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LIFESTYLE E TENDÊNCIAS

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário

LIFESTYLE E TENDÊNCIAS ........................................................................................ 1


NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2. HISTÓRIA DA MODA ........................................................................................... 6
3. CICLO DOS PRODUTOS E SURGIMENTO DE TENDÊNCIAS ........................ 8
4. LYFESTYLE .......................................................................................................... 10
5. AS TENDÊNCIAS DA MODA: MANIAS E ONDAS ......................................... 12
5.1 O que é tendência?......................................................................................... 12
5.2 Look ................................................................................................................ 14
6. OS CADERNOS DE TENDÊNCIAS .................................................................... 15
7. A MODERNIDADE DO SÉCULO XX ................................................................ 20
7.1 Anos 1970 .......................................................................................................... 20
7.2 Anos 1980 ...................................................................................................... 23
7.3 Anos 1990 .......................................................................................................... 25
7.4 Anos 2000 .......................................................................................................... 28
8. MODA COMO REFLEXO DA SOCIEDADE NO SÉCULO XXI ...................... 31
9. QUAL VAI SER A MODA DO VERÃO 2021? ................................................... 35
9.1 Cores e estampas .................................................................................................. 35
9.2 Tie-dye ............................................................................................................. 38
9.3 Listras e Xadrez ............................................................................................... 38
9.4 Superfícies e texturas ....................................................................................... 40
9.5 Modelagens, formas e silhueta......................................................................... 41
9.6 O jeans de todos os dias ................................................................................... 45
9.7 Tecidos ............................................................................................................. 46
10. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 48
REFERENCIAS ............................................................................................................. 49

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1. INTRODUÇÃO

A moda tem a habilidade de exteriorizar o que somos e o que sentimos.


Tem o poder de modificar a forma como as pessoas nos leem e nos interpretam.
Compreende os sentidos do corpo, sendo um dos componentes essenciais que
o modifica: o perfume que usamos, a roupa que tateamos, a revista que lemos,
a música que escutamos ou os alimentos com os quais nos deliciamos. É tam-
bém uma linguagem de protesto, iniciado principalmente pelos jovens por serem
os primeiros a se rebelar diante dos valores da sociedade.

A indústria aproveita dessa constante mudança, relacionando os valores


atuais com referências do passado para alimentar as tendências que se refletem
no comportamento desses indivíduos ou grupos de estilo em sã (ou não) cons-
ciência e, assim, passando a reescrever a história da moda sobre outro olhar.

O vestuário feminino a todo momento passa por diferentes transforma-


ções. Estas devem-se a inúmeros fatores, seja para diferenciar uma classe, ca-
racterizar uma sociedade ou mesmo por mudanças nos padrões da moda
(JORGE, 2008). A moda é bastante subjetiva, neste sentido, vários são os sig-
nificados atribuídos: personalidade, conforto, prazer, atitude, etc. A moda pode
inverter os princípios do bom gosto e pode ser a identidade de determinadas
pessoas (VENTURA, 2008).

A maneira como as pessoas se vestem pode dizer muito de seus senti-


mentos e vontades, fazendo com que adotem estilos de vestir de acordo com
seus objetivos e interesses, independente de idade, sexo, nível intelectual ou
social. O modo de nos vestirmos nos permite revelar por qual estágio de nossas
vidas estamos passando. Esta temática não ocupa lugar de destaque no meio
científico, todavia a moda é tida como uma ferramenta valiosa de análise social

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capaz de traduzir ou indicar os rumos da sociedade contemporânea. Esta é en-
tão vista como uma forma de expressão da individualidade e dos vários estilos
de vida (FERRARI, 2013).

A moda conquistou um dos aspectos mais naturais e regulares da socie-


dade, o vestir. Nesse cenário, o vestir é uma forma de expressar-se e de identi-
ficação do perfil das pessoas. É comum o uso do termo moda e roupa como
sinônimos. O termo moda relaciona-se a uma gama de significados sociais dife-
rentes, porém o termo roupa é utilizado apenas para designar produtos que são
usados para vestir.

