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HISTÓRIA DOS TÊXTEIS

O tecido é a matéria mais antiga d o mundo, surgiu como forma d e proteção para o corpo . Os primeiro s
tecid os su rgiram p el as mãos d o homem e com o tempo descobriram novas fibras , maneiras d e

entrelaçar e criar. A história documenta que o linho e o al godão d o campo vegetal e a l ã e a s eda d o
campo ani mal fo ram as primeiras fibras a s erem cu l t iv as.

A fabricação d e tecidos p o r empresas famili ares man tev e at é o s écul o X VII. Com a ch eg ad a d a i
ndúst ri a os art esãos deix aram o t rab alho i n fo rmal e fo ram t rab al h ar co mo emp reg ad o s d as i n d u s t
rias .

Conhecimento básico d as fibras , d e teceretingirvem acompanhando a humanidade desde su a orig em at é o s


d ias d e h oj e. A tecnologia nos permite ampla diversificação d a matéria prima, estudos e p rep aração mu
i t o mais rápido são o q u e n o s diferencia d a antiguidade.

Sumário:
 Classificação das fibras em relação à origem
 A relação entre as fibras e os fios
 Por que é importante conhecer as fibras têxteis?
 Como são formados os tecidos e as estruturas têxteis?
 Reconhecimento do direito e do avesso nos tecidos
 Classificação dos tecidos conforme a qualidade
 Beneficiamento de tecidos: 10 principais tratamentos para conhecer
 Perguntas Frequentes:

Tente uma experiência e olhe ao seu redor: quantos tecidos você pode reconhecer? Não pense apenas nos tecidos

das roupas que você usa, mas também nos estofos da cadeira ou sofá em que você provavelmente está sentado, nas

cortinas ou no banco do seu carro.

As fibras têxteis são o elemento fundamental de todo tecido: elas dão origem ao fio que é usado para fazer tecidos

que, por sua vez, podem ser utilizados em diversos elementos, desde móveis até uma coleção de roupas inteira!

Mas quantos tipos de fibras têxteis existem? Como podem ser classificados? Que características os distinguem? Se

você estiver interessado em descobrir isso e tudo sobre o universo das fibras, dos fios e dos tecidos, acompanhe

este manual incrível que preparamos para você:

Classificação das fibras em relação à origem

Em relação à sua origem, as fibras têxteis podem ser de três tipos – naturais, artificiais ou sintéticas:

Fibras têxteis de origem natural


As fibras naturais representam 40% das fibras têxteis utilizadas no mundo e são encontradas na natureza sob a forma

de filamentos mais ou menos longos. São chamadas de naturais porque são provenientes de animais e plantas.

Nesse sentido, elas estão divididas em duas categorias:

Fibras de origem animal

São fibras obtidas do bulbo de pelo animal e aquelas obtidas por secreção dos casulos de lepidópteros ou ácaros,

como o bicho-da-seda.

A primeira espécie, advinda dos pelos dos animais, inclui fibras como a lã de ovelha, alpaca, vicunha, caxemira e

camelo, principais exemplos desse tipo de fibra.

Na segunda espécie estão a seda e o byssus. A seda mais conhecida é aquela produzida pela secreção glandular do

bicho-da-seda em seu estado larval, antes de iniciar sua metamorfose em uma crisálida e depois em uma borboleta. As

áreas em que a produção de seda atinge sua máxima difusão e qualidade são China, Japão, Índia e Itália.

E quais as principais características destas fibras? Tanto a seda quanto a lã são fibras que são facilmente tingidas,

absorvem a transpiração e são maus condutores de calor. Devem ser lavados a uma temperatura baixa, com

detergentes neutros ou levemente alcalinos.

Novelos de lã
Fibras de origem vegetal

São fibras obtidas da celulose das plantas e podem ser obtidas de várias partes da planta: das sementes (como

algodão e kapok), do caule (linho, cânhamo, juta, rami), das veias foliares (ráfia, sisal) e do fruto (coco). 

De todas essas fibras, a mais comumente utilizada é o algodão, feito da penugem que envolve as sementes de uma

planta da família Malvaceae. 

Normalmente, as fibras da planta têm excelente recuperação térmica, alta condutividade térmica e tingem

facilmente. Absorvem bem a transpiração, embora não tão bem quanto a lã.

Fibras de
algodão

Fibras têxteis artificiais

As fibras artificiais são produzidas pelo homem a partir de fibras naturais, geralmente celulose, através de

simples transformações químicas. Estas transformações são realizadas porque os polímeros na natureza têm uma

superfície irregular ou comprimento insuficiente para serem transformados em fios longos.


O tecido mais comum nesta categoria é o rayon, um termo usado para descrever todos os fios produzidos a partir de

derivados da celulose. Dependendo do processo químico utilizado, podem ser obtidos diferentes tipos de fios (viscose,

cupro, acetato etc.). 

Essas fibras, precisamente por serem artificiais, têm várias vantagens: seu diâmetro pode atingir a finura e

comprimento desejados, seu brilho e opacidade podem ser controlados, podem ser tingidas a qualquer momento

durante o processamento e há um rendimento maior devido à ausência de impurezas.

Fios de rayon em carretéis

Fibras têxteis de origem sintética

As fibras sintéticas são obtidas por meio de processos complexos de síntese utilizando matérias-primas que

raramente estão disponíveis na natureza. Também são conhecidos como feitos pelo homem.

