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Materiais e Tecnologia Têxtil
UNIDADE III
Introdução
Você já tem noções de tecidos planos, mas e os outros tipos de tecidos? Quais são? Como são
produzidos? Como identificá-los? Além dos tecidos planos, temos também as malhas e os
tecidos não tecidos ou falsos tecidos.
A malharia é um importante campo dos materiais têxteis, com ampla gama de produtos e
características. As malhas são utilizadas desde em produtos de baixo valor, como camisetas,
assim como em produtos de alto valor, como vestidos de noivas.
Após esta aula, você terá condições de diferenciar malhas e tecidos planos, tendo noções das
vantagens e desvantagens entre esses dois tipos de material.
Características do fio de malha e processo de tecimento
Os tecidos de malha são disparadamente os materiais mais utilizados para a produção de
camisetas. Mas não é somente nesse artigo que são utilizadas as malhas. Em quais outros
então? Quais as limitações, vantagens e desvantagens?
As malhas são amplamente utilizadas nos dias atuais, sendo geralmente mais elásticas que
os tecidos planos produzidos por trama e urdume. Essa elasticidade é consequência da forma
de disposição dos fios na produção desses tecidos. Mas como esses fios podem ser dispostos?
Quais são os tipos de malha?
Temos dois tipos de malha: malha por trama e malha por urdume.
Fios
Mas antes de falar sobre os tipos de malha, vamos falar sobre os fios utilizados para a produção
delas, suas características para o processo de tecimento. A qualidade necessária para os fios
de malha depende principalmente do tipo de malha e das características finais desejadas.
Para malhas por trama, podemos utilizar praticamente todos os tipos de fios, sejam fios
de fibras descontínuas (ou fios fiados), como os fios de fibras naturais de algodão e lã, ou
de fibras artificiais ou sintéticas, como os fios de viscose, poliéster, poliamida (mais
conhecida pelo nome comercial Nylon), ou por misturas destes. Também podem ser
utilizados fios de filamentos contínuos, nesse caso, restritos aos filamentos artificiais, como
a viscose, ou aos filamentos sintéticos, como poliamida e poliéster. Muitas vezes, para
aumentar a elasticidade do produto final, esses fios são combinados com fios de borracha ou
de poliuretano, mais conhecido como elastano.
As principais características a avaliar em fios para malharia são:
• Força de ruptura – Deve ser selecionado fio com resistência adequada ao uso final do
tecido. Por exemplo, fios utilizados em roupas esportivas usualmente têm resistência
maior que os utilizados em camisetas.
• Título – Diretamente associado ao grau de cobertura dos fios e, consequentemente, do
produto final.
• Porcentagem de absorção de umidade – Quanto maior a absorção de umidade, maior
conforto o tecido fornece em contato com o corpo. Malhas que terão contato com partes
íntimas devem ter alta absorção de umidade.
• Elasticidade – Interfere diretamente na elasticidade do produto final.
• Toque – Pode ter maior ou menor maciez. Para produtos que terão contato direto com a
pele, devem ser selecionados fios com maior maciez.
• Solidez da cor à lavagem – Quando utilizados fios coloridos na produção da malha,
estes não podem sofrer perda de corantes durante a lavagem. A baixa solidez à lavagem
pode causar além da perda de cor, manchas entre as partes do tecido com cores
diferentes.
Para malhas por urdume, são utilizados os fios de filamentos contínuos. É possível utilizar fios
de fibras descontínuas em casos especiais, porém a maioria das máquinas não produz tecidos
com esses fios, pois ocorre quebra muito frequente dos fios e, por consequência, a produção é
muito baixa.
Processo de formação da malha e fios para malharia e principais nomes comerciais
Já citamos os dois tipos de malhas, que são:
• Malhas por trama.
• Malhas por urdume.
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Mas como são formadas as malhas? São três os principais métodos de manipulação de fios
para a formação de tecidos: entrelaçamento, Interlooping e entrelaçar e torcer. Os três métodos
evoluíram a partir de técnicas manuais, quando eram realizados em quadros primitivos, e
atualmente são realizadas as mesmas operações adaptadas para máquinas automáticas de
altíssima produção.
• Entrelaçamento – Realizado pela interseção de fios retos no sentido longitudinal do
tecido, o urdume, e no sentido transversal do tecido, a trama. Esse método é o utilizado
na produção de tecidos planos.
• Interlooping – Esse método consiste em formar laços nos fios, os quais são liberados
depois que um loop sucessivo foi formado e entrelaçado com estes, de modo que uma
estrutura de loop seja obtida. Os loops são mantidos unidos pelos fios que passam de um
para o outro. Esse é o método de produção de malhas por trama.
• Entrelaçar e torcer – Pode ser realizado por várias técnicas, como entrelaçados e nós.
Nesse método, os fios são entrelaçados uns com os outros lateralmente, em vários
ângulos. Esse método é utilizado na produção de malhas por urdume.
As malhas por trama são caracterizadas por ter seus fios dispostos sempre no sentido
transversal deste, enquanto nas malhas por urdume os fios são dispostos no sentido
longitudinal do tecido. Por obvio, são produzidas em máquinas diferentes. Então, vamos
conhecer melhor esses tipos de malha.
As malhas são oferecidas no mercado com diversos nomes comerciais. Entre eles temos:
• Meia malha – É a malha mais utilizada na produção de camisetas.
• Dry fit – Malhas de secagem rápida. Confeccionadas geralmente com fios de poliamida
(Nylon) ou poliéster. Muito utilizadas em artigos esportivos e moda praia.
• Malha PV – Produzidas com fios de Poliéster e Viscose. Muito utilizada em uniformes
escolares e camisetas. Em razão do poliéster, esse tipo de malha oferece menor conforto.
Também é propensa à formação de pilling, que são aquelas bolinhas na superfície dos
tecidos, formadas por pequenas fibras mais fracas de viscose que se rompem e formam
nós com as pontas das fibras de poliéster. Existem tratamentos feitos no poliéster que
podem minimizar esse problema, porém aumentam o custo final.
• Malhas Piquet – Padronagem de malha muito utilizada em camisas polo.
• Helanca – Também chamada de cacharrel. Geralmente produzida em 100% poliéster,
portanto, baixa absorção de umidade.
• Viscolycra – Produzida com fios de viscose e lycra.
• Cotton – Malha 100% algodão.
• Viscotton – Malha produzida a partir de viscose e algodão.
• Cardada – Malha que utiliza fios cardados na sua produção.
