes na prestação, logicamente
excluem aqueles que não pagam (só quem paga usa).

Resumo:

Bens públicos – são aqueles oferecidos pelo Governo, o consumo desse


bem por um indivíduo não afecta seu acesso a outro indivíduo.

O bem público é desfrutado por todos - princípio de não-exclusão. A


falha de mercado acontece exactamente porque, como todos usufruem do
bem, não há como o governo mensurar o quanto cada indivíduo usa o
bem e assim, tributa-lo. Mas todos usam. Até quem não é tributado.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 30

2.5.1.2. Bens colectivos versus bens de mercado

A divisão dos bens de acordo com estas duas categorias, < <colectivos>>
e <<de mercado>> depende da forma como é feita a sua afectação: Se por
decisão política ou escolha pública (neste caso são bens colectivos). Se
através do mecanismo descentralizado da oferta e da procura (e neste
caso são bens de mercado) uma economia industrializada moderna tem
uma mistura dos dois processos de afectação de recursos.

2.5.1.3. Características dos Bens ou Serviços.

Bens públicos

 Satisfazem as necessidades colectivas


 São produzidos por entidades públicas
 São custeados por via coativa ou pelo pagamento de um preço igual
ao custo do produto
 Não há concorrência entre os consumidores para a aquisição do bem.
 O mercado não os pode produzir
 Não se pode limitar a sua utilização ao um só sujeito.

Em contrapartida é extremamente difícil excluir alguém dos benefícios de


segurança interna ou defesa nacional, só para mencionar estes dois
exemplos.

Bens privados

 Satisfazem as necessidades individuais


 São produzidos por agentes privados
 Implicam concorrência entre os consumidores
 Pagamento do preço fixado pelo mercado entre os produtores e
consumidores

Uma característica importante de um produto ou serviço produzido pelo


sector privado é a exclusão. É possível excluírem-se indivíduos ou grupos
de indivíduos do consumo de determinado produto ou serviço.

Se um indivíduo pagar 50.00mt, que custa um prego no restaurante


monte verde, arredores do Bairro do Aeroporto, ele não será excluído mas
se não tiver tal montante o indivíduo será excluído desse consumo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 31

Bens semi-públicos

 São produzidos pela colectividade pública ou privado


 Satisfazem necessidades independentes da procura dos consumidores
 Podem ser gratuitos, parcial ou totalmente custeados pelos
utilizadores.

2.3. O resumo dos Bens de Consumo Rival Vs Bens de Consumo Não


Rival
Um bem ou serviço diz-se que é rival quando uma pessoa consome,
então não pode existir um segundo indivíduo que consuma essa mesma
unidade de bem ou serviço. Por outro lado, se o consumo de um bem por
uma pessoa não diminuir a quantidade de consumo de outro indivíduo,
então esse bem ou serviço é chamado não rival. O exemplo típico de
produtos não rivais é a televisão, a rádio, a Defesa Nacional, etc.

CLASSIFICAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS

Os bens e serviços no Mercado pode ser classificado em quatro


categorias, dependendo das características de exclusão ou não exclusão e
rival ou não rival.

Consumo Exclusão

Possível Não possível

Rival 1 2

Não rival 3 4

Categoria 1.

Contém produtos que são rivais em consumo onde é possível exercer a


exclusão de consumo, este é caso de bens de consumo produzidos no
Mercado privado.

Categoria 2.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 32

Bens que são rivais, mas cuja exclusão de consumo não é possível ou
então é demasiadamente caro fazer tal exclusão, como exemplo: um
paseio a pé nas ruas da Baixa na hora de ponta este seria rival porque
mais uma pessoa diminui a possibilidade de outras pessoas poderem fazer
o mesmo mas seria praticamente impossível excluir esta pessoa de o
fazer.

Categoria 3.

Exclui bens e serviços que são não rivais mas que permite a exclusão do
consumo, um exemplo típico a televisão, satellite ou por cabo, este
serviço é não rival mas seriam excluidos os consumidores que não
quiserem pagar os preços estabelecidos pelo Mercado.

Categoria 4.

Cobre bens e Serviços que são não rivais cuja exclusão não pode ser
exercida ou será demasiadamente cara fazer essa exclusão, tal é o caso da
Defesa Nacional, Segurança interna.

Uma vez existindo um sistema de Defesa Nacional, seria praticamente


impossivel excluir alguém desse consumo para além do facto que um
indivíduo não limitaria o consumo do outro.

Sumário
As necessidades do primeiro tipo – porque exigem, para a sua satisfação,
uma certa actividade do consumidor – são necessidades de satisfação
activa.

As do segundo tipo – porque se satisfazem pela mera existência dos bens,


por que não exigem, para a sua satisfação, qualquer actividade do
consumidor – são necessidades de satisfação passiva.

O princípio de exclusão, o preço exclui os que não podem ou não quer


pagá-lo.

Bens Públicos, são bens produzidos pelo Estado e que satisfazem


necessidades colectivas.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 33

Bens semipúblicos, são os que satisfazem as duas ordens de necessidades.


Assim, é público o serviço de pulverização contra malária e é
semipúblico o serviço da Administração da Justiça.

Exercícios
1. Defina conceito de necessidade segundo Finanças Públicas.

2. Mencione as principais características dos bens Públicos e dê dois


exemplos.

3. Os bens quanto a propriedade subdividem-se em Públicos, Simi-


Públicos e Privados.

- Caracterize os Simi-públicos.

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação.

Auto-avaliação Entregar os exercícios: 3.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 34

Unidade III
A Politica Pública

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes conheçam as funções do
Estado, os elementos que constituem o estado e a classificação moderna
do estado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o conceito do Estado e os elementos que constituem o


Estado;
Objectivos  Diferenciar o poder e as funções do estado;
 Explicar a importância da intervenção do estado na Economia.
 Definir a extarnalidade
 Diferenciar a teoria de externalidade positiva da negativa
 Explicar a politica de correcção das externalidades

3.1. Função do Estado


3.1.1. Análise da intervenção do Estado na Economia
Elementos constituintes do Estado:

- Povo
- Territorio
- Poder Político

Definiçao do Estado : conjunto de pessoas, ou agregado populacional


(que possui cultura, costumes, hábitos, passado histórico e língua
comuns) que se fixa num determinado território e aí exerce o poder
político.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 35

Funções do Estado (divisão tradicional):


Legislativa - elaboraçao das leis;

Executiva ou administrativa – execuçao das leis e satisfaçao das


necessidades colectivas, em virtude de opções politicas ou legislativas
previamente definidas;

Judicial – resoluçao de conflitos e punição da violação das leis.

Funções do Estado (classificação moderna):

Funções Políticas – através destas o Estado garante os interesses


superiores da Nação, gerindo a administraçao pública, e aplicando os
recursos na satisfaçao das necessidades colectivas e promovendo a paz. O
Estado dispõe, portanto, de múltiplas instituições como as polícias, os
tribunais ou o exército.
Funções Sociais – O Estado promove a melhoria das condições de vida e
de bem-estar da população. A garantia de acesso gratuito a serviços
essenciais aos segmentos da população mais carenciados (justiça, saúde,
educação, etc), correcção das desigualdades sociais, segurança social,
fazem parte destas funções.
Funções Económicas – intervindo mais ou menos numa economia
moderna, espera-se do Estado que: - Afecte criteriosamente os escassos
recursos da economia; -Estabilize a economia e garanta o seu bom
funcionamento, Defina as regras jurídicas que regulamentam a vida
económica, Promova o crescimento e o desenvolvimento económico.
Para exercer a funçao económica o Estado dispõe de vários instrumentos.
Pode recorrer à intervenção directa, produzindo bens e serviços para
satisfazer necessidades colectivas ou para serem comercializados, ou
pode socorrer-se de políticas económicas. Outro instrumento importante é
o planeamento da actividade económica, articulando diferentes políticas
com vista a permitir não só o crescimento económico mas, sobretudo, o
desenvolvimento global da sociedade.
O poder do Estado é um poder soberano que se manisfesta através das
competências atribuídas aos seus órgãos, dispondo o Estado da faculdade
de definir essas competências. Existem, portanto, determinados órgãos
investidos de poderes que lhes conferem uma posição dominante, de tal
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 36

modo que podem tomar decisões independentemente da obediência a


quaisquer ordens e que se designam por órgãos de soberania.

3.2. Externalidades, Bens Publicos e outras Falhas de Mercado


Externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um
determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros
mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do
bem em questão. Portanto, existe uma externalidade, quando a acção de
consumo, producão ou outra realizada por um agente económico, afecta
significativamente o bem-estar de outro agente e, esse efeito não é
transferido através do sistema de preços. Há vários tipos de
externalidades:

 - no consumo e na produção;

 - envolvendo poucos ou muitos agentes;

 - positivas ou negativas;

 - unidireccionais ou bidireccionais, etc.

Assim, por exemplo, empresa de fundição de aluminio (MOZAL), ao


provocar chuvas ácidas, prejudica o ambiente e sobre tudo a colheita dos
agricultores da vizinhança. Esse tipo de poluição representa um custo
externo porque é a agricultura, e não a indústria poluidora, que sofre os
danos causados pelas chuvas ácidas. Estes danos não são considerados no
cálculo dos custos industriais, que inclui itens como matéria-prima,
salários e juros. Portanto, os custos privados, nesse caso, são inferiores
aos custos impostos à coletividade e, por conseqüência, o nível de
produção da indústria é maior do que aquele que seria socialmente
desejável.

Já a educação gera externalidades positivas porque os membros de uma


sociedade e, não somente os estudantes, auferem os diversos benefícios
gerados pela existência de uma população mais educada e que não são
contabilizados pelo mercado. Assim, por exemplo, vários estudos,
baseados em diferentes metodologias mostram que a educação contribui
para melhorar os níveis de saúde de uma determinada população. Em
particular, níveis mais elevados de escolaridade materna reduzem as taxas
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 37

de mortalidade infantil. Outros trabalhos mostram também que a


educação concorre para reduzir a criminalidade. Todos esses benefícios
indiretos da educação por não serem apreçados não são computados nos
benefícios privados. Portanto, os benefícios sociais são superiores aos
benefícios privados, que incluem apenas as vantagens pessoais da
educação, como por exemplo, os salários obtidos em função do nível de
escolaridade.

Note-se, ainda, que os produtores podem causar externalidades sobre


consumidores e vice-versa. Assim, por exemplo, a poluição provocada
pela indústria de cobre aumenta a

incidência de tuberculose entre a população. Também, os fumantes


contribuem para a disseminação de doenças entre os não fumantes
(fumantes passivos) e, nesse caso, temos a geração de externalidade de
consumidores para consumidores. Por fim, o uso de automóveis privados
congestiona o tráfego e contribui para reduzir a velocidade do transporte
de mercadorias e, portanto, representa um exemplo de custos externos
para os produtores gerados pelos consumidores.

Vamos agora considerar o impacto dessas externalidades sobre a alocação


de recursos. As externalidades levam os agentes, não diretamente
envolvidos na atividade geradora da externalidade, a usarem recursos
para corrigir os efeitos dos custos (benefícios) externos, e isso provoca
distorções na alocação de recursos. Assim, por exemplo, os custos de
internações hospitalares, decorrentes de doenças relacionadas à poluição,
embora representem, efetivamente, gastos para os doentes, não são
contabilizados nos custos da empresa de fundição de cobre. Ou ainda, os
inúmeros benefícios para a humanidade decorrentes da descoberta da
vacina contra a poliomielite não são inteiramente apropriados pelo seu
inventor, o cientista Dr. Albert Sabin, e dificilmente podem ser
apreçados, o Quadro 1, resume esses aspectos e define os benefícios e
custos privados e sociais.

Quadro 1: Beneficíos e Custos, Privados, Externos e Sociais

Beneficios e Externos Privados Sociais

Custos (A) (B) [(A)+(B)]


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 38

Benefícios A totalidade dos Os ganhos são Soma dos


agentes beneficiados auferidos apenas benefícios
pelas externalidades pelos agentes privados e
positivas não paga que os externos
por essas vantagens financiam

Custos Os agentes que Os custos são Soma dos


sofrem as pagos pelos custos privados
exeternalidades agentes e externos
negativas não são beneficiados
compensadas

O fato de os agentes econômicos ignorarem os custos (benefícios)


externos, decorrentes de suas decisões de produção e/ou consumo e,
somente computarem os custos que eles desembolsam ou os benefícios
que eles auferem, faz com que a alocação de recursos, produzida pelo
equilíbrio de mercado seja ineficiente. Isto porque, no caso das
externalidades negativas, os custos privados subestimam os custos sociais
conduzindo, assim, a uma produção maior do que aquela que seria
socialmente desejável. No caso das externalidades positivas, como os
benefícios privados são inferiores aos benefícios sociais, o nível de
produção correspondente à alocação dos mercados privados ficará aquém
daquele que seria ótimo, do ponto de vista da sociedade.

3.2.1 Externalidades Negativas

Vamos agora considerar o caso de um bem ou serviço que envolva a


geração de externalidades negativas. Esse é o caso, por exemplo, dos
custos da empresa de fundição de aluminio (MOZAL), que não está
levando em conta os efeitos negativos da poluição. O custo total dessa
atividade, para a sociedade, inclui tanto os custos privados da produção
de aluminio como os danos causados pelas externalidades (custos
externos) aos agricultores e cidadãos que polulam a região de Beluluane.

3.2.2 Externalidades Positivas


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 39

Em presença de externalidades positivas, os níveis de produção,


associados ao equilíbrio de mercado, são inferiores àqueles que seriam
socialmente ótimos. Assim, por exemplo, a expansão da educação básica
gera benefícios para a sociedade que extrapolam os benefícios auferidos
pelos estudantes e suas famílias. Esses benefícios externos não são
considerados na decisão privada de frequentar a escola porque os
estudantes não são compensados pelas vantagens usufruídas pelo resto da
coletividade, decorrente de sua decisão de estudar.

O Problema dos Recursos Comunitários (The Tragedy of Commons)

Um caso particular de externalidades é aquele que envolve os recursos


comunitários, cuja propriedade não é individualizada. Um exemplo
clássico desse problema é o caso dos pássaros silvestres, muitos deles,
como o galo-de-campina (cardeal do nordeste), hoje ameaçados de
extinção, em razão de uma caça predatória no passado. Para um caçador

individual é vantajoso prender um desses animais, cujo preço de revenda


é elevado. Porém, se todos assim o fizerem, este procedimento conduzirá
à extinção da espécie. Por outro lado, não adianta muito se um só caçador
resolver poupá-los porque um pássaro que ele não captura será
aprisionado por um outro caçador e, portanto, o benefício será ínfimo.

A razão do problema aqui é o fato de ninguém deter a propriedade sobre


esses animais, sendo assim, considerados um recurso “livre” Nesse caso,
as pessoas não consideram todos os custos e benefícios derivados de suas
ações e, portanto, não têm incentivos a usar esses recursos de forma
eficiente. A propriedade conjunta dos recursos conduz, pois, ao seu uso
indiscriminado. A solução para esse tipo de problema requer que o
governo atue como se fosse o proprietário desses recursos. Nesse caso,
por meio de esquemas regulatórios, o governo pode restringir a
quantidade de aves silvestres que pode ser apreendida evitando, assim, a
extinção desses animais.

3.3. Politicas de correcção das externalidades


A análise desenvolvida nas seções anteriores aponta para a existência de
distorções na alocação de recursos que geram ineficiências tanto na
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 40

produção como no consumo. Faz-se, pois necessário implementar


mecanismos capazes de corrigir tais externalidades. Essas soluções
podem ser públicas ou privadas.

Soluções Privadas

Relactivamente as soluções privadas, para a internalização das


externalidades, destacamos os seguintes formas: fusões, sanções sociais e
pela negociação de Coase, conforme se apresenta:

Fusões

Uma forma clássica de solucionar o problema das externalidades consiste


na sua “internalização” por meio da coordenação das decisões entre as
partes envolvidas. Assim, se a empresa de fundição de cobre decidisse
adquirir o controle das explorações agrícolas prejudicadas pela poluição,
então, o dano causado pelas chuvas ácidas seria agora suportado pela
indústria. Nesse caso, os custos externos, derivados da produção
excessiva de cobre, ao invés de serem transferidos para os agricultores,
seriam pagos pela nova empresa, composta dos segmentos agrícola e
industrial, reduzindo, assim, seus lucros. Nessa situação, não há incentivo
para que a decisão de produzir cobre e/ou bens agrícolas seja feita
separadamente, já que uma influencia a outra. Isto porque a produção
excessiva de cobre acarretaria uma queda nos lucros e, portanto, na
oferta do segmento agrícola. Mais precisamente, os responsáveis pela
nova empresa produziriam cobre até o ponto em que os benefícios
marginais gerados por essa produção fossem iguais aos custos adicionais
incidentes sobre suas subsidiárias agrícolas.

Essa “internalização” das externalidades solucionaria, pois, o problema


da superprodução de cobre, responsável pela produção dos efeitos
externos negativos. De fato, a rigor sequer esse problema seria referido
como externalidade já que tratar-se-ia de um problema envolvendo a
tomada de decisões dentro de uma única firma.

Sanções Sociais
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 41

Uma outra forma de implementar a “internalização” das externalidade


pode ser feita por meio de sanções sociais apropriadas que penalizem os
agentes responsáveis pelas externalidades negativas e premiem aqueles
que geram externalidades positivas. Assim, por exemplo, em muitas
sociedades, sujar locais públicos é considerado um comportamento
reprovável e contrário ao exercício da boa cidadania. Nessas sociedades
aprende-se, desde criança, que embora seja mais fácil jogar, por exemplo,
cascas de banana e embalagens diversas no chão, isto não é aceitável.
Deve-se, pois, carregá-las até encontrar o cesto de lixo mais próximo. No
Japão, pessoas resfriadas que não usam máscaras de gaze para proteger os
demais do vírus da gripe são severamente criticadas. Até mesmo as
religiões têm preceitos morais que induzem as pessoas a levarem em
conta os custos e benefícios externos de suas atividades. Isto está bem
sumariado na regra áurea do cristianismo “Tudo quanto queres que os
outros façam para ti, faze-o também para eles,” incluída nos
ensinamentos do Sermão da Montanha.

Essa censura (ou aprovação) social contribui, em muitos casos, para inibir
(estimular) os comportamentos causadores de externalidades negativa
(positiva) e estimula a adoção de atitudes que consideram o bem-estar da
coletividade eliminando, assim, as ineficiências daí decorrentes.

Direitos de Propriedade e o Teorema de Coase

As externalidades proliferam, particularmente, em situações em que os


direitos de propriedade não estão bem estabelecidos. Esses direitos
correspondem ao conjunto de normas ou regras sociais (definidas
legalmente, ou não) que restringem as ações individuais para preservar o
bem-estar da comunidade. A existência desse sistema de normas permite,
pois, à parte lesada recorrer ao sistema legal para obter compensação por
danos causados por terceiros. Quanto mais definidos forem esses direitos
de propriedade, mais a comunidade estará protegida de eventuais efeitos
externos negativos. Assim, por exemplo, regras claramente estabelecidas
na convenção de condomínio dos edifícios residenciais, referentes ao uso
de instrumentos musicais, podem proteger os moradores contra a
atividade noturna de um enérgico e insone baterista, mesmo talentoso.
Por outro lado, quando ninguém detém os direitos de propriedade, não
existem incentivos para os agentes econômicos adotarem
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 42

comportamentos eficientes, já que não há como puni-los pela adoção de


atitudes predatórias.

No exemplo anterior, uma convenção de condomínio pouco clara no


tocante ao sossego deixaria os moradores à mercê do jovem músico e/ou
transformaria o condomínio em um

mundo hobbesiano, em que somente os mais violentos (ou os mais


espertos) conseguiriam calar o importuno músico.

Nesse contexto, a “internalização” das externalidades pode se fazer por


meio da solução proposta por Coase (1980). Desde que os direitos de
propriedade estejam bem definidos, independentemente de quem os
detenha, é possível solucionar o problema das externalidades negativas,
como as acima exemplificadas, por meio da negociação entre as

partes envolvidas, sem requerer a participação de governo, como poder


coercitivo. Esse resultado é conhecido como o Teorema de Coase
(Ronald Coase (1960)). Ele pode ser ilustrado da seguinte forma.
Imagine que ao viajar para Joanesburgo, a companhia área extravia sua
bagagem e só a devolve em Moçambique (Maputo). Ao fazê-lo, ela lhe
impõe sérios inconvenientes (externalidades negativas), particularmente,
se a viagem for no inverno. Como a convenção da IATA, que rege os
transportes aéreos internacionais, garante que a companhia aérea deve
transportá-lo e a sua bagagem, nos limites de peso previamente definidos,
fica claro que cabe à companhia compensá-lo (definição clara dos direitos
de propriedade). A companhia área pode, inicialmente, propor indenizá-lo
como base no estipulado pela mesma convenção, que na maioria dos
casos sequer repõe o valor do conteúdo da bagagem. Você decide não
aceitar e faz uma contraproposta: ela deve lhe reembolsar todas as
despesas feitas em Joanesburgo para substituir o conteúdo da mala e
ainda lhe dar duas passagens de cortesia no mesmo trecho.

Depois de algum tempo de negociação o acordo é fechado, com apenas


uma passagem áreas de cortesia. Esse exemplo é um caso onde o
Teorema de Coase se aplica porque os custos de transação são baixos,
existem apenas duas partes envolvidas e os direitos de propriedade estão
claramente definidos.

Porém, esse tipo de solução não funciona bem quando as partes


envolvidas são numerosas. Para grandes grupos, as dificuldades de
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 43

organizá-los para tomar medidas legais são grandes, particularmente, em


razão do problema do “carona” (free rider). Nesse caso, custos de
transação elevados podem comprometer a solução de mercado para o
problema das externalidades em razão da impossibilidade de firmar os
contratos estáveis entre aqueles que causam e os que sofrem os efeitos
externos. Assim, por exemplo, quando as externalidades são provocadas
por bens (“males”) públicos, como a poluição, que envolvem milhões de
agentes, é virtualmente impossível que negociações do tipo sugerido por
Coase possam chegar a um acordo satisfatório, a custos relativamente
baixos.

Por fim, o Teorema de Coase supõe que é possível identificar a origem


dos danos externos e atribuí-los a determinado (s) agente(s). Ele não se
aplicaria pois nos casos em que a externalidade está associada à
impossibilidade de exclusão (indivisibilidade) como é o caso, por
exemplo, que, dos recursos comunitários e dos bens públicos puros. Os
limites das soluções privadas anteriormente discutidas decorrem da
presença de vários fatores. Em particular, quando a externalidade envolve
bens públicos puros, a impossibilidade de exclusão (e sua
indesejabilidade) exige a presença de uma força coercitiva que possa
assegurar a provisão do bem ou serviço em questão. Por outro lado, a
ausência de direitos de propriedade bem estabelecidos – como é o caso
dos recursos comunitários – faz com a solução privada não seja eficiente
no sentido de Pareto justificando, assim, a intervenção do estado. Por fim
a existência de informação imperfeita e de custos de transação elevados
pode, também, inviabilizar a correção das externalidades sem intervenção
do governo.

Soluções Públicas

Dentre as soluções públicas para corrigir as externalidades destacam-se a


tributação corretiva (impostos e subsídios) e controle dos efeitos externos
mediante o uso de esquemas regulatórios e multas, tais como:

Impostos e Subsídios Corretivos

A correção das externalidades pode se fazer mediante o uso da tributação


corretiva. Essa forma de correção é conhecida como tributação
pigouviana, em razão de ter sido inicialmente proposta por Arthur Cecil
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 44

Pigou (1877-1959), economista inglês responsável pela distinção entre


custos e benefícios sociais e privados e pela idéia de que o governo,
mediante o uso de uma combinação apropriada de impostos e subsídios,
poderia corrigir esse tipo de falha de mercado.

Nesse caso, o governo, ao penalizar os agentes causadores das


externalidades por meio da cobrança de impostos (subsídios, no caso de
externalidades positivas) , aumentará os custos desses agentes fazendo,
assim, com que eles considerem os efeitos externos de suas ações.

Regulações e Multas

Uma outra forma de o governo lidar com externalidades negativas, como


a poluição, é por meio da fixação de esquemas regulatórios. Nesse caso, o
agente que provoca a poluição é obrigado a reduzir a produção da
atividade que gera a poluição, para os níveis que correspondam à
quantidade socialmente eficiente; caso contrário terá de enfrentar as
sanções legais que podem ir desde o pagamento de vultosas multas até a
proibição de continuar funcionando. O problema é identificar qual o nível
de poluição socialmente ótimo. Esse nível exige que se levem em conta
todos os custos associados à redução da poluição bem como os benefícios
dessa redução – por exemplo, a diminuição dos danos ao meio ambiente.

Os custos de redução incluem aqueles requeridos para reduzir a poluição,


tais como filtros antipoluentes, bem como os custos adicionais de se
utilizar tecnologias “limpas” e os custos em termos da redução dos lucros
decorrente da decisão de reduzir a poluição.

3.4. Bens Públicos


Os bens públicos puros ou, simplesmente, bens públicos, constituem um
exemplo extremo de externalidade. De fato, a exemplo dos recursos
comunitários, a propriedade desses bens não pode ser individualizada em
razão desse bem ou serviço não ser divisível. Além disso, contrariamente,
aos bens privados, o ato de consumir o bem público não reduz a
quantidade disponível para o consumo das outras pessoas. Portanto, os
bens públicos puros apresentam duas importantes características: o
consumo desses bens é não excludente e não rival.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 45

A impossibilidade de exclusão (ou a dificuldade, gerada por custos


elevados) implica que os indivíduos não podem ser privados dos
benefícios do usufruto do bem e/ou serviço, mesmo se não tiverem
contribuído para o seu financiamento. Um exemplo de bem que apresenta
essa característica é um espetáculo pirotécnico, que pode ser visto pelas
pessoas de quintais, jardins e praças públicas. Isto dificulta a provisão
privada desse tipo de evento porque a impossibilidade de exclusão
impede que sejam cobrados ingressos para financiar os custos, incluindo-
se aí os lucros do organizador. Afinal, porque pagaríamos por esse show,
se podemos vê-lo gratuitamente? Portanto, nenhum empresário privado se
interessaria pela sua produção e, então, apesar da forte demanda, o
espetáculo poderia não ser produzido. A impossibilidade de exclusão, ao
inviabilizar o uso do sistema de preço para racionar o consumo, reduz os
incentivos para o pagamento voluntário dos bens públicos. Essa
relutância em contribuir, voluntariamente, para financiar esses bens é
conhecida como o problema do “carona” (free rider).

A não rivalidade no consumo é outra característica do bem público. Isto


implica que uma vez que o bem está disponível, o custo marginal de
provê-lo, para um indivíduo adicional, é nulo. Considere, por exemplo, o
caso do espetáculo pirotécnico. O custo do espetáculo, uma vez
determinado, não é alterado pelo fato de um grupo adicional de turistas
decidir vê-lo.

Ademais, essa decisão dos turistas em nada reduz o usufruto do evento


pelos habitantes

locais. Portanto, o custo marginal de provisão do espetáculo para esses


espectadores adicionais é zero. Isso representa um franco contraste com
os bens privados, que se caracterizam por níveis elevados de rivalidade
no consumo. De fato, quando ocupamos um lugar, por exemplo, no
cinema ou no teatro, este lugar deixa de estar disponível para outras
pessoas.

Outros exemplos de bens públicos puros são o sistema de defesa


nacional, o conhecimento científico, um meio ambiente saudável, e
governos eficientes. Em comum, esses bens têm o fato de seu consumo
ser não excludente e não rival.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 46

3.5. Bens Semi-Públicos


A definição de bem público, anteriormente discutida, não é absoluta, mas
varia com as condições de uso, de mercado e com o estado da tecnologia.
Vejamos por exemplo, o caso da energia elétrica. Esse serviço, quando
usado nos domicílios privados, é um bem eminentemente privado: caso a
conta de energia não seja paga, o serviço é suspenso e, portanto, os
usuários são excluídos do seu consumo. Por outro lado, trata-se de um
bem cujo consumo é rival. Quando eu consumo uma determinada
quantidade de quilowatts, la já não mais está disponível para os demais
consumidores. Por outro lado, quando essa energia é usada para iluminar
os locais públicos, ela torna-se um bem público puro. Isto porque é
impossível excluir alguém do benefício da iluminação pública, além de
desnecessário; o custo de prover esse serviço para passantes adicionais é
zero.

Podemos, assim, pensar que grande parte dos bens satisfaz, apenas
parcialmente, as condições de impossibilidade de exclusão e não-
rivalidade no consumo. Os bens que atendem parcial ou totalmente a pelo
menos uma dessas características são chamados de bens públicos impuros
ou bens semi-públicos.

Assim, serviços de saúde pública, tais como vacina contra doenças


infectocontagiosas, beneficiam não somente as pessoas vacinadas, mas a
população como um todo, já que previnem o surgimento de epidemias.
Ademais, o custo marginal da vacinação é positivo e a exclusão de não
pagantes é possível. Porém, não é possível excluir dos benefícios aliados
à redução das epidemias (nem cobrar por tais benefícios) aqueles que não
se vacinaram. Isso torna esses serviços bens públicos impuros e por essa
razão, muitos governos mantêm programas gratuitos de vacinação para
encorajar, e até mesmo obrigar, a imunização maciça da população.

Um outro exemplo de bens quase públicos é o serviço de bombeiros.


Nesse caso, existe, claramente, rivalidade no consumo já que uma equipe
que sai para atender uma ocorrência, deixa, imediatamente, de estar
disponível para outros casos. Portanto, o custo marginal de provisão
desse serviço é positivo e pode ser bastante elevado. Porém, na forma
atual de moradia, onde parte significativa das pessoas vive em grandes
aglomerações urbanas e em condomínios verticais, esse serviço
apresenta, também, dificuldades de excluir os que não contribuem para o
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 47

seu financiamento. Ele perde, assim, parte do seu caráter privado sendo
por isso, na maioria dos países, oferecido pelos governos e o seu custo
financiado, compulsoriamente, por meio de impostos e taxas.

Podemos agora então resumir nossa argumentação sugerindo que alguns


bens quasepúblicos devem ser, prioritariamente, ofertados pelo estado.
Quais desses bens enquadram-se nessa categoria é uma questão aberta, já
que a fronteira entre eles está longe de ser consensual.

3.6. Ineficiências associadas à Provisão Privada de Bens Públicos


Voltemos agora ao exemplo da defesa nacional. A questão é saber qual
será o nível eficiente de provisão desse bem público puro. Suponhamos
que, com exceção dos pacifistas, a maioria da população concorde com a
necessidade da existência de um sistema de defesa do território. Porém,
dentre aqueles que o defendem, existem dois grupos distintos: aqueles
que acreditam em ataques externos iminentes e os que imaginam que não
serão atacados. Os primeiros estarão dispostos a contribuir para financiar
as forças armadas garantindo, assim, que o país seja defendido em caso
de ataque externo. Já os que imaginam que a possibilidade de serem
atacados é pequena tenderão a pensar que gastos com serviços de defesa
nacional não são prioritários e, portanto, se recusarão a contribuir com o
necessário para a provisão desses serviços. Caso eles fossem financiados
por esse tipo de contribuição voluntária, é razoável supor que o montante
arrecadado não seria suficiente para custear um sistema de defesa
nacional eficiente, no sentido de dissuadir os inimigos externos. Os níveis
de segurança nacional seriam, pois, inferiores àqueles que seriam obtidos
por meio da provisão pública, financiada compulsoriamente por meio de
tributos.

Assim, examinamos os casos em que a intervenção do governo nos


mercados, ao ajudar a restaurar as condições de eficiência mediante as
correções das falhas de mercado – em particular aquelas decorrentes da
existência de bens públicos e externalidades. Note-se, porém, que a
própria ação do governo também pode gerar ineficiências – conhecidas
como “falhas de governo” e, nesse sentido, é importante levar em conta,
na medida do possível esses custos da intervenção governamental quando
da correcção do funcionamento dos mercados privados.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 48

Sumário
O Estado, conjunto de pessoas, ou agregado populacional (que possui
cultura, costumes, hábitos, passado histórico e língua comuns) que se fixa
num determinado território e aí exerce o poder político.
O poder do Estado é um poder soberano que se manisfesta através das
competências atribuídas aos seus órgãos, dispondo o Estado da faculdade
de definir essas competências. Existem, portanto, determinados órgãos
investidos de poderes que lhes conferem uma posição dominante, de tal
modo que podem tomar decisões independentemente da obediência a
quaisquer ordens e que se designam por órgãos de soberania.

Externalidades, ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um


determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros
mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do
bem em questão.

Fusões, uma forma clássica de solucionar o problema das externalidades


consiste na sua “internalização” por meio da coordenação das decisões
entre as partes envolvidas

Exercícios
1. Dentro das Funções do Estado (classificação moderna) Diferencie:
Funções Políticas; Funções Sociais; Funções Económicas.

2. Quais os aspectos a considerar quando se fala de externaldade


negativo?

3. Fale da importância da política de correcção das externalidades

4. Justifica indicando a seguinte afirmação: «Há vários tipos de


externalidades»
5. Relaciona a externalidade positiva com a externalidade negativa

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação.

Entregar o exercício: 3 e 4.
Auto-avaliação
Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 49

Unidade IV
Finanças Públicas como
Instrumentos da Política
Económica

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes conheçam as três funções
do sector público segundo Musgrave

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir as funções do estado


 Identificar os objectivos das funções do estado
Objectivos  Mencionar as características das funções estabelizador do estado

4.1. Função do Estado


A síntese de Musgrave - As três funções do sector público segundo
Musgrave

Richard Abel Musgrave (1910-2007) foi um dos fundadores da teoria


comtemporânea de finanças públicas e professor na Universidade de
Harvard University. Publicou em 1959, 'The Theory of Public Finance',
obra em que teoriza sobre o papel económico dos governos em
associação com o sector privado, nas sociedades democráticas.

Richard Abel Musgreve, “Pai de Finanças Públicas do Seculo XX”nasceu


na Alemanha em 1910, estudou na Universidade de Munique em 1930,
Doutorou-se na na Universidade de Harvard 1937, onde ficou a leccionar
até 1941.

o 1941 a 1948, trabalhou na Reserva Federal norte-americana;


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 50

o 1947 a 1981 leccionou em algumas prestigiadas universidades


americanas
o Ao longo da vida publicou em diversas revistas de topo, com
destaque para o “Quarterly Journal Of Economics” ,
o Em 1910 publicou o seu famoso livro “A Teoria das Finanças
Públicas” e,
o Em 1986 Musgrave foi injustamente preterido para atribuição do
“Nobel de Economia”, tendo sido atribuído ao Economista Charles
Buchanan, pois na altura o governo do dia defendia fraca intervenção
do Estado, apregoada por Adam Smith.

Musgrave sistematizou as três funções do sector público numa economia


mista contemporânea:
- Melhoria da eficiência na afectação de recursos ultrapassando certos
fracassos do mercado;

- Melhoria da equidade e justiça social, através de políticas de redistri-


buição de rendimentos e de promoção de igualdade de oportunidades, e
- Estabilização macroeconómica, através da promoção do crescimento, do
emprego, da estabilidade de preços e alisando os ciclos económicos.

4.2. A Função da Afectação

A função de afectação tem por objectivo:

o Promover a afectação eficiente dos recursos


o Assegurar os fundamentos do funcionamento dos mercados (direitos
de propriedade etc.);
o Ultrapassar os fracassos do mercado (provisão de bens públicos,
correcção das externalidades, lidar com informação assimétrica)

Uma das áreas de intervenção do sector público é a da provisão de bens e


serviços públicos que, sendo desejados pelos cidadãos, não encontram
provisão através do funcionamento dos mercados.

Como anteriormente vimos, para certos bens, os preços a que são


transaccionados reflectem os custos privados necessários à sua produção,
mas não o custo global que a sociedade tem que suportar com a sua
produção, referimo-nos das externalidades. Há pois que tributar,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 51

penalizar, desencorajar as empresas poluidoras ou os consumidores com


vista aos agentes económicos incorporarem esses efeitos externos nas
suas decisões.

Um terceiro tipo de intervenção pública no âmbito da função afectação


diz respeito à regulação. Muitos mercados funcionam de forma não
competitiva (em oligopólio - poucos vendedores ou monopólio – um
único vendedor) o que requer a intervenção do Estado de forma a regular
a correcção das restrições à concorrência. Um dos objectivos da
regulamentação é evitar que as empresas pratiquem preços de monopólio.

Assim, o âmbito da intervenção pública no campo da função afectação é a


provisão de bens e serviços públicos, a correcção do comportamento dos
agentes económicos através de impostos ou subsídios para que
incorporem os efeitos externos das suas actividades e finalmente, a
regulação de certas actividades produtivas.

4.3. A Função Distribuição

A função distribuição tem por objectivo:

 Promover uma sociedade mais justa


 Igualdade de oportunidades – assegurar a todos os cidadãos o acesso
a certos bens e serviços considerados meritórios (cuidados básicos de
saúde, ensino básico, defesa, etc.)
 Desigualdade de rendimentos – alterar a distribuição de rendimentos
resultante do mercado.

A distribuição de rendimento e riqueza numa sociedade é, em grande


parte, uma herança do passado, na medida em que determina a
distribuição de direitos de propriedade entre os agentes económicos.

Algumas pessoas detêm terras, outros activos financeiros, outras apenas a


sua força de trabalho, os seus talentos e capacidades que são valorizadas
de forma diversa pelo mercado. As diferentes dotações de factores
produtivos e o seu valor de mercado (o seu preço) determinam a
distribuição de rendimento e riqueza num determinado momento
histórico, numa sociedade. Essa distribuição poderá ser considerada
“justa” ou “injusta”, no primeiro caso não haverá razões para que o
governo intervenha por motivos de distribuição de rendimento.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 52

Certos bens e serviços, embora de natureza essencialmente privada, são


designados por bens de mérito ou bens primários, como é o caso de níveis
de instrução básica, dos cuidados primários de saúde, da água potável, do
pão, etc. Uma sociedade justa baseia-se no princípio de igualdade de
oportunidades para todos cidadãos o que pressupõe, entre outras coisas,
uma igualdade de acesso a esses bens primários e de mérito. Esta
igualdade de acesso implica que o Estado intervenha ao nível do ensino
básico obrigatório, ao nível de campanhas de vacinação gratuitas, ao
nível do saneamento do meio, e noutros sectores. Está-se, neste caso, na
presença de uma provisão a todos os cidadãos de certos bens e serviços
directamente “em espécie”.

É nestes dois sentidos que se pode falar numa função distribuição com o
duplo objectivo de intervir, quer na distribuição de rendimento e riqueza
com vista a adequá-la a uma norma distributiva considerada mais
desejável, quer na provisão em espécie de certos bens/ serviços
(primários e de mérito) com vista a contribuir para uma maior igualdade
de oportunidades.

4.4. A Função de Estabilização


A função de Estabilização tem por objectivo principal o seguinte:

o Promover a estabilização macroeconómica da economia, ao nível


de:

 Emprego;

 Estabilidade de preços;

 Equilíbrio de contas existentes e;

 Crescimento económico.

A função de estabilização tem por objectivo, promover a estabilização


macroeconómica da economia, de forma a contribuir para o crescimento
sustentado da economia, para níveis de emprego elevados, para uma
estabilidade de preços e para um equilíbrio das contas externas.

A função de estabilização tem por objectivo, promover a estabilização


macroeconómica da economia, de forma a contribuir para o crescimento
sustentado da economia, para níveis de emprego elevados, para uma
estabilidade de preços e para um equilíbrio das contas externas.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 53

É sabido que, o livre funcionamento dos mercados não leva


necessariamente a situações de pleno emprego (ou da taxa “natural” de
desemprego) e que a intervenção da política orçamental poderá ter um
papel importante na manutenção de níveis mais desejados de crescimento
económico e de desemprego. É também sabido que, níveis de despesa
pública elevados, não acompanhados das respectivas receitas fiscais,
tendem a gerar pressões inflacionistas, devido a pressão sobre as taxas de
juro das acrescidas necessidades de financiamento do Estado, e que
mesmo orçamentos equilibrados têm efeitos expansionistas. A utilização
da política orçamental com vista a alcançar certos objectivos de natureza
macroeconómica está precisamente relacionada com a função de
estabilização.

RESUMINDO:

TEORIA DA TRIBUTAÇÃO
Para poder desempenhar suas funções, o governo precisa de recursos.
Os tributos são a principal fonte de geração de receitas do governo.
O tributo é gênero cujas espécies são:
– impostos
– taxas
– contribuições
IMPOSTO
Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte”
(Código Tributário Nacional)

TAXA

As taxas são a compensação de um serviço obtido do Estado ou dos


poderes locais paga por serviço particular, de natureza divisível”
(Nitti)

“Taxa é o tributo instituído para remunerar um determinado serviço (ou


uma determinada atividade) especial do Estado, e que seja cobrado
somente dos contribuintes que de fato se utilizam desse serviço ou
atividade ou que os tenham à sua disposição” (Rubens Gomes de Souza)
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 54

CONTRIBUIÇÕES

Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas...”

Para tornar o sistema tributário adequado à sociedade, alguns conceitos


devem ser considerados:

– o conceito da eqüidade;
– o conceito da progressividade;
– o conceito da neutralidade;
– o conceito da simplicidade.

EQÜIDADE
 Pelo conceito da eqüidade, cada contribuinte deve contribuir com
uma parcela “justa” para cobrir os custos do governo.
 Para se atender à justiça, deve-se levar em consideração os princípios
do benefício e da capacidade de pagamento.
 Segundo o princípio do benefício, cada indivíduo deveria contribuir
com uma quantia proporcional aos benefícios gerados pelo consumo
do bem público.
 Esse princípio é de difícil implementação porque os benefícios
gerados não são mensuráveis. Apenas o processo político pode, de
alguma forma, revelá-los.
 Outra forma de se aferir o quanto cada indivíduo deve contribuir
segue o princípio da capacidade de pagamento (ou capacidade
contributiva).
 Segundo esse princípio, o ônus tributário deve ser tal que garanta as
eqüidades horizontal e vertical.
EQÜIDADE HORIZONTAL
Para que se respeite a eqüidade horizontal, os contribuintes com a mesma
capacidade de pagamento devem pagar o mesmo nível de impostos.

EQÜIDADE VERTICAL
Para que se respeite a eqüidade vertical, as contribuições dos indivíduos
devem ser diferenciadas segundo as suas respectivas capacidades de
pagamento.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 55

PROGRESSIVIDADE
 Um imposto pode ser progressivo ou regressivo.
 Um imposto é progressivo quando a alíquota de tributação se eleva
quando aumenta o nível de renda.
 A idéia que justifica uma tributação progressiva é de que quem
recebe mais renda deve pagar uma proporção maior de impostos
relativamente às pessoas de baixa renda.
 Um imposto progressivo pode ser utilizado para obtenção de maior
eqüidade.

NEUTRALIDADE
 O sistema tributário não deve provocar distorção na alocação de
recursos.
 Nesse sentido, o sistema tributário deve, em linhas gerais, visar a
neutralidade. Um sistema tributário deve ser voltado, em geral, para a
neutralidade.
 Entretanto, em algumas circunstâncias, pode-se melhorar a alocação
de recursos com a imposição de impostos seletivos. Nesses casos,
uma tributação neutra apenas manteria distorções existentes

SIMPLICIDADE
O conceito de simplicidade se relaciona com a facilidade da
operacionalização da cobrança do tributo.
Para que haja simplicidade
 o imposto deve ser de fácil entendimento para quem tiver de pagá-lo,
não acarretando custos elevados para o contribuinte;
 a cobrança, a arrecadação do imposto e o processo de fiscalização
não devem representar custos administrativos elevados para o
governo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 56

Sumário
A função de estabilização, tem por objectivo, promover a estabilização
macroeconómica da economia, de forma a contribuir para o crescimento
sustentado da economia, para níveis de emprego elevados, para uma
estabilidade de preços e para um equilíbrio das contas externas.

A função de afectação, tem por objectivo, promover a afectação eficiente


dos recursos, Assegurar os fundamentos do funcionamento dos mercados
(direitos de propriedade etc.); Ultrapassar os fracassos do mercado.

Um dos objectivos da regulamentação é evitar que as empresas pratiquem


preços de monopólio

Exercícios
1. A função distribuição na sua explicação funcional tem duplo
objectivo de intrveição. Comente

2. Em que consiste a intervenção pública no campo da função


afectação?

3. Musgrave sistematizou as três funções do sector público numa


economia mista contemporânea como a: melhoria da eficiência
na afectação de recursos; melhoria da equidade e justiça social;
estabilização macroeconómica.

a) Mencione as principais características das funcoes acima


sistematizados pelo Musgrave e caracterize o objectivo principal
da última função.

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação.

Entregar os exercícios: 3.
Auto-avaliação
Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 57

Unidade V
Política Financeira do Estado

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante seja capazes de perceber como
ocorre o processo politico financeiro do estado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Diferenciar a Politicas de Redistribuição com a Política de


Eestabilização do Estado;
Objectivos  Explicar as implicações em casos de não aplicação das políticas
Financeira.
 Definir a Politica Finanças de Estabilização

5.1. Politica de Redistribuição

Os rendimentos são criados na produção dos bens e distribuídos, a titulo


de salários, rendas, juros e lucros, aos que nela participam ou para ela
contribuem. Mas pode suceder que os titulares dos rendimentos
distribuídos os cedam voluntária ou coercivamente a outrem sem
qualquer contrapartida ou sem contrapartida igual. Nessa altura temos
redistribuição. A redistribuição dos rendimentos é uma distribuição de
rendimentos que foram distribuídos, é portanto, uma distribuição a outro
título que o de elemento de produção, dai que se tenha que efectuar
mediante a transferência dos que auferem os rendimentos, que são
elementos da produção, para os beneficiários, que não são elementos da
produção.

As finanças públicas constituem o principal processo de redistribuição, e


de redistribuição coactiva. O Estado exige aos contribuintes parcelas dos
seus rendimentos correntes (impostos sobre o rendimento) e parcelas dos
seus rendimentos entesourados ou investidos (imposto sobre o
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 58

património), e depois, com os impostos, concede subsídios e produz bens


públicos e bens semi-públicos, que fornece gratuitamente ou a preço
inferior ao custo aos que sentem as respectivas necessidades. Os
rendimentos dos contribuintes são, assim, transferidos para os
destinatários dos subsídios e os utentes dos bens públicos e semi-
públicos. A verdadeira redistribuição apenas existe quando o que quem
quer perde como contribuinte é mais ou é menos do que o que ganha
como beneficiário das transferências efectuadas pelo Estado.

O Estado redistribui quando fornece o serviço do exército, não é para


redistribuir que ele produz, é para satisfazer a necessidade de defesa do
território. A redistribuição aparece aqui como efeito e não como o fim da
acção do Estado. Quando o Estado concede subsídios a famílias
carecidas, já o faz para redistribuir, para satisfazer a necessidade, que
sentem alguns ou porventura muitos cidadãos, de que parte dos
rendimentos dos contribuintes seja transferida para os pobres.

A redistribuição que se tem preconizado e geralmente se tem feito é no


sentido de transferir rendimentos de quem possui mais para quem possui
menos; no sentido, portanto, de favorecer indivíduos de rendimentos
inferiores aos dos que contribuem para ela. Normalmente o Estado onera,
com os impostos de taxa progressiva (é o que acontece no IRPS, quem
mais ganha mais contribui), os grandes rendimentos e as grandes
fortunas, e redistribui a titulares de pequenos rendimentos. A
redistribuição dá-se pois, dos que se encontram acima da zona dos
rendimentos médios para os que se encontram abaixo dela, isto é, dá-se
dos ricos para os pobres.

Tem-se defendido essa redistribuição, com os seguintes argumentos:

a) a injustiça dos largos desníveis de rendimentos, pois resultam


sobretudo, não do esforço ou do mérito, mas do caso;
b) o carácter desumano da carência de bens essenciais, pois nega a
dignidade das pessoas;
c) o inconveniente das situações de pobreza, pois podem ter
consequências sociais nocivas, podem gerar desordens, revoltas, alta
criminalidade;
d) a incorrecção das diferenças de ponto de partida, pois ofendem as
regras duma competição leal.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 59

A redistribuição tem em fim reduzir as desigualdades de rendimentos, e o


Estado consegue através de:

- Atribuição de subsídios, ou seja, dádivas monetárias;

- Fornecimento de bens públicos, portanto, gratuitos aos que sentem


correspondentes necessidades colectivas;

- Fornecimento de bens semi-públicos, também gratuitos ou a preços


inferiores aos custos, por ele próprio produzidos ou por empresas
privadas a que outorga subvenções. Assim sucede quando o Estado
auxilia pobres com donativos, lhes previne de doenças com saneamento
do ambiente e fornecimento de água potável, lhe proporciona
internamento grátis nos hospitais e lhes facilita habitações a preço
reduzido ou subvenciona, para que lhes facilitem, empresas de construção

5.2. Politica de Estabilização


a) O ideal do pleno emprego

A política de estabilização tem em vista preservar o país do forte


desemprego e da variação considerável do nível dos preços.

