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Andrea de Charles Manuel

Edson Ngaúnje
Gerónimo Lobo Rocha Segurar

Métodos Analíticos
(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Gestão de Laboratório)

Universidade Rovuma
Lichinga
2023
Andrea de Charles Manuel
Edson Ngaúnje
Gerónimo Lobo Rocha Segurar

Métodos Analíticos
(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Gestão de Laboratório)

Trabalho da Cadeira de Estagio de Laboratório de


Carácter Avaliativo a ser Apresentado no
Departamento de Ciências, Engenharia,
Tecnologia e Matemática, no Curso de
Licenciatura em Ensino de Química.

Sob orientação do dr: Naite Francisco Vicente.

Universidade Rovuma
Lichinga
2023
Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.1.1. Geral ..................................................................................................................... 3

1.1.2. Específicos ............................................................................................................ 3

1.2. Metodologia ................................................................................................................. 3

2. Metodos analíticos............................................................................................................... 4

2.1. Introdução a Química Analítica ................................................................................... 4

2.1.1. Classificação da Análise Quantitativa .................................................................. 4

2.1.2. Classificação dos Métodos Quantitativos de Análise ........................................... 5

2.2. Classificação dos Métodos Analíticos ......................................................................... 6

2.2.1. Métodos Clássicos ................................................................................................ 6

2.2.2. Métodos Instrumentais ......................................................................................... 6

2.3. Classificação dos Metodos Clássicos de análise .......................................................... 7

2.3.1. Método Gravimétrico ou Analise Gravimétrica ................................................... 7

2.3.2. Método volumétrico ou Analise Volumétrica .................................................... 15

2.3.3. Vantagens e desvantagens do método gravimétrico ........................................... 20

2.4. Classificação dos Métodos Analíticos Instrumentais ................................................ 20

2.4.1. Cromatografia ..................................................................................................... 20

2.4.2. Eletroquímica...................................................................................................... 23

2.4.3. Espectroscopia .................................................................................................... 26

3. Conclusão .......................................................................................................................... 27

4. Referências bibliográfica................................................................................................... 28
3

1. Introdução
A Química envolve métodos analíticos voltados para a determinação da composição da matéria.
Os métodos qualitativos geram informações sobre a identidade das espécies atômicas ou
moleculares ou mesmo grupos funcionais na amostra. Já os métodos quantitativos
proporcionam resultados numéricos relacionados à quantidade dos componentes na amostra.

Neste trabalho será definido o conceito de química analítica, diferenciado analítica qualitativa
da quantitativa e classificaremos e subclassificaremos os métodos analíticos. Os procedimentos
analíticos podem ser de interesse não apenas para químicos analíticos, mas para os demais
químicos e investigadores de outras áreas. As técnicas e resultados analíticos podem ser
empregados para vários propósitos científicos e tecnológicos de sorte que são incomensuráveis
as aplicações da Química Analítica.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Analisar os metodos analíticos.

1.1.2. Específicos
 Definir o conceito de quimica analítica;
 Classificar os metodos analíticos;
 Descrever os metodos analíticos.

1.2. Metodologia
O trabalho desenvolveu-se utilizando-se a metodologia de pesquisa bibliográfica e a abordagem
qualitativa, que é uma técnica de pesquisa que utiliza como base de dados conteúdos materiais
já publicados em revistas, livros, artigos e teses, assim como também materiais disponíveis na
internet.
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2. Metodos analíticos
2.1. Introdução a Química Analítica
Skoog (2007), A química analítica é a ciência que estuda os princípios e métodos teóricos da
análise química. A análise química consiste em um conjunto de técnicas que permite identificar
quais os componentes que se encontram presentes em uma determinada amostra e sua
quantidade.

Esta é dividida em análise qualitativa e análise quantitativa. A análise qualitativa


consiste em identificar os componentes de uma amostra. Já a análise quantitativa
permite determinar a quantidade dos componentes de uma amostra. As substâncias
identificadas e quantificadas são chamadas de análitos e os locais de onde foram
retiradas estas amostras são chamados de matriz (Christian, 2004).
Para a compreensão da divisão da Química Analítica em analise qualitativa e analise
quantitativa Vasconcelos (2019), faz referencia o exemplo de a análise de um minério, onde, a
análise qualitativa indicara que constituintes estão presentes no minério e a análise quantitativa
determinara o quanto o minério contém de cada componente, ou seja, determinara as
quantidades das espécies presentes na amostra.

A análise qualitativa baseia-se na observação de propriedades físicas ou físico-químicas


através de reações químicas monitoradas pelos órgãos dos sentidos ou por métodos
instrumentais. Permite a investigação de propriedades como: cor, solubilidade, acidez,
formação de precipitados, oxidação-redução, além de ser útil no estudo do equilíbrio químico.
Em geral, a análise qualitativa é mais rápida que a análise quantitativa. Numa análise
qualitativa, perdas parciais dos análitos podem ser toleradas (Vasconcelos, 2019, p. 11).
Entretanto, numa análise quantitativa, as perdas devem ser as menores possíveis a fim de que
os resultados não sejam comprometidos. A análise qualitativa pode basear-se em reações
incompletas ou então envolver reações simultâneas e paralelas que originem diferentes produtos
sem que sérias interferências ocorram (Vasconcelos, 2019, p. 12).

Por sua vez, a análise quantitativa requer que a medida esteja relacionada reprodutivelmente à
concentração e, portanto, as reações devem ser completas e acompanhadas pela formação de
apenas uma restrita série de produtos. Além disso, na análise quantitativa alguma propriedade
do sistema deve ser relacionada às quantidades dos análitos, facto que restringe as reações que
podem ser empregadas (Vasconcelos, 2019, p. 12).

2.1.1. Classificação da Análise Quantitativa


As análises podem ser classificadas sob diversos aspectos: quanto ao material analisado, ao
método empregado, à informação requerida, à quantidade da amostra. Ainda para a autora
acima citada, as amostras podem ter natureza orgânica ou inorgânica e, assim quanto à natureza,
a análise pode ser de dois tipos: análise orgânica e análise inorgânica. Portanto, com relação à
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informação requerida, a análise quantitativa pode ser de cinco tipos: análise parcial, análise
completa, análise aproximada, análise exata e análise de traços (Vasconcelos, 2019, p. 12).