• Penteada – Malha que utiliza fios penteados em sua produção. Lembrando que fios
penteados possuem maior brilho e resistência mecânica que os fios cardados, pois suas
fibras são orientadas mais paralelamente.
• Mercerizada – Malha que sofre processo químico que aumenta o brilho e a absorção de
umidade e corantes.
• Veludo de malha – Malhas que podem ser de urdume ou de trama que apresentam
fibras maiores que 3 mm em sua superfície. Podem apresentar uma ou duas faces
aveludadas.
• Tricô – Malhas por trama utilizadas principalmente na moda inverno.
Tecnologia da malharia: conceitos básicos e tipos de tecido
Malha por trama
O tecido de malha-trama é obtido a partir de um fio têxtil com marcha sinuosa contínua. Suas
fiadas seguem a mesma direção e formam malhas por entrelaçamento das laçadas. Um fio
assume a forma de laçadas, sendo que cada laçada passa por dentro da laçada de outro fio e
assim sucessivamente. Desse modo, as malhas deslizam umas sobre as outras, por tração,
conferindo ao tecido ou ao artefato uma certa elasticidade em todos os sentidos. Geralmente,
quando o fio se parte, essa espécie de malha desmancha-se facilmente, porém há diversas
formas de construção desse tipo de malha que podem impedir esse desmanche.
São dois tipos de máquinas para produzir esse tipo de malha, as máquinas retilíneas e as
circulares.
• Retilíneas – São mais utilizadas para malhas de moda inverno. A produtividade desse
tipo de máquina é inferior à produtividade das máquinas circulares.
• Circulares – São utilizadas para artigos mais leves, como malhas para a produção de
camisetas. Como o nome diz, a forma da máquina é circular e os tecidos produzidos
nesse equipamento saem na forma de tubos contínuos, os quais, posteriormente, são
cortados e abertos na largura final.
Nos dois tipos de máquinas há uma infinidade de formas de disposição dos fios. O desenho do
tecido dependerá do acessório utilizado, que pode ser simples ou um jacquard, esse último, de
modo semelhante ao utilizado nos tecidos planos, permite a produção de desenhos elaborados.
Os fios têxteis utilizados para a produção de malha por trama podem ser basicamente os
mesmos utilizados em tecidos planos, porém necessitam de menor torção.
Malha por urdume
O tecido de malha por urdume (ou malha de urdume) é obtido por meio de fios paralelos na
direção longitudinal do tecido, ou seja, fios de urdume, dobrando-se em laçadas, ora para a
direita, ora para a esquerda e que, por entrelaçamento, se prendem umas às outras. As laçadas
dos tecidos de malha por urdidura normalmente estão dispostas perpendicularmente à
largura do tecido. Esse tipo de malha não se desmancha e, ao cortar um pequeno quadrado
desse tipo de tecido, é difícil retirar fios pelos seus lados. Quando os fios podem ser retirados,
eles desfiam-se no sentido da urdidura.
Essas malhas são produzidas em teares tipo Kettenstuhl ou Raschel. As malhas produzidas
em Kettenstuhl são malhas mais simples, de grande produção, enquanto máquinas Raschel
podem produzir malhas mais elaboradas, como as rendas. Um bom exemplo de artigos que
utilizam esse tipo de malha são as roupas esportivas ou moda praia, onde se requer grande
elasticidade e resistência ao esgarçamento.
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Assimile
Esgarçamento é o escorregamento dos fios que constituem um tecido, que pode ser lateral, no
caso dos tecidos planos, ou pequenos buracos causados por um fio desfiado que aumentam até
que o tecido se separe totalmente, que é o que ocorre nas malhas de trama.
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Já imaginou um maiô desfiando durante o uso ou um corredor de 100 m rasos tendo seu short
desfiando durante uma corrida? Não pode! Esse tipo de malha não apresenta esse problema.
Lembrando que a produção desse tipo de malha geralmente é realizada com fios sintéticos de
multifilamentos. A produção com fios de fibra descontínua é dificultada, pois os pelos
superficiais tendem a causar nós e consequente paradas por quebra deles.
Saiba mais
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Devido à importância em conhecer o título dos fios que serão utilizados numa malha, é
interessante que o aluno tenha em mãos uma ferramenta de conversão de unidades dos
títulos, o que facilita o dia a dia do desenvolvedor de moda de tecidos de malhas.
Há, por exemplo, o site Engetêxtil ou o site Maxitex.
Introdução
Você já viu como são produzidos os fios, os tecidos e as malhas. Algumas pessoas utilizam os
tecidos tal qual eles saem do equipamento, chamados de tecido cru. Em alguns locais, esse
tipo de artigo é usado corriqueiramente, porém, na maioria dos casos, existe a necessidade de
preparar o tecido para que seja confeccionado e, em outros casos, o produto confeccionado
deve sofrer um processamento, uma alteração em seu aspecto, para que tenha suas
características modificadas, promovendo assim maior valor agregado ao produto final.
Mas como isso é realizado? São processos físicos e químicos que podem ser realizados
isoladamente ou em sequência, que podem promover alteração de cor, toque, maciez, absorção
de água etc. Vamos ver quais são?
Conceitos tecnológicos básicos e elementos fundamentais dos beneficiamentos têxteis
Beneficiamento têxtil, como diz o nome, é promover benefício ao material têxtil. Quando
promovemos benefícios aos materiais têxteis, também promovemos maior valor agregado ao
produto. Quando nos referimos a promover benefício ao tecido, nem sempre o produto final é
mais resistente ou melhor que o produto inicial. O que se faz num beneficiamento é modificar
as características, o que não é sinônimo de melhorar a qualidade, pois boa ou má qualidade
são termos subjetivos e costumam acompanhar a moda no período.
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Exemplificando
Há 30 anos uma calça rasgada era produto de péssima qualidade, de baixíssimo valor,
geralmente descartada. Atualmente, são realizados processos industriais para promover
rasgos em calças jeans, aumentando o valor do produto final de duas a cinco vezes, ou ainda
mais!
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Geralmente, quando pensamos em beneficiamento, pensamos no mais comum, o tingimento.
Porém, os tecidos podem sofrer outros beneficiamentos antes do tingimento e após ele. Segue
uma lista com alguns dos processos realizados:
• Amaciamento.
• Tratamento antiácaro.
• Tratamento antibacteriano.
• Tratamento antiestático.
• Tratamento antiamarrotamento.
• Calandragem.
• Espalmagem.
• Estonagem.
• Escovagem.
• Navalhagem.
• Garzeamento ou felpagem.
