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Introdução ao estudo da química analítica

Química
Analítica

 Ciência Vogel (2008:1), “aplicação de um


 Princípios processo ou de uma série de
 Teoria dos métodos de processos para identificar e
análise química quantificar uma substância, ou os
 Determinar a composição componentes de uma solução ou
química das substâncias ou mistura ou, ainda, para determinar
de misturas das mesmas. a estrutura de compostos
químicos.”
Etapas e procedimentos utilizados na
identificação e quantificação de um ou
mais componentes de uma amostra, ou
Objecto de Estudo
seja, trabalha com a identificação e
quantificação dos componentes de uma
amostra.
Introdução ao estudo da química analítica

A Ciência Química consiste em análises, onde baseia-se em processos


químicos e físicos para identificar e quantificar as substâncias
presentes em uma amostra.

As substâncias identificadas e quantificadas são designadas de Analitos


e os locais onde foram retiradas tais amostras são chamados de
Matriz.

Segundo os objectivos do procedimento analítico utilizado, a Química


Analítica pode ser dividida em Qualitativa e Quantitativa.

Normalmente, a Análise Qualitativa deve preceder a Análise


Quantitativa
Introdução ao estudo da química analítica
Introdução ao estudo da química analítica
Aplicações da Química Analítica
 Importância científica e prática enorme, porque apresenta um
conjunto de métodos de investigação das substâncias e das suas
transformações;
 Tem grande valor nas disciplinas científicas afins da Química:
Mineralogia, Geologia, Fisiologia, Microbiologia e também em
Medicina e Agronomia.
Purificação de água pura e meio ambiente; controlo de alimentos
Determinação da composição, pureza e qualidade das matérias-
primas, como óleo cru e minerais, aromas e perfumes refinados.
Garantir que matérias-primas das indústrias transformadoras
atinjam certas especificações e que o produto final tenha a
qualidade adequada
Em hospitais, a análise química é muito usada para facilitar o
diagnóstico de doenças e controlar a condição dos pacientes
Na agricultura, a natureza e as quantidades dos fertilizantes que
devem ser usadas baseiam-se na análise dos solos, que determina a
concentração dos nutrientes básicos
Introdução ao estudo da química analítica
Classificação dos Métodos Analíticos
Os métodos analíticos podem ser classificados em Clássicos ou
Instrumentais
Métodos Clássicos
No início do desenvolvimento da Química, a maioria das análises empregava a
separação dos componentes de interesse (os analitos) por técnicas como
precipitação, extracção ou destilação.

Para análises qualitativas, os componentes separados eram então tratados


com reagentes que em contacto com o analito produziam compostos
identificados pela sua cor, solubilidade, pontos de fusão e ebulição, etc.

Assim as espécies químicas eram identificadas. A quantificação dos analitos


era feita através de técnicas simples mas muito precisas, que estão em pleno
uso até os dias actuais, como a volumetria (titulações) e a gravimetria
(medidas de massa).

Esses métodos clássicos de separação e determinação de analitos ainda são


muito utilizados devido à relativa simplicidade de equipamentos necessários e
contabilidade de resultados obtidos.
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Classificação dos Métodos Analíticos
Métodos Instrumentais
No início do século XX, os químicos passaram a explorar outros fenómenos
distintos daqueles observados nos métodos clássicos para resolver
problemas analíticos.

Com isso, medidas de propriedades físicas dos analitos tais como a


condutividade eléctrica, absorção ou emissão de luz passaram a ser
utilizadas na análise quantitativa de uma grande variedade de analitos
inorgânicos, orgânicos e biológicos

Nisto, novas técnicas como a cromatografia líquida de alta eficiência,


espectroscopia e técnicas electroanalíticas passaram a ser utilizadas para
a realização de análises cada vez mais sofisticadas.