Em primeira análise, abordaremos um breve estudo da História da Moda,


depois uma análise sobre Lifestyle como estilo de vida e as Tendências em al-
guns anos e por fim algumas apostas para o Verão 2021.

Na atual circunstância, a oferta e consumo é tão grande, que apenas o


produto não consegue atrair os consumidores ou manter os que já existem. Para
algumas empresas, o trabalho de valorização da marca é um desafio muito
grande, no entanto existem algumas marcas que foram eficientes neste pro-
cesso, fazendo com que os consumidores mantenham uma relação de proximi-
dade com a mesma. As marcas foram percebendo que para se destacar, não
era suficiente apenas seguir as tendências de mercado, era preciso se inserir no
cotidiano das pessoas e construir um relacionamento emocional com estas.

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2. HISTÓRIA DA MODA

A moda pode ser interpretada como uma construção coletiva localizada


num dado contexto social, histórico, econômico, político e cultural na qual se
demonstram opiniões, gostos e modos de agir, elementos estes compartilhados
pelas pessoas que habitam determinada sociedade. Entretanto, quando se apro-
funda mais especificamente na questão do vestuário, percebe-se que o termo
pode estar associado à alteração de formas, ao uso de novos tecidos, de novas
cores e matérias-primas, conforme apontam estilistas ou figurinistas de renome
(POLLINI, 2007).

Historicamente, vários motivos são apontados como os responsáveis pe-


los seres humanos sentirem a necessidade de cobrir seus corpos, dentre os
quais estão os fatores estéticos (para se diferenciar dos outros em sociedade);
os fatores físicos (proteção); e os fatores culturais (pudor) (POLLINI, 2007).

Contudo, apesar de a ideia de moda já está presente desde os tempos


mais remotos da sociedade, o conceito em questão apenas se manifesta durante
a Idade Média, momento no qual a ida dos ocidentais para o Oriente, em decor-
rência das Cruzadas, traz com eles uma ideia de luxo há muito tempo esquecida,
principalmente em decorrência do advento da Igreja Católica e sua defesa de
uma vida simples e sem prazeres (STEFANI, 2005).

Já na Idade Moderna, há uma crescente valorização do individualismo, e,


em consequência, do conceito de moda. A burguesia acabou por enriquecer a
partir das suas atividades comerciais. Ao atingir melhores condições financeiras,
ela procurou se inspirar na vestimenta da aristocracia e passou a copiar seus
modos de ser e de agir. Os aristocratas, por sua vez, buscavam cada vez mais
manter uma diferenciação hierárquico-social, dando início a uma verdadeira cor-
rida pelo exclusivo, onde os nobres criavam um estilo e os burgueses o copiavam
(STEFANI, 2005).

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É a partir desse ponto que a moda se constitui como um elemento de
diferenciação social, passando a distinguir níveis sociais, sexo e individualida-
des. Esse movimento perdurou até o século XIX, momento no qual eclodiu um
processo denominado como “democratização do social”. Nessa época, a moda
começa a se transformar com mais agilidade e rapidez, passando a privilegiar e
acentuar a silhueta feminina através de quatro grandes períodos (POLLINI,
2007).

No primeiro momento, na Moda Império, há um resgate da vestimenta da


Antiguidade Clássica (camisolão preso logo abaixo do busto), no qual há uma
presença marcante do drapeado molhado das esculturas gregas. No segundo
período, o romântico, percebe-se o uso dos babados, volumes e vestidos com
armações. No terceiro, mais conhecido como Vitoriano, há o vestido rodado (em
especial na parte de trás), reto na frente com uso de anquinhas. Por fim, na Belle
Époque, nota-se as cinturas finas, pequenas caudas, chapéus grandes e golas
altas (POLLINI, 2007).