• Hidrofugação.
• Tratamento antichamas.
• Impermeabilização.
• Lixamento.
• Sanforização.
• Impregnação.
• Ramagem.
• Chamuscagem.
• Estamparia.
• Termofixação.
Mas antes de falar dos processos de beneficiamento, devemos avaliar o que será beneficiado
e quais as características finais desejadas, evitando assim escolhas inadequadas.
Primeiramente, devemos avaliar do que é feito o tecido. Quais tipos de fibra compõem o tecido,
fibras naturais, artificiais ou sintéticas? A partir dessa definição, poderemos escolher o tipo de
corante que será utilizado para o tingimento. A escolha errada de corante ocasiona baixa
resistência à lavagem do tecido. Também, a partir do tipo de fibra, escolheremos processos
térmicos e mecânicos adequados ao produto, pois, por exemplo, ao elevar a temperatura do
tecido em uma máquina, esse tecido poderá secar ou até derreter, portanto, ao conhecer as
fibras, conheceremos também as limitações térmicas e químicas dos processos.
A seguir, devemos conhecer o tipo de fio que compõe o tecido. Fios de filamentos contínuos
são lisos, enquanto que fios de fibras descontínuas apresentam pequenas pontas de fibras em
sua superfície. A partir desse conhecimento, escolheremos se será necessário, por exemplo,
eliminar essas fibras da superfície, deixando o tecido mais liso, aumentando o brilho, evitando
aquelas bolinhas na superfície chamadas pilling, ou ao contrário, provocar a formação de
pontas de fibras na superfície para aumentar a maciez ou aderência de algum substrato
plástico.
Outro fator importante é conhecer o tipo de tecido, pois, embora tenham as mesmas funções,
algumas máquinas para beneficiamento de malhas são diferentes das máquinas para tecidos
planos, e não podemos utilizar equipamentos errados, pois isso modificaria totalmente o
produto final.
Conhecendo esses parâmetros, devemos agora nos concentrar em qual ou quais
características queremos modificar nos tecidos. Já tendo o conhecimento de todos os
parâmetros anteriores, a partir da definição da qualidade final desejada, poderemos escolher
o roteiro mais adequado para o beneficiamento do tecido.
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O que é beneficiamento têxtil • Amaciamento – Para aumentar a maciez dos tecidos, esses podem ser submetidos a
processos mecânicos, onde sua superfície pode sofrer atrito para aumentar a
quantidade de pontas de fibras na superfície. Podem também sofrer desgaste superficial
mediante o uso de produtos químicos que degradam levemente a superfície do tecido.
Outra forma muito utilizada é por meio do uso de amaciantes, os quais se fixam à
superfície dos tecidos, promovendo uma superfície mais lisa, porém esse efeito costuma
durar apenas uma lavagem, tendo que ser reaplicado a cada lavagem.
• Eliminação de agentes microscópicos – Em geral, são utilizados produtos químicos que
eliminam esses agentes, que podem causar coceira ou até lesões de pele.
• Estática – Tecidos 100% sintéticos, principalmente os de poliéster e acrílicos,
apresentam baixíssima ou nenhuma absorção de umidade do ar. Por consequência, não
conduzem eletricidade.
• Alisamento da superfície – Tem a mesma função do ferro de passar roupas, processo
esse que além de eliminar amarrotados, aumenta o brilho do tecido, porém é realizado
em escala industrial.
• Deposição de camadas superficiais ou imersão – Pode ter várias funções, como repelir
água, impermeabilizar a superfície, retardante de chamas, imitação de couro ou pele de
pêssego, entre outras.
Tipos de beneficiamentos têxteis

Como já dissemos anteriormente, beneficiar um tecido é promover benefício ao material

têxtil, e quando promovemos benefícios aos materiais têxteis, também promovemos maior
valor agregado ao produto. Lembrando que, ao promover benefício ao tecido, nem sempre
teremos um produto final mais resistente ou melhor que o produto inicial.
Vamos nos concentrar agora em quais características podemos beneficiar um tecido.
• Pelos superficiais – Em tecidos de fios de fibras descontínuas, quando há mistura de
algodão e poliéster, é comum o surgimento de bolinhas na superfície do tecido. Essas
bolinhas são denominadas pilling. O mesmo ocorre em malhas de inverno, aquelas
popularmente chamadas de blusas de lã, mas que em 99% dos casos não são de lã, mas
de acrílico, que é muito mais barato. Para reduzir a probabilidade de formação do pilling,
devemos eliminar as pontas das fibras superficiais. No entanto, em tecidos de
filamentos contínuos, a superfície é lisa, de toque frio. Para aumentar a maciez, pode ser
realizado processo mecânico que promove quebra de parte dos filamentos superficiais,
promovendo um aspecto semelhante ao dos tecidos de fibras descontínuas.
• Cor – Os tecidos podem ser tintos nas mais diversas cores e, dependendo da
composição, pode ter mais de uma cor no mesmo tecido, sem, contudo, ter sido
estampado. A coloração, seguindo a moda do momento, agrega muito valor ao tecido.
• Estabilidade mecânica – Muitos tecidos, quando inadequadamente tratados,
apresentam os fios de trama na forma parabólica, e não reta como são produzidos. Pode Vimos que o beneficiamento têxtil é utilizado para modificar o tecido, para que ele aumente
ser consequência do mal dimensionamento do tecido, mas geralmente isso ocorre nos seu valor agregado. Vimos também algumas características que podem ser modificadas, como
tecidos sintéticos, os quais devem sofrer o processo de termofixação, que alinha o tecido o toque superficial, a cor, a pilosidade etc. Agora vamos ver os tipos de beneficiamentos têxteis.
e define a largura final dele. • Modificação da cor da superfície ou de todo o tecido – Temos o tingimento e a
• Pré-encolhimento – É comum encontrar pessoas que se queixam que uma roupa nova, estamparia.
que foi provada no ato da compra, não serve mais após a lavagem. Isso ocorre porque os • Estabilidade mecânica – É utilizada a termofixação.
tecidos, principalmente os de fibras naturais, durante o processo produtivo são muito • Pré-encolhimento – Em tecidos de algodão, para evitar que eles sofram encolhimento
solicitados, estirados no comprimento e na largura. Esses tecidos devem passar por um após realizada a confecção, é utilizada a Sanforizadeira.