As fibras sintéticas representam 55% das fibras produzidas para roupas e móveis e são divididas em “famílias” de

acordo com a classificação dos polímeros que as compõem. As principais fibras sintéticas são o nylon, as fibras de

poliéster e as fibras acrílicas.

As fibras sintéticas são caracterizadas por um baixo peso específico, que permite alto rendimento do tecido,

termoplasticidade, repelência à água, facilidade de lavagem e resistência ao desgaste. Por outro lado, as

características negativas são baixa estabilidade térmica, baixa absorção de umidade, baixa respirabilidade e

eletrostática. 

Além disso, por serem tecidos repelentes à água, são difíceis de tingir e requerem corantes especiais.

As fibras têxteis geralmente incluem materiais de fibra curta que não são fiados, mas sim aderidos juntos para formar

uma camada de certa espessura e consistência de tecido, como o feltro.

Linhas de nylon

A relação entre as fibras e os fios


No segmento têxtil, é a partir dos vários processos de fiação das fibras que obtemos os fios – que, por sua vez, geram

o tecido. Muitas vezes, ao combinar efeitos, fibras e cores, uma infinidade de tipos de fios podem surgir, oferecendo

novas texturas aos tecidos.

Conforme as combinações de fibras, seu comprimento, torções e espessura, são obtidas as variações de qualidade e

preço que o segmento têxtil oferece.

Confira, abaixo, as principais características dos fios utilizados no segmento têxtil, conforme a Cartilha de

Costurabilidade, Uso e Conservação de Tecidos desenvolvida pela TexBrasil Decor:

 O título, que é a numeração do fio, é expresso em unidade TEX. Quanto mais alto o valor mais grosso é o fio;
 Suas torções, que são indicadas em torções por metro, para fio. Dependendo da aplicação, necessitamos de
fios de maior e menor torção.

Por que é importante conhecer as fibras têxteis?

Um confeccionador tem o dever de conhecer a matéria-prima que será utilizada. Não só o processo de construção do

fio como também as fibras têxteis que o compõem devem ser estudadas.

Saber a origem, as características e as indicações de aplicações das fibras têxteis é de suma importância, já

que interferem diretamente na qualidade do produto final. As fibras naturais, artificiais ou sintéticas possuem

características específicas que devem receber atenção especial principalmente quando o fio produzido com elas for

aplicado na indústria do vestuário, nos desfiles de moda e nas coleções dos principais eventos fashion do Brasil e do

mundo.

Dos mais variados processos de fiação e mistura de fibras podem sair fios específicos para cada peça do vestuário

como, por exemplo, fios com alto nível de transpiração para peças de verão, com propriedades térmicas para proteger

do frio ou até hipoalergênicos para trajes de contato direto com a pele, justificando assim a importância de  conhecer

cada fibra têxtil.

Como são formados os tecidos e as estruturas têxteis?

Os tecidos são estruturas têxteis manufaturadas em forma de lâminas flexíveis. São resultados do entrelaçamento

de forma ordenada ou desordenada de fios e fibras que os compõem. Para tal entrelaçamento, o sistema de obtenção

deve formar uma estrutura dimensional na qual necessitamos de alguns processos e até mesmo combinações.
Entre o cruzamento de tramas e urdumes, ou até por fusão e processos químicos, os tipos de tecidos surgem e

adquirem estruturas visuais e comportamentos físicos como flexibilidade, dobraduras, alongamentos, elasticidades,

entre tantos outros fatores agregados ao material têxtil.

Existe uma classificação dos tecidos quanto à sua estrutura, quanto ao resultado dos entrelaçamentos. Essas

estruturas podem surgir:

 por entrelaçamento dos fios; 


 por ação adesiva ou fusão de fibras;
 por resultados à partir de soluções de fibras têxteis;
 e os chamados “especiais” que são soluções mistas.

Para se ter uma ideia da complexidade têxtil, a compreensão dos inúmeros detalhes e materiais, existem diversas

classificações genéticas de fibras químicas manufaturadas, sem incluir as naturais, somando no mínimo 25 estruturas

básicas de tecidos e variações das mesmas.

Tecido jeans com foco no entrelaçamento das fibras

Reconhecimento do direito e do avesso nos tecidos

Uma curiosidade: você sabia que é imprescindível definir o lado certo do tecido para que a confecção de roupas saia

da forma certa, sem erros e desperdícios?

Em alguns casos, o reconhecimento do direito e do avesso de um tecido é bem simples. É o caso dos estampados, por

exemplo. Em outros casos é necessário usar o bom senso. No entanto, alguns critérios que podem facilitar

no reconhecimento do avesso do tecido:

 Enrolamento do tecido: o avesso do tecido normalmente fica para fora no rolo;


 Brilho: tecidos sedosos apresentam em seu lado direito um maior brilho;
 Ourela: quando o nome do produtor do tecido está na ourela de forma estampada este é o lado direito, quando
está na forma bordada ou tecida, esse é o lado direito;
 Tato: o lado mais liso é o direito e o mais áspero é o avesso;
 Trama: normalmente o urdume é mais visível no lado do avesso;
 Rendados: os relevos na renda indicam o lado direito do tecido.

Em função de sua importância para o segmento, é fundamental que todos os profissionais envolvidos no planejamento

do processo produtivo da confecção conheçam as principais características dos tecidos, sua classificação e

propriedades de caimento e adequação.