Esses novos métodos de separação e determinação de espécies químicas


passaram a ser conhecidos como métodos instrumentais de análise. Seu
crescimento foi favorecido pelo avanço tecnológico dos dispositivos
electrónicos e dos computadores. Esta matéria fica para ser discutida na
cadeira de Analise Instrumental/Química Analítica II
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Métodos auxiliares na análise qualitativa
Para lograr os seus intentos, a análise química qualitativa assim como a
quantitativa recorre a métodos químicos, físicos, físico-químicos e
luminescentes

Métodos Químicos
Consiste na transformação do elemento ou o ião pesquisado num composto
que possua determinadas propriedades características que permitem ao
químico analista ter a certeza de que foi esse o composto obtido. A
transformação química chama-se reacção analítica e a substância que
provoca reagente

Conforme a quantidade da substância com a qual se opera para realizar as


reacções analíticas, distinguem-se os seguintes métodos analíticos:
macroanálise, semimicroanálise, microanálise, e ultramicroanálise
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Métodos auxiliares na análise qualitativa
Macroanálise Microanálise
Ensaio de quantidades relativamente Ensaio de quantidades de substância
grandes de substâncias: bem reduzidas:
 0,5 a 1 grama;  0,01 grama ou menos, uns
 volume da solução cerca de 20 ml. miligramas de substância sólida;
 uso de tubos de ensaio vulgares  décimas de mililitro de solução.
(volume de 10 a 20 ml), em balões  Usam-se reagentes de grande
ou copos. sensibilidade que permitem
 precipitados separados por identificar vários componentes,
filtração. mesmo que existam unicamente
vestígios de alguns.
Semimicroanálise  As reacções realizam-se pelo
método microcristaloscópio ou,
Intermédia entre a macro e a
então, pelo método gota
micro. Quantidade de substância
(reacções gota a gota).
reduzida:
 0,1 a 0,05 gramas;
 volume da solução para cerca de
1 ml.
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Métodos auxiliares na análise qualitativa
Método Microcristaloscópio Ultramicroanálise
As reacções são normalmente Usam-se quantidades de substância
realizadas sobre uma lâmina de inferiores a 1 mg. Todas as
vidro, identificando-se o ião (ou operações analíticas são observadas
elemento) pela forma de cristais que ao microscópio.
se formam, observados com o
microscópio.

Método gota

As reacções são normalmente


realizadas em tira de papel de
filtro e acompanhadas de uma
viragem de coloração ou da
formação de precipitados corados
(sobre a tira de papel de filtro).
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Métodos auxiliares na análise qualitativa
Métodos Físicos

Baseiam-se na relação existente entre a composição química de uma


substância e algumas das suas propriedades físicas.

Cita-se como exemplo a análise espectroscópica, que consiste, por exemplo,


no estudo dos espectros de emissão que se obtêm quando a matéria é
exposta à interacção da luz (chama de bico de Bunsen, de um arco eléctrico,
etc.).

O registo no espectro de riscas correspondentes aos comprimentos de onda


característicos de um elemento permite comprovar a sua existência na
substância estudada.

A intensidade das riscas no espectro permite avaliar o teor desse elemento.

O método espectroscópico é extremamente sensível (permite identificar


elementos, desde que haja 10-6 a 10-8 desse elemento), exige pouco tempo e
quantidades reduzidas de substância.
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Métodos auxiliares na análise qualitativa
Métodos Físicos

Nos métodos físico destaca-se ainda a análise por fluorescência, onde é


observada a fluorescência resultante da iluminação de um objecto em estudo
ou em radiação ultravioleta. Como fonte de radiação pode-se utilizar uma
lâmpada de quartzo com vapor de mercúrio (luz de Wood) e observa-se as
radiações no espectro visível.
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Métodos auxiliares na análise qualitativa
Métodos físico-quimicos

Cromatografia. Na Cromatografia em coluna, a solução em estudo é feita


passar através de uma coluna adsorvente sólida pulverizada, por exemplo
Al2O3, que é introduzida num tubo de vidro. Como o poder adsorvente varia
consideravelmente, de ião para ião, e de substância para substância, estes
podem ser separados e identificados ao longo da coluna pela sua coloração
própria ou então tratando-os por reagentes que formem com eles compostos
de colorações diferentes.

Destaca-se ainda o método polarográfico, onde a solução é submetida à


electrólise com um eléctrodo de mercúrio num aparelho especial chamado
polarógrafo. O polarógrafo traça automaticamente a curva intensidade-
potencial, que evidencia as variações de intensidade da corrente com o
aumento da tensão. A partir da curva podem identificar-se quantitativamente
os catiões presentes na solução e até doseá-los quantitativamente. O método
é extremamente sensível e muito rápido, é extremamente muito rápido na
identificação de impurezas nos metais, ligas, etc.
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Métodos auxiliares na análise qualitativa

Analise Luminescente
A luminescência é a emissão de luz por uma substância quando
submetida a algum tipo de estímulo como luz, reacção química,
radiação ionizante.