processo que são submetidos ao calor e à umidade para promover a acomodação da • Amaciamento – Nesse caso, podem ser feitos dois métodos. Temos o método mecânico,
estrutura cristalina das fibras, provocando encolhimento e aumento da elasticidade. que visa promover impactos de modo a causar abrasão na superfície do tecido. Essa
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abrasão promove a quebra de fibras superficiais, aumentando a quantidade de pontas Agora que você já tem uma noção do que é beneficiamento têxtil, seus tipos e conceitos
de fibras na superfície. Temos também o método químico, que utiliza agentes que tecnológicos básicos e elementos fundamentais, deve estar se perguntando: como tudo se
reagem com as fibras do tecido, mas também pode agir degradando os corantes, organiza?! Qual processo deve ser o primeiro, o último, quantos processos devem ser feitos em
causando o envelhecimento acelerado do material, promovendo aumento da maciez e um tecido, e o principal, como decidir quais processos realizar?
modificando a coloração superficial. Outro método químico é mediante o uso de Como tudo, o beneficiamento têxtil tem um começo, meio e fim, e isso serve para atingir a
amaciantes, porém esse método não é permanente e geralmente promove redução de meta: agregar valor ao produto, seja esse um fio, um tecido ou uma confecção.
absorção de água. Vamos agora ver a organização do beneficiamento têxtil para poder selecionar o método mais
• Eliminação de agentes biológicos – Nesse caso, temos o método químico, onde são adequado para o fim desejado.
utilizados agentes químicos bactericidas, fungicidas ou genericamente os biocidas. Beneficiamento têxtil: Primário
Desde a colheita do algodão até a produção do tecido, são vários os meios de infecção do
material, que deve então ser desinfectado para evitar que alguém seja contaminado ao
utilizá-lo.
• Agentes antiestáticos – São agentes químicos que eliminam a estática do tecido,
promovendo a condução de eletricidade estática. Isso deve ser realizado principalmente
em tecidos de uso técnico, onde a estática pode causar danos.
• Alisamento da superfície – durante a produção, eventualmente os tecidos ficam
amarrotados, sobretudo os tecidos de malha por trama durante os processos de
lavagem. Para eliminar as dobras, o tecido passa por cilindros aquecidos realizando
industrialmente o que popularmente conhecemos como “passar a ferro”. Também há
outras máquinas que não utilizam cilindros, como as Ramas, que promovem tensão
tanto no sentido longitudinal quanto no transversal do tecido, isso sob aquecimento.
Esse último equipamento é indicado para tecidos sintéticos.
• Lavagem – Método utilizado para eliminar contaminações particuladas, gorduras, cera,
agentes biológicos, etc. que estejam no tecido. São utilizados agentes químicos
associados à ação mecânica.
• Secagem – Realizada para retirar o excesso de água dos tecidos causada após algum
processo químico em meio aquoso. Podem ser utilizados conjuntos de cilindros
aquecidos ou a Rama.
• Imersão – Quando se faz necessário aplicar algum agente químico de ação lenta, como
O beneficiamento têxtil é um conjunto de processos que, quando devidamente aplicados aos
desengomantes enzimáticos para tingimentos, para impregnação de resina plástica materiais têxteis, permite transformá-los de um produto cru em artigos brancos, tintos,
impermeabilizante ou outro agente químico que necessite impregnar todo o tecido. estampados e acabados, tudo isso agregando valor ao produto.
• Espatulagem – Quando desejamos aplicar alguma resina ou outro agente químico
O processo pode ser:
• Contínuo – O processo é realizado continuamente, sem paradas. O material entra no
somente na superfície do tecido.
• Eliminação da pilosidade superficial.
equipamento por um lado e sai por outro, continuamente, sem paradas.
• Descontínuo – O processo é realizado por peça, em quantidades limitadas.
Esses são alguns dos principais métodos de beneficiamento. Veremos adiante que esses
métodos são divididos em beneficiamento primário, secundário e terciário, onde serão O beneficiamento têxtil é dividido em três partes: primário, secundário e terciário. Veremos
detalhados alguns desses processos. nesta aula o beneficiamento primário ou tratamento prévio.
Saiba mais Trata-se de um conjunto de operações que podem ser mecânicas, químicas, bioquímicas e
físico-químicas, que podem ser aplicadas individualmente ou em conjunto. A finalidade
Temos uma indicação para que você possa vislumbrar um pouco da química têxtil dos dessas operações é eliminar impurezas das fibras têxteis, sejam elas sólidas ou líquidas,
amaciantes: leia o artigo Archroma lança amaciante têxtil vegano com um terço de conteúdo preparando o material para o tingimento, a estamparia e o acabamento final. Também nessa
ativo à base de plantas. fase podem ser realizados processos que visam melhorar a estrutura dos tecidos, reduzindo a
Para conhecer melhor o mundo do beneficiamento, você poderá visitar o site da pilosidade superficial, modificando a estrutura cristalina da celulose ou reduzindo tensões em
revista Textilia. Nessa revista é possível visualizar as novidades do ramo, o que algumas tecidos de fibras sintéticas.
indústrias estão fazendo para eliminar problemas ambientais causados pelos processos Uma série de impurezas pode contaminar os tecidos, e a origem pode ser diversa. Temos
químicos têxteis, como a moda utiliza a tecnologia, entre outros assuntos. contaminações introduzidas no material antes da fiação, como gorduras, que podem ser de
Introdução origem natural ou óleos de encimagem utilizados para facilitar o processo de fiação.
Posteriormente, para aumentar a produtividade dos teares, podem ser utilizadas gomas nos
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fios de urdume, assim como existem as contaminações com óleos das máquinas ou da
manipulação dos operadores. Antes da produção de malhas, também podem ser utilizados
óleos lubrificantes, cuja finalidade é reduzir o atrito dos fios nas agulhas das máquinas,
aumentando a produtividade.
Entre os processos do beneficiamento primário temos:
• Chamuscagem – Esse processo visa a eliminação das pontas das fibras nos fios que
compõem um tecido, assim como de fibras soltas na superfície dele.
• Desengomagem – Nas gomas solúveis em água, é realizada uma lavagem alcalina com
o auxílio de detergentes, de preferência com água quente. No caso das gomas de amido,
insolúveis em água, é realizado processo que utiliza enzimas amilases. Esse processo
também é realizado em meio líquido, onde as enzimas auxiliam na quebra da estrutura
do amido, facilitando sua retirada.
• Lavagem – Processo de eliminação de impurezas. Quando é realizada a
desengomagem, a lavagem é realizada logo a seguir.
