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ZOOLOGIA GERAL 2020, UNIROVUMA

ZOOLOGIA GERAL 2020, UNIROVUMA

I.A Biologia e sua contribuição na sociedade

A Biologia é uma ciência ampla e complexa que envolve múltiplas linhas de pesquisa, tão
numerosas que vão das aplicações médicas ao comportamento de organismos unicelulares.
Embora os conhecimentos biológicos, como ciência pura, pareçam desconexos, quando
aplicados ou combinados com outras ciências fornecem subsídios para o desenvolvimento
destas.

Os conhecimentos das ciências biológicas, apesar de amplos, possuem aplicações muito


restritas ao mundo académico. Como resultado disto, boa parte do conhecimento biológico é
conhecida devido a sua aplicação em outras ciências, medicina principalmente. Somente
recentemente, com as questões ecológicas levantadas e com o advento da genética moderna é
que a biologia como ciência pura ganhou destaque na sociedade não só com suas aplicações na
área da saúde, mas como uma das ciências naturais.

Neste momento, a importância desta ciência cresce continuamente e seu impacto directo sobre a
opinião e sobre sua vivência também, todavia, sua compreensão por parte desta mesma
sociedade permanece precária. Historicamente, fora do meio académico, a biologia é uma
ciência para o estudo dos seres vivos, suas peculiaridades, estrutura, funcionamento e
principalmente, ecologia. Esta visão restrita não contribui com a formação e informação acerca
das matérias tratadas nas ciências biológicas criando um quadro de insuficiência educacional.

Ao biólogo, cabe a responsabilidade de pesquisar e proteger o ambiente e a vida, informar e


conscientizar devidamente a sociedade, garantindo que o conhecimento seja repassado e
compreendido de geração em geração.

A Biologia contribui para um entendimento da origem, persistência , o declínio das espécies;


não só, fornece explicação para fenómenos da natureza como: exame do DNA, bebes proveta,
efeito estufa, clonagem de seres vivos e mais.
A importância da biologia para sociedade humana é que a biologia enquanto ciência traz
avanços directos para a sociedade. Nesse sentido, dentre os benefícios que a biologia fornece
pode - se citar: curas de doenças e enfermidades, estudos de seres vivos, interações com o meio
ambiente, estudo de espécies em extinção, e etc.
Dessa forma, pode - se afirmar que a sociedade é dependente da biologia, uma vez que por meio
da biologia pode -se avançar em vários sentidos para que os seres humanos tivessem a
oportunidade de descobrir novas maneiras de tratar doenças, o que garante sua eficácia.

A Biologia influencia diretamente a vida pessoal e a social dos indivíduos, pois está presente em
grande parte das ações do ser humano. É uma ciência de grande importância, e o entendimento de
suas divisões torna-se cada vez mais necessário. Logo, através destes conhecimentos pode-se
intervir em questões ambientais, sociais, históricas e biológicas conectadas com a saúde do corpo e
da mente. Esse entendimento é feito a partir do Método Científico, processo que se tem base para
alcançar respostas e aplicar os conhecimentos obtidos usando a observação, a investigação, a
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problematização, a construção de hipóteses e a experimentação, resultando em formas de melhorar
as condições de vida do homem e do local onde habita. imprescindível às descobertas que
envolvem a ciência, que consiste na busca dos “como” e “porquês” do que se estuda.

1.1 Conceito de Biologia


Biologia é a ciência que estuda os seres vivos (do grego βιος - bios = vida e λογος - logos =
estudo, ou seja o estudo da vida).

1.2 Principais ramos da Biologia:


- Zoologia (estudo dos animais Vertebrados e Invertebrados)
- Botânica (estudo das plantas)
- Micologia (estudo dos fungos)
- Bacteriologia (estudo das bactérias)
- Virologia (estudo dos vírus)
- Biologia Celular (Citologia) – estudo das células
- Genética (estudo dos genes e da hereditariedade)
- Biologia Molecular (estudo da Biologia em nível molecular)
- Biologia Evolutiva – estudo da evolução das espécies
- Fisiologia (estudos das funções físicas, bioquímicas mecânicas dos animais e vegetais)
- Ecologia (estudo dos ecossistemas)
- Biologia Sistemática (estudo das interacções entre os sistemas biológicos)
- Biologia da Conservação (estudo da biodiversidade e da preservação das espécies)
- Bioética (estudo transdiciplinar entre Biologia, Medicina, Ética e Direito)
- Biologia do Desenvolvimento (foco no estudo do desenvolvimento embrionário)
- Etologia (estudo do comportamento dos animais)
- Biologia Ambiental (área voltada para o estudo do Meio Ambiente)
- Imunologia (estudo do sistema imunológico)
- Biotecnologia (estudo da tecnologia baseada na Biologia)
- Histologia (estudos dos tecidos biológicos)
- Biologia Marinha (estudos dos seres vivos que habitam águas salgadas.
- Microbiologia (estudo dos microrganismos), etc.
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2. Características Gerais dos Seres Vivos
Os cientistas estudam algumas características que possibilitam a distinção entre um ser vivo
(factor biótico) e um corpo inanimado (factor abiótico). A seguir são colocadas algumas dessas
características:

2.1 Composição Química


Nos corpos inanimados ela é simples (apenas substâncias inorgânicas que são moléculas
pequenas e relativamente simples), já nos seres vivos, ela é mais complexa, pois além de
apresentar substâncias inorgânicas, os seres vivos apresentam, também, substâncias orgânicas
(complexas e variadas formadas por longas cadeias, onde o carbono é o elemento principal).
Então nos seres vivos têm:
 Substâncias inorgânicas: água e sais minerais.

 Substâncias orgânicas (possuem o carbono como elemento principal): carboidratos,


lipídios, proteínas, ácidos nucléicos e vitaminas.
A composição química aproximada da matéria viva é de 75 a 85% de água; 1% de sais
minerais; 1% de carboidratos; 2 a 3% de lipídios; 10 a 15% de proteínas e 1% de ácidos
nucléicos.