Uma definição mais precisa do fenómeno diz que a


quimiluminescência é a produção de radiação luminosa
electromagnética (inclusive UV e IV) por uma reacção química, e
que o processo químico envolve a absorção, pelos reagentes, de
energia suficiente para a geração de um complexo activado, o
qual se transforma em um produto electronicamente excitado.

Tal complexo activado, caso seja emissivo, poderá emitir radiação


directamente, caso contrário, poderá haver a transferência de
energia do estado excitado para uma molécula receptora
apropriada, resultando na emissão indirecta da radiação.
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Etapas do trabalho analítico

Em uma análise química completa, mesmo trabalhando-se com uma


única substância, há que considerar uma série de etapas e
procedimentos. Cada etapa e procedimento devem ser considerados
e conduzidos de maneira cuidadosa.

Muitos problemas analíticos começam com uma pergunta, por exemplo,


“Esta água é própria para consumo?” ou “O teste de emissões em
automóveis diminui a poluição do ar?” (HARRIS, 2005:8). Um
analista químico traduz estas questões em termos de determinadas
medições.

Nesse sentido, um químico analítico deve escolher, ou mesmo


desenvolver, um procedimento capaz de realizar estas medições.
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Etapas do trabalho analítico

Quando a análise estiver completa, o químico analítico deve traduzir


os resultados em termos que possam ser compreendidos por outras
pessoas – preferencialmente o público em geral.

O aspecto mais importante de qualquer resultado esta em suas


limitações. Qual é a incerteza estatística dos resultados
apresentados? Se as amostragens forem feitas de maneiras
diferentes, os resultados poderão ser os mesmos? Uma pequena
quantidade (um traço) de um analito esta realmente presente ou é
apenas uma contaminação? Somente após a interpretação dos
resultados e de suas limitações pode-se tirar conclusões e tomar-se
decisões.
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Seleção dos
Formulação
procedimentos Amostragem
da questão
Traduzir questões
analíticos
gerais em Pesquisas de Selecção do material
específicas. métodos apropriados representativo a ser
ou desenv. de novos. analisado. “porcaria
gera porcaria”

Relatório e
Análise Preparação da
Interpretações
Produzir um relatório
amostra
Medir a concentração
que seja claramente do analito em várias Analítica
escrito, realçando alíquotas idénticas. Conversão da
quaisquer limitações Incerteza, medida amostra repres. Na
associaados a análise. confiável. forma apropriada
para a análise
química.
Tirando A informação final poderá surtir
conclusões em mudanças específicas a um
determinado sector.
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Etapas do trabalho analítico
Exemplos de desenhos de amostragens significativas

Para amostras de material aleatório heterogéneo, atendendo que há


diferenças de pequena escala na composição do material, ao colectar-se uma
porção de material para a análise, deve-se garantir que a amostra contenha
as diversas composições da matriz.
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Etapas do trabalho analítico
Exemplos de desenhos de amostragens significativas

Quanto ao material heterogéneo segregado (onde regiões diferentes


possuem composições diferentes), uma amostra complexa representativa
deve ser desenhada. Tomando como exemplo um campo contendo três tipos
diferentes de grama segregada nas regiões A, B e C
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Apresentação dos resultados analíticos
Erros e tratamento dos dados analíticos

“Todas as medições físicas possuem um certo grau de incerteza.


Sempre que é feita uma medida há uma limitação imposta pelo
equipamento” (BACCAN, at al 2001:1).

Nas palavras de Baccan, o valor numérico que é obtido após uma


medida experimental, estará sempre associado a uma incerteza, isto
é, um intervalo de confiabilidade chamado erro.

Ao proceder-se uma medida, toda a atenção e cuidado são envidados


para que a incerteza esteja em níveis mais baixos e toleráveis, para
que o resultado possua uma confiabilidade aceitável, sem a qual a
informação obtida não terá valor.