• Mercerização – Esse processo visa modificar a estrutura cristalina da celulose,
portanto, aplicado aos tecidos ou fios de algodão. A modificação obtida promove
aumento da orientação da estrutura, fornecendo maior brilho ao algodão, assim como
maior absorção de água e corantes. Nesse processo, o tecido ou o fio é introduzido sob
tensão em um banho de soda cáustica. A seguir, o produto deve ser lavado para eliminar
os resíduos da cáustica. Quando o tecido ou fio não for submetido à tensão durante o
tratamento, o processo passa a ser chamado de caustificação, que aumenta a absorção
de água e corantes, porém não modifica o brilho.
• Termofixação – Aplicável apenas aos tecidos sintéticos. O tecido é submetido ao
tratamento térmico, onde a temperatura aplicada permite aliviar as tensões provocadas
pelos processos de tecimento, evitando distorções dimensionais. Um detalhe
importante é que a termofixação também pode fazer parte do beneficiamento terciário.
Beneficiamento têxtil: Secundário
O beneficiamento têxtil secundário é a segunda etapa do beneficiamento têxtil. Nesse caso,
trata-se dos processos de coloração dos tecidos, seja por tingimento, em que todo o tecido tem
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sua cor modificada, ou por estamparia, em que apenas parte do tecido tem a cor modificada.
Dentro desse processo também podemos incluir o branqueamento, que também modifica a cor
natural do tecido.
Vejamos então os processos.
Branqueamento
Trata-se de um processo que visa retirar os corantes naturais do material. O algodão
naturalmente tem a cor creme, cujos corantes podem ser facilmente eliminados por processo
oxidativo. Entre esses processos de branqueamento temos:
• Hipoclorito de sódio – É o processo mais barato e utilizado entre os processos de
branqueamento, porém o cloro ataca tanto os corantes quanto a celulose do algodão.
Portanto, deve-se ter o cuidado para evitar a perda de resistência do algodão durante o
processo. Outro problema que pode ocorrer é visto posteriormente, pois resíduos de cloro
não eliminados causam amarelamento posterior da celulose.
• Peróxido de hidrogênio – Mais popularmente conhecido como “água oxigenada”, é um
ótimo agente de branqueamento, porém com custo maior, é menos utilizado que o
hipoclorito de sódio. Tem custo maior que o hipoclorito e exige maiores cuidados por
ser explosivo na concentração de uso industrial.
• Clorito de sódio – É o processo que atinge o maior grau de branqueamento e não
apresenta o risco de amarelamento pela degradação da celulose, porém deve ser
realizado somente em equipamentos fechados, pois é tóxico.
• Branqueamento óptico – São utilizados corantes fluorescentes que contrastam com a
cor creme natural do algodão, dando a impressão de maior brancura.
Tingimento
É uma operação que visa colorir uniformemente os tecidos. Para o tingimento, é de suma
importância conhecer o substrato a tingir, pois não há corantes universais, que tingem todos
os materiais. A seguir veremos algumas classes de corantes:
• Corantes ácidos – Adequados ao tingimento de fibras proteicas e poliamidas.
• Corantes diretos – Utilizados para tingimento de fibras celulósicas.
• Corantes reativos – Podem ser aplicados tanto no tingimento de algodão quanto em
fibras proteicas e poliamidas, porém apresentam melhores resultados na celulose,
sendo mais resistentes nessas fibras.
• Corantes dispersos – São utilizados no tingimento do poliéster, mas também podem ser
utilizados para poliamidas, porém nessas a solidez é menor.
Estamparia
Método que consiste em colorir, descolorir ou degradar partes do tecido.
• Serigrafia ou silk screen – Esse método utiliza quadros ou cilindros recobertos com
uma película impermeável. A película é retirada apenas nos locais onde se deseja
permitir a passagem do elemento de coloração, que pode ser uma solução de corante ou
uma suspensão de pigmentos. Para cada cor há um quadro especificamente preparado.
É um processo realizado manualmente, peça a peça, no caso de camisetas, mas que pode
ser realizado de modo contínuo em tecidos.
• A laser – Trabalha de modo semelhante às impressoras de papel a laser, porém em
escala maior e diretamente nos tecidos.
• Jato de tinta – Muito utilizada para impressão de camisetas. Esse método utiliza
impressoras à jato de tinta para imprimir uma suspensão de resina termoplástica com
pigmentos sobre um papel, sendo o desenho posteriormente transferido para um tecido.
• Sublimação – Para tecidos de poliéster ou, em alguns casos, poliamidas. Para tal, são
utilizados corantes dispersos sublimáveis.
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Beneficiamento têxtil: Terciário e finais superficial ou por imersão. Para aplicação por imersão pode ser utilizado um
equipamento denominado foulard, onde o tecido passa por um banho do material a
aplicar, sendo em seguida espremido entre dois cilindros guarnecidos com borracha
para controlar a quantidade de material que permanecerá no tecido. Para aplicação da
resina apenas na superfície do tecido, pode ser utilizada uma espalmadeira, uma
espatuladeira ou mesmo uma extrusora equipada com um flat dye.
• Termofixação – Mediante a aplicação de calor, além de melhorar a estabilidade
dimensional dos tecidos, pode-se promover a fixação das resinas ou outros produtos
aplicados sobre eles.
• Revisão – O tecido passa por uma máquina de revisão para eliminação de oleosidades
localizadas e verificar a quantidade de falhas presentes, como fios rompidos, defeitos
de fios, manchas, etc. É nessa etapa que o tecido é classificado como de primeira
qualidade ou abaixo, mediante a quantidade de defeitos encontrados na peça.
Saiba mais

Temos aqui uma indicação de artigo referente à estamparia digital: GQM projeta crescimento
de 50% com foco em estamparia digital.
Introdução

O beneficiamento têxtil não encerra nos tecidos. Após a confecção, também há a possibilidade
Após eliminar as contaminações e promover a coloração dos tecidos, devemos agora finalizar de agregar valor aos produtos, seja por uma simples lavagem para retirada de contaminações
o produto, entrando no beneficiamento terciário, ou acabamento, promovendo maior causadas durante o processo de confecção, ou mediante processos que modificam o tecido
estabilidade dimensional e fornecendo ao tecido características especiais. após a confecção. Mas o beneficiamento não se limita às peças novas, também pode ser
• Felpagem – Trata-se de realizar atrito na superfície dos tecidos, provocando a formação
realizado em peças usadas, por exemplo, de uso hospitalar ou profissional.
de pelos superficiais, melhorando o toque e aumentando a retenção do calor. Pode ser Espera-se que você seja capaz de identificar alguns processos e possa selecionar o mais
utilizada uma felpadeira ou uma lixadeira. A felpadeira é um equipamento dotado de adequado às necessidades do seu segmento de trabalho. Nada como conhecer os métodos
um cilindro com superfície serrilhada que, girando em alta velocidade contra o tecido, industriais para poder selecionar melhor o processo a realizar, assim como prever a qualidade
provoca a quebra de fibras superficiais. A lixadeira, de modo semelhante, quebra as final do produto.
fibras superficiais, porém o cilindro é revestido com uma lixa. Lavanderia de beneficiamento de jeans e tingimento de peças confeccionadas
• Calandragem – Realizado para aumentar o brilho do tecido. É um processo industrial
que alisa a superfície do tecido, que é “passado” entre um cilindro aquecido e um feltro.