A análise parcial (incompleta) compreende o tipo de análise na qual apenas alguns


constituintes da amostra são analisados, enquanto que, na análise completa, todos os
componentes são investigados. A análise aproximada constitui-se no tipo de análise na qual
a exatidão dos métodos empregados é apenas razoável. No entanto, a análise exata requer o
emprego de métodos precisos e exatos. Denominam-se “traços” os componentes presentes na
amostra em quantidades muito pequenas e, portanto, a análise desses constituintes é conhecida
como análise de traços (Vasconcelos, 2019, p. 12).
Vasconcelos (2019, p. 12), “quanto à quantidade da amostra, os métodos analíticos são
classificados baseando-se termos de massa ou de volume. Os limites das medidas das
quantidades não devem ser considerados rigidamente”.

2.1.2. Classificação dos Métodos Quantitativos de Análise


De acordo com Vasconcelos (2019), os resultados de uma análise quantitativa podem ser
computados a partir de duas séries de medidas: 1) medidas de massa ou volume; 2) medidas de
propriedades proporcionais à quantidade do análito na amostra. Os métodos são classificados
de acordo com a medida final realizada, como ilustrado na Tabela abaixo, a seguir.

Tab.1: Classificação geral de metodos analíticos quantitativos de analise

Fonte: Vasconcelos (2019, p. 13)


Segundo Vasconcelos (2019, p. 13), “diferentes sinais são usados em medidas instrumentais,
sobretudo os sinais ópticos e eléctricos. O instrumento deve ser capaz de fornecer uma
informação observável relacionada à identidade e à composição da amostra”.
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2.2. Classificação dos Métodos Analíticos


De acordo com Skoog (2007), “os métodos analíticos são classificados em clássicos ou
instrumentais. Esta classificação é histórica, com os métodos clássicos precedendo os
instrumentais por um século ou mais” (p. 4).

2.2.1. Métodos Clássicos


Os métodos clássicos são subclassificados em métodos gravimétricos e volumétricos. Os
métodos gravimétricos determinam a massa do análito ou de algum composto quimicamente
a ele relacionado. No método volumétrico mede-se o volume da solução contendo reagente
em quantidade suficiente para reagir com todo análito presente. Nestes métodos envolvem
reações químicas, dissolução, extração e estequiometria (Passos, 2011).

Quando realizadas corretamente apresentam elevada exatidão e precisão, às vezes até superiores
aos métodos instrumentais, embora sejam mais demoradas. Os métodos clássicos para
separação e determinação de um análito ainda continuam sendo usados em vários laboratórios,
entretanto, suas aplicações estão se restringindo com o avanço tecnológico dos processos. Nos
primórdios da Química as análises eram realizadas através da separação do componente de
interesse em uma amostra por precipitação, extração ou destilação (Passos, 2011).

2.2.2. Métodos Instrumentais


Os métodos analíticos instrumentais consistem na medida das propriedades físicas do análito,
tais como condutividade, potencial de eléctrodo, absorção ou emissão de luz, razão massa/carga
e fluorescência. Nestes métodos envolvem a utilização de equipamentos sofisticados, mas
também pode envolver reações químicas em algumas etapas. Muitas vezes são menos precisas
do que os métodos clássicos, embora sejam mais rápidos. São utilizados na quantificação e
identificação dos constituintes minoritários (Passos, 2011).

Os químicos começaram a explorar outros fenômenos relacionados com as propriedades dos


análitos nos anos 30, mais precisamente na metade. A medida das propriedades físicas do
análito começou a ser empregada para análise quantitativa de uma variedade de análitos
orgânicos, inorgânicos e bioquímicos. Um pouco mais tarde, surgiram as técnicas
cromatográficas que substituíram a destilação, extração e precipitação de componentes em
misturas complexas, antes da determinação qualitativa ou quantitativa. Estes novos métodos
para separação e determinação de espécies químicas são conhecidos em conjunto como
Métodos Instrumentais de Análise (Passos, 2011).
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Fig. 1: A classificação e subclassificação dos Métodos Analíticos.

Fonte: Passos (2011, p. 9)

2.3. Classificação dos Metodos Clássicos de análise


2.3.1. Método Gravimétrico ou Analise Gravimétrica
De acordo com Harris (2001, p. 109), “análise gravimétrica, ou gravimetria, é um processo de
análise química que utiliza a grandeza de massa para quantificar um análito. O termo
“gravimétrica” é dado a este procedimento pelo facto a gravidade dar à massa a possibilidade
de ser pesada”.

Existem diversos tipos de análise gravimétrica, os principais são gravimetria por precipitação,
gravimetria de volatilização e eletrogravimetria. No método gravimétrico utiliza-se a
separação de um composto estável e puro, de composição conhecida, que contenha o análito,
em seguida ocorre a pesagem. Utilizando as massas molares dos compostos (pesado e análito)
e a massa pesada, relaciona-se à estequiometria, assim pode-se quantificar o análito (Skoog,
2007, p. 298).
De acordo com Skoog (2007, p. 289), “a análise gravimétrica está baseada na medida indireta
da massa de um ou mais constituintes de uma amostra ao qual o análito está quimicamente
relacionado”.

Por medida indireta deve-se entender: “Converter determinada espécie química em uma forma
separável do meio em que esta se encontra, para então ser recolhida e, através de cálculos
estequiométricos, determinar a quantidade real de determinado elemento ou composto
químico, constituinte da amostra inicial”. A separação do constituinte pode ser efetuada por
meios diversos: precipitação química, eletrodeposição, volatilização ou extração. Na
gravimetria por precipitação química, o constituinte a determinar e isolado mediante adição
de um reagente capaz de ocasionar a formação de uma substância pouco solúvel (Skoog, 2007,
p. 298).
Inicialmente, o item em análise encontra-se em uma forma solúvel em determinado meio.
Precipitação: em linhas gerais segue a seguinte ordem: precipitação > filtração > lavagem >
aquecimento > pesagem.
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Fig. 2: Etapas do método gravimétrico ou analise gravimétrica

Fonte: Autor (2023)

Em suma, gravimetria é o processo de isolar e de pesar um elemento, ou um composto definido


de um elemento, na forma mais pura possível. O elemento, ou o composto, é separado de uma
amostra pesada da substância sujeita à análise. Grande parte das determinações na análise
gravimétrica refere-se à transformação do elemento a ser determinado. Composto estável e
puro, que possa ser convertido, com facilidade, numa forma apropriada para pesagem.