Classificação dos tecidos conforme a qualidade


Hoje em dia existem no mercado vários tipos de tecidos, com diferentes especificações técnicas. E na hora de utilizá-

los na produção, você sabe quais são os critérios de classificação de tecidos no que diz respeito à qualidade? 

A classificação de tecidos é feita conforme a ABNT NBR 13484 – Tecidos planos – que é um método de classificação

baseado em inspeção por pontuação de defeitos. Saiba, a seguir, o que precisa levar em conta para fazer essa

avaliação:

Pontuação por defeito

A pontuação é o critério-base de classificação de um tecido conforme a qualidade. Com base nela, são definidos os

níveis de qualidade dos tecidos. Na tabela a seguir, temos os números de pontuação por defeito.

Fórmula para Cálculo da Pontuação

A pontuação geral é outro critério de avaliação. Ela pode ser medida por meio da fórmula:

PONTOS/100 M² :    N X 100/L X C

Em que:

N = Total de pontos encontrados na inspeção do tecido;

100 = Constante;

L = Largura do tecido inspecionado em metros;

C = Comprimento do rolo de tecido inspecionado em metros. 

Conformidades

 Toda não-conformidade visível no tecido, tanto no sentido da trama quanto no sentido do urdume, será
pontuada;
 Defeitos que desaparecem após beneficiamento (lavagem industrial) e que se encontram dispersos ao longo
do tecido poderão ser enviados sem pontuação, desde que estejam com a identificação “desaparece após
lavagem” (exceto para tecidos profissionais);
 Se ocorrerem defeitos concentrados em um mesmo metro, esses serão pontuados com 4 pontos (pontuação
máxima por metro são 4 pontos) independentemente do número de defeitos;
 Falhas contínuas de até 3 metros no sentido do urdume serão aceitas. Nesse caso, cada metro ou fração tem
pena de 4 pontos;
 1,50 metro inicial e final do rolo de tecido/enxerto não poderá conter defeitos de 3 ou 4 pontos.

Marcação dos defeitos

 Defeitos de pontuação 1 e 2 são marcados no tecido, já os defeitos de 3 e 4 pontos são identificados nas
ourelas do tecido.;
 Os defeitos contínuos, acima de 1 metro até o limite de 3 metros, são identificados no início do defeito e a cada
metro até atingir o seu final;

Limites de pontos

 Tecidos de Primeira Qualidade

Serão consideradas como Primeira Qualidade as peças de tecidos cujo limite máximo seja:

ÍNDIGOS: 14 pontos por 100 m²

COLOURS: 16 pontos por 100 m²

PROFISSIONAL: 18 pontos por 100 m²

Nota: A metragem especificada nas etiquetas dos rolos poderá conter um desvio de + 1 %.

 Tecidos de Segunda Qualidade

Na classificação de tecidos, serão enquadradas como de Segunda Qualidade as peças de tecidos cuja

pontuação exceda o limite exigido para primeira qualidade.

 Essa classificação abrange tecidos que contenham defeitos como:

 Defeitos contínuos com mais de 3 metros, seja de origem da fiação, da tecelagem, do tingimento ou do
acabamento, exceto manchas.
 Tecidos com manchas acrescidas dos demais defeitos citados serão classificados com Segunda Qualidade.
 Diferença de nuance entre o centro e ourela do tecido (centro-ourela), e entre o início e o fim das peças (ponta
a ponta).
 Largura fora da especificação do produto.
 Cor fora do padrão podendo ser distante das nuances enviadas como Primeira Qualidade;
 Potencial de stretch fora do especificado para o artigo.

Beneficiamento de tecidos: 10 principais tratamentos para conhecer


O tecido pode passar por diferentes beneficiamentos têxteis depois de terminada a tecelagem. Cada um desses

acabamentos a que é submetido tem o objetivo de transformar o aspecto e/ou a estrutura das fibras, modificá-lo

quanto a maleabilidade e dureza, retirar impurezas que ficam nas fibras, entre outros.

Confira a lista dos principais tratamentos que podem ser aplicados aos tecidos a fim de modificá-los para a Indústria e

confecções:

1. Alvejamento

Esse beneficiamento é realizado com a aplicação de produtos químicos alvejantes – peróxido de hidrogênio,

hipoclorito de sódio ou clorito de sódio – que têm o objetivo de clarear as fibras do tecido. 

O procedimento é aplicado, geralmente, com fibras naturais que possuem uma cor amarelada e prepara o tecido para

os processos seguintes, como o branqueamento óptico, tingimento ou estampagem. 

Após finalizado a etapa de clareamento, é preciso que as fibras passem por uma lavagem para retirar os produtos

químicos do material.

2. Branqueamento óptico

Alguns tecidos, mesmo após passar pelo processo de alvejamento, tendem a refletir uma coloração amarelada, sendo

necessário aplicar o procedimento de branqueamento óptico neles. 

Esse beneficiamento consiste no uso de um produto (quente) que vai refletir os raios azulados e violetas, combatendo

os da cor amarela e fazendo com que o tecido pareça ainda mais branco.

3. Ramagem

Presos apenas pelas ourelas, os tecidos passam por uma estufa para secagem e/ou termofixação. As faces do material

não entram em contato com nenhuma outra superfície durante o processo. Geralmente realizado em fibras sintéticas,

este beneficiamento tende a fixar a largura e a gramatura do tecido, bem como estabilizar os fios.