Conceitos a aprofundar: desemprego e inflação.

Sabemos que o valor do rendimento de uma nação é essencialmente, o


valor dos bens de produção e de consumo finalizados nessa nação durante
um certo período. Esses bens são bens produzidos e, para os produzir,
utilizou-se força de trabalho, bens capitais, ou simplesmente capital e
natureza. O aumento do rendimento nacional importa um aumento da
quantidade de bens produzidos, e este importa um aumento da quantidade
de elementos produtivos utilizados, portanto, para o aumento da produção
exige o aumento de factores produtivos empregues nos campos, na
oficina e nas fábricas, isto é, depende do emprego e de outros factores
produtivos.

Por isso, a situação ideal de qualquer país é a do plano emprego, a da


plena ocupação das suas forças de trabalho. Na verdade, se há pleno
emprego, é máxima a produção que se pode obter com a técnica
existente; e o máximo de produção traduz-se no máximo de rendimento
nacional.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 60

Existindo braços sem emprego e terras e máquinas desaproveitadas,


perde-se o rendimento que, com aqueles braços, se tiraria destas terras e
máquinas. Acresce-se que maior parte dos trabalhadores têm património
diminuto, o que não sucede com os capitalistas e proprietários; dai que os
trabalhadores vivam habitualmente do rendimento do seu trabalho, pelo
que não ter emprego significa para eles não dispor de meios de
subsistência. Geralmente, os trabalhadores são os mais gravosamente
atingidos pela falta de emprego dos seus braços do que são os capitalistas
e proprietários pela falta de utilização das suas máquinas e terras.

b) Desemprego friccional, sazonal, estrutural e cíclico

Não é desemprego, quando se pode trabalhar e não se quer (caso do filho


de uma família rica e ocioso), não há desemprego quando se quer
trabalhar e não se pode (caso invalido). Se uma pessoa pode e quer
trabalhar, mas quer trabalhar em condições mais vantajosas do que as
outras que se encontram empregadas, temos que concluir que essa pessoa
está desempregada porque quer. Portanto, só há desemprego quando se
pode e quer trabalhar, mas não se encontra ocupação ao salário corrente,
também conhecido por desemprego involuntário (Keynes).

Existem, quatro tipos de desemprego, a saber:

1) Desemprego friccional;
2) Desemprego sazonal;
3) Desemprego estrutural e,
4) Desemprego cíclico.

1) Desemprego friccional

Há desemprego que resulta da chegada ao mercado de novos


trabalhadores, sobretudo por alcançarem o mínimo de idade, por
concluírem uma certa formação e, por mudança de ocupação dos
trabalhadores existentes. A mudança pode levar algum tempo: ou
porque os recém formados não encontram de imediato ocupação, ou
se encontram ocupação é, em outros sítios, para onde têm de se
deslocar.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 61

O tempo que a obtenção ou a mudança de emprego exige é como


atrito cuja a resistência há que vencer para se conseguir ocupação, é o
chamado desemprego de fricção ou desemprego friccional.

2) Desemprego sazonal

É o tipo de desemprego que se verifica periodicamente, em certos


meses do ano. É o desemprego próprio de determinada estação de
determinada sazão. Encontra-se na agricultura; os lavradores
precisam de muitos no Outono, durante as colheitas; precisam de
poucos no Inverno; dai que em todos os Invernos surja desemprego
nas regiões rurais.

3) Desemprego Estrutural

É o tipo de desemprego que é provocado por alterações na estrutura


da economia do país. Se as indústrias introduzem novas técnicas,
dispensam braços (desemprego tecnológico); se a sua produção se
concentra nas empresas mais eficientes, dispensam braços; se a sua
produção declina em consequência da redução duradoura da procura,
ainda dispensam braços. Em qualquer dos casos o desemprego resulta
de se ter modificado a estrutura da economia.

4) Desemprego cíclico

É o tipo de desemprego que se verifica em seguida ao período de


prosperidade: é o desemprego cíclico. De todos, é este o mais grave,
pois pode afectar enormes massas de trabalhadores – milhões e, até
dezenas de milhões, como sucedeu nos anos 30 e, actualmente com a
crise financeira internacional.

5.3. Os ciclos económicos


1) A actual configuração dos ciclos
2) A prosperidade e a depressão – forças orgânicas e acidentais que
podem inverter os movimentos de expansão e contracção.

A economia capitalista é uma economia que conhece fases alternadas de


prosperidade e depressão. Começa aumentar o emprego e,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 62

consequentemente, a produção e o rendimento nacional; mas que esse


aumenta não se mantém indefinidamente: em certa altura pára e, depois
principia a diminuir o emprego e, consequentemente, a produção e o
rendimento nacional. Por sua vez, também esta diminuição não prossegue
indefinidamente: em altura posterior também ela pára, e recomeça a
aumentar o emprego, e a produção, e o rendimento nacional.

Temos, pois, uma fase de prosperidade, a que se segue uma fase de


depressão; depois desta, nova fase de prosperidade, a que volta a seguir-
se uma fase de depressão: e assim sucessivamente. São os ciclos
económicos. Uma fase de prosperidade mais uma fase de depressão
constituem um ciclo (depois da tempestade, vem a bonança).

Factores que contribuíram para eliminação de profundas depressões:

o Grande aumento da percentagem de despesas rígidas,


incompressíveis, isto é despesas que não se podem deixar de fazer;
o A resistência dos sindicatos à baixa generalizada dos salários e a
acção dos estabilizadores automáticos;
o A intervenção do Estado, isto é, as medidas financeiras e monetárias
por ele tomadas para combater a depressão.

Na fase de depressão, diminui o rendimento nacional e por conseguinte, o


consumo. E a diminuir tantos que muitas das empresas produtoras de
bens de consumo não precisam, para produzirem o que o mercado lhes
requer, de substituir os capitais usados, bastando-lhes utilizar os que
ainda o não estão. O investimento tende para 0 (zero). Todavia, nem as
empresas nem os consumidores podem adiar indefinidamente a
substituição de capitais fixos e dos bens de consumo duradouros. Lá
chega a altura em que já não é possível a bom número de empresas
assegurarem a produção com os capitais que ainda não estão inutilizados,
nem a muitos dos consumidores deixarem de substituir parte dos seus
bens duradouros.

Vai, pois, aumentar o investimento: não só porque renasce a procura de


capitais de substituição, como porque, aumentando o consumo, surge a
procura de capitais novos. Entra-se, desta sorte, na fase de prosperidade:
o aumento do investimento provoca um aumento acelerado do
investimento. E pode ser assim porque a economia dispõe, ao sair da
depressão, dos elementos produtivos necessários para que desenvolva o
efeito-propulsão. Dispõe, na verdade, de excesso de fundos nos bancos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 63

Assiste-se, pois, ao processo cumulativo: mais investimentos, muito mais


consumo, muito mais investimento... Este processo, não é susceptível de
prosseguir indefinidamente pois, a expansão acaba por ser limitada pelo
pleno emprego. Quando todos os que possam e queiram trabalhar tiverem
encontrado ocupação, é claro que a produção total só poderá crescer
duradouramente, através do aumento do número de braços,
consequentemente ao aumento da população, ou através da introdução de
novos processos técnicos e métodos de trabalho nas empresas, que
permitem produzir mais com os braços disponíveis.

Sucede que, nem sempre as fases de prosperidade atingem o pleno


emprego, isto devido o seguintes factores:

- Os investimentos excessivos feitos nos primeiros estádios de


prosperidade. Sucede frequentemente que algumas empresas cheias do
optimismo que o retorno da prosperidade lhes dá, e tentando apetrechar-
se para conquistarem os aumentos previstos de procura, instalam
equipamentos que vêm, depois, a mostrar-se exagerados. Dai que pode
resultar a quebra do investimento;

- a diminuição da eficiência marginal, em virtude de os preços dos


elementos produtivos passarem, a certa altura, a subir mais que
proporcionalmente aos preços dos produtos e serviços. Os custos passam
assim a subir a ritmo crescente, mas os preços podem passar a subir a
ritmo decrescente, pois, os lucros das empresas, diminuir
consequentemente a eficiência do capital e, com isso, o investimento;

- o esgotamento da capacidade financiadora dos bancos. São os bancos


que financiam em boa medida o desenvolvimento das empresas. Mas os
bancos só podem conceder crédito dentro do limite, talvez os bancos
esgotem a sua capacidade de conceder créditos, deixando financiar o
desenvolvimento das empresas produtoras de bens consumo. Se tal
acontecer, estas empresas cessam de expandir-se; deixa , por conseguinte,
de aumentar o consumo, e o investimento decresce. Entramos de novo na
depressão.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 64

Sumário
A política de estabilização tem em vista preservar o país do forte
desemprego e da variação considerável do nível dos preços.

Os rendimentos são criados na produção dos bens e distribuídos, a titulo


de salários, rendas, juros e lucros, aos que nela participam ou para ela
contribuem.

Exercícios
1. Porquê afirmamos que “ A redistribuição tem em fim reduzir as
desigualdades de rendimentos na sociedade”?

2. De ponto de vista de Keynes, Portanto, só há desemprego quando se


pode e quer trabalhar, mas não se encontra ocupação ao salário
corrente, também conhecido por desemprego involuntário. Cita
outros tipos de desempregos que conheceu durante a leitura

3. “Uma fase de prosperidade mais uma fase de depressão constituem


um ciclo económico” - Sustenta esta afirmação a partir do teu
conhecimento sobre a a matéria e indique os factores que
contribuíram para eliminação de profundas depressões

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação.


Entregar o exercício: 1.
Auto-avaliação
Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 65

Unidade VI
Politica Financeira Anteciclica do
Estado

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante saiba interpretar a politica
financeira do Estado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o posicionamento do estado em relação a economia


 Definir a inflação
Objectivos
 Diferenciar a Politicas de Redistribuição com as demais políticas
financeiras do estado;
 Explicar as implicações em casos de não aplicação das políticas
Financeira Anti-Ciclica e Anti-Inflacionista.
 Definir a Politica Finanças de Desenvolvimento

6.1. Politica Financeira Anteciclica


a) Incremento da procura global
1) Directo: aumento das despesas de compra
2) Indirecto: aumento das despesas-transferências e redução de
impostos

O rendimento está a diminuir, ou está a diminuir o ritmo do seu aumento,


porque a procura global, a procura feita ao nível corrente dos preços, é
inferior à oferta de pleno emprego. Com efeito, se há operários sem
trabalho, isso resulta de a procura de produtos e serviços ser menor do
que a oferta obtenível quando todos os braços se encontram ocupados.
Requer-se, portanto, o incremento da procura.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 66

E o governo pode operá-lo directamente através do aumento das despesas


de compra. Se estas subirem, será maior o número de trabalhadores nas
empresas públicas e privadas.

O Estado deve fazer despesas de compra que não prejudiquem, e antes


estimulem, as despesas dos particulares. O estado não deve fazer
despesas competitivas, isto é, despesas em empreendimentos
concorrentes com a iniciativa privada. Se o fizer, o estado fechara
oportunidades aos privados, como os desencorajará a investir, por
temerem uma competição com o estado, sempre mais forte. Deve o
Estado fazer, empreendimentos vedados aos particulares; o estado deve
fazer despesas que, além de não serem competitivas, contribuam para a
baixa do custo de produção e, portanto, para o aumento da eficiência
marginal do capital, incentivando o investimento. É o que sucede com as
obras públicas, estradas, pontes, aproveitamentos hidráulicos. Assim, o
estado irá facilitar o transporte, fertilizar terrenos, fornecer energia.

Mas o Estado, pode também, conseguir indirectamente o incremento da


procura global, através do aumento das despesas de transferência, bem
como, através da redução dos impostos.

Na 1ª vertente, o Estado pode por exemplo, aumentar as despesas em


subsídios de desemprego ou em auxílio a famílias pobres, os beneficiários
vão certamente fazer mais consumo e, portanto, mais procura;

Na 2ª vertente, o Estado pode por exemplo, reduzir os impostos sobre os


rendimentos, os particulares e as empresas ficarão com mais rendimentos
nas mãos, com mais rendimento disponível, o que possibilitará o aumento
do consumo e investimento privado e, por tanto, a procura global.

Resumindo, o Estado poderá estancar a fase de depressão ou seja,


combater os ciclos através de políticas expansionistas por três vias:
acréscimo das despesas de compra; acréscimo das despesas de
transferências e na redução de impostos. O estado deve recorrer a
predominantemente à criação de moeda para financiar o acréscimo das
suas despesas de compra ou transferências.

b) Dificuldades de realização

A política financeira anticíclica depara-se com grandes dificuldades de


realização, senão vejamos:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 67

1) Atraso de conhecimento – Na verdade, não é imediatamente, mas ao


cabo de algum tempo, que o Governo se apercebe da ocorrência dos
factos, do inicio da recepção;

2) Atraso de instauração – Não é imediatamente, mas sim ao cabo de


algum tempo, que o Governo decide e põe em pratica medidas
apropriadas e;

3) Atraso de eficácia – Não é imediatamente, mas ao cabo de algum


tempo, que as medidas, depois de entradas em vigor, produzem os
principais efeitos.

c) Estabilizadores automáticos

São estabilizadores automáticos os elementos económicos que contrariem


os movimentos de expansão e de contracção, tais como:

- As receitas do imposto de rendimento. Nas fases de depressão o


rendimento disponível dos contribuintes diminui menos que o seu
rendimento pessoal, ou seja, o imposto de rendimento contraria o
movimento de contracção, constituindo como que um travão financeiro
(fiscal drag), e tanto mais quanto mais altas as taxas de imposto e quanto
mais progressivo o sistema tributário;

- As receitas e as despesas da segurança social. Como as receitas da


segurança social provém de contribuições proporcionais aos salários
pagos; elas baixam durante a depressão, quando o emprego diminui, e
sobem durante a prosperidade, quando o emprego aumenta. E como as
despesas da segurança social resultam dos subsídios de desemprego e das
pensões satisfeitas aos trabalhadores, elas sobem durante a depressão,
quando o emprego diminui, e baixam durante a prosperidade, quando o
emprego aumenta. Na depressão, portanto, a segurança social é
deficitária, absorvendo menos rendimentos do que os que cria, enquanto
que na prosperidade é superavitária, absorvendo mais rendimentos do que
os que distribui.

6.2. Politica Finaceira Anti - Inflacionista


a) No caso da inflação-procura
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 68

Vencida a depressão, invertido o movimento, entra-se em nova fase de


prosperidade, começando-se a reabsorver o desemprego. Enquanto são
muitos os braços desocupados, o aumento da procura global provoca
aumento correspondente da produção sem aumento, ou quase, dos custos.
A medida, porém, que se aproxima o pleno emprego, o aumento da
procura provoca aumento da produção que passa a fazer-se a custos
crescentes (são salários que cada vez mais se elevam, é o recurso a
trabalhadores cada vez menos capazes...), de modo que se assiste à alta
persistente do nível de preços, isto é, à inflação. E ultrapassado o pleno
emprego, como já não é possível incrementar duradouramente a
produção, os preços acabam por subir proporcionalmente ao aumento da
procura.

Portanto, ao problema do desemprego, que a fase de depressão suscitava,


vem suceder o problema da inflação, que suscita a fase de prosperidade.

Inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro,


ou seja, é o aumento generalizado do nível de preço.

Quem perde e quem ganha com a inflação:

- Perdem os titulares de rendimentos fixos (os pensionistas, os rendistas)


ou atrasadamente variáveis (os trabalhadores) e os credores a longo
prazo.

- Ganham os devedores a longo prazo e os titulares de rendimentos


variáveis (os empresários)

Que medidas deve tomar o Estado para combater a inflação

A inflação foi desencadeada e é mantida pelo aumento da procura global.


Foi este que provocou e continua a provocar o aumento da oferta a custos
crescentes e a correlativa subida do nível dos preços. Há pois que refrear
a procura, a fim de reduzir a inflação. Isto é, há que desenvolver uma
política inversa da adoptada contra o desemprego e, por conseguinte, uma
politica contraccionista.

O Estado pode impedir directamente o aumento da procura global através


da diminuição das suas despesas – compra; e pode impedi-lo
indirectamente através da diminuição das despesas de transferência e do
aumento dos impostos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 69

Todas essas medidas sofrem de atrasos, como as correlativas medidas de


expansão, o aumento dos impostos – que se arrisca a ter eficácia nula ou
diminuta. Pretende-se com tal aumento reduzir o rendimento disponível
dos contribuintes e, dai, o seu consumo. Simplesmente a curso prazo os
indivíduos resistem, como sabemos, à redução do consumo, procurando
manter, mediante corte de aforro ou recurso a aforro anterior ou a crédito,
o costumado nível de vida.

Mas o êxito da política anti-inflacionista tem um custo, que é o


desemprego. Força-se a descida da inflação por meio da redução do
aumento da procura global: ora reduzindo-se o aumento da procura acaba
por se reduzir a produção e, portanto, o numero de braços ocupados. Se
se estava em pleno emprego, começa a aparecer o desemprego; se ainda
não se estava em tal situação, o desemprego aumenta.

Em face do movimento inverso do desemprego e da inflação o Governo


tem de proceder a uma arbitragem (trade off) entre um e outra, isto é, tem
de optar: ou por menos inflação e mais desemprego, ou por menos
desemprego e mais inflação.

b) No caso de inflação – custos

Na verdade não existe somente a inflação-procura, a infla,cão


provocada pelo aumento da procura; mais procura, mais oferta a
custos crescentes, preços mais altos. Os preços sobem porque sobem
os custos, estes sobem porque aumenta a produção, a produção
aumenta porque aumenta a procura. A subida dos custos é, pois,
derivada do incremento da procura. Mas a subida dos custos também
pode ser autónoma: é o caso do encarecimento de matérias-primas
que não provenha da alta de custos de produção subsequente ao
aumento da procura, e sim do monopólio ou oligopólio dos
produtores, como sucedeu nas subidas do preço de petróleo bruto em
1973 e 1979; é o caso da alta dos salários superiores ao acréscimo de
produtividade dos trabalhadores, quando aquela não provenha do
aumento da procura de trabalho, mas sim, da força contratual dos
sindicatos. Ora , se a subida dos custos é autónoma, as empresas
passam a ter perdas ou vêem reduzidos os seus lucros aos preços
estabelecidos nos mercados; por conseguinte, restringem a produção
e o nível dos preços sobe.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 70

Perante a eventual coexistência de severo desemprego e forte


inflação, que medidas deverá tomar o Estado?

Na verdade, se para combater o desemprego, adopta uma política


expansionista, faz aumentar a procura global e, consequentemente a
inflação; e se para combater a inflação, adopta a uma política
contracionista, faz diminuir a procura global e, consequentemente, o
emprego, nas fases de depressão o Governo também tem de decidir se
é preferível menos desemprego e mais inflação ou menos inflação e
mais desemprego.

A escolha dependerá em muito, por um lado, da intensidade relativa


do desemprego e da inflação em cada caso concreto; e, por outro, do
quanto previsível de inflação ou de desemprego seja preciso suportar
para conseguir, respectivamente determinada redução do desemprego
ou determinada baixa da inflação.

A terminar, se a alta do nível dos preços é fruto da subida dos custos,


como tipicamente sucede na fase de depressão, torna-se deveras
duvidosa a pertinência da escolha de menos inflação e mais
desemprego, uma vez que já é elevado o número de braços sem
trabalho.

6.3. A Politica de Desenvolvimento e Subdesenvolvimento Economica


a) Países subdesenvolvidos

b) Principais características

Países Subdesenvolvidos ou países menos desenvolvidos (LDCs sigla em


Inglês Least Developed Countries) são países que, de acordo com a
Organização das Nações Unidas, apresentam os mais baixos indicadores
de desenvolvimento socioeconómico e humano entre todos os países do
mundo.

Um país é classificado como um país subdesenvolvido ou menos


desenvolvido se preencher os seguintes 3 (três) critérios a saber:

o Baixa renda (média trienal do PIB per capita de menos Usd


750,00 que deve ultrapassar Usd 900,00 para sair da lista);
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 71

o Fraqueza em recursos humanos (com base nos indicadores


de nutrição, saúde, educação e da alfabetização) e,
o Vulnerabilidade económica (com base na instabilidade da
produção, a instabilidade das exportações de bens e serviços,
a importância económica das actividades não tradicionais,
exportar mercadoria concentrada, e desvantagens
económicas, bem como a percentagem da população
deslocada por desastres naturais).

A classificação actual ( a partir de 16 de Abril de 2008) aplica-se a 49


(quarenta e nove) países em todo o planeta, sendo constituído
maioritariamente por países da Africa, Ásia e América Latina. Em 2007,
as Nações Unidas retiraram Cabo Verde da categoria dos Países Menos
Desenvolvidos, sendo esta a 2ª vez que isso acontece, o primeiro país a
sair da classificação de LDC foi o vizinho Botsuana em 1994.

Portanto, países subdesenvolvidos são aqueles que a generalidades dos


habitantes não têm um nível humano de vida, quer dizer, não têm um
nível de vida que represente a satisfação das necessidades essenciais tida
por indispensável. O grande problema dos países menos desenvolvidos, é
o da urgente elevação do nível de vida das suas populações. Dizia
H.W.Singer, grande economista contemporâneo, “que os países
subdesenvolvidos se assemelham a uma girafa: como ela, são fáceis de
reconhecer, mas difíceis de definir ”.

O facto de a generalidade dos habitantes não ter um nível humano de vida


pode ser consequência imediata:

a) de o rendimento nacional ser insuficiente para assegurar


ao grande nível esse nível de vida;
b) e, sendo o rendimento insuficiente, haver má
distribuição.

Nos países subdesenvolvidos há, na verdade, uma distribuição muito


desigual do rendimento: enquanto algumas pessoas vivem no luxo, a
maior parte vivem na miséria. Os países subdesenvolvidos sofrem,
primeiro que tudo, de insuficiência de rendimento; mas, se eles têm um
rendimento insuficiente, é porque lhes faltam elementos produtivos para
o criar; e como muitos desses elementos lhes faltam duradouramente, eis
que padecem de desequilíbrios económicos estruturais, sobretudo do
grande desequilíbrio entre a população e os recursos ou, mais
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 72

propriamente, entre o trabalho não qualificado e os restantes elementos


produtivos. Há um grande excesso de cabeças e braços, tais como a
natureza os fez, em relação às cabeças instruídas e mentalizadas, aos
braços especializados e adestrados, aos capitais produzidos e instalados.

Na verdade os países subdesenvolvidos, ou menos desenvolvidos


apresentam as seguintes características principais:

o pouco capital; isto é, poucas ferramentas, máquinas,


edifícios, fabbricas. Existem dois sectores, com escassa
comunicação entre si:

- Sector capitalista, de tipo europeu, que é sobretudo industrial


e frequentemente virado para a exportação;

- Sector pré-capitalista, tradicional, que ocupa grande parte dos


habitantes dedicando-se estes a actividade agrícolas e
artesanais, com equipamento rudimentares. Geralmente não
utilizam máquinas, mas apenas instrumentos e processos
primitivos (Ex. Enxadas de cabo curto). O resultado da
produção depende, pois, no sector tradicional, quase só da
natureza dá e do esforço que o homem lhe aplica.

Algumas populações ainda vivem em economia de subsistência,


praticando a troca directa; e muitas das que já vivem em economia de
subsistência, praticando a troca directa; e muitas das que já vivem em
economia monetária têm um comércio localizado – um comércio através
de mercados periódicos (feiras populares) e pequenas bancas, cuja
radiação é muito restrita no espaço.

o Pouco capital fixo social. Faltam infra-estruturas


económicas e sociais: assim, escasseiam-se as vias de
comunicação (estradas, portos, aeródromos), os meios de
transporte (comboios, aviões), as fontes de energia
(centrais eléctricas, barragens, etc.), os fornecimentos de
água, hospitais, escolas, etc.
o Pouco pessoal qualificado. São em pequeno numero os
trabalhadores com boa formação profissional, os
contramestres, os técnicos, os gestores, os dirigentes. Falta,
pois, quem saiba do seu oficio e quem preencha
devidamente os quadros das empresas;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 73

o Pouca iniciativa e capacidade empresarial. São raras as


pessoas que queiram instalar fábricas, abrir lojas, explorar
transportes. Primeiro porque não está difundido o espírito
de empreendimento, que é espírito, simultaneamente, de
aventura, risco e ponderação; e depois, porque aqueles que
possuem não encontram condições para exercitar. As
pessoas nos países menos desenvolvidos não fazem e, não
deixam fazer.

Não está difundido o espírito de empreendimento, por várias razões, de


entre elas:

- Porque a riqueza nos países subdesenvolvidos não consiste em dinheiro,


mas em outros bens, por exemplo no gado; e o gado obtém-se criando-o,
herdando-o, ou furtando-o, e não montando fábricas ou abrindo lojas. O
dinheiro não conta, pois, entre os valores sociais, e dai que não se pense
em organizar empresas para ganhar.

- Porque os povos são profundamente religiosos, quiçá, obscurantistas, e


as suas crenças se subordinam o bem-estar material a outros valores,
como o ascetismo, a contemplação mística, o nirvana.

- Porque se crê que o bem-estar material não depende do esforço do


homem, mas tão-somente da vontade de Deus. Se é Deus quem dá
riqueza para que há-de o homem procurar obtê-la?

Nos países subdesenvolvidos as taxas de natalidade são elevadas e, em


contrapartida as taxas de mortalidade também são elevadas devido as
endemias e epidemias.

6.3.1. O círculo vicioso da pobreza


A produção e o rendimento e o rendimento são pequenos; logo, o
rendimento é quase todo consumido; logo, a pouco aforro, o que só
permite, ou pouco mais que permite, a substituição dos capitais usados;
logo, não aumenta ou pouco aumenta o investimento; logo, mantém-se
pequena a produção e o rendimento, como se vê, há pouca poupança; dai
que faltem fundos para investir. Portanto, sendo pequeno o rendimento, é
pequeno o consumo; por conseguinte, também o mercado de cada
produto é pequeno, é estreito. A estreiteza dos mercados constitui mais
obstáculo à instalação de fábricas: como sabemos, quanto menor o
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 74

mercado, menor a probabilidade de uma nova empresa encontrar procura


para os seus artigos a preço lucrativo.

6.4. Politica de Finanças de Desenvolvimento


a) Contribuição das finanças para a eliminação dos desequilíbrios
estruturais
b) O perigo da inflação

As finanças públicas são chamadas a contribuir substancialmente para a


eliminação dos desequilíbrios estruturais dos países subdesenvolvidos. A
falta de poupança voluntária a estes países para incrementarem o
investimento, faz com que o Estado tenha que suprir essa falha, com o
aforro público através do sistema fiscal, realizando assim a poupança
forçada, isto é, devem propor-se superaveites do orçamento corrente,
através de impostos gravosos nos consumos supérfluos e de luxo, que
são de tanto agrado das classes ricas nos países subdesenvolvidos.

o Falta aos países subdesenvolvidos capital fixo sociais. Dai que o


Estado, nestes países deve fornecer capital fixo social, que lhes
caiba dotar o país de estradas, portos, vias férias, barragens,
serviços de saúde;
o Falta de pessoal qualificado. É necessário dotar o país de
escolas, muitas escolas, em que se difunda a instrução, se ensine
técnica das profissões, se formem gestores de empresas e, caberá
ao Estado construir, apetrechar essas escolas e assegurar-lhe um
funcionamento;
o O estado deve criar fundos para criar e expandir empresas (E o
caso do fundo de iniciativas locais);

O Estado deve incrementar as despesas públicas, que se repercurtirá no


aumento da procura de bens, e este por sua vez com facilidade provoca
inflação nos países subdesenvolvidos

Sumário
Inflação, é a queda do valor de mercado ou poder de compra, do dinheiro,
ou seja, é o aumento generalizado do nível de preços.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 75

Países Subdesenvolvidos ou países menos desenvolvidos (LDCs sigla em


Inglês Least Developed Countries), são países que, de acordo com a
Organização das Nações Unidas, apresentam os mais baixos indicadores
de desenvolvimento socioeconómico e humano entre todos os países do
mundo.

São estabilizadores automáticos, os elementos económicos que


contrariem os movimentos de expansão e de contracção, tais como:

Exercícios
1. Mencione as principais características das políticas financeiras
anteciclicas e anti-inflacionista do estado.

2. Explica em que se deferenciam Politica de desenvovimento da


politica de subdesenvolvimento?

3. A partir de exemplos concretos, tente explicar como o Estado


poderá estancar a fase de depressão ou seja, combater os ciclos
viciosos, no âmbito da política financeira anteciclica?

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 76

Unidade VII
Sistemas Fiscais

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante seja capaz de perceber como
funciona o sistema fiscal.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir a Tributaçao
Objectivos  Explicar o funcionaento o sistema Fiscal Moçambicano
 Mencionar as características desejáveis para um Sistema fiscal
 Identificar e caracterizar tipos de impostos

7.1. A Tributação
O Tributo

É toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se


possa exprimir, que não constitua sanção de acto ilícito, instituída por lei
e cobrada mediante actividade administrativa plenamente vinculada.

A noção de tributo está ligada ao termo latino “tribuire”, que significa


distribuir, no sentido de repartir, entre os entes da comunidade os ónus da
satisfação das necessidades colectivas. O imposto é uma prestação de
valor pecuniário, exigida aos indivíduos pelo Estado, sem contrapartida e
sem o caracter sancionário. Segundo regras fixas, para cobrir despesas de
interesse geral, cobrado pelo único facto de que, quem o deve pagar,
pratica um acto económico numa comunidade politicamente organizada.

O imposto é uma das espécies do género tributo. Diferentemente de


outros tributos, como taxas e direitos aduaneiros, é um tributo não
vinculado: é devido pelo contribuinte independentemente de qualquer
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 77

contraprestação por parte do Estado. Destina-se a atender as despesas


gerais da Administração Pública, pelo que só pode ser exigido pela
pessoa jurídica de direito público interno que tiver competência
constitucional para tal.

Teoreticamente, os recursos arrecadados pelos governos são revertidos


para o bem comum, para investimentos (tais como infraestrutura:
estradas, portos, pontes, aeroportos, etc.) e custeio de bens e serviços
públicos, como saúde, segurança e educação. Mas não há vinculação
entre receitas de impostos e determinada finalidade - o contrário do que
ocorre com as taxas e as contribuições específicas, cujas receitas são
vinculadas à prestação de determinados serviços ou a realização de
determinada obra. Embora a lei obrigue os governos a destinarem
parcelas mínimas da arrecadação a certos serviços públicos – em especial
de educação, saúde, o pagamento de impostos não confere ao contribuinte
qualquer garantia de contrapartida.

7.2. Sistemas Tributários


Segundo Richard Musgrave (1976), entende-se por Sistema Tributário
como sendo o complexo orgânico formado pelos tributos instituídos em
um país ou região autónoma e os princípios e normas que os regem. Por
via de consequência, podemos concluir que o Sistema Tributário
Moçambicano é composto dos tributos instituídos em Moçambique, dos
princípios e das normas que regulam tais tributos.

7.2.1. Características Desejáveis para um Sistema Tributário

A importância que o sistema tributário - entendido, de forma simples,


como o conjunto de impostos vigente num determinado país ou espaço
geográfico - assume, quer no ponto de vista estritamente financeiro, quer
na sua influência sobre a actividade económica e social, leva a que
existam preocupações sobre as características que o mesmo deve revestir.

Assim, sendo uma das justificações para a existência de imposto a


obtenção de receitas para financiar a provisão de bens públicos, torna-se
importante verificar em que medida o sistema fiscal é capaz de gerar o
conjunto de meios financeiros considerado necessário.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 78

7.2.2. Sistemas Tributários óptimos

Uma síntese dos requisitos considerados como integrantes de um “bom”


sistema Tributário pode ser apresentada como segue:

(i) Equidade, a distribuição da “carga fiscal” entre os indivíduos


deve ser equitativa e não arbitrária, devendo cada um suportar
uma parcela considerada justa dos encargos com a actividade
pública.
(ii) Eficiência3, os impostos devem ser escolhidas de molde a
minimizarem as interferências com decisões eficientes dos
agentes económicos tomadas em mercados competitivos.
(iii) Flexibilidade, a estrutura dos impostos deve ser concebida de
modo a constituir um instrumento eficaz de estabilização
automática de conjuntura.
(iv) Transparência, as regras tributárias devem ser, tanto quanto
possível, estáveis e de fácil compreensão para os contribuintes, e
permitir a responsabilização política dos governos pelas medidas
fiscais tomadas.
(v) Baixo custo de funcionamento, os custos associados à
administração e cumprimento do sistema de impostos e regras
fiscais devem ser tão baixos quanto o permitam os restantes
objectivos de política fiscal.
(vi) Eficácia 4 financeira, as receitas geradas por um sistema fiscal
devem ser adequadas e suficientes para fazer face as necessidades
financeiras e objectivos da política orçamental.

7.2.3 Princípios da Tributação

Em 1776, o escocês Adam Smith, publicou em sua obra classíca, A


Riqueza das Nações, alguns preceitos da boa tributação: justiça,
simplicidade e neutralidade.

Justiça

3
Eficiência, a gestão é eficiente quando os meios escolhidos forem aplicados de forma a
obter o rendimento máximo.
4
Eficácia, a gestão é eficaz quando os objectivos das políticas, das acções, dos programas,
dos projectos, das organizações forem alcançados
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 79

Um sistema tributário é justo quando todos, dos mais pobres ao mais rico,
contribuem em proporção directa à sua capacidade de pagar. Na definição
de justiça tributária, está implícito o princípio da progressividade – quem
ganha mais deve contribuir com uma parcela maior do que ganha, pois
uma parte dos seus rendimentos está comprometida com o atendimento
de necessidades básicas.

Simplicidade

De acordo com Smith, num sistema tributário é relactivamente fácil e


barato para o contribuinte calcular e pagar quando deve. A mesma
facilidade tem o governo para fiscalizar se o contribuinte pagou o que
devia.

Neutralidade

Neutralidade quer dizer que o sistema tributário não deve influenciar a


evolução natural da economia. Ou seja, não deve influir na
competitividade e nas decisões das empresas e tampouco no
comportamento do consumidor / contribuinte.

Factos geradores de tributação

Os tributos regra geral, incidem sobre os rendimentos ou o património.


Rendimentos dizem respeito ao valor criado por meio do trabalho (ou da
aplicação do capital ou saber) de indivíduos ou de organizações, ex.
Salários, lucros, juros, dividendos, etc. Património são bens de
propriedade dos contribuintes que têm valor económico, como casas,
propriedades, carros, e outros activos.

7.3. Sistema Tributário da República de Moçambique


A análise da evolução dos sistemas fiscais dos vários países evidencia a
existência ao longo do tempo de diferentes “modelos de tributação” e
grande diversidade de figuras tributárias. E isto, tanto quando se
consideram as autoridades públicas no seu conjunto, como quando se
retêm em separado os diferentes níveis do governo.

As razões para tal decorrem de múltiplos factores. Assim, para além das
influências e opções de ordem histórica e política, é necessário ter
presente que os sistemas fiscais são eles próprios reflexo das estruturas
sócio-económicas sobre que incidem e modelam, evoluindo em função
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 80

das características das mesmas e do grau de desenvolvimento dos países


considerados.

O Sistema tributário da Republica de Moçambique assenta em critérios


de justiça social e o regime jurídico-fiscal segue os princípios da
legalidade tributária, de equidade, da eficiência e da simplicidade do
sistema tributário.

Classificação dos impostos em Moçambique

De acordo com a Lei No 15/ 2002, de 26 de Junho, o sistema tributário da


Republica de Moçambique integra impostos nacionais e autárquicos.

Os impostos do sistema tributário nacional classificam-se em directo e


indirecto, actuando em diversos níveis, designadamente:

a) Tributação directa dos rendimentos e da riqueza; e


b) Tributação indirecta da despesa.

Tributação directa dos rendimentos

A tributação directa dos rendimentos e da riqueza na República de


Moçambique faz-se através do seguinte sistema de impostos:

a) Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas – IRPC;


b) Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares – IRPS e;
c) Imposto simplificado para pequenos contribuintes – ISPC.

Tributação indirecta

A tributação indirecta, que compreende os impostos sobre a despesa,


integra:

a) Impostos sobre o valor acrescentado – IVA;


b) Impostos sobre Consumos Específicos – ICE; e
c) Os Direitos aduaneiros

Outros impostos

O sistema tributário de Moçambique se completa com outros impostos, a


saber:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 81

a) O imposto de selo;
b) O imposto sobre sucessões e doações;
c) A Sisa;
d) Os impostos Especial sobre o jogo;
e) O imposto de Reconstrução;
f) Outros impostos a taxas específicas, estabelecidas por lei

Mais interessante, porém, do ponto de vista da análise económica, é a


classificação e distinção dos impostos em função das respectivas bases de
incidência ou realidades económicas tributadas. Nesta última perspectiva,
distingue-se entre:

7.4. Composição do Sistema Fiscal Moçambicano


O Sistema Fiscal Moçambicano (SFM) presentemente em vigor é
formado por um conjunto de impostos nacionais e autárquicos que
incidem sobre o rendimento, o património e a despesa. Existem alguns
outros impostos que tributam certos actos ou situações específicas (como
é o caso do imposto sobre o consumo específico).

A tributação do rendimento opera-se através dos dois impostos referidos:

O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS), que tem


por objectivo a tributação global e personalizada do rendimento, através
da adopção de um conceito amplo de rendimento (“rendimento –
acréscimo patrimoniasl”), de um sistema de taxas progressivas por
escalões, e da relevância de um conjunto importante de encargos e
deduções de tipo pessoal e familiar. O IRPS incide sobre o valor global
anual dos rendimentos, mesmo quando provenientes de actos ilícitos, das
categorias seguintes, depois de feitas as correspondentes deduções e
abatimentos:

a) 1ª Categoria: rendimentos do trabalho dependente;


b) 2ª Categoria: rendimentos empresariais e profissionais;
c) 3ª Categoria: rendimentos de capitais e das mais-valias;
d) 4ª Categoria: rendimentos prediais;
e) 5ª Categoria: outros rendimentos

O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC), que


corresponde na sua filosofia às modernas exigências da tributação
empresarial baseada, fundamentalmente, no lucro real e na eliminação de
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 82

dupla tributação económica dos lucros distribuídos. O IRPC incide sobre


os rendimentos obtidos, ainda que provenientes de actos ilícitos, no
período de tributação.

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

O IVA é um imposto geral sobre as transmissões de bens, as prestações


de serviços, realizadas no território nacional, a título oneroso, por um
sujeito passivo agindo como tal, bem como sobre as importações de bens.

Imposto sobre Consumos Específicos (ICE)

O imposto sobre consumo específicos tributa, de forma selectiva, o


consumo de determinados bens constantes de legislação especifica a
aprovar pelo Conselho de Ministros (tabaco, bebidas, drogas, etc.) e
incide uma só vez no produtor ou no importador, consoante o caso.

Direitos aduaneiros

Os direitos aduaneiros incidem sobre as mercadorias importadas e


exportadas no território aduaneiro e estão consignados na pauta
aduaneira, ficando o Conselho de Ministros com a competência de fixar
na mesma as respectivas taxas, bem como as instruções preliminares da
pauta aduaneira e os benefícios pautais.

Outros impostos

Tal e qual nos referimos anteriormente, o sistema fiscal de Moçambique


se completa com outros impostos, a saber: o Imposto de Selo, o Imposto
sobre Sucessões e Doações, a Sisa, O Imposto Especial sobre o Jogo, o
Imposto de Reconstrução e, outros impostos a taxas especificas,
estabelecidas por lei

a) Imposto do Selo incide sobre todos os documentos, livros, papéis e


actos designados na tabela própria, a provar pelo Conselho de
Ministro, na qual constam as respectivas taxas e se estabelecem as
exclusões à tributação.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 83

b) O Imposto sobre Sucessões e Doações incide sobre as transmissões a


título gratuito de bens mobiliários e imobiliários.
c) A Sisa incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de
propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens
imóveis.
d) O Imposto Especial sobre o Jogo incide sobre as receitas brutas
resultantes da exploração dos jogos regulados pela Lei No 8/94, de 14
de Setembro, após o pagamento dos ganhos aos jogadores. A taxa é
fixada no contracto de concessão e é variável de acordo com o
período de concessão, nos seguintes termos:
1) 20% para o período de concessão de 10 a 14 anos;
2) 25% para o período de concessão de 15 a 19 anos;
3) 30% para o período de concessão de 20 a 24 anos;
4) 35% para o período de concessão seja de 25 a 30 anos;
e) O Imposto de Reconstrução Nacional representa a contribuição
mínima de cada cidadão para os gastos públicos e incide, segunda
taxas específicas, sobre todas as pessoas residentes no território
nacional, ainda que estrangeiros, quando para eles se verifiquem as
circunstâncias de idade, ocupação, aptidão para o trabalho e demais
condições estabelecidas para cada ano pelo Ministério de Finanças,
mediante propostas dos governos provinciais, diversificadas de modo
a atender ao grau de desenvolvimento e às condições sócio-
económicas prevalecentes em cada distrito.
f) Imposto sobre Veículos incide sobre o uso e fruição dos veículos
matriculados, registados nos serviços competentes no território da
Republica de Moçambique, ou independemente de registo ou
matrícula, desde que sejam decorridos cento e oitenta dias a contar da
entrada no mesmo território e estejam em uso ou circulação.
g) Taxas sobre combustíveis, incide sobre o combustível produzido ou
importado e comercializado no território nacional, a uma taxa a
estabelecer pelo Conselho de Ministros

Benefícios e Fiscais

Aspecto relevante em qualquer sistema fiscal é o conjunto de incentivos e


benefícios fiscais que o integram, e que traduzem opções de política
relativamente ao uso do instrumento “imposto” para alcançar certos
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 84

objectivos económicos e sociais. No caso moçambicano, e para além das


disposições que, a esse título, constam dos próprios Códigos tributários (e
que alguns autores de pendor mais jurisdicista consideram como
indissociáveis da própria filosofia do respectivo imposto), estes
“desagravamentos” encontram-se, fundamentalmente, sistematizados no
Código dos Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto No 16/2002, de 27
de Julho. A este acresce alguma legislação autónoma, como nos casos da
Lei do mecenato.

Tais benefícios podem traduzir-se em isenções, reduções de taxas,


deduções ao rendimento ou à colecta de imposto, estão orientados para
áreas como:

 a poupança de médio/longo prazo;


 o investimento produtivo e a criação de emprego;
 Modernização e introdução de novas tecnologias;
 formação profissional;
 Desenvolvimento de parques nacionais reservas;
 projectos de grande dimensão;
 zonas de rápido desenvolvimento;
 zonas francas industriais; e
 algumas actividades específicas nomeadamente, agricultura,
aquacultura, silvicultura, pecuária, exploração da fauna bravia,
etc., etc.

7.5. Estrutura de Tributação em Moçambique


Em termos da importância relativa assumida pelos principais tipos de
imposto em Moçambique, os impostos sobre bens e serviços continuam a
constituir a mais importante fonte de receita (61%), com especial
destaque para o IVA (43% da receita fiscal), seguido de IRPS e IRPC
com uma contribuição estimada em 18% e 15% da receita fiscal
respectivamente, seguindo-se-lhes, em termos de grandeza relativa, os
direitos aduaneiros (10%) e impostos sobre consumos específicos (9%).
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 85

Quadro I- Moçambique: Receitas dos principais impostos e Estrutura da tributação.

[Valores em MT 103 ]

IMPOSTOS 2008 (%Total) 2009 (%Total)

RECEITAS FISCAIS 30.800.552,89 100% 37.197.857,52 100%

Impostos sobre o 10.003.799,02 32% 12.385.128,59 33%


Rendimento

IRPC 4.297.193,54 14% 5.875.831,34 16%

IRPS 5.706.605,48 19% 6.509.297,27 17%

Imposto s/ bens e 18.860.500,95 61% 22.740.298,09 61%


serviços

IVA 13.168.062,39 43% 15.815.963,68 43%

Direitos aduaneiros 3.123.575,55 10% 3.605.641,05 10%

Imposto sobre C. 2.568.863,01 8% 3.318.693,36 9%


Específicos

Outros impostos 1.936.252,92 6% 2.072.430,84 6%

Imposto de selo 426.148,63 1% 505.370,53 1%

Impostos sobre 12.152,81 0% 327,12 0%


veículos

Imposto sobre 1.007.386,21 3% 1.230.454,29 3%


combustíveis

Outros 490.565,27 2% 336.278,90 1%

Fonte: Lei Orçamental

Sumário
O Tributo, é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de acto ilícito,
instituída por lei e cobrada mediante actividade administrativa
plenamente vinculada.

Segundo Richard Musgrave (1976), entende-se por Sistema Tributário


como sendo o complexo orgânico formado pelos tributos instituídos em
um país ou região autónoma e os princípios e normas que os regem.

O IVA é um imposto geral sobre as transmissões de bens, as prestações


de serviços, realizadas no território nacional, a título oneroso, por um
sujeito passivo agindo como tal, bem como sobre as importações de bens.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 86

O imposto é uma das espécies do género tributo. Diferentemente de


outros tributos, como taxas e direitos aduaneiros, é um tributo não
vinculado: é devido pelo contribuinte independentemente de qualquer
contraprestação por parte do Estado.

O Sistema Fiscal é o conjunto articulado dos impostos e demais figuras


tributárias, tem por primordial objectivo a satisfação das necessidades
financeiras do Estado e de outras entidades públicas. Conciliando e
reconciliando tal desiderato com a repartição justa dos rendimentos e da
riqueza.

Exercícios
Reflicta sobre as seguintes questões:

1. Quais são os impostos que compõem o Sistema Fiscal


Moçambicano (SFM)? Carateriza um de cada tipo
2. Explica o funcionamento do Sistema fiscal Moçambicano?
3. Poderá a SFM reflectir-se na economia Moçambicana e de
que forma?
4. O sistema tributário de Moçambique se completa com outros
impostos, quais são estes outros?

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 87

Unidade VIII
Receitas Públicas

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante saiba defenir e interpretar as
receitas e despesas públicas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a natureza das Receitas Públicas


 Descrevern o processo de arrecadação das receitas Públicas
Objectivos
 Explicar e diferenciar despesas das receitas públicas em relação
ao orçamento do estado.
 Conceitualizar e caracterizar despesas e receitas públicas.

8.1. Conceito, Características & Tipos de Receitas Públicas


8.1.1. Conceito,
Receitas Públicas - são recursos através dos quais o Estado faz a
cobertura das despesas públicas. A realização de despesas pressupõe que
o Estado tem recursos que as financiam, ou seja, que tem receitas.

As receitas públicas são muito variadas e a sua natureza e importância


varia de uma forma muito acentuada com os sistemas ecoómico-sociais.

A prossecução dos diversos objectivos e funções por parte do Estado,


bem como o próprio funcionamento das instituíções públicas, exige a
transferência, em maior ou menor grau, de recursos do sector privado da
economia para a esfera de decisão pública. Esta transferência de meios
foi, em tempos algo recuados, predominantemente efectuada através de:

 Recrutamento ou requisição directa dos recursos físicos (caso, por


exemplo, de mão-de-obra para a construção de estradas, mobilização
militar, etc.);
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 88

 Confisco de bens e ou nacionalização de indústria ou sectores, com


afectação do seu uso a fins públicos (por exemplo, produção de aço
em períodos de guerra, etc);

 Utilização de outros meios compulsórios, como os emprestímos


públicos forçados, etc.

No entanto, de um modo generalizado nos tempos modernos, os Estados


têm vindo a pôr de parte estas vias para obtenção dos recursos de que
carecem porque:

 As mesmas têm efeitos demasiado incertos em termos finaceiros face


às crescentes e regulares funções por eles prosseguidas;

 Tendem a ser ineficazes em tempos de paz e enfrentam grande


resstência por parte dos cidadãos; e , por fim exigem métodos
administrativos de gestão pesados e altamente dispendiosos.

Os governos actuais recorem, portanto, a outros métodos para assegurar a


cobertura dos encargos decorrentes da actividade pública, constituindo
essas fontes de financiamento as denominadas Receitas Públicas.