2.3.1.1. Gravimetria por Precipitação


De acordo com Skoog (2007, p. 298), “vários métodos analíticos baseiam-se em medidas de
massa. Na gravimetria por precipitação, o análito é separado de uma solução da amostra como
um precipitado e é convertido a uma espécie de composição conhecida que pode ser pesada”.

Harris (2001) ressalta dizendo que, são talvez os mais importantes de que trata a análise
gravimétrica. Na gravimetria por precipitação o constituinte a ser determinado é precipitado da
solução numa forma que seja tão pouco solúvel que não haja perda apreciável quando o
precipitado for separado por filtração e pesado.

Na gravimetria por precipitação, o análito é convertido a um precipitado pouco solúvel. Então


esse precipitado é filtrado, lavado para a remoção de impurezas, convertido a um produto de
composição conhecida por meio de um tratamento térmico adequado e pesado. Por exemplo,
um método de precipitação para a determinação de cálcio em águas naturais é recomendado
pela Association of Official Analytical Chemists. Aqui, um excesso de ácido oxálico, H2C2O4,
é adicionado a uma solução aquosa contendo a amostra. Daí, adiciona-se amônia, o que
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neutraliza o ácido e provoca essencialmente a precipitação completa do cálcio presente na


amostra na forma do oxalato de cálcio. As reações são descritas abaixo (Skoog, 2007, p. 299).

Então, o precipitado é filtrado, utilizando-se um cadinho de filtração previamente pesado, e


depois é seco e calcinado. Esse processo converte completamente o precipitado a óxido de
cálcio. A reação é

Após o resfriamento, o cadinho e o precipitado são pesados e a massa de óxido de cálcio é


determinada pela subtração da massa conhecida do cadinho. O conteúdo em cálcio da amostra
é então calculado como mostrado no exemplo abaixo.

Fonte: Skoog (2007, p. 299)

2.3.1.1.1. Propriedades de Precipitados e Reagentes Precipitantes


Para Skoog (2007, p. 299), idealmente, um agente precipitante gravimétrico deve reagir
especificamente, ou pelo menos seletivamente com o análito. Os reagentes específicos, que são
raros, reagem apenas com uma única espécie química. Já os reagentes seletivos, que são mais
comuns, reagem com um número limitado de espécies. Além da especificidade e da
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seletividade, o reagente precipitante ideal deve provocar uma reação com o análito para formar
um produto que seja:

 facilmente filtrado e lavado para remoção de contaminantes;


 de solubilidade suficientemente baixa para que não haja perda significativa do analito
durante a filtração e a lavagem;
 não-reativo com os constituintes da atmosfera;
 de composição química conhecida após sua secagem ou, se necessário, calcinação.

Poucos reagentes, se houver algum, produzem precipitados que apresentam todas essas
propriedades desejáveis.

2.3.1.1.2. Fatores que determinam o êxito de uma análise por precipitação


1 – O precipitado deve ser tão insolúvel que não haja perdas apreciáveis quando for recolhido
por filtração. Isso significa que a quantidade que permanece em solução não excede ao mínimo
perceptível pela balança analítica comum, ou seja, 0,1mg (Skoog, 2007).

2 – A natureza física do precipitado deve ser tal que possa ser separado da solução por filtração
e possa ser lavado até estar isento de impurezas solúveis. As partículas tenham um tal tamanho
que não passem através do meio filtrante. As dimensões das partículas não sejam afetadas (pelo
menos não sejam diminuídas) pelo processo de lavagem (Skoog, 2007).

3 – O precipitado deve ser conversível a uma substância pura de composição química definida.
Calcinação ou por evaporação num solvente apropriado (Skoog, 2007).

A formação dos precipitados é um processo cinético, e o controle da velocidade de formação e


de outras condições, em certa extensão, permite conduzir a precipitação de maneira a separar a
fase sólida desejada com as melhores características físicas possíveis. O tamanho da partícula
do precipitado e influenciado por variáveis experimentais como:

 Solubilidade do precipitado,
 Temperatura,
 Concentrações dos reagentes
 Velocidade com que os reagentes são misturados (agitação).

O tamanho das partículas é uma característica muito importante, pois dele depende em grande
parte, a qualidade do precipitado quanto a filtrabilidade. Os precipitados constituídos por
partículas grandes são desejáveis nos procedimentos gravimétricos porque essas partículas são
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fáceis de filtrar e de lavar visando a remoção de impurezas, além de serem mais puros que
aqueles formados por partículas pequenas (Skoog, 2007).

2.3.1.1.3. Precipitação de uma solução homogênea (Procedimentos gravimétricos


clássicos)
Aconselha-se adicionar lentamente uma solução diluída do reagente precipitante, acompanhado
de agitação. Manter um baixo grau de supersaturação durante a precipitação. Para a obtenção
de partículas maiores, mais perfeitas e mais puras, de acordo com a teoria de Von Weimarn. No
entanto, mesmo assim cria-se uma zona de contacto entre duas soluções relativamente
concentradas, onde se observa o surgimento de inúmeras partículas pequenas (Christian, 2004).

Na técnica de precipitação de uma solução homogênea o reagente precipitante não é adicionado


à solução, ele é gerado por meio de uma reação química cineticamente lenta e homogênea em
todo o seio da solução formando cristais maiores e mais puros. Esse tipo de precipitação pode
ser aplicado para qualquer sistema no qual o reagente de interesse possa ser gerado lenta e
uniformemente. As reações químicas úteis são aquelas que podem gerar o íon ou composto de
interesse ou que produzam íons H+ ou OH- a fim de aumentar ou abaixar o pH da solução
(Christian, 2004).

Por exemplos, uso da hidrólise da ureia em solução quente produzindo amônia e dióxido de
carbono, aumentando o pH do meio:

Neste processo o CO2 é eliminado por aquecimento da solução até a ebulição e a geração lenta
de amônia vai resultar num aumento gradual do pH da solução. A ureia é usada na precipitação
de hidróxidos de certos metais.