Em geral :
65,4% hidrogénio; 25,6% oxigénio; 7,5% carbono; 1,25% nitrogénio; 0,24% fósforo; 0,06%
enxofre; 0,001% outros (sódio, magnésio, cloro, potássio, cálcio, manganês, ferro, cobre e iodo).

2.2 Organização Celular


Todos os seres vivos são constituídos por célula (s). Essas apresentam constituição e organização
diversificadas, como se observa a seguir:
Considerando-se o número de células:
a) Unicelular – organismo constituído por uma única célula. Exemplos: bactérias,
cianobactérias,
protozoários, algumas algas e alguns fungos.
b) Pluricelular – organismo constituído por várias células.
Exemplos: algumas algas, alguns fungos, todos os vegetais (considerando-se que as
classificações actuais colocam todas as algas eucariontes no Reino Protista) e todos os animais.
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Considerando-se a organização nuclear:


a) Procarionte – não apresenta a carioteca ou membrana nuclear. Exemplos: bactérias e
cianobactérias.
b) Eucarionte – apresentam a carioteca e, portanto, o material genético organizado. Exemplos:
Protozoários, algas protistas, fungos, vegetais e animais.

2.3 Metabolismo
Conjunto das reacções químicas que ocorrem no organismo. Pode ser de dois tipos básicos:
a) Catabolismo – reacções que provocam a quebra de substâncias.
Exemplos: respiração aeróbica, fermentação, digestão etc.
b) Anabolismo – reacções que provocam a síntese (produção) de substâncias.
Exemplos: fotossíntese, quimiossíntese, etc.
Homeostase - conjunto de fenómenos que garantem o equilíbrio do organismo.
Exemplo: o suor controlando a temperatura.

2.4. Nutrição
Os seres vivos estão em constante actividade e isso os obriga a um consumo permanente de
energia. Para que isso aconteça, os seres vivos realizam a nutrição e a respiração.

Quanto à forma de nutrição os organismos podem ser autotróficos ou heterotróficos.


Os autotróficos utilizam a matéria inorgânica para sintetizar matéria orgânica, como os vegetais.
Os heterotróficos capturam a matéria orgânica existente no ambiente, como os animais.

2.5. Respiração
Quanto à forma de respiração podem ser anaeróbicos ou aeróbicos.
Os anaeróbicos produzem energia na ausência de oxigénio molecular (O2).
Os aeróbicos utilizam o oxigénio molecular para obter energia.
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2.6. Reprodução
Trata-se do processo pelo qual os seres vivos produzem descendentes para perpetuar a espécie.
Pode ser:
a) Sexuada: ocorre com a presença de gâmeta ou havendo troca de material genético.
 Aspectos positivos – aumenta a variabilidade genética;

 Aspectos negativos – o consumo de energia é elevado;


b) Assexuada: ocorre na ausência de gâmetas e não envolve trocas de material genético.
 Aspectos positivos – o consumo de energia é baixo;

 Aspectos negativos – a produção de clones por esse processo pode ser desastrosa para a
adaptação das espécies às modificações do ambiente.

2.7. Reações aos Estímulos


São diversas as formas de um ser vivo responder a um estímulo, por exemplos: correr, andar,
paralisar, tremer etc., porém depende sempre da participação de um dos dois fenómenos a seguir:
a) Sensibilidade – envolve a participação do sistema nervoso; os organismos que apresentam
podem responder de forma diferente ao mesmo tipo de estímulo. Exemplo: quando o estímulo é
um beijo, ele pode ser rejeitado (no caso de um estranho, feio e de odor desagradável).
b) Irritabilidade – não tem a participação do sistema nervoso; são respostas atribuídas, sempre,
da mesma forma.
Excitabilidade : É a capacidade de reagir aos estímulos do ambiente como luz, som, calor,
electricidade, movimentos, concentração de gases, harmónios, etc

2.8. Evolução
É a capacidade que os seres vivos apresentam para sofrer transformações que lhes Possibilitem
adaptar-se as modificações do ambiente. São necessários vários fenómenos para que ela
aconteça, porém destacam-se dois:
a) Mutação – trata-se de modificação no material genético, na sequência de bases nitrogenadas.
b) Selecção Natural – é o papel que a natureza desempenha seleccionando os organismos mais
aptos em detrimento dos menos aptos.
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2.9. Crescimento
Pode ocorrer nos corpos inanimados (rochas, cristais etc.) por deposição de novas moléculas
(―de fora para dentro‖), já nos seres vivos ocorre por intuscepção (por fenómenos que ocorrem
dentro do corpo do indivíduo – ―de dentro para fora‖), através de dois processos:
a) Aumento do volume celular(Hipertrofia) – ocorre nos unicelulares e nos pluricelulares.
b) Aumento do número de células(Hiperplasia) – ocorre somente nos pluricelulares

Os organismos vivos retiram do ambiente os nutrientes necessários à sua sobrevivência. Dessa


maneira, suas células aumentam de volume, se multiplicam e o tamanho do organismo aumenta.
Esse crescimento, porém, é limitado; e acontece por acúmulo de matéria assimilada.
Na maioria dos organismos pluricelulares o desenvolvimento é resultado da ação conjunta do
crescimento e da diferenciação celular.

2.10. Genética
Pode se dizer que ser vivo é aquele que possui ácido nucléico (DNA ou RNA), de facto essa é
uma das características encontradas em todos os seres vivos e exclusivamente neles.

2.11. Adaptação
A Terra apresenta ambientes com condições diferentes e muitas vezes inadequados à vida,
como os desertos e montanhas muito altas. Cada região do planeta apresenta seres vivos
diferentes, adaptados às condições ambientais.

2.12. MOVIMENTO: a percepção e a reacção desencadeiam nos seres vivos um movimento -


variação da posição de um corpo no decorrer do tempo em relação a um sistema de referência.

3. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ZOOLOGIA

Considerando a etimologia da palavra Zoologia (do idioma Grego: zoon, animal e logos, estudo),
este ramo da Biologia é um vasto domínio que pode englobar todos os aspectos da biologia
animal, inclusive relações entre animais e ambiente.