Neste contexto, as Receitas Públicas podem ser definidas,


fundamentalmente, como abrangendo todas as somas em dinheiro ou
recurso equivalente, cujo beneficiário é o Estado ou uma outra entidade
pública administrativa, e que têm como finalidade principal satisfazer as
necessidades financeiras e outos fins públicos relevantes, para dizer que,
as receitas públicas podem ser genericamente definidas como sendo
qualquer recurso obtido durante um periódo financeiro dado e mediante o
qual o sujeito público pode satisfazer as despesas públicas que estão a seu
cargo.

Pelo que, desenvolvendo-se a activiade financeira pública em dois


sentidos distintos, mas complementares – realização de despesas e
obtenção de receitas – ambas estão, portanto, unificadas por um fim
comum: a satisfação das necessidades sociais.

8.1.2. Caracteristicas das Receitas


Existem várias modalidades de receita pública, cuja a apresentação sob
várias perspectivas ou critérios se torna útil, pois que permite evidenciar
algumas das suas características distintas. Assim, e entre os vários
critérios classificativos possíveis distinguem-se, tendo em atenção a sua
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 89

natureza económica, as Receitas Correntes das Receitas de Capital;


quanto ao seu grau de efectividade, diferenciam-se as Receitas Efectivas
ou com carácter definitivo, das Receitas não Efectivas que, ao contrário,
terão que ser rembolsadas/devolvidas; finalmente, quanto à respectiva
Coercividade, distinguem-se as Receitas em função da natureza e carácter
obrigatório ou facultativo/voluntário que o seu pagamento é fixado por
via negocial, o preço não é previamente estabelecido.

Aplicando tais critérios à realidade concreta, é possível identificar e


caracterizar seis principais modalidades de Receita Pública:

Receitas Fiscais ou Impostos: são prestações de natureza corrente,


definitivas, com o carácter coercitivo e unilateral, porque não tem uma
contrapartida imediata e directa para quem a paga, de que são
beneficiários o Estado, uma Autarquia Local, outros níveis do governo ou
outro ente público, e são fixadas previamente pelo Governo (por
exemplo: IRPS; IRPC; IVA; entre outros)

Receitas Parafiscais ou contribuições Sociais: são, tal como os


impostos, pagamentos de natureza obrigatória e de carácter corrente (por
exemplo:. Contribuições sociais para a segurança Social, pagas pelo
trabalhador e respectiva entidade patronal em percentagem do salário
recebido), mas deles se diferenciando na medida em que têm como
contrapartida uma prestação social futura do respectivo trabalhador.

Receitas Patrimoniais: são receitas efectivas provenientes do património


mobiliário e imobilário do Estado, podendo assumir carácter corrente ou
extraordinário (ex:.Rendas de edifícios, dividendos recebidos das
empresas públicas, por outro lado o produto da alienação de imóveis,etc).

Taxas, Licenças e Preços: são prestações efectivas, de carácter corrente,


e de natureza bilateral, porque pressupõem uma contraprestação
específica de quem a paga por parte do Serviço Público que a cobra
(ex:.prestação concreta de um Serviço Público, utilização privativa ou
individualizada de bens do domínio público à actividade dos particuares),
como nos casos, respectivamente de emissão de passaportes ou de
diploma escolar, autorização de uso comercial de uma área ou passeio
público, taxas de mercados, velocípedes sem motores, licenças de pescas
e outros.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 90

Multas e Penalidades: são pagamentos efectuados pelos particulares ao


Estado e outros entes públicos, que têm a natureza de penalização /
compensação por inflacção a um regulamento ou outra disposição legal
(ex: multa por inflacção ao código da Estrada, atraso no cumprimento de
uma obrigação fiscal, etc).

Receitas Creditícias ou Empréstimos: são receitas resultantes da


contratação de dívidas por parte do Estado, Autarquias Locais e outros
entes públicos junto dos particulares e de mais entidades financiadoras (
Nacionais e estrangeiras), normalmente de subscrição voluntária, e de
natureza não-efectiva implicando posterior reembolso (amortização) do
capital mutuado (ex:Títulos do Tesouro).

8.1.3. Tipos de Receitas


Em geral é, no entanto, possível recordar três tipos fundamentais de
receitas: receitas patrimoniais, receitas tributarias e receitas creditícias.

1) RECEITAS PATRIMONIAIS

As receitas patrimoniais são aquelas que são proporcionadas pelo


património do Estado conjunto de bens de natureza económica
susceptíveis de satisfafazerem necessidades de que o Estado é o titular e
respectivas responsabilidades.

As receitas patrimoniais, resultantes do património estadual, podem


derivar de uma gestão normal (por exemplo, venda de frutos,
arrendamento, etc), ou de uma redução do património (por exemplo, o
resultado da venda de um prédio).

As receitas patrimoniais têm, em geral, nas economias capitalistas


modernas uma importância quantitative relativamente reduzida, embora o
recente dese nvolvimento do património mobilório do Estado (acções,
obrigações) permita detectar nalguns casos uma tendência no sentido do
aumento da sua importância relativa.

2) AS RECEITAS TRIBUTARIAS

As receitas tributarias, que têm como figura típica o imposto, são as


receitas públicas fundamentais nos modernos Estado de economia de
Mercado.

São receitas que o Estado obtém mediante o recurso oa seu poder de


autoridade, impondo aos particulares um sacrifício patrimonial que não
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 91

tem por finalidade puni-los nem resulta de qualquer contrato com eles
estabelecido, mas tem como fundamento assegurar a comparticipação dos
cidadãos na cobertura dos encargos públicos ou prosseguir outros fins
públicos.

Assentam as receitas tributórias numa ideia simples: se todos beneficiam


da actividade financeira do Estado, que por natureza não presta utilidades
susceptíveis de exclusiva imputação individual, então é normal que todos
contribuam para a cobertura das despesas originadas por essa actividade.

Um primeiro tipo de receita tributória é o imposto- prestção coactivo


unilateral, sem fins de punição, que é imposta aos indivíduos em relação
aos quais se verficam certos pressupostos, previstos na lei, e que
exprimem determinadas situações de riqueza.

Outro tipo de receita tributória é a taxa, que é uma prestação do mesmo


tipo, mas em que existe uma situação diferente, na medida em que o
particular a quem é exigida auferiu uma determinada utilidade
relacionada com o funcionamento de um serviço ou a utilização de um
bem.

TEORIA DA TRIBUTAÇÃO
Para poder desempenhar suas funções, o governo precisa de recursos.
Os tributos são a principal fonte de geração de receitas do governo.
O tributo é gênero cujas espécies são:
– impostos
– taxas
– contribuições
IMPOSTO
Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte”
(Código Tributário Nacional)

TAXA

As taxas são a compensação de um serviço obtido do Estado ou dos


poderes locais paga por serviço particular, de natureza divisível”
(Nitti)
“Taxa é o tributo instituído para remunerar um determinado serviço (ou
uma determinada atividade) especial do Estado, e que seja cobrado
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 92

somente dos contribuintes que de fato se utilizam desse serviço ou


atividade ou que os tenham à sua disposição” (Rubens Gomes de Souza)
CONTRIBUIÇÕES

Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas...”
Para tornar o sistema tributário adequado à sociedade, alguns conceitos
devem ser considerados:

– o conceito da eqüidade;
– o conceito da progressividade;
– o conceito da neutralidade;
– o conceito da simplicidade.

3) RECITAS CREDITÍCIAS

Terceiro grande grupo de tipo de receita pública é o das receitas


creditícias que resultam do recurso ao crédito por parte do Estado.

O crédito públlico tornou-se modernamente uma fonte de receitas da


maior importância nas sociedades capitalistas e tem um conjunto de
características que permitem a sua autonomização e a sua distinção do
crédito privado, entre elas poder-se-á ter:

a) Equanto o crédito privado assenta numa base real de confiança, a


confiança que o prestamista aqui tem o Estado não deriva de
garantias reais mas da sua própria posição especial ( de ser
Estado, em suma);
b) O caracter público do devedor marca de uma forma clara as
relações de cerédito, já que o de num devedor conservar
faculdades que não seriam normais num devedor privado , como
sejam, por exemplo a de em certas circunstâncias poder alterar as
condições do empréstimo.

8. 2. Classificação económica das receitas


O Classificador Económico das Receitas, classifica as receitas públicas
segundo critérios modernos internacionalmente reconhecidos. É
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 93

especialmente útil para a determinação do equilibrio ou desequilibrio


orçamental; nomeadamente, o déficit antes de donativos e de
empréstimos, o saldo do orçamento Corrente e o saldo do orçamento de
Capital.

O CER tem como objectivo identificar a natureza da receita.


O CER é estruturado em cinco níveis:
 O primeiro nível indica a categoria económica das receitas
corrente e de capital;
 O segundo nível indica a origem fiscal ou não fiscal da receita;
 O terceiro nível indica o tipo de imposto ou taxa;
 O quarto e o quinto níveis indicam a desagregação por cada
imposto ou taxa.

Permite igualmente calcular as alterações registadas no património do


Estado durante o ano económico e avaliar a capacidade fiscal das
províncias.

As receitas encontram-se divididas em quatro grandes grupos,


nomeadamente:

 Receitas Correntes;
 Receitas de Capital;
 Défice financiado por donativos;
 Défice Financiados por Empréstimos.

8.2.1. Receitas Correntes

As Receitas Correntes provêm do rendimento do próprio período, ou seja,


de rendimentos que seriam em princípio gastos no consumo de bens e
serviços. As Receitas Correntes constituem, por isso, receitas subtraidas
ao consumo dos cidadãos. É o caso dos impostos, das taxas e de certo
tipo de receitas patrimoniais. As Receitas Correntes, ao contrário das de
Capital, não alteram o património duradouro do Estado.

As Receitas Correntes do Estado estão organizadas em Receitas


Correntes da Administração Central e Receitas Correntes da
Administração Provincial. Para ambas, as Receitas Correntes dividem-se
em receitas fiscais, não fiscais e consignadas.

As receitas fiscais abarcam os impotos: importâncias com carácter


obrigatório que o Estado cobra sem que exista qualquer tipo de
contrapartida específica atribuída ao contribuinte. Os impostos
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 94

constituem o grosso das receitas correntes do Estado, podem ser directos


(sobre o rendimento) ou indirectos (sobre a utilização do rendimento).
Em Moçambique, os impostos indirectos equivalem a cerca de três
quartos da receita fiscal, nomeadamente:

 Os Impostos sobre o Rendimento: por exemplo, o IRPCou


IRPS;
 OS Impostos sobre Bens e Seviços: por exemplo, IVA, Direitos
Aduaneiros (Administração Central); O imposto de Turismo
(Administração Provincial).
 Outros Impostos: por exemplo, o Imposto de Selo ou a
Contribuição Predial (Administração Central); o Imposto de
Reconstrução Nacional (Administração Provincial).

8.2.1.1. Receitas Não Fiscais

As receitas não fiscais subdividem-se em taxas diversas de serviços e


outras receitas não fiscais.compreendem as taxas não consignadas,
receitas patrimoniais correntes e outras.

8.2.1.2. Receitas de Capital

As Receitas de Capital são aquelas que provêm de rendimentos da


poupança. Ou seja, de rendimentos que se não fossem parar às mãos do
Estado teriam outras aplicações que não o consumo. Por outras palavras,
as receitas de capital que o Estado arrecada são subtraidas à poupança
privada interna ou externa. É o caso, por exemplo, dos empréstimos e
donativos concedidos ao Estado ou das receitas que este arrecada com a
venda de um edifício público ou de acções que detém em empresas.

De referir que o Classificador Económico das receitas diferencia as


receitas de capital derivadas da alienação de património do Estado das
receitas provenientes de empréstimos e donativos (que também são por
natureza, de capital).

Esta distinção deve-se à extema importância que os empréstimos e os


donativos asumem na cobertura do défice orçamental em Moçambique.
Alança-se, desta forma, uma maior clareza na leitura do orçamento,
nomeadamente no que concerne aos montantes e formas de
financiamento do défice público.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 95

Resumo
Tipos de Receitas Públicas

As receitas públicas são muito variadas de natureza e importância varia


de uma forma muito acentuada como sistemas Económicos Sociais e
geral e no entanto é possível reportar três (3) tipos de receitas:

 Tributárias
 Creditícias
 Patrimoniais

Classificação das receitas


E no nosso caso vertente em Moçambique é habito classificarmos as
receitas em:

1. Receita Orçamental
1.1 Receita Corrente
1.2 Receita de Capital

Receitas Correntes - que provém do rendimento próprio periodo ou seja


de rendimento que serviam em princípio,gasto no consumo de bens e
serviços. É dos impostos, taxas, e de certo tipo de receitas patrimoniais. E
elas quanto a sua organização a nível central e nível provincial, e ambos
podem ser receitas fiscais, não fiscais e consignados.

Fiscal, são receitas provinientes de tributos, compreendendo os


elementos

 Imposto s/rendimento.
 Imposto s/bens e Serviço e
 Outros impostos.

Não Fiscal, arrecadação de receita de taxa e contribuições


correspondendo os elementos:

 Taxas diversas de serviços.


 Outras taxas não fiscais.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 96

Receita de Capital: são aquelas que provém de rendimentos de poupança


seja de rendimento que se não fosse parar nas mão do Estado teriam
outras aplicações que não o consumo exemplo empréstimos, donativos
concedidos ao Estado ou das receitas que este arrecada com a venda de
um edifício ou acções que detém com empresas.

Alienação de Bens, receitas oriundas da conversão em moeda de bens e


direitos;

Donativos, constituem a própria fonte de financiamento do deficet


orçamental são geralmente atribuidos a Moçambique por países
ocidentais, através dos respectivos governos ou agencies de cooperação e
desenvolvimento por: ODA,DANIDA,OIDA, USAID,etc.

Donativos, receita proviniente de donaativo, correspondendo os


elementos “contravalores (donativos) não consignados” e Donativos em
espécie a projectos e outros

Fundos dos empréstimos internos, receita relactiva a amortização de


emprestimos internos, compreendendo os elementos “Banco Central”
outros Bancos “ e “ Instituições financeiras” e Emissão de Obrigações”

Fundos dos empréstimos externos, receita relativa à amortização de


empréstimos externos, compreendendo os elementos:
- “Contravalores (créditos) não consignados”
- “ Contravalores (créditos) consignados a projectos” e
- empréstimo em espécie a projectos.

Transferência de Bens e valores recebidos, compreendendo os


elementos: Transferências financeiras recebidas e correspondência de
débito.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 97

Mutações patromoniais activas, compreendendo os elementos


“incorporação de activos” e diminuição de Passivos”.

Receitas Extra-Orçamentais, compreendendo os elementos “receitas de


instituições financeiras” receitas de entidades comerciais” e receitas de
Entidade Industriais.

Transferência de Bens e valores recebidos, elementos:

- Transferência de Bens recebidos


- Outras transferências financeiras recebidas
- Movimento de fundos a débito e
- Outras transferência recebidas

Acrescimo Patrimoniais, elementos:

- Encorporação de activos,
- Ajuste de Bens
- Valor de crédito
- Desincorporação de passivo
- Ajustes de obrigações
- Ajustes Monetários do Balanço
- Resultado da Equivalência patrimonial
- Ajustes de Exercício anteriores e
- Acrescimos patramoniais

Fases de Processamento das Rceitas

Para dar início a execução orçamental o governo aprova as disposições


que se mostrem necessárias sem prejuízo da imediata aplicação das
normas da lei de Orçamento do Estado que sejam directamente exigível
artigo 28 da lei 9/2002 de 12 de fevereiro. Neste compto fases seguintes:

a) Lançamento: é procedimento administrativo de verificação da


ocorrência do facto gerador da obrigação correspondente.
b) Liquidação: cálculo da montante da receita devida e
identificação do respectivo sujeito passivo,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 98

c) Cobrança: acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e


subsequente entrega ao tesouro público.

Sumário
As Receitas Públicas podem ser definidas, fundamentalmente, como
abrangendo todas as somas em dinheiro ou recurso equivalente, cujo
beneficiário é o Estado ou uma outra entidade pública administrativa, e
que têm como finalidade principal satisfazer as necessidades financeiras e
outos fins públicos relevantes, para dizer que, as receitas públicas podem
ser genericamente definidas como sendo qualquer recurso obtido durante
um periódo financeiro dado e mediante o qual o sujeito público pode
satisfazer as despesas públicas que estão a seu cargo.

As Receitas Correntes provêm do rendimento do próprio período, ou seja,


de rendimentos que seriam em princípio gastos no consumo de bens e
serviços. As Receitas Correntes constituem, por isso, receitas subtraidas
ao consumo dos cidadãos.

Exercícios
1. Que diferença encontra entre Receitas Parafiscais e Receitas Fiscais?
2. Defina receita segundo Finanças Públicas.
3. Mencione tipos de receitas Públicas e caracterize dois deles.
4. As receitas subdividem-se em receitas correntes e receitas de capital.

- Caracterize as receitas correntes.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar os exercícios: 3 e 4.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 99

Unidade IX
As Receitas das Autarquias locais

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante conheça as principais receitas
das autarquias locais sua origem e para qual finalidade elas são
cocebidas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir receitas e classificar as receitas


 Demonstrar a forma da arrecadacao das receitas;
Objectivos
 Caracterizar essas receitas.
 Explicar a influência dessas receitas na vida dessas Autarquias.

9.1. Receitas Públicas


9.1.1. O Conceito
RECEITA,

Receita recebida de pessoa de direito público ou privado, para atender


despesas – classificáveis em Despesas Correntes, sob forma:

 Tributária

 Patrimonial

 Industrial

 Recursos financeiros

 Outras.

Tributo – Definição: Receita derivada, Instituída por entidade de direito


público

Compreendendo

 Impostos
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 100

 Taxas

 Contribuições

Destinando-se o seu produto ao custeio de atividades

Gerais ou específicas.

Impostos directos

Esta rubrica inclui o produto dos seguintes impostos, cuja cobrança


reverte na íntegra para os municípios:

- Imposto municipal sobre imóveis;

- Imposto municipal sobre veículos;

- Imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis;

- Derrama;

- Impostos abolidos.

Impostos indirectos

Engloba as receitas que recaem exclusivamente sobre o sector produtivo,


incidindo sobre a produção, a venda, a compra ou a utilização de bens e
serviços. Consideram-se igualmente as receitas que revistam a forma de
taxas, licenças, emolumentos ou outras semelhantes pagas por unidades
empresariais.

Taxas, multas e outras penalidades

Este capítulo engloba os seguintes grupos:

– Taxas;

– Multas e outras penalidades.

No grupo das “Taxas” incluem-se os pagamentos dos particulares em


contrapartida da emissão de licenças e da prestação de serviços, nos
termos da lei, não havendo qualquer relação de valor entre os aludidos
pagamentos e o custo dos serviços prestados. As taxas compreendem
designadamente:

 Mercados e feiras;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 101

 Loteamentos e obras;

 Ocupação da via pública;

 Canídeos;

 Caça, uso e porte de arma;

 Saneamento;

 Outras.

No grupo das “Multas e outras penalidades” englobam-se as receitas


provenientes da aplicação de multas pela transgressão da lei, posturas e
outros regulamentos.

Rendimentos da propriedade

Transferências correntes

Entende-se por transferências correntes os recursos financeiros auferidos


sem qualquer contrapartida, destinados ao financiamento de despesas
correntes ou sem afectação preestabelecida.

Venda de bens e serviços correntes

Neste capítulo incluem-se, na generalidade, as receitas, quer com o


produto da venda dos bens, inventariados ou não, que inicialmente não
tenham sido classificados como bens de capital ou de investimento, quer
ainda com os recebimentos de prestação de serviços. Às receitas
enquadráveis neste capítulo estão subjacentes preços que correspondem a
valores sensivelmente idênticos aos custos de produção dos bens ou
serviços vendidos. Este capítulo desagrega-se em três grupos:

– Vendas de bens;

– Serviços;

– Rendas.

Outras receitas correntes

Esta rubrica tem um carácter residual, englobando as receitas que pela


sua natureza não possam ser incluídas em nenhum dos itens anteriores.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 102

Receitas de capital

Definição: Receita recebida de pessoas de direito público ou privado,


para atender despesas classificáveis em Despesas de Capital, sob a forma
de:

 Recursos financeiros provenientes de dívidas

 Conversão de bens e direitos

 Recursos recebidos

 Superávit do orçamento corrente

 Operações de crédito

 Alienação de bens

 Amortização ou resgate de empréstimos concedidos

 Receitas transferidas de entidades públicas e de particulares.

Comentário: “O superávit referido não será considerado como item

ou rubrica da Receita Orçamentária, pois é tão-somente um saldo e,


apenas apurado, constituirá recurso adicional às receitas de capital

para satisfazer às despesas também de capital”.

Venda de bens de investimento

Compreende os rendimentos provenientes da alienação, a título oneroso,


de bens de capital que, na aquisição ou construção, tenham sido
contabilizados como investimento. Consideram-se neste capítulo as
vendas de bens de capital em qualquer estado, inclusive os que tenham
ultrapassado o período máximo de vida útil. Este capítulo desagrega-se
em quatro grupos:

– Terrenos;

– Habitações;

– Edifícios;

– Outros bens de investimento.

Transferências de capital
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 103

Entende-se por transferências de capital os recursos financeiros auferidos


sem qualquer contrapartida, destinados ao financiamento de despesas de
capital.

Incluem-se aqui as receitas relativas a cauções e depósitos de garantia


que revertem a favor da entidade, assim como heranças jacentes e outros
valores prescritos ou abandonados. Abrange também as quantias ou
valores apreendidos, bem como a venda de géneros e mercadorias
apreendidos e ainda as receitas referentes a fianças-crime quebradas e
depósitos de contratos não cumpridos.

Activos Financeiros

Compreende as receitas provenientes da venda e amortização de títulos


do crédito, designadamente obrigações e acções ou outras formas de
participação, assim como as resultantes do reembolso, a favor da
autarquia, do valor da amortização de empréstimos afectos aos serviços
municipalizados ou subsídios reembolsáveis concedidos nos termos da
lei.

Passivos Financeiros

Como “passivos financeiros” consideram-se as receitas provenientes da


emissão de obrigações e de empréstimos contraídos a curto e a médio e
longo prazo.

Outras receitas de capital

Trata-se de um capítulo económico com carácter residual, englobando as


receitas não susceptíveis de classificação nas demais receitas de capital.

Classificação das receitas

2. Receita Orçamental
2.1 Receita Corrente
2.2 Receita de Capital

Receita Corrente

Fiscais – são receitas provinientes de tributos, compreendendo os


elementos

 Imposto s/rendimento.
 Imposto s/bens e Serviço e
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 104

 Outros impostos.

Não Fiscal – Arrecadação de receita de taxa e contribuições


correspondendo os elementos:

 Taxas diversas de serviços.


 Outras taxas não fiscais.

3. Receita de Capital
3.1 Aleinação de Bens
3.2 Donativos
3.3 Fundos dos empréstimos internos
3.4 Fundos dos empréstimos externos

Receitas de Capital

Alienação de Bens

- Receitas oriundas da conversão em moeda de bens e direitos;

Donativos

- Receita proviniente de donaativo, correspondendo os elementos


“contravalores (donativos) não consignados”
- Donativos em espécie a projectos e outros

Fundos dos empréstimos internos

Receita relactiva a amortização de emprestimos internos, compreendendo


os elementos “Banco Central” outros Bancos “ e “ Instituições
financeiras” e Emissão de Obrigações”

Fundos de Empréstimos externos

Receita relativa à amortização de empréstimos externos, compreendendo


os elementos:

- “Contravalores (créditos) não consignados”


- “ Contravalores (créditos) consignados a projectos” e
- empréstimo em espécie a projectos.

Transferência de Bens e valores recebidos

- Compreendendo os elementos:
- Transferências financeiras recebidas e correspondência de débito.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 105

Mutações patromoniais activam

Compreendendo os elementos “incorporação de activos” e diminuição de


Passivos”.

Receitas Extra-Orçamentais

Compreendendo os elementos “Receitas de instituições financeiras”


Receitas de entidades comerciais” e receitas de Entidade Industriais.

Transferência de Bens e valores recebidos

Elementos:

- Transferência de Bens recebidos


- Outras transferências financeiras recebidas
- Movimento de fundos a débito e
- Outras transferência recebidas

Acrescimo Patrimoniais

Elementos:

- Encorporação de activos,
- Ajuste de Bens
- Valor de crédito
- Desincorporação de passivo
- Ajustes de obrigações
- Ajustes Monetários do Balanço
- Resultado da Equivalência patrimonial
- Ajustes de Exercício anteriores e
- Acrescimos patramoniais

Codificação: Permite conhecer o pormenor das despesas para efeitos tais


como contabilização, elaboração de Orçamento, apresentação das contas
ou prestação das contas.

Fases de Processamento das Rceitas

Para dar início a execução orçamental o governo aprova as disposições


que se mostrem necessárias sem prejuízo da imediata aplicação das
normas da lei de Orçamento do Estado que sejam directamente exigível
artigo 28 da lei 9/2002 de 12 de fevereiro. Neste compto fases seguintes:

d) Lançamento: é procedimento administrativo de verificação da


ocorrência do facto gerador da obrigação correspondente.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 106

e) Liquidação: cálculo da montante da receita devida e


identificação do respectivo sujeito passivo,
f) Cobrança: acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e
subsequente entrega ao tesouro público.

Sumário
Receita, recebida de pessoa de direito público ou privado, para atender
despesas – classificáveis em Despesas Correntes, sob forma: Tributária;
Patrimonial; Industrial; Recursos financeiros; Outras.

Impostos indirectos, engloba as receitas que recaem exclusivamente sobre


o sector produtivo, incidindo sobre a produção, a venda, a compra ou a
utilização de bens e serviços. Consideram-se igualmente as receitas que
revistam a forma de taxas, licenças, emolumentos ou outras semelhantes
pagas por unidades empresariais.

Exercícios
1. Existem três tipos de receitas. Diferencie-as

2. Classifique as receitas segundo o critério internacional usado em


Moçambiue.

3. Como são arrecadadas as receitas públicas?

4. O que são receitas proviniente de donaativo?

5. Diz qual a finalidade das receitas.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Entregar os exercícios: 2 e 5.
Auto-avaliação
Investigando:

-
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 107

Unidade X
Despesas Públicas

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante conheça a hierarquização das
das despesas públicas, as categorias e suas classificações.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a origem das despesas;


 Descrever a estrutura das despesas públicas;
Objectivos
 Caracterizar e classificar as despesas públicas;
 Descrever o agrupamento das despesas.

10.1. Conceito, Classificação e Tipos de Despesas


10.1.1. O Conceito

As despesas Públicas
As despesas públicas, obter e dispor de dinheiros públicos, como afectá-
los, distinguí-los ou dispendê-los não é mais do que a realização da
receita e da despesa orçamental, já que, ao nível da gestão financeira
pública, é esta terminologia – a das receitas e despesas – que está
legalmente consagrada.

As despesas públicas representam o próprio fim da actividade financeira


do Estado - satisfação de necessidade colectivas.

As despesas públicas, consistem no gasto de dinheiro ou no dispêndio de


bens por parte de entes públicos para criarem ou adquirirem bens
susceptíveis de satisfazer necessidades públicas.

Pode-se definir Despesa Pública, no gasto ou no dispêndio de bens por


parte dos entes públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem
serviços susceptíveis de satisfazer necessidades públicas; elas
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 108

concretizam o próprio fim da actividade financeira do Estado – satisfação


de necessidades.

Assim como, a despesa pública, pode definir-se por três elementos: o tipo
de operação em que se concretiza, o sujeito económico que a realiza e o
fim a quem se destina.

Quanto ao tipo de operação, a sua forma típica será a do dispêndio de


meios de liquidez, embora algumas legislações também tratem no mesmo
plano as chamadas despesas em espácie (sem gasto de dinheiro).

Quanto ao sujeito, de harmonia com a noção adaptada de actividade


financeira, ele terá de ser um sujeito público (estado ou outro ente
público).

Quanto ao fim, ele é a satisfação das necessidade públicas, cuja


caracterização está já feita.

10.1.2. Evolução e efeitos económicos

De modo com a natureza económica das despesas e tendo em conta as


interfaces entre economia e as finanças podemos falar de três tipos de
despesa pública, a saber:

a) Despesas de Investimento, são as que contribuem para a formação


de capital – técnico – do Estado; Despesa de Funcionamento,
consubstanciam os gastos necessários ao normal funcionamento da
“máquina” administrativa.

b) Despesas em Bens e Serviços, são as que asseguram a criação de


utilidades, através da compra de bens e serviços pelo Estado;
enquanto que as Despesas de Transferências, se limitam a
redistribuir recursos a novas entidades, quer do sector público, quer
do sector privado.

c) Despesas Produtivas, criam directamente utilidade; as Despesas


Reprodutivas, contribuem para o aumento da capacidade produtiva,
gerando pois utilidades acrescidas, mas no futuro.

10.1.3. Classificação das despesas públicas


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 109

a) Despesas Ordinárias, são as que, com grande verosimilhança, se


repetirão em todos os períodos financeiros; as Despesas
Extraordinárias, são as que não se repetem todos os anos, são
difíceis de prever, não se sabendo quando voltarão a repetir-se.

b) Despesas Correntes, são as que o Estado faz, durante um período


financeiro, em bens consumíveis, ou que vão traduzir na compra
de bens consumíveis; as Despesas de Capital, são as realizadas em
bens duradouros e no reembolso de empréstimos.

c) Despesas Efectivas, são as que se traduzem, sempre, numa


diminuição do património monetário do Estado, quer se trate de
despesas em bens de consumo, quer em bens duradouros,
implicam sempre uma saída efectiva e definitiva de dinheiros da
tesouraria; Despesas Não Efectivas, são as que, embora
representem uma diminuição do património da tesouraria, têm,
como contrapartida, o desaparecimento de uma verba de idêntico
valor do passivo patrimonial.

d) Despesas Plurianuais, são aquelas cuja efectividade se prolonga


por mais de um ano; as Despesas Anuais, são as que se não
prolongam por mais de um ano.

10.1.4. Classificação orçamental das despesas

São quatro as classificações orçamentais:

a) Orgânica: as despesas repartem-se por departamentos da


Administração; por serviços, etc.

b) Económica: distingue-se as despesas correntes e de capital, umas


e outras descriminadas por agrupamentos, subagrupamentos e
rubricas.

c) Funcional: as despesas são aqui agrupadas de acordo com a


natureza das funções exercidas pelo Estado, tendo-se adoptado
para o efeito o modelo do Fundo Monetário Internacional.

d) Despesas por Programas: um programa de despesas é um


conjunto de verbas destinadas à realização de determinado
objectivo, abrangendo um ou vários projectos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 110

10.1.2.1. Despesa Corrente

Despesas correntes

Despesas com o pessoal

Neste agrupamento devem considerar-se todas as espécies de


remunerações principais, de abonos acessórios e de compensações que,
necessariamente, requeiram processamento nominalmente
individualizado e que, de forma transitória ou permanente, sejam
satisfeitos pela autarquia local tanto aos seus funcionários e agentes como
aos indivíduos que, embora não tendo essa qualidade, prestem contudo,
serviço à autarquia nos estritos termos de contratos a termo, em regime de
tarefa ou avença.

Compreendem-se, também, no âmbito deste agrupamento, as despesas


que a autarquia local, como entidade patronal, suporta com o esquema de
segurança social dos seus funcionários.

Aquisição de bens e serviços

Neste agrupamento incluem-se, de um modo geral, as despesas quer com


bens de consumo (duráveis ou não) a que não possa reconhecer-se a
natureza de despesas de capital quer, ainda, com a aquisição de serviços.

Juros e outros encargos

A título de definição genérica, o termo “juro” designa habitualmente o


montante que o devedor tem a responsabilidade de pagar ao credor ao
longo de um determinado período pela utilização de um montante de
capital, sem que este último se reduza.

Nesta rubrica inscrevem-se as despesas referentes aos juros provenientes


da contratação de empréstimos bancários, empréstimos por obrigações ou
outros, os juros suportados com a locação financeira, bem como os juros
a pagar pelo ressarcimento de importâncias provenientes da cobrança de
impostos a mais ou indevidamente cobrados. Incluem-se ainda outros
juros de dívidas contraídas, bem como as despesas inerentes,
nomeadamente, a serviços bancários.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 111

Transferências correntes

Neste agrupamento são contabilizadas as importâncias a entregar a


quaisquer organismos ou entidades para financiar despesas correntes, sem
que tal implique, por parte das unidades recebedoras, qualquer
contraprestação directa para com a autarquia local.

Subsídios

Os subsídios em epígrafe, tendo, embora, a natureza de transferências


correntes, revestem-se, contudo, de características especiais que, sob o
aspecto económico, recomendam uma identificação à parte daquelas.

Assim, consideram-se “Subsídios” os fluxos financeiros não


reembolsáveis das autarquias locais para as empresas públicas municipais
e intermunicipais ou empresas participadas, com o objectivo de
influenciar níveis de produção, preços ou remunerações dos factores de
produção.

Outras despesas correntes

Trata-se de uma rubrica económica com uma função meramente residual,


na qual se registam as despesas correntes não incluídas nas restantes
rubricas.

10.1.3. Despesa de Capital

Despesas de capital

Aquisição de bens de capital

Este agrupamento económico apresenta-se com três subagrupamentos sob


a designação “Investimentos”, “Locação financeira” e “Bens de domínio
público”.

Transferências de capital

As transferências que se integram neste agrupamento económico


revestem-se de características idênticas às já apontadas para as
transferências correntes com a diferença de, aqui, se destinarem a
financiar despesas de capital das unidades recebedoras.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 112

Activos financeiros

Nestes agrupamentos económicos contabilizam-se as operações


financeiras quer com a aquisição de títulos de crédito, incluindo
obrigações, acções, quotas e outras formas de participação, quer com a
concessão de empréstimos e adiantamentos ou subsídios reembolsáveis,
nomeadamente, a serviços municipalizados.

Passivos financeiros

Este agrupamento económico compreende as operações financeiras,


englobando as de tesouraria e as de médio e longo prazo que envolvam
pagamentos decorrentes quer da amortização de empréstimos, titulados
ou não, quer da regularização de adiantamentos ou de subsídios
reembolsáveis, quer, ainda, de garantias. As despesas com passivos
financeiros deverão incluir os prémios ou descontos que possam ocorrer
na amortização dos empréstimos. De acordo com a legislação em vigor,
não deverão ser consideradas as despesas inerentes à execução de avales.

Outras despesas de capital

Trata-se de um agrupamento económico com carácter residual.

Sumário
Pode-se definir Despesa Pública, no gasto ou no dispêndio de bens por
parte dos entes públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem
serviços susceptíveis de satisfazer necessidades públicas; elas
concretizam o próprio fim da actividade financeira do Estado – satisfação
de necessidades

Despesas de Investimento, são as que contribuem para a formação de


capital – técnico – do Estado;

Despesa de Funcionamento, consubstanciam os gastos necessários ao


normal funcionamento da “máquina” administrativa.

Despesas Correntes, são as que o Estado faz, durante um período


financeiro, em bens consumíveis, ou que vão traduzir na compra de bens
consumíveis;

Despesas de Capital, são as realizadas em bens duradouros e no


reembolso de empréstimos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 113

Exercícios
1. Constrói um esquema em que agrupa despesas em vários elementos,
distingue - os indicando categoria de cada despesa.

2. Explica diferenciando despesas das receitas públicas em relação ao


orçamento do estado.

3. Explica a ligação entre a receita e a despesa pública na realizaçao das


actividades das finanças públicas.

4. Indica as principais lúbricas que compõe a despesa correntes e de


capital

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar os exercícios: 1, 3, 4 e 6.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 114

Unidade XI
Orçamento de Administração
Pública

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam explicar a origem do
orçamento de Administração Pública e sua finalidade para a sociedade

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as condições que permitiram formação do orçamento


da Administraçao Publica;
Objectivos
 Explicar como se classifica o orçamento da Administraçao
Publica;
 Identificar as principais funções do orçamento da administração
pública.

11.1. Noções e Função do Orçamento


O orçamento é uma prévia autorização do legislativo para que se realizem
receitas e despesas de um ente público, obedecendo a um determinado
período de tempo. Por meio do orçamento podemos verificar a real
situação económica do Estado, evidenciando os seus gastos com a saúde,
educação, saneamento, obras públicas, etc.

A principal função do orçamento é o controlo dos recursos com que a


sociedade terá que contribuir para manter em funcionamento os serviços
públicos necessários ao atendimento das necessidades económicas e
sociais da população, bem como da aplicação desses recursos por parte
do Estado.

O orçamento é, portanto, um processo de planeamento continuo e


dinâmico de que o Estado se utiliza para demonstrar os seus planos e
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 115

programas de trabalho, para determinado período. Ele abrange a


manutenção das actividades do Estado, o planeamento e a execução dos
projectos estabelecidos nos planos e programas do Governo.

Segundo o Professor Doutor António de Sousa Franco, o orçamento é:

“(...) uma previsão, em regra anual, das despesas a realizar pelo estado
e dos processos de as cobrir , incorporando a autorização concedida à
Administração Financeira para cobrar as receitas e realizar despesas e,
limitando os poderes financeiros da Administração em cada período
anual”.

Neste contexto, é no orçamento de Estado que se encontram reunidos e


definidos todos os problemas financeiros com que a Organização Estado
se pode deparar, condensando o ciclo da existência das necessidades que
propõe a satisfazer, desde o momento que nascem até ao momento em
que se extinguem.

Definido o conceito de Orçamento de Estado, importa distingui-lo de


outras figuras:

 Conta Geral do Estado. Constitui a efectivação das receitas


arrecadadas e das despesas pagas, num registo ex post da execução
orçamental;
 Balanço de Estado: mapa síntese da situação patrimonial existente
num determinado momento, confrontando o activo com o passivo.

Para o mestre Aliomar Baleeiro, o Orçamento é o ato pelo qual o Poder


Legislativo prevê autorizar o Poder Executivo, por certo período e em
pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços
públicos e outros fins adotados pela política económica ou geral do país,
assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.

Para um melhor entendimento desse assunto podemos classificar o


orçamento, segundo a história da sua evolução conceptual, em duas fases:

 Orçamento tradicional;
 Orçamento moderno.

Orçamento Tradicional

O orçamento tradicional era o instrumento utilizado pelo Estado para


demonstrar as previsões de receitas e autorizações de despesas,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 116

classificando estas últimas, apenas, por objecto de gasto, sem se


preocupar com as necessidades reais da administração pública e da
população. Um dos seus objectivos principais era o de possibilitar os
órgãos do Legislativo um controle político sobre os gastos públicos,
mantendo o equilíbrio financeiro entre as receitas e as despesas, evitando,
assim, a expansão da despesa pública.

O orçamento tradicional se preocupava, basicamente, com as questões


tributárias, deixando de lado os aspectos económicos e sociais, e
considerava a despesa publica, apenas, como meio necessário para se
alcançarem os fins pretendidos. Esse tipo de orçamento mantinha duas
classificações orçamentais clássicas para possibilitar o controle das
despesas, a saber:

 por unidade administrativa;


 por objecto ou item de despesa.

Orçamento Moderno

Os primeiros movimentos de alteração na filosofia conceptual do


orçamento iniciaram-se à partir do final do século XIX, quando o Estado
começava a se preocupar com a economia, incrementando no orçamento
programas direccionados de desenvolvimento económico. Já no inicio do
século XX os idealizados do orçamento moderno tornaram-se mais
evidentes e passaram a publicar com mais frequência suas concepções e
pensamentos a respeito do orçamento. O orçamento já não era uma peça
representada por autorizações legislativas que deveriam ser realizadas
pelos Executivos, mas passava a ser um instrumento de planeamento,
onde o Executivo começava a direccionar as intervenções na economia.

Os pensadores responsáveis pela reforma orçamentaria moderna


acreditavam que o orçamento era um instrumento de administração que
auxiliaria o executivo nas diversas fases do processo orçamentário, quais
sejam: Planeamento, execução e controle.

Com a evolução da corrente defensora da reforma orçamentaria moderna,


o orçamento passa a ser tratado como uma peça que tem influencia
directa na economia. Este instrumento de planeamento procura aplicar os
recursos públicos objectivando uma maior produção com o menor custo
possível e procura, ainda, desenvolver o seu papel de regulador da
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 117

economia, uma vez que o governo tem a função de atender as


necessidades económicas e sociais da população, aumentar a renda
nacional e distribuir essa renda para assegurar um nível de vida digno à
população.

Na era moderna podemos destacar dois tipos de orçamento:

1. orçamento de base zero ou por estratégia;

2. orçamento-programa.

1.1. Orçamento de base zero ou por estratégia;

O orçamento de base zero é um instrumento de planeamento que obriga a


demonstração e fundamentação de cada administrador para os recursos
solicitados. Neste tipo de orçamento, todos os projectos e actividades
devem ser detalhados e relacionados obedecendo a uma ordem de
importância. Sua característica principal e fundamental é a avaliação dos
resultados alcançados. Seus objectivos principais são:

 planeamento orçamentário para o próximo exercício;


 obediência ao principio da economicidade na elaboração do
orçamento;
 estabelecimento de um planeamento estratégico, procurando
identificar as necessidades reais do órgão;
 acompanhamento sistemático dos programas;
 planeamento estruturado a longo prazo.

2.1. Orçamento-programa.

Em 1959 a ONU conceituava o orçamento-programa como sendo: “um


sistema em que se presta particular atenção às coisas que um governo
realiza mais do que as coisas que adquire. As coisas que um governo
adquire, tais como serviços pessoais, provisões, equipamentos, meios de
transportes, etc., naturalmente, são meios que emprega para o
cumprimento das suas funções. As coisas que um governo realiza em
cumprimento de suas funções podem ser estradas, escolas, terras
distribuídas, casos tramitados e resolvidos, permissões expedidas,
estudos elaborados ou qualquer das inúmeras coisas que podem ser
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 118

apontadas. O que não fica claro nos sistemas orçamentários é essa


relação entre coisas que o governo adquire e coisas que realiza.”

O orçamento-programa é, portanto, um plano de trabalho no qual são


detalhados os programas e despesas que se pretende realizar durante o
exercício financeiro, evidenciando a política económica do Governo.

Nele são demonstrados os propósitos, objectivos e metas para as quais a


administração solicita os recursos necessários, identificando os custos dos
programas propostos para alcançar tais objectivos e os dados
quantitativos que medem as realizações e o trabalho realizado dentro de
cada programa.

São características básicas do orçamento-programa:

 recursos orçamentários necessários para atingir objectivos e


metas;
 instrumento de planeamento que permite acompanhar, avaliar e
controlar a execução dos programas governamentais;
 fixação de metas para as receitas e despesas com o fim de atender
às necessidades económicas e sociais da população;
 identificação dos meios insumos (pessoal, material, equipamento,
serviços, etc) necessários para a obtenção dos resultados;
 principal critério de classificação-funcional-programática.

O orçamento-programa se caracteriza por ser o instrumento que faz a


ligação entre o planeamento e as funções administrativas de execução,
acompanhamento, avaliação e controle.

Não se pode negar que uma das condições necessárias para que se tenha o
orçamento-programa é a definição clara dos objectivos do governo e sua
ligação estreita com o planeamento governamental. A definição dos
objectivos é exactamente o detalhamento do que se pretende atingir e
alcançar, respeitando as prioridades estabelecidas no plano
governamental.

Os objectivos podem ser classificados em:

a) Derivados

b) Finais ou básicos

a) Derivados
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 119

São aqueles que demonstram quantitativamente os propósitos específicos


do governo, contribuindo para o alcance dos objectivos finais ou básicos.

b) Finais ou básicos

São os que demonstram os fins últimos de toda a acção do governo,


evidenciando uma avaliação qualitativa dos objectivos e indicando as
orientações para as políticas nas áreas económica e social.

A característica principal do orçamento-programa é exactamente o


programa, que pode ser definido como sendo um conjunto de acções
desenvolvidas pelo governo para alcançar objectivos determinados.
Programar significa priorizar os objectivos que se pretende alcançar,
detalhando as acções que serão utilizadas para alcançar tais objectivos e
especificando os meios para a concretização dessas acções.

O Orçamento do Estado pode então ser definido como :

“Acto pelo qual são previstas e autorizadas as despesas e receitas anuais


do Estado ”

O Orçamento do Estado é uma situação de despesa e de receitas. É claro


que quando se fala do Orçamento do Ministério da Educação, trata-se
apenas de uma situação de despesas. Mas o Orçamento de um Ministério
não pode ser visto de uma maneira totalmente autónoma do conjunto do
Orçamento do Estado, que compreende quer uma situação de despesa das
administrações quer a referente aos recursos provenientes dos impostos,
taxas, empréstimos ou produtos diversos. Preparar um orçamento é,
assim, estabelecer hipóteses e decidir sobre os níveis de recursos, sobre
os níveis de despesas e por consequência sobre os respectivos níveis
relativos, sobre o saldo excedentário ou deficitário entre receitas e
despesas.

O orçamento é estabelecido para um período preciso, geralmente um ano.


Este período pode corresponder ao ano civil, de 1 de Janeiro a 31 de
Dezembro, como na Eslovénia, Costa de Marfim, Zâmbia, França, ou em
Portugal. Mas pode também começar num outro momento do ano, a 1 de
Outubro na Tailândia, ou nos Estados Unidos, a 1 de Abril na África do
Sul ou na Inglaterra, a 1 de Julho no Zimbabwe ou em Itália.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 120

Quais são as funções essenciais do Orçamento do Estado?

O orçamento do Estado é uma lei que autoriza as receitas e as despesas.


Pela Lei das Finanças, o poder legislativo autoriza o poder executivo a
receber impostos e taxas e a realizar despesas. As regras presidindo à
preparação e execução do orçamento, isto é o seu carácter jurídico, têm
por objectivo permitir o controle do Parlamento pelo executivo. A
autorização dada num quadro jurídico preciso impõe-se aos serviços
administrativos encarregados de executar as decisões orçamentais.

O orçamento tem uma existência física. Trata-se de um ou mais


documentos apresentando o Estado (situação) das receitas e despesas
segundo uma nomenclatura precisa e estruturada.

Como uma previsão dos recursos e das despesas, o orçamento constitui


um instrumento de planeamento. Ele é mesmo por vezes o único
instrumento de planeamento a curto prazo, o único realmente que impõe
restrições. O orçamento é de facto um exercício de previsão de meios
necessários à realização das acções previstas pelo Estado para atingir os
objectivos, colocando assim a questão dos objectivos, das acções a
desenvolver e dos meios. É pois necessário estabelecer uma relação entre
o orçamento e os instrumentos de planeamento a fim de assegurar-se a
boa concretização dos objectivos propostos. Veremos mais adiante que
esta relação nem sempre é assegurada.

Todavia, preparar um orçamento não é unicamente um exercício de


avaliação das necessidades. É preciso ter em conta as restrições
financeiras que pesam sobre os recursos. O orçamento é o resultado do
confronto entre as necessidades e os recursos que por definição são
limitados. Deste modo, o orçamento é um instrumento político que fixa
as opções políticas, de curto prazo, do Governo.

Mas o orçamento é também um instrumento de gestão fixando os


“limites” das despesas autorizadas para os diferentes serviços. Dá aos
responsáveis administrativos o quadro dos meios de que dispõem para
realizarem as respectivas missões.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 121

11.2. As Diferentes Ópticas de Orçamentos


A definição que foi dada corresponde à visão tradicional, jurídica do
orçamento. No entanto o orçamento pode ser observado sob duas outras
ópticas : económica e funcional.

Visão jurídica: o orçamento é analisado sob o ângulo dos procedimentos,


das regras, presidem a sua elaboração e execução. O processo de tomada
de decisão, a partilha de responsabilidade no interior da administração, a
implicação ao nível político, o papel do Parlamento estão subjacentes no
conjunto da regulamentação orçamental, que tem o poder de decidir sobre
os impostos e de orientar a acção do Estado. Ver-se-á mais adiante que
os princípios de base em matéria orçamental visam assegurar o controle
do poder legislativo sobre o Governo e sobre a Administração.

Visão económica: os Estados modernos são agentes económicos


potentes. Dispõem dum potencial financeiro importante, utilizam ou
redistribuem 10 a 20%, e por vezes mais, do PIB do respectivo país.
Dispõem também do poder de regulamentação, criando o quadro jurídico
no qual os outros agentes económicos intervêm. Dispõem também do
poder de imposição, isto é de fazer respeitar a lei.