Segundo Christian (2004), os precipitados assim formados apresentam propriedades mais


convenientes para uma análise gravimétrica que o precipitado obtido pela simples adição de
amônia. A precipitação de uma solução homogênea é usada para:

a) melhorar separações;
b) formar partículas cristalinas grandes;
c) produzir precipitados mais puros e fáceis de filtrar.
12

2.3.1.1.4. Influência das condições de precipitação


O tamanho e o hábito (forma) dos cristais são influenciados pelos seguintes factores:
precipitado; condições de formação do precipitado e o envelhecimento ou recristalização. De
acordo com a teoria de Von Weimarn essas condições são as que vai influenciar o efeito das
condições de precipitação sobre o tamanho das partículas. E esse Efeito das concentrações dos
reagentes pode ser determinado pela seguinte equação:

Onde:
S = solubilidade do precipitado no estado de equilíbrio
Q = concentração dos íons em solução no instante anterior ao da precipitação
(Q – S) = grau de supersaturação
K = constante

Então, Quanto > [reagentes] > Grau de dispersão < tamanho das partículas. O K depende da
natureza do precipitado e de outros fatores como temperatura e viscosidade da solução. Para se
obter partículas maiores é necessário misturar soluções diluídas dos reagentes. Na análise
gravimétrica recomenda-se: uso de solução reagente diluída, adicionada lentamente e sob
agitação. manter o baixo grau de supersaturação durante a precipitação. Outra maneira de se
manter baixo grau de supersaturação: condições de elevada solubilidade; Precipitação em
solução quente; Resfriamento da solução: ↓S e precipitação quantitativa do precipitado
(Christian, 2004).

2.3.1.1.5. Mecanismo de precipitação


Fig. 3: Mecanismo de precipitação (Partículas de impureza)

Fonte: Christian (2004)


13

2.3.1.1.6. Digestão de precipitados


Digestão refere-se ao conjunto de operações na qual o precipitado permanece em contacto com
a solução-mãe, durante um certo tempo, no qual podem ocorrer transformações. O
envelhecimento dos precipitados é o conjunto de transformações irreversíveis que ocorrem
em um precipitado quando em contato com a sua água-mãe (Christian, 2004).

2.3.1.1.7. Contaminação dos precipitados


Precipitados podem arrastar da solução outros constituintes que são normalmente solúveis.
Nem sempre são removidos por simples lavagem. Impurezas são a maior fonte de erros na
análise gravimétrica e essas impurezas podem surgir a partir dos processos de Coprecipitação
e Pós-precipitação (Christian, 2004).

Na Coprecipitação substâncias solúveis incorporam-se ao precipitado durante o seu


crescimento. E essa Coprecipitação pode acontecer por Adsorção na Superfície, o que
chamamos de Oclusão. A oclusão refere-se se um precipitado cresce muito rapidamente, alguns
contra-íões não têm tempo de escapar da superfície.

Fig. 4: Coprecipitação das substancias por oclusão

Fonte: Christian (2004)


No processo de oclusão a impureza é adsorvida na superfície do precipitado. À medida que as
partículas crescem o ião contaminante fica ocluído. Estes iões não substituem catiões nem
aniões no precipitado normal.
14

Diferentemente da Coprecipitação, a pós-precipitação ocorre durante a digestão, no processo


de envelhecimento do precipitado.

Fig. 5: Processo de pós-precipitação

Fonte: Christian (2004)

2.3.1.2. Gravimetria De Volatilização


Este método utiliza a volatilidade do análito, utiliza-se energia química ou térmica para
volatilizá-lo de modo que seu vapor entre em contato direto com um absorvedor de massa
previamente conhecida, assim, após toda a volatilização, mede-se a massa do absorvedor e a
subtração da massa final da inicial resulta na massa do análito, este é o método de volatilização
direta (Skoog, 2007).

Porém isto deve ser feito quando apenas o análito é volátil na amostra e que o absorvedor tenha
afinidade apenas com o análito. Ao método onde massa da amostra da amostra é medida antes
da vaporização e a massa do análito é igual a subtração da massa inicial pela final da amostra,
dá-se o nome de método indireto. O análito deve ser o único volátil. São bastante utilizados na
determinação de água de dióxido de carbono, CO2 (Skoog, 2007).

2.3.1.3. Eletrogravimetria
Ocorre em um sistema oxido-redução, a aplicação de uma corrente elétrica que causa a
dissociação de substâncias análito (geralmente metais), no cátodo os catiões depositam-se,
contra-íões podem depositar-se no ânodo (Skoog, 2007).
15

A massa do eléctrodo é conhecida antes do funcionamento do sistema e depois ao seu término,


assim calcula-se: massa do análito = massa eléctrodo final – massa eléctrodo inicial. É
bastante utilizado em determinação metálica e percentagem de sais em água (Skoog, 2007).

2.3.2. Método volumétrico ou Analise Volumétrica


De acordo com Christian (2004), volumetria é um método baseado na determinação do volume
de uma solução de concentração conhecida (titulante), necessário para reagir quantitativamente
com um soluto (titulado). Titulação é o processo no qual uma solução padrão ou solução de
referência é adicionada a uma solução que contém um soluto (que se deseja analisar), até que
complete a reação.

Os métodos titulométricos incluem um amplo e poderoso grupo de procedimentos


quantitativos baseados na medida da quantidade de um regente de concentração conhecida que
é consumida pelo análito. A titulometria volumétrica envolve a medida de volume de uma
solução de concentração conhecida necessária para reagir essencial e completamente com o
análito. A titulometria gravimétrica difere unicamente em relação ao fato de que a massa do
reagente é medida em vez do seu volume. Na titulometria coulométrica, o “reagente” é uma
corrente elétrica direta constante de grandeza conhecida que consome o análito. Nesse caso, o
tempo requerido (e assim a carga total) para completar a reação eletroquímica é medido
(Skoog, 2007, p. 321).
Uma solução padrão (ou um titulante padrão) refere-se a um reagente de concentração
conhecida que é usado para se fazer uma análise volumétrica. Uma titulação é realizada pela
lenta adição de uma solução padrão de uma bureta, ou outro aparelho dosador de líquidos, a
uma solução de analito até que a reação entre os dois seja julgada completa. O volume, ou
massa, de reagente necessário para completar a titulação é determinado pela diferença entre as
leituras inicial e final (Skoog, 2007, p. 322).