Pode-se definir Zoologia como " um ramo da Biologia que engloba todos os aspectos da
biologia animal, inclusive relações entre animais e ambiente". Com esta definição, tão ampla,
estuda se não apenas morfologia, sistemática e ecologia, mas também o funcionamento dos
animais, constituintes químicos dos tecidos, formação e desenvolvimento, propriedades e
funções celulares. A zoologia experimental, por exemplo, inclui as subdivisões relativas às
alterações experimentais dos padrões dos animais como genética, morfologia experimental e
embriologia.

Considerando que a diversidade animal é o principal objecto de estudo da Zoologia e que é importante
termos algumas noções sobre distribuição dos animais nos diversos ambientes e regiões do planeta.
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3.1. Diversidade da vida animal objecto de estudo da Zoologia


A compreensão da diversidade animal passa pelo entendimento do que é biodiversidade. Um
termo, cujo sinónimo mais frequente é "variedade da vida", que inclui a variedade de estruturas e
funções nos níveis genético, de espécie, de população, de comunidade e de ecossistema, uma
definição tão ampla quanto a própria Biologia.

Mas, tentativas tem sido feitas para revelar as principais características da biodiversidade,
enquanto conceito, e surgem então as três divisões mais citadas na actualidade: diversidade
genética, diversidade taxionómica ou de espécies e diversidade de ecossistema.

O estudo da biodiversidade equivale, portanto, ao estudo da história da vida Assim, nos


inventários da biodiversidade deve-se buscar padrões que se repetem, entender os processos que
geraram diversas espécies e adaptações através a história evolutiva.

O estudo dos animais permite conhecer a estrutura e o funcionamento dos mesmos, buscando
entender suas relações evolutivas. Grande parte do que hoje sabemos sobre os seres humanos
conseguiu-se estudando outros animais.
Compreender as relações entre animais, destes com as plantas e com o ambiente para possibilitar
a detecção do equilíbrio e de perturbações naturais ou provocadas pela cegueira humana.
Buscar soluções para problemas relacionados à saúde dos humanos e de outros animais
pesquisando parasitas, vectores de doenças, inclusive as que causam destruição de frutos e
cereais.

3.2. Importância da zoologia. A zoologia, além de ser uma ciência com peso específico dentro
da biologia, reveste-se de grande importância para o Homem em muitas outras áreas, da
economia à cultura.

No campo da medicina e da saúde, são numerosos os produtos e substâncias de origem animal


descobertos pelas pesquisas zoológicas que se revelaram de extrema utilidade para o tratamento
de enfermidades, fabricação de soros, correcção de deficiências endócrinas etc. e que incluem
desde harmónios até venenos extraídos de serpentes. A experimentação com animais com
objectivos médicos e farmacológicos (testes de vacinas, remédios etc.) é amplamente difundida.
Outra aplicação de grande importância constitui os estudos parasitológicos e epidemiológicos,
estes últimos no que se refere à transmissão e veiculação de agentes patogénicos por alguns
animais.

Na agro-pecuária, o conhecimento proporcionado pela zoologia sobre as pragas da lavoura, sua


biologia, ciclos vitais, inimigos naturais etc. Fornece a base para erradicá-las. Igualmente úteis
são as pesquisas sobre os insectos e aves polinizadoras, as espécies benéficas para os campos, a
influência de muitos animais na melhoria da estrutura dos solos e as possibilidades de
domesticação e aproveitamento de mamíferos herbívoros autóctones em zonas nas quais o gado
doméstico apresenta baixos rendimentos e provoca, graves alterações ecológicas.
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As aplicações industriais e científicas dos resultados dos estudos zoológicos são múltiplas e
abrangem uma ampla gama de produtos e substâncias, desde corantes e tintas (obtidos de
cochonilhas, gastrópodes e outros) até gorduras, espermacete, peles etc.
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INTRODUÇÃO À CITOLOGIA

1. História da Célula como unidade básica da vida


Após a descoberta do microscópio, no final do século XVI, iniciou-se o estudo de um novo ramo
da biologia, denominado Citologia (cito = célula; logia = estudo).

Até ao início do séc. XVII o conhecimento dos seres vivos limitava-se, fundamentalmente, a
organismos macroscópicos. O primeiro microscópio foi desenvolvido por Anton van
Leeuwenhoek. Era considerado um microscópio simples, pois era composto apenas por uma
lente. A partir da invenção de Leeuwenhoek, em 1665 o cientista inglês Robert Hooke
conseguiu observar pedaços de cortiça em um microscópio chamado de microscópio composto,
por ter duas lentes em sua estrutura.

Ao observar a cortiça, Hooke viu pequenas cavidades e lhes deu o nome de ―células‖, palavra
que, em latim, significa cella = lugar fechado, pequeno cômodo. O que de facto Hooke viu era
apenas o envoltório da célula, pois a cortiça é um tecido de células mortas que serve para
proteger o caule das árvores.

Em 1833, o botânico escocês Robert Brown observou que o espaço de vários tipos de células
era preenchido com um material de aspecto gelatinoso, e que em seu interior havia uma pequena
estrutura a qual chamou de núcleo.

A descoberta da célula só foi possível quando o avanço técnico permitiu o aperfeiçoamento das
lentes e a construção do microscópio óptico Composto (MOC).Em 1590 Hans e Zacharias
Jenssen montaram o primeiro microscopio composto.

Em 1838, o botânico alemão Matthias Schleiden chegou à conclusão de que a célula era a
unidade viva que compunha todas as plantas. Em 1839, o zoólogo alemão Theodor Schwann
concluiu que todos os seres vivos, tanto plantas quanto animais, eram formados por células.
Anos mais tarde essa hipótese ficou conhecida como teoria celular

TEORIA CELULAR

• A célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os seres vivos.


• Todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, são constituídos por uma ou
mais células, nas quais ocorre um conjunto de reacções químicas necessárias à manutenção da
vida.
• Todas as células provêm de células preexistentes, pois qualquer célula se forma por divisão
de uma outra.
• A célula é a unidade de reprodução e desenvolvimento dos seres vivos; numerosos seres
vivos formam-se por divisões sucessivas a partir de uma única célula — ovo.
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INTRODUÇÃO A HISTOLOGIA ANIMAL

I. Histologia Animal
Histologia (do grego hystos = tecido + logos = estudo) é o estudo dos tecidos biológicos, sua
formação, estrutura e função. É uma das disciplinas fundamentais dos cursos das áreas biológicas
e de saúde

A Histologia é a área da Biologia responsável pelo estudo dos tecidos: conjuntos de células que
apresentam interdependência estrutural e funcional, desempenhando funções específicas no
organismo. Os órgãos são formados pelo agrupamento de tecidos, e o conjunto destes formam
sistemas.
Todos os indivíduos que possuem tecidos são multicelulares, mas não o contrário. Os tecidos
variam quanto à disposição e morfologia de suas células, origem embrionária, presença de
vasos e função
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1.1 Breve historial da Histologia


Nasceu com os primeiros estudiosos que se utilizaram do microscópio: Robert Hook, Malpighi,
Graw, Ham, Fontana e outros; muito antes que Meyer, em 1819, desse esse nome à ciência que
descreve os tecidos dos animais e dos vegetais.
A noção de "tecido" foi, contudo, introduzida por Xavier Bichat sem que este anatomista se
tivesse utilizado do microscópio. A anatomia estuda os tecidos, isto é, as agregações de células
que têm a mesma forma e a mesma função
O termo histologia foi usado pela primeira vez em 1819 por Mayer, que aproveitou o termo
―tecido‖ que o Dr. Xavier Bichat (anatomista francês) instituiu, muito tempo antes (por volta
de 1800), para descrever macroscopicamente as diferentes camadas encontradas por ele no
corpo animal. Mayer fez a conjunção do termo histos = tecido e logos = estudo.
Bichat é reconhecido como o pai da histologia e patologia modernas. Apesar do facto dele ter
trabalhado sem um microscópio, foi capaz de fazer avançar significativamente a compreensão
do corpo humano. Ele foi o primeiro a introduzir o conceito de tecido como entidades distintas
e sustentou a tese de que as doenças atacavam os tecidos em vez de todo o órgão.

A história da histologia é confluente com os avanços da microscopia. Muito antes (e durante)


os experimentos do Dr. Xavier Bichat e Mayer vários cientistas trabalharam no
desenvolvimento de lentes cada vez mais potentes.

O surgimento da microscopia começa com a fabricação das primeiras lentes ópticas, através do
polimento do vidro, pelo italiano Salvino d´Amato, em 1285. A ideia de combinar lentes para
aumentar o tamanho dos objectos menores data de 1590 e deve-se a Zacharias Janssen, sendo,
o primeiro microscópio por ele desenvolvido capaz de uma ampliação de cerca de 30x. A
capacidade de ampliação foi evoluindo em consequência do aperfeiçoamento das lentes.

No séc. XVII, Antonie Van Leeuwenhoek (físico holandês) desenvolveu o microscópio


simples capaz de ampliações de até 200x e medindo apenas 6,7 centímetros, com o qual o
cientista fez a primeira observação de bactérias, às quais na altura deu o nome de protozoários.
Durante o séc. XVIII o microscópio tornou-se um objecto em moda, sendo fabricado por
artífices com o propósito de servir como peça de decoração e satisfação da curiosidade dos
ricos da época. Ainda neste século, o microscópio passa a fazer parte do processo de ensino
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das classes nobres e ricas da sociedade.

Em consequência do desenvolvimento da microscopia, foi possível a observação e descoberta


de inúmeras estruturas e seres vivos microscópicos até então desconhecidos, como bactérias,
protozoários e fungos. Também graças ao desenvolvimento da microscopia, em 1835,
Schleiden e Schwann, propõem as bases da teoria celular, primeiro grande princípio unificador
da biologia, o qual postula que todos os organismos vivos são constituídos por células, sendo
estas as unidades estruturais e funcionais dos mesmos.

1.2 Técnicas Histológicas


A Histologia é o estudo da estrutura do material biológico e das maneiras como os seus
componentes se inter-relacionam, tanto estrutural quanto funcionalmente. O estudo da
histologia se iniciou com o desenvolvimento de microscópios simples e de técnicas para
preparo de material biológico, tornando-o adequado para exame.

A técnica histológica visa a preparação dos tecidos destinados ao estudado à microscopia de luz.
O exame ao microscópio é feito geralmente por luz transmitida, o que significa que a luz deve
atravessar o objecto a ser examinado. Assim, é necessária a obtenção de fragmentos dos tecidos
que serão colectados em lâminas muito finas e transparentes.

Uma particular especialização da histologia é a citologia, considerada a ciência das células.


Estuda ela a célula em si, a qual constitui, em definitivo, a base das ciências biológicas, porque
a célula é o elemento fundamental de todos os seres vivos.

Citologia e histologia não estudam somente a estrutura da célula e dos tecidos, mas também as
relações entre a estrutura e a função, e, portanto, se integram com a fisiologia, com a física e
com a química.

O estudo de preparações citológicas ou histológicas exige sistemas de observação adequados,


que permitem observar as estruturas. Para essa finalidade o aparelho mais comummente usado é
o microscópio óptico que utiliza a luz transmitida. Já o microscópio electrónico, que utiliza
electrões ao invés de feixes luminosos, é o aparelho mais para estudos de ultra-estrutura.

Os tecidos ao serem processados para estudo ao microscópio devem ser preparados de modo a
preservar sua estrutura original ao máximo possível. Entretanto, isso não é possível e todos os
preparados apresentam artefactos, que são alterações produzidas nas células pelas técnicas
utilizadas.
Pode se resumir os passos das técnicas histológicas com a seguinte sequência: fixação dos
tecidos, desidratação, inclusão, microtomia (corte em fatias finas), coloração e montagem
de lâminas. Essas etapas serão descritas adiante.
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1.2.1 FIXAÇÃO
Uma boa preparação histológica se inicia com o uso correcto das técnicas de obtenção do
material. Os cuidados devem ser observados já no sacrifício dos animais de laboratório para o
estudo histológico de seus tecidos. Tratando se de animais de laboratório o sacrifício pode ser
obtido através de técnicas como, traumatismo brusco, intoxicação (overdose de anestésico) e
perfusão/imersão.