• Pré-encolhimento – Devido aos processos prévios realizados nos tecidos, eles são
muitas vezes submetidos a tensões. Ao absorver água, os tecidos aumentam seu volume
e reduzem seu comprimento, modificando suas dimensões. Esse processo é necessário
para evitar que o tecido encolha após a confecção, o que gera queixas e devoluções.
Realizado em uma sanforizadeira, é aplicado vapor no tecido, sem, contudo, aplicar
tensão nele, sendo resfriado a seguir.
• Secagem – Retirada da água, promovendo estabilidade microbiológica, evitando a
proliferação de fungos e bactérias que podem danificar o tecido.
• Aplicação de amaciantes – Durante o processo de lavagem prévia, os amaciantes
naturais do algodão, ceras e gorduras são retirados.
• Aplicação de resinas – As resinas podem promover modificação do toque, deixando a
superfície mais rígida ou mais macia, podem modificar a permeabilidade de água por
hidrorrepelência, aumentar a resistência ao calor, aumentar a resistência a chamas
com a aplicação de retardantes de chamas, reduzir ou aumentar a absorção de umidade,
aumentar a resistência mecânica, função antiesgarçante para evitar deslizamento
lateral dos fios que compõem o tecido, biocidas para evitar o crescimento
microbiológico, antitraças, entre outras funções. A aplicação de resinas pode ser apenas
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Nos últimos 50 anos, o jeans tem sido o produto mais popular entre as confecções populares.
Desde produtos populares a produtos personalizados, o jeans é usado por crianças, homens e
mulheres, seja qual for a idade. No passado, ele era um produto grosseiro, utilizado por
cowboys e mineiros, e para a função, era o tecido mais adequado, pois resistia aos esforços do
dia a dia desses profissionais, apesar de não ser tão confortável. Naquela época e local, os
mineiros e cowboys lavavam suas roupas em rios, batendo contra pedras para melhorar a
lavagem, pois na maioria das vezes sequer havia sabão para a lavagem. Verificou-se então
que, devido ao uso e desgaste causado pelos profissionais e a lavagem realizada, o tecido ficava
macio. A partir desse ato surgiu o termo “stone washed”, ou “lavado na pedra”. Esse processo
causa desgaste nas fibras superficiais do jeans, reduzindo o toque duro da goma e tintura
aplicados no tecido.
Com a evolução da moda, a população passou a exigir tecidos mais macios, confortáveis. Aos
poucos surgiram novos processos, vamos então falar um pouco sobre eles.
Para atingir o resultado desejado, são necessários os seguintes equipamentos:
• Lavadora para peças confeccionadas – O próprio nome indica a função, lavagem.
• Hidroextrator – Geralmente é utilizada uma centrífuga, para retirar o excesso de água
das peças confeccionadas.
• Secador – Eliminação da água livre.
• Passador – Utilizado para alisar a superfície da peça confeccionada.
Esses são os equipamentos mínimos necessários para um sistema básico de tratamento de Os primeiros relatos históricos de serviços de lavanderia vêm da antiga Roma, onde havia
jeans. Para tratamentos mais específicos, outros equipamentos podem ser utilizados, como serviços públicos de lavanderia, denominados fullones. Os homens eram responsáveis pela
gravadores a laser, os quais promovem o desgaste em regiões específicas das peças, podendo lavagem das roupas, que era feita com eles pisando nas roupas dentro de cubas com água,
inclusive gravar desenhos nas peças confeccionadas. sendo penduradas para secar a seguir.
Para a obtenção do efeito “stone washed”, existem vários métodos, sendo que a maioria é Na Europa, durante a Idade Média, a lavagem era realizada geralmente pela própria pessoa na
derivada dos métodos que apresentaremos. Vamos listar a seguir os principais: beira de rios, onde utilizavam pedras ou tábuas para esfregar o material para facilitar a saída
• Lavagem com cloro – Consiste em realizar a lavagem com hipoclorito de sódio. O
dos contaminantes. A secagem era feita com as peças no chão, e a ação do sol promovia o
hipoclorito promove descoloração do tecido e, em razão das peças estarem branqueamento. Sabão era utilizado apenas pelos que tinham maior poder aquisitivo, sendo
confeccionadas, a perda de cor não é uniforme, e é justamente essa a intenção, pois, popularizado no século XVIII.
dessa forma, cada peça apresenta imagens diferenciadas. Como uma variação desse O primeiro projeto de máquina de lavar foi elaborado em 1782 por H. Sidgier, na Grã-Bretanha.
método, para promover maior diferenciação na descoloração, por exemplo, são feitos Essa máquina era um tipo de gaiola com hastes de madeira e era dotada de uma alça para
nós nas barras das calças ou, mediante o uso de cordões, são amarradas partes das girar, com acionamento manual. As primeiras máquinas de lavar acionadas por motor elétrico
peças, promovendo ainda maior diferenciação. Devido à presença de cloro residual, se surgiram em 1900 e, por ter projeto deficiente, era comum que o motor ficasse molhado,
faz necessário o tratamento anticloro para evitar que o tecido tenha redução da vida útil causando curto-circuitos e choques aos usuários. A partir desse ano, diversos outros tipos de
e amarelamento. máquinas de lavar foram desenvolvidos, cada qual com suas vantagens e desvantagens.