4. Sanforização

Procedimento realizado com a finalidade de provocar o encolhimento mecânico do tecido no sentido do urdume

(comprimento). Durante a fabricação do material, os fios são esticados e tensionados e caso não passem por um
processo de relaxamento das fibras, tendem a encolher após a lavagem. Esse processo é geralmente aplicado a

tecidos de algodão.

5. Calandragem

Nesse procedimento o tecido é espremido em alta pressão e temperatura ao passar entre cilindros em um

equipamento. Dessa forma, o material tem sua superfície achatada e dá uma maior reflexão da luz, fornecendo

um brilho mais intenso e melhor toque à superfície do pano.

6. Chamuscagem ou gaseamento

Esse processo tem o objetivo de eliminar por queima as fibras que ficam salientes sobre o tecido, deixando a

superfície do material uniforme. 

Os pequenos filamentos desordenados podem ser eliminados por placas aquecidas ou por chamas. Caso o método

não seja feito, podem ocorrer problemas em relação a solidez e regularidade das estampas, por exemplo.

7. Desengomagem

Esse método é aplicado com a finalidade de retirar substâncias engomantes adicionadas aos filamentos durante a

etapa de produção do tecido.

Esses elementos precisam ser eliminados das fibras, pois tendem a criar uma camada protetora sobre o tecido e

impedem a aplicação adequada dos demais beneficiamentos.

8. Purga

Consiste em um processo de limpeza a úmido aplicado em meio alcalino e tem o objetivo de eliminar as impurezas

presentes nas fibras: gorduras, resinas, parafinas, óleos, entre outros.

9. Flanelagem

Neste processo é realizado o repuxo de pequenos filamentos na superfície do tecido, deixando o tecido com um

aspecto felpudo.
10. Lixagem

A aplicação desse método tem como objetivo obter uma superfície fibrosa no tecido, porém, ela aparece menor do

que no efeito de flanelagem. Para atingir o resultado, são utilizados cilindros envoltos por lixas e a sua movimentação

provoca o efeito de “pele de pêssego”

Viu só quantos processos estão envolvidos na classificação, tratamento e destino das fibras têxteis? Aqui no blog

Audaces você fica por dentro de tudo sobre a Indústria 4.0, tecnologia para confecções e desenvolvimento.

Agora, que tal descobrir mais sobre a transformação digital e como ela está impactando as confecções no Brasil e no

mundo todo? Até a próxima!

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Perguntas Frequentes:

Por que conhecer as fibras têxteis?

Saber a origem, as características e as indicações de aplicações das fibras têxteis é de suma importância, já que
interferem diretamente na qualidade do produto final.

Como são formados os tecidos e as estruturas têxteis?

Os tecidos são estruturas têxteis manufaturadas em forma de lâminas flexíveis. São resultados do entrelaçamento de
forma ordenada ou desordenada de fios e fibras que os compõem.

Qual a relação entre entre as fibras e os fios?

É a partir dos vários processos de fiação das fibras que obtemos os fios – que, por sua vez, geram o tecido. Ao
combinar efeitos, fibras e cores, uma infinidade de tipos de fios podem surgir, oferecendo novas texturas aos tecidos.
Classificação das Fibras Têxteis

Nossa região processa diferentes tipos de fibras, porém, o algodão e o poliéster (separados e/ou em misturas) se
destacam pelo volume processado em relação as demais fibras e portanto, foco de nossa discussão.

*Não comercializado no Brasil


O algodão é uma fibra natural usada há mais de 7000 anos.

Uma fibra de algodão apresenta as seguintes partes:

Em termos de composição aproximada:

 Celulose ...................................................... 85,0 %


 Óleos/ graxas .............................................. 0,8 %
 Proteinas/ corantes naturais ....................... 5,0 %
 Minerias ..................................................... 1,2 %
 Água ........................................................... 8,0 %
As quantidades acima citadas variam de acordo com a região produtora, forma de plantio e colheita. Tais variações
podem ocasionar diferenças de cores quando se processa em uma mesma partida fios de diferentes fornecedores
( barramentos ).

Fibra de Algodão

Maturidade

As fibras de algodão podem variar de forma de acordo com as condições climáticas ( mais ou menos chuvas), ataque
de insetos, colheita antecipada ou tardia.
As variações podem ser observadas através dos cortes transversal conforme as figuras abaixo:

As fibras maduras são de melhor qualidade e as ideais para se processar, em um lote de algodão as fibras maduras
podem variar de 70 – 80 % , o restante se divide entre as fibras imaturas que tingem de forma diferente da madura e as
mortas que não tingem. Problemas de qualidade referente a maturidade do algodão são evitados na fiação, fazendo-se
uma boa mistura das fibras durante a produção do fio.

Mercerização

O princípio foi descoberto em 1844 por John Mercer (químico inglês). O fio ou tecido é impregnado com soda cáustica
em concentrações entre 24 – 30 ºBe sob tensão. Esse tratamento modifica a estrutura da fibra de algodão. 
Resultados do tratamento
 Aumento do brilho (reflexão de luz);
 Aumenta a resistência a tração;
 Maior rendimento colorístico;
 Melhora a estabilidade dimensional (encolhimento)

Cuidados a serem tomados


 Pingos de água (manchas);
 Velocidade desuniforme (degradê, manchas);
 Formação de dobras (riscos e manchas);
 Ourelas frouxas, variação de tensão (degradê, manchas);
 Umectação irregular (manchas);
 Lavação e neutralização deficientes (degradê, machas).