Objectivos da fixação
A fixação paralisa o metabolismo celular e preserva as estruturas do tecido para os tratamentos
posteriores. A fixação evita a autólise celular, impede a proliferação de microrganismos, leva ao
endurecimento do tecido para que resista aos tratamentos posteriores. O fixador deve causar o
mínimo de dano ao tecido e produzir o mínimo de artefactos.

A técnica da perfusão para lavagem e fixação do tecido.


Usando anestesia profunda, em ratos e camundongos por exemplo, uma técnica que resulta em
boas preparações consiste na perfusão cardíaca. Este método simula o funcionamento do sistema
circulatório, uma vez que injecta os vasos do espécime com soluções químicas e perfunde os
tecidos. O processo consiste inicialmente na retirada da circulação sanguínea através de lavagem
feita com uma solução salina de pH neutro

A técnica de fixação por imersão


Além da perfusão cardíaca, pode-se também recorrer à fixação por imersão, ainda muito
utilizada. O volume de fixador empregado deve ser 15 a 20 vezes maior que o volume do
fragmento de tecido a ser fixado. O fixador inicia a sua acção da periferia para o centro do
material. As porções periféricas do material são primeiramente fixadas em relação as suas
porções mais internas. A boa penetração de qualquer fixador está directamente relacionada ao
tamanho e espessura do material. Entretanto, de acordo com o tipo de tecido, com a fixação de
um encéfalo, por exemplo, a fixação por imersão seria um método condenável, devido à
dificuldade de penetração da solução. Para estes casos sugere-se recorrer ao método da perfusão

1.2.2. Inclusão e Desidratação

Desidratação
Objectiva a retirada de água da peça, já que as substâncias inclusoras são insolúveis em água.
Esta etapa é feita com a utilização de álcoois graduados em tempos adequados ao fixador e ao
material.

A inclusão pode ser feita utilizando a parafina (mais comumente usada) e as resinas plásticas,
como o glicol metacrilato.
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1.2.3. Microtomia
Esta etapa consiste, basicamente, em utilizar um micrótomo para obter cortes; sucessivos,
delgados e uniformes, a partir dos blocos de parafina com as peças incluídas. Este aparelho é
formado por uma lâmina (fixa ou descartável) de aço, afiada, e um braço ao qual se prende o
,bloco e que se desloca verticalmente.

1.2.4. Coloração de Cortes Histológicos


A coloração consiste numa etapa muito importante para a visualização das estruturas do tecido.
Normalmente são utilizados corantes hidrossolúveis, sendo necessário, deste modo, a remoção da
parafina da peça que foi preparada nas etapas descritas anteriormente e que permanece na lâmina
de vidro.

Objectivo da coloração
Os cortes de tecidos apresentam-se incolores após a microtomia. A coloração visa contrastar as
estruturas teciduais. A acção da maioria dos corantes se baseia na interacção entre os radicais
ácidos ou básicos dos elementos químicos dos mesmos com os dos tecidos. No entanto existem
outros tipos de corantes, como será descrito adiante.

1.2.4. Técnica da hematoxilina-eosina (HE)


Inicialmente, a Hematoxilina deve ser dissolvida no álcool e o alúmen na água destilada
(previamente aquecida). Posteriormente, as duas soluções devem ser misturadas e aquecidas
até a fervura.

1.2.5. Técnicas Histoquímicas


A histoquímica é uma técnica histológica que tem por objectivo a identificação da natureza
química de constituintes celulares. Consiste na coloração específica desses constituintes,
recorrendo basicamente a substâncias que, reagindo com os componentes celulares, dão origem
a produtos corados.
Esta técnica contrasta com a coloração histológica comum, acima referida, na medida em que
esta última se baseia na absorção, pelas estruturas, de substâncias coradas (os corantes),
enquanto que na histoquímica, as cores são propriedades de produtos que se formam in sito.

1.2.7.Técnica de Imuno-Histoquímica (IHC)


As técnicas de imuno-histoquímica (IHQ) detectam moléculas (antígenos) teciduais, sendo de
grande valor nos diagnósticos anátomo-patológicos e na investigação científica. O mecanismo
básico é o reconhecimento do antígeno por um anticorpo associado a diversos tipos de
processos de visualização.
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Actualmente há disponibilidade de grande número de anticorpos para uso em tecidos fixados
em formol e incluídos em blocos parafina, permitindo o estudo de blocos arquivados por longos
períodos.

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO EM BIOLOGIA

Tudo começa nos átomos, minúsculas porções da matéria. Átomos reunidos formam
moléculas. Diferentes moléculas são formadas graças ao tipo de átomo presente na ligação e do
tipo e número de ligações. Diferentes tipos de átomos se unem para formar, por exemplo,
moléculas de hemoglobina.

Várias moléculas reunidas formam organelos, como os ribossomas, mitocôndrias, , retículo


endoplasmático liso, retículo endoplasmático rugoso, lisossomos, centríolos etc, estes
encontram se inseridos na célula.