Visão funcional: é a que corresponde melhor as opções e aos


responsáveis administrativos ou políticos. É a visão das opções políticas
em termos de objectivos. O orçamento é então visto sob o ângulo da
atribuição dos recursos fixados. Visto sob este ângulo o orçamento
relaciona os objectivos a atingir com os meios necessários, pode assim
ser visto como um exercício de optimização de resultados face à escassez
de recursos.

Os princípios ou regras orçamentais

Os princípios gerais que estão na base das regulamentações orçamentais


podem variar segundo o país, mas a maior parte integram os direitos
nacionais. Estes grandes princípios são motivados por razões
constitucionais e políticas, para assegurar o controle do parlamento sobre
o poder executivo e a Administração, por razões técnicas para facilitar a
gestão, por razões morais para assegurar o rigor e a honestidade na gestão
da coisa pública.

A anualidade: é a primeira regra. O orçamento é votado por um ano.


Esta regra obriga o poder executivo a solicitar regularmente o aval do
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 122

Parlamento sobre os recursos provenientes dos impostos e taxas e sobre a


sua utilização. Esta duração é muito longa do ponto de vista de
utilização do orçamento como política macro-económica do Estado. A
gestão da conjuntura económica, as variações das taxas de inflação e de
actividades podem necessitar de inflexões na gestão do Estado. As regras
orçamentais autorizam em geral os governos a praticar o congelamento
de créditos, a regular o ritmo das despesas, mas podem também necessitar
de revisões orçamentais e um retorno ao parlamento para o voto de leis de
finanças rectificadoras.

A duração de um ano é por outro lado muito curta para certas operações
de investimentos, para os equipamentos pesados ou para os programas
necessitando um esforço durável. Para obstar a esta dificuldade, os
orçamentos podem comportar autorizações de programas plurianuais.

A especialidade: esta regra está ligada à nomenclatura utilizada pelo


orçamento. Ela impede a utilização de meios atribuídos a uma
determinada rubrica orçamental, a um outro conteúdo de despesa que não
seja o previsto. Esta regra visa assegurar o respeito pelo voto do
parlamento. É também utilizado pelo Ministério das Finanças para
controlar a utilização dos recursos orçamentais dos diferentes Ministérios.
A regulamentação pode por vezes autorizar certas transferências de uma
rubrica para outra. Para permitir uma certa flexibilidade de gestão, certas
rubricas orçamentais podem ter uma designação relativamente vaga para
permitir uma variedade de utilizações.

A limitação: em regra geral, os créditos votados são limitativos, quer


dizer não podem ser ultrapassados. Os serviços abrangidos não são
autorizados a gastar para além da dotação orçamental. Certos créditos são
simplesmente estimativas ou previsões, como é o caso de uma obrigação
de pagamento do Estado, devido, por exemplo a dívidas contratuais ou à
execução de decisões de justiça.

A universalidade: esta regra visa interditar toda a receita “escondida” de


modo a impedir o desenvolvimento da gestão de facto fora do orçamento.
O orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do serviço
do Estado. Um Ministério não pode receber recursos e utilizá-los para as
suas próprias necessidades. Esta regra é por vezes chamada a regra da não
consignação das receitas às despesas. Contudo, há evidentemente
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 123

excepções como sejam a prática de orçamentos anexos, de fundos de


concursos, etc.

A unidade: esta regra, relativamente pouco respeitada, pretende que o


Orçamento do Estado seja um todo único, agrupando num mesmo texto a
lei do conjunto dos recursos e das despesas, de modo a dar uma visão
global da situação financeira projectada. Na prática, em numerosos
países, os orçamentos dos investimentos, muitas vezes relacionadas com
o financiamento externo, são discutidos e votados separadamente. A
existência de orçamentos anexos, separados, constituem assim uma
violação a esta regra.

Sumário
O orçamento-programa é, portanto, um plano de trabalho no qual são
detalhados os programas e despesas que se pretende realizar durante o
exercício financeiro, evidenciando a política económica do Governo.

O orçamento é uma prévia autorização do legislativo para que se realizem


receitas e despesas de um ente público, obedecendo a um determinado
período de tempo. Por meio do orçamento podemos verificar a real
situação económica do Estado, evidenciando os seus gastos com a saúde,
educação, saneamento, obras públicas, etc.

Exercícios
1- Quais são as funções essenciais do Orçamento do Estado?
2- Carterize duas a sua escolha
3- Indica as principais regras orçamentais e defina-as.
4- A partir orçamento do programa, explique as característica
principal do orçamento-programa.
5- Faça uma retrospectiva sobre as orçamento da Administração
Pública em Moçambique

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Entregar o exercício: 2 e 4.
Auto-avaliação
Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 124

Unidade XII
Orçamento do Estado como
Subsistema do Sistema de
Administração Financeira do
Estado, Lei 09/2002, de 12 de
Fevereiro

Introdução
Nesta unidade pretende-se que o estudante conheça as Competências
Objectos, e Princípios Orçamental, assim como, tipos de orçamentos,
elaboracao da proposta do orçamento, apresentacao do orçamento e
execução do mesmo .

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o Orçamento do Estado;


 Identificar os tipos de Orçamento do Estado;
 Descrever os Princípios e Regra do Orçamento do Estado:
Objectivos
 Caracterizar os passos da Elaboraçao da Proposta do Orçamento
do Estado;
 Identificar as Competências SOE.

12.1. Organização e Competências


Organização

O Subsistema do Orçamento do Estado, designado abreviadamente por


SOE, compreende todos os órgãos ou instituições que intervém nos
processos de programação e controlo orçamental e financeiro e abrange
ainda as respectivas normas e procedimentos.

Competências

Compete aos órgãos e instituições que integram o SOE:


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 125

a) preparar e propor os elementos necessários para a elaboração


do Orçamento do Estado;
b) preparar o projecto da lei orçamental e respectiva
fundamentação;
c) avaliar os projectos de orçamentos dos órgãos e instituições
do Estado;
d) propor medidas necessárias para que o orçamento do Estado
comece a ser executado no inicio do exercício económico a
que respeita;
e) preparar, em coordenação com o Subsistema do tesouro
Publico, a programação relativa a execução orçamental e
financeira, mediante observância no disposto na presente Lei
e respectiva regulamentação complementar.
f) avaliar as alterações do Orçamento do Estado;
g) avaliar os processos de execução orçamental e financeira.

Orçamento

Objecto

O Orçamento do Estado é o documento no qual estão previstas as receitas


a arrecadar e fixadas as despesas a realizar num determinado exercício
económico e tem por objecto a prossecução da política financeira do
Estado.

Princípios

1. Na sua preparação e execução o Orçamento do estado observa, de


entre outros, os seguintes princípios e regras:

a) anualidade, nos termos do qual o Orçamento do Estado tem um


período de validade e de execução anual, sem prejuízo da existência
de programas que impliquem encargos plurianuais,

b) unidade, na base do qual o Orçamento do Estado é apenas um;

c) universalidade, pelo qual todas as receitas e todas as despesas que


determinem alterações ao património do Estado, devem nele ser
obrigatoriamente inscritas;

d) especificação, segundo o qual cada receita e cada despesa deve ser


suficientemente individualizada;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 126

e) não compensação, através do qual as receitas e as despesas devem


ser inscritas de forma liquida;

f) não consignação, por força do qual o produto de quaisquer receitas


não pode ser afectado à cobertura de determinadas despesas
especificas ressalvadas as excepções previstas no numero 2 seguinte,

g) equilíbrio, com fundamento no qual todas as despesas previstas no


orçamento devem ser efectivamente cobertas por receitas nele
inscritas,

h) publicidade, em conformidade com o qual a Lei Orçamental, as


tabelas de recitas e as tabelas de despesas e bem assim as demais
informações económicas e financeiras julgadas pertinentes devem ser
publicadas em Boletim da Republica.

2. Exceptuando-se do principio da não consignação os casos em que:

a) por virtude de autonomia administrativa e financeira, as receitas


tenham de ser afectadas a determinado fim especifico ou a
determinada instituição ou instituições;

b) os recursos financeiros sejam provenientes de operações especificas


de credito publico;

c) os recursos provenientes decorrem de donativos, heranças ou legados


a favor do Estado com destino especifico;

d) os recursos tenham, por lei especial, destino especifico.

3. Constitui excepção ao principio da especificação a inscrição no


Orçamento do Estado de uma dotação orçamental, sob gestão do
Ministro que superintende a área das finanças, por forma a permitir a
sua afectação, em momento oportuno e atempado, à realização de
despesas não previsíveis e inadiáveis.

Receitas

1. Constituem receita publica todos os recursos monetários ou em


espécie, seja qual for a sua proveniência ou natureza, postos à
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 127

disposição do Estado, com ressalva daqueles em que o estado seja


mero depositário temporário.

2. Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento de


Estado ou cobrada senão em virtude de lei e, ainda que estabelecidas
por lei, as receitas só podem ser cobradas se estiverem previstas no
Orçamento de Estado aprovado.

3. Os montantes de receita inscritos no Orçamento de Estado constituem


limites mínimos a serem cobrados no correspondente exercício.

Despesas

1. Constitui despesa pública todo o dispêndio de recursos monetários ou


em espécie seja qual for a sua proveniência ou natureza, gastos pelo
Estado com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra
obrigado à reposição dos mesmos.

2. Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que,


sendo legal, se encontre inscrita devidamente no Orçamento do
Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente verba
orçamental e seja justificada quanto a sua economicidade, eficiência e
eficácia.

3. As despesas só podem ser assumidas durante o ano económico para o


qual tiverem sido orçamentadas;

4. As dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na


realização de despesas públicas, no correspondente exercício.

Contratos e acordos internacionais

1. A assinatura de contratos e acordos internacionais que impliquem a


assunção de responsabilidades financeiras para o Estado ou envolvam
matéria fiscal carecem de previa autorização do Ministro que
superintende a área das Finanças, ainda que tais despesas tenham
dotação no Orçamento do Estado.

2. A falta de autorização do Ministro que superintende a área das


Finanças determina a nulidade do contrato ou acordo, não podendo
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 128

por isso ser licenciada qualquer transferencia cambial no âmbito de


algum contrato ou acordo nulo.

Escalonamento de encargos contratuais

Os compromissos resultantes de leis, tratados ou contratos já firmados


pelos órgãos e instituições do Estado que envolvam despesas em mais de
um ano económico devem apresentar o escalonamento plurianual dos
respectivos encargo, associado ao respectivo enquadramento orçamental,
por forma a que a liquidação do encargo esteja garantida na dotação do
próprio ano em que for determinado o pagamento do respectivo montante
escalonado.

12.2. Orçamento por Programa


Regime

1. Sem prejuízo da sua especificação de acordo com as classificações


orgânica, territorial, económica e funcional, as despesas que integram
o orçamento do Estado podem estruturar-se, no todo ou em parte, por
programas.

2. Com o objectivo de racionalizar a preparação e reforçar o controlo da


gestão e da execução orçamental, a estruturação da programação
orçamental é composta por programas, medidas e projectos ou
acções.

Programas Orçamentais

1. O programa orçamental inclui as despesas correspondentes a um


conjunto de medidas ou projectos ou acções de caracter de caracter
plurianual que concorrem, de forma articulada e complementar, para
a concretização de um ou vários objectos específicos, relativos a uma
ou mais políticas publicas, dele fazendo necessariamente parte
integrante um conjunto de indicadores que permitam avaliar a
economia, a eficiência e a eficácia da sua realização.

2. O programa orçamental pode ser realizado por uma ou varias


entidades gestoras.

3. Para efeito do disposto no numero anterior, consideram-se entidades


gestoras dos programas orçamentais todos os órgãos e instituições do
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 129

Estado, incluindo serviços e organismos com autonomia


administrativa e financeira, competentes para realizar as despesas
compreendidas naqueles programas.

4. Cada programa orçamental pode dividir-se em medidas podendo


existir programas com uma única medida.

5. Os programas orçamentais que não se dividirem em medidas,


dividem-se em projectos ou acções, podendo existir programas com
um único projecto ou acção.

6. Os projectos ou acções integrados ou não em medidas podem ser


criados no decurso da execução do Orçamento do Estado.

Medidas

1. A medida compreende despesas de um programa orçamental


correspondente a projectos ou acções, ou ambos bem especificados e
caracterizados, que se articulam e se complementam entre si e
concorrem para a concretização dos objectivos do programa em que
se inserem.

2. A medida é executada por uma única entidade gestora

3. Cada medida divide-se em projectos ou acções, que constam de


anexo informativo, podendo existir medidas com um único projecto
ou acção.

4. O projecto ou acção correspondente a unidades básicas de realização


do programa ou medida com orçamento e calendarização
rigorosamente definidos, susceptíveis de, quando executadas, darem
imediatamente lugar a resultados avaliáveis.

12.3. Elaboração da Proposta Orçamental:


Orçamento do estado

1. A elaboração do Orçamento do Estado é anual e da competência do


Governo.

2. Na elaboração anual dos seus programas e orçamentos, o Governo


deve ter em conta a sua compatibilização com os orçamentos de
investimento plurianuais, considerando toda a planificação delineada
na preparação destes.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 130

3. A programação e execução do Orçamento do estado devem ser


tratadas a preços correntes.

Propostas orçamentais dos órgãos e instituições do Estado

1. Os órgãos e instituições do Estado apresentam ao Ministério que


superintende a área das finanças, nos prazos legalmente definidos, as
suas propostas orçamentais, tendo em vista as acções a desenvolver
no âmbito das suas funções.

2. Das propostas orçamentais a que alude o numero anterior constam,


com base nas directrizes orçamentais fixadas pelo governo, através
do Ministério que superintende a área das Finanças , os limites
quantitativos, bem como os objectivos a atingir a figurar na proposta
do orçamento de Estado.

Classificação Orçamental

1. Compete ao Governo aprovar e manter um classificador orçamental


de receitas e despesas do Estado, cuja estrutura obedeça as seguintes
regras:

a) a receita orçamental é classificada de acordo com os critérios


económico, territorial e por fontes de recursos;

b) a despesa orçamental é classificada de acordo com os critérios


orgânico, territorial, económico e funcional.

2. A classificação económica, tanto da receita como da despesa,


compreende as duas categorias seguintes:

a) corrente e

b) de capital

Proposta do Orçamento do Estado

1. A proposta do Orçamento do Estado observa estrita conformidade


com a politica económico-financeira e o programa anual do Governo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 131

2. A proposta do Orçamento do Estado compõe-se do articulado da


respectiva proposta de Lei Orçamental e respectivos mapas.

3. Os mapas orçamentais a que se refere o número 2 deste artigo


compreendem:

a) mapas globais das previsões de receitas, dos limites das despesas


e financiamento do défice;

b) mapas das previsões das receitas correntes e de capital; de âmbito


central e provincial, classificado de acordo com os critérios
orgânico, territorial e por fontes de recurso;

c) Mapas dos limites das despesas correntes, de âmbito central e


provincial, classificados de acordo com os critérios orgânico,
territorial, económico e funcional.

d) Mapas de despesas de capital, de âmbito central e provincial,


classificados de acordo com os critérios orgânico, territorial,
económico, funcional e por fontes de recursos.

4. O governo apresenta ainda à Assembleia da Republica, com a


proposta do Orçamento de Estado todos os elementos necessários a
justificação da política orçamental nomeadamente:

a. O Plano Económico e Social do Governo;

b. O balanço preliminar da Execução do Orçamento de Estado do


ano em curso;

c. A fundamentação da previsão das receitas fiscais a da fixação dos


limites das despesas;

d. A demonstração do financiamento global do orçamento de


Estado com discriminação das principais fontes de recursos;

e. A relação de todos os órgãos e instituições do Estado, assim


como de todas as instituições autónomas, empresas publicas e
autarquias;

f. A proposta de orçamento de todos os organismos com autonomia


administrativa e financeira, autarquias e empresas do Estado.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 132

12.4. Apresentação do Orçamento

Apresentação
O Governo submete até ao dia 30 de Setembro de cada ano à Assembleia
da Republica a proposta do Orçamento do Estado a que se refere o
número 1 do artigo 21 desta lei.

Aprovação do Orçamento do Estado


1. A Assembleia da Republica delibera sobre a proposta de Lei do
orçamento do estado até dia 15 de Dezembro de cada ano.
2. Aprovado o Orçamento do Estado o Governo fica autorizado a:
a. proceder a gestão e execução do Orçamento de Estado aprovado,
adoptando as medidas consideradas necessárias à cobrança de
receitas previstas e à realização das despesas fixadas;
b. proceder à captação e canalização de recursos necessários, tendo
sempre em conta o principio da utilização mais racional possível
das dotações orçamentais aprovadas e o principio melhor da
gestão de tesouraria;
c. proceder a abertura de créditos públicos para atender ao défice
orçamental;
d. realizar operações de credito por antecipação da receita, para
atender a défices momentâneos de tesouraria.

3. Aprovado o Orçamento do Estado, os deputados e as Comissões da


Assembleia da Republica não podem tomar iniciativas de lei que
envolvam o aumento das despesas ou a diminuição das receitas.

Não Aprovação do Orçamento


1. Não sendo aprovada a proposta do Orçamento do Estado, é
reconduzido o do exercício económico anterior, com os limites nele
definidos, incluindo os ajustes verificados ao longo desse exercício,
mantendo-se assim em vigor até à aprovação de novo Orçamento de
Estado.
2. A manutenção da vigência do Orçamento do Estado reconduzido, nos
termos do numero anterior abrange a manutenção da autorização para
cobrança das receitas e realização de despesas nele previstas, salvo
aquelas cujos regimes vigorariam apenas até ao final do respectivo
exercício.
3. A realização das despesas previstas no Orçamento do Estado
reconduzido deve obedecer ao principio da utilização por duodécimos
das verbas nele fixadas.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 133

12.5. Execução do Orçamento do Estado


Regras para execução
Para dar inicio à execução orçamental, o Governo aprova as disposições
que se mostrem necessárias, sem prejuízo da imediata aplicação das
normas da Lei do Orçamento do Estado que sejam directamente
exequíveis.

Execução de Receitas
A execução das receitas compreende as três fases seguintes:
a) lançamento e procedimento administrativo de verificação da
ocorrência do facto gerador da obrigação correspondente;
b) liquidação, calculo do montante da receita devida e identificação
do respectivo sujeito passivo;
c) cobrança, acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e
subsequente entrega ao Tesouro Publico.

Realização das Despesas


1. A realização das despesas compreende as três fases seguintes
a) cabimento, acto administrativo de verificação, registo e cativo do
valor do encargo a assumir pelo Estado;
b) liquidação apuramento do valor que efectivamente há a pagar e
emissão da competente ordem de pagamento;
c) pagamento ou entrega de importância em dinheiro ao titular do
documento de despesa.
2. As despesas que sejam reconhecidas judicialmente no exercício em
curso, pertencentes a exercícios anteriores mas neles não liquidadas,
são pagas na rubrica adequado Orçamento de Estado desse exercício
em curso.
3. Pode ser autorizada a realização de despesas sob o regime de
adiantamentos em numerário, denominado fundo de maneio, para
atender despesas cujos valores sejam de pequena monta e para as
quais se dispense o cumprimento do normal processo de realização de
despesas.
4. Compete ao Governo aprovar, quer os limites máximos para a
realização das despesas a que se refere o numero anterior, quer as
dotações orçamentais a este regime sujeitas, quer ainda à
regulamentação sobre a sua concessão, aplicação e prestação de
contas.

Despesas por pagar


Relativamente ao período do exercício económico em curso, devem ser
observadas as seguintes regras:
a) constituem despesas por pagar as despesas liquidadas e não pagas até
31 de Dezembro;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 134

b) as despesas por pagar devem ser anuladas, caso não sejam pagas,
decorrido um ano.
Anulação de despesas e receitas
1. Reverte a respectiva dotação o valor da despesa anulada no exercício.
2. Quando a anulação do valor da despesa ocorrer após encerramento do
respectivo exercício económico, o valor anulado é considerado
receita do ano em que a anulação se efectivar.
3. A restituição da receita arrecadada indevidamente, quando ocorra no
respectivo exercício da sua arrecadação, é efectuada nesse exercício,
mediante a anulação do valor na rubrica orçamental respectiva.
4. A restituição da receita arrecadada indevidamente, quando ocorra em
exercícios posteriores, é realizada em rubrica orçamental de despesa
adequada do exercício em que ela ocorrer.
Receitas liquidadas e não cobradas
Os valores relativos a contribuições e impostos e demais créditos fiscais
do Estado, liquidados e não cobrados dentro do exercício financeiro de
origem, constituem dívida activa e são incorporados em conta própria,
findo o exercício, pela contabilidade pública.
Alterações orçamentais
1. As alterações dos limites fixados no Orçamento do Estado são
efectuadas por lei, sob proposta do Governo devidamente
fundamentada.
2. O Governo pode efectuar esforços de verbas no Orçamento do
Estado, utilizando, para o efeito, a dotação provisional prevista no
numero 3 do artigo 13 da presente lei, desde que as mesmas sejam
devidamente fundamentadas.
3. É ainda da competência do Governo, a redistribuição das verbas
dentro dos limites estabelecidos pela Assembleia da Republica.
4. A transferencia de verbas de um órgão ou instituição do Estado para
outro deve ser tratada no Orçamento do Estado a crédito daquele e a
débito deste.
Informação Periódica
1. O Governo presta informação semestral sobre a execução do Plano
Económico e Social e Orçamento do Estado à Assembleia da
Republica, até 45 dias após o semestre.
2. O Governo presta ainda informação trimestral à Assembleia da
República sobre a execução do Orçamento de Estado devendo esta
ser publicada no Boletim da Republica.

Sumário
O Orçamento do Estado é o documento no qual estão previstas as receitas
a arrecadar e fixadas as despesas a realizar num determinado exercício
económico e tem por objecto a prossecução da política financeira do
Estado.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 135

Constituem receita publica todos os recursos monetários ou em espécie,


seja qual for a sua proveniência ou natureza, postos à disposição do
Estado, com ressalva daqueles em que o estado seja mero depositário
temporário.

Constitui despesa pública todo o dispêndio de recursos monetários ou em


espécie seja qual for a sua proveniência ou natureza, gastos pelo Estado
com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à
reposição dos mesmos.

Exercícios
1- O que entende por orçamento do Estado?
2- Identifique os princípios Orçamentais e caracterize quatro da sua
escolha.
3- Identifique os tipos de Orçamento e explique a constituição de
cada um deles.
4- Qual e o nome que se da ao principio que diz todas as receitas e
todas as despesas que determinem alterações ao património do
Estado, devem nele ser obrigatoriamente inscritas?
5- Faça um pequeno resumo sobre a formação do Orçamento do
Estado.
6- A classificação económica, tanto da receita como da despesa,
compreende as duas categorias. Indique – as
7- O que entende por receita publica?
8- Explique como surge a receita do Estado.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Entregar os exercícios: 3, 7 e 8.

Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 136

Unidade XIII
Instruções sobre a Execução
Orçamental

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam identificar e explicar
as Instruções sobre a Execução Orçamental, Requisição de Fundos e seus
Modelos I e II, Utilização de Fundos, Abertura de Contas Bancarias,
Dotação Orçamental, Dotação Disponivel e alteração do Orçamento.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Saber identificar os modelos de aquisisão de fundos;

Objectivos  Destacar os Instrumentos de Execução Orçamental;

 Explicar a utilização de fundos e abertura de contas Bancarias.

8.1. Instruções sobre a Execução Orçamental


Para as instituições do aparelho do Estado, a execução do Orçamento do
Estado rege-se pelas normas do Decreto nº 23/2004, de 27 de Junho e
demais instruções expedidas pela Direcção Nacional de Contabilidade
Pública. Contudo, estas instruções podem ser adoptadas pelos Municípios
por forma a disciplinar o uso de seus recursos.

8.2. Requisição de Fundos


Para fazer face às despesas de Orçamento do Município, as Direcções ou
Serviços requisitam à Direcção de Economia e Finanças ou estrutura
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 137

equiparada do Município os fundos necessários para o funcionamento na


globalidade através de uma requisição nos seguintes moldes:

 A requisição é global e efectua-se através dum pedido,


acompanhado do modelo apropriado das presentes instruções,
preenchendo-se um exemplar para o Orçamento Corrente e outro
para Orçamento de Investimentos ou de Despesas de Capital.
 A concessão de fundos efectua-se por adiantamentos e por
liquidações sucessivas como a seguir se indica:
a) Os adiantamentos pela Tesouraria consistem na disponibilização
de fundos às diferentes direcções municipais, em regra no início
do ano com base nas respectivas tabelas de despesa autorizada;
b) A concessão de fundos por liquidações sucessivas efectua-se
após a prestação de contas em regra pelo montante do respectivo
processo e até à concorrência da dotação anual disponível.
 A concessão de fundos poderá ser suspensa em relação aos
serviços que não efectuam regularmente a prestação de contas
nos prazos estabelecidos.

Note-se que estes procedimentos não são aplicáveis aos Municípios em


respeito à autonomia que os mesmos possuem.

8.3. Modelo de Requisição de Fundos I

REQUISIÇÃO DE FUNDOS N° ____________

TIPO DE DESPESA: ______________________________ (Funcionamento o Investimento)


( Salários e Remunerações)

ÓRGÃO OU INATITUIÇÃO
Código ________________
Nome__________________________________________________________________________

Fonte de Recursos ___________________________


Projecto________________________________________________________________________

ORDENADOR DE DESPESA
Nome
________________________________________________________________________________
_
B.I. ____________________ NUIT ___________________ Telefone _______________________
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 138

GESTOR DE DESPESA
Nome__________________________________________________________________________
B.I. __________________ NUIT ____________________ Telefone ________________________

DOMICÍLIO BANCÁRIO
Banco _____________________ Balcão _____________________N° da Conta______________

ABONOS

CED DESCRIÇÃO Valor

DESCONTOS

Código DESCRIÇÃO Valor

TOTAL DE DESCONTOS

LIQUIDO A RECEBER
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 139

JUSTIFICAÇÃO
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

DOCUMENTOS JUSTIFICATIVOS DA DESPESA A EFECTUAR:


.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................

___________________ , _____ de ___________________ de ____________

____________________________________________
O ORDENADOR DE DESPESA

8.4.Modelo de Requisição de Fundos II

REQUISIÇÃO DE FUNDOS N° ____________

TIPO DE DESPESA: ______________________________ (Funcionamento o Investimento)


( Salários e Remunerações)

ÓRGÃO OU INSTITUIÇÃO
Código ________________
Nome_________________________________________________________________________

Fonte de Recursos ___________________________


Projecto______________________________________________________________________

ORDENADOR DE DESPESA
Nome_________________________________________________________________________
B.I. ___________________ NUIT _________________________ Telefone
_________________________
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 140

GESTOR DE DESPESA
Nome_________________________________________________________________________
B.I. ___________________ NUIT ____________________ Telefone______________________

DOMICÍLIO BANCÁRIO
Banco ___________________ Balcão _____________________N° da Conta______________

(Em Meticais)

CED DESCRIÇÃO Valor

1.1.2
1.2
1.3
4.1.1
1.4.1.1
1.4.1.2
1.4.1.3
1.4.1.4
1.4.1.5
1.4.1.6
1.4.1.9
1.4.2.0.01
1.4.2.0.99
1.4.3.1
1.4.3.2
1.4.3.3.01
1.4.3.3.03
1.4.3.3.99
1.4.3.4.01
1.4.3.4.02
1.4.3.4.03
1.4.3.4.04
1.4.3.4.05
1.4.3.4.06
1.4.3.4.99
1.4.4.0.01
1.4.4.0.02

1.5
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 141

1.6.0.0.02
1.6.0.0.03
1.6.0.0.99

2.1.1
2.1.2.0.01
2.1.2.0.99
2.1.3

2.2.1.0.01
2.2.1.0.02
2.2.1.0.03
2.2.1.0.04
2.2.1.0.05
2.2.1.0.06
2.2.1.0.99
2.2.2.0.01
2.2.2.0.02
2.2.2.0.03
2.2.2.0.04
2.2.2.0.99

2.3.0.0.99

2.4.1.0.01
2.4.1.0.02
2.4.1.0.99
2.4.2.0.01
2.4.2.0.02
2.4.2.0.99

TOTAL DE DEPESA

___________________ , _____ de ___________________ de ____________

____________________________________________
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 142

O ORDENADOR DE DESPESA

8.5.Utilização dos fundos

Na utilização de fundos serão observadas as regras constantes do artigo nº


77 da Lei no. 11/97, de 31 de Maio, designadamente:

 Todos os documentos que envolvam despesas suportadas pelo


orçamento do Município devem obrigatoriamente transitar pelo
competente departamento financeiro ou estrutura equiparada para
efeitos de informação quanto à legalidade e ao cabimento, sob a
pena do funcionário que der aos citados documentos destino
diferente e aquele que autorizar a realização da despesa nestas
condições, serem solidariamente responsáveis pelo seu
pagamento, sempre que se verifique que a despesa realizada é
ilegal ou não tenha cabimento na verba respectiva nos termos do
nº 2 do artigo 19 da Lei em referência;

 A autorização para a realização da despesa será dada pelo


Presidente do Município, na requisição interna ou proposta,
depois de devidamente informado quanto à legalidade e ao
cabimento do encargo na respectiva verba orçamental pelo
departamento Financeiro ou estrutura equiparada;

 Será da exclusiva competência do departamento financeiro ou


estrutura equiparada a emissão de requisições externas e o
pagamento da despesa orçamental;

 É interdito ao mesmo departamento efectuar pagamentos de


despesas que não tenham sido por si requisitadas, excepto
despesas que pela sua natureza não carecem de requisições
externas como, por exemplo, despesas de água, electricidade e
telefone;

 A cada requisição não deve corresponder mais do que uma


classificação orçamental;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 143

 A requisição externa que não for satisfeita por qualquer motivo,


estará anulada e o original arquivado juntamente com a
requisição interna.

8.6.Contas Bancárias
A abertura de contas bancárias para as várias Direcções do Município,
deve ser feita mediante a autorização do respectivo Presidente, onde
conste a indicação do banco. No entanto, recomenda-se que as contas
sejam concentradas num único banco.

Autorizada a abertura de contas pelo Presidente do Município, deve-se a


posterior enviar ao banco a relação das instituições autorizadas, bem
como dos assinantes respectivos.

As contas bancárias, de acordo com as instruções para a organização e


documentação das contas das autarquias locais, devem ser assinadas por
todos responsáveis por suas movimentações, observando-se os critérios
seguintes:

 Os cheques inutilizados não devem ser retirados da caderneta;

 O cheque só deverá ser assinado quando acompanhado da


respectiva factura (com declaração de fornecimento e de
conformidade) e do original da requisição externa;

 Nenhum cheque deverá ser entregue sem o respectivo registo nos


correspondentes livros, nomeadamente, o Numerador de
Requisições e de Controlo de Pagamentos e de Protocolo;

 Em caso de extravio o beneficiário comunicará ao departamento


financeiro ou estrutura equiparada por carta com assinatura
reconhecida no notário, comprometendo-se a entregar o cheque
caso venha a encontrá-lo ou a reembolsar a importância do
mesmo na hipótese de ter sido pago; e

 Recebida a carta referida no nº anterior, o departamento


financeiro comunicará ao banco para não efectuar o pagamento
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 144

do cheque extraviado e à Imprensa Nacional para publicação.


Decorridos 30 dias sem qualquer pronunciamento emitir-se-á
uma segunda via do cheque.

8.7. Dotações Orçamentais


A dotação orçamental, em linguagem técnica conhecida por créditos
orçamentais, ordinários ou autorizações orçamentais, são as importâncias
inscritas no orçamento de cada serviço ou Direcção da autarquia e
representam os limites máximos até aos quais se podem contrair encargos
para satisfazer as necessidades durante um determinado ano económico.

Dotação Utilizável

A Dotação utilizável significa a dotação total inscrita no orçamento ou a


percentagem de que se pode dispor.

Assim, a título de exemplo, se uma dotação orçamental no montante de


1.000.000,00 MT estiver sujeita, de acordo com a lei orçamental a
dedução de 10%, isto é, de 100.000,00 MT, a dotação utilizável é de
900.000,00 MT.(1.000.000,00 MT – 100.000,00 MT).

Contudo, se outra dotação orçamental da mesma importância de


1.000.000,00 MT não estiver, por hipótese, sujeita a qualquer dedução, a
própria dotação orçamental é ao mesmo tempo a dotação orçamental
utilizável.

8.8.Dotação Disponível
A dotação disponível ou disponibilidade vencida, significa a dotação que
em determinado momento está disponível para ser gasta com encargos
contraídos por conta dessa rubrica orçamental.

Regime duodecimal

O regime duodecimal consiste na divisão das dotações em doze parcelas


iguais, sendo cada parcela denominada por duodécimo.

A requisição de fundos faz-se na globalidade. No entanto, as despesas


realizam-se por verbas, por motivos já citados anteriormente, ou seja, as
receitas não afluem na tesouraria municipal ou nos cofres do Estado na
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 145

totalidade, razão pela qual tem que se observar o regime duodecimal. Se a


importância da dotação for divisível por 12, os duodécimos de Janeiro a
Dezembro serão todos iguais.

Se tal acontecer, os duodécimos de Janeiro a Novembro corresponderão à


importância do quociente daquela divisão, arredondada para a unidade
imediatamente inferior.

O resto da operação será adicionado ao duodécimo de Dezembro, que


passará a ser constituído pela diferença entre a soma dos duodécimos de
Janeiro a Novembro e a dotação orçamental.

8.9. Alterações Orçamentais


Os reforços de determinadas dotações provocam naturalmente a
diminuição em outras, visto que é necessário garantir o equilíbrio
orçamental. São as chamadas Anulações em despesas. Nestes casos,
porém há que calcular os duodécimos da dotação que restar.

Os duodécimos, a contar do mês (inclusive) em que a alteração for


autorizada, serão representados pelo quociente que se obtiver das
seguintes divisões:

Dotação reforçada – Dividendo: soma da dotação (após abatimento dos


duodécimos dos meses anteriores) com a importância do reforço; Divisor:
número de meses que faltarem para o fim do ano, incluindo o mês da
autorização;

Dotação reduzida – Dividendo: diferença entre a dotação (após o


abatimento dos duodécimos dos meses anteriores) e a importância da
anulação; divisor: número de meses que faltarem para o fim do ano,
contados a partir do mês inclusive em que foi autorizada a alteração
orçamental.

Cada duodécimo vence no primeiro dia de cada mês.

Deste modo, em Janeiro, no caso das dotações sujeitas ao regime


duodecimal, pode gastar-se a importância de um duodécimo desde o dia
1, está disponível a importância do duodécimo desse mês adicionada de
qualquer saldo que tenha ficado do duodécimo do mês anterior. E, assim
sucessivamente, até ao mês de Dezembro (duodécimo do próprio mês,
mais o saldo dos meses anteriores). Torna-se, pois, necessário estabelecer
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 146

a Conta Corrente com a dotação orçamental correspondente ao


instrumento de controlo da utilização das dotações.

Como já vimos no capítulo sobre os Princípios da Contabilidade Pública,


nas dotações sujeitas ao regime duodecimal, os responsáveis pela gestão
dos serviços são obrigados a limitar, em cada mês, a realização das
despesas à fracção de 1/12 de cada uma dessas dotações, à medida que se
for tornando disponível, acrescida dos saldos dos meses anteriores que
não tenham sido utilizados.

É importar referir que, dada a autonomia de que se revestem as autarquias


locais, o regime duodecimal é apenas aplicável em relação aos recursos
transferidos do Orçamento do Estado nomeadamente, o Fundo de
Compensação Autárquica e o Investimento de Iniciativa Local e outros .

Sumário
Para as instituições do aparelho do Estado, a execução do Orçamento do
Estado rege-se pelas normas do Decreto nº 23/2004, de 27 de Junho e
demais instruções expedidas pela Direcção Nacional de Contabilidade
Pública.

A requisição é global e efectua-se através dum pedido, acompanhado do


modelo apropriado das presentes instruções, preenchendo-se um
exemplar para o Orçamento Corrente e outro para Orçamento de
Investimentos ou de Despesas de Capital

A dotação orçamental, em linguagem técnica conhecida por créditos


orçamentais, ordinários ou autorizações orçamentais, são as importâncias
inscritas no orçamento de cada serviço ou Direcção da autarquia e
representam os limites máximos até aos quais se podem contrair encargos
para satisfazer as necessidades durante um determinado ano económico.

A dotação disponível ou disponibilidade vencida, significa a dotação que


em determinado momento está disponível para ser gasta com encargos
contraídos por conta dessa rubrica orçamental.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 147

Exercícios
1- Explica por tuas palavras como a Execução do Orçamento do
Estado rege-se nas Instituições do Aparelho do Estado?
2- Define o conceito da execução do orçamento
3- Diga, quando que se solicita fundos e explica a modalidade da
concessão dos fundos, justificando que ?
4- Justifique quando pode ocorrer a suspensa da concessão dos
fundos em relaçao aos serviços da instituição do aparelho do
Estado?
5- “ Os reforços de determinadas dotações provocam naturalmente a
diminuição em outras” comenta a afirmação
6- Distinga a dotação orçamental da dotacao utilizavel

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1, 2, 3, 4 e 6.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 148

Unidade XIV
Execução do Orçamento
Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam como é que a
execução das despesas e a respeitiva fiscalização.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer o Tribunal de contas e a fiscalização a posterior.

Objectivos  Conhecer as fontes de financiamento do Orçamento.

 Mostrar os procedimentos de execucao e controlo do Orçamento.

 Identificar e caracterizar principais modalidades de receitas


publicas.

 Saber apresentar Balanço Orçamental

14.1. Procedimentos de Execução e Controle do Orçamrnto


Procedimentos de execução e controle do orçamento

Se bem que a vontade do Parlamento e do Governo tenha sido expressa


o mais claramente possível na lei das Finanças e nos documentos anexos,
é indispensável antes de começar a execução do orçamento, de precisar
certos aspectos do programa financeiro que foi aprovado, isto é
operacionalizar o que se pode chamar de implementação do orçamento.
Por outro lado, se é verdade que a execução do orçamento deve ser
conforme às disposições da lei das Finanças votada pelo Parlamento e
promulgado pelo Governo, estas disposições poderão, elas próprias ser
modificadas ao longo do ano.

A implementação do orçamento
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 149

Após a promulgação da lei de Finanças, os decretos de repartição


concretizam a repartição dos créditos (dotações) por diferentes capítulos
orçamentais. O que no entanto não é suficiente para permitir um controle
satisfatório da execução do orçamento.

De facto os créditos devem ser executados segundo um triplo aspecto:

 no âmbito do capítulo,
 no espaço,
 no tempo,

e todas estas dimensões deverão ser tidas em conta para se poder iniciar
correctamente a execução do orçamento.

A distribuição de recursos por capítulos ou programa consiste na


repartição respectivamente por artigo, parágrafo, rubrica orçamental ou
programa, sub – programa, projecto e actividade (dependendo da
nomenclatura utilizada).

A distribuição dos créditos do ponto de vista especial depende do


modelo de desconcentração ou descentralização orçamental adoptado em
cada país.

Os créditos que em geral são válidos para um ano, deveria poder ser
utilizado em qualquer momento do ano. No entanto por motivo de boa
gestão administrativa deverá fazer-se uma distribuição no tempo dos
créditos anuais. Por outro lado, tendo em conta a situação económica
especialmente o imposto sobre o rendimento colectado pelo tesouro, o
Ministério das Finanças pode congelar certos créditos orçamentais
impedindo a sua utilização pelos departamentos respectivos.
Inversamente o governo pode estabelecer fundos de reservas para certos
itens do orçamento sem indicar de modo preciso a que se destinam e pode
redistribuí-los durante o ano.

À parte tais eventualidades, o Ministério das Finanças regula no


tempo as despesas ao longo do ano fiscal, através de procedimentos para
utilização dos fundos orçamentais. No primeiro dia do ano orçamental
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 150

não significa que vários departamentos do Ministérios possam dispôr,


imediatamente, dos fundos que lhes são atribuídos, mesmo que o
orçamento tenha sido votado pelo Parlamento. O escoamento no tempo
das despesas responde às necessidades de gestão do Tesouro do Estado,
as entradas fiscais também estão escalonadas no tempo de acordo com as
diferentes entradas de taxas e impostos. Também corresponde à
preocupação do Ministério das Finanças de não permitir que os
departamentos utilizem a totalidade dos créditos logo no princípio do ano.

Exemplo :

A situação externa de uma regulação estrita conduz à prática do


orçamento de tesouraria (existente na Zâmbia e Angola) onde a
autorização para utilizar os créditos orçamentais é concedida, pelo
Ministério das Finanças, mensalmente na Zâmbia e trimestralmente em
Angola, tendo por base o total dos impostos colectados; o que não
permite aos beneficiários saber com antecedência o que poderá ser gasto
em cada período.

Para controlar o nível de execução das despesas, o ministério das


Finanças tem como recurso a autorização orçamental equivalente a
permissão de gastar os fundos. Este tipo de autorização pode ser anual
(para as despesas que ocorram uma só vez no ano, tais como a
organização dos exames), semestral (como no Mali) ou trimestral (como
no Zimbabwe). Os Ministérios com maior nível de despesas recebem
uma notificação de autorização dos créditos orçamentais.

Para além disso a execução do orçamento tem em conta diferentes


normas e procedimentos em função de três grandes tipos de despesa:

- Despesas de pessoal;
- Despesas de bens e serviços;
- Despesas de investimento.

Cada país de acordo com a respectiva organização administrativa e


financeira estabelece regras de repartição de recursos de acordo com o
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 151

seu próprio modelo de finanças públicas. Em geral, é ao nível das


despesas de bens e serviços que a administração regional e local têm
maior autonomia relativamente à administração central. O que poderá
trazer problemas para a implementação da política educativa. De facto, se
existir falta de coordenação entre os ministérios de educação e as
autoridades provinciais, estas últimas podem não ser sensíveis às
necessidades da educação quando da repartição dos créditos orçamentais.

Um exemplo deste tipo de situação é o caso de Angola onde as


autoridades provinciais têm um elevado grau de autonomia na decisão da
repartição de fundos pelos diferentes sectores económicos e sociais. O
que, aparentemente, tem prejudicado o bom funcionamento das escolas
primárias nalgumas províncias.

A execução das despesas e a respectiva fiscalização

É normal que as operações utilizadas pela Lei de Finanças se


desenvolvam segundo o esquema definido pelo Governo e aprovado pelo
Parlamento. Para este efeito, a fiscalização é necessária. Cada país
desenvolve o seu sistema de fiscalização da execução das despesas. Com
efeito a pluralidade e as formas de fiscalização deveriam quase que
necessariamente da própria natureza da economia administrativa.

- Uma norma, é um modelo em relação ao qual se


possam apreciar as operações a fiscalizar,
- Instituições permitindo efectuar a cooperação entre a
operação tal qual ela se desenvolve e a norma,
- e, enfim um mecanismo ou procedimento que, uma vez
constatada a divergências entre a operação e a norma,
atenue ou a suprima.

O Tribunal de Contas e a fiscalização à posteriori

Vimos que a fiscalização à priori, antes da realização das despesas, é


exercida pelos controladores financeiros (fiscais).

Outros tipos de fiscalização são efectuados à posteriori:

- fiscalização administrativa, assegurada pelos inspectores de Finanças


encarregados de Fiscalizar as administrações;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 152

- fiscalização jurídica realizada pelos magistrados do Tribunal de


Conta. O Tribunal de Conta recebe os relatórios de execução dos
serviços do Estado e pode emitir observações, podendo mesmo
iniciar procedimentos de sanção;
- fiscalização política, por exemplo no Zimbabwe, uma comissão
parlamentar procede à auditoria dos funcionários financeiros dos
Ministérios e pode fazer observações sobre a utilização dos créditos
orçamentais. Em todos os países, o Parlamento vota uma lei de
Finanças dita de regularização, homologando o estado das despesas e
dos recursos do orçamento.

14.2. Fonte de Financiamento do Orçamento


A prossecução dos diversos objectivos e funções por parte do Estado,
bem como o próprio funcionamento das instituições públicas, exige a
transferência, em maior ou menor grau, de recursos do sector privado e
da economia para a esfera de decisão pública. Esta transferência de meios
foi, em tempos algo recuados, predominantemente efectuada através de:

o recrutamento ou requisição directa dos recursos físicos (caso por


exemplo, de mão-de-obra para a construção de estrada,
mobilização militar, etc.);
o confisco de bens ou nacionalização de indústrias ou sectores,
com afectação do seu uso a fins públicos por exemplo, produção
de aço em períodos de guerra, caminhos de ferro, etc.);
o utilização de outros meios compulsórios, como empréstimos
públicos forçados, etc.

No entanto, e de um modo generalizado nos tempos modernos, os


Estados têm vindo a pôr de parte estas vias para a obtenção dos recursos
de que carecem, nomeadamente, porque:

(i) as mesmas têm efeitos demasiado incertos em termos


financeiros face às crescentes e regulares funções por ele
prosseguidas;
(ii) tendem a ser ineficazes em tempos de paz e enfrentam grande
resistência por parte dos cidadãos, e, por fim,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 153

(iii) exigem métodos administrativos de gestão pesados e


altamente dispendiosos.

Os governos actuais recorrem, portanto, a outros métodos para assegurar


a cobertura dos encargos decorrentes da actividade pública, constituindo
essas fontes de financiamento as denominadas receitas públicas, que
podem ser definidas, fundamentalmente, como abrangendo todas as
somas em dinheiro ou recurso equivalente, cujo beneficiário é o Estado
ou uma outra entidade pública administrativa, e que têm como finalidade
principal satisfazer as necessidades financeiras e outros fins públicos
relevantes.

Pelo que, desenvolvendo-se a actividade financeira pública em dois


sentidos distintos, mas complementares – realização de despesas e
obtenção de receitas – ambas estão, portanto, unificadas por um fim
comum: a satisfação das necessidades sociais.

Aplicando tais critérios à realidade concreta, é possível identificar e


caracterizar seis principais modalidades de receita pública:

Receitas fiscais ou impostos: são prestações pecuniárias de


natureza corrente, definitivas, com caracter coercivo e unilateral, porque
sem contrapartida imediata e directa para quem a paga ou suporta, de que
são beneficiários o Estado, uma Autarquia local, outros níveis de governo
ou outro ente público (ex: IRPS, IRPC, IVA, Imposto Automóvel,
Imposto sobre o Consumo específico, Imposto Autárquico, etc.)

Receitas patrimoniais: são receitas efectivas provenientes do


património mobiliário e imobiliário do Estado, podendo assumir caracter
corrente ou extraordinário (ex.: por um lado, juros de depósitos ou
obrigações de que o estado é titular, rendas de edifícios ou de concessões,
dividendos recebidos de empresas públicas; por outro lado, o produto da
alienação de imóveis, da venda de participações sociais em empresas,
etc.);
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 154

Taxas, licenças e “preços”: são prestações pecuniárias, receitas


efectivas de carácter corrente, e de natureza bilateral, porque pressupõem
uma contraprestação específica (benéfica ou não para quem a paga) por
parte do serviço público que a cobra (ex.: prestação concreta de um
serviço público, utilização concreta privativa ou individualizada de bens
do domínio público, ou remoção de um limite jurídico à actividade dos
particulares), como nos casos, respectivamente de emissão de passaportes
ou de diploma escolar comprovativo de um grau académico; autorização
de uso comercial de uma área ou passeio público; permissão para a
prática de caça em zonas não concessionadas”; pagamento de uma
portagem, etc., devendo, em principio, com ela estabelecer alguma
relação de proporcionalidade.

Multas, penalidades e coimas: são pagamentos efectuados pelos


particulares ao Estado e outros entes públicos, que têm a natureza de
penalização e/ou compensação por infracção a um regulamento ou outra
disposição legal (ex.: multa por infracção ao Código da Estrada, atraso no
cumprimento de uma obrigação fiscal, etc.);

Receitas creditícias ou empréstimos: são receitas resultantes da


contração de dívidas por parte do Estado, autarquias locais e outros entes
públicos junto dos particulares e demais entidades financiadoras
(nacionais e estrangeiras), normalmente de subscrição voluntária, e de
natureza não-efectiva, porque implicando o posterior reembolso
(amortização) do capital mutuado (ex. Títulos de tesouro, certificados de
aforro, etc).