A Aceitação ou não dos resultados depende do tratamento


analítico.
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Precisão e exactidão

 As medidas que estão póximas do valor “correcto” são exactos


 As medidas que estão póximas entre si são precisos
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Precisão e exactidão
Introdução ao estudo da química analítica
Algarismos significativos
O termo “algarismo” representa qualquer um dos dez primeiros
números, incluindo o zero. Um algarismo significativo indica a
grandeza da quantidade até a posição que ele ocupa.

“O número de algarismos significativos é o número mínimo de


algarismos necessários para escrever um determinado valor em
notação científica sem a perda de exactidão” (HARRIS, 2005:50)

“Os algarismos de um número necessários para expressar a precisão


de uma medida são chamados de algarismos significativos” (VOGEL,
2008:6).

“Quando se fala de algarismos significativos de um número está se


referindo aos dígitos que representam um número experimental, de
modo que apenas o último algarismo seja duvidoso. O número de
algarismos significativos expressa a precisão de uma medida.
(BACCAN, 2001:1).
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Algarismos significativos
Os pontos de vista aqui apresentados pelos três autores envolvem
sempre um certo número de dígitos necessário para… é importante
notar que para HARRIS estes números associam-se à exactidão enquanto
para VOGEL e BACCAN tais números necessários associam-se a uma
certa medição ou experimento e à precisão.

Associando as ideias dos autores e tratando-se de números necessários,


quer sejam precisos assim como exactos eles (algarismos significativos)
terão sempre alguns dígitos associados à tais leituras.

 O número de dígitos informado em uma medida reflecte a exactidão


da medida e a precisão do aparelho de medição.
 Todos os algarismos conhecidos com certeza mais um algarismo extra
são chamados de algarismos significativos.
 Em qualquer cálculo, os resultados são informados com o menor
número de algarismos significativos (para multiplicação e divisão) ou
com o menor número de casas decimais (adição e subtração).
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Considere que um mesmo corpo de 22,2324 g, é pesado com uma balança
cuja incerteza é de ±0,1 g e com uma outra cuja incerteza é de
±0,0001 g (balança analítica).Com quantos algarismos significativos
deve ser expressa a massa do corpo em cada caso e qual é qual é o
algarismo duvidoso??? 22 g, 22,2 g; 22,23 g, ...
 Assim pode chegar-se a conclusão segundo a qual o número de
algarismos significativos de uma medida depende do instrumento
(sua incerteza associada) de medição usado.
Os zeros colocados à direita de outros dígitos tem significado se
forem resultado de uma medida. Quando apenas indicam a ordem de
grandeza de um número não tem significado. Por exemplo, se a massa de
um corpo de 4 gramas é medida com uma balança que fornecesse uma
precisão de ±0,01 g, deve ser representada por 4,00 g. Neste caso os
zeros são significativos pois são resultado de uma medida. Havendo
necessidade de expressar a mesma massa em miligramas (mg) ou em
microgramas (μg), escreve-se respectivamente, 4.000 ou 4.000.000 μg.
Em ambos casos os primeiros dois zeros, após o dígito 4, são
significativos, e é conveniente também o uso da notação científica (4,00
x 103mg ou 4,00 x 106 μg).
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Algarismos significativos
Na multiplicação ou na divisão, o número de algarismos significativos da
resposta deve ser igual ao da quantidade que possui o menor número de
dígitos significativos:
Ex: (a) 4,30 x 0,31 (b) 0,01208 : 0,0236

O resultado de uma soma ou adição , deve ser arredondado para que o


último dígito mantido seja o primeiro dígito incerto, ou seja, para adição
e subtração o número de casas decimais na resposta é igual ao número
de casas decimais do número com a menor quantidade de dígitos
significativos depois da casa decimal.
Ex: 0,12 + 1,9 + 10,925.

 Números diferentes de zero são sempre significativos.


 Zeros entre números diferentes de zero são sempre significativos.
 Zeros antes do primeiro dígito diferente de zero não são
significativos. (Exemplo: 0,0003 tem um algarismo significativo.)
 Zeros no final do número depois de uma casa decimal são
significativos.inal
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Algarismos significativos

Usando o primeiro termómetro, a


temperatura é 21.3 ºC (3
algarismos significativos).