A Chamuscagem

Operação que consiste em eliminar por queima as pontas de fibras não presas ao fio pela torção.

Resultados do tratamento
 Produz-se uma superfície mais limpa e lisa;
 Reduz a tendência de formação de pilling;
 Melhora o brilho e a vivacidade da cor;
 Melhora a visualização da estrutura do tecido.

O Poliéster

É uma fibra sintética, na sua produção emprega-se matérias primas derivadas do petróleo.
Os fios podem ser produzidos a partir de fibras descontínuas ou a partir de filamentos contínuos:

Fibras contínuas
Monofilamento – 1 cabo somente
Multifilamento – 2 ou mais cabos

Fibras contínuas
mechas, tops
Na produção dos tops ou filamentos de poliéster emprega-se um óleo lubrificante denominado óleo de ensimagem que
forma uma película superficial na fibra de poliéster.

Os aparelhos devem ser regularmente limpos com um banho contendo soda cáustica, hidrossulfito e dispersante.

Oligômeros
Durante a fabricação do poliéster produtos secundários são formados, os “Oligômeros” são pequenas partículas que se
soltam durante o tingimento e após o resfriamento e esgotamento do banho se fixam na superfície do tecido e nas
paredes do aparelho de tingimento.
Os aparelhos devem ser regularmente limpos com um banho contendo soda cáustica, hidrossulfito e dispersante.

O que é fibra têxtil ou filamento têxtil?


De acordo com a Portaria Inmetro nº 118, de 11 de março de 2021, em seu capitulo III, da
Denominação das Fibras Têxteis e dos Filamentos Têxteis:
4. Fibra têxtil ou filamento têxtil é toda matéria natural, de origem vegetal, animal ou mineral, assim
como toda matéria artificial ou sintética, que, pela alta relação entre seu comprimento e seu
diâmetro, e, ainda, por suas características de flexibilidade, suavidade, elasticidade, resistência,
tenacidade e finura, está apta às aplicações têxteis.
4.1. Os nomes genéricos das fibras têxteis, dos filamentos têxteis e de suas descrições aceitas
constam no Apêndice A deste Regulamento Técnico.
Portanto, as denominações das fibras têxteis, dos filamentos têxteis e suas descrições aceitas
constam no Apêndice A do Regulamento Técnico da 

Portaria Inmetro nº 118 de 11 de março de 2021:


 

 DENOMINAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS E DOS FILAMENTOS TÊXTEIS

N DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS E


° FILAMENTOS TEXTEIS

0 Fibra proveniente do tosqueio de ovinos. (Ovis


1 Lã aries).

Alpaca, Lhama, Camelo, Cabra,


Cachemir, Mohair, Angorá, Fibra proveniente do tosqueio dos animais:
Vicunha, Iaque, Guanaco, alpaca, lhama, camelo, cabra, cabra de
Castor, Lontra, precedidos ou Cachemir, cabra de Angorá (Mohair), coelho de
0 não pela expressão: Angorá (angorá), vicunha, iaque, guanaco,
2 “Pelo de” castor, lontra.

0 “Pelo de” ou “crina de”, com Pelo de outros animais não mencionados nos
3 indicação da espécie animal itens 1 e 2.

0 Fibra proveniente exclusivamente das larvas de


4 Seda insetos sericígenos.

0 Fibra proveniente das sementes de planta de


5 Algodão algodão. (Gossypium sp).

0 Fibra proveniete do interior do fruto do Kapoc


6 Capoque (Ceiba pentandra).

0 Fibra proveniente do líber do talo do linho (Linum


7 Linho usitatissimum).

0 Fibra proveniente do líber do talo do Cânhamo


8 Cânhamo (Cannabis sativa).

0 Fibra proveniente do líber do talo da planta do


9 Juta gênero Corchórus, epecies olitorius e capsularis.

1 Fibra proveniente das vagens das folhas da


0 Abacá Musa textilis.

1 Fibra proveniente das folhas da Stipa


1 Alfa tenacissima.

1
2 Coco Fibra proveniente do fruto dos Cocos nucifera.

1 Fibra proveniente do líber do talo do Cytisus


3 Retama ou Giesta scoparius ou do Spartum junceum ou de ambos.
1 Kenaf ou Papoula de São Fibra proveniente do líber do talo do Hibiscus
4 Francisco cannabinus.

1 Fibra proveniente do líber do talo da Boehmeria


5 Rami nivea e da Boehmeria tenacissima.

1
6 Sisal Fibra proveniente das folhas do Agave sisalana.

1 Fibra proveniente do líber do talo da Crotalaria


7 Sunn (Bis Sunn) juncea.

Fibra formada de macromoléculas lineares que


apresentam em sua cadeia uma ou mais ésteres
1 de álcool monoídrico e ácido acrílico em pelo
8 Anidex menos 50% em massa.

1 Fibra proveniente do líber do talo do Agave


9 Henequen (Ter Henequen) fourcroydes.

2 Fibra proveniente do líber do talo do Agave


0 Maguey (Quarter Maguey) cantala.

2
1 Malva Fibra proveniente do Hibiscus sylvestres.

2
2 Caruá (Caroá) Fibra proveniente da Neoglazovia variegata.

2
3 Guaxima Fibra proveniente da Abutilon hirsutum.

2
4 Tucum Fibra proveniente do fruto da Tucumã Bactris.