Na estrutura das fontes de financiamento públicas, a mais importante na


larga maioria dos países, é constituída pelas recitas fiscais, o que decorre
não só das próprias características dos serviços públicos que com elas se
visam financiar, como também da sua natureza de “instrumento” de
política económica usado pelos governos na prossecução, nomeadamente,
de objectivos redistributivos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 155

Quadro II: Moçambique, estrutura do equilíbrio orçamental

[Valores em MT 103 ]

Lei orçamental 2009 (% Total) 2008 (% Total)

RECEITAS 46,216,344.53 100.0% 38,815,955.96 100.0%

Receitas fiscais 37,197,857.52 80.5% 30,800,552.89 79.4%

Receitas não fiscais 2,613,792.00 5.7% 2,717,561.93 7.0%

Receitas consignadas 4,177,535.29 9.0% 3,598,521.05 9.3%

Receitas de capital 2,227,159.72 4.8% 1,699,320.09 4.4%

DESPESAS 98,142,071.36 100.0% 89,002,643.45 100.0%

FUNCIONAMENTO 50,689,476.32 51.6% 45,101,102.44 50.7%

Corrente 43,550,476.27 44.4% 37,695,165.07 42.4%

Capital 7,139,000.05 7.3% 7,405,937.37 8.3%

INVESTIMENTO 47,452,595.04 48.4% 43,901,541.01 49.3%

Interno 13,446,557.20 13.7% 11,603,226.68 13.0%

Externo 34,006,037.84 34.6% 32,298,314.33 36.3%

DEFICIT 51,925,744.83 100.0% 50,186,687.45 100.0%

CREDITOS INTERNOS 290,000.00 0.6% 350,000.00 0.7%

RECURSOS EXTERNOS 51,635,744.83 99.4% 49,836,687.45 99.3%

Donativos 36,671,579.01 70.6% 33,888,736.92 67.5%

Créditos 14,964,165.82 28.8% 15,947,950.53 31.8%

Fonte: Lei Orçamental

14.3. Balanço Orçamental


6.5 . BALANÇO ORÇAMENTAL

O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas, em


confronto com as realizadas. O Balanço Orçamental está preocupado com
a comparação da receita prevista com a sua realização ou execução e da
despesa prevista ou fixada com a sua realização ou execução.

Graficamente o Balanço Orçamental apresenta-se da seguinte forma:


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 156

Receitas Despesas

Tipo Previsão Execução Diferença Tipo Previsão Execução Diferença

Neste demonstrativo, as receitas são dispostas por categorias


económicas e as despesas por tipo de crédito e por categorias
económicas.

A classificação da receita por categorias económicas é:


- Receitas Correntes e,
- Receitas de Capital.

A Classificação dos créditos orçamentais é:


- Credito orçamental
- Créditos suplementares
- Créditos especiais
- Credito extraordinário

A classificação da despesa por categorias económicas é:


- Despesas correntes
- Despesas de capital

Demonstração do Balanço Orçamental

Receitas Despesas

Tipo Previsã Execução Diferença Tipo Previsão Execuçã Diferença


o o

Receitas Créditos
Correntes Orççament. e
Suplementares
Despesas
Receitas correntes
de
Capital Despesas de
Capital
Créditos
Especiais
Despesas
Correntes
Despesas de
capital
Créditos
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 157

Extraordinário
s
Despesas
Correntes
Despesas de
Capital

Todos os balanços visam demonstrar os resultados gerais do exercício, e


o Balanço Orçamental demonstrará o Resultado Orçamental do Exercício.
Para se calcular o Resultado Orçamental, compara-se o total da receita
executada ou realizada com o total da despesa executada ou realizada.
Desta comparação, poderão resultar três situações distintas, conforme se
demonstra a seguir:

1. Receita Executada > Despesa Executada, dizemos que


RE >DE => Superavit Orçamental

2. Receita Executada < Despesa Executada, dizemos que


RE< DE => Deficit Orçamental

3. Receita Executada = Despesa Executada, dizemos que houve


RE = DE => Resultado Nulo

Se ocorrer um deficit orçamental, a Unidade Gestora está com problema


sério, pois vai ter que cobrir o deficit com recursos do orçamento do ano
seguinte ou fazer operações de credito.

Após o cálculo do Resultado Orçamental, o superavit é alocado do lado


da despesa e o deficit do lado da receita, com o objectivo de se fazer o
fecho do Balanço Orçamental.

O Balanço Orçamental é apresentado da seguinte forma:

Receitas Despesas

Tipo Previsão Execução Diferença Tipo Previsã Execuçã Diferença


o o

Receitas Créditos
Correntes Orççament. e
Suplementares
Despesas
Receitas de
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 158

Capital correntes
Despesas de
Capital
Créditos
Especiais
Despesas
Correntes
Despesas de
capital
Créditos
Extraordinário
s
Despesas
Correntes
Despesas de
Capital

SUBTOTAL SUBTOTAL

DEFICIT DEFICIT

TOTAL TOTAL

O deficit orçamental é colocado do lado das receitas e o superavit é


colocado do lado das despesas, para fechar as três colunas do Balanço
Orçamental, ou seja, a previsão da receita = fixação despesa, a execução
da receita = execução da despesa e a diferença da receita = a diferença da
despesa.

Após as essas demonstrações, já podemos definir o Balanço


Orçamentário como sendo:

O Balanço que demonstrará as receitas e as despesas orçamentárias,


comparando-as com as suas realizações, bem como indicará o
Resultado Orçamental do Exercício, ou seja, por esse balanço podemos
a qualquer momento verificar o comportamento do orçamento (receitas
previstas comparadas com as executadas e despesas fixadas com as
suas execuções).

Critérios de elaboração

Iremos adoptar um procedimento didáctico para estudarmos o


Balanço Orçamental, apresentado as técnicas de elaboração pelas
colunas que compõem o referido Balanço, conforme se apresenta:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 159

 Receita Prevista  Despesa Prevista


 Receita Realizada  Despesa Realizada
 Diferença  Diferença
 Resultado Orçamental  Resultado Orçamental
(Deficit) (Superavit)

Receita prevista

A receita prevista é aquela que foi estimada ou orçada para o


exercício. São receitas que se espera arrecadar, por fonte de recursos
no exercício. Esta estimativa é feita por tipo de receita e por fonte
(origem) de recursos.

Execução da receita

A execução ou realização da receita refere-se aos valores arrecadados


no exercício, portanto, pertencem ao exercício financeiro as receitas
nele arrecadadas, ou seja, serão demonstradas nesta coluna todas as
receitas arrecadadas no exercício.

Diferença

Na definição de Balanço Orçamentário, foi dito que este balanço


demonstrará as receitas e as despesas previstas, em confronto com as
realizadas. A coluna da diferença representa, o resultado do confronto
das receitas previstas com as realizadas. Para obter esta coluna basta
fazer-se a operação de subtração, entre as colunas de “Receita
Prevista” e “Receita Executada”.

A titulo de exemplo temos o seguinte o Balanço Orçamental das


Receitas num determinado exercício:

RECEITAS PREVISTA EXECUTADA DIFERENÇA

RECEITAS CORRENTES 33.000 37.400 (4.400,00)

Receita Fiscal 5.000 9.900 (4.900,00)

Receita de 3.000 2.000 1000


Contribuições

Receita Patrimonial 5.000 6.000 (1.000)


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 160

Receita Agropecuária 6.000 5.000 1.000

Receita Industrial 6.000 6.500 (500)

Receita de Serviços 3.000 3.000 0

Transferências 1.000 1.000 0


correntes

Outras receitas 4.000 4.000 0


correntes

RECEITA DE CAPITAL 16.000 11.300 4.700

Operações de Crédito 4.000 4.000 0

Alienação de Bens 2.000 2.000 0

Amortização de 5.000 1.300 3.700


Empréstimos

Transferência de 2.000 2.000 0


Capital

Outras Receitas de 3.000 2.000 1.000


Capital

SUBTOTAL 49.000 48.700 300

Do resultado da comparação da receita prevista com a realizada decorrem


as seguintes situações:

1. Receita Prevista > Receita Executada, demonstra que houve


RP >RE => Insuficiência ou Deficit na Arrecadação

2. Receita Prevista <Receita Executada, demonstra que houve


RP< RE => Excesso ou Superavit na arrecadação

3. Receita Prevista = Receita Executada, demonstra que houve


RE = RE =>Equilíbrio na arrecadação.

Despesa fixada

A despesa fixada é a dotação orçamental autorizada para cada


Unidade Orçamental, ou seja, é a autorização dada pelo Poder
Legislativo(Parlamento), para que as Unidades Orçamentais realizem
as despesas necessárias ao funcionamento dos serviços públicos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 161

Despesa executada

A despesa executada, no decorrer do exercício financeiro, refere-se


aos valores que já passaram pelos estágios da liquidação e do
pagamento da despesa (despesa paga) ou que, somente cumpriram o
segundo estágio da despesa (liquidação – despesa não paga ou a
pagar). Quando analisamos a despesa, no final do exercício, após a
inscrição dos Restos a Pagar, verificamos que a despesa executada
inclui toda despesa realizada, ou seja, realizada paga e a realizada não
paga.

Diferença

A coluna da diferença mostra o resultado das comparações da


“Despesa Fixada” com a “Despesa Executada”. Para se calcularem os
valores da coluna da diferença, basta fazerem-se as operações
algébricas de subtracção com as colunas de fixação e execução

A titulo de elucidativo, apresentamos um Balanço Orçamental das


Despesas num determinado exercício:

TIPO FIXADA EXECUTADA DIFERENÇA

CREDITOS ORÇAM. E SUPLEM 33.000 29.600 3.400

Despesas correntes 23.500 20.600 2.900

Pessoal e encargos sociais 13.000 12.200 800

Juros e encargos da divida 3.000 2.500 500

Outras despesas correntes 7.500 5.900 1.600

Despesas de Capital 9.500 9.000 500

Investimentos 4.000 3.600 400

Inversões financeiras 1.500 1.400 100

Amortizações da divida 4.000 4.000 0

CREDITOS ESPECIAIS 4.000 4.000 0

Despesas de Capital 4.000 4.000 0


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 162

Amortização da divida 4.000 4.000 0

CREDITOS EXTRAORDINÁRIOS 12.000 11.300 700

Despesas Correntes 12.000 11.300 700

Outras despesas Correntes 12.000 11.300 700

SUBTOTAL 49.000 44.900 4.100

A comparação entre a Fixação da Despesa e a Execução da Despesa


vai resultar nas seguintes situações:

1. Despesa Fixada (DF) > Despesa Executada (DE), demonstra


que houve
DF >RE => Economia na realização da Despesa

2. Despesa Fixada (DF) <Despesa Executada (DE), demonstra


que houve
DF< DE => Excesso na realização da despesa.

Esta situação não pode ocorrer, tendo em vista que as despesas não
podem ser executadas, sem a respectiva autorização orçamental.

3. Despesa Fixada = Despesa Executada, demonstra que houve


DF = DE =>Equilíbrio na realização da despesa.

Resultado Orçamental

Para fazer o encerramento do Balanço Orçamental, é necessário que


se calcule o Resultado Orçamental do período, com o objectivo de se
igualarem as colunas de Previsão da Receita com a Fixação da
Despesa, Execução da Receita com a Execução da Despesa e de
Diferença da Receita com a Diferença da Despesa. O Resultado
Orçamentário é calculado pela diferença entre a Receita Executada e
a Despesa Executada, ou seja:

RES. ORÇAMENTAL(RO) = REC.EXECUTADA(RE) –


DESP.EXECUTADA(DE)
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 163

O resultado da comparação entre receitas e despesas executadas


poderá gerar três situações distintas, a saber:

1. Receita executada (RE) > Despesa Executada (DE), demonstra


que houve
RE >RE => Superavit orçamental

2. Receita executada (RE) <Despesa Executada (DE), demonstra


que houve
RE< DE => Deficit orçamenl.

3. Receita executada = Despesa Executada, demonstra que houve


RE = DE =>Resultado Nulo

Estas situações podem ser assim definidas:

a) Superavit orçamental – é representado pela diferença a maior ,


entre a receita realizada e a despesa realizada. Esta diferença
(superavit) será demonstrada na coluna da Execução da Despesa
do Balanço Orçamental, com a finalidade de igualar a coluna da
execução, no referido balanço.
b) Deficit Orçamental – é representado pela diferença, a menor,
entre a receita realizada e a despesa realizada. Esta diferença
(Deficit) será demonstrada na coluna da Execução da Receita do
Balanço Orçamental, com a finalidade de igualar a coluna da
execução no referido balanço.

c) Resultado Orçamental por categorias económicas

O Resultado Orçamental pode, também, ser calculado por categorias


económicas da Receita e da Despesa, ou seja:

- Resultado Orçamental Corrente (ROCo)

- Resultado Orçamental de Capital (ROCa)

c.1) Resultado Orçametl Corrente (ROÇo) – é representado pela


diferença entre Receitas Executadas Correntes (RECo) e as Despesas
Executadas Correntes (DECo), ou seja:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 164

ROCo = RECo – DECo

c.2) Resultado Orçamental de Capital (ROCa) – é representado pela


diferença entre as Receitas Executadas de Capital (RECa) e as
Despesas Executadas de Capital (DECa), ou seja:

ROCa = RECa – DECa

A titulo de exemplo vamos calcular o Resultado Geral, o Resultado


Orçamental Corrente e o Resultado Orçamental de Capital, com base
nos seguintes dados:

Receitas Correntes 37.400 Despesas Correntes 31.900

Receitas de Capital 11.300 Despesas de Capital 13.000

Total 48.700 Total 44.900

Cálculo do Resultado Orçamentário


ROG = Receitas Orçamentais – Despesas Orçamentais = 48.700 –
44.900 = 3.800 , portanto resultou num superavit orçamental, que
deverá ser transferido para a coluna da Execução da Despesa.

Cálculo do Resultado Orçamental Corrente


ROCo = RECo-DECo = 37.400-31.900 = 5.500, resulta num
superavit orçamental que deverá se transferido para a coluna da
Execução da despesa.

Cálculo do Resultado Orçamental de Capital


ROCa = RECa – DECa = 11.300 – 13.000 = (1.700), resulta num
Deficit Orçamental, que deverá ser transferido para a coluna da
Execução da Receita.

Após a transferência do Resultado Orçamentário Corrente e de


Capital, para as colunas apropriadas, apresentamos a seguir o
Balanço Orçamental fechado, tanto do lado da Receita , como do lado
da Despesa.

BALANÇO ORÇAMENTAL

RECEITAS DESPESAS

TIPO Prevista Executada Diferença TIPO Fixada Executada Diferença.


.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 165

RECEITAS CORRENTES 33.000 37.400 (4.400) CRÉD.ORÇAM. E 33.000 29.600 3.400


SUPLEM.

Receita Fiscal 5.000 9.900 (4.900) DESPESAS 23.500 20.600 2.900


CORRENTES

Receitas de 3.000 2.000 1.000 Pessoal e 13.000 12.200 800


Contribuições Encargos Sociais

Receita Patrimonial 5.000 6.000 (1.000) Juros e Encargos 3.000 2.500 500
da divida

Receita 6.000 5.000 1.000 Outras Despesas 7.500 5.900 1.600


Agropecuária Correntes

Receita Industrial 6.000 6.500 (500) DESPESAS DE 9.500 9.000 500


CAPITAL

Receita de Serviços 3.000 3.000 0 Investimentos 4.000 3.600 400

Transferências 3.000 3.000 0 Inversões 1.500 1.400 100


Correntes Financeiras

Outras Receitas 2.000 2.000 0 Amortizações da 4.000 4.000 0


Correntes Divida

RECEITA DE CAPITAL 16.000 11.300 4.700 CREDITOS 4.000 4.000 0


ESPECIAIS

Operações de 4.000 4.000 0 DESPESAS DE 4.000 4.000 0


Crédito CAPITAL

Alienações de bens 2.000 2.000 0 Amortizações da 4.000 4.000 0


Divida

Amortização de 5.000 1.300 3.700 CREDITOS 12.000 11.300 700


empréstimos EXTRAOR.

Transferências de 2.000 2.000 0 DESPESAS 12.000 11.300 700


Capital CORRENTES

Outras Receitas de 3.000 2.000 1.000 Outras Despesas 12.000 11.300 700
Capital Correntes

SUBTOTAL 49.000 48.700 300 SUBTOTAL 49.000 44.900 4.100

DEFICIT/ CAPITAL 0 1.700 (1.700) SUPERAVIT/ 0 5.500 (5.500)


CORRENTE

TOTAL 49.000 50.400 (1.400) TOTAL 49.000 50.400 (1.400)

Análise do Balanço Orçamental

O grande objectivo do Balanço Orçamental é mostrar o comportamento


do orçamento, ou seja, como se comportou a receita , como se
comportou a despesa e qual foi o resultado orçamental alcançado do
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 166

período. Alias a Lei Orçamental Anual aprovou um orçamento


equilibrado (receitas = despesas), que durante o exercício vai depender
de uma programação financeira bem ajustada para se alcançar esse
equilíbrio financeiro no final do período.

Quando analisamos o resultado orçamental podemo-nos deparar com


três situações distintas, a saber:

Superavit Orçamental

O Superavit Orçamental é decorrente de arrecadações de receitas


superiores às realizações de despesas. São indicadores de superavit
orçamental:

a) Excesso de arrecadação (Receita prevista < arrecadada)

Se ocorrer excesso de arrecadação não poderá ocorrer outra situação,


senão a de superavit orçamental, já que não se pode gastar mais do que
foi autorizado.

b) Equilíbrio na arrecadação (receitas previstas=arrecadadas)

Se as receitas estão equilibradas , a tendência é de se alcançar um


resultado orçamental equilibrado, o que indicaria um planeamento
perfeito.

c) Deficit na arrecadação (receita prevista > arrecadadas)

Esta situação demonstra uma indicação de falta de planeamento que


poderá ser ajustada no decorrer do exercício com uma programação
financeira rígida que compense a insuficiência da arrecadação com
uma economia na realização da despesa. Portanto, ocorrendo esta
situação, torna-se necessário que se adopte uma politica de limitar o
gasto (limitação de empenho) com o objectivo de se obter uma
economia na realização da despesa superior ao deficit da arrecadação
da receita.

Equilíbrio Orçamental
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 167

O equilíbrio orçamental é o alvo que se pretende alcançar, é a


situação ideal, pois só foram retirados da população recursos
necessários para a manutenção da máquina administrativa do governo
e para o cumprimento dos programas de trabalho. São indicadores de
equilíbrio no orçamento as seguintes situações:

a) Equilíbrio total (equilíbrio na receita e na despesa)

Esta situação ideal, que indica um excelente planeamento e uma


programação ajustada e equilibrada no decorrer do exercício;

b) Equilíbrio parcial (deficit na arrecadação = economia na


realização)

Esta situação indica que ocorreram erros no planeamento que foram


corrigidos por uma programação financeira regida.

Deficit Orçamental

O deficit orçamental é decorrente do deficit na arrecadação (receitas


previstas>arrecadadas), provocado por erros no planeamento que não
foram corrigidos com medidas de limitação de empenho para reduzir
as despesas. A programação financeira desenvolve um papel
importantíssimo no processo de execução do orçamento, pois é por
meio dela que são corrigidos os erros cometidos na elaboração do
orçamento.

Trabalho para Casa

1. Responda as seguintes questões:


a) A diferença, a maior, entre a Receita Prevista e a Executada,
representa?
b) A diferença, a menor, entre a Receita Executada e a Prevista
representa?
c) A diferença, a maior, entre a Receita e a Despesa Executada,
representa?
d) A diferença, a maior, entre Despesa Executada e a Fixada,
representa?
e) A diferença, a maior, entre a Despesa Executada e a Receita
executada, representa?
f) A diferença, a menor, entre a Despesa Fixada e a Executada,
representa?
g) A diferença positiva entre a Receita e a Despesa Executada,
representa?
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 168

4. O resultado Orçamental positivo é demonstrado no Balanço


Orçamental na coluna da:
a) ( ) Receita Prevista;
b) ( ) Receita Executada;
c) ( ) Despesa Executada;
d) ( ) Despesa Fixada;
e) ( ) Diferença da Receita.

5. O Resultado Orçamental Corrente é obtido pela diferença entre:


a) ( ) Receitas Correntes previstas e Executadas;
b) ( ) Receitas e Despesas Correntes Executadas;
c) ( ) Receitas previstas correntes e a Despesa Fixada Corrente;
d) ( ) Receita Executada Corrente e a Despesa Fixada Corrente
e) ( ) Este resultado se calcula no Balanço Financeiro.

6. As contas que servem de suporte para elaboração do Balanço


Orçamental pertencem ao(s) sistema(s):
a) ( ) Financeiro;
b) ( ) Orçamental;
c) ( ) Patrimonial e Orçamental;
d) ( ) Financeiro e Orçamental ;
e) ( ) a Ordem

7. Considere o Balancete abaixo e responda às questões de “6” e “9”.


Receitas Correntes Previstas 500
Despesas Correntes Fixadas 600
Receitas Correntes Executadas 900
Despesas Correntes Executadas 500
Receitas de Capital Previstas 2.000
Despesas de Capital Fixadas 1.900
Receitas de Capital Executadas 1.800
Despesas de Capital Executadas 1.900

8. O Resultado Orçamental Corrente (ROCo)


a) ( ) Superavit de 100;
b) ( ) Deficit de 100;
c) ( ) Superavit de 400;
d) ( ) Deficit de 500;
e) ( ) Deficit de 400

9. O Resultado Orçamental de Capital (ROCa) é:


a) ( ) Deficit de 100;
b) ( ) Superavit de 400;
c) ( ) Deficit de 200;
d) ( ) Superavit de 200;
e) ( ) Superavit de 300
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 169

10. O Resultado Orçamental Geral (ROG) é:


a) ( ) Superavit de 200;
b) ( ) Deficit de 200;
c) ( ) Superavit de 300;
d) ( ) Deficit de 300;
e) ( ) Superavit de 500.

11. O Balanço está demonstrando uma economia que houve excesso de


arrecadação nas:
a) ( ) Receitas Correntes Executadas maiores do que as Despesas
Correntes Executadas;
b) ( ) Despesas Correntes Fixadas menores do que as executadas;
c) ( ) Despesas Correntes Fixadas maiores do que as Executadas;
d) ( ) Despesas Correntes Executadas maiores do que as Receitas
Fixadas;
e) ( )Despesas Correntes Fixadas menores do que as Receitas Correntes
Previstas.
12. O Balanço está demonstrando insuficiência na arrecadação nas:
a) ( )Receitas Correntes;
b) ( )Receitas de Capital;
c) ( )Despesas de Capital;
d) ( )Despesas Correntes;
e) ( )Receitas e Despesas Correntes.

A Estrutura sintética de um Balanço Orçamental divulgada pela Direcção


Nacional do Tesoura era a seguinte:

ÓRGÃO X - BALANÇO ORÇAMENTAL

Receitas Valor Despesas Valor

Receitas Correntes 120 Despesas Correntes 100

Receitas tributarias 85 Pessoal e Encargos Sociais 25

Outras receitas corrente 35 Juros e encargos da Divida 50

Outras despesas correntes 25

Despesas de Capital 120

Receitas de capital 100 Investimentos 10

Operações de Credito 80 Inversões financeiras 10

Outras Receitas de capital 20 Amortização da divida 90

Outras despesas de capital 10

Total 220 Total 220

1. Analisando o quadro acima, justifique os itens a seguir:


a) ( ) O Órgão X apresentou superavit corrente, déficit de capital e
resultado global nulo;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 170

b) ( ) O montante das receitas correntes não seria suficiente para fazer


face ao serviço da divida;
c) ( ) As operações excederam o limite das despesas de capital, cuja a
cobertura a Constituição autoriza mediante endividamento;
d) ( ) O Órgão X está reduzindo o endividamento.

2. Ainda sobre o Balanço Orçamental indique a alternativa que evidência


superavit orçamental:
a) ( ) déficit na arrecadação e equilíbrio na realização de despesas;
b) ( ) economia na realização da despesa inferior ao déficit na
arrecadação;
c) ( ) superavit na arrecadação
d) ( ) equilíbrio na arrecadação e equilíbrio na realização de despesas;
e) ( ) déficit na arrecadação superior à economia na realização da despesa.

3. O Balanço está demonstrando uma economia que houve excesso de


arrecadação nas:
a) ( ) Receitas executadas maiores do que as Despesas Executadas;
b) ( ) Despesas de capital Fixadas menores do que as executadas;
c) ( ) Despesas Correntes Fixadas maiores do que as Executadas;
e) ( ) Despesas de capital executadas maiores do que as Receitas
Fixadas;

O Resultado Orçamental Corrente (ROCo)


a) ( ) Superavit de 20;
b) ( ) Déficit de 20;
c) ( ) Superavit de 30;
d) ( ) Déficit de 30;
e) ( ) Déficit de 50

O Resultado Orçamental de Capital (ROCa) é:


a) ( ) Déficit de 20;
b) ( ) Superavit de 20;
c) ( ) Déficit de 30;
d) ( ) Superavit de 30;
e) ( ) Superavit de 50

Sumário
A despesa executada, no decorrer do exercício financeiro, refere-se aos
valores que já passaram pelos estágios da liquidação e do pagamento da
despesa (despesa paga) ou que, somente cumpriram o segundo estágio da
despesa (liquidação – despesa não paga ou a pagar). Quando analisamos a
despesa, no final do exercício, após a inscrição dos Restos a Pagar,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 171

verificamos que a despesa executada inclui toda despesa realizada, ou


seja, realizada paga e a realizada não paga.

O equilíbrio orçamental é o alvo que se pretende alcançar, é a situação


ideal, pois só foram retirados da população recursos necessários para a
manutenção da máquina administrativa do governo e para o cumprimento
dos programas de trabalho.

O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas, em


confronto com as realizadas. O Balanço Orçamental está preocupado com
a comparação da receita prevista com a sua realização ou execução e da
despesa prevista ou fixada com a sua realização ou execução.

Exercícios
1. Vimos que a fiscalização à priori, antes da realização das
despesas, é exercida pelos controladores financeiros (fiscais),
indique os outros tipos de fiscalização são efectuados à posteriori
2. Quais são os indicadores de equilibrio no Orçamento?

3. Indique as fontes de financiamento do Orçamento.

4. Mostre os procedimentos de execucao e controlo do Orçamento.

5. Identifique e caracterize as principais modalidades de receitas


publicas.

6. Apresente os elementos do Balanço Orçamenta

7. Faz o TPC indicado neste capitulo

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 3, 5 e 7.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 172

Unidade XV
Orçamento Autartico

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam o que é orçamento
das autarquias e qual a origem e como funciona.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar a origem das receitas e a quem serve as receitas


autarquicas;
Objectivos
 Enumerar os tipos das receitas autarquicas e classifique as;

 Caracterizar as receitas tributárias.

15.1. Orçamento das Autarquias

Orçamento é um instrumento de planificação através do qual o governo


(Central ou Mnicipal) mobiliza e afecta os recursos financeiros para
realizar o programa de desenvolvimento. Ou seja, um documento no qual
estão previstas as receitas a arrecadar e as despesas a realizar ao longo do
ano.

Através do orçamento, autoriza-se aos órgãos da autarquia a efectuar


certas despesas, a arrecadar determinadas receitas limitando-se os poderes
financeiros do Conselho Municipal e dos órgãos administrativos da
autarquia na execução anual de despesas e receitas. O limite da realização
de despesas é feito através de atribuição de verbas de despesas a cada
órgão administrativo da autarquia
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 173

As receitas têm que cobrir necessariamente as despesas. As despesas são


fixadas e as receitas são estimadas. As receitas são estimadas porque
dependem de vários factores: o nível da actividade econômica, a
eficiência de cobrança das receitas e o grau de fuga e evasão fiscal.

Portanto orçamento, para as autarquias, constitui o plano financeiro de


todas actividades da autarquia.

Dimensões do orçamento autárquico.

O orçamento autárquico compreende as seguintes dimensões:

Econômica - o orçamento constitui uma previsão de gestão orçamental e


uma exposição de plano financeiro da autarquia

Política – uma vez aprovado pela Assembléia, o orçamento é uma


autorização política do plano financeiro. Autoriza ao Conselho Municipal
a realizar certas despesas e a cobrar determinads despesas.

Jurídica – O orçamento limita os poderes financeiros dos órgãos


administrativos da autarquia. Não podem gastar mais do que aquilo que
vem especificado no orçamento nem cobrar receitas que não estão
inscritas neste documento.

O Modelo orçamental

A lei nº 11/97, artigo 8, ponto 2b obriga a aplicação de um modelo do


orçamento autárquico idêntico para todas as autarquias. O modelo
assegura de forma a facilitar a sua analise e agregação.

O Modelo orçamental autárquico apresenta três partes:


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 174

Orçamento da receita corresponde a previsão de receitas da autarquia no


ano econômico, com forme o classificador econômico.

Orçamento de despesa que indica os limites para a totalidade das


despesas a realizar pela autarquia.

Orçamental global em que se apresenta a relação entre o saldo do


orçamento anterior a transitar, o orçamento da receita e o orçamento da
despesa e o saldo para o ano orçamental:

Processo orçamental.

O processo orçamental compreende o conjunto de etapas que visam a


elaboração, aprovação e execução do orçamento autárquico.

Etapas do processo orçamental.

Elaboração. A proposta de orçamento é elaborado com base no plano


anual de actividades da autarquia igualmente aprovado pela Assembléia
Municipal.

Aprovação. È feita pela Assembléia Municipal

Ractificação. É ractificado pelo Ministério de Plano e Finanças, órgão de


tutela das Autarquias.

O orçamento é analisado pelo Ministério de Finanças de modo a verificar


a sua conformidade com a lei.

Apenas os orçamentos e as respectivas revisões devidamente aprovadas


pela Assembléia Municipal podem ser ratificadas pelo Ministério de
Finanças (lei nº 11/97, art.7). os orçamentos apresentados sem uma
certidão de aprovação pela Assembléia Municipal ou copia autenticada
do acto de aprovação são devolvidos pelo Ministério de Finanças.

Requisitos essenciais para a ractificação do orçamento


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 175

Orçamento apresentado conforme o modelo orçamental


Uma certidãoda aprovação pela respetiva Assembléia ou uma
copia autenticada do acto de aprovação

Execução. O Conselho Municipal executa o orçamento aprovado pela


Assembléia e ractificado pelo Ministério de Finanças,

Encerramento das Contas. O Conselho Municipal fecha o exercício


econômico

Apreciação. O conselho Municipal remete para apreciação da


Assembléia Municipal as contas do Ano.

Submissão. Apreciadas as contas pela Assembléia Municipal,


independentemente de serem aprovadas, são submetidas ao julgamento
do Tribunal Administrativo, são enviadas com conhecimento do
Ministério de Plano de Finanças. Cabe ao Ministério de Finanças elaborar
um parecer ao tribunal administrativo.

15.2. Princípios e Regras Gerais para a Elaboração de Orçamento


Os princípios e Regrais Gerais têm como o objectivo tornar o orçamento
mais claro, simples e verdadeiro. São no fundo regras de bom senso, boa
administração, rigor técnico e eficácia.

Conforme a lei das finanças Autárquicas ( lei 11/97, artigo 5) e o quadro


legal das autarquias locais ( lei 2/97, artigo 20) as regras gerais do
orçamento autárquico são as seguintes:

Anualidade - O orçamento tem uma vigência anual que pode não


coincidir com o ano civil. Em Moçambique a semelhança do que
acontece na maioria dos países o período orçamentado compreende entre
1 de Janeiro a 31 de Dezembro. Porem isto não impede que se inscrevam
em cada orçamento as despesas anuais dos projectos e programas
plurianuais.

A regra de anualidade implica a votação anual do orçamento, pela


Assembléia Municipal, uma execução anual das despesas e receitas
públicas e uma fiscalização anual das mesmas pela Assembléia Municipal
e pelo administrativo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 176

De ponto de vista político, a anualidade assegura uma certa regularidade


no controlo da gestão dos dinheiros públicos. De ponto de vista
econômico, o ano apresenta-se como o bom período par a realização de
cálculos econômicos; quanto mais longo for o período abrangido pelo o
orçamento maior é a incerteza no calculo das despesas e das receitas.

Unidade – significa que o orçamento deverá constituir um único


documento.

Universalidade - implica que todas as receitas e todas as despesas


devem estar inscritas no orçamento.

Os princípios de Unidade e universalidade resumem-se em: um só


orçamento e tudo no orçamento. Estas duas regras visam evitar que se
escape á autorização política na fase de previsão, ao controlo político e
administrativo na fase de execução e á responsabilidade jurisdicional e/
ou parlamentar na fase de prestação de contas uma quantidade
significativa de fundos públicos - fenômeno conhecido por
desorçamentação das despesas e receitas.

As duas regras conferem uma maior abrangência, racionalidade e


transparência ao orçamento.

A Lei das autarquias (artigo 35) preconiza uma excepção á regra da


universalidade: não constarão do orçamento as receitas e despesas dos
serviços autônomos e empresas públicas autárquicas. Ou seja, estas
instituições dispõem de orçamento próprio e sendo geridos em termos
empresariais, por conta e risco das autarquias.

Especificação – Obriga ao Conselho Municipal suficientemente cada


receita e cada despesa segundo a classificação que fixam a discriminação
das mesmas

O Decreto nº 25/97, de 29 de Julho estabelece que as despesas do


Orçamento do Estado (O.E) devem ser especificadas de acordo com a sua
natureza econômica, funcional, orgânica, territorial. A especificação das
receitas é feita de acordo com o classificador econômico de receitas e o
classificador territorial

No caso dos orçamentos das autarquias exige-se apenas a descriminação


das despesas e receitas de acordo com a sua natureza econômica. As
autarquias poderão aplicar os classificadores funcional, orgânico e
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 177

territorial apenas para facilitar a gestão interna dos respectivos


orçamentos.

A obrigatoriedade de especificação das despesas, não impede que se


inscreva no orçamento da autarquia uma verba de imprevistos. Esta verba
designa-se por dotação previsional.

Equilíbrio – Consiste na previsão de recursos necessários para cobrir


todas as despesas. Ou seja, todas as despesas a realizar no ano têm que
estar cobertas pelas receitas.

Porém, durante a execução do orçamento, devido a falta de tesouraria, as


autarquias podem contrair empréstimos de curto prazo, as instituições de
créditos nacionais para acorrer as dificuldades ocasionais, ou seja, a falta
temporária de receitas suficientes para liquidar as despesas.

Segundo a lei das finanças autárquicas (artigo 15):

- O montante de empréstimo de curto prazo não pode ultrapassar dois


duodécimos do Fundo de Compensação Autárquico (FCA), aprovado
pela Assembléia da República.

- Os empréstimos de curto prazo devem ser amortizados até ao fim do


exercício respectivo.

O orçamento de curto prazo não deve financiar o défice orçamental (saldo


negativo) no orçamento autárquico mas para cobertura temporária das
necessidades de tesouraria.

Não Consignação – esta regra proíbe afectar o produto de quaisquer


receitas para a cobertura de despesas pré-determinadas. Ou seja, não se
pode afectar certas receitas para determinadas despesas, visto que todas
receitas devem cobrir todas as despesas.

Não Compensação – diz que todas as receitas e despesas são inscritas no


orçamento pela importância ou valor integral em foram que avaliadas,
i.e, no caso das receitas não se deduzem os encargos financeiros e no caso
das despesas não deduzem as receitas por elas geradas.

Publicidade – a Lei das finanças autárquicas (artigo 7) prevê a


publicação do orçamento no Boletim da Republica

pode oferecer à ciência. Ao utilizar métodos e conceitos de outras


Ciências Sociais a História pode alargar significativamente o seu campo
de acção, ao mesmo tempo que, mercê de recursos provenientes da
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 178

Economia, Sociologia, Geografia, Antropologia, Linguistica, Psicanálise


ou Informática entre outras, pode ampliar o seu corpo de conceitos de
forma a elaborar novos modelos de interpretação.

Sumário
Os princípios e Regrais Gerais têm como o objectivo tornar o orçamento
mais claro, simples e verdadeiro. São no fundo regras de bom senso, boa
administração, rigor técnico e eficácia.

Orçamento é um instrumento de planificação através do qual o governo


(Central ou Mnicipal) mobiliza e afecta os recursos financeiros para
realizar o programa de desenvolvimento. Ou seja, um documento no qual
estão previstas as receitas a arrecadar e as despesas a realizar ao longo do
ano.

Exercícios
1- Define o Orçamento Autarquico
2- Identifica a origem das receitas e diz a finalidade da mesma nas
Autarquias;
3- Enumere os tipos das receitas autarquicas e classifique as;
4- Caracterize as receitas tributárias;

5- Caracterize as dimensões do orçamento autárquico.


6- O processo orçamental compreende o conjunto de etapas
enumere.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1,3,4 e 7.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 179

Unidade XVI
Lugares e Papel das Finanças
Públicas na Integração Regional

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes conhecam o que é
Integração Regional e que ao mesmo tempo saibam as principais
vantagens e desvantagens da integração económica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicr o papel das Finanças Públicas na Integração económica

Objectivos  Identificar as principais vantagens e desvantagens da Integração;

 Caracterizar Integração Económicaa;

 Identificar o tipo Integração Económicaa


16.1. A Integração Económica Regional

Lugar e papel das Finanças Públicas na Integração Regional

16.1. Integração Económica Regional: conceitos, vantagens,


desvantagens e consequências.

16.2. Pressupostos para uma integração (regionalização) de finanças


públicas

16.3. Estudo do Caso: Economia Euro.

16.4. Futuro incerto da SADC ou o adiamento sine die do seu sonho

16.5. Estratégias de Moçambique para a integração regional

16.6. Integração Económica Regional: conceitos, vantagens,


desvantagens e consequências
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 180

16.7. Pressupostos para uma integração (regionalização) de finanças


públicas

Conceito:

A integração económica regional é definida como a “conexão de várias


partes de um todo; outros a consideram como sendo varias formas de
cooperação internacional, argumentando que a simples existência de
relações comerciais entre economias nacionais independentes, já é um
sinal de integração” (Balassa, 1973).

A integração económica consiste na reunião de elementos para formar um


todo ou anunciar a coesão de um todo já existente, a integração
económica regional, visa a criação de uma nova unidade como a
integração a interna ou nacional para o desenvolvimento da coesão de um
conjunto já constituído e para fazer da unidade económica nacional um
todo harmonioso.

Na liguagem corrente a palavra integração corresponde “ a junção das


diversas partes no todo”.Do ponto de vista econòmico, a expressão
integração econòmica é utilizada em múltiplas acepcões, cujo contéudo
importa precisar, dado que cada autor acentua um ou outro elemento que
lhe parece mais relevante. É pois, no minimo curioso, passarmos em
revista alguns conceitos, a saber:

 Para Bela Balassa separa-se a integração econòmica como processo


e como situação. Como processo, a integração será o conjunto de
medidas tendentes a abolir a discriminação. Como situação, a
integração corresponde á ausência de formas diversificadas de
discriminação entre economias nacionais.

Depois da queda do muro de Berlim a palavra de ordem em África é


integração. A União Africa reconheceu oito Comunidades Económicas
Regionais (REGs), cumprindo com o artigo 19 do Acto Constitutivo da
União Africana (UA). Os chefes de Estado e de Governo na União
Africana, na sua 7ª sessão ordinária de 1 e 2 de Julho de 2006,
reconheceram as seguintes comunidades: Comunidade Económica da
África do Oeste (CEDEAO); Mercado Comum da África Oriental e
Austral(COMESA); Comunidade de Desenvolvimento da Africa
Austral(SADC); Comunidade Económica dos Estados da Africa
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 181

Central(CEEAC); Autoridade Intergovernamental para o


Desenvolvimento(IAGAD); União do Magrebe Árabe(UMA);
Comunidade dos Estados Sahelo-Saharianos (CEN-SAD); e Comunidade
da Africa Oriental (CAE).

A decisão da UA é contraproducente porque a maioria dos Estados


africanos continua a pertentecer a mais de uma organização económica
regional. Mas o facto é que nenhuma das organizações africanas tem
alguma efectividade ou eficácia ao nível das trocas comerciais, chegando
mesmo a ter uma balança comercial nula com relação aos países
pertencente à mesma REG.

Segundo Senhoras e Vitte (2001), a integração regional prevê a supressão


de algumas discriminações existentes dentro das politicas comerciais dos
Estados que aderem aos acordos de integração económica. Entre as quais
podem ser destacadas as tipologias no quadro de Senhoras e Vitte (2001).

16.2. Tipologia de Integração Regional


1) Zona do Comércio - Livre, que resulta na ausência de barreiras
tarifárias e não tarifárias entre os países. Neste tipo de acordo, os
países participantes podem concordar em abolir totalmente todas as
barreiras internas ao comercio entre eles. A existência de uma livre
circulação de mercadorias entre países apenas dos produtos
originários dos países pertencentes a essa organização, mas com
algumas características, livre circulação apenas dos produtos
originários dos países pertencentes à zona de comercio livre pelo que
era necessário apresentar o certificado de origem do produto e ainda
uma livre circulação de apenas de um tipo de produto e não de todos
os produtos, se caracteriza pela existência de uma pauta aduaneira
comum. Os produtos originários é que podem circular livremente e
não os outros produtos de países terceiros, estes estão sujeitos a
encargos aduaneiros, à livre vontade dos Estados, nas relações com
os Estados;

2) União aduaneira ou alfandegaria, é uma fase posterior à área de


livre - comercio, pois estabelece tarifas externas comuns para
produtos importados de países terceiros. É uma formula mais
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 182

ambiciosa que a do comercio livre: comporta a livre circulação das


mercadorias em geral – originárias dos Estados –membros ou
legalmente importadas de terceiros países e colocadas em livre
prática em qualquer deles; e, eliminando os complexos problemas da
definição das regras de origem, implica a protecção do espaço
aduaneiro da União em relação a países terceiros, mediante uma
pauta aduaneira comum - o que significa que os produtos
importados do exterior estão sujeitos a uma imposição do mesmo
nível, seja qual for a fronteira da União Aduaneira pela qual penetrem
no respectivo território;

3) Mercado comum, segue-se a união aduaneira, uma vez que


estabelece a livre circulação de trabalhadores, serviços e capitais e
implica uma maior coordenação das politicas macroeconómicas, para
além da harmonização das legislações nacionais (trabalhista,
previdenciária, tributária, etc). Comporta a noção de união aduaneira
mas pressupõe uma livre circulação que se estende a todos os
factores de produção, mas além desta livre circulação, a ideia de
mercado comum pressupõe uma coordenação/ harmonização das
diversas politicas nacionais que implica desde logo a adopção de
politicas comuns aos diversos Estados-membros.

4) União económica, prevê uma moeda e um Banco Central único para


os países do bloco. Para o seu funcionamento efectivo, os países
devem possuir níveis compatíveis de inflação, deficit público e taxa
de juros; as taxas de câmbio tornam-se fixas entre esses países. É
diferente da união monetária. Pressupõe que as diversas legislações
nacionais relativas ao sistema comunitário sejam uniformizadas ou
pelo menos harmonizadas, que estejam sob o controlo de uma
autoridade comum e que as politicas nacionais sejam substituídas por
politicas comuns a todos os Estados.

5) União monetária, não significa a existência de uma moeda única,


mas tem como o culminar, a moeda única emitida pelo Banco Central
da Comunidade, tal é o caso do Banco Central Europeu. União
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 183

monetária significa que os Estados não possam utilizar determinados


expedientes, nomeadamente retirar aos Estados a possibilidade de
recurso ao valor cambial da sua moeda para subverter as relações de
concorrência. Significa câmbios fixos e convertibilidade obrigatória
das moedas nacionais.

6) Integração física, prevê a construção de infra-estruturas


transnacional a partir de redes integradas de base logística e
energética compartilhadas entre os diversos países de uma região.

7) União politica ou confederação, é o grau máximo de integração,


onde os poderes legislativo, executivo e judiciário dos estados
membros são vinculados ao abdicar das suas soberanias individuais
para dar lugar a uma nova nação soberana que é o somatório das
nacionalidades.

A livre circulação de mercadorias implica a proibição, entre os Estados-


membros, de direitos aduaneiros de importação e de exportação e de
quaisquer encargos de efeitos equivalentes.

- Direitos aduaneiros: são encargos pecuniários que incidem sobre os


produtos importados no momento de desalfandegamento ou em momento
posterior aquando da apresentação da parte do importador da declaração
desse produto com vista a poderem colocar esses produtos em livre
pratica.

- Encargos de efeito equivalente a direitos aduaneiros: é um encargo


pecuniário imposto unilateralmente pelo que exclui-se a possibilidade de
dar comprimento a disposições comunitárias, não interessa a sua forma,
denominação, saber qual o montante, o objecto visado pelo Estado e a sua
finalidade. Tem natureza pecuniária (encargo ou taxa).

- Produtos em livre pratica, são produtos que sejam provenientes dos


Estados terceiros em relação aos quais foram pagos os direitos aduaneiros
e que tenham cumprido as formalidades de importação. Depois destas
duas condições estarem preenchidas os produtos podem circular
livremente como se fosse produtos originários; podem circular sem terem
de apresentar o certificado de origem.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 184

As vantagens da integração económica

São muitos e das mais variadas naturezas os efeitos benéficos decorrentes


da integração económica:

a) Economias em escala;
b) Formulação mais coerente e rigorosa das politicas económicas;
c) Transformação das estruturas económicas e sociais;
d) Reforço da capacidade de negociação;
e) Aceleração dos problemas da balança de pagamentos;
f) Intensificação da concorrência
g) uma variação na quantidade de bens produzidos;
h) uma alteração no grau de discriminação entre produtos
fabricados internamente e no estrangeiro;
i) uma redistribuição do rendimento entre os habitantes de
diversos países;
j) uma redistribuição de rendimentos dentro de cada país;

Desvantagens da integração:

a) “afogamento” das economias emergentes sem a cultura de


competividade;
b) A resistência dos aparelhos nacionais às regras de disciplina
colectiva;
c) A resistência psicológica das populações;
d) A formação da opinião pública.

As “quatro liberdades”

O mercado comum é uma realidade correspondente a um grau superior de


integração económica: implica não apenas a livre circulação dos bens
mas também a livre circulação dos diversos factores de produção:
trabalho, capitais e iniciativas empresariais traduzidas no exercício das
liberdades de estabelecimento e de prestação de serviços.

A ideia dominante no que tange à livre circulação dos factores de


produção no espaço comunitário é de que a plena realização do mercado
comum não pode assentar-se apenas na eliminação dos entraves à livre
circulação das mercadorias.

A liberalização das trocas intercomunitárias, desacompanhada de outras


medidas de fundo, não bastaria com efeito para alcançar os objectivos
traçados, nomeadamente, o de “promover em toda as comunidades o
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 185

desenvolvimento harmonioso equilibrado e sustentável das actividades


económicas”. As quatro liberdades:

1) Livre circulação das pessoas;


2) Liberdade de estabelecimento;
3) Liberdade de prestação de serviços e,
4) Liberdade de circulação de capitais.

16.3. Futuro incerto da SADC ou adiamento sine die do seu sonho.(*)

SADC (Sigla inglesa de “Southern African Development Comunity”, ou


seja, Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral.

Objectivos:

o Crescimento e Desenvolvimento dos Estados Membros;


o Alivio à pobreza;
o Utilização sustentável dos recursos naturais;
o Melhoria da gestão da economia, através da cooperação
regional;
o Redução das assimetrias sociais, mediante integração
regional; e
o Desenvolvimento de politicas comuns, valores, sistema e
instituições.

Protocolo comercial

Objectivos:

o Fomento da liberalização do comercio inter-regional;


o Diminuição dos custos operativos e do comercio regional;
o Garantia duma produção eficaz dentro da SADC;
o Aumento da competitividade;
o Melhoria do ambiente favorável ao investimento nacional,
transfronteiriço e estrangeiro;
o Incremento do desenvolvimento económico, diversificação e
industrialização da Região; e
o Estabelecimento de uma zona de Comercio Livre da SADC.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 186

Cronologia dos acontecimentos

o 1992 – Transformação da SADCC em SADC.


o 1996 – Assinatura do Protocolo Comercial.
o 2000 – Entrada em vigor do Protocolo Comercial.
o 2003 – Estabelecimento do Plano Estratégico de
Desenvolvimento Regional (PEIDR).

Calendário de Integração Regional

o 2008 – Zona de Comercio Livre.


o 2010 – União aduaneira.
o 2015 – Mercado Comum.
o 2016 – União Monetária.
o 2018 – Moeda Única.

Países Membros: Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maurícias,


Moçambique, Malawi, Namíbia, Republica da Africa do Sul, Republica
Democrática do Congo, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, e Zimbabué.

O Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (PEIDR)


da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC) revelava
que a Zona de Comercio Livre seria seguida por uma União Aduaneira
em 2010, por um Mercado Comum em 2015, por uma União Monetária
em 2016, que devia desembocar automaticamente na adopção de uma
moeda única em 2018.