Usando o segundo termómetro


(mais preciso), a temperatura é
21.32 ºC (4 algarismos
significativos).
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Algarismos significativos

Exercícios
1. Quantos algarismos significativos estão presentes em cada uma das
seguintes medidas experimentais? (a) 0,003 m; (b) 6030 Kg; (c)
400,3; (d) 0,00001 L; (e) 31,624 Km. (f) 1,23; (g) 0,00123 g; (h)
2,040 g; (i) 0,02040 g; (j) 100 g; (k) 100 cm/m.

2. Admitindo-se que os números dados são medidas, realize as


operações aritméticas indicadas e forneça a resposta com o numero
correto de algarismos significativos.
(a) 7,132/6
(b) (3,65 X 102) + (8,1 X 103)
(c) (18,13 -1,3
(d) (9 X 10-6) + (1,33 X 10-3)
(e) 273,15 + 23
(f) 230/760,0
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Erros de uma medida e tipos de erros
• Erros inerentes ao equipamento ou procedimento
 Mudança de volume devido à expansão ou contração térmicas
 Equipamento não calibrado
 Variáveis experimentais – médias e desvios.

Uma determinada medida pode estar associada aos erros absoluto e


relativo. O erro absoluto é definido como sendo a diferença entre o
valor medido e o valor verdadeiro de uma dada grandeza. E = X – Xv,
onde E = erro absoluto; X = valor medido e Xv = valor verdadeiro.

Para as análises químicas, o erro é geralmente expresso em termos


relativos, sendo calculado através da relação.

O erro relativo é adimensional e comummente expresso em partes


por cem (E/Xv) x 100, ou em partes por mil (E/Xv) x 1000
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Erros de uma medida e tipos de erros
Exemplos:

O teor verdadeiro de cloro num dado material é 33,30% m/v, mas o


resultado encontrado por um analista foi de 32,90% m/v. Calcular o
erro absoluto e relativo do resultado.

Erro absoluto = 32,90 – 33,30 = -0,40% m/v (absoluto)


Acrescenta-se a palavra absoluto neste caso para não se confundir
com o erro relativo, que também é expresso em percentagem.

Erro relativo = -0,40x100/33,30 = -1,2% (relativo) ou -12 partes


por mil.
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Erros de uma medida e tipos de erros
 Os erros que acompanham uma operação analítica podem ser
classificados em duas categorias: erros sistemáticos ou
determinados e erros aleatórios ou indeterminados.

 Erros sistemáticos ou determinados: são aqueles que possuem um


valor definido sendo que suas magnitudes podem ser determinadas
e computadas no resultado final. Estes, podem ser evitados.

 Os quatro grupos de erros sistemáticos mais importantes são:


erros de método, operacionais, pessoais e erros devidos aos
instrumentos e reagentes.

Missão: descrever os quatro grupos de erros sistemáticos, dando


os respectivos exemplos.

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros
Erros aleatórios ou indeterminados: estes não possuem um valor
definido, não são mensuráveis e fluem de um modo aleatório.

Estes erros, manifestam-se na forma de pequenas variações nas


medidas de uma amostra, feitas em sucessão pelo mesmo analista com
todas as precauções necessárias e em condições de análise
praticamente idênticas.

O analista não tem conhecimento das fontes desses erros, dai que
em geral não podem ser localizados, controlados e nem corrigidos.

No entanto, estes erros podem ser submetidos a um tratamento


estatístico que permite saber qual o valor mais provável e também a
precisão de uma série de medidas. Admite-se que os erros
determinados seguem a lei de distribuição normal (distribuição de
Gauss).
BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros
Uma variável segue a lei de distribuição normal quando, em
principio, pode tomar todos os valores de - ∞ a +∞, com
probabilidades dadas pela equação:
1 𝑋 −𝜇 2
1 − 𝑖
𝑦= 2 𝑒 𝜎2
𝜎√2𝜋
onde y corresponde à probabilidade de ocorrência de um dado valor
Xi da variável X, 𝜇 é a media da população e 𝜎 é o desvio padrão. O
termo (𝑥𝑖 − 𝜇) é o desvio de Xi em relação à media.

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros
A lei de distribuição normal é definida por uma curva
caracterizada exclusivamente pela simetria, isto é, que as áreas
sob a curva são idênticas em ambos os lados da média.
Esta curva é unimodal e simétrica. Os dois parametros fundamentais
da distribuição com que a curva normal trabalha são a média e o
desvio-padrão.