• Lavagem com pedra – Essa é a origem do termo “stone washed”, onde juntamente com
O sistema mais utilizado no Brasil é o de cesto vertical com eixo central rotativo. Esse sistema
o banho de lavagem são colocadas pedras. Ao colidir com o tecido, as pedras causam é mais eficiente na lavagem, porém é mais agressivo e danifica mais as peças de roupas. O
desgaste localizado e, quanto maior o ciclo de lavagem, maior será o desgaste. A sistema com tambor horizontal sem eixo rotativo não é tão eficiente, no entanto, causa menos
desvantagem desse método é a redução da vida útil do equipamento causada pelo uso danos às peças. Para compensar a diferença na eficiência dos dois modelos, foram
das pedras. desenvolvidos detergentes mais eficientes, exigindo menor atrito para obter a mesma
• Lavagem com cloro + pedra – Combinação dos dois métodos anteriores, acentua o efeito
eficiência de lavagem.
com maior rapidez. Tem as mesmas desvantagens e necessidades dos tratamentos As lavanderias profissionais atuam em diversos ramos do mercado. Temos:
• Lavagem de peças novas para beneficiamento do confeccionado – Principal mercado
anteriores.
• Lavagem enzimática – É utilizada enzima celulase. Essa enzima facilita a degradação
é o de lavagem de jeans, porém diversas outras peças confeccionadas são beneficiadas
do algodão e, por consequência, promove amaciamento e descoloração das partes das de diversos modos, como tingimento, engomagem, aplicação de hidrorrepelentes, entre
fibras degradadas. Promove o mesmo efeito do tratamento com hipoclorito, porém não outros.
• Lavagem de roupas usadas de uso doméstico – É a tradicional “tinturaria” de bairro,
tem as desvantagens nem a necessidade do tratamento anticloro. Para inativar a
enzima basta elevar a temperatura do banho acima de 60 ºC. que atende as pessoas que não podem ou não querem lavar roupas em casa, assim como
Lavanderia doméstica e industrial atende casos específicos para eliminação de manchas, lavagem a seco para tecidos de
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lã etc. Nesses locais também pode ser oferecida a lavagem de peças grandes, como
tapetes e cobertores.
• Lavagem de artigos usados de cama, mesa e banho para hotéis e restaurantes.
• Lavanderia corporativa – Destinada a atender empresas, realizando a lavagem de
roupas de uso profissional dos seus funcionários.
• Lavanderia hospitalar – Destinada à lavagem de roupas de uso profissional de hospitais
de clínicas, assim como de roupas de cama e banho desses estabelecimentos, onde são
exigidos controles específicos de qualidade devido ao risco de contaminação biológica.
Em todos esses estabelecimentos os equipamentos utilizados geralmente são os mesmos,
selecionados de acordo com o mercado atendido. A lavagem pode ser mais branda ou mais
agressiva e, por vezes, se faz necessário o uso de detergentes especiais e agentes
branqueadores, assim como de agentes desinfetantes ou mesmo processos de esterilização,
como é o caso das lavanderias hospitalares.
Lavanderia hospitalar e corporativa
Vamos abordar agora casos mais específicos de lavanderias.
Lavanderia corporativa
Muitas empresas exigem de seus funcionários o uso de roupas específicas, que podem ser
simplesmente roupas com emblema da empresa ou roupas que agem também como EPI
(equipamento de proteção individual), que servem para proteger o funcionário ou para evitar
que este cause danos ou contaminação aos produtos ou ao processo. É o caso de fabricantes
de microchips, laboratórios farmacêuticos, frigoríficos, entre outros.
Para atender esse mercado, existem lavanderias especializadas, que podem oferecer apenas o
serviço de lavagem, porém há empresas que oferecem a lavagem diária das roupas
profissionais. Contudo as roupas são de propriedade da lavanderia, a qual oferece a produção
(confecção) e a lavagem das roupas para seus clientes, que pagam pela locação das roupas, o
que inclui o serviço de lavagem.
Nas lavanderias corporativas, a logística de atendimento é complexa, pois envolve a retirada
das peças usadas e entrega das peças limpas, em quantidade igual, mas podendo variar de
acordo com a solicitação do cliente. O processo de lavagem é o mesmo das demais lavanderias,
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envolvendo a lavagem propriamente dita, a hidroextração, a secagem, o serviço de passadoria
e a posterior embalagem e identificação individual das peças.
Os produtos e o processo de lavagem são selecionados de acordo com a necessidade de cada
cliente. Esses produtos são: detergentes, alvejantes, alcalinizantes, solventes orgânicos,
enzimas, biocidas, amaciantes e aromatizantes. De acordo com a necessidade, alguns outros
produtos são adicionados para produzir a qualidade final necessária.
Lavanderia hospitalar
Lavanderias hospitalares apresentam basicamente as mesmas necessidades das lavanderias
corporativas, porém é exigido o processo de desinfecção das peças, pois é necessário evitar
que contaminantes biológicos passem de um usuário para outros entre as lavagens. As
contaminações mais comuns são sangue e secreções corporais. Essas contaminações exigem
agentes químicos específicos, pois por vezes são de difícil eliminação. Após a retirada das
contaminações visíveis, é realizada a eliminação dos agentes microbiológicos patológicos,
denominada desinfecção. Vamos ver quais são os métodos de desinfecção:
• Desinfecção térmica – É utilizada água quente para a eliminação das contaminações.
Alto gasto energético.
• Desinfecção química – São utilizados agentes químicos no banho de lavagem para a
eliminação dos contaminantes biológicos. Entre esses podemos citar o hipoclorito de
sódio, peróxido de hidrogênio e liberadores de formaldeído. Exigem maior controle de
temperatura de banho e ph, pois o desequilíbrio nesses fatores pode causar danos às
peças ou pode deixar de agir.
• Desinfecção por ozônio – O ozônio é um gás, O3, presente em baixas concentrações na
nossa atmosfera, geralmente produzidos pelos raios em tempestades. Esse gás nos
protege da radiação ultravioleta do sol, filtrando a maior parte dela. Esse gás é altamente
oxidante, sendo então um ótimo biocida, eliminando bactérias e outros agentes
microbiológicos, agindo também como um agente branqueador nos tecidos. Na
máquina hidroextratora é colocado um gerador de ozônio, o qual realiza sua atividade
oxidante durante esse processo. Há também máquinas lavadoras dotadas de um
gerador de ozônio. Esse processo tem como vantagem a necessidade de pouca água no
processo, redução da quantidade de energia para aquecimento da água, pois o processo
é feito em baixa temperatura, redução do tempo de lavagem e secagem, elimina
bactérias patogênicas, inclusive as superbactérias, elimina maus odores dos produtos
químicos utilizados na lavanderia, é de fácil instalação e reduz a agressão ao meio
ambiente.
Saiba mais
Para conhecer melhor o mundo do beneficiamento de peças confeccionadas, você poderá
visitar o site da revista Textília. Nessa revista é possível visualizar as novidades do ramo, o
que algumas indústrias estão fazendo para eliminar problemas ambientais causados pelos
processos químicos têxteis, como a moda utiliza a tecnologia, entre outros assuntos.