Ao nível da SADC ainda não se conseguiu chegar a um entendimento


sobre a formula de partilha das receitas duma união aduaneira, por outro
lado, foram lançados apelos para uma integração mais ampla que
abarcasse o Mercado Comum para a Africa Oriental (COMESA), da qual
fazem parte os seguintes países (19): Burundi, Comores, Republica
Democrática do Congo, Djibouti, Egipto, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia,
Madagáscar, Malawi, Maurícias, Ruanda, Seychelles, Sudão, Suazilândia,
Uganda, Zâmbia e Zimbabué.

A não convergência em matéria de crescimento económico e reformas


entre Estados-membros vai impedir a região de atingir os seus objectivos
de integração económica e quiçá financeira.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 187

Para chegar a uma União Monetária Comum os países devem ter uma
taxa de inflação estável compreendida entre 3 a 5 por cento e uma politica
fiscal prudente com défices orçamentais de menos de três por cento do
Produto Interno Bruto. Portanto, a integração económica deve ser
apoiada por politicas fiscais prudentes, equilíbrios financeiros entre os
países membros e politicas que minimizem as distorções do mercado.

Que apesar do lançamento da Zona de Comercio Livre, com a introdução


da Livre Circulação de Mercadorias em 2008, com certificados de
origem, a região registou um atraso na sua aplicação por falta de uma
vontade politica para estimular a integração económica no nível do bloco
regional.

De acordo com o Paul Kruger (2009), um pesquisador do Centro sobre


Direito Comercial da Africa Austral declarou que, os países da região
continuam a bater-se pela instauração da Zona de Comercio Livre, um
ano após o seu lançamento oficial, razão para que a ambição de formar
uma união aduaneira não vai realizar-se num futuro próximo devido às
assimetrias que se verificam no desenvolvimento económico na região.

A integração regional só terá futuro em África quando os Estados –


membros tiverem a certeza que as suas economias estão preparadas para a
competitividade. Até a data só a Africa do Sul está em condições de
entrar na globalização africana, porque todas as economias africanas
declaram-se débeis, pós-guerra ou emergentes. Portanto a integração
regional continua adiada e a União Africana só mesmo no papel.

Sumário
A integração económica regional é definida como a “conexão de várias
partes de um todo; outros a consideram como sendo varias formas de
cooperação internacional, argumentando que a simples existência de
relações comerciais entre economias nacionais independentes, já é um
sinal de integração” (Balassa, 1973).

A integração económica consiste na reunião de elementos para formar um


todo ou anunciar a coesão de um todo já existente, a integração
económica regional, visa a criação de uma nova unidade como a
integração a interna ou nacional para o desenvolvimento da coesão de um
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 188

conjunto já constituído e para fazer da unidade económica nacional um


todo harmonioso.

A livre circulação de mercadorias implica a proibição, entre os Estados-


membros, de direitos aduaneiros de importação e de exportação e de
quaisquer encargos de efeitos equivalentes.

Exercícios
3. Conceitue Integração Económica Regional e diz as vantagens,
desvantagens e consequências traz.
4. Carecterize os Pressupostos para uma integração (regionalização) de
finanças públicas
5. “Futuro incerto da SADC ou o adiamento sine die do seu sonho”
comente
6. Quais são as Estratégias de Moçambique para a integração regional
7. Explica o papel das Finanças Públicas na Integração económica
8. Identifica as principais vantagens e desvantagens da Integração;
9. Caracteriza Integração Económicaa;
10. Identifica o tipo Integração Económicaa

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1; 3 e 4.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 189

Unidade XVII
Eestrategia de Moçambique para a
Integração Regional

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes conheçam as estratégia que
o Moçambique tem em relacção a Integração Regional e saibam iterpreta-
las.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar uma Integração Regional - Global;

Objectivos  Explicar o mito da integração regional;

 Relacionar as Integrações Regionais do Contenente Europeia


com as Regionais da Africa negro;

 Descrever as condiçoes que mostram que Moçambique tem


capacidade e merece estar Integrada na região - SADC.

17.1. Estratégia de Moçambique para a Integração Regional


É um facto que o processo de globalização da economia mundial é
irreversível com uma dinâmica que se manifesta pela integração das
economias através das comunidades económicas regionais e da
liberalização do comércio no âmbito da Organização Mundial do
Comércio. O continente africano, em 1992, através do Tratado de Abuja
decidiu entrar no processo de integração adoptando como fórmula a
integração do continente através das comunidades económicas regionais
existentes.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 190

Moçambique não poderá estar alheio a esta realidade sob pena de se ver
marginalizado de todo o processo e ser levado por arrastamento.

A análise factual apresentada no ponto anterior, sugere que o país precisa


de desenvolver uma estratégia de actuação que lhe permita maximizar os
benefícios do processo de integração regional tendo em vista os desafios
e as oportunidades que o mesmo engendra. Neste processo é importante
ter em conta a posição do País entanto que um País Menos Desenvolvido
(PMD).

Na definição da estratégia dá-se atenção especial aos ambientes politico e


económico, bem como ao papel facilitador que o Estado deve jogar no
processo de integração tomando em conta que o sector privado é um
parceiro crucial.

Considerando que o PC-SADC não é o único instrumento da integração


regional, chama-se a atenção dos sectores económicos e sociais para
observarem os protocolos eventualmente assinados nas respectivas áreas
e maximizar o desempenho nos aspectos com potencial de contribuir para
a remoção dos constrangimentos que limitam a participação do país no
comércio regional. Assim, cada sector procederá à elaboração de um
plano de acção específico para a integração regional, sendo porém
necessária uma visão integrada do processo, implicando portanto uma
harmonização inter-sectorial.

É igualmente recomendável tomar em consideração o Plano Estratégico


Indicativo de Desenvolvimento Regional que faz referência a medidas
orientadas para o desenvolvimento harmonioso da região. Para a
preparação de Moçambique para a zona de comércio livre da SADC são
recomendadas as seguintes medidas:

1. Ambiente político

Moçambique é uma referência mundial no processo de pacificação e


estabilização política. A realização de eleições gerais periódicas quer
legislativas e presidenciais, a realização de eleições autárquicas e
provinciais deverá ser mantida como factor de consolidação e
aprofundamento da democracia. Em suma, o actual ambiente político
deverá ser capitalizado de modo a reduzir o risco do país e, por essa via,
atrair capitais quer da região, quer do mundo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 191

2. Ambiente macroeconómico

2.1 Na área monetária

Implementar o protocolo sobre finanças e investimento, observando


igualmente as

recomendações do RISDP, em particular:

a) Harmonizar e monitorar a implementação dos programas específicos


de convergência macroeconómica dos países da região tendo como
referência as metas acordadas que são:

- Taxa de inflação a um digito em 2008 – 5% em 2012 e 3% em


2018;

- Défice público em relação ao PIB não excedendo 5% em 2008 e


3% como âncora num espaço de 1% em 2012 e mantido em 2012
acima ate 2018;

- Valor Nominal da dívida pública e garantia pública menor que


60% do PIB em 2008 e mantido ao longo do período do plano
(2018).

b) Liberalizar as transacções das contas capital e corrente entre os


Estados Membros e adoptar um mecanismo harmonizado de taxa de
câmbio

2.2 Infra-estruturas

2.2.1 Na área das estradas e pontes

As estradas e pontes são fundamentais no sentido de que permitem o


fluxo de mercadorias dentro do país e na região. Será, por isso necessário
prosseguir com o Programa de Estradas ora desenhado e implementar o
Protocolo de Transportes no concernente à área de estradas. Na sequência
da integração regional as acções seguintes são prioritárias:

o Promover a manutenção permanente da rede de estradas primárias, a


pavimentação das que possuem maior tráfego, bem como a
manutenção permanente e a reabilitação de estradas secundárias;

o Sincronizar os programas de construção e reabilitação das vias de


acesso com as necessidades de escoamento das matérias primas para
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 192

a indústria e dos bens de consumo para os mercados, bem como a


evolução do turismo. Nesta perspectiva considera-se prioritário:

- - A construção da ponte da Unidade;

- - A asfaltagem da estrada que permite a ligação com a


Tanzânia, através da ponte da Unidade;

- - A asfaltagem da estrada Nampula-Cuamba –Mandimba,


para ligar ao Malawi;

- - A asfaltagem da estrada Lichinga-Metangula, para ligar ao


Malawi, através do

- porto de Metangula;

- - A asfaltagem da estrada Quelimane-Milange;

- - A asfaltagem da estrada Tete-Zumbo;

- - A asfaltagem da estrada Catembe— Ponta do Ouro

2.2.2 Na área dos portos e caminhos de ferro e marinha mercante

Os portos e caminhos de ferro constituem uma das maiores vantagens que


Moçambique apresenta em relação aos restantes países da região dado
serem a porta de entrada para o hinterland. Assim, definem-se as
seguintes prioridades:

o Garantir a operacionalização do Protocolo dos Transportes,


Comunicações e Meteorologia da SADC;
o Promover investimentos que melhorem a eficiência e a
segurança do sistema ferroportuário nacional, incluindo a
operacionalização do fundo de dragagem;
o Promover o desenvolvimento e expansão da rede ferroviária na
perspectiva de espimha dorsal das infra-estruturas de transporte;
o Melhorar a conectividade nas redes regionais de transportes; e
o Adoptar medidas que permitam maior oferta e custo sustentável
dos serviços de cabotagem.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 193

17.2. Serviços de Transporte e Comunicações


Os serviços de transportes e comunicações contribuem fundamentalmente
para o custo do produto, condicionando assim a competitividade do sector
produtivo. Deste modo, são definidas as seguintes prioridades:

o Implementar o protocolo da SADC sobre Transportes,


Comunicações e Meteorologia;
o Desenvolver regulamentação do sector que estimule a eficiê
ncia e segurança;
o Promover uma disciplina no sector orientada para melhoria da
qualidade dos serviços prestados;
o Promover centros de excelência na formação para os sector de
transportes e comunicações;
o Desenvolver regras de concorrência entre e dentro dos
diferentes modos de transporte;
o Prosseguir com a liberalização do sector, onde ocorre, de modo
a expandir a oferta de serviços através da entrada de mais
operadores; e
o Promover práticas de ambiente sustentável.

4. Na área da energia

Moçambique possui potencial em recursos energéticos, alguns dos quais


já em fase de

exploração, tais como a energia eléctrica e o gás natural, por exemplo. O


desenvolvimento da área de energia contribuirá para reduzir os custos do
sector produtivo, além de que o mercado regional oferece grandes
oportunidades nesta área: a região é deficitária em energia eléctrica e o
preço está em aumento. Neste contexto, considera-se prioritário:

o Garantir a implementação do Protocolo sobre a Energia da


SADC, em particular, no que diz respeito à coordenação da
operação dos sistemas eléctricos interligados para cobrir todos os
Estados Membros de modo a estabelecer um Mercado regional
integrado competitivo e eficiente;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 194

o Desenvolver e implementar programas de electrificação rural


priorizando os centros de produção tais como sistemas de regadio
e zonas com perspectivas de industrialização;
o Promover investimentos para o aproveitamento do potencial
hidroeléctrico identificado;
o Incentivar investimentos para a melhoria da qualidade da
energia eléctrica e rever as tarifaspara a indústria;
o Promover o recurso a fontes de energia renováveis e de baixo
custo, incluindo energia solar, eólica e de bio massa;
o Promover a exploração conjunta de petróleo e gás natural,
harmonização das politicas, regulamentos e legislação para
facilitar o comércio trans-fronteiriço, aumento da capacidade de
utilização e cooperar num procurement conjunto dos produtos
petrolíferos no mercadomundial.

5. Na área da água

A água é um dos recursos que conferem a Moçambique vantagem


comparativa, pelo que é oportuno apostar na sua utilização óptima.
Assim, são definidas as seguintes prioridades:

o Garantir a implementação do Protocolo da SADC sobre


Sistemas de Cursos de Águas Compartilhadas, em particular,
assegurar a participação na formulação da politica, estratégia e
programa de Gestão do Desenvolvimento Integrado dos Recursos
Hídricos (IWRM);
o Optimizar a utilização das barragens de irrigação existentes no
país;
o Assegurar a reabilitação e construção de sistemas de irrigação
nos vales do Limpopo, Incomáti e Pungué;
o Integrar os planos de desenvolvimento de recursos hídricos no
planeamento económico nacional;
o Promover a eficiência e alargar o período de abastecimento de
água para 24 horas por dia; e
o Promover a minimização de perdas de água por rupturas dos
canais , combater ligações clandestinas e aliviar o custo aos
utilizadores formais da água canalizada.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 195

6. Na área da agricultura

A agricultura em Moçambique dá ocupação a cerca de 80% da população


rural. No entanto, o país não é auto-suficiente na maior parte da produção
agro-pecuária e a participação no mercado regional neste sector é
bastante reduzida. A priorida de nesta área vai para as seguintes medidas:

o Divulgar e operacionalizar os instrumentos acordados na região


sobre a segurança alimentar, medidas sanitárias e fitossanitárias;
o Tornar céleres os processos de titularização da terra;
o Orientar os centros de pesquisa para os interesses do sector
produtivo;
o Reforçar as ligações pesquisa – agricultor – extensão para
facilitar a disseminação e adopção de tecnologias (incluindo a
biotecnologia) para os agricultores e outros intervenientes;
o Promover boas práticas de produção e tratamento pós colheita;
o Especialização das zonas de produção de modo a alcançarem
escalas eficientes em culturas específicas e fomento da produção;
o Encorajar a entrada no sector de agricultores comerciais através
de incentivos apropriados;
o Actualização da lista de pestes existentes no país e seu
mapeamento;
o Prevenção e controlo progressivo das doenças de animais e
plantas trans -fronteiriças; e
o Regionalizar a produção agro-pecuária em função da aptidão e
das oportunidades de mercado.

7. Na área da indústria

A SADC não possui protocolo para a área da indústria, entretanto, está


em desenvolvimento uma política e estratégia de desenvolvimento
industrial para a região. O sector da indústria e comércio elaborou um
plano de acção da indústria para a zona de comércio livre que tem como
objectivo estimular a produção interna e impulsionar as exportações,
aproveitando as oportunidades que decorrem da liberalização do
comércio regional.

O plano de acção contempla 19 produtos (Amêndoa de caju, algodão,


arroz, banana, batata, manga, feijões, chá, água mineral, mel, milho,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 196

gengibre, mandioca, citrinos curtumes (cabrito), óleo de copra, mobiliário


de madeira, pescado e Sal) que poderão ser exportados minimamente
processados ou com maior valor agregado. Para o efeito foram definidos
os seguintes vectores de actuação:

A. Modernização tecnológica da indústria existente;


B. Desenvolvimento da Indústria de Embalagens;
C. Investimento em infra-estruturas de produção e de transportes e
comunicações;
D. Melhoria da qualidade e do relativo sistema;
E. Pesquisa permanente das oportunidades de Mercado e
disseminação de informação;
F. Melhoria do ambiente de negócios;
G. Promoção do Estabelecimento de Unidades Industriais nas Zonas
Rurais Orientadas à Exportação;
H. Incentivo ao uso de instrumentos da propriedade industrial:
Denominações de Origem e Indicações Geográficas; e
I. Consolidação do projecto: Orgulho Moçambicano — Made in
Mozambique.

8. Na área do turismo

O turismo é uma das áreas com elevado potencial em Moçambique. As


medidas prioritárias na área são:

o Envolvimento de Moçambique na Organização Regional de


Turismo da Africa Austral (RETOSA) e garantir a
implementação do protocolo do turismo da SADC;
o Prosseguir com a eliminação da necessidade do visto de entrada
para cidadãos dos estados membros da SADC;
o Promover a melhoria da qualidade dos serviços turísticos;
o Vender a imagem do país na região;
o Criar uma rede de pesquisa, estatísticas e troca de informações;
o Harmonizar e desenvolver políticas, estratégias e legislação ao
nível da região; e
o Encorajar investimentos no sector.

9. Na área dos recursos minerais

Na área mineira as medidas prioritárias são:


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 197

o Garantir a implementação do Protocolo sobre Minas da SADC


o Promover acções ligadas à cartografia geológica, prospecção,
pesquisa e investigação;
o Simplificação do processo de licenciamento de novos
operadores;
o Formação do pessoal de fiscalização das actividades mineira e
petrolífera e para assistência técnica aos operadores;
o Incentivar investimentos na área de extracção mineira e a
jusante de modo a agregar valor aos produtos antes da
exportação; e
o Melhorar a coordenação interinstitucional para o controlo da
mineração ilegal.

10. Na área das pescas

Considerando os índices de captura de pescado relativamente baixos aos


índices de alguns outros países da região, constitui prioridade:

o Promover o desenvolvimento da maricultura e aquacultura;


o Promover o acesso a tecnologias apropriadas para
manuseamento, processamento e conservação de produtos
pesqueiros pelos pescadores artesãos; e
o Promover investimentos para o processamento industrial de
produtos pesqueiros nas zonas de grande potencial com
observância dos requisitos do mercado regional.

11. Na área dos serviços financeiros

O sector produtivo encontra actualmente dificuldades de recurso ao


sistema bancário para

financiar as suas actividades, principalmente as PMEs. Deste modo


constituem prioridade:

o O incentivo à banca comercial para a inovação de produtos


financeiros de tal modo a promover a poupança;
o Introduzir esquemas de financiamento de actividades
económicas que ultrapassem a barreira do risco e do custo do
dinheiro; e
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 198

o Encontrar formas de expandir instituições de crédito para as


zonas rurais mais produtivas.

12. Na área dos serviços de investigação

A área de investigação tem um papel importante no processo de


integração económica. As prioridades nesta área são:

o Desenvolver um instrumento legal e estabelecer um quadro


institucional para a cooperação regional em ciências e tecnologia;
o Envolvimento na colaboração regional e troca de informação
sobre o desenvolvimento de pesquisa tecnológica incluindo a
identificação de centros de excelência na região;
o Adopção de medidas que encorajem as parcerias público-privado
e promover investimentos dos sectores público e privado em
pesquisa e desenvolvimento tecnológico; e
o Incentivar a pesquisa orientada para os interesses do sector
produtivo.

13. Na área dos recursos humanos, educação, cultura e desporto

o Garantir a implementação do Protocolo sobre a Educação na


SADC;
o Coordenação e harmonização de políticas na educação,
formação, saúde, nutrição, desenvolvimento do bem-estar e
social, cultura, informação e desporto;
o Estabelecer centros de especialização e excelência nas áreas
críticas de capacidade profissional;
o Apostar na qualificação da mão de obra para fornecer a outros
países da região;
o Formular e harmonizar políticas e programas sobre a
produtividade e as relações “gestão – trabalho” harmoniosas; e
o Introduzir nas escolas técnicas cursos de curta duração
orientados para áreas específicas de actividade tendo em conta o
potencial local.

14. Na área da saúde


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 199

o Garantir a implementação do protocolo da saúde;


o Harmonizar o desenvolvimento de políticas e estratégias nas
maiores áreas de intervenção incluindo a prevenção, cuidado e
tratamento de doenças endémicas, provisão dos antiretrovirais
(ARVs), nutrição, medicamentos tradicionais, procurement e
produção de medicamentos essenciais; e
o Colaborar no desenvolvimento/actualização da regulamentação
técnica sobre higiene, água e alimentos.

15. Na área do meio ambiente

o Envolvimento no desenvolvimento de um quadro jurídico para a


cooperação regional nas áreas de meio ambiente e recursos
naturais, incluindo os ecossistemas transfronteiriços;
o Harmonizar ao nível da região as políticas nacionais sobre o
meio ambiente e quadros jurídicos;
o Integração das questões do meio ambiente e desenvolvimento
sustentável nos processos de planificação sectoriais nacionais e
sub-regionais;
o Desenvolvimento de um sistema harmonizado de informação
ambiental;
o Formar capacidade para colecção, gestão e troca de informação
para a gestão sustentável do meio ambiente e recursos naturais;
o Desenvolvimento e implementação de programas sobre o meio
ambiente e gestão de recursos naturais, incluindo os ecossistemas
trans -fronteiriços , assegurando o máximo benefício por parte
dos estados membros da SADC

Espero ter apresentado de forma sucinta e integral os temas constantes


do Plano Temático da Cadeira de Finanças Públicas para os estudantes
do Curso de Administração Pública. Não sendo uma obra acabada,
conto com colaboração dos estudantes, para melhorarmos os conteúdos
do presente “paper”.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 200

Sumário
É um facto que o processo de globalização da economia mundial é
irreversível com uma dinâmica que se manifesta pela integração das
economias através das comunidades económicas regionais e da
liberalização do comércio no âmbito da Organização Mundial do
Comércio

As estradas e pontes são fundamentais no sentido de que permitem o


fluxo de mercadorias dentro do país e na região. Será, por isso necessário
prosseguir com o Programa de Estradas ora desenhado e implementar o
Protocolo de Transportes no concernente à área de estradas. Na sequência
da integração regional as acções seguintes são prioritárias:

Exercícios
1- Caracterize uma Integração Regional e globalização;
2- Explica o mito da integração regional;
3- Relacione as Integrações Regionais do Contenente Europeia com
as Regionais da Africa negro;
4- Descreva as condiçoes que mostram que Moçambique tem
capacidade e merece estar Integrada na região - SADC

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1 e 3.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 201

Unidade XVIII
A Contabilidade Pública

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam descrever o
funcionamento do sistema financeiro de Administração Pública e
perceber a influência que tiveram na reforma da Contabilidade Pública
em Moçambique.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar o sistema da contabilidade pública;

Objectivos  Conseguir identificar as despesas e receitas públicas, suas


classificações e enquadrá-las no Orçamento de Estado;

 conhecer os vários organismos internacionais e nacionais de


contabilidade pública, perceber a influência que tiveram na
reforma da Contabilidade Pública em Moçambique;

 Conhecer os vários princípios, conceitos, regras e procedimentos


relacionados com a contabilidade pública e com o orçamento,

 Implementar um sistema de contabilidade orçamental patrimonial


e analítica nos diferentes organismos da Administração Pública,
conforme o estabelecido no Plano Básico

18.1. Contabilidade Publica


O Sistema de Administração Financeira do Estado vigente assenta em
normas que remontam de há mais de cem anos, tendo de destacar o
Regulamento de Fazenda, que data de 1901 e o Regulamento de
Contabilidade Pública, de 1881.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 202

A necessidade da reforma com vista a introduzir legislação e modelos de


gestão mais adequados às necessidades actuais de administração do erário
público foram determinando a adopção e implementação pontuais de
algumas medidas.

Com efeito, à partir de 1997 tem se vindo a desenvolver esforços de


modernização nas áreas do orçamento do estado, impostos indirectos,
alfândegas, entre outras, com o objectivo de melhorar o sistema de
programação e execução orçamental, harmonizar o sistema de impostos
indirectos e a pauta aduaneira com os sistemas vigentes nos países da
região em que Moçambique se insere e planear. circuitos de registo na
área da contabilidade publica, visando torná-los mais eficientes, eficazes
e transparentes.

Pela Lei No 9/2002, de 12 de Fevereiro, foi criado o Sistema de


Administração Financeira do Estado, doravante designado SISTAFE,
com o objectivo de estabelecer harmonizar regras e procedimentos de
programação, gestão, execução e controlo do erário público, de modo a
permitir o seu uso eficaz e eficiente, bem como produzir a informação de
forma integrada e atempada, concernente á administração financeira dos
órgãos e instituições do Estado.

As funções básica da contabilidade são registo dos factos patrimoniais,


controlo das actividades desenvolvidas pela empresa, avaliação dos bens
produzidos ou armazenados e a previsão a curto médio ou longo prazo
dos factos que com ela se relacionam e podem condicionar a sua
actividade.

Para Masi: “Contabilidade é a ciência do património”

Para Gonçalves da Silva: “Contabilidade é uma técnica de relevação


patrimonial”

Para Fábio Besta (1845-1922): “Contabilidade é a ciência que tem por


objecto o estudo do património das empresas, dando a conhecer, em
qualquer momento, sua composição qualitativa e quantitativa”

A Contabilidade é igual em qualquer entidade, tendo como diferença as


especificidades e objectivos que cada entidade pretende alcançar. Assim,
independentemente do tipo de actividade, do sector, da entidade, etc., a
contabilidade tem a mesma finalidade, o mesmo objectivo e utiliza as
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 203

mesmas técnicas e métodos para registar e controlar os patrimônios das


entidades.

18.2. Conceitos
A Contabilidade Pública regista a previsão da receita e a fixação da
despesa, estabelecidas no Orçamento Geral do Estado, aprovado para o
exercício, escritura a execução orçamentária da receita e despesas, faz a
comparação entre previsão e a realização das receitas e despesas, controla
as operações de crédito, a dívida activa, os valores, os créditos e
obrigações, revela as variações patrimoniais e mostra o valor do
património. Portanto, podemos definir a Contabilidade Pública como
sendo o ramo da contabilidade que colecta, regista e controla aos actos e
factos da Fazenda Pública, mostra o Património Público e as suas
variações, bem como acompanha e demonstra a execução do orçamento
do Estado ou ainda,

a Contabilidade Pública é um ramo da ciência contábil que estuda,


orienta, controla e regista os actos e factos da administração Pública,
demonstrando o seu patrimônio e as suas variações, bem como
acompanha e demonstra a execução do orçamento.

Por outro lado, a Contabilidade Pública estuda o património público


fornecendo os elementos necessórios a tomadas de decisão no âmbito de
gestão pública e a prestação de contas por parte dos responsáveis por
bens públicos e ela é uma contabilidade essencialmente composta de
normas e preceitos legais reguladores da realização e da escritura das
receitas e despesas do Estado cuja acção encontra-se baseada no
orçamento do Estado.

Uma contabilidade pública moderna, deverá responder as necessidades de


gestão nomeadamente ao permitir um controlo orçamental permanente e a
fácil verficação da correspondência entre os valores patrimoniais e
contabilísticos.

18.3. Objecto
O objecto de qualquer contabilidade é o Património constituido este por
bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade (pessoa fisica ou
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 204

jurídica). O da Contabilidade Pública é o Património Público, excepto os


bens de domínio público, como praças, estradas, ruas, lagoas, etc.

O segundo objecto da Contabilidade Pública é o Orçamento e a sua


execução, o orçamento aqui é entendido como peça autorizativa para
arrecadar receitas e realizar despesas.

18.4. Objectivos
O objectivo da Contabilidade Pública é de fornecer informações
actualizadas e exactas à Administração Pública para subsidiar as tomadas
de decisões, aos Órgãos de Controle Interno e Externo para o
cumprimento da legislação e às instituições governamentais e particulares
para fins estatísticos ou de interesse dessas instituições e por outras
palavras o objectivo fundamental da contabilidade pública consiste na
verficação da legalidade das despesas e a apuramento rigoroso de
eventuais irregularidades que possam ser cometidas. Considera-se, por
isso, que a contabilidade pública só terá alcançado o seu objectivo
quando estiver apta a fornecer informações actualizadas e a permitir
rápida tomadas de decisões, tendo em conta que a evolução da vida
económica e financeira dos Estados impõe novas formas de gestão e de
apreciação das operações públicas.

Em síntese, no âmbito de sistma de contabilidade pública


deverá ser possível:

- Registar a previsão orçamental para o (s) ano (s) futuro (s);


- Coordenar as alterações introduzidas no orçamento geral do
Estado, mantendo-o actualizado;
- Controlar as operações relacionadas com a utilzação dos créditos
abertos a favor dos serviços;
- Acompanhar a par e passo a execução orçamental;
- Analizar os resultados de gestão financeira de poder executivo e
em que medida se recorreu ao mecanismo orçamental como
instrumento de realização dos objectivos de ordem económica e
social;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 205

- Comparar a previsão e execução do plano financeiro do Estado


que é o orçamento, mostrando, em face dos objectivos fixados, e
dos meios utilizados, as diferenças para mais e para menos;
- Analizar as variações patrimoniais resultantes da execução do
orçamento mediante a apreciação de relatórios periódicos
produzidos;
- Obter os dados necessários à elaboração da contas do sector
público articulamdo-os com a contabilidade nacional.

18.5. Campo de aplicacão


A Contabilidade Pública é aplicada em Todos os serviços de
administração Pública, que estão sujeitos normas e preceitos da mesma.
Por outro lado, devido as suas especificidades a Contabilidade Pública
tem um campo de aplicação muito vasto pelas relações que é necessário
estabelecer com outros ramos da contabilidade e também com várias
disciplinas jurídicas, essencialmente direito administrativo, direito
financeiro e direito constituicional.

É neste contexto que, a Contabilidade Pública tem como o seu campo de


abrangência, todos os serviços da administração pública, autarquias locais
e de outras instituições públicas reguladas pelos princípios e normas da
contabilidade pública.

18.5.1. Quanto a sua Divisão

 Ela pode ser legislativa : na medida em que ela enquadra as leis da


votação de imposto e outros recursos ordenários e extraordenários, as
autorizações das despesas públicas, exame e fiscalização da execução
que tiveram essas leis e autorizações culminando com encerramento
da conta do exercício do Estado.

 Parte Administrativa: Ao estabelecer e regular por meio de


estruturas oficiais, os factos correntes pertinentes a arrecadação das
receitas e a sua aplicaçã

 Parte Jurídica: Fixa por sentença proferida pelo tribunal de


Contabilidade e responsabilidades individual de todos os exactores de
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 206

(…) nacional e científica através de declaraçôes auténticas do


mesmo tribunal toda a receita e despesas efectivas da (concretizada

18.6. Livros obrigatórios aplicados na Contabilidade Pública em


Moçambique
Registo e Contabilização de Despesas

Nas instituições que funcionam na base do erário público, isto é,


Instituições do Estado, o registo e contabilização das despesas serão
efectuados com base nos seguintes livros obrigatórios, em uso nas
contabilidades Públicas em Moçambique:

1. Livro de controlo orçamental (LCO);


2. Livro de controlo da Conta Bancária (LCB);
3. Livro de Numeradorde requisições externas e de controlo de
pagamentos (LNR)
4. Livro de Protocolo ou de controlo para entrega de cheques.

 Serão observadas na escrituração dos referidos livros as seguintes


regras:
1. terão o termo de abertura e de encerramento assinados pelo
responsável do dirigente da respeitiva area
2. Terão as folhas numeradas e rubricadas pelo responsável do
dirigente da respeitiva area
3. Serão escriturados a tínta e não poderão ser rasurados e
4. Nenhum registo poderá ser efectuado sem a existência de
documento comprovativo que deverá ser arquivado por
verbas e anos, de forma a ser possível a sua identificação

O Livro de controlo orçamental, neste livro faz-se o lançamento do valor


disponível já deduzido os 10% da dotação, acompanhado por um
balancente que retrata todos os movimentos monetários pagos e não
pagos e o saldo mensal.

Aqui, a escrituração tem haver com o mapa do orçamento corrente para o


ano corrente, de acordo com os limites fixados (funcionamento) a qual
estão apresentado os valores já deduzidos os 10% da dotação disponível,
observando as rúbricas(sem desvio de aplicação).
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 207

No livro de Livro de controlo orçamental, assim como Balancente está


dividido em duas partes a saber:

1. Não monetário – que é composto por previstos pela requisição


2. Composto pelos pagamentos de acordo com valor monetário
disponível

No fim, o saldo das requisições Previstos tem de ser igual ou menor em


relaçãoao saldo dos pagamentos que em norma pode ser igual ou maior a
do saldo das requisições (na balancete assim como no livro de registo)
que é ao contrario dos registos das requisições em fluxos reais em relação
fluxos monetários que deve apresentar(o saldo dos fluxos reais ao longo
do mês igual ou maior a do fluxos dos pagamentos ao longo do mês)

No Livro de Control Orçamental, cada folio corresponderá a uma verba


orçamental de acordo com a classificação económico e observar-se-á o
seguinte:

a) Registo de todas as requisições externas emitidas por conta de


cada classificador orçamental; e
b) Cada folio sera somado mensalmente e feito o resumo do mês
por verbas orçamentais, devendo a soma destas conferir com o
total dos cheques emitidos constantes do livro numerador de
requisições e de controlo de pagamentos

O Livro de controlo da conta Bancária, regista-se as saidas do


orçamento/investimento, de acordo com os números de cheques e o
destino dos valores definidos nas facturas que deve efectivamente constar
nos processos de contas para sua liquidação ou comprovação.

Existirá um Livro de Controlo da conta Bancária para cada conta a ordem


dos serviços de Administração e Finanças, no qual se registarão todos os
movimentos efectuados na mesma, observando as seguintes regras:

a) O Livro deverá ser escriturado diariamente e somado mensalmente;


b) O Livro servirá também de numerador de cheques;
c) O Saldo acusado no fim de cada mês deverá conferir com o acusado
pela conta bancária, depois de deduzido o valor dos cheques em
circulação

O Livro numerador das requisições externas e de controlo de pagamentos,


destina-se para enumerar as requisições de acordo com as suas datas,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 208

destino (o beneficíário) assim como o motante monetário, número de


cheque a data de emissão.

Registará todas as requisições externas emitidas, bem como todos os


cheques controlando assim, o pagamento daquelas, observando-se
também o seguinte:

a) Registo das facturas, bem como os processos justificativos do fundo;


e
b) Este livro sera somado mensalmente, por resumo por verba
orçamental, cuja soma deverá conferir com a do livro de controlo
orçamental, relativamente às requisições externas emitidas e com a
do controlo da conta bancária, no tocante a cheques emitidos.

Livro de Protocolo ou de contro para entrega de cheques

No livro de protocolo, serão registados todos os cheques emitidos e


constará a assinatura e o número do Bilhete de Identificação do
Beneficiário ou seu representante legal, a quem tiver sido entregue o
cheque.

18.7. Registo e Contabilizacão por meios informáticos


Nos casos em que o registo e contabilização das despesas sejam por
meios informáticos, devem ser seguidos os seguintes princípios:

a) Devem estar incorporados no sistema informático o controlo de


cabimento
b) Cada verba deverá apresentar o montante da dotação disponível
actualizada

Fólio – Livro Comercial numerado por falhas e não por páginas, as duas páginas de uma
folha

c) Os estornos por lançamentos errados ou anulações devem ser


efectuados por lançamentos negativos, nas verbas onde se verificou o
erro ou a anulação, indicando-se o número do memorando que
justifica o movimento, pois os estornos devem ser sempre justificados
por memorados
d) Obrigatoriamente, devem ser feitas cópias de segurança (Back – ups)
de toda informação por meio informáticos, com a periodicidade que o
volume do movimento aconselhar
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 209

e) Devem existir manuais de procedimentos de utilização e normas de


funcionamento dos sistemas informáticos instalados
f) Os controlos internos incorporados em cada aplicação informática
devem fornecer suficiente garantia quanto á qualidade e veraciadade
da informaçãofinal processada
g) Deve existir segurança rígida quanto aos níveis de acesso ao sistema
informático, nomeadamente códigos secretos para cada pessoa
autorizada a introduzir dados no sistema.

18.8. Contabilidade Pública como Subsistema do Sistema de


Administração Financeiro do Estado, Lei 09/ 2002, de 12 de Fevereiro

18.7.1. Organização e competências

18.7.1.1. Organização

O Subsistema da Contabilidade Pública, designado abreviadamente por


SCP, compreende todos os órgãos e instituições do estado que intervém
nos processos de execução orçamental, recolha, registos,
acompanhamento e processamento das transações susceptíveis de
produzir ou que produzam modificações no património do Estado, e
abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.

18.7.1.2. Competências

Compete aos órgãos ou instituições que integram o SCP:

a) elaborar e propor normas, procedimentos técnicos, relatórios e


mapas, bem como a respectiva metodologia e periodicidade,
tendo em vista a harmonização e uniformização contabilísticas;
b) elaborar e manter actualizado o plano de contas;
c) proceder à execução do Orçamento do Estado;
d) acompanhar e avaliar o registo sistemático e atempado de todas
as transações;
e) elaborar os relatórios de informação periódica a apresentar pelo
governo à Assembleia da República
f) elaborar a Conta Geral do Estado.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 210

18.7.1.3. Escrituração Contabilística

1. A Contabilidade Pública tem por objecto a produção e manutenção


de registos e evidenciar as transações realizadas pelos órgãos e
instituições do estado e os seus efeitos sobre o património do
Estado.

2. A Contabilidade mantém os registos analíticos e sintéticos dos


bens, direitos e obrigações integrantes do património dos órgãos e
instituições do Estado abrangidos nos termos do artigo 2 da
presente lei.

18.7.1.4. Princípios e regras específicas

De acordo com a lei 9/2002 de 12 de Fevereiro no seu artigo 39 a


contabilidade pública respeita de entre outros os seguintes princípios
geralmente aceites:

a) Princípio de Consistência, na base do qual os procedimentos


contabilísticos de um exercício para outro não devem ser
alterados;

b) Princípio de Materialidade, segundo a qual a informação


produzida apresenta todos os elementos relevantes que permitam
o acompanhamento da utilização dos recursos públicos e também
que auxiliem a tomada de decisão para uma possível correção da
situação caso a situação exija;

c) Princípio de comparabilidade, em conformidade com o qual o


registo das operações observa as normas determinadas ao longo
da vida dos respectivos órgãos ou instituições por forma a que
possam ser comparados ao longo do tempo e do espaço os dados
produzidos;
d) oportunidade, pelo qual a informação deve ser produzida em
tempo oportuno e útil por forma a apoiar a tomada das decisões e
a análise da gestão.

e) Princípio de Oportunidade – diz-nos que a informação deve ser


produzida em tempo oprtuno e útil por forma a apoiar a tomada
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 211

de decisões e análise da gestão com mais credibilidade quanto a:


actualização dos dados.

18.7.1.5. Princípio digráfico

O critério utilizado para os registos dos actos e factos administrativos, no


âmbito do SISTAFE, é o princípio digráfico ou método das partidas
dobradas.

18.7.1.6. Regime de registo

O registo contabilístico adoptado é o regime misto, aplicando-se para as


receitas o regime de caixa e para as despesas o regime de compromissos.

18.7.1.7. Moeda

A escrituração dos actos e factos administrativos é efectuada em moeda


nacional.

18.7.1.8. Demonstrações contabilísticas

O governo elabora, no fim de cada exercício económico, o balanço,


Mapas de Controlo Orçamental, Demonstração de Resultados e o
Inventário Contabilístico.

18.7.1.9. Amortizações e reintegrações

Todo o património do Estado é amortizado e reintegrado de acordo com a


legislação aplicável e as regras de contabilidade geralmente aceites.

Sumário
A Contabilidade Pública, é um ramo da ciência contábil que estuda,
orienta, controla e regista os actos e factos da administração Pública,
demonstrando o seu patrimônio e as suas variações, bem como
acompanha e demonstra a execução do orçamento.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 212

Objectivo fundamental da contabilidade pública, consiste na verficação


da legalidade das despesas e a apuramento rigoroso de eventuais
irregularidades que possam ser cometidas

A Contabilidade Pública tem um campo de aplicação muito vasto pelas


relações que é necessário estabelecer com outros ramos da contabilidade
e também com várias disciplinas jurídicas, essencialmente direito
administrativo, direito financeiro e direito constituicional.

Exercícios
1- Caracterizar o sistema da contabilidade pública
2- Identifica as despesas e receitas públicas, suas
classificações e enquadrá-las no Orçamento de Estado;
3- Indica os vários organismos internacionais e nacionais de
contabilidade pública e explique a influência que tiveram
na reforma da Contabilidade Pública em Moçambique;
4- Caracterize princípios do procedimentos relacionados
com a contabilidade pública e com o orçamento,
5- De acordo com a lei 9/2002 de 12 de Fevereiro no seu
artigo 39 a contabilidade pública respeita de entre outros
os princípios geralmente aceites, indique-os
6- Explique a implementação do sistema de contabilidade
orçamental patrimonial nos diferentes organismos da
Administração Pública, conforme o estabelecido no
Plano Básico

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1 e 2.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 213

Unidade XIX
Conta Geral do Estado

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam interpretar a Conta
Geral do Estado em termo do: objecto; conteudo; princípios e regras
específicas; conteúdo da estrutura da conta geral do estado e contas de
instituições autónomas e seus respeitivos prazos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar a conta geral do estado e contas de instituições


autónomas
Objectivos
 Identificar os elementos da estrutura básica, do plano básico da
contabilidade publica e estrutura de consolidação de balanços

 Mencionar o propósito do Plano Básico de Contabilidade Pública


(PBCP)

19.1. Conta Geral do Estado

Objecto

A Conta Geral do Estado tem por objecto evidenciar a execução


orçamental e financeira, bem como apresentar o resultado do exercício e
avaliação do desempenho dos órgãos e instituições do Estado.

Princípios e Regras específicas


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 214

1. Conta Geral do Estado deve ainda ser elaborada com clareza, exactidão
e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e
financeira.

2. A Conta Geral do Estado deve reflectir a observância do grau de


cumprimento dos princípios de regularidade financeira, legalidade,
economicidade, eficiência e eficácia na obtenção e aplicação dos recursos
públicos colocados à disposição dos órgãos e instituições do Estado.

3. Tendo em vista reflectir a situação financeira e os resultados da


execução orçamental dos órgãos e instituições do Estado, a Conta Geral
do Estado deve ser elaborada com base nos princípios e regras de
contabilidade geralmente aceites.

Conteúdo

A Conta Geral do Estado deve conter informação completa relativa à:

a) receitas cobradas e despesas pagas pelo Estado;


b) financiamento ao défice orçamental;
c) fundos de terceiros;
d) balanço do movimento de fundos entrados e saídos na Caixa
do Estado;
e) activos e passivos financeiros e patrimoniais do Estado;
f) adiantamentos e suas regularizações.

Estrutura da Conta Geral do Estado

1. A Conta Geral do estado deve conter os seguintes documentos básicos:

a) o relatório do governo sobre os resultados da gestão


orçamental referente ao exercício económico;
b) o financiamento global do Orçamento do Estado com
discriminação da situação das fontes de financiamento;
c) o balanço;
d) os mapas de execução orçamental, comparativos entre as
previsões orçamentais e a receita cobrada e daquelas com a
despesa liquidada e/paga, segundo a classificação prevista
nos números 1 e 2 do artigo 20 desta lei;
e) a demonstração dos resultados;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 215

f) os anexos às demonstrações financeiras;


g) o mapa dos activos e passivos financeiros existentes no início
e no final do ano económico;
h) o mapa consolidado anual do movimento de fundos por
operações de tesouraria.

2. O governo apresenta, como anexo à Conta Geral do Estado, o


inventário consolidado do património do Estado.

3. O Governo deve ainda apresentar, como anexo informativo à Conta


Geral do estado, um resumo das receitas, despesas e saldos por cada
instituição com autonomia administrativa e financeira.

Contas de instituições autónomas

As instituições com autonomia administrativa e financeira devem


proceder a entrega ao Ministério do Plano e Finanças da informação
referida no nº 3 do artigo anterior, até ao dia 31 de Março de cada ano.

Prazos

1. O Governo deve apresentar à Assembleia da República e ao Tribunal


Administrativo a Conta Geral do Estado, até ao dia 31 de Maio do ano
seguinte aquele a que a referida conta respeite.

2. O relatório e o parecer do Tribunal Administrativo sobre a conta Geral


do Estado devem ser enviados à Assembleia da República até ao dia 30
de Novembro do ano seguinte a aquele que a Conta Geral do Estado
respeite.

3. A Assembleia da República aprecia e aprova a Conta Geral do Estado,


na sessão seguinte à entrega do relatório e parecer pelo Tribunal
Administrativo.

19.2. O Plano Básico de Contabilidade Pública


1.5.1 Plano Básico de Contabilidade Pública (PBCP)
1.5.2 Quadro de contas
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 216

1.5.3 Princípios Contabilísticos;


1.5.4 Critérios de valorimetria;
1.5.5 Estudos das principais contas;
1.5.6 Prestação de contas;
1.5.7 Encerramento de contas e;
1.5.8 Principais demonstrações contabilísticas.

19.2.1. PLANO BÁSICO DE CONTABILIDADE PÚBLICA

Propósitos

11. O Plano Básico de Contabilidade Pública (PBCP) tem o propósito de


atender, de maneira uniforme e sistematizada, ao registo
contabilístico dos actos e factos relacionados com a execução do OE
sob a responsabilidade dos órgãos da administração central e local, de
forma a proporcionar maior flexibilidade na gestão e consolidação
dos dados e satisfazer as necessidades de informação de todos os
níveis da administração.

12. São partes integrantes do PBCP:

 Lista de contas;
 Plano de objectos;
 Tabela de operações contabilísticas.

Objectivos

O PBCP está estruturado de forma a atender os seguintes objectivos


principais:

 realçar o estado patrimonial e as suas variações, realocando as


contas típicas de controlo, incluindo as representativas do sistema
orçamental, para os grupos de contas de ordem, de forma a
possibilitar o conhecimento mais adequado da situação
económico-financeira de uma gestão administrativa;
 padronizar o nível de informação dos órgãos da administração
central e local com a finalidade de auxiliar o processo de tomada
de decisões, ampliando a qualidade dessas informações e
facilitando a elaboração da CGE de forma atempada;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 217

 possibilitar a extracção de relatórios necessários, tanto para a


análise de gestão quanto para o cumprimento das exigências dos
Órgãos do Controlo Interno e Externo, incluindo emissão dos
balanços, mapas de controlo orçamental e demonstrações de
resultados.
 permitir, por intermédio da lista de contas e tabelas, a
implantação de um sistema integrado de informação orçamental,
financeira e patrimonial na administração do Estado, capaz de
atender aos aspectos legais e de gestão.

Competências

O PBCP é estruturado para ser adoptado por todas as UI’s e UGE’s do


SISTAFE ou que venham a integrá-lo, sob a modalidade de uso total,
sendo a DNCP o órgão responsável pela sua administração, a quem
compete:

 criar, extinguir, especificar, desdobrar, detalhar e codificar


contas;
 emitir instruções sobre a sua utilização, compreendendo os
procedimentos contabilísticos pertinentes;
 promover as alterações e ajustes necessários à sua utilização,
sempre que solicitada pelos órgãos da administração ou em
função de melhor análise, observada a estrutura básica, incluindo
a tabela de operações contabilísticas e os indicadores
contabilísticos.

1.6.2 Estrutura Básica

O PBCP está estruturado por classe e grupo e apresenta a seguinte


disposição:

1. ACTIVO
1.1 Circulante 2. PASSIVO
1.2 Realizável a Médio e Longo Prazo 2.1 Circulante
1.3 Imobilizado 2.2 Exigível a Médio e Longo Prazo
2.3 Resultado de Exercícios Futuros
2.4 Fundos Próprios
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 218

3. DESPESA
3.1 Despesas Correntes 4. RECEITA
3.2 Despesas de Capital 4.1 Receitas Correntes
4.2 Receitas de Capital
5. RESULTADO DE VARIAÇÃO
PATRIMONIAL NEGATIVA
6. RESULTADO DE VARIAÇÃO
5.1 Resultado Ordinário PATRIMONIAL POSITIVA
5.2 Resultado Extraordinário 6.1 Resultado Ordinário
6.2 Resultado Extraordinário
6.3 Resultado Patrimonial
7. CONTAS DE ORDEM ACTIVAS
7.1 Execução Orçamental da Receita 8. CONTAS DE ORDEM
7.2 Fixação Orçamental da Despesa PASSIVAS
8.1 Previsão Orçamental da Receita
7.3 Execução da Programação Financeira
8.2 Execução Orçamental da Despesa
7.4 Execução das Despesas por Pagar
8.3 Execução da Programação
7.5 Execução de Acordos e Contratos
Financeira
7.9 Outras contas de Ordem Activas
8.4 Execução das Despesas por Pagar
8.5 Direitos e Obrigações Acordadas
8.9 Outras Contas de Ordem Passivas

Estrutura de consolidação de Balanços (Estrutura do PBCP)


A consolidação de balanços será efectuada ao terceiro nível da estrutura
das contas (subgrupo), com a seguinte estrutura: Ver anexo
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 219

1.6.3 Princípios Contabilísticos

Os princípios que se seguem são contemplados no PBCP e são, no


essencial, os contemplados também no Plano Oficial de Contabilidade
comercial. De facto tais princípios, não são senão convenções que
reflectem as exigências de rigor técnico, as quais são mutáveis,
procurando acompanhar a complexidade da realidade económica e
financeira de cada momento.