Na fórmula complicada da distribuição normal o termo mais


importante é o expoente, 1 𝑋𝑖 − 𝜇 2 onde existe o comandante
da acções, 𝑿𝒊 e os parámetros − 2 𝜎2 de sua distribuição 𝜇 e 𝜎

Os dados de 𝑿𝒊 , 𝝁 e 𝝈 podem ser transformados em outra escala


padrão de z, tornando todas as escalas idênticas e comparáveis. A
distribuição da curva normal resultante é a famosa curva normal
padronizada ou simplesmente curva normal.

PASQUALI S/D
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros
A formula da curva normal aparece mais simples (para os
estatísticos)

A vantagem da curva normal fundamenta-se no facto seus


parâmetros já estarem automaticamente definidos para qualquer
escala de medida que você utilizar, quais seja, a média é sempre igual
a zero e a variância 1. Além disso, existem tabelas construídas para
essa curva que mostram quanto por cento da população se encontra
dentro da faixa z.
As áreas sob a Curva Normal
A curva normal cobre uma área de - ∞ a +∞. As área sob a
curva são divididas pelo desvio-padrão em trono da média. Nesta
curva a média é sempre zero e o desvio-padrão é 1. Qdo a curva
não for padronizada é preciso calcular a média assim como o
desvio-padrão e trabalhar com eles.
PASQUALI S/D
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros
As áreas sob a Curva Normal

No caso da curva normal padronizada, o que define as área sob a curva


são os DP ou os z. Para cada DP ou z em toro da média, corresponde
uma proporção bem definida de casos da população que caiem dentro
dela.

PASQUALI S/D
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros

A média da população, 𝜇, divide a


curva de Gaus em duas metades
simétricas. A partir da sua
observação pode-se notar que:
1. O valor mais provável é a
media artmétrica de todos os
valores.
2. Desvios positivos e negativos
são igualmente idénticos.
3. Desvios pequenos são mais
Representação gráfica da lei de prováveis que desvios
distribuição normal. Nesta figura, a grandes.
probabilidade de ocorrência é tomada
em função dos valores de X, dos
desvios 𝑥𝑖 − 𝜇 , e dos desvios em
unidades de 𝑧 = (𝑋𝑖 − 𝜇)/𝜎
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros
Na ausência de um erro determinado e para um número infinito de
medidas, a média da população, 𝜇, coincide com o valor verdadeiro,
𝑋𝑣 .

Na presença de um erro determinado a forma da curva de


distribuição normal é a mesma, mas se apresenta deslocada, de
modo que a média verdadeira não coincide com o valor verdadeiro.

 Integração da curva de distribuição normal de −∞ 𝑎 + ∞;

 Integração entre outros limites considerados fornece a


probabilidade entre esses limites. Nestes cálculos é coviniente o
uso dos desvios da grandeza em unidades 𝑧 = (𝑋𝑖 − 𝜇)/𝜎, ao invés
da própria grandeza.

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Relação do valor de z com Prob. de se ter um
desvio maior que ±𝒛
𝑧 = (𝑋𝑖 − 𝜇)/𝜎 Probabilidade de um desvio
numericamente (±) maior que z
0,00 1,00
0,10 0,92
0,20 0,84
0,30 0,76
0,40 0,69
0,50 0,62
0,60 0,55
0,70 0,48
0,80 0,42
0,90 0,37
1,00 0,32
1,50 0,13
2,00 0,046
2,50 0,012
3,00 0,0027
4,00 0,00006
5,00 0,0000006
Introdução ao estudo da química analítica
Erros de uma medida e tipos de erros