Segundo (Skoog, 2007), às vezes é necessário adicionar um excesso de titulante padrão e então
determinar a quantidade excedente por retrotitulação com um segundo titulante padrão. Por
exemplo, a quantidade de fosfato na amostra pode ser determinada pela adição de excesso
medido de nitrato de prata padrão a uma solução da amostra, a qual leva à formação de um
fosfato de prata insolúvel:

O excesso de nitrato de prata é então retrotitulado com uma solução padrão de tiocianato de
potássio:
16

Nesse caso, a quantidade de nitrato de prata é quimicamente equivalente à quantidade de fosfato


mais a quantidade de tiocianato usada para a retrotitulação. Em suma, uma solução padrão
compreende um reagente de concentração exatamente conhecida utilizado na análise
titulométrica. A titulação refere-se a um processo no qual o reagente padrão é adicionado à
solução de um análito até que a reação entre os dois seja julgada completa.

A retrotitulação é um processo no qual o excesso de uma solução padrão usado para consumir
o analito é determinado por uma segunda solução padrão. As retrotitulações são frequentemente
requeridas quando a velocidade de reação entre o análito e o reagente é lenta ou quando falta
estabilidade à solução padrão.

2.3.2.1. Requisitos para uma reação química ser usada como base de um método
volumétrico
a) Deve ocorrer uma reação simples, que possa ser expressa por uma equação química. A
substância a ser determinada deverá reagir completamente com o reagente adicionado
em proporções estequiométricas.
b) Deve ser praticamente instantânea ou proceder com grande velocidade. Equilíbrio seja
imediatamente estabelecido a cada adição do titulante.
c) Deve haver a alteração de alguma propriedade física ou química (pH, temperatura,
condutividade) da solução no ponto de equivalência.
d) Deve haver um indicador que provoque mudanças de propriedades físicas (cor ou
formação de precipitado). Defina nitidamente o ponto final da titulação (Skoog, 2007).

2.3.2.2. Solução Padrão


Segundo Skoog (2007), solução cuja a concentração é conhecida com exatidão e que estará
sendo usada para comparação das concentrações. A solução padrão deve apresentar as seguintes
características:

 Deve ser suficientemente estável de modo a ser necessário apenas determinar sua
concentração uma única vez.
 Reage rapidamente com o analito de modo a minimizar o tempo requerido entre as
adições de reagente.
 Reage completamente com o analito de modo a ter um ponto final satisfatório.

Uma solução padrão é aquela cuja concentração é conhecida com grande exatidão. A exatidão
da solução padrão limita a exatidão do método analítico. De acordo com Skoog (2007), uma
solução padrão pode ser obtida de duas maneiras:
17

 Primeiro pelo uso de um padrão primário como soluto;


 Segundo pela padronização de uma solução de concentração aproximadamente
conhecida (padrão secundário).

2.3.2.3. Padrão Primário


Segundo Skoog (2007), padrão primário são reagentes que preenchem todos os requisitos dos
reagentes analíticos. Além de conter uma quantidade conhecida, aproximadamente 100%, da
substância principal. Padrão primário são frequentemente preparados e purificados por métodos
especiais. Um bom padrão primário deve preencher as seguintes condições:

a) Ser puro;
b) Não ser higroscópico, não perder água de hidratação, não absorver oxigênio, nem gás
carbônico;
c) Ser estável às temperaturas de secagem (exceto quando o padrão é um hidrato);
d) Ter boa solubilidade no meio da titulação;
e) Ter massa molar elevada, de modo que o erro relativo associado à pesagem seja
minimizado.

As soluções de padrões primários devem ser preparadas pela dissolução de uma massa
exatamente pesada (balança analítica) do soluto em um volume definido (balão volumétrico).
Concentração exatamente calculada. Po exemplo: Oxalato de sódio (99,95 %), Biftalato de
potássio (99,99 %), Dicromato de potássio (99,98 %). O número de padrões primários é muito
restrito e, frequentemente, tem que se recorrer aos padrões secundários. A concentração exata
dessas soluções é determinada por comparação com soluções de padrões primários via titulação.
Denominada de padronização (Skoog, 2007).

2.3.2.4. Padrão Secundário


De acordo com Skoog (2007), padrão secundário são substâncias que tem sua concentração
determinada por análise química e também são utilizadas como referência em análises
volumétricas. Por exemplo: NaOH, EDTA, AgNO3.

2.3.2.5. Ponto de equivalência


De acordo com Skoog (2007), o ponto estequiométrico, de equivalência ou final teórico de uma
titulação é aquele calculado com base na estequiometria da reação envolvida na titulação
(volume exato em que a substância a ser determinada vai ser titulada). Não pode ser
determinado experimentalmente.
18

Quantidade de matéria do titulante = Quantidade de matéria do titulado (ntitulante = ntitulado). O


ponto final de uma titulação é determinado experimentalmente através de indicadores visuais
(ácido-base) ou por métodos instrumentais (potenciometria, condutometria, etc) (Skoog, 2007).

2.3.2.6. Erro da titulação


De acordo com Skoog (2007), a diferença entre os volumes do ponto de equivalência (VPE) e
do ponto final (VPF) é o ERRO DA TITULAÇÃO.

Erro da titulação = VPF – VPE/VPE

2.3.2.7. Determinação do ponto final


Segundo Skoog (2007), indicadores Visuais são aqueles que causam mudança de cor próximo
ao ponto de equivalência. Os Métodos Instrumentais respondem a certas propriedades da
solução que muda de características durante a titulação. Ex: Medida de pH, condutividade,
potencial, corrente, temperatura, etc.

2.3.2.8. Classificação dos metodos volumétricos


Os métodos volumétricos podem ser classificados em diretos ou indiretos: Método direto ou
Titulação direta: a espécie a ser determinada reage diretamente com a solução padrão. Método
Indireto ou Titulação Indireta ou Titulação de retorno ou Contratitulação: consiste em adicionar
um excesso, exatamente conhecido, da solução padrão ao analito e depois determinar a parte
desse excesso que não reagiu com uma outra solução padrão (Skoog, 2007).