2 Fibra proveniente das folhas da Agave


5 Pita (Piteira) Americana.

2 Fibra de acetato de celulosa na qual entre 92% e


6 Acetato 74% dos grupos hidroxila estão acetilados.

2 Fibra obtida a partir de sais metálicos do ácido


7 Alginato algínico.
2 Fibra de celulose regenerada obtida pelo
8 Cupramonio (Cupro) procedimento cuproamoniacal.

Fibra de celulose regenerada obtida pelos


processos que permitam alta tenacidade e alto
módulo de elasticidade em estado úmido. Estas
fibras devem ser capazes de resistir, quando
estão úmidas, a uma carga de 22,5 g
aproximadamente por Tex. Abaixo desta carga, o
2 alongamento no estado úmido não deve ser
9 Modal superior a 15%.

Fibra obtida a partir de substâncias proteicas


3 naturais regeneradas e estabilizadas sob a ação
0 Proteica de agentes químicos.

3 Fibra de acetato de celulosa do qual pelo menos


1 Triacetato 92% dos grupos hidroxilos estão acetilados.

Viscose (a)
Poderá ser adicionado, entre
parênteses, a matéria prima
celulósica utilizada para a
obtenção do filamento, por Fibra de celulose regenerada obtida mediante o
3 exemplo: Viscose (bambu), procedimento viscoso para o filamento e para a
2 viscose (eucalipto), etc. fibra descontínua.

Fibra formada por macromoléculas lineares que


3 apresentam em sua cadeia acrilonitrilo, pelo
3 Acrílico (a) menos, 85% em massa.

Fibra formada por macromoléculas lineares que


3 apresentam em sua cadeia monômera de vinil ou
4 Clorofibra cloro de vinil, em mais de 50% em massa.

Fibra formada por macromoléculas lineares,


3 obtidas a partir de monômeros alifáticos
5 Fluorofibra fluorocarbonados.

Fibra em que a substância constituinte é uma


poliamida sintética de cadeia, em que no mínimo
85% das ligações de amidas são feitas
diretamente a dois anéis aromáticos e cujo
número de conexões imidas, nos casos em que
3 estas existam, não podem exceder ao das
6 Aramida conexões amidas.
Fibra formada por macromoléculas lineares
sintéticas que apresentam em sua cadeia
conexões amidas recorrentes vinculadas, em
3 85% como mínimo, a unidades alifáticas radicais
7 Poliamida ou cicloalifáticas.

Fibra formada de macromoléculas lineares que


apresentam em sua cadeia um éster de um diol e
3 ácido tereftálico, pelo menos, em 85% em
8 Poliéster massa.

Fibra formada de macromoléculas lineares


3 saturadas de hidrocarbonetos alifáticos não
9 Polietileno substituídos.

Fibra formada de macromoléculas lineares de


hidrocarbonetos alifáticos saturados, onde um de
cada dois átomos de carbono tem um grupo metil
4 não substituído em posição isotáctica sem
0 Polipropileno substituições ulteriores.

Fibra formada de macromoléculas lineares que


4 apresentam na cadeia a repetição do grupo
1 Policarbamida funcional ureia.

Fibra formada de macromoléculas lineares que


4 apresentam na cadeia a repetição do
2 Poliuretano grupamento funcional uretana.

Fibra formada de macromoléculas lineares cuja


4 cadeia é constituída de álcool polivinílico com
3 Vinilal nível de acetilação.

Fibra formada de um terpolímero de acrilonitrilo,


de um monômero vinílico clorado e de um
terceiro monômero vinílico, de cuja composição
4 nenhum deles representa mais de 50%, em
4 Trivinil massa.

Fibra elástica composta de polisopropeno natural


ou sintético, ou composta por um ou mais dienos
polimerizados com ou sem monômeros vinílicos.
Esta fibra elástica, quando é estirada três vezes
4 sua longitude inicial, recupera-se rapidamente
5 Elastodieno quando desaparece a solicitação.
Fibra elástica constituída de poliuretano
segmentado em pelo menos 85% de massa.
Esta fibra elástica, quando é estirada três vezes
4 sua longitude inicial, recupera-se rapidamente
6 Elastano quando desaparece a solicitação.

4
7 Vidro Têxtil Fibra constituída de vidro.

O nome correspondente do
material do qual está composta a
fibra, por exemplo: Metal
amianto, papel, precedidos ou Fibras obtidas a partir de outros produtos
4 não da palavra “fio de” ou “fibra naturais, artificiais ou sintéticos não
8 de”. mencionados especificamente na presente lista.

Fibra formada de macromoléculas lineares que


4 apresentam na cadeia uma estrutura
9 Modacrílico acrilonitrílica, entre 50% e 85% em massa.

Fibra celulósica regenerada obtida por um


5 método de dissolução em um solvente orgânico
0 Liocel e fiado, sem formação de derivados.

Fibra cortada ou filamento contínuo, de elevada


5 tenacidade, formados de macromoléculas
1 Polinósico (a) lineares de celulose regenerada.

Fibra manufaturada em que a substância que


forma a fibra está composta por unidades de
5 éster de ácido láctico derivado de açúcares
2 Polilático naturais, em, pelo menos, 85% em massa

5 Fibra obtida por pirólisis, até a carbonização, de


3 Carbono fibras sintéticas.

5
4 Bambu natural Fibra proveniente do Dendracalamus giganteus.