Em conclusão, na modernidade, devido as modificações rápidas e cons-


tantes as quais a sociedade moderna passa, existe uma necessidade bastante
intensa de a moda acompanhar essas transformações, de modo que há um con-
tínuo resgate por parte de grandes estilistas e empresas de moda de resgatar
essas tendências antigas trazendo também um toque do novo, do moderno, do
contemporâneo.

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3. CICLO DOS PRODUTOS E SURGIMENTO DE TENDÊN-
CIAS

O negócio da moda não é de todo independente. Economia, política, mo-


vimentos sociais, tudo se relaciona às novas tendências apresentadas, por mais
que, para o consumidor final, nada pareça ter muita conexão.

A começar do momento que as tendências de comportamento são estu-


dadas, identificadas e então interpretadas, os estilistas saem em busca de um
tema de inspiração, frequentando as grandes feiras internacionais de fios e te-
celagens. De acordo com os maiores estilistas vão acolhendo determinados te-
mas, estes ganham mais força na difusão e passam a regimentar a escolha de
marcas menores. Com a similaridade de produções, aqueles temas transfor-
mam-se nos potenciais tendências. Segundo Treptow (2007, p.82), “a tendência
reside nos elementos que aparecem em maior frequência quando analisados
lançamentos de estilistas diferentes. Logo, se vários apostam em mesmo cami-
nho, esse tende a tornar-se moda, ou seja, ser aceito pelo mercado”.

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Definidas as tendências da temporada, as marcas as traduzem em temas
para suas coleções, escolhem os elementos de estilo relacionados ao tema e
dão vida a eles através de cores, modelagens, estampas e tecidos. (Treptow,
2007)

Entramos então no ponto do ciclo da moda, cada dia mais curto e ágil.
Para Cobra (2007), essa rapidez faz da moda mais evolucionária do que revolu-
cionária, e impõe a ela uma sequência em suas transformações. Os produtos
tornam-se obsoletos em pouco tempo e as tendências pesquisadas para a cole-
ção vigente quase nunca permanecem por mais de uma temporada pelo menos
não do jeito como foram inicialmente propostas.

Sendo assim, a moda inicia-se, chega ao auge e ao declínio em um ritmo


muito rápido, e nem sempre as marcas conseguem acompanhar essas mudan-
ças, salvo exceções como as lojas de fast-fashion. Para que uma moda se torne
de fato moda, “é preciso que exista um consenso, pessoas que acreditem, con-
cordem e consumam esta ou aquela ideia (...)”. (TREPTOW, 2007, p.27)

O ciclo da moda é constituído por cinco estágios: introdução, crescimento,


desenvolvimento, maturidade e declínio.

De acordo com Cobra (2007), no estágio de introdução o produto ainda é


novidade e é dificilmente assimilado pelo grande público. Os consumidores que

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aderem a ele são chamados de inovadores, e restringem-se a um pequeno grupo
de pioneiros.

Logo após, vem a fase de crescimento, quando outras pessoas vão incor-
porando aquela tendência e aumentando o ritmo de vendas do produto. A novi-
dade vai aos poucos ganhando espaço na mídia e obtendo visibilidade. O ter-
ceiro estágio é o desenvolvimento, quando o produto toma as vitrines, a concor-
rência se aquece e as vendas permanecem em crescimento.

Na maturidade as vendas se consolidam e a oferta tende a superar a de-


manda. Os consumidores já não se encantam mais com o produto, que não é
mais considerado tendência. Nesse momento, as marcas devem buscar inova-
ções para a próxima coleção.

Finalmente, o declínio. No último estágio, o produto já ficou massificado e


não traz mais nenhum benefício ou rentabilidade para a empresa. A outrora no-
vidade “perde sua característica de diferenciador entre as pessoas, já que todas
possuem o mesmo bem, ou vestem o mesmo estilo. Logo um novo item será
eleito como preferido e o anterior considerado como obsoleto” (TREPTOW,
2007, p.29).