Método Indireto é usado, principalmente, quando a velocidade da reação direta não é


compatível com a titulação ou quando a amostra não é solúvel em água, mas é solúvel no
reagente da titulação direta ou ainda quando não se tem indicador adequado à titulação (Skoog,
2007).

2.3.2.9. Cálculos em Volumetria


De acordo com Skoog (2007), os cálculos são feitos a partir da estequiometria da reação
envolvida.

Exemplo: Padronização de uma solução de NaOH aproximadamente 0,1mol/L


19

Quantidade de matéria de biftalato de potássio = Quantidade de matéria de NaOH

2.3.2.10. Curvas de Titulação


Curva de titulação é a representação gráfica do processo de titulação, que mostra a variação
logarítmica de uma determinada propriedade, geralmente concentração, em função do volume
do titulante adicionado (Skoog, 2007).

Fig. 6: Curva de Titulação

2.3.2.11. Classificação das reações empregadas em titulação


1- Neutralização:

2- Formação de complexos:

3- Precipitação:

4- Oxidação-redução:
20

2.3.3. Vantagens e desvantagens do método gravimétrico


2.3.3.1. Vantagens
 É exata e precisa quando se usam as balanças analíticas modernas;
 É possível controlar as possíveis fontes de erro. Os filtrados podem ser ensaiados para
verificar se a precipitação foi completa. Os precipitados podem ser examinados em
busca de presença de impurezas
 Tem a grande vantagem de ser um método absoluto. É um método que envolve a
medição direta sem a necessidade de nenhuma forma de calibração
 As determinações podem ser feitas com aparelhos relativamente baratos.

2.3.3.2. Desvantagens
 Procedimentos laboratoriais demorados;
 Não é aplicável a análise de traços;
 Erros no processo de precipitação;
 Perdas de precipitados nas etapas de transferência, filtração, lavagem e secagem.

2.4. Classificação dos Métodos Analíticos Instrumentais


As técnicas instrumentais de análise química são separadas em três grandes áreas principais: A
Cromatografia, técnica de separação e identificação de componentes de uma mistura. A
Eletroquímica, responsável pelo estudo das reações que abrangem a transferência de eletrões
e a transformação de energia química em energia elétrica e a Espectroscopia, que tem como
princípio a interação da radiação eletromagnética com a matéria. Cada uma dessas técnicas
caracteriza-se por suas peculiaridades e pelos componentes químicos de interesse viáveis de
identificação e/ou quantificação.

2.4.1. Cromatografia
A cromatografia pode ser definida como um método físico-químico de separação,
fundamentada na migração diferencial dos componentes de uma mistura. Esta migração
diferencial se deve a diferentes interações entre a fase móvel e a fase estacionária. Os
componentes de uma mistura se distribuem entre a fase móvel e a fase estacionária de tal forma
que cada um dos componentes é retido seletivamente na fase estacionária, resultando em
migrações diferenciadas (Harris, 2001).

A Figura 7 a seguir ilustra a separação de misturas por interação diferencial dos seus
componentes com uma fase estacionária (líquido ou sólido) e uma fase móvel (líquido ou gás).
21

Fig. 7: Migração diferencial dos componentes de uma mistura

Fonte: Harris (2001)


Em relação à forma física do sistema, a cromatografia pode ser dividida em cromatografia em
coluna e cromatografia planar. Enquanto a cromatografia planar divide-se em cromatografia em
papel (CP), cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia chromatotron, a
cromatografia em coluna divide-se em cromatografia líquida, cromatografia supercrítica e
cromatografia gasosa, que se subdividem de acordo com critérios de separação que serão
estudados mais detalhadamente (Harris, 2001).

2.4.1.1. Cromatografia planar


2.4.1.1.1. Cromatografia em papel
A cromatografia em papel (CP) é uma técnica de partição líquido–líquido, estando um deles
fixado a um suporte sólido. O suporte é saturado em água e a partição se dá devido à presença
de água em celulose (papel de filtro). Este método, embora menos eficiente que a CCD, é muito
útil para a separação de compostos polares (Harris, 2001).

Utiliza-se pequenas quantidades de amostras (microgramas a miligramas) retiradas com


pequenos capilares de vidro que são depositadas sobre faixas de papel de filtro e em seguida
colocadas em cubas de vidro contendo a fase móvel. Após o deslocamento por capilaridade da
fase móvel pela fase estacionária, o papel é retirado da cuba (as manchas podem ser reveladas
por meio de luz UV, vapores de iodo, soluções de cloreto férrico e tiocianoferrato de potássio,
etc) (Harris, 2001).

2.4.1.1.2. Cromatografia em Camada Delgada (CCD)


A cromatografia em camada delgada (CCD3) é uma técnica de adsorção líquido–sólido. Nesse
caso, a separação dos componentes da mistura ocorre em função da migração diferencial sobre
uma camada delgada de adsorvente, fixo numa superfície plana, por meio de uma fase móvel
(um líquido ou misturas de líquidos). O mecanismo de separação ocorre principalmente por
adsorção (partição ou troca iônica), a separação se dá pela diferença de afinidade dos
22

componentes de uma mistura pela fase estacionária. Os adsorventes comerciais mais utilizados
são: sílica, alumina, celulose, terra diatomácea e poliamida (Harris, 2001).

2.4.1.1.3. Cromatografia Chromatotron


Chromatotron é uma cromatografia de camada fina preparativa acelerada centrifugamente. Foi
desenvolvida pelos autores do Compendium of Organic Synthetic Methods. Substitui as CCD
preparativas, pequenas colunas e CLAE.

A amostra a ser separada é aplicada como uma solução no centro do disco giratório umedecido
com o solvente. A eluição com solvente gera bandas circulares de separação dos componentes
que são removidos juntamente com o solvente para um tubo de recepção. Utiliza-se como
adsorvente sílica gel, alumina e sílica gel-nitrato de prata. Possui compatibilidade com todos os
solventes comumente usados em outras técnicas cromatográficas, incluindo ácido acético,
sendo que o uso de ácidos minerais não é indicado (Harris, 2001).