Integração da curva entre os limites −1𝜎 𝑒 + 1𝜎; −2𝜎 𝑒 + 2𝜎 & −3𝜎 𝑒 +


3𝜎.
Isto significa que fazendo-se um grande número de análises, aproximadamente
68% delas apresentarão um resultado dentro do interval 𝜇 − 1𝜎 e 𝜇 + 1𝜎, cerca
de 95% estarão entre 𝜇 − 2𝜎 e 𝜇 + 2𝜎 & 99,7% estarão localizados entre 𝜇 −
3𝜎 e 𝜇 + 3𝜎. Em outras palavras, em uma análise, desvios menores ou iguais a
± 1𝜎; ±2𝜎 & ± 3𝜎 ocorrem com probabilidade de 68%, 95% e 99,7%,
respectivamente, ou, se um resultado de uma análise é X, então a media
verdadeira está no interval 𝜇 = 𝑋 ± 1𝜎, 𝜇 = 𝑋 ± 2𝜎 ou 𝜇 = 𝑋 ± 3𝜎, com 68%,
95% ou 99,7% de probabilidade.
Introdução ao estudo da química analítica
Exemplo:

Sabe-se que o teor de cálcio num composto varia de 50 a 60% m/v.


Após ter realizado um número muito grande de análises, um analista
determinou que o desvio-padrão relativo é de 3,0 partes por mil. Se o
valor do resultado de uma análise isolada foi de 55,30% m/v em Ca2+,
qual o intervalo em que deve estar o valor verdadeiro do teor de cálcio
nessa amostra, com uma probabilidade de 99,7%. Admite-se a
ausência de erros determinados.

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Precisão.
A precisão pode ser expressa numericamente de várias maneiras, das
quais pode se destacar o Desvio Médio e o Desvio-padrão.
O Desvio Médio é a média aritmética do valor absoluto dos desvios.
Ι𝑋𝑖 −𝜇Ι
𝛿=
𝑁
O Desvio Padrão, 𝜎, é o desvio cujo quadrado é igual à média dos
quadrados dos desvios.
(𝑋𝑖 − 𝜇)2
𝜎=
𝑁
onde, N é o número de medidas. A variância é o valor do desvio-padrão
elevado ao quadrado, 𝜎 2 .

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Precisão.
Na prática, em química analítica, o número de determinações é
geralmente pequeno e o que se calcula são as estimativas do desvio
médio e do desvio-padrão, representadas pelos símbolos 𝑑 e 𝑠 ,
respectivamente.

A estimativa do desvio médio é calculada pela equação.


Ι𝑋𝑖 −𝑋Ι
𝑑=
𝑁

A estimativa do desvio-padrão é calculada pela equação:

(𝑋𝑖 − 𝑋)2
𝑠=
𝑁−1

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Precisão.
Em Química analítica também são muito usados o desvio médio relativo
e desvio-padrão relativo, em partes por cem ou partes por mil.
A estimativa do desvio médio relativo e a estimativa do desvio-padrão
relativo em partes por cem são dados por (𝑑/𝑋) 𝑥100 e (𝑠/𝑋) 𝑥100,
respectivamente.

A precisão da média é observada através da estimativa do desvio


𝑑
médio da media, 𝑑𝑥 , dada pela equação: 𝑑𝑥 =
𝑁
𝑠
e pela estimativa do desvio-padrão da média: 𝑠𝑥 =
𝑁

As expressões (𝑑𝑥 /𝑋) 𝑥 100 e (𝑠𝑥 /𝑋) correspondem à estimativa do


desvio médio da média e à estimativa do desvio-padrão da média, em
termos relativos.
BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Considere o exemplo

Na determinação de ferro em uma amostra, realizada segundo um dado


método, um analista obteve as seguintes percentagens do elemento:
31,44; 31,42; 31,36 e 31,38% m/v. Calcular o desvio médio e o desvio
padrão para uma simples medida e a média, em termos absolutos e
relativos.

BACCAN, 2001
Introdução ao estudo da química analítica
Considere o exemplo
𝑿𝒊 Ι𝑋𝑖 − 𝑋Ι (𝑋𝑖 − 𝑋)2

𝑑
𝑋= Desvio médio da média: 𝑑𝑥 = absoluto
𝑁
Ι𝑋𝑖 − 𝑋Ι = 𝑠
Desvio-padrão da média: 𝑠𝑥 = (absoluto)
𝑁

(𝑋𝑖 − 𝑋)2 =

Estimativa do desvio médio:


Ι𝑋𝑖 −𝑋Ι
𝑑= (absoluto)
𝑁

Estimativa do desvio-padrão:
(𝑋𝑖 −𝑋)2
𝑠= (absoluto)
𝑁−1

BACCAN, 2001

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