Fibra elástica, de ligações cruzadas, com 98%


5 de seu peso composto de etileno e outra unidade
5 Lastol (Elastolefina) de olefina

5 Elastomultiéster Fibra formada pela interação de duas ou mais


6 macromoléculas lineares quimicamente
diferenciadas em duas ou mais fases
diferenciadas (nenhuma delas maior que 85%
em massa), que contêm grupos éster como
unidade funcional dominante (mínimo de 85%) e
que, após o tratamento adequado, quando é
esticado em 50% e libertado, recupera de forma
rápida e substancial o seu comprimento original.

Fibra formada por pelo menos 85% em massa de


5 macromoléculas reticuladas compostas por
7 Melamina derivados de melanina

As Fibras: O que são e que tipos existem

O que são as Fibras?

As fibras são elementos filiformes que apresentam um elevado comprimento em relação à


dimensão transversal máxima, sendo caracterizadas pela sua flexibilidade e finura. As fibras são
constituídas por macromoléculas, os polímeros, que, por sua vez, são compostos por uma
sequência de monómeros (unidade que se repete num polímero). Os polímeros são quimicamente
estáveis, enquanto os monómeros são quimicamente instáveis, o que explica a reação de união de
monómeros na formação do polímero de base que constitui as fibras.

As fibras, naturais e não-naturais, possuem cadeias moleculares bastante longas, podendo


apresentar maior ou menor grau de orientação molecular. Quando apresentam uma elevada
orientação formam zonas cristalinas, ou seja, os polímeros encontram-se alinhados
longitudinalmente e numa ordem mais ou menos paralela. Quando as moléculas apresentam baixa
orientação, formam-se zonas amorfas, de orientação indefinida. Estes fatores influenciam
diretamente as propriedades das fibras. Assim, uma elevada orientação dos polímeros confere
elevada resistência à tração, baixo alongamento, resistência ao calor e aos químicos, sendo que
fibras com elevadas zonas amorfas tendem a apresentar caraterísticas contrárias, assim como
maior flexibilidade, suavidade e confortabilidade.

As fibras podem ser contínuas ou descontínuas. As contínuas apresentam comprimento ilimitado e


são normalmente produzidas pelo processo de extrusão de fibras não-naturais, excetuando o caso
da fibra de seda e similares, que é natural e continuamente “extrudida” pelo bicho-da-seda. As
descontínuas apresentam comprimento limitado, podendo resultar do corte de fibras contínuas
extrudidas, das limitações naturalmente inerentes às dimensões fibras naturais ou de processos
não-convencionais, como a eletrofiação.

Que tipos de Fibras existem?

 Fibras Naturais
 Fibras Não Naturais
 Fibras Inorgânicas
 Fibras Funcionais
 Nanofibras
 Fibras Multicomponentes

Fibras Naturais

As fibras naturais são todas as fibras extraídas de elementos origem natural, como por exemplo
animal, vegetal ou mineral.

As fibras naturais de origem animal podem provir da secreção glandular de alguns insetos, como é
o caso da seda, em que dois filamentos de fibroína são ligados por sericina, ou, então, de bolbos
pilosos de alguns animais e apresentar uma estrutura molecular composta de queratina, como é o
caso da lã.

As fibras vegetais são estruturas alongadas, de secção transversal arredondada, que podem ser
classificadas, de acordo com a sua origem, em: fibras da semente, fibras do caule, fibras das folhas
e fibras dos fruto.

Comparativamente com as fibras naturais tradicionais, as fibras vegetais apresentam como


principais vantagens: a abundância, o baixo custo, a baixa massa volúmica, a capacidade de
absorção de dióxido de carbono do meio-ambiente, a biodegradabilidade e a renovabilidade.
Em contrapartida, as suas principais desvantagens são: a elevada absorção de humidade, a baixa
resistência a micro-organismos, a baixa estabilidade térmica e propriedades mecânicas inferiores
às das fibras não-naturais.

As fibras de origem mineral têm a sua origem em rochas com estrutura fibrosa e são constituídas,
essencialmente, por silicatos. Um exemplo de uma fibra de origem mineral é o amianto.
Fibras Não Naturais

As fibras não-naturais foram desenvolvidas com o intuito de melhorar várias propriedades


relativamente às fibras naturais como: o rendimento mecânico, a estabilidade térmica e a
condutividade elétrica.

São conhecidas como fibras feitas pelo Homem e podem dividir-se em artificiais ou sintéticas.

As fibras artificiais são obtidas a partir da transformação de polímeros naturais, através da ação de
agentes químicos, em processos de extrusão. Na sua grande maioria, o polímero percursor de
muitas das fibras artificiais é a celulose, extraída de linters de algodão, folhas de árvores, como o
eucalipto, bamboo, soja, milho, entre outras. Outros percursores, como a caseína do leite ou o
alginato extraído das algas, podem igualmente ser utilizados.

As fibras sintéticas são normalmente produzidas quimicamente através de percursores


provenientes do petróleo, originando uma vasta gama de materiais com propriedades diversas. O
aparecimento das fibras sintéticas contribui fortemente para o alargamento da gama de aplicações
dos materiais à base de fibras, considerando as suas propriedades físicas, químicas e mecânicas.
Desta forma, fibras de poliéster, poliamida ou polipropileno encontraram rapidamente aplicações
generalizadas e em grande escala em áreas ditas não-convencionais – vestuário e têxteis-lar,
incluindo medicina, transportes, aeronáutica, construção civil, de entre muitas outras.
Fibras Inorgânicas

As fibras inorgânicas são constituídas, essencialmente, por compostos químicos inorgânicos com
base em elementos naturais como o carbono, o silício e o boro, que, em geral, após receberem
tratamento a elevadas temperaturas se transformam em fibras.