2.4.1.2. Cromatografia em coluna


Esta técnica é bastante utilizada para isolamento de produtos naturais e purificação de produtos
de reações químicas. Essa técnica fundamenta-se basicamente na polaridade relativa das
moléculas envolvidas. As fases estacionárias mais empregadas são sílica e alumina, no entanto,
estes adsorventes podem servir somente como suporte para uma fase estacionária líquida. Fases
estacionárias sólidas levam à separação por adsorção e fases estacionárias líquidas por partição.
Suportes quimicamente modificados também têm sido usados, sendo o processo de separação
misto, neste caso (Harris, 2001).

2.4.1.2.1. Cromatografia Líquida


A cromatografia líquida de alta eficiência é um tipo de cromatografia em coluna que foi
desenvolvida utilizando-se de suportes com partículas diminutas responsáveis pela alta
eficiência, as quais tornam necessário o uso de bombas de alta pressão para a eluição da fase
móvel. A CLAE tem a capacidade de realizar separações e análises quantitativas de uma grande
quantidade de compostos presentes em vários tipos de amostras, em escala de tempo de poucos
minutos, com alta resolução, eficiência e sensibilidade (Harris, 2001).

A versatilidade desta técnica reside no grande número de fases estacionárias existentes, as quais
possibilitam análises e separações de uma ampla gama de compostos com alta eficácia. Na
CLAE, emprega-se uma coluna fechada, reaproveitável; portanto, até centenas de separações
individuais podem ser realizadas com a mesma coluna (Harris, 2001).
23

Essas colunas são muito eficazes, mas oferecem uma grande resistência à vazão da fase móvel,
ou seja, ela sofre uma perda de carga. Por esta razão é necessário empregar sistemas de bomba
de alta pressão (até 400 bars) que fazem a fase móvel migrar a uma velocidade razoável através
da coluna. A vazão da fase móvel é controlada facilmente, resultando em operações mais
reprodutíveis, que tornam as análises executadas por CLAE mais precisas (Harris, 2001).

2.4.1.2.2. Cromatografia Supercrítica


A cromatografia com fluido supercrítico compatibiliza as vantagens da cromatografia a gás com
as vantagens da cromatografia líquida de alta eficiência, especialmente quando esta técnica é
acoplada a espectrometria de massas, pois as colunas podem ser conectadas diretamente à fonte
de iões sem a necessidade de interfaces complicadas como na CLAE. O fluido de cromatografia
mais comum é o dióxido de carbono que não causa problemas na espectrometria de massas ou
em seu sistema de bombeamento (Harris, 2001).

2.4.1.2.3. Cromatografia Gasosa


O principal mecanismo de separação da Cromatografia Gasosa (CG) está baseado na partição
dos componentes de uma amostra entre a fase móvel gasosa e a fase estacionária líquida. Na
Cromatografia a Gás empregam-se colunas bem mais longas que aquelas usadas em
Cromatografia a Líquido. O princípio é o mesmo, entretanto a força motora é a pressão do gás
e não a força da gravidade, de modo que as colunas normalmente são dobradas em espiral, a
fim de ocupar menos espaço dentro do cromatógrafo (Harris, 2001).

A cromatografia gasosa é uma das técnicas analíticas mais utilizadas. Além de possuir um alto
poder de resolução, é muito atrativa devido à possibilidade de detecção em escala de nano a
picogramas (10–9 a 10-12 g). A grande limitação deste método é a necessidade de que a amostra
seja volátil ou estável termicamente, embora amostras não voláteis ou instáveis possam ser
derivatizadas quimicamente (Harris, 2001).

2.4.2. Eletroquímica
De acordo com Skoog (2007), os métodos eletroanalíticos se baseiam em reações de oxidação-
redução. Esses métodos incluem a potenciometria, a voltametria e a condutimetria.

2.4.2.1. Potenciometria
Os métodos potenciométricos de análises baseiam-se na medida do potencial de células
eletroquímicas, sem o consumo apreciável de corrente. Há cerca de um século, as técnicas
potenciométricas têm sido utilizadas para localizar o ponto final em titulações. Em métodos
mais recentes, as concentrações de espécies iônicas são medidas diretamente a partir do
24

potencial de eléctrodos de membranas seletivas a iões. Esses eléctrodos são relativamente livres
de interferência e representam uma forma rápida, conveniente e não destrutiva de se determinar
quantitativamente inúmeros catiões e aniões importantes (Skoog, 2007).

Esta medida é realizada com o auxilio de dois eléctrodos imersos na solução em estudo, sendo
que um recebe o nome de eléctrodo de referencia e o outro eléctrodo indicador. O instrumento
utilizado para realizar esta medida é denominado potenciômetro (também pH) e normalmente
permite que a medida seja feita na escala de milivolts (mV) ou pH. O potencial de uma célula
eletroquímica pode ser medido através da potenciometria direta, a qual permite relacionar o
potencial com a atividade (ou a concentração) de uma espécie iônica ou através de uma titulação
potenciométrica, que mede a variação do potencial da célula após cada adição de um titulante
sobre a amostra (Skoog, 2007).

2.4.2.2. Voltametria
Os métodos eletroanalíticos que dependem da medida da corrente, em função do potencial
aplicado, são chamados métodos voltamétricos. Esses métodos empregam condições que
favorecem a polarização do eléctrodo de trabalho. Geralmente, para aumentar a polarização, os
eléctrodos de trabalho utilizados na voltametria são relativamente pequenos, com áreas
superficiais de alguns milímetros quadrados, no máximo e, em algumas aplicações, apenas
alguns micrômetros quadrados (Skoog, 2007).

A voltametria baseia-se na medida da corrente em uma célula eletroquímica sob condições de


completa polarização de concentração, na qual a velocidade de oxidação ou redução do analito
é limitada pela velocidade de transferência de massa do analito para a superfície do eléctrodo.
A voltametria difere da eletrogravimetria e da coulometria, uma vez que nesses últimos métodos
tomam-se cuidados para minimizar ou compensar os efeitos da polarização de concentração.
Mais do que isso, na voltametria ocorre um consumo mínimo do analito, ao passo que na
eletrogravimetria e coulometria essencialmente todo o analito é convertido em produto (Skoog,
2007).