A função principal da contabilidade é a de comunicar informação


essencial à compreensão das actividades das empresas, grandes ou
pequenas, anónimas ou não, públicas ou privadas. Para desempenhar esta
função mais eficazmente a contabilidade desenvolve-se adentro de um
campo definido de conceitos e princípios, a saber:

a) Princípio da Entidade Contabilística – Constitui entidade


contabilística todo o ente público ou de direito privado que esteja
a elaborar e apresentar contas de acordo com o Plano Básico de
Contabilidade Pública. Quando as estruturas organizativas e as
necessidades de gestão e informação o requeiram, podem ser
criadas sub entidades contabilísticas, desde que esteja
devidamente assegurada a coordenação com o sistema central.
b) Principio da Continuidade – Considera-se que a entidade opera
continuadamente, com a duração ilimitada. De acordo com este
principio, a entidade contabilística é um ente público duradouro
que funciona sem interrupções, considerando-se haver
necessidade de se ir obtendo informação sobre a sua actividade
por intervalos de tempo – o exercício económico.
c) Principio da Especialização – Os proveitos e os custos são
reconhecidos quando obtidos ou incorridos, independentemente
dos seu recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas
demonstrações financeiras dos períodos a que respeitam. O
principio da especialização de exercício é um dos que intervêm
com maior força no cálculo do resultado, com uma função
transcendental na periodização contabilística, já que é ele que
origina tal processo, chave de uma determinação adequada do
lucro do exercício.
d) Principio do custo histórico – Os registos contabilísticos devem
basear-se em custos de aquisição ou de produção, quer a meticais
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 220

nominais, quer a meticais constantes. O que significa que os


activos e passivos são valorados no momento de aquisição, ou
seja, mais precisamente, valor que regra geral coincide com o
preço de aquisição. Portanto, reflecte o preço corrente de
mercado.
e) Princípio da Prudência – Significa que é possível integrar nas
contas um grau de precaução ao fazer as estimativas exigidas em
condições de incerteza sem, contudo, permitir a criação de
reservas ocultas ou provisões excessivas, a deliberada
quantificação de activos e proveitos por defeito ou de passivos e
custos por excesso. Ainda que algumas operações tenham algum
grau de risco, dever-se-á procurar a isenção de erros,
preconceitos e neutralidade para que a informação seja digna de
confiança.
f) Principio de Materialidade – As demonstrações financeiras
devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e que
possam afectar avaliações ou decisões pelos utentes interessados.
Consideram-se elementos materialmente relevantes se omissões
ou inexactidões nas demonstrações contabilísticas alterem as
decisões dos utilizadores da informação.
g) Princípios da não Compensação – Como regra geral, não se
deverão compensar saldos de contas activas com contas passivas
(balanço), de contas de custos e perdas com contas de proveitos e
ganhos (demonstração de resultados) e, em caso algum, de contas
de despesas com contas de receitas (mapas de execução
orçamental). O incumprimento deste princípio poderá significar a
perda de informação sobre operações passadas que implicariam
pagamentos e recebimentos de dinheiro e sobre obrigações de
pagar e direitos a receber no futuro.

Sumário
A função principal da contabilidade é a de comunicar informação
essencial à compreensão das actividades das empresas, grandes ou
pequenas, anónimas ou não, públicas ou privadas. Para desempenhar esta
função mais eficazmente a contabilidade desenvolve-se adentro de um
campo definido de conceitos e princípios, a saber:
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 221

Os princípios que se seguem são contemplados no PBCP e são, no


essencial, os contemplados também no Plano Oficial de Contabilidade
comercial. De facto tais princípios, não são senão convenções que
reflectem as exigências de rigor técnico, as quais são mutáveis,
procurando acompanhar a complexidade da realidade económica e
financeira de cada momento.

O PBCP é estruturado para ser adoptado por todas as UI’s e UGE’s do


SISTAFE ou que venham a integrá-lo, sob a modalidade de uso total,
sendo a DNCP o órgão responsável pela sua administração.

O Plano Básico de Contabilidade Pública (PBCP) tem o propósito de


atender, de maneira uniforme e sistematizada, ao registo contabilístico
dos actos e factos relacionados com a execução do OE sob a
responsabilidade dos órgãos da administração central e local, de forma a
proporcionar maior flexibilidade na gestão e consolidação dos dados e
satisfazer as necessidades de informação de todos os níveis da
administração

Exercícios
1- A Contabilidade Pública, para desempenhar a sua função
principal, mais eficazmente ela, desenvolve-se adentro de um
campo definido de conceitos e princípios. Quais são, descreva-os;
2- Identifica a conta geral do estado e contas de instituições
autónomas
3- Idque partes integrantes do plano básico da contabilidade publica
e estrutura de consolidação de balanços
4- Mencione o propósito do Plano Básico de Contabilidade Pública
(PBCP)

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 2 e 3.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 222

Unidade XX
Critérios de Valorimetria

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam caracterizar o
criterio de valorrimetria das contas do estado em Moçãmbique e
interpretar as demostrações contabilisticas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir a conta geral do estado;

Objectivos  Identificar o Agrupamento da conta geral do estado;

 Explicar detalhadamente criterio valorimetria.

20.1. Critérios de Valorimetria

A valorimetria visa determinar as quantias monetárias pelas quais os


elementos devem ser reconhecidos e inscritos nas respectivas
demonstrações contabilísticas.

1. Disponibilidade - As disponibilidades de moeda estrangeira, em


Caixa ou em Bancos, são expressas no Balanço final à taxa de
câmbio de Valorimetria ou outra que a autoridade cambial vier a
regulamentar.

2. Títulos negociáveis - Cada um dos elementos específicos dos


títulos negociáveis e das outras aplicações de tesouraria será
valorizado pelos critérios para as existências, na medida em que
tal lhes sejam aplicáveis.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 223

3. Créditos e débitos
3.1 As operações em moeda estrangeira, para efeito da sua relevação
contabilística, deverão ser registadas à taxa de cambio de
valorometria ou outra que a autoridade cambial vier a
regulamentar, salvo se o câmbio tiver sido fixado pelas partes ou
garantido por uma terceira entidade. A data do balanço, os
créditos e os débitos serão convertidos à taxa de câmbio de
valorimetria ou outra que a autoridade cambial vier a
regulamentar, salvo se houver fixação ou garantia de cambio.

3.2 Nos créditos e deditos de médio e longo prazo – As diferenças de


câmbios deverão ser registadas em contas específicas, sendo: a)
Diferenças cambiais favoráveis e na conta b) Diferenças de
câmbios desfavoráveis, quando existam expectativas razoáveis de
que ganho ou a perda são reversíveis. Posteriormente, e à medida
que os pagamentos ou recebimentos forem sendo realizados, far-
se-á a sua transferência para a conta c) Diferenças de câmbios
favoráveis, ou para a conta d) Diferenças cambiais desfavoráveis,
consoante exista ganho ou perda efectivos no final do exercício.

3.3 No que se refere às diferenças de câmbio relacionadas com meios


imobilizados, é permitido que somente lhes sejam imputadas
enquanto os mesmos estiverem em curso.
3.4 Quando o valor dos débitos a pagar for superior às
correspondentes quantias arrecadas, a diferença pode ser
registada em subconta especifica da conta Custos diferidos.
3.5 Quando houver expectativas de não recebimento de crédito sobre
terceiros, deve ser constituída provisão em moeda correspondente
ao respectivo risco de incobrabilidade.

4. Meios circulantes materiais


4.1 Nas compras – o custo de aquisição, deve considerar todos os
gastos feitos directa ou indirectamente para colocar os meios
no local de armazenagem.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 224

4.2 Nas produções de empresas públicas – o custo de produção,


considerando-se como tal o que inclua os custos dos meios
circulantes materiais consumidos, da mão-de-obra directa, dos
custos industriais variáveis e dos custos industriais fixos que
houver necessidade de suportar para colocar os bens, no estado
em que se encontram , no local de armazenagem. Os custos
industriais fixos poderão ser imputados ao custo de produção
em função da capacidade normal dos meios de produção. Os
custos administrativos, financeiros e de distribuição, não são
incorporados no custo de produção.
4.3 Nas saídas - Para gestão de existências são permitidos como
métodos o custo médio ponderado, custo-padrão, o custo
baseado nos sistemas FIFO e LIFO ou custo de identificação
especificas.
4.4 No balanço – ao custo de aquisição ou de produção, salvo em
situações excepção tais como: a) nas explorações agrícolas,
sivicolas e pecuária, bem como industria piscotoria e na
industria extrativa; b) nas actividades de carácter de carácter
plurienal, nomeadamente construção de edifícios, estradas,
pontes barragens e construção naval, em que os produtos ou
serviços em cusro podem ser valorizados pelo método da
percentagem de acabamento, e c) Os subprodutos,
desperdícios, resíduos e refugos serão valorizados, na falta de
critérios mais adequados, pelo valor realizável liquido.
4.5 Quando se verifique que a valorização dos meios circulantes
resulta excessiva em resultado da utilização do custo de
aquisição ou de produção, ou se os referidos meios podem ser
considerados obsoletos, tiverem sofrido deterioração física,
quebra de preços, ou outros factos semelhantes, a diferença
entre o preço de venda e a valoração efectuada de acordo com
aqueles critérios deverá ser expressa em adequadas contas de
provisões, as quais serão reduzidas ou anuladas à medida que
deixarem de existir os movimentos que estiveram na origem da
sua constituição

5. Meios imobilizados – O activo imobilizado, incluindo os


investimentos adicionais ou complementares deve ser valorizado
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 225

ao custo de aquisição ou de produção. Quando os respectivos


elementos tiverem uma vida útil limitada, ficam sujeito a uma
amortização sistemática durante esse período, sem prejuízo das
exepções expressamente consignadas.

Contas

Conceito

Da Contabilidade Geral, ficamos a saber que a conta é o conjunto de


elementos patrimoniais com características semelhantes, expressos em
unidades de valor.

A conta é o título representativo de formação, composição, variação e


situação de um património, bem como dos bens, direitos e das obrigações
e situações nele não compreendidas, mas que, directa ou indirectamente,
possam vir a afectá-lo, exigindo, por isso, controlo específico.

Agrupamento

As contas são agrupadas segundo as suas funções, possibilitando:

 identificar, classificar e efectuar a escrituração contabilística, pelo


método das partidas dobradas, dos actos e factos de gestão, de
maneira uniforme e sistematizada;
 conhecer a situação dos responsáveis que, de algum modo, arrecadem
receitas, efectuem despesas e administrem ou guardem bens
pertencentes ou confiados ao Estado;
 acompanhar e controlar a execução orçamental, evidenciando a
receita prevista, cobrada e recolhida, bem como a despesa autorizada,
cabimentada e realizada e, também, as dotações disponíveis;
 elaborar os balanços, mapas de controlo orçamental e as
demonstrações de resultados;
 conhecer a composição e situação do património analisado;
 analisar e interpretar os resultados económicos e financeiros;
 individualizar os credores e devedores, com a especificação
necessária ao controlo contabilístico do direito ou obrigação;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 226

 controlar contabilisticamente os direitos e obrigações oriundas de


ajustes ou contratos de interesse da gestão.

Estruturação

As contas contabilísticas serão estruturadas por níveis de desdobramento,


classificadas e codificadas, de modo a facilitarem o conhecimento e a
análise da situação orçamental, financeira e patrimonial, compreendendo
seis níveis de desdobramento, da seguinte forma:

1º Nível – Classe............................................................. X
2º Nível – Grupo............................................................. X
3º Nível – Subgrupo....................................................... X
4º Nível – Elemento....................................................... X
5º Nível – Sub elemento............................................... X
6º Nível – Item............................................................... XX

Lista de Contas

A lista de contas contabilísticas encontra-se evidenciada no Anexo I do


Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos,
aprovado pelo Diploma Ministerial No 169/2007, de 31 de Dezembro.

Plano de objectos

1. Para além dos seis níveis retromencionados, as contas podem sofrer


desdobramentos de acordo com o plano de objectos, que consiste numa
técnica de codificação do e-SISTAFE para permitir a utilização
simultânea de uma mesma conta contabilística, com atributos distintos,
pelos diversos usuários do sistema, sem a necessidade de desagregação
dos códigos da conta.

2. O plano de objectos cria automaticamente o oitavo nível na estrutura


das contas, que corresponde a um detalhamento interno do e-SISTAFE.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 227

3. Como exemplo ilustrativo do plano de objectos, pode-se indicar a


conta contabilística “Bancos”, cujo desdobramento seria a codificação do
domicílio bancário, composta pelas informações identificadoras de:
“Banco, balcão e conta corrente”.

Escrituração

1. As contas deverão, ainda, ser separadas em “escrituradas”, aquelas que


admitem registos, e “não escrituradas”, aquelas que não admitem
registos. As escrituradas podem receber lançamentos contabilísticos em
quaisquer dos seus níveis, com excepção dos dois primeiros níveis.

2. O primeiro nível representa a classificação máxima na agregação das


contas nas seguintes classes: activo; passivo; despesa; receita; resultado
do exercício; e contas de ordem.

CLASSES E GRUPOS

Activo

1. O activo inclui as contas correspondentes aos bens e direitos,


demonstrando as aplicações de recursos, compreendendo os seguintes
grupos de contas dispostas em decrescente grau de liquidez:

 activo circulante;
 activo realizável a médio e longo prazo;
 activo imobilizado.

2. O activo circulante compreende as disponibilidades de numerário, os


recursos a receber, bem como outros bens e direitos, pendentes ou em
circulação, realizáveis até ao término do exercício seguinte.

3. O activo realizável a médio e longo prazo compreende os bens e


direitos realizáveis, normalmente, após o término do exercício seguinte.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 228

4. O activo imobilizado representa os activos de carácter permanente,


representados pelas imobilizações corpóreas e incorpóreas, bem como as
amortizações e reintegrações acumuladas.

Passivo

1. O passivo compreende as contas relativas às obrigações, evidenciando


as origens dos recursos aplicados no activo, as quais estão dispostas no
PBCP em ordem decrescente de grau de exigibilidade e compreendem os
seguintes grupos:

 passivo circulante;
 passivo exigível a médio e longo prazo;
 resultado de exercícios futuros;
 fundos próprios.

2. O passivo circulante compreende as retenções de curto prazo, as


coberturas de deficits de tesouraria, as obrigações a pagar, e os valores
pendentes, exigíveis até ao término do exercício seguinte.

3. O passivo exigível a médio e longo prazo compreende as obrigações


exigíveis, normalmente, após o término do exercício seguinte.

4. O resultado de exercícios futuros compreende as contas representativas


de receitas de exercícios futuros, bem como das despesas a elas
correspondentes.

5. Os fundos próprios representam o património da gestão, as reservas de


capital e outras que forem definidas, assim como o resultado acumulado
não destinado.

Despesa
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 229

1. A despesa inclui as contas representativas dos recursos despendidos na


gestão a serem computados no apuramento do resultado do exercício, e
estão desdobradas nas seguintes categorias económicas:

 despesas correntes;
 despesas de capital.

2. As despesas correntes compreendem as contas desdobradas em


transferências e aplicações directas, de despesas com pessoal, bens e
serviços, encargos da dívida, subsídios, outras despesas correntes e
exercícios findos.

3. As despesas de capital compreendem as contas desdobradas em


transferências e aplicações directas, de despesas de bens de capital,
operações financeiras e outras despesas de capital.

Receita

1. A receita inclui as contas representativas dos recursos auferidos na


gestão a serem imputados no apuramento do resultado do exercício,
desdobradas nas seguintes categorias econômicas:

 receitas correntes;
 receitas de capital.

2. As receitas correntes compreendem as receitas fiscais, as receitas não


fiscais as consignadas e as de donativos.

3. As receitas de capital correspondem às de alienação de bens, de


donativos e de fundos de empréstimos.

4. A classificação da receita, como corrente ou capital, dependerá da


aplicação em custeio ou investimento.

Resultado de Variação Patrimonial Negativa


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 230

1. O resultado de variação patrimonial negativa inclui as contas


representativas das variações negativas da situação líquida do património
e do apuramento do resultado respectivo, desdobradas nos seguintes
grupos:

 resultado ordinário;
 resultado extraordinário.

2. O resultado ordinário compreende a diminuição da situação líquida do


património correspondente às despesas orçamentais (valores despendidos
que afectam o orçamento do exercício), às interferências passivas
(transferências financeiras efectivas entre UG’s do sistema) e às mutações
passivas (reflexos da contabilização dos factos permutativos decorrentes
da receita orçamental).

3. O resultado extraordinário corresponde à diminuição da situação


líquida do património ocorrida de forma independente da execução
orçamental, incluindo as contas representativas das despesas não
orçamentais, as interferências passivas (incorporam os valores das
transferências para atender às despesas por pagar e valores das
transferências de bens e valores) e os decréscimos patrimoniais
(desincorporação de activos e incorporação de passivos).

Resultado de Variação Patrimonial Positiva

1. O resultado de variação patrimonial positiva inclui as contas


representativas das variações positivas da situação líquida do património
e do apuramento do resultado respectivo, desdobradas nos seguintes
grupos:

 resultado ordinário;
 resultado extraordinário.

2. O resultado ordinário corresponde ao aumento da situação líquida do


património, inclui as contas da receita orçamental (todos os valores
recebidos relativos à execução orçamental da receita), as interferências
activas (transferências financeiras efectivadas entre UG’s do sistema) e as
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 231

mutações activas (reflexos da contabilização dos factos permutativos


decorrentes da despesa orçamental).

3. O resultado extraordinário corresponde ao aumento da situação líquida


do património, ocorrido de forma independente da execução orçamental,
incluindo as contas representativas das receitas não orçamentais,
interferências activas e acréscimos patrimoniais (incorporação de activos
e desincorporação de passivos).

Resultado Patrimonial do Exercício

O resultado patrimonial do exercício é uma conta transitória utilizada no


encerramento do exercício para demonstrar o apuramento do resultado
patrimonial, obtido pelo confronto das variações activas e passivas
ocorridas no período.

Contas de ordem

1. As contas de ordem compreendem as contas de função primária de


controlo, relacionadas com os bens e as obrigações, bem como com as
situações não compreendidas no património mas que, directa ou
indirectamente, possam vir a afectá-lo, inclusive actos e factos
relacionados com a execução orçamental e financeira.

2. Nas contas de ordem activas serão registados dois sistemas, conforme


se demonstra a seguir:

Sistema Orçamental
Actos de Natureza Orçamental
- Controlo da Receita
- Controlo da Despesa
Sistema de Ordem
Actos Administrativos
- Controlo da Programação Financeira
- Controlo das Despesas por Pagar
- Controlo dos Actos Administrativos Potenciais
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 232

1.6.4 SISTEMAS CONTABILÍSTICOS

Definição

O PBCP indica para cada conta contabilística, em nível de escrituração, o


sistema contabilístico a que a mesma pertence, de forma a oferecer maior
segurança no momento dos registos contabilísticos, facilitando a
elaboração dos balanços e demonstrativos exigidos pela Lei n.º 09/2002,
de 12 de Fevereiro. Esses sistemas são classificados em:

 sistema orçamental;
 sistema financeiro;
 sistema patrimonial;
 sistema de ordem.

Sistema orçamental

O sistema orçamental indica as contas contabilísticas que pertencem aos


grupos de contas de controlo orçamental e que tenham interferência
directa no controlo do detalhamento da execução orçamental da receita e

da despesa.

Sistema financeiro

O sistema patrimonial indica as contas contabilísticas pertencentes às


classes do activo, onde estão demonstradas as aplicações dos recursos, e
do passivo, onde estão evidenciadas as origens dos recursos aplicados no
activo, as variações activas patrimoniais e variações passivas
patrimoniais, bem como a conta de apuramento do resultado, resultado
patrimonial do exercício e as que representem saldo patrimonial de
exercícios anteriores, todas sem interferência directa na composição das
disponibilidades de numerário e obrigações pendentes de circulação.

Sistema de ordem:

O sistema de ordem indica as contas contabilísticas que pertencem ao


grupo de contas de controlo não orçamental com função primária de
controlo e no acompanhamento da programação financeira, das despesas
por pagar e de outras que integrem o grupo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 233

Sumário
A conta é o título representativo de formação, composição, variação e
situação de um património, bem como dos bens, direitos e das obrigações
e situações nele não compreendidas, mas que, directa ou indirectamente,
possam vir a afectá-lo, exigindo, por isso, controlo específico.

Meios imobilizados – O activo imobilizado, incluindo os investimentos


adicionais ou complementares deve ser valorizado ao custo de aquisição
ou de produção. Quando os respectivos elementos tiverem uma vida útil
limitada, ficam sujeito a uma amortização sistemática durante esse
período, sem prejuízo das exepções expressamente consignadas

O PBCP indica para cada conta contabilística, em nível de escrituração, o


sistema contabilístico a que a mesma pertence, de forma a oferecer maior
segurança no momento dos registos contabilísticos, facilitando a
elaboração dos balanços e demonstrativos exigidos pela Lei n.º 09/2002,
de 12 de Fevereiro. Esses sistemas são classificados em:

Exercícios
1. As contas contabilísticas são estruturadas por níveis de
desdobramento. Indica três características desses niveis.
2. A valorimetria visa determinar as quantias monetárias pelas quais os
elementos devem ser reconhecidos e inscritos nas respectivas
demonstrações contabilísticas. Quais são essas demonstrações
contabilísticas que refe a citação ?
3. O activo inclui as contas correspondentes aos bens e direitos,
demonstrando as aplicações de recursos, indique e carecterize-as

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 3.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 234

Unidade XXI
Movimentação das Contas

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam explicar o processo
de movimentação das contas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir: contas de uma contabilidade Nacional e operações


contabilisticas
Objectivos  Caracterizar o activo circulante e o passivo circulante;
 Descrever o processo de debite e de credito destes duas contas;
 Descrever o papel dos fundos proprios e do passivo exigivel a
médio e longo prazo;
 Identificar receitas, despesas correntes e capital;
 Saber explicar resultadosorçamental (aumentativo)
 Identificar a inscrição das despesas por pagar e a execução das
despesas por pagar e sua relacção
 Reconhecer a importancia de direitos e obrigacções acordadas.

21.1. Âmbito de Movimentação das Contas

21.1.1. ACTIVO CIRCULANTE

Disponível (1.1.1.0.0.00)
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 235

1. Regista as disponibilidades imediatas e as aplicações de tesouraria de


curto prazo. Consideram-se disponibilidades imediatas os meios
líquidos de pagamento, de propriedade do órgão ou instituição do
Estado, assim como as importâncias que ela tem no Banco,
independentemente da modalidade deste último. O primeiro grupo de
elementos constitui a conta Caixa, enquanto o segundo constitui as
contas de depósitos bancários(CUT, trânsito e compensação
bancária). As aplicações financeiras são operações de curto prazo,
com vista a maximizar aplicação de fundos disponíveis no Tesouro.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo saldo inicial;


 pela entrada de numerário ou outros valores no caixa da
tesouraria;
 pelos valores depositados ou recebidos por intermédio da CUT;
 pelas aplicações e pelos rendimentos auferidos;
 pela incorporação dos saldos das contas do disponível dos órgãos
da administração indirecta e pelo registo do incremento havido
em relação ao saldo anterior;
 pelos depósitos e recebimentos de recursos vinculados em conta
corrente bancária.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela saída de numerário do caixa da tesouraria;


 pelos pagamentos ou débitos diversos efectuados pela CUT;
 pelos resgates e transferências autorizadas nas contas bancárias e
nas aplicações financeiras;
 pelo decréscimo do saldo do disponível dos órgãos da
administração indirecta em relação ao saldo anterior e pela
transferência em razão da extinção ou fusão do órgão;
 pelos pagamentos ou débitos diversos efectuados, com recursos
vinculados, por conta corrente bancária.

Créditos ( 1.1.2.0.0.00 )

1. Regista os direitos realizáveis até ao término do exercício seguinte,


assim como os derivados de vendas, adiantamentos, empréstimos,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 236

valores em trânsito e outros. Integram as contas “CRÉDITOS A


RECEBER”, “DEVEDORES-ENTIDADES E AGENTES”,
“EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS”, “ADIANTAMENTOS
DE FUNDOS CONCEDIDOS”, “DEPÓSITOS REALIZÁVEIS A
CURTO PRAZO”, “VALORES EM TRÂNSITO REALIZÁVEIS” e
“OUTROS CRÉDITOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela apropriação de créditos a receber pendentes de classificação;


 pela arrecadação pelo agente arrecadador;
 pela inscrição de créditos fiscais ou não fiscais realizáveis a curto
prazo;
 pelas apropriação de outros créditos a receber;
 pelos valores devidos por entidades e agentes diversos;
 pelas inscrições das responsabilidades por apurar;
 pelas concessões, ajustes ou reajustes de empréstimos e
financiamentos realizáveis a curto prazo;
 pelos valores dos depósitos efectuados realizáveis a curto prazo,
bem como pelos seus ajustes e reajustes;
 pelos valores recebidos em transferências;
 pelo registo dos valores a creditar ou a compensar, bem como os
valores a serem apropriados em outras contas;
 pelo registo de valores devidos para pagamento de obrigação;
 pelo registo da incorporação dos saldos das contas integrantes
dos créditos em circulação dos órgãos da administração indirecta
e pelo registo do incremento havido em relação ao saldo anterior;
 pelo pagamento e pela inscrição em despesas a pagar da despesa
orçamental de capital e pela incorporação transitória de materiais
permanentes ao investimento em execução, aguardando
destinação específica.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo recebimento ou classificação dos créditos junto aos agentes


arrecadadores;
 pelo efectivo recebimento, diminuição ou cancelamento de
valores inscritos em créditos fiscais ou não fiscais;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 237

 pelas diminuições de créditos a receber;


 pelos recebimentos de outros créditos;
 pelo valor recebido ou regularizado de entidades diversas;
 pelos ressarcimentos dos valores inscritos sob responsabilidade
ou pela anulação dos mesmos;
 pelos recebimentos dos créditos referentes à concessão de
empréstimos e financiamentos realizáveis a curto prazo;
 pelos resgates e transferências autorizadas;
 pela compensação dos valores a creditar e pela apropriação em
outra conta;
 pelo recebimento, anulação e estorno de valores devidos para
pagamento de obrigações;
 pela diminuição de incorporações de saldos de órgãos da
administração indirecta e pelo decréscimo do saldo de crédito
sem circulação de órgãos da administração indirecta em relação
àquele anterior e pela transferência em razão da extinção ou
fusão do órgão;
 pela diminuição ou entrega efectiva dos bens que não sejam
incorporados no património do Estado e pelo recebimento dos
materiais relacionados em despesas a pagar.

Materiais (1.1.3.0.0.00)

1. Regista todos os bens armazenáveis adquiridos ou produzidos pela


instituição ou órgão. Compreende as EXISTÊNCIAS, MATERIAIS
EM TRÂNSITO e IMPORTAÇÕES EM CURSO.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelas aquisições de materiais permanentes ou de consumo em


trânsito, em armazéns;
 pela entrada de materiais permanentes ou de consumo recebidos,
ainda que por donativos, transferências ou outras formas, desde
que transitem pelo armazém.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 238

3. VCREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelas diminuições por consumo;


 pelas transferências a outras entidades;
 pelas saídas do armazém de bens destinados a uso duradouro;
 pelos valores dos donativos concedidos e outras baixas.

Bens e valores pendentes (1.1.4.0.0.00)

1. Regista o somatório dos valores dos custos e despesas pagos


antecipadamente e os valores diferidos. Integram as contas
“DESPESAS ANTECIPADAS”, “VALORES DIFERIDOS” e
“OUTROS VALORES PENDENTES A CURTO PRAZO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo registo das despesas pendentes de regularização.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela classificação da despesa, anteriormente pendente
de regularização.

21.1.2. REALIZÁVEL A MÉDIO E LONGO PRAZO

Créditos realizáveis a médio e longo prazo (1.2.1.0.0.00)

1. Regista os créditos e demais direitos a receber referentes a


empréstimos, financiamentos, títulos e valores, com prazo de
realização posterior à data do Balanço do exercício seguinte.
Compreende as contas “CRÉDITOS DO ESTADO”,
“DEVEDORES-ENTIDADES E AGENTES”, “EMPRÉSTIMOS E
FINANCIAMENTOS”, “CRÉDITOS A RECEBER”, “TÍTULOS E
VALORES” e, como conta rectificadora, “PROVISÃO PARA
PERDAS PROVÁVEIS EM CRÉDITO”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela inscrição da dívida activa, fiscal ou não;


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 239

 pelas concessões, ajustes ou reajustes de empréstimos e


financiamentos realizáveis a médio e longo prazo;
 pela apropriação de créditos diversos a receber;
 pelo registo da incorporação dos saldos das contas integrantes
dos créditos realizáveis a médio e longo prazo da administração
indirecta e pelo registo do incremento havido em relação ao saldo
anterior.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo recebimento, diminuição ou cancelamento de valores


inscritos na dívida activa, fiscal ou não;
 pelos recebimentos de créditos referentes à concessão de
empréstimos e financiamentos;
 pela diminuição de valores relativos a outros créditos realizáveis
a médio e longo prazo;
 pela diminuição de saldos de créditos realizáveis a médio e longo
prazo dos órgãos da administração indirecta e pelo decréscimo do
saldo de créditos realizáveis a médio e longo prazo dos órgãos da
administração indirecta em relação àquele anterior e pela
transferência em razão da extinção ou fusão do órgão.

21.1.3. IMOBILIZADO

Corpóreo (1.3.1.0.0.00)

1. Regista o montante dos bens permanentes destinados à manutenção


das actividades da unidade.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor inicial;


 pela valorização dos bens já incorporados.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pelas alienações, diminuições por perdas, donativos ou
transferências;
 pela desvalorização dos bens.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 240

Incorpóreo (1.3.2.0.0.00)

1. Regista as participações permanentes em outras sociedades e os


direitos de qualquer natureza, não classificáveis no activo circulante
ou no realizável a médio e longo prazo que não se destinem à
manutenção da actividade do órgão ou entidade. Compreende as
contas “ PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS”, “TÍTULOS E
VALORES” e “OUTROS BENS INCORPÓREOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo registo em participações societárias ou outras não


compreendidas no subgrupo corpóreo;
 pela reavaliação, a mais, de títulos mobiliários de propriedade do
Estado.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela diminuição dos investimentos por venda, doação ou perda;
 pela reavaliação, a menos, de títulos mobiliários de propriedade do
Estado.

Amortizações e reintegrações (1.3.3.0.0.00)

1. Regista a perda de valor de um activo imobilizado.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela anulação das amortizações acumuladas, por alienação,
transferências e outras diminuições de bens de activo.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo registo das amortizações dos gastos diferidos;


 pelo estorno com a anulação parcial ou total do valor do lançamento.

21.1.4. PASSIVO CIRCULANTE

Retenções De Curto Prazo (2.1.1.0.0.00)

1. Regista os débitos exigíveis até ao término do exercício seguinte,


relativos a recebimentos a título de depósitos, consignados em folha,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 241

cauções e outros. Compreende as contas “CONSIGNAÇÕES” e


“DEPÓSITOS E CAUÇÕES”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelas entregas ou recebimentos das importâncias descontadas na


folha;
 pelas diminuições, cancelamentos ou anulações;
 pela realização das despesas extra-orçamentais em geral,
exceptuando-se as referentes a despesas a pagar;
 pelas conversões em receita extra-orçamental, quando for o caso.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo recebimento de recursos e depósitos diversos;


 pela entrada de receita extra-orçamental em geral, exceptuando-
se as referentes a despesas a pagar.

Créditos para cobertura de Déficits De Tesouraria (2.1.2.0.0.00)

1. Regista os débitos exigíveis referentes a compromissos assumidos


para cobertura de insuficiência de caixa, compreendendo as contas
“COBERTURA EM TÍTULOS” e “COBERTURA EM
CONTRATOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo pagamento, cancelamento ou prescrição da despesa inscrita


em serviço da dívida a pagar;
 pela devolução de recursos obtidos junto às diversas entidades
credoras e das restituições apropriadas no fundo da dívida
pública.
3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pela despesa inscrita em serviço da dívida a pagar.

Obrigações a pagar (2.1.3.0.0.00)

1. Regista os compromissos assumidos, exigíveis até ao final do


exercício seguinte, representados pelos elementos
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 242

“FORNECEDORES”, “PESSOAL A PAGAR”, “ENCARGOS


SOCIAIS A RECOLHER-EMPREGADOR”, “PROVISÕES
SALARIAIS”, “OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS”, “DESPESAS
POR PAGAR”, “ADIANTAMENTOS RECEBIDOS” e “VALORES
EM TRÂNSITO EXIGÍVEIS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelos pagamentos efectuados a fornecedores, credores e pessoal;


 pela recolha de valores de encargos sociais;
 pela ausência de responsabilidade ou comprovação de
recolhimento da
indemnização;
 pelo pagamento, cancelamento ou prescrição de despesa inscrita
em “despesas por pagar”.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pelos valores iniciais;
 pelos valores referentes às despesas a serem pagas a
fornecedores, credores e pessoal;
 pelos valores dos encargos sociais a recolher;
 pelo registo da responsabilidade;
 pela despesa inscrita em despesas por pagar.

Valores pendentes (2.1.4.0.0.00)

1. Regista o passivo transitório ou nominal, ou ainda a regularizar,


representado pelos elementos “RECEITAS PENDENTES”,
“VALORES DIFERIDOS” e “OUTROS VALORES PENDENTES
A CURTO PRAZO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela classificação da receita.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelos recebimentos de valores de diversas origens.

21.1.5. PASSIVO EXIGÍVEL A MÉDIO E LONGO PRAZO


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 243

Dívida Interna (2.2.1.0.0.00)

1. Regista as obrigações exigíveis após o término do exercício seguinte,


classificados nos elementos obrigações de crédito interno.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo resgate e amortização de títulos exigíveis a médio e longo


prazo referentes à dívida interna;
 pelo pagamento e amortização de valores provenientes de
contratos exigíveis a médio e longo prazo.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela colocação de títulos no mercado, resgatáveis a médio e
longo prazo, referentes à dívida interna;
 pelo recebimento dos valores provenientes de contratos
resgatáveis a médio e longo prazo.

Dívida Externa (2.2.2.0.0.00)

1. Regista as obrigações exigíveis após o término do exercício seguinte,


classificados nos elementos obrigações de crédito externo

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo resgate e amortização de títulos exigíveis a médio e longo


prazo referentes à dívida externa;
 pelo pagamento e amortização de valores provenientes de
contratos exigíveis a médio e longo prazo.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela colocação de títulos no mercado, resgatáveis a médio e
longo prazo, referentes à dívida externa;
 pelo recebimento dos valores provenientes de contratos de médio
e longo prazo.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 244

21.1.6. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

Receitas De Exercícios Futuros (2.3.1.0.0.00)

1. Regista o valor de receitas que deverão ser reconhecidas em outros


exercícios (futuros).

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela transferência para o resultado do exercício da parcela


correspondente;
 pela transferência em razão da extinção ou fusão do órgão.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pelo recebimento de receita de exercícios futuros;
 pelo estorno com a anulação parcial ou total do valor do
lançamento.

21.1.7. FUNDOS PRÓPRIOS

Património / Capital (2.4.1.0.0.00)

1. Regista o resultado patrimonial dos órgãos da administração directa


bem como o capital dos órgãos da administração indirecta,
compreendendo os elementos “PATRIMÓNIO” e “CAPITAL
REALIZADO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo resultado patrimonial negativo apurado no exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo resultado patrimonial positivo apurado no
exercício.

Ajustamentos Do Capital (2.4.2.0.0.00)

1. Regista os ajustamentos do capital decorrentes da utilização das


reservas.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela incorporação das reservas no Património/Capital.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 245

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela utilização das reservas.

Reservas (2.4.3.0.0.00)

1. Regista as parcelas dos fundos próprios que não constituem aumento


de capital ou que não transitaram pelo resultado como receita ou que
se originaram do acréscimo de valor de elementos do activo ou de
lucros não distribuídos, compreendendo os elementos “RESERVAS
DE CAPITAL”, “RESERVAS DE REAVALIAÇÃO”, “RESERVAS
DE LUCROS” e “RESERVAS TÉCNICAS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela utilização da reserva.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela constituição da reserva;


 pelo estorno com a anulação parcial ou total do valor do
lançamento.

Subsídios e Doações (2.4.4.0.0.00)

1. Regista as parcelas dos fundos próprios reservadas a título de


subsídio e de doações.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela utilização da doação ou subsídio.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela constituição da reserva;


 pelo estorno com a anulação parcial ou total do valor do
lançamento.

Resultado Acumulado (2.4.5.0.0.00)


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 246

1. Regista o saldo remanescente dos lucros (ou prejuízos) líquidos das


transferências para reservas de lucros e dos dividendos distribuídos.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelos ajustes de exercícios futuros;


 pelo estorno com a anulação parcial ou total do valor do
lançamento.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela reversão de reservas;
 pelos ajustes de exercícios anteriores.

21.1.8. DESPESAS CORRENTES

Pessoal (3.1.1.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com pagamento pelo efectivo


exercício do cargo ou emprego público, compreendendo os elementos
“SALÁRIOS E REMUNERAÇÕES” e “OUTRAS DESPESAS
COM O PESSOAL”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com pessoal e encargos realizados no


exercício;
 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Despesas com bens e serviços (3.1.2.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com a aquisição de bens e serviços.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com bens e serviços realizada no exercício;


 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 247

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Encargos da divída (3.1.3.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com encargos da dívida interna e


externa.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com juros e encargos da dívida realizada no


exercício;
 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Transferências Correntes (3.1.4.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com transferências financeiras para


atender outras despesas correntes, compreendendo os elementos
“TRANSFERÊNCIAS A ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS”,
“TRANSFERÊNCIAS A ADMINISTRAÇÕES PRIVADAS”,
“TRANSFERÊNCIAS A FAMÍLIAS” e “TRANSFERÊNCIAS AO
EXTERIOR”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com transferências correntes realizada no


exercício;
 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela anulação da despesa;


 pelo encerramento do exercício.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 248

Subsídios (3.1.5.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas consignadas como subsídios,


compreendendo os elementos “SUBSÍDIOS À SOCIEDADE” e
“OUTROS SUBSÍDIOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com subsídios realizada no exercício;


 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Outras despesas correntes (3.1.6.0.0.00)

1. Regista o somatório das demais despesas correntes não caracterizadas


nas rubricas anteriores.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor das outras despesas correntes realizadas no exercício;


 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Exercícios Findos (3.1.7.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas, pagas no exercício, cuja origem


(competência) pertence ao exercício anterior.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo valor da despesa referente a exercício encerrado paga no
exercício.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 249

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela anulação da despesa;


 pelo encerramento do exercício.

21.1.9. Despesas De Capital

Bens de Capital (3.2.1.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com o planejamento e a execução


de obras, incluindo a aquisição de imóveis considerados necessários à
realização destas últimas, bem como os programas especiais de
trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material
permanente, compreendendo os elementos “CONSTRUÇÕES”,
“MAQUINARIA E EQUIPAMENTO” e “OUTROS BENS DE
CAPITAL”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com bens de capital realizada no exercício;


 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Transferências de Capital (3.2.2.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com transferências financeiras


destinadas ao aumento de capital de outras entidades, compreendendo
os elementos “A ADMINISTRAÇÕES AUTÓNOMAS” e
“OUTRAS TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com transferências de capital realizada no


exercício;
 pela inscrição das citadas despesas por pagar não processadas.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 250

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Outras despesas de Capital (3.2.3.0.0.00)

1. Regista o somatório das demais despesas de capital não classificáveis


nas rubricas anteriores.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor das outras despesas de capital realizadas no exercício;


 pela inscrição das despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.

Operações Financeiras (3.2.4.0.0.00)

1. Regista o somatório das despesas com a aquisição de imóveis ou bens


de capital já em utilização ou aquisição de títulos representativos do
capital de entidades já constituídas quando a operação não importe
aumento de capital, compreendendo os elementos “OPERAÇÕES
ACTIVAS” e “OPERAÇÕES PASSIVAS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor da despesa com operações financeiras realizada no


exercício;
 pela inscrição das despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela anulação da despesa;
 pelo encerramento do exercício.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 251

21.1.10.RECEITAS CORRENTES

Receita Fiscal (4.1.1.0.0.00)

1. Regista o somatório da arrecadação de receita proveniente de


tributos, compreendendo os elementos “IMPOSTOS SOBRE O
RENDIMENTO”, “IMPOSTO SOBRE BENS E SERVIÇOS” e
“OUTROS IMPOSTOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação da classificação da receita arrecadada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pela classificação da receita fiscal arrecadada durante o
exercício.

Receita não-fiscais (4.1.2.0.0.00)

1. Regista o somatório da arrecadação de receita de taxas e


contribuições, compreendendo os elementos “TAXAS DIVERSAS
DE SERVIÇOS” e “OUTRAS RECEITAS NÃO-FISCAIS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação da classificação da receita arrecadada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela classificação da receita fiscal arrecadada durante o
exercício.

21.1.11.RECEITAS DE CAPITAL

Alienação de bens (4.2.1.0.0.00)

1. Regista o somatório da arrecadação de receita oriunda da conversão


em moeda de bens e direitos.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação da classificação da receita arrecadada.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 252

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela classificação da receita referente à alienação de
bens arrecadada durante o exercício.

Donativos ( 4.2.2.0.0.00)

1. Regista o somatório da arrecadação de receita proveniente de


donativos, compreendendo os elementos “CONTRAVALORES
(DONATIVOS) NÃO CONSIGNADOS”, “CONTRAVALORES
(DONATIVOS) CONSIGNADOS A PROJECTOS”, “DONATIVOS
EM ESPÉCIE A PROJECTOS” e “OUTROS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação da classificação da receita arrecadada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela classificação da receita referente a donativos
arrecadada durante o exercício.

Fundos dos empréstimos internos (4.2.3.0.0.00)

1. Regista o somatório da arrecadação de receita relativa à amortização


de empréstimos internos, compreendendo os elementos “BANCO
CENTRAL”, “OUTROS BANCOS” E “INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS” e “EMISSÃO DE OBRIGAÇÕES”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação da classificação da receita arrecadada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela classificação da receita referente a empréstimos
internos arrecadada durante o exercício.

Fundos dos empréstimos externos (4.2.4.0.0.00)


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 253

1. Regista o somatório da arrecadação de receita relativa à amortização


de empréstimos externos, compreendendo os elementos
“CONTRAVALORES (CRÉDITOS) NÃO CONSIGNADOS”,
“CONTRAVALORES (CRÉDITOS) CONSIGNADOS A
PROJECTOS” e “EMPRÉSTIMOS EM ESPÉCIE A PROJECTOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação da classificação da receita arrecadada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela classificação da receita referente a empréstimos
externos arrecadada durante o exercício.

21.1.12. Resultado Orçamental (Diminutivo)

Despesa Orçamental (5.1.1.0.0.00)

1. Regista o valor da transferência dos saldos das contas de despesa por


ocasião do encerramento do exercício, compreendendo os elementos
“DESPESA CORRENTE” e “DESPESA DE CAPITAL”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela transferência dos saldos das contas de despesa.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

Transferências de bens e valores concedidos (5.1.2.0.0.00)

1. Regista o valor das transferências financeiras concedidas e


correspondência de créditos em virtude da execução orçamental,
compreendendo os elementos “TRANSFERÊNCIAS
FINANCEIRAS CONCEDIDAS” e “CORRESPONDÊNCIA DE
CRÉDITOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelas concessões e descentralizações de quotas;


 pela correspondência de créditos.

2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 254

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

Mutações patrimoniais passivas (5.1.3.0.0.00)

1. Regista as variações ocorridas no exercício que reflectem o equilíbrio


do resultado da gestão, em virtude de execução orçamental, das
diminuições de créditos, incorporações de obrigações e os ajustes
correspondentes, compreendendo os elementos “DIMINUIÇÕES DE
ACTIVOS” e “INCORPORAÇÃO DE PASSIVOS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela alienação de bens e de valores;


 pelo valor do recebimento de créditos;
 pelas diminuições ou recebimentos de valores inscritos em dívida
activa;
 pela incorporação de passivos decorrente da execução
orçamental, relativos a operações de créditos, entre outras.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

21.1.13.Resultado Extra-Orçamental (Diminutivo)

Despesas extra-orçamentais (5.2.1.0.0.00)

1. Regista o valor total das despesas não vinculadas à execução


orçamental realizadas durante o exercício, compreendendo os
elementos “DESPESAS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS”,
“DESPESAS DE ENTIDADES COMERCIAIS” e “DESPESAS E
CUSTOS DE ENTIDADES INDUSTRIAIS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela transferência dos saldos das contas de despesa.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 255

Transferências de bens e valores concedidos (5.2.2.0.0.00)

1. Regista o valor das transferências de bens e valores, transferências


financeiras e movimento de fundos a crédito independente da
execução orçamental, compreendendo os elementos
“TRANSFERÊNCIAS DE BENS CONCEDIDOS”, “OUTRAS
TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS CONCEDIDAS”,
“MOVIMENTO DE FUNDOS A CRÉDITO” e “OUTRAS
TRANSFERÊNCIAS DE BENS E VALORES CONCEDIDAS”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela concessão em transferência de bens e valores;


 pela transferência de valores a creditar em outra UG;
 pela incorporação ou desincorporação de saldos financeiros, não-
financeiros e compensados.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

Decréscimos patrimoniais (5.2.3.0.0.00)

1. Regista o valor das variações patrimoniais negativas decorrentes da


baixa de activos que não dependam da execução orçamental.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela diminuição dos activos.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

Incorporação de saldos passivos (5.2.9.0.0.00)

1. Regista as variações ocorridas no exercício em função das


diminuições de créditos, incorporações de obrigações com ajustes
correspondentes, incluindo as correcções da dívida interna e externa e
as transferências do resultado da dívida pública.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelos valores das incorporações de obrigações e suas respectivas


actualizações e ajustes;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 256

 pelo registo de incorporações de passivos e de despesas extra-


orçamentais de órgãos da administração indirecta.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pelo encerramento do exercício.

21.1.14. Resultado Orçamental (Aumentativo)

Receita Orçamental (6.1.1.0.0.00)

1. Regista o valor da transferência dos saldos das contas de receitas por


ocasião do encerramento do exercício, compreendendo os elementos
“RECEITA CORRENTE” e “RECEITA DE CAPITAL”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela transferência dos saldos das contas de receita, no
final do exercício.

Transferências de bens e valores recebidos (6.1.2.0.0.00)

1. Regista o valor das transferências financeiras recebidas e


correspondência de débitos em virtude da execução orçamental,
compreendendo os elementos “TRANSFERÊNCIAS
FINANCEIRAS RECEBIDAS” e “CORRESPONDÊNCIA DE
DÉBITOS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo recebimento de quotas e de quotas de
descentralização entre UG.

Mutações patrimoniais cctivas (6.1.3.0.0.00)

1. Regista as variações ocorridas no exercício que reflectem o equilíbrio


do resultado da gestão da Unidade, em virtude de execução
orçamental, das operações de resgate de créditos recebidos e das
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 257

aquisições de bens e valores, compreendendo os elementos


“INCORPORAÇÃO DE ACTIVOS” e “DIMINUIÇÃO DE
PASSIVOS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelas aquisições de bens móveis e imóveis;


 pelos valores de concessão de empréstimo ou financiamento;
 pelos valores dos custos ou serviços;
 pela desincorporação de passivos relativos a operações de
créditos;
 pelo registo da inscrição de bens a incorporar.

21.1.15. Resultado Extra-Orçamental (Aumentativo)

Receitas Extra-Orçamentais (6.2.1.0.0.00)

1. Regista o valor total das receitas independentes da execução


orçamental, arrecadadas durante o exercício, compreendendo os
elementos “RECEITAS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS”,
“RECEITAS DE ENTIDADES COMERCIAIS” e “RECEITAS DE
ENTIDADES INDUSTRIAIS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela transferência dos saldos das contas de receita, no
final do exercício.

Transferências de bens e valores recebidos (6.2.2.0.0.00)

1. Regista o valor das transferências financeiras e movimento de fundos


a débito, independente da execução orçamental, compreendendo os
elementos “TRANSFERÊNCIAS DE BENS RECEBIDOS”,
“OUTRAS TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS RECEBIDAS”,
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 258

“MOVIMENTO DE FUNDOS A DÉBITO” e “OUTRAS


TRANSFERÊNCIAS RECEBIDAS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo recebimento em transferência de bens e valores;


 pelos valores das transferências de valores a debitar em outra
UG;
 pela incorporação ou desincorporação de saldos financeiros, não-
financeiros e compensados.