Veja, por exemplo, esta matéria, relativa à evolução das lavanderias industriais no Brasil.
Malha por urdume ou por trama? Qual beneficiamento escolher?
Agora que você já adquiriu conhecimentos de malharia e beneficiamento, vamos praticar um
pouco esse assunto.
Você já viu o que é uma malha e seus tipos, por trama e por urdume, assim como tem agora
conhecimento das diferenças de qualidade entre as duas. Também já tem conhecimento dos
diferentes tipos de beneficiamento, como lavagem, chamuscagem, navalhagem, tingimento,
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estamparia, termofixação, entre outros. Vamos ver agora uma aplicação prática desse
conhecimento.
Suponha que você é gerente de uma fábrica de calças jeans e tem que selecionar o tecido e os
beneficiamentos necessários para o mercado que quer atingir. Antes de mais nada, você deve
conhecer as exigências do mercado para selecionar corretamente o material e os
beneficiamentos exigidos. As exigências são:
• Tecido firme, mas que tenha certa elasticidade que facilite a movimentação e que
permita bom ajuste às curvas do corpo.
• Aspecto desgastado, desbotado.
• Não amarelar com o tempo.
• Não encolher demais na lavagem.
Nesse caso, como se trata de calças jeans, não pode escolher tecido de malha, pois calças jeans
são produzidas com tecidos planos, brim ou denim. Escolhido o tecido, vai agora escolher os
beneficiamentos. O primeiro beneficiamento deve ser a retirada da goma presente no tecido,
ou seja, a desengomagem. Escolhendo então a desengomagem por enzima, em seguida, devem
ser retirados os resíduos da desengomagem por meio da lavagem. Em seguida, para que o
tecido não sofra contaminações microbiológicas, deve ser realizada a secagem. Não podemos
esquecer de retirar pontas de fibras soltas da superfície do tecido, então esse deve passar pela
chamuscagem. Agora, para evitar reclamações posteriores, deve ser feita a sanforização para
pré-encolher o tecido. Pronto, agora você já pode confeccionar a calça.
Após a confecção, a calça tem aspecto liso, e a moda atual exige tratamentos posteriores para
amaciar e dar um aspecto desgastado. Nesse caso, deve ser realizada a lavagem em
lavanderias de jeans. É escolhido então o amaciamento e desgaste por enzima para evitar que
o produto tenha perda de qualidade e amarelamento pelo uso de hipoclorito de sódio. Em
seguida, o produto deve ser seco e ir à passadoria, para que ele venha alisado e preparado para
embalar e distribuir no mercado.
Agora você vai produzir moda praia, maiôs e biquínis. Quais são as exigências do mercado
para esse produto?
• Grande elasticidade.
• Desenhos florais.
• Não apresentar toque plástico no desenho.
• Não desfiar facilmente.
• Deve secar rapidamente no corpo.
Você já pode selecionar o tecido. Nesse caso, como é exigida grande elasticidade, escolha
tecido de malha. Mas qual tipo? Não podendo desfiar facilmente, ficou mais fácil a escolha:
malha por urdume! Como deve secar rapidamente, a escolha é por fios sintéticos. Você então
escolhe poliéster, pois esse material absorve pouca água, portanto seca rapidamente.
Selecionado o tecido, como ele deve ter desenhos florais, o ideal é que já venha com os motivos
florais no tecido antes da confecção. Como malha por urdume utiliza fios de filamentos
contínuos, não é necessário qualquer tratamento para retirar pontas de fibras da superfície.
Então, o tecido deve ser primeiramente lavado, seco e termofixado. Agora ele deve receber os
motivos florais. Nesse caso, deve ser estampado. Escolhemos então estampa por sublimação.
Então, o tecido está pronto para a confecção. Uma vez confeccionado, não necessita mais
qualquer tratamento, já pode ser embalado e distribuído no mercado.
Estudo de caso
Você trabalha em uma empresa de confecções e é responsável pelo desenvolvimento de novos
produtos. Com a chegada do inverno, desenvolveu uma nova linha de produtos para o próximo
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verão. Entre os produtos estão calças jeans masculinas e femininas, camisas masculinas,
vestidos casuais e blusas femininas. Após avaliar a tendência do mercado da moda, definiu
os modelos a produzir, assim como os tecidos, as cores e as estampas deles.
O próximo passo foi selecionar os fornecedores dos tecidos e a qualidade desses. Foram
selecionados dois fornecedores, um para malhas e outro para tecidos planos.
A seguir, você apresentou o resultado que desejava nos produtos beneficiados e selecionou o
beneficiador, assim como o que seria feito nos beneficiamentos.
Em seguida, foi produzido um lote-piloto de tecidos para verificar a viabilidade deles. Após a
aprovação da qualidade dos tecidos, o lote-piloto de tecidos foi encaminhado para o
beneficiamento. Mais uma vez, o lote foi submetido aos ensaios de qualidade e aprovado em
todos os itens.
Com a aprovação tanto dos tecidos quanto do beneficiamento, os produtos foram
encaminhados para a produção de um lote-piloto das confecções. O lote foi também avaliado
e aprovado em todos os itens.
Com tudo devidamente testado e aprovado, foi realizado o lançamento da nova coleção, com
imediata venda e distribuição no mercado. Uma semana após o início da distribuição, você
recebe queixas de clientes relativas a um dos produtos recém-lançados. As queixas são:
• A roupa encolheu muito após a lavagem.
• Houve formação de bolinhas na superfície do tecido.
• Os tecidos apresentam manchas mais claras nas cores escuras.
Os produtos foram confeccionados com tecido 20% poliéster e 80% algodão, que foram
produzidos em uma tecelagem e posteriormente beneficiados em uma tinturaria industrial.
Após a confecção não houve beneficiamento.
Devido ao problema apresentado, houve a necessidade de suspender a produção dos artigos
dos quais foram apresentadas queixas para identificar e solucionar o problema.
Você deverá avaliar os produtos e identificar as falhas para eliminar o problema e evitar que
ocorram novamente. Para isso, deverá contar com seu conhecimento e exames laboratoriais.
Lembre-se que o problema surgiu nos lotes de produção, não no lote-piloto.
_______
Reflita
Identificação do problema.
O que você deve verificar para identificar os problemas?
Resumo visual
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Figura 1 | Escolha dos materiais e beneficiamento dos tecidos - Fonte: elaborada pelo autor.