O campo da voltametria desenvolveu-se a partir da polarografia, um tipo de voltametria que foi


descoberto pelo químico checoslovaco Jaroslav Heyrovsky no início dos anos 1920.1 A
polarografia, que ainda é um ramo importante da voltametria, difere de outros tipos de
voltametria porque, nesse caso, um eléctrodo gotejante de mercúrio (EGM) é empregado como
eléctrodo de trabalho (Skoog, 2007).
25

A voltametria é amplamente empregada por químicos analíticos, inorgânicos, físico-químicos


e bioquímicos para estudos fundamentais de (1) processos de oxidação e redução em vários
meios, (2) processos de adsorção às superfícies e (3) mecanismos de transferência de electrões
em superfícies modificadas de eléctrodos. Para fins analíticos, várias formas da voltametria
encontram-se em uso atualmente. A voltametria de redissolução é, atualmente, um método
relevante na análise de traços, particularmente na determinação de metais em amostras de
interesse ambiental. A polarografia de pulso diferencial e a voltametria de varredura rápida são
importantes na determinação de espécies de interesse farmacêutico (Skoog, 2007).

Os detectores voltamétricos, entre outros, são frequentemente empregados na cromatografia


líquida de alta eficiência (CLAE) e na eletroforese capilar. Técnicas amperométricas são
amplamente utilizadas na tecnologia de sensores e no acompanhamento de titulações e reações
de interesse biológico. Os métodos voltamétricos modernos continuam a ser ferramentas
poderosas empregadas por vários tipos diferentes de químicos interessados no estudo e no
emprego de processos de oxidação, redução e adsorção (Skoog, 2007).

2.4.2.3. Eletrogravimetria e Condutimetria


Em contraste aos métodos potenciométricos descritos anteriormente, os métodos aqui
apresentados são eletrolíticos, com uma corrente líquida e uma reação líquida de célula. A
eletrogravimetria e a coulometria são métodos correlatos nos quais a eletrólise é realizada por
um tempo suficiente para assegurar a oxidação ou redução completa do analito a um produto
de composição conhecida (Skoog, 2007).

Na eletrogravimetria, o objetivo consiste em se determinar a quantidade de analito presente por


meio da sua conversão eletrolítica a um produto que é pesado na forma de um depósito sobre
um dos eléctrodos. Em procedimentos coulométricos, estabelecemos a quantidade de analito
pela medida da quantidade de carga elétrica necessária para convertê-lo completamente a um
dado produto (Skoog, 2007).

A eletrogravimetria e a coulometria são moderadamente sensíveis e estão entre as técnicas mais


exactas e precisas disponíveis aos químicos. Assim como as técnicas gravimétricas, a
eletrogravimetria não requer calibrações preliminares contra padrões químicos porque a relação
funcional entre a grandeza medida e a concentração do analito pode ser estipulada a partir da
teoria e dados de massa atômica (Skoog, 2007).
26

2.4.3. Espectroscopia
As medidas baseadas na luz ou outras formas de radiação eletromagnética são amplamente
empregadas em química analítica. As interações da radiação com a matéria são o objeto de
estudo da ciência da espectroscopia. Os métodos espectroscópicos de análise são baseados na
medida da quantidade de radiação produzida ou absorvida pelas moléculas ou pelas espécies
atômicas de interesse (Skoog, 2007).

Podemos classificar os métodos espectroscópicos de acordo com a região do espectro


eletromagnético envolvida na medida. As regiões espectrais que têm sido empregadas incluem
os raios g, os raios X, ultravioleta (UV), visível, infravermelha (IV), micro-ondas e
radiofrequência (RF). De fato, o uso corrente estende mais ainda o significado da
espectroscopia de forma a incluir técnicas que nem mesmo envolvem o uso de radiação
eletromagnética, como a espectroscopia acústica, de massas e de electrões (Skoog, 2007).

A espectroscopia tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da teoria


atômica moderna. Além disso, os métodos espectroquímicos têm provido talvez as ferramentas
mais amplamente empregadas para a elucidação de estruturas moleculares, bem como na
determinação qualitativa e quantitativa de compostos orgânicos e inorgânicos (Skoog, 2007).
27

3. Conclusão
Nesse trabalho foi reapresentada a definição de química analítica e sua classificação em
qualitativa e quantitativa, empregando métodos clássicos ou instrumentais. Os métodos
analíticos instrumentais consistem na medida das propriedades físicas do analito, tais como
condutividade, potencial de eléctrodo, absorção ou emissão de luz, razão massa/carga e
fluorescência.

A química analítica é a ciência de medição e caracterização química. Esta é usada para


identificar os componentes presentes em uma amostra (análise qualitativa) e determinar as
quantidades exatas dos componentes identificados (análise quantitativa). Os métodos analíticos
são divididos em clássicos e instrumentais (objetivo dessa disciplina). Os métodos clássicos são
baseados na medida da massa (gravimetria) e volume (volumetria) e os métodos instrumentais
são baseados na medida de uma propriedade física.

O método analítico selecionado deve ser eficiente, sempre que possível, simples, rápido e de
baixo custo. O desempenho de um instrumento pode ser usado para decidir se um método
instrumental é ou não apropriado para resolver determinado problema analítico. Estes são
classificados em precisão, sensibilidade, limite de detecção, faixa de concentração e
seletividade.
28

4. Referências bibliográfica
Harris, D. (2001). Analise Química Quantitativa. Ed. LTC, 5 ed.; Rio de Janeiro.

Skoog, D. A.; West, D. M.; Holler, F. J.; Crouch, S. R. (2007). Fundamentos de Química
Analítica. Tradução da 8 ed. Americana. Ed. Thomson; São Paulo.

Christian, G. D. (2004). Analytical Chemistry, 6 ed. Ed. John Wiley & Sons Inc, EUA.

Filgueiras, C.A.L. (1996). A espectroscopia e a química da descoberta de novos elementos ao


limiar da teoria quântica. Química Nova na Escola, n. 3.

Vasconcelos, Nadja Maria Sales de. (2019). Fundamentos de Química Analítica Quantitativa
(2ª edição). Fortaleza – Ceará.

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