Acréscimos Patrimoniais (6.2.3.0.0.00)

1. Regista as variações ocorridas no exercício que provocam variações


positivas no património, resultantes de factos independentes da
execução orçamental, em função da incorporação de bens e créditos,
diminuição de obrigações e dos ajustes correspondentes,
compreendendo os elementos “INCORPORAÇÃO DE ACTIVOS”,
“AJUSTES DE BENS”, “VALORES E CRÉDITOS”,
“DESINCORPORAÇÃO DE PASSIVOS”, “AJUSTES DE
OBRIGAÇÕES”, “AJUSTES MONETÁRIOS DO BALANÇO”,
“RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL”,
“AJUSTES DE EXERCÍCIO ANTERIORES” e “ACRÉSCIMOS
PATRIMONIAIS DIVERSOS”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelos valores de incorporação de bens móveis e imóveis;


 pelos valores das incorporações de títulos e valores;
 pelos registos das incorporações de direitos;
 pelos valores dos ajustes de bens, valores e créditos;
 pelos valores das desincorporações de passivos;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 259

 pelo registo da desincorporação de passivos e receitas extra-


orçamentais dos órgãos da administração indirecta.

21.1.16.Resultado Patrimonial

Resultado apurado (6.3.1.0.0.00)

1. Regista os valores das transferências das contas de resultado


devedores e credores por ocasião do encerramento do exercício.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela transferência das contas devedoras de resultado;


 pela transferência do saldo devedor para as contas de resultados.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela transferência das contas credoras de resultado;
 pela transferência do saldo credor para a conta de património/capital;
 pelo estorno com a negativação parcial ou total do valor do
lançamento.

21.1.17.Execução Orçamental da Receita (Activa)

Realização orçamental da Receita (7.1.1.0.0.00)

1. Regista os valores oriundos da receita inicial e adicional a realizar e


sua realização, segundo a natureza da receita ou fonte de recurso.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela previsão inicial e adicional da receita;


 pela restituição, dedução, desconto e anulação de receita;
 pela realização de receita.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela realização da receita;
 pela restituição, dedução, desconto e anulação de receita;
 pelo encerramento do exercício.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 260

21.1.18.Fixação Orçamental da Despesa (Activa)

Dotação orçamental (7.2.1.0.0.00)

1. Regista a dotação orçamental, compreendendo os elementos


“DOTAÇÃO INICIAL”, “REFORÇO DE DOTAÇÃO”,
“DOTAÇÃO ANULADA” (rectificadora) e “DOTAÇÃO
REDISTRIBUÍDA”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela dotação inicial;


 pela abertura ou reabertura de créditos adicionais.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pelo encerramento do exercício;
 pelas anulações de dotações.

Movimento de Dotação Orçamental (7.2.2.0.0.00)

1. Regista a movimentação orçamental ao longo do exercício,


compreendendo os elementos “MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO
RECEBIDA” e, como rectificadora, “ANULAÇÃO DA
MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO RECEBIDA”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela liberação de dotação.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação de libertação de dotação.

Detalhamento de dotação (7.2.3.0.0.00)

1. Regista o detalhamento da dotação orçamental, compreendendo os


elementos “DOTAÇÕES A DETALHAR – FR, PS E UGB” e
“OUTROS DETALHAMENTOS DE DOTAÇÃO”.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 261

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelos valores dos acréscimos resultantes das alterações do
detalhamento de dotação.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pelas reduções ocorridas em função de alterações do
detalhamento de dotação.

Execução da despesa (7.2.4.0.0.00)

1. Regista a execução da despesa ao longo do exercício, representada no


elemento “CABIMENTO POR EMISSÃO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo cabimento ou reforço de cabimento da despesa.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação de cabimento no próprio exercício.

21.1.19.Execução da Programação Financeira (Activa)

Quota de Despesa (7.3.1.0.0.00)

1. Regista a movimentação da programação financeira referente às


quotas de despesas, compreendendo os elementos “QUOTA DE
DESPESA AUTORIZADA”, “QUOTA FINANCEIRA
PROGRAMADA”, “QUOTA FINANCEIRA
DESCENTRALIZADA” e “OUTRAS QUOTAS DE DESPESA”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela libertação de quota financeira em função da dotação orçamental
autorizada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela anulação da quota financeira libertada.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 262

Disponibilidades financeiras (7.3.2.0.0.00)

1. Regista a movimentação da programação financeira em termos de


disponibilidades, compreendendo os elementos
“DISPONIBILIDADE POR FR” e “OUTRAS
DISPONIBILIDADES”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo cancelamento de obrigações do passivo financeiro, incluindo


os de despesas por pagar;
 pela realização da receita;
 pela transferência de recursos classificáveis como receita noutra
UG.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pelas diminuições decorrentes de liquidação, anulação,
cancelamento ou transferências efectuadas;
 pela inscrição em despesas por pagar não processadas;
 pela anulação de receita.

21.1.20. Execução das Despesas por pagar (Activa)

Inscrição das Despesas por pagar (7.4.1.0.0.00)

1. Regista o valor da inscrição das despesas cabimentadas e não pagas


até ao último dia do exercício.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela inscrição em despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo cancelamento de despesas por pagar (cabimento
do exercício anterior).

21.1.21. Inscrição das Despesas por pagar

Exercícios Anteriores (7.4.2.0.0.00)

1. Regista o valor da inscrição das despesas cabimentadas e não pagas


em exercícios anteriores.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 263

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela liquidação de despesas por pagar de exercícios anteriores;


 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

21.1.22. Execução de Acordos e Contratos

Valor acordado (7.5.1.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total acordado.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor firmado ou acrescido;


 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pelo encerramento do exercício.

Acordos e contratos a receber (7.5.2.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total de acordos e contratos a


receber.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor firmado ou acrescido;


 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pelo recebimento.

Acordos e contratos a comprovar (7.5.3.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total de acordos e contratos a


comprovar.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo recebimento de parcela de recursos;


 pelos estornos com a diminuição dos saldos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 264


3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pela comprovação.

Acordos E Contratos Comprovados (7.5.4.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total de acordos e contratos


comprovados.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor comprovado;


 pelos estornos com a anulação dos saldos.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pelo encerramento do exercício;
 pela impugnação dos valores comprovados.

Contas de ordem activas diversas (7.9.0.0.0.00)

Regista o valor dos demais actos praticados pela administração que, pela
sua natureza, não são postos em evidência nem controlados quer por
contas patrimoniais quer por contas de resultado.

21.1.23.Previsão Orçamental da Receita

Previsão orçamental – natureza da receita (8.1.1.0.0.00)

1. Regista a receita prevista no orçamento geral, bem como a previsão


adicional.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento no final do exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela previsão da receita conforme a lei do OE.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 265

Previsão Orçamental – Fonte De Recursos (8.1.2.0.0.00)

1. Regista o detalhamento da receita prevista no orçamento geral por


FR.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento no final do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela previsão da receita conforme a lei do OE;


 pela previsão adicional.

21.1.24. Execução Orçamental da Despesa (Passiva)

Disponibilidades de dotações orçamentais (8.2.1.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das disponibilidades das dotações


orçamentais, compreendendo os elementos “DOTAÇÃO
DISPONÍVEL”, “DOTAÇÃO INDISPONÍVEL” e “DOTAÇÃO
UTILIZADA”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela contenção e veto de dotação orçamental;


 pela dedução de dotação orçamental;
 pelo contingenciamento de dotações disponíveis;
 pela indisponibilidade de dotações.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela concessão de dotação orçamental;
 pela libertação de dotação contida;
 pela anulação da movimentação de dotação;
 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 266

Movimentação de dotação orçamental (8.2.2.0.0.00)

1. Regista a movimentação orçamental da despesa, compreendendo os


elementos “MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO CONCEDIDA” e,
como rectificadora, “ANULAÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO DE
DOTAÇÃO CONCEDIDA”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela anulação da provisão;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela concessão da provisão;


 pelos estornos efectuados com a negativação dos saldos.

Detalhamento de Dotação (8.2.3.0.0.00)

1. Regista o detalhamento de dotação no menor nível do elemento de


despesa orçamental, compreendendo os elementos “DOTAÇÃO A
DETALHAR - FR,PSET, PSEC E UGB” e “OUTROS
DETALHAMENTOS DE DOTAÇÃO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo detalhamento da dotação orçamental;


 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

Execução da despesa (8.2.4.0.0.00)

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.2.4.0.0.00, com o


valor correspondente à realização da despesa mediante efectiva
aplicação em um objecto definido no OE dos recursos orçamentais
fixados, representada no elemento “EMISSÃO DE CABIMENTO”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 267

 pela apropriação das despesas;


 pela anulação do cabimento;
 pelo estorno da liquidação;
 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pelo cabimento ou reforço;
 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos;
 pela liquidação da despesa.

21.1.25. Execução da Programação Financeira (Passiva)

Quota de despesa orçamental (8.3.1.0.0.00)

1. Regista o valor das quotas de despesas e despesas a pagar


autorizadas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela anulação, utilização ou cancelamento da quota financeira;


 pela liquidação das despesas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):

 pelo cancelamento, reprogramação ou utilização da quota


financeira;
 pela reprogramação de quota cabimentada;
 pela liquidação das despesas.

Disponibilidades financeiras (8.3.2.0.0.00)

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.3.2.0.0.00

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela liquidação das despesas;


 pela inscrição em despesas por pagar não processadas;
 pela saída de numerário do Banco;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 268

 pela quota concedida entre UG’s;


 pela quota de descentralização concedida;
 pelo subsídio de tesouraria concedido;
 pela anulação de receita;
 pela anulação do cabimento dentro do próprio exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela liquidação das despesas;


 pelo cancelamento de despesas por pagar;
 pelas anulações de despesas;
 pela quota recebida de UG;
 pela quota de descentralização recebida;
 pelo subsídio de tesouraria recebido;
 pela apropriação de receitas;
 pela liquidação de despesas por pagar.

Outras programações (8.3.9.0.0.00)

1. Regista o valor das operações em títulos da dívida pública e outras


previstas na programação financeira.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela apropriação da emissão e de descontos;


 pelos estornos com a anulação parcial ou total do valor do
lançamento.

21.1.26. Execução das Despesas por pagar (Passiva)

Despesas por pagar a liquidar (8.4.1.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das despesas por pagar não liquidadas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 269

 pela liquidação das despesas por pagar;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela inscrição de despesas por pagar;
 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

Despesas por pagar liquidadas (8.4.2.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das despesas por pagar liquidadas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo pagamento de despesas por pagar liquidadas;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela liquidação de despesas por pagar;
 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

Despesas por pagar canceladas (8.4.9.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das despesas por pagar canceladas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo cancelamento de despesas por pagar;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

21.1.27.Direitos e Obrigações Acordadas

Celebração de acordos e contratos (8.5.1.0.0.00)


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 270

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.5.1.0.0.00.

2. DEBITA-SE e CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível


de escrituração).

Compensações passivas diversas (8.9.0.0.0.00)

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.9.0.0.0.00.

2. DEBITA-SE e CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível


de escrituração).

21.1.28. Operações Contabilísticas

Definições

1. Entende-se como Operações Contabilísticas (OC’s) qualquer acto ou


facto que mereça registo contábil no e-SISTAFE. Assim, para cada
transacção que mereça registo contabilístico, está associada uma
correspondente OC.

2. Para cada OC, é definido o correspondente roteiro de contabilização


no e-SISTAFE, com tantos lançamentos quantos sejam necessários.
Esses roteiros de contabilização contemplam lançamentos:

 para a unidade que está a efectuar o registo;


 para a unidade que seja destinatária da acção, caso a favorecida
seja outra unidade do e-SISTAFE.

3. A tabela de OC’s encontra-se discriminada no Anexo K deste


Manual.

Sumário
Consideram-se disponibilidades imediatas os meios líquidos de
pagamento, de propriedade do órgão ou instituição do Estado, assim
como as importâncias que ela tem no Banco, independentemente da
modalidade deste último
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 271

Disponível (1.1.1.0.0.00), o primeiro grupo de elementos constitui a conta


Caixa, enquanto o segundo constitui as contas de depósitos
bancários(CUT, trânsito e compensação bancária).

As aplicações financeiras são operações de curto prazo, com vista a


maximizar aplicação de fundos disponíveis no Tesouro.

Exercícios
1. Defina: contas de contabilidade Nacional e Operações
Contabilisticas
2. Caracterize o activo circulante e o passivo circulante;
3. Descrever o processo de debite e de credito destes duas contas
anterior;
4. Descreve o papel dos fundos proprios e do passivo exigivel a
médio e longo prazo para uma movimentação das contas;
5. Identifique receitas e despesas (correntes e capital) para ambas;
6. Saber explicar resultadosorçamental (aumentativo);
7. Caracterize a inscrição das despesas por pagar e a execução das
despesas por pagar e sua relacção.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 2 e 5.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 272

Unidade XXII
Resultado Patrimonial

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam interpretar os
resultados patrimonial duma Administração pública.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os resultados patrimonial, execução do orçamento da


receita e da despesa, assim como execução da programação
Objectivos
Financeira;

 Diferenciar orçamento da despesa da receita;

 Caracterizar operações contabilistcas.

22.1. Resultado Patrimonial


Resultado apurado (6.3.1.0.0.00)
1. Regista os valores das transferências das contas de resultado
devedores e credores por ocasião do encerramento do exercício.
2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):
 pela transferência das contas devedoras de resultado;
 pela transferência do saldo devedor para as contas de resultados.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela transferência das contas credoras de resultado;
 pela transferência do saldo credor para a conta de
património/capital;
 pelo estorno com a negativação parcial ou total do valor do
lançamento.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 273

22.2. Execução Orçamental da Receita (Activa)

Realização orçamental da Receita (7.1.1.0.0.00)

1. Regista os valores oriundos da receita inicial e adicional a realizar e


sua realização, segundo a natureza da receita ou fonte de recurso.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela previsão inicial e adicional da receita;


 pela restituição, dedução, desconto e anulação de receita;
 pela realização de receita.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela realização da receita;


 pela restituição, dedução, desconto e anulação de receita;
 pelo encerramento do exercício.

22.3. Fixação Orçamental da Despesa (Activa)

Dotação orçamental (7.2.1.0.0.00)

1. Regista a dotação orçamental, compreendendo os elementos


“DOTAÇÃO INICIAL”, “REFORÇO DE DOTAÇÃO”,
“DOTAÇÃO ANULADA” (rectificadora) e “DOTAÇÃO
REDISTRIBUÍDA”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela dotação inicial;


 pela abertura ou reabertura de créditos adicionais.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pelas anulações de dotações.

Movimento de Dotação Orçamental (7.2.2.0.0.00)


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 274

1. Regista a movimentação orçamental ao longo do exercício,


compreendendo os elementos “MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO
RECEBIDA” e, como rectificadora, “ANULAÇÃO DA
MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO RECEBIDA”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela liberação de dotação.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela anulação de libertação de dotação.

Detalhamento de dotação (7.2.3.0.0.00)

1. Regista o detalhamento da dotação orçamental, compreendendo os


elementos “DOTAÇÕES A DETALHAR – FR, PS E UGB” e
“OUTROS DETALHAMENTOS DE DOTAÇÃO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelos valores dos acréscimos resultantes das alterações do
detalhamento de dotação.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pelas reduções ocorridas em função de alterações do
detalhamento de dotação.

Execução da despesa (7.2.4.0.0.00)

1. Regista a execução da despesa ao longo do exercício, representada no


elemento “CABIMENTO POR EMISSÃO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo cabimento ou reforço de cabimento da despesa.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 275

 pela anulação de cabimento no próprio exercício.

22.4. Execução da Programação Financeira (Activa)


Quota De Despesa (7.3.1.0.0.00)

1. Regista a movimentação da programação financeira referente às


quotas de despesas, compreendendo os elementos “QUOTA DE
DESPESA AUTORIZADA”, “QUOTA FINANCEIRA
PROGRAMADA”, “QUOTA FINANCEIRA
DESCENTRALIZADA” e “OUTRAS QUOTAS DE DESPESA”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela libertação de quota financeira em função da dotação orçamental
autorizada.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pela anulação da quota financeira libertada.

Disponibilidades financeiras (7.3.2.0.0.00)

1. Regista a movimentação da programação financeira em termos de


disponibilidades, compreendendo os elementos
“DISPONIBILIDADE POR FR” e “OUTRAS
DISPONIBILIDADES”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo cancelamento de obrigações do passivo financeiro, incluindo


os de despesas por pagar;
 pela realização da receita;
 pela transferência de recursos classificáveis como receita noutra
UG.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pelas diminuições decorrentes de liquidação, anulação,
cancelamento ou transferências efectuadas;
 pela inscrição em despesas por pagar não processadas;
 pela anulação de receita.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 276

22.5. Execução das Despesas por Pagar (Activa)


Inscrição Das Despesas Por Pagar (7.4.1.0.0.00)

1. Regista o valor da inscrição das despesas cabimentadas e não pagas


até ao último dia do exercício.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela inscrição em despesas por pagar não processadas.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo cancelamento de despesas por pagar (cabimento
do exercício anterior).

22.6. Inscrição das Despesas por Pagar(Activa)


Exercícios Anteriores (7.4.2.0.0.00)
1. Regista o valor da inscrição das despesas cabimentadas e não pagas
em exercícios anteriores.
2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):
 pela liquidação de despesas por pagar de exercícios anteriores;
 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.
3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pelo encerramento do exercício.

22.7. Execução de Acordos e Contratos


Valor acordado (7.5.1.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total acordado.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor firmado ou acrescido;


 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo encerramento do exercício.

Acordos e contratos a receber (7.5.2.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total de acordos e contratos a


receber.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 277

 pelo valor firmado ou acrescido;


 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de


escrituração), pelo recebimento.

Acordos e contratos a comprovar (7.5.3.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total de acordos e contratos a


comprovar.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo recebimento de parcela de recursos;


 pelos estornos com a diminuição dos saldos.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pela comprovação.

Acordos E Contratos Comprovados (7.5.4.0.0.00)

1. Regista o valor correspondente ao total de acordos e contratos


comprovados.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo valor comprovado;


 pelos estornos com a anulação dos saldos.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo encerramento do exercício;


 pela impugnação dos valores comprovados.

Contas de ordem activas diversas (7.9.0.0.0.00)

Regista o valor dos demais actos praticados pela administração que, pela
sua natureza, não são postos em evidência nem controlados quer por
contas patrimoniais quer por contas de resultado.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 278

22.8. Previsão Orçamental da Receita


Previsão orçamental – natureza da receita (8.1.1.0.0.00)
1. Regista a receita prevista no orçamento geral, bem como a previsão
adicional.
2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),
pelo encerramento no final do exercício.
3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pela previsão da receita conforme a lei do OE.

Previsão Orçamental – Fonte de Recursos (8.1.2.0.0.00)


1. Regista o detalhamento da receita prevista no orçamento geral por
FR.
2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),
pelo encerramento no final do exercício.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela previsão da receita conforme a lei do OE;
 pela previsão adicional.

22.9. Execução Orçamental da Despesa (Passiva)


Disponibilidades de dotações orçamentais (8.2.1.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das disponibilidades das dotações


orçamentais, compreendendo os elementos “DOTAÇÃO
DISPONÍVEL”, “DOTAÇÃO INDISPONÍVEL” e “DOTAÇÃO
UTILIZADA”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela contenção e veto de dotação orçamental;


 pela dedução de dotação orçamental;
 pelo contingenciamento de dotações disponíveis;
 pela indisponibilidade de dotações.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela concessão de dotação orçamental;
 pela libertação de dotação contida;
 pela anulação da movimentação de dotação;
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 279

 pelos estornos efectuados com a diminuição dos saldos.

Movimentação de dotação orçamental (8.2.2.0.0.00)

1. Regista a movimentação orçamental da despesa, compreendendo os


elementos “MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO CONCEDIDA” e,
como rectificadora, “ANULAÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO DE
DOTAÇÃO CONCEDIDA”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela anulação da provisão;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela concessão da provisão;
 pelos estornos efectuados com a negativação dos saldos.

Detalhamento De Dotação (8.2.3.0.0.00)

1. Regista o detalhamento de dotação no menor nível do elemento de


despesa orçamental, compreendendo os elementos “DOTAÇÃO A
DETALHAR - FR,PSET, PSEC E UGB” e “OUTROS
DETALHAMENTOS DE DOTAÇÃO”.

2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),


pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo detalhamento da dotação orçamental;


 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

Execução da despesa (8.2.4.0.0.00)

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.2.4.0.0.00, com o


valor correspondente à realização da despesa mediante efectiva
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 280

aplicação em um objecto definido no OE dos recursos orçamentais


fixados, representada no elemento “EMISSÃO DE CABIMENTO”.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela apropriação das despesas;


 pela anulação do cabimento;
 pelo estorno da liquidação;
 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pelo cabimento ou reforço;


 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos;
 pela liquidação da despesa.

22.10. Execução da Programação Financeira (Passiva)


Quota de despesa orçamental (8.3.1.0.0.00)
1. Regista o valor das quotas de despesas e despesas a pagar
autorizadas.
2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):
 pela anulação, utilização ou cancelamento da quota financeira;
 pela liquidação das despesas.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pelo cancelamento, reprogramação ou utilização da quota
financeira;
 pela reprogramação de quota cabimentada;
 pela liquidação das despesas.

Disponibilidades financeiras (8.3.2.0.0.00)


1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.3.2.0.0.00
2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):
 pela liquidação das despesas;
 pela inscrição em despesas por pagar não processadas;
 pela saída de numerário do Banco;
 pela quota concedida entre UG’s;
 pela quota de descentralização concedida;
 pelo subsídio de tesouraria concedido;
 pela anulação de receita;
 pela anulação do cabimento dentro do próprio exercício.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 281

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):
 pela liquidação das despesas;
 pelo cancelamento de despesas por pagar;
 pelas anulações de despesas;
 pela quota recebida de UG;
 pela quota de descentralização recebida;
 pelo subsídio de tesouraria recebido;
 pela apropriação de receitas;
 pela liquidação de despesas por pagar.

Outras programações (8.3.9.0.0.00)


1. Regista o valor das operações em títulos da dívida pública e outras
previstas na programação financeira.
2. DEBITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de escrituração),
pelo encerramento do exercício.
3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de
escrituração):
 pela apropriação da emissão e de descontos;
 pelos estornos com a anulação parcial ou total do valor do
lançamento.

22.11. Execução das Despesas por Pagar (Passiva)


Despesas por pagar a liquidar (8.4.1.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das despesas por pagar não liquidadas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pela liquidação das despesas por pagar;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela inscrição de despesas por pagar;


 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

Despesas por pagar liquidadas (8.4.2.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das despesas por pagar liquidadas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo pagamento de despesas por pagar liquidadas;


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 282

 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível de


escrituração):

 pela liquidação de despesas por pagar;


 pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

Despesas por pagar canceladas (8.4.9.0.0.00)

1. Regista o detalhamento das despesas por pagar canceladas.

2. DEBITA-SE no menor nível de desagregação (nível de escrituração):

 pelo cancelamento de despesas por pagar;


 pelo encerramento do exercício.

3. CREDITA-SE, no menor nível de desagregação (nível de
escrituração), pelos estornos efectuados com a anulação dos saldos.

22.12. Direitos e Obrigações Acordadas


Celebração de acordos e contratos (8.5.1.0.0.00)

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.5.1.0.0.00.

2. DEBITA-SE e CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível


de escrituração).

Compensações passivas diversas (8.9.0.0.0.00)

1. Regista a contrapartida da conta contabilística 7.9.0.0.0.00.

2. DEBITA-SE e CREDITA-SE no menor nível de desagregação (nível


de escrituração).

22.13. Operações Contabilísticas


Definições

Entende-se como Operações Contabilísticas (OC’s) qualquer acto ou


facto que mereça registo contábil no e-SISTAFE. Assim, para cada
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 283

transacção que mereça registo contabilístico, está associada uma


correspondente OC.

Para cada OC, é definido o correspondente roteiro de contabilização no e-


SISTAFE, com tantos lançamentos quantos sejam necessários. Esses
roteiros de contabilização contemplam lançamentos:

 para a unidade que está a efectuar o registo;


 para a unidade que seja destinatária da acção, caso a favorecida
seja outra unidade do e-SISTAFE

Sumário
Entende-se como Operações Contabilísticas (OC’s) qualquer acto ou
facto que mereça registo contábil no e-SISTAFE. Assim, para cada
transacção que mereça registo contabilístico, está associada uma
correspondente OC.

Movimento de Dotação Orçamental, regista a movimentação orçamental


ao longo do exercício, compreendendo os elementos
“MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO RECEBIDA” e, como
rectificadora, “ANULAÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO DE DOTAÇÃO
RECEBIDA”.

Exercícios
1- O que entende resultado patrimonial apurado ?

2- Identifique os resultados patrimonial e execução do orçamento da


receita vs da despesa.
3- Diferencie orçamento da despesa da receita;
4- Caracterizar operações contabilistcas

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 2.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 284

Unidade XXIII
O Fenómeno Financeiro

Introdução
Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam descrever os
fenómenos Financeiros da administração pública as razões que levaram
esse ante públicos a se tornar num grndioso esperancia da sociedade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar o Fenómeno Financeiro;

Objectivos  Identificar as razões que levaram esse enter público a se tornar


numa grndiosa esperança da vida da sociedade;

 Identificar os pressupostos das actividades financeira


23.1. O Fenómeno Financeiro


1º - Noções Gerais

Introdução e visão Geral


As entidades públicas, ao satisfazerem as neceissidades que lhes
estão confiadas, utilizam bens económicos, desenvolvendo uma
actividade de natureza económica, conforme vimos no Capítulo I.

Ora, fala-se em fenómeno financeiro para procurarr exprimir


justamente essa utilização de meios próprios para aa satisfação de
necessidades comuns.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 285

O fenómeno financeiro, como fenómeno social concreto que é, pode


ser encarado sob muitas perspectives. As mais importantes das quais
são, porventura, a política, a económica e a juridical.

23.2. A Perspectiva Política do fenómeno


Financeiro

a) Finanças Públicas e Poder Político

O fenómeno financeiro, tal como hoje o conhecemos, pressupoe um


processo socialmente organizado e, em regra, coativo de
interpretação e satisfação das necessidades públicas, em função do
bem comum da comunidade considerada.

Trata-se , pois, de um fenómeno que é, na sua base, social ( no


sentidos de que pressupõe a existência de uma sociedade) e que
implica ainda mais a organização dessa sociedade em Comunidade
Política, existência de uma diferenciação entre governantes e
governados e exercício do poder politico pelos primeiros.

Na base da actividade financeira encontram-se dois pressupostos:

1. Existência de Necessidades Sociais, ou seja necessidades que


resultam da própria vida em sociedade e são, Segundo
algums sentidas pelos indivíduos enquanto elementos
integrantes da sociedade e, Segundo outros , sentidas pela
própria sociedade em si.
2. Existência de um processo pelo qual são definidas as
necessidades que irão ser satisfeitas, estabelecida uma
hierarquia entre elas, efectados os recursos à sua satisfação e
impostas as opções aos membros da socidade (indivíduos e
grupos).

Sem dúvida que o fenómeno financeiro, na sua formula típica,


decorre no âmbito do Estado e pressupõe a sua existência, mas pode-
se suscitar a questão de saber se existem outras entidades que
desenvolvam uma actividade financeira. A resposta parece dever ser
afirmativa, embora haja que fazer uma reserva quanto à necessidade
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 286

de ser do Estado ou a comunidade soberana a faculdade de


interpretação e arbitragem, definido ele próprio as regars que
delimitam o recurso à coação.

Três zonas fundamentais podem merecer a nossa atenção quanto à


possibilidade de existir uma activiadade financeira num quadro não
estadual: Comunidades Religiosas, Organizações Internacionais e
Entidades Infra-estaduais.

As Comunudades Religiosas

Existem no âmbito das comunidades religiosas fenómenos que se podem


essemelhar, pelo menos fortemente, aos fenámenos financeiros. Numa
dupla perspectiva: satisfação de necessidades colectivas e financiamento
do financiamento das instituições. Pelo menos no caso dos Estados em
que, como em Portugal, vigoram os princípios da separação entre a igreja
e Estado e da liberdade religiossa, não parace exisitir um elemento
necessário à caracterização desta actividade com financeira ( ou seja, o
elemento coação).

Existem, no entanto, formulas, em relação à Igreja Católica, de


comparticipação dos fiéis, quer através de doações espontâneas, quer do
pagamento de determinadas taxas em troca de serviços, que, no entanto
são reguladas exclusivamente pelo Direito Canónico, o qual se move num
domínio de eticidade própria sem recurso à coação.

As organizações internacionais

Problema de particular actualidade é o de saber se o fenómeno financeiro


se restringe ao quadro estadual ou se existem para além do Estado
fenómenos financeiros próprios da comunidade internacional,
nomeadamente nas organizações internacionais.

A indagação sobre a existência de fenómenos financeiros extra-estaduais


não se confunde com o reconhecimento forçoso de que existem regras
internacionais que se repercutem sobre a actividade financceira interna do
Estado, como sejam os tratados e convenções internacionais relativos à
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 287

tributação, nomeadamente em matéria de impostos aduaneiros e de dupla


tributação e luta contra a evasão fiscal.

Trata-se aqui de saber se na vida das organizações internacionais existem,


de facto, fenómenos financeiros.

Em princípio, pela sua própria exsitência e funcionamento, as


Organizações Internacionais implicam que haja formas de financiamento
e processos internos que se podem aproximar daqueles que são prática
corrente nos Estados. Enquanto esse financiamento for assegurado
através das contribuições voluntaries dos Estados, como sucede nas
Nações Unidas, por exemplo, não existe qualquer elemento que nos
permita dizer que estamos face a fenómenos financeiros.

O moderno desenvolvimento de organizações supranacionais veio, no


entanto, introduzir novos elementos na questão, na medida em que veio
nalguns casos atribuir-se a essas organizções um poder que se exerce
dentro das fornteiras dos Estados membros e lhes permite entrar em
relação com os cidadãos de cada país.

Um dos primeiros exemplos que se pode citar é o da Comunidade


Europeia do Carvão e Aço, cujo tratado constitutivo prevê a cobertura
dos encargos quer através das contribuições dos Estados membros , quer
de uma contribuição (prélevement) que é estabelecida directamente sobre
as empresas produtoras de carvão e aço.

Na comunidade Económica Europeia, as modalidades de financiamenti


foram até 1971, exclusivamente assentes nas contribuições dos Estados
membros,; mas a partir daí, e com particular relevância a partir de 1975,
surgiram as chamadas receitas próprias, sendo atribuidos directamente à
Comunidade a totalidade dos direitos aduaneiros da tarifa exterior comum
e dos << prélevement>> agrícolas e posteriormente o produto de um
encargo não superior a 1% sobre a base do imposto sobre valor
acrescentado.

A recente eleição directa do Parlmento Europeu veio, por outro lado,


reforçar os mecanismos orçamentais típicos do controlo parlamentar no
seio da Comunidade Europeia. Podem ainda citar-se exeplo de penetração
de fenómenos financeiros a nível internacional no COMECON.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 288

Em resumo: aumenta enormemente o volume financeiro dos ercursos


afectos a organizações internacioanais e, qualitativamente, surgem
fenómenos financeiros próprios no seu âmbito ( finanças supranacionais).

As comunidades infra-estaduais

Seria, por outro lado, impossível que o Estado chamasse a si a totalidade


da satisfação das necessidades públicas; e mais ou menos em todos os
países existem algumas zonas que estão afectas a outros entes públicos,
seja, aqueles que têm uma mera personalidade juridical distinta, seja às
que têm uma base territorial diferente.

Em Portugal, para além do Estado, encontramos outras entidades que


exercem uma verdadeira actividade financeira pública.

Assim, no próprio seio da Administração Central encontramos serviços e


fundos autónomos que movimentam somas muito avultadas ( mesmo
quando confrotadas com os gastos da Administração Púb;icas integrada
no O.G.E.) e empresas públicas, sujeitas a uma disciplina juridica própria
e nem sempre muito rigorosamente definida.

É porém , no campo da Administração regional e local que encontramos


os mais significativos fenómenos financeiros não estaduais.

Em primeiro lugar é preciso citar as Regiões Autónimas- uma das


grandes inovações da Constituição de 1975.

As regiões têm orçmento próprio, aprovado pelas respectivas


Assembleias Regionais (art. 233º, nº 3 da C.R.P), património próprio
(art. 229º) plano Económico próprio (arts 1229º, 231º e 233º) e
amplos poderes de governo financeiro.

Tem também sede constituicional própria, apesar da ampla remissão


para a lei, a actividade financeira das autaquias locais (Constituição,
art. 240º, e lei 1/79 de 3 de Janeiro).

23.3 A Perspectiva Económica do


Fenómeno Financeiro
O Estado e a actividade económica
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 289

O fenómeno financeiro não é um puro fenómeno politico. Na sua


base essencial encontra-se a ideia de satisfação das necessidades de
uma sociedade, É, portanto, também um fenómeno económico.

As relações entre a actividade económica e a actividade política, ou


mais restritamente entre o Estado e o poder económico, podem ser de
diferentes ordens, as mais importantes das quais são a ordenação
económica, a intervenção económica e a actividade económica
directa (finanças públicas).

23.3.1. A ordenação económica

Um primeiro plano que importa analisar é o da ordenação da


actividade económica que corresponde a uma primeira função da
máquina política, à qua l compete a definição do quadro geral de
natureza juridica e social em que se vai desenrolar a actividade
económica.

Uma primeira forma , ainda muito genérica, de ordenação da vida


económica resulta da própria de definição de uma política ou doutrina
económica e social do Estado, que se reivindica de inspiração, por
exemplo, abstencionista, socialisata ou intervencionista, e por essa
via estabelece os primeiros contornos das actividade económica.

Estes princípios inspiradores têm, entretanto, uma primeira


concretização num conjunto de normas várias, às quais há-de
obedecer totada a vida económica-social e também a produção das
normas jurídicas que aspirem a regulá-la. Este conjunto de normas
integra aquilo que se pode designar por Constituição Económica, e
dela fazem parte disposições que integram o próprio texto
constituicional, ou mesmo outras que se podem considerar
constituintes do ordenamento sem, no entanto, estarem
expressamente mencionadas em qualquer texto constituicional.

Cabe ainda referir dentro deste plano de ordenação da actividade


económica produção pelo Estado de directives gerais que procuram
especificar as disposições integrantes da Constituição Económica
(caso da Lei de delimitação dos sectores público e privado).
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 290

23.3.2. Intervenção Económica

Em geral os Estados não se ficam por aqui na sua relação com


actividade económica e procuram alterar concretamente o que seria a
actividade normal dos sujeitos económicos se nãp existisse uma
actuação sua. Através da utilização dos instrumentos monetários ou
financeiros de que pode lançar mão, o Estado procura modificar
comportamentos dentro dos parâmetros gerais que já definira na sua
função ordenadora da vida económica.

É neste sentido que se pode falar em intervenção económica do


Estado. Näo existe aqui uma mera definição do quadro geral em que
se vai desenrolar a actividade econ 2mica, mas também assistimos
ainda a uma actividade directa do Estado como sujeito económico
(embora se trate aqui de economia pública << lato sensi>>).

23.3.3. Actuação Económica do Estado

O Estado pode, porém, desenvolver ele próprio uma actividade como


sujeito económico, sendo a extensão dessa actividade obviamente
variável, mas nada impede de pensar, como seria o caso em
sociedades integralmente socialistas, que seja ele o único sujeito
responsável pela satisfação de todas as necessidades da comunidade e
das pessoas.

Em todos os tempos existiram efectivamente zonas da actividade


económica que, por serem conexas com as próprias funções do
Estado, forma por ele exercidas (desde que existe Estado).

Há toda uma série de serviços, como os das justiça, defesa, segurança


e Administração Civil, que só o Estado pode satisfazer. Ora, quamdo
o Estado presta este tipo de serviços está desenvolver uma actividade
económica na medida em que sebtrata de serviços úteis e pagos por
taxas ou impostos, que implicam decisões quanto à afectação de bens
ou meios económicos raros, e de serviços que têm custos e implicam
o usos de bens económicos.

Para além desta zona existem, noentanto, diversas outras areas de


actividades que o estado chama a si, de forma variável de país para
país, como por exemplo, os correios e telecomunicações, as
instituições de crédito, a radiotelevisão, etc.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 291

Em todos estes casos, estamos face aquilo que se pode designar por
actividade económica directa do Estado. Aqui é o próprio Estado que
actua como agente ou sujeito económico, formulanddo escolhas ou
opções económicas no interesse da comunidade pública, que lhe
cumpre satisfazer (finanças ou economia pública stricto sensu).

23.3.4. A actividade Financeira

A actividade financeira pública (ou de economia pública) é


constituida exclusivamente por esta terceira forma de relacimento
entre o Estado e a economia. Por actividade financeira entende-se
toda a actuação económica directa do Estado e apenas ela.

23.4. Actividade Financeira como forma de


satifação de necessidades

23.4.1. As necessidades financeiras

Ao desenvolver a sua actividade económica o Estado age para


satisfazer um conjunto de necessidades. É pelo tipo de necessidades e
pela forma como são satisfeitas que se pode caracterizar a actividade
Financeira.

As necessidades financeiras podem ser caracterizadas por três traços


principais:

- São necessidades sociais- resultam necessariamente da vida em


sociedade e são sentidas pela sociedade no seu conjunto;
- São necessidades públicas- isto é, são satisfeitas pela actuação do
Estado ou de outros entes públicos;
- São necessidades de satisfação passiva- não pressupõe uma
procura no Mercado, mas uma interpretação ou decisão social for
a do Mercado e à sua margem.

23.4.2. As necessidades financeiras como necessidades públicas

 que permite caracterizar uma necessidade como pública é a forma por


que é satisfeita. E, em primeiro lugar, a circunstância de ser satisfeita
pelo Estado ou por outro ente público.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 292

O critério de classificação de uma necessidade pública não é


obviamente o da importância, já que, pelo menos numa economia de
Mercado, certas necessidades económicas vitais ou fundamentais são
em regra satisfeitas de forma privada ( alimentação, vestuário, etc.).

A circunstância de estas necessidades serem satisfeitas pelo Estado


ou outro ente público tem, por outro lado, importantes consequências.

Em primeiro lugar, daqui deriva a possibilidade de uso de coação na


determinação das necessidades, como na escolha dos processos de
financiamento ( a obtenção de recursos para as satisfazer), os quais
irão implicar a imposição de um sacrificio patrimonial aos
particulares. Em Segundo lugar, os critérios de opção são distintos.
Embora possa haver puras decisões políticas, em geral o processo de
decisão financeira obedece aos mesmos termos de racionalidade e
sujeita-se aos mesmos critérios que orientam em geral o sistema
económico-social.

Quanto à forma de satisfação característica da actuação dos ante


públicos, parace hoje não haver grandes dúvidas de que a mesma é
semelhante a satisfação privada, ou pode ser efectuada através de
formas específicas de criação de bens, da prestação de serviços ou da
utilizaçãp de bens.

23.5. A satisfação passiva das


necessidades
Importa ainda precisar o que se entende por satisfação passiva das
necessidades.

Se um sujeito económico procura satisfazer as suas necessidades, lança


em primeiro lugar mão daquilo que está ao seu alcance, através de um
processo de auto-satisfação que ainda hoje é importante. Mas se não
revelar possível este processo, ele vai recorrer a um mecanismo de troca
que se torna possível porque todos os sujeitos económicos se referem a
critérios objectivos de valor que são hoje expressos em preços.

Em qualquer destes casos, há critérios de apreciação dos bens, e é à sua


iniciativa individual que fica entregue a satisfação das necessidades.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 293

Trata-se de necessidades de satisfação activa, avaliadas e satisfeitas


através dos fluxos da procura e da oferta no Mercado.

Ora, sobretudo em sociedades complexas, surgem necessidades que não


podem ser satisfeitas por auto-consumo ou por troca, surgem
necessidades como por exexmplo, a segurança interna ou a defesa
nacional, que impõem outro tipo de satisfação. É ao Estado que cumpre
então assegurar que tais actividades se desenvolvam sem que exista um
recurso individual ao bem ou serviço que os satisfaz.

A satisfação da necessidade não assenta pois num mecanismo de procura;


e em compensação o seu financiamento faz-se por imposição de um
sacrifício ao património dos particulares.

23.5.1. A perspectiva jurídica do fenómeno financeiro

b) A importância da perspectiva jurídica e as principais zonas de


regulamentação juridíca da actividade financeira.

À volta da actividade financeira desenvolve-se e criou-se todo um


conjunto de normas juridical reguladoras, que foram configurando
regimes próprios, que são em regra muito diferentes dos regimes de
direito privado e dos de outros ramos do direito público.

As normas que regulam a actividade financeira fazem-se em dois planos


funamentais:

1) No plano da organização e funcionamento da máquina


financeira;
2) no plano das relações entre o Estado e s particulares.

No primeiro caso, trata-se de normas que são ou foram, sa sua eesência,


de direito constituicional ou de direito administrativo, enquanto, no
Segundo caso, a preocupação de dar garantias aos particulares, dominante
sobretudo nos direitos individualistas, deu origem a regimes próprios
muito rigorosos, que definem no essencial o âmbito do Direito financeiro,
dentro do qual haverá que considerar um sub-ramo particularmente
especializado, que é o Direito Fiscal, e outro sub-ramo constituido pelo
diereito de crédito Público.

b) O direito Financeio
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 294

O direito Financeiro surge assim como um ramo do direito público que


regula a actividade financeira, de forma própria e específica.

A questão da autonomia do direito financeiro aparece hoje como


relativamente resolvida, já que existe aqui uma autonomização de certos
tipos de normas relações em virtude da sua conexão com uma função
delimitada, a actividade financeira.

O facto de se considerar o direito financeiro como um ramo do direito


autónomo não pode, no entanto, levar a deixar de ter em conta as suas
estreitas relações com outros ramos do direito público ou privado.

23.6. Os meios da Actividade Financeira


a) As despesas Públicas

As despesas públicas representam o próprio fim da actividade financeira


do Estado- satisfação de necessidade.

As despesas públicas consistem no gasto de dinheiro ou no dispêndio de


bens por parte entes públicos para criarem ou adquirirem bens
susceptíveis de satisfazer necessidades públicas.

Como veremos mais adiante, a despesa pública pode definir-se por três
elementos: o topo de operação em que se concretiza, o sujeito económico
que a realiza e o fim a quem se destina.

Quanto ao tipo de operação, a sua forma típica sera a do dispêndio de


meios de liquidez, embora algumas legislações também tratem no mesmo
plano as chamadas despesas em espácie (sem gasto de dinheiro).

Quanto ao sujeito, de harmonia com a noção adaptada de actividade


financeira, ele terá de ser um sujeito público (estado ou outro ente
público).

Quanto ao fim, ele é a satisfação das necessidade públicas, cuja


caracterização está já feita.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 295

Sumário
O fenómeno financeiro, tal como hoje o conhecemos, pressupoe um
processo socialmente organizado e, em regra, coativo de interpretação e
satisfação das necessidades públicas, em função do bem comum da
comunidade considerada. Ora, fala-se em fenómeno financeiro para
procurarr exprimir justamente essa utilização de meios próprios para aa
satisfação de necessidades comuns.

O direito Financeiro, surge assim como um ramo do direito público que


regula a actividade financeira, de forma própria e específica.

A actividade de economia pública, é constituida exclusivamente por


actividade financeirade, relacimento entre o Estado e a economia.

Exercícios
1- O fenómeno financeiro, como fenómeno social concreto que é,
pode ser encarado sob muitas perspectives. As mais importantes
das quais são, porventura, a política, a económica e a juridical.
a) Carateriza a última perspeitiva

2- O que entende por fenómeno financeiro?

3- Sabemos que as necessidades financeiras podem ser


caracterizadas por três traços principais, indique caracterizando
duas a sua escolha

4- As despesas públicas representam o próprio fim da actividade


financeira do Estado- satisfação de necessidade, identifique os
meios da actividade das finanças públicas

5- As necessidades financeiras são conhecidas como necessidades


públicas, comenta.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação

Auto-avaliação Entregar o exercício: 1 e 3.

Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 296

Referências Bibliográficas
a) BÁSICAS:
 GOMES, Nuno de Sá, Manual de Direito Fiscal, Vol. I, Maia, Rei
dos Livros, Imposto, Tipografia Narciso Correia, 1982.

 MALEMUANE, Júlio, Finanças Públicas, Maputo, ICM, 2006

 MOURA, Joaquim Pina & Fernandes, Ricardo Sá, A Reforma Fiscal


inadiável, 1ª Edição, Oeiras, Celta Editora, 2000.

 PEREIRA, Alberto Amorim, Noções de Direito Fiscal, Porto,


Athena.

 BARBOSA, António S. Pinto, Economia Pública, McGraw-Hill,


Portugal, 1997

 CAVACO SILVA, Aníbal e César das Neves, João, Finanças


Públicas e Politica Macroeconómica, 2ª edição, Universidade Nova
de Lisboa, 1992.

 TEXEIRA RIBEIRO, José Joaquim, Lições de Finanças Públicas,


5ª edição, Coimbra Editora, 1997.

 TEXEIRA, António Braz, Finanças Públicas e Direito Financeiro,


AAFDL, Lisboa, 1990

 PEREIRA, Paulo Trigo, Afonso António e, outros, Economia e


Finanças Públicas, 2ª edição, Editora Escolar, Lisboa, 2007.

 CARVALHO, João Baptista, SILVEIRA Olga, PACHECO C.;


Temas de Contabilidade Pública; Editora Rei dos Livros; Lisboa;
2007.

 FRADE, Carlos Manuel; Gestão das Organizações Públicas-


Controlo do Imobilizado; Àvices Editora; 2003.

 FRANCO A.L.S.; Finanças Públicas e Direito Financeiro; Volume


I; 4ª Edição; Livraria Almedina; Coimbra; 2007.
2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 297

 MARTINÉZ, Vicente Pina & Pradas, TORRES Lourdes; Manual de


Contabilidade Pública – Casos Práticos; 3ª Edição; Centro de
Estudos Financeiros; 2001.

 OECD/GD; Public Management; Paris; 1993.

 Ordem dos Revisores Oficiais de Contas; Norma Internacional de


Contabilidade do Sector Público (NICSP); Manual da OROC;
Versão 19; 1997.

 PIRES, Caiado, Antonio e Pinto, CALADO Ana; Manual do Plano


Oficial de Contabilidade Pública; 2ª Ediçao; Àreas Editora; Lisboa;
2002.

 PIRES, João Baptista Fortes de Sousa; Contabilidade Pública; 7ª


Edição.

b) LEGISLAÇÃO
 Decreto nº 23/2007, de 9 de Agosto- aprova o regulamento do
património do estado;

 Decreto nº 54/2005, de 13 de Dezembro;

 Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto-aprova o regulamento do


Sistema da Administração Financeira do Estado (SISTAFE);

 Lei nº 13/ 97, de 15 de Julho-estabelece o regime jurídico da


fiscalização prévia das despesasa públicas;

 Lei nº 14/97 e 15/97, de 15 de Julho-Define o Regime da


fiscalização sucessiva das despesas públicas , no que concerne a
conta do canal do estado e as contas da gerência dos serviços e
organismos sujeitos.

 A jurisdição e Controlo Financeiro do Tribunal Administrativo;


2012 – FINANÇAS PÚBLICAS 298

 Lei 15/2002, de 26 de Junho, que aprova a Lei de Bases do


Sistema Tributário Moçambicano;

 Lei 2/2006, de 22 de Março, que aprova os princípios gerais de


relação jurídica tributária de Moçambique.

 Constituição da República República, Imprensa Nacional de


Moçambique, Maputo 2004;

 Lei No 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema da


Administração Financeira do Estado (SISTAFE);

 Decreto No 23/2004, de 20 de Agosto, que aprova o Regulamento


do SISTAFE;

 Decreto No 203/2007, de 9 de Agosto, que aprova o Regulamento


do Património do Estado;

 Lei No 13/1997, de 10 de Julho, da Fiscalização Prévia;

 Lei No 14/1997, de 10 de Julho, da Fiscalização Sucessiva;

 Decreto No 54/2005, de 13 de Dezembro, Contratação Pública;

 A jurisdição e Controlo Financeiro do Tribunal Administrativo;

 Lei 15/2002, de 26 de Junho, que aprova a Lei de Bases do


Sistema Tributário Moçambicano;

 Lei 2/2006, de 22 de Março, que aprova os princípios gerais de


relação jurídica tributária de Moçambique.

Você também pode gostar