Várias células formam tecidos. As hemácias, junto com outros tipos celulares como os
leucócitos, formam o tecido sanguíneo.
Vários tipos de tecidos reunidos formam órgãos. Por exemplo, os tecidos sanguíneo e muscular
(entre vários outros) formam o coração, órgão vital.
Órgãos reunidos formam sistemas. No caso do sistema circulatório, o principal órgão é o
coração, associado a veias, artérias, vasos e válvulas.
O conjunto de sistemas (excretor, respiratório, circulatório etc) acaba por caracterizar o
organismo. Vários organismos formam uma população, e o conjunto de várias populações
distintas caracteriza uma comunidade.
O conjunto de várias comunidades formam os ecossistemas e o conjunto de todos os
ecossistemas do planeta, forma a biosfera.
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TECIDO EPITELIAL
Os animais, como as plantas, são seres multicelulares, o que significa serem formados por muitas
células. Não são simplesmente colônias ou agregados de células semelhantes, mas são compostos
por diferentes tipos de células, cada uma com tamanho, estrutura e função características. Ser
multicelular significa apresentar diferenças no tamanho e diversidade na forma. Os tamanhos
diferentes dos organismos são devidos às diferenças no número de células e não na célula
individualmente.
As células de um rato e de um elefante tem dimensões correspondentes; o elefante é maior porque
seus genes foram programados para produzir um número maior de células. Nos organismos
formados por muitas células, pode haver uma divisão de trabalho, com cada tipo de célula
realizando funções específicas. Quando as células se especializam, os organismos podem se tornar
altamente eficientes para realizarem uma grande variedade de atividades. Assim, na maioria dos
animais as células são organizadas em tecidos.
Tecido: Consiste de células semelhantes associadas intimamente, adaptadas para funções
específicas. Os tecidos são constituídos por células, substâncias intercelulares e líquido intercidual.

Os epitélios constituem um grupo distinto de tecidos que recobrem toda a superfície corporal,
cavidades e tubos, funcionando como interface entre os compartimentos biológicos.

Origem
Origina-se dos 3 folhetos embrionários.
Ectoderme: epitélios de revestimento externos (epiderme, boca, fossas nasais, orifício rectal).
Endoderme: epitélio de revestimento do tubo digestivo, da árvore respiratória, do fígado e do pâncreas.
Mesoderme: endotélio (vasos sanguíneos e linfáticos) e mesotélio (revestimento de serosas).

TABELA 1 ORIGEM DOS DIFERENTES TIPOS DE EPITÉLIOS


Camada germinativa de origem Epitélios que derivam
Pele (estratificado pavimentoso queratinizado
Glândulas sudoríparas e ductos (cúbico simples e
estratificado)
Ectoderme
Epitélio que forra a cavidade oral e os canais
vaginais e anais (estratificado pavimentoso não
queratinizado)
Endotélio que reveste os vasos sanguíneos
(simples pavimentoso)
Mesotélio que reveste as cavidades corporais
(simples pavimentoso)
Mesoderme
Epitélios que revestem os ductos e os túbuls
genitasi e urinários (de transição,
pseudoestratificado colunar, cúbico simples,
colunar simples – dependendo da localização)
Epitélio que reveste o esófago(estratificado
pavimentoso não queratinizado)
Epitélio que reveste o tracto gastrointestinal
(colunar simples)
Epitélio que reveste a vesícula biliar (colunar
Endoderme simples)
ZOOLOGIA GERAL 2020, UNIROVUMA
Epitélios que formam glândulas sólidas como o
fígado e o pâncreas
Epitélios que revestem o sistema respiratório
(pseudoestratificado ciliado colunar – simples
ciliado colunar – cúbico – pavimentoso)

Funções do tecido epitelial


-Proteger o corpo contra a penetração de microrganismos, substâncias químicas e agressões físicas, a
função de revestimento envolve a de protecção - como a epiderme que protege os órgãos internos de
agentes externos

-Secreção , absorção de substâncias úteis (epitélio do intestino) e


-Percepção de sensações (pele), dependendo do órgão aonde se localizam.
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Características
O Tecido epitelial apresenta as seguintes características:
 Ausência de vascularização e de espaços entre as células;
O epitélio não é penetrado por vasos sanguíneos. A nutrição depende, portanto, da difusão de oxigênio e de
metabólitos a partir dos tecidos subjacentes.
 Ausência de substância intercelular:
O contato entre as células é feito através do glicocálix. O glicocálix consiste de proteínas e fosfolipídio
conjugados com pequenos polissacarídeos, formando um revestimento celular externo. Aparentemente tem
função de adesão entre as células, podendo simplesmente promover a proteção mecânica e química para a
membrana plasmática.
 Presença da Membrana Basal
Todos os epitélios são mantidos por uma membrana basal de espessura variável. Estas separam os epitélios
dos tecidos conjuntivos subjacentes. As membranas basais consistem de uma condensação da substância
fundamental glicoprotéica reforçada por fibras reticulares, que formam um tecido contínuo com as fibras
colágenas do tecido conjuntivo
 Polaridade celular:
A distribuição de organelas nas células obedece a uma polaridade. O pólo basal corresponde à região que
"olha" para a lâmina basal e o pólo apical é a região que está oposta à lâmina basal.
 Grande capacidade de renovação das células;
Pela atividade mitótica contínua das células, isto porque o tecido epitelial é constantemente esfoliado; apesar
de as células epiteliais apresentarem intensa adesão mútua. Esta adesão é em parte devida ao glicocálix e
reforçada por estruturas especiais.
 Rede de inervação: sensitiva intra-epitelial, formada por terminações nervosas livres.
 Ocorre a justaposição das células devido a pequena quantidade ou mesmo ausência da matriz
extracelular
A nutrição das células se faz por difusão a partir dos capilares existentes em outro tecido, o conjuntivo,
adjacente ao epitélio a ele ligado. O arranjo das células epiteliais pode ser comparado ao de ladrilhos ou
tijolos bem encaixados.