4. LYFESTYLE

Lifestyle é o estilo de vida de uma pessoa ou de um grupo de pessoas


que compartilham ideias, preferências e gostos semelhantes. O seu lifestyle tem
a ver com seus hábitos, comportamentos e com os grupos com os quais você
interage. O que é visto como bom para uma pessoa e seu grupo, pode não ser
para outra, afinal cada ser humano é diferente, com propósitos e anseios dife-
rentes.

Em outras palavras, lifestyle tem a ver com as escolhas que te fazem feliz.
Não existe um lifestyle pior ou melhor, mas aquele que se corresponde a cada
um.

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Entender o lifestyle também é muito relevante porque os consumidores
tem cada vez mais aplicado a moda para reforçarem seus estilos de vida. As
estampas que escolhem nas camisetas, as marcas que colocam em seus guarda
roupas são formas de o consumidor mostrar quais são suas intenções e valores.

Os varejistas sucedidos, em busca de um posicionamento definido na


mente do consumidor, já usam o lifestyle para segmentar e fidelizar seus consu-
midores. Um exemplo é a rede americana Juicy Couture, que logo que chegou
ao Brasil, já mostrou para que veio. Percebida pelas consumidoras como a
marca das patricinhas, a Juicy Couture cada vez mais encanta suas clientes com
desde amarradores de cabelo até roupinhas para seus animais de estimação,
além, é claro de seu produto ícone, o conjunto de plush.

Até a ficha cadastral de clientes da Juicy Couture mostra que a marca


entende suas clientes. Além das informações a que estamos acostumados,
como nome, telefone, endereço, a ficha solicita informações sobre o nome do
seu cachorro.

Outras empresas que tem explorado o lifestyle para atender bem os cli-
entes na loja são as lojas de departamento. A Renner, quem mais se destaca no
uso do lifestyle para entender clientes, segmenta suas coleções seguindo cada
um deles. A rede oferece o estilo Blue Steel para as mais jovens, o Request para
um look de trabalho, e o Just Be para o look noite.

Aprender o lifestyle permite que você amplie o seu mix e ofereça aos cli-
entes itens que vão além do vestuário. Assim, ele se identifica mais com sua loja
e a considera em todas as outras escolhas dele, como para acessórios, material
escolar, cosméticos, enfim uma infinidade de produtos que vão de encontro ao
seu estilo de vida. A loja conceito da Valisére, na rua Oscar Freire em São Paulo,
oferece o lifestyle “amo lingerie”, assim como a marca francesa Chantall Tho-
mass, onde se vende desde bloquinhos de anotações com estampa de lingerie,
quanto perfumes, e é claro muita lingerie.

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5. AS TENDÊNCIAS DA MODA: MANIAS E ONDAS

5.1 O que é tendência?

A expressão tendência está inerente a sociedade contemporânea, esse


termo é aplicado a vários assuntos como, por exemplo, a cotação do dólar, as
cores e tecidos para a próxima estação entre muitos outros. Etimologicamente,
o termo vem da palavra latina tendentia, cujos significados são “tender para”,
“inclinar-se para” ou ser “atraído por” (CALDAS, 2004). Ao longo da história esse
conceito passou por diversas transformações assumindo diferentes padrões:

O fenômeno define-se sempre em função de um objetivo ou de uma fina-


lidade, que exerce força de atração sobre aquele que sofre a tendência; ela ex-
pressa movimento e abrangência; é algo finito (no sentido de que se dirige para
um fim) e, ao mesmo tempo, não é 100% certo que atinja o seu objetivo; é uma
pulsão que procura satisfazer necessidades (originadas por desejos) e, final-
mente, trata-se de algo que pode assumir ares parciais e pejorativos (CALDAS,
2004, p. 26).