As fibras inorgânicas, também muitas vezes apelidadas de fibras de alto desempenho ou de super-
fibras, apresentam caraterísticas e propriedades que as diferem das restantes fibras não-naturais,
e, por isso, raramente encontram aplicações na área dos têxteis convencionais. Efetivamente, estas
fibras apresentam como caraterísticas gerais elevada resistência térmica e mecânica, o que faz
com que sejam sobretudo aplicadas em soluções de engenharia, em muitos casos em combinação
com outro tipo de materiais – compósitos. Estas aplicações concorrem, normalmente, com
materiais convencionais, substituindo-os muitas vezes devido à sua facilidade de processamento,
resistência térmica, resistência a agentes químicos e, sobretudo, devido à excelente relação
peso/propriedades mecânicas.

De uma maneira geral, as fibras inorgânicas são de difícil processamento pelas técnicas têxteis
convencionais, como tecelagem ou tricotagem, devido ao facto de quebrarem facilmente em flexão
(frágeis), de apresentarem baixo alongamento na rotura e de possuírem elevados coeficientes de
atrito com os metais obrigando, muitas vezes, à sua lubrificação superficial.

Fibras Funcionais

Os avanços registados na indústria de produção de fibras permitiram ir ao encontro das várias


exigências que surgiram e continuam a surgir de forma a satisfazer o Homem. A crescente procura
por novos materiais, para satisfazer novas necessidades levou os materiais fibrosos a evoluir no
sentido de novas funcionalidades impostas aos materiais.

A funcionalização das propriedades define-se como todos os aspetos que vão para além da
estética e decoração, incluindo as chamadas “propriedades inteligentes” que são propriedades
impostas ao material, para que este reaja a um estímulo exterior, como, por exemplo, a
temperatura.

Desta forma, as fibras funcionais são fibras que desempenham uma função específica, podendo
definir-se como sendo únicas, na medida em que cada uma está apta para responder a uma dada
situação, isto é, qualquer fibra que apresente uma característica inovadora, não habitual ou
convencional. Esta funcionalização pode ser obtida através das características intrínsecas do
próprio polímero de base, da adição de compostos específicos durante o processo de extrusão ou
do acabamento químico das fibras após extrusão ou colheita.

Fibras antimicrobianas, termoreguladoras, resistentes a altas temperaturas, gestoras de humidade,


como memória de forma, condutoras de eletricidade, entre outras, são exemplos de fibras
funcionais.

Nanofibras

As nanociências e a nanotecnologia deram origem às nanofibras, sendo atualmente dos principais


focos de atividades de investigação, desenvolvimento e inovação, onde os investimentos têm sido
significativos.
As nanofibras são normalmente produzidas por fiação eletrostática.

Os polímeros-base normalmente utilizados para a formação de nanofibras são polietileno (PE),


polipropileno (PP), polibenzimidazole (PBI), poliacrilonitrilo (PAN), poliamida (PA),
polietilenotereftalato (PET) e poliéster (PS), entre outros.

Considerando a escala nanométrica em que estas fibras são concebidas, apresentam propriedades
especiais que as tornam muito atraentes para numerosas aplicações, tais como:
– Elevada área superficial específica (área / unidade de massa);
– Alta relação de aspeto (comprimento / diâmetro);
– Baixo número de defeitos;
– Potencial biomimético;

Estas propriedades levam à potencial aplicação das nanofibras em campos tão diversos como
filtros de alta performance, materiais fibrosos absorventes, compósitos reforçados por fibras,
materiais fibrosos para curativos, enxertos criados em vivo para implantes, materiais para
libertação controlada de fármacos, dispositivos nano e microeletrónicos, blindagem
eletromagnética, dispositivos fotovoltaicos, elétrodos de alta performance, bem como uma gama
de sensores baseados em nanofibras.

Fibras Multicomponentes

As fibras multicomponentes são fibras que combinam pelo menos dois polímeros com
propriedades e/ou composições químicas diferentes. Os polímeros são extrudidos conjuntamente,
sendo que a sua posição relativa ao longo do comprimento da fibra depende de fatores como a
geometria dos orifícios da fieira e das propriedades intrínsecas do próprio polímero, incluindo a
viscosidade e o peso molecular.

Podem obter-se fibras multicomponentes com as propriedades desejadas, fazendo uma correta


combinação entre os polímeros, as condições de fabrico e os aditivos adicionados. As tecnologias
de produção de fibras multicomponentes podem ser utilizadas para a produção de fibras com
mistura de filamentos, variando a cor, a massa linear, a natureza do polímero, entre outras.

Uma das fibras multicomponentes mais utilizada é constituída por polietileno e polipropileno


(polímeros com pontos de fusão distintos), sendo utilizadas na produção de nãotecidos, utilizando
a fibra de polietileno como ligante por apresentar menor ponto de fusão. O material resultante é
leve, resistente, suave e confortável, seca rapidamente e possui elevada resistência à abrasão e à
sujidade.

Espera-se que no futuro, pela possibilidade de combinação das propriedades dos polímeros de
base, as fibras multicomponentes se assumam como materiais de engenharia em áreas tão
diversas como a medicina, a arquitetura, a agricultura e mesmo a moda.

 
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