1.1 Tecido Epitelial de Revestimento

Classificação

1.1.1.Quanto ao número de camadas de células, podem ser

I-SIMPLES, com uma só camada de células iguais (ovário, intestino); Encontrado revestindo
superfícies envolvidas no transporte passivo de gases e líquidos como a superfície pulmonar
(pleura), os capilares sanguíneos (endotélio), o coração (pericárdio) e as vísceras (peritôneo).
Tradicionalmente conhecido como mesotélio, quando reveste as vísceras

II-ESTRATIFICADO, com várias camadas de células (pele, esôfago); e

III- PSEUDOESTRATIFICADO, com uma única camada de células que tocam a lâmina basal
mas que possuem núcleos em alturas diferentes (traquéia).
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1.1.2 Quanto à forma das células, podem ser


I-CÚBICAS (de núcleo arredondado e central),
II-cilíndricas ou prismáticas (com núcleo elipsóide e geralmente central) e
III-pavimentosas (achatadas).
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RESUMO
Critério Designação Características
Simples Uma única camada de células
Estratificado Várias camadas de células
Número de camadas
de células Várias camadas de núcleos mas todas as
Pseudoestratificado
células contactam com a lâmina basal
Pavimentoso ou
Espalmadas; células mais largas do que altas
escamoso
Forma das células Poligonais; as células são tão largas como
Cúbica
superficiais altas
Poligonais; as células são mais altas do que
Colunar ou cilindrica
largas

CLASSIFICAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE TECIDO EPITELIAL E SUA


LOCALIZAÇÃO
Cápsula de Bowman (rim),
Pavimentoso
endotélio e mesotélio
Túbulos colectores (rim),
Simples Cúbico
ductos pequenos
Vesícula biliar (sem cílios),
Cilíndrico
trompa (com cílios)
Uretra masculina (sem cílios),
Pseudoestratificado Cilíndrico
traqueia (ciliado)
Córnea (sem papilas de tecido
conjuntivo), pele
(queratinizado, com papilas
Pavimentoso
de tecido conjuntivo), vagina
(não queratinizado, com
Estratificado papilas de tecido conjuntivo)
Ductos das glândulas
Cúbico
sudoríparas
Cilíndrico Uretra masculina
De transição Bexiga, vias urinárias
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1.2 TECIDO EPITELIAL GLANDULAR

Os tecidos epiteliais glandulares são organizações de células originadas do tecido epitelial, com a
função principal de produzir substâncias (secreções). Tais substâncias, depois de sintetizadas, são
eliminadas para o meio extracelular. Classificam-se em endócrinas (quando o produto da
secreção é liberado no sangue) e exócrinas (quando o produto da secreção é liberado para a
superfície interna ou externa do corpo).

Origem: proliferação de células epiteliais de revestimento que invadem o tecido conjuntivo


adjacente, sofrendo diferenciação celular.

Características:

 É avascular, sendo nutrido pelo tecido conjuntivo;


 Possui alta atividade sintéticas;
 Normalmente, armazena dentro das células a substância a ser secretada na forma de
grânulos de secreção.

O epitélio que participa principalmente da secreção está geralmente disposto em estruturas


denominadas glândulas.
As substâncias sintetizadas e liberadas pelas células glandulares recebem denominação de produto
de secreção e este varia quimicamente conforme a glândula considerada, podendo ser:
- Glicoprotéica - célula caliciforme
- Protéica - células acinosas do pâncreas
- Triglicerídeo - gordura da glândula sebácea
- Esteróides - hormônio derivado do colesterol, produzido pelas glândulas supra-renais.

Tecido Epitelial Glandular: especializado na produção e secreção de substâncias, formando


glândulas. As células do tecido epitelial glandular produzem substâncias chamadas secreções,
que podem ser utilizadas e outras partes do corpo ou eliminadas do organismo. Essas secreções
podem ser:

 mucosas, quando espessas e ricas em muco, Ex. glândulas salivares


 serosas, quando fluidas, aquosas, claras e ricas e proteínas. Ex. glândulas secretoras do
pâncreas
 Podem também ser mistas, quando ocorrem secreções mucosas e serosas juntas. Ex.
Glândulas salivares parótidas.


Glândula é o nome que se dá a uma estrutura anatómica formada por invaginação um ou por
vários conjuntos de células epiteliais secretoras e seus ductos excretores
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CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O NÚMERO DE CÉLULAS

GLÂNDULAS UNICELULARES: suas células caliciformes estão entre meio ao epitélio de


revestimento da traqueia, ou multicelulares, como a maioria das glândulas.

As células caliciformes são glândulas exócrinas unicelulares que são encontradas entremeadas ao
longo de epitélios simples cilíndricos e de epitélios pseudoestratificados cilíndricos. Essas
células caliciformes são cilíndricas modificadas, que sintetizam e secretam muco. Localizam-se,
geralmente, entre as outras células do epitélio, principalmente, no revestimento do tracto
respiratório e digestório.

As glândulas multicelulares originam-se sempre dos epitélios de revestimento, por proliferação


de suas células para o interior do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação.

TIPOS DE GLÂNDULAS MULTICELULARES :

EXÓCRINAS: apresentam a porção secretora associada a ductos que lançam suas secreções
para fora do corpo (como as glândulas sudoríparas, lacrimais, mamárias e sebáceas) ou para o
interior de cavidades do corpo (como as glândulas salivares);

ENDÓCRINAS: não apresentam ductos associados à porção secretora. As secreções são


denominadas harmónios e lançadas directamente nos vasos sanguíneos e linfáticos. Exemplos,
hipófise, glândulas da tireóide, glândulas paratireódeas e glândulas adrenais;

ANFÍCRINAS OU MISTAS: eliminam secreções endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo. É


o caso do pâncreas, cuja porção exócrina secreta enzimas digestivas que são lançadas no
duodeno, enquanto a porção endócrina é responsável pela secreção dos harmónios insulina e
glucagon. Esses harmónios actuam, respectivamente, na redução e no aumento dos níveis de
glicose no sangue.
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FORMAÇÃO DO TECIDO EPITELIAL GLANDULAR

1.2.1 GLÂNDULAS EXÓCRINAS


Glândulas exócrinas: apresentam a porção secretora associada a ductos que lançam suas
secreções para fora do corpo (como as glândulas sudoríparas, lacrimais, mamárias e sebáceas) ou
para o interior de cavidades do corpo (como as glândulas salivares);
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Porção secretora – é a porção constituída pelas células secretoras.


Ducto(s) excretor(es) – é a porção que conduz a secreção e em algumas glândulas pode
influir na composição da secreção.

As glândulas exócrinas possuem diversas formas de classificação.

A-Classificação quanto à ramificação do ducto:

Glândulas simples: Possuem apenas um ducto secretor não ramificado. Ex: glândulas de
Lieberkühn, encontradas no duodeno, no jejuno, no íleo e no intestino grosso; glândulas
sudoríparas, encontradas na pele.