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A concepção de tendência se dissemina, principalmente a partir do século
XIX, o que culminou na sua ascensão foram as ideias de progresso e evolução
aliadas ao senso comum e a doutrina positivista. A tendência leva em direção ao
futuro (tender a acontecer algo), representada como o desdobramento natural
do presente (CALDAS, 2004).

Voltando a tendência ao campo da moda, Palomino (2003) relata que é


considerada um “denominador comum”. Garcia e Miranda (2005) estabelecem
que tendência é o ciclo de vida da moda. A vestimenta necessita de renovação
e a tendência, permeada pela mudança, é representada pelos modismos lança-
dos a cada estação. As tendências são constituídas por dois tipos de modismos:
a mania e a onda. A primeira é utilizada em um espaço de tempo relativamente
curto e, com a mesma rapidez, desaparece. A onda, por sua vez, tem duração
mais longa. O seu advento ocorre de forma mais demorada, da mesma forma
que sua aceitação na sociedade. Por esse motivo, sua durabilidade é maior
quando comparada à da mania.

Caldas (2004) afirma que existe uma grande variedade de classificações


para as tendências. Relata ainda, que em relação ao ciclo de vida das mesmas
existem as tendências de fundo, que influenciam o social por longos períodos de
tempo, e em contrapartida há as chamadas tendências de ciclo curto, identifica-
das como fenômenos passageiros de moda.

A tendência “é desenvolvida por um conjunto de protagonistas, que têm,


além dos interesses econômicos, a afirmação de criadores reconhecidos e de
sinais captados sobre os desejos e as necessidades dos clientes e consumido-
res” (JOBIM; NEVES, 2008). Enfim, a base de estruturação do setor têxtil e ves-
tuário é permeada pela pesquisa de tendência. Assim sendo, uma atividade que
precisa estar em constante comunicação com os sinais da sociedade, logo, a
cada estação, o setor de moda divulga as tendências para aquele período.

A palavra “tendência” vem sendo abandonada por estudiosos do assunto


por reduzir a capacidade criativa dos estilistas a meros lançamentos comerciais.
Ainda assim, é muito utilizada no processo de transmissão da moda para o
grande público. Garcia & Miranda (2005) estabelecem que tendência é o ciclo
de vida da moda.

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Uma tendência geralmente é lançada, como foi mencionado acima, pela
elite do mundo fashion. Mas, muitas vezes, a tendência também pode se mani-
festar de forma hierárquica contrária à mania. Um exemplo dessa situação é a
moda de rua. Nesse caso, a tendência é ditada pela população e legitimada pela
elite da moda. A partir de então, ela seria consumida pela classe média, a qual
espera que a novidade seja adotada por grandes marcas para usá-la exibindo
etiquetas de grifes.

5.2 Look

A expressão inglesa look é muito aplicada no mundo da moda. No Dicio-


nário Michaelis (1989) tal palavra, enquanto substantivo, é traduzida, para o por-
tuguês, como olhar, olhadela, expressão, aspecto. Como verbo, tem o sentido
de contemplar, considerar, examinar. No mundo da moda, seu sentido é o de
resultado da produção, ou seja, a soma de roupas e acessórios que irão permitir
que o indivíduo possa mostrar o que é.

Os looks também funcionam como parte importante da venda das empre-


sas de vestuário já que, ao comercializarem determinada peça, sugerem a com-
binação completa do que a pessoa deve usar. Esse reforço acontece por meio
da confecção de catálogos, editoriais de revista e, claro, dos desfiles: “looks po-
dem ser entendidos como pareceres pré-fabricados, com o objetivo de instigar a
geração de simulacros, simulações criadas para acelerar o consumo” (GARCIA
E MIRANDA, 2005, p. 33).

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6. OS CADERNOS DE TENDÊNCIAS

Grande parte dos escritórios de estilo transformam suas pesquisas em


material a ser comercializado, e esse material geralmente recebe o nome de
caderno de tendências. As informações desses cadernos são exibidas de forma
mais geral, de modo que diferentes clientes possam obter ali as orientações de
que necessitam, diferentemente do que acontece em uma pesquisa encomen-
dada, na qual as informações são direcionadas para as necessidades particula-
res do cliente para quem se está trabalhando.

De acordo com Jobin e Neves (2008), os cadernos de tendências perpas-


sam todo o “sistema de moda”, que é composto por elementos como a estrutura
básica dos mercados (primário e secundário), o calendário de criação e produ-
ção e a rede de informações que interliga todos esses componentes, além das
estratégias de vendas e as pesquisas sobre o comportamento dos consumido-
res.

A organização dos mercados compreende o mercado primário (formado


pelas empresas produtoras de matérias-primas, como fibras, corantes e tecidos),

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o secundário, no qual se encontram os fabricantes de vestuário (que estabele-
cem a ligação entre produtores, varejistas e organizações de venda) e o terciário,
formado pelo conjunto de varejistas que compram e vendem os produtos.

O calendário é o cronograma de criação e produção da indústria, e esta-


belece o momento em que cada mercado contribui para as atividades da cadeia
produtiva.

A rede de informações providência para que todos saibam quem está fa-
zendo o quê, as razões e efeitos do comportamento de todos os protagonistas
da cadeia e sua interligação com os meios de comunicação.

As estratégias de vendas determinam como serão levadas as opções de


moda desde a indústria até os consumidores, e estão intimamente ligadas às
pesquisas que mostram o comportamento dos consumidores e como isso se re-
flete nas suas escolhas de compra.

Os cadernos de tendências são embasados nos mais diversos indicado-


res de informação: sociais, culturais, econômicos, políticos, artísticos e outros.
Jobin e Neves (2008) citam alguns exemplos desses cadernos em âmbito inter-
nacional, como os Cadernos Promostyl, Cadernos Carlin e Cadernos Nelly Rody,
salientando que, embora cada escritório desenvolva seu material seguindo uma
metodologia própria, alguns métodos são comuns a todos e ajudam a compre-
ender como se estrutura e se constrói esse material, que será oferecido às in-
dústrias que fazem parte da cadeia têxtil-confecção.

A primeira tarefa para a elaboração de um caderno de tendências com


informações seguras e assertivas é a detecção dos sinais, o prenúncio da exis-
tência do que está por vir. Só então será possível “abrir um leque de condições
possíveis e plausíveis com relação ao futuro, a partir dos sinais recolhidos no
presente, e construir narrativas grávidas de sentido” (CALDAS. 2004, p. 93). Es-
ses sinais serão interpretados e transformados antecipadamente no que se co-
nhece como tendências, que serão seguidas pelo mercado da moda, dentre ou-
tros importantes segmentos, mas antes devem passar por um indispensável pro-
cesso de estudos e análises.

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No intuito de tentar alcançar o melhor resultado possível, os profissionais
buscam sempre inovar suas metodologias e seus instrumentos de pesquisa. Se-
gundo Caldas (2004), existem diversos processos a serem estudados e aplica-
dos. A fim de, por exemplo, obter resultados mais verdadeiros e precisos, são
criados grupos de observação, aos quais são propostas situações artificiais, mas
alinhadas à realidade. A partir da observação e registro das discussões desses
grupos, é possível tomar decisões a serem apresentadas nos cadernos.

De acordo com Giassi (2011), o próprio pesquisador pode também estar


inserido no tema a ser pesquisado: por exemplo, convivendo dentro de outra
cultura e vivenciando ele mesmo, por determinado período, seu objeto de es-
tudo, compreendendo assim realmente como os fatos ocorrem, podendo se tor-
nar esse o modo mais profundo de investigação proposto. Mas as viagens de
curta duração são a forma de pesquisa mais utilizada pelos escritórios de estilo
para realizar pesquisas de moda e comportamento. O profissional entra em con-
tato direto com o objeto de pesquisa, tendo a possibilidade de vivenciar situações
únicas e diferenciadas da sua realidade habitual.