Glândulas compostas: Possuem um sistema de ductos ramificados que permite a conexão de


várias unidades secretoras com um ducto. Ex.: glândula mamária e glândulas de Brunner,
encontradas no duodeno.
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B-Classificação quanto a forma de unidade secretora:

Glândulas tubulares : A unidade secretora possui a forma de um ducto. Ex.: glândulas de


Lieberkühn, encontradas no duodeno, no jejuno, no íleo e no intestino grosso; glândulas
sudoríparas, encontradas na pele; glândulas fúndicas, encontradas no estômago; glândulas
esofágicas, encontradas no esófago; glândulas cárdicas, no estômago e no esófago.

Glândulas acinosas ou alveolares : A unidade secretora possui um aspecto mais arredondado.


Apesar de modernamente os dois termos designarem o mesmo tipo de glândula, por uma questão
de tradição o epitélio exócrino do pâncreas é exclusivamente denominado epitélio exócrino
acinar. Ex: glândulas sebáceas, encontradas na pele e ácinos serosos do pâncreas.

Glândulas tubuloalveolares : São glândulas que possuem os dois tipos de unidades secretoras,
tubulares e alveolares. Ex.: glândula mamária e glândula submandibular.
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C-Classificação quanto ao tipo de substância secretada:

Glândulas mucosas: Produzem uma secreção viscosa e escorregadia, que não se cora pelo HE.
Ex: glândula sublingual, que é mista, predominantemente mucosa.

Glândulas serosas :Produzem uma secreção aquosa e límpida que se cora em vermelho pelo
HE. Ex.: ácinos serosos do pâncreas, glândula parótida e glândula submandibular (esta última,
mista, de células acinares predominantemente serosas).

Glândulas mistas: Secretam os dois tipos de secreção mencionados acima, pois possuem os dois
tipos de ácinos (mucoso e seroso) ou porque possuem um terceiro tipo, que contém componente
mucoso e componente seroso (capacete de Gianuzzi). Ex.: fígado, glândula submandibular (com
preomínio de ácinos serosos) e glândula sublingual (com predomínio de ácinos mucosos).

D-Classificação quanto ao modo como a substância é liberada:

Glândulas merócrinas: O produto de secreção é liberado através da membrana por intermédio


de vacúolos, sem a perda do citoplasma. Ex: ácinos serosos do pâncreas e células caliciformes,
encontradas em todo o intestino e na traqueia, glândulas salivares, lacrimais, sudoríparas

Glândulas holócrinas: A célula secretora morre e torna-se o próprio produto de secreção da


glândula. O citoplasma inteiro é convertido em secreção. Ex: glândulas sebáceas.

Glândulas apócrinas : as células perdem parte de seu protoplasma junto com o produto de
secreção, tendo de se recompor antes de produzir as secreções novamente. Exemplo: glândulas
mamárias , glândulas sudoríparas de algumas partes do corpo.
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1.2.2 GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

Consistem em aglomerados ou cordões de células secretoras envoltos por rede de capilares


sanguíneos. Em geral, todas as glândulas possuem uma taxa basal de secreção que é modulada por
hormônios. As porções secretoras de algumas glândulas endócrinas são dotadas de células
contráteis que se situam entre as células secretoras e a membrana basal. Apresentam forma
estrelada com núcleo central e citoplasma com longos prolongamentos que envolvem a porção
secretora da glândula. Aparentemente, o mecanismo contrátil dessas células são semelhantes ao das
células musculares, o que lhes confere a designação de células mioepiteliais. Ao se contrair,
comprimem as porções secretoras atuando na eliminação do produto de secreção. Um tipo
incomum de tecido endócrino é encontrado na glândula tireóide, no qual as células epiteliais se
dispõem em folículos esféricos que armazenam moléculas precursoras de hormônio.

Glândulas endócrinas: não apresentam ductos associados à porção secretora. As secreções são
denominadas harmónios e lançadas directamente nos vasos sanguíneos e linfáticos. Exemplos,
hipófise, glândulas da tiróide, glândulas paratireóides e glândulas adrenais;

Glândulas cordonais: células secretoras formam cordões ao redor dos capilares. Não há
armazenamento de secreção. Ex.: paratireóide, hipófise, ilhotas de Langerhans do pâncreas.
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Glândulas vesiculares ou foliculares : células secretoras formam folículos ao redor dos
capilares, agrupam-se formando vesículas, que armazenam os produtos secretados antes de eles
atingirem a corrente sanguínea. Ex.: tireóide.

CÉLULAS EPITELIAIS ESPECIALIZADAS:

- Cé1ulas especializadas em transporte ativo: ou seja, células que utilizam energia, dependendo da
atividade metabólica celular. Ex: células dos túbulos contorcidos próximos e distais do rim e dos
ductos estriados das glândulas salivares. Tem como características múltiplas e profundas
invaginações da membrana na parte basal das células, que aumentam a superfície da região basal da
célula; presença de grandes quantidades de mitocôndrias.

- Células que secretam proteínas: células típicas, geralmente poliédricas, piramidais, com o núcleo
esférico situado no meio da célula e dividindo nitidamente o citoplasma em uma porção
supranuclear e outra basal infranuclear. Na zona apical encontra-se uma zona de Golgi, muito
desenvolvida, e citoplasma praticamente cheio dos grânulos de secreção. Ex: Cé1ula caliciforme do
epitélio intestinal .

- Cé1ulas que secretam substâncias vasoativas: Podem ter caráter polipeptídico e ação hormonal,
sendo transportados pelo sangue para atuar sobre células distantes. Podem também ter ação sobre
células próximas sem penetrar nos vasos sanguíneos. Estas células podem estar presentes no trato
gastrintestinal e no cérebro. No cérebro além de secretarem hormônios secretam também aminas
biogênicas (adrenalina, serotonina, dopamina).

- Cé1ulas que secretam hormônios esteróides: células especializadas na síntese dos hormônios
esteróides, encontradas nos testículos, ovários e glândulas adrenais
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