De acordo com Leão (2005), trata-se de um trabalho muito complexo, pois


existe um fator fundamental que influencia todo o processo: a intuição. Ricard
(1980) também ressalta que é o instinto de cada pesquisador que determina
como ele percebe aquilo que está vendo, desde gestos inusitados, comporta-
mentos sociais comuns, acessórios, cores e elementos diferenciados, e como
tudo isso poderá ser convertido em cores, tecidos e formas que serão transfor-
mados em tendências de moda.

Além disso, o pesquisador também deve levar em consideração não ape-


nas as indicações futuras, mas, por exemplo, o desempenho que determinado
material obteve na estação precedente, a disponibilidade de matérias-primas e
as oscilações de gostos do consumidor, influenciadas por fatores sociais e cul-
turais que circulam fora do controle do setor.

O conteúdo é capturado por diversos pesquisadores ao redor do mundo,


muitos deles trabalhando como colaboradores que, após coletar incontáveis in-
formações, se reúnem para avaliar os dados coletados e imprimir diretrizes às

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suas pesquisas, sem deixar de lado o desempenho mercadológico desses mes-
mos elementos, já utilizados em anos anteriores. Desse extenso trabalho surgem
os temas que interligarão todas essas análises (LEÃO, 2005).

Ainda segundo o autor, esses temas buscam englobar diferentes realida-


des de mercado e de grupos de consumidores. O material transforma-se em
conteúdos sobre conceitos e temas de design, gamas de cores divididas por te-
mas e conjugações cromáticas, informação têxtil estética e técnica (fibras, fios,
tecidos e malhas), materiais, estruturas, acabamentos e informação de moda
relacionada ao vestuário, como formas, silhuetas e outros pormenores, além de
informações de moda de acessórios, de acordo com o nível de aprofundamento
que o caderno pretende alcançar.

No Brasil, a publicação de cadernos de tendências produzidos em territó-


rio nacional é tão recente quanto a própria cultura de moda. Até meados da dé-
cada de 90, as publicações eram todas importadas. Feiras destinadas ao setor
do vestuário contavam com stands de diversos escritórios de moda vindos das
principais capitais mundiais formadoras de opinião sobre o assunto, onde esses
cadernos eram vendidos a preços muitas vezes astronômicos. Outra possibili-
dade de adquirir um caderno de tendências era fazendo uma viagem internacio-
nal, quando o viajante ia até os escritórios ou representantes para comprar seu
exemplar.

O grande problema enfrentado pelas empresas brasileiras que compra-


vam esses cadernos, é que até então o mundo não estava conectado via internet
e não se possuía um pensamento globalizado, portanto, as informações contidas
nos cadernos tratavam muitas vezes da cultura e informação de moda dos pró-
prios países onde eram desenvolvidos; com isso, a informação adquirida pelas
empresas nacionais falava de tendências de moda norte-americanas ou euro-
peias, distantes da realidade brasileira.

Esse fator, associado à supervalorização do que é estrangeiro, criou na


indústria de moda brasileira a cultura da cópia, ou seja, a prática de utilizar a
informação de moda tal qual ela é apresentada, seja nos desfiles internacionais,
nos cadernos de tendências ou nas revistas estrangeiras. A indústria da cópia

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contribui, até os dias de hoje, e de forma negativa, para a criação da tão almejada
“identidade brasileira”, que tanto de discute no cenário de moda nacional.

O fato de a atenção da indústria brasileira do vestuário estar sempre vol-


tada para o que é apresentado no mercado internacional, talvez seja o fator res-
ponsável pelo desencorajamento em se criar um escritório de estilo particular
nacional, com visão global, mas com um trabalho voltado à tradução dessa visão
para a realidade de moda brasileira.

No caso dos cadernos de tendência de moda produzidos em território


nacional, todos estão ligados a instituições de ensino de moda, como o SENAI
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o SENAC (Serviço nacional de
Aprendizagem Comercial), que estão cada vez mais empenhadas em criar e di-
fundir seus materiais de pesquisa de tendências de moda, voltados à realidade
do mercado brasileiro, criando possibilidades de desenvolvimento de produtos
mais autorais por parte das empresas de moda nacional.

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7. A MODERNIDADE DO SÉCULO XX

As mudanças culturais, sociais e organizacionais ocorridas entre os anos


de 1950 e 1960 modificaram o modelo de sistema da moda de cem anos. A partir
de 1970, a História da Moda entra em uma nova fase. O surgimento de coleções
sazonais, o uso de manequins em desfiles e criadores profissionais alinhados a
uma rede de produção burocrática fazem parte das três vertentes que a moda
moderna proporciona: sua face industrial, sua face democrática e sua face esté-
tica (LIPOVETSKY, 2009). A moda moderna segue novos parâmetros de criação
ordenados aos comportamentos e desejos de jovens que protestam em suas
vestimentas a ruptura com o passado.

7.1 Anos 1970

Peace and Love. Esse foi um dos mantras de uma jovem geração idealista
que produziu um estilo de vida associada à contracultura e às questões ambien-
tais, ao culto ao prazer, à emancipação sexual e ao nudismo. Pessoas associa-
das ao movimento hippie que tinham como base a contestação do consumo e o
nacionalismo. Indivíduos que tinham desapego a bens materiais, que defendiam
o amor, a igualdade de direitos civis, o antimilitarismo e a paz na Guerra do Vi-
etnã (1954-1975).

“Dois outros movimentos sociais importantes que afetaram a moda foram


a revitalização da volta-à-Natureza e o impacto cada vez maior do movimento
feminista. A incerteza do início da década de 70 provocou, em algumas pessoas,
uma volta a um estilo de vida mais simples. Alguns criaram comunidades agrí-
colas para produzir alimentos macrobióticos, outros simplesmente adotaram
ideias mais saudáveis, mas havia maior consciência de um tudo o que fosse
natural” (LAVER, 1989, p.270).

A década de 1970 (que teve o seu começo com pé nos anos 60) mostrou
um movimento de rebeldia, de rejeição e de sacarmos ao regime militar por meio
de jovens cidadãos que vinham de famílias ricas, que viviam em comunidades e
repreenderam o período pela poesia ou por "entrelinhas" de músicas.

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O ápice da cultura musical hippie foi o festival Woodstock, ocorrido em
agosto de 1969, que reuniu consagradas lendas: Jimmy Hendrix, Joe Cocker,
Bob Dylan, Janis Joplin e outros nomes, todos unidos por intermédio da música,
na luta contra a desordem social e a liberdade de expressão em todas as suas
dimensões. Um marco da contracultura foi o rock psicodélico, uma vertente do
rock, que atingiu popularidade no Woodstock e no festival Verão de Amor (Sum-
mer of Love), ocorrido em São Francisco – Califórnia, em 1967.

O estilo hippie mostrou-se revolucionário por meio das cores, texturas,


matérias e formas. Foi nesse período que explodiu a psicodelia (inspirado em
elementos da art nouveau, do oriente, do Egito antigo ou até mesmo nas viagens
que as drogas proporcionavam) por intermédio do vestuário futurista e metálico.
As estampas multicoloridas de Pucci no estilo hippie-chic, os tecidos cashmere
através das roupas indianas, as faixas nos cabelos, os vestidos longos, as calças

21
boca-de-sino combinadas às famosas plataformas da época, a minissaia (remar-
cando presença) foram algumas das mudanças que marcaram a década.

“Mais em qualquer outra parte, os jeans se aproveitam dessa evolução


para introduzir-se, via coleções de roupas esporte, na moda americana dos anos
70. Eles ganharam aqui seus foros de nobreza. De maneira geral, é o princípio
da igualdade – fundamento da democracia anglo-saxônica – que, muito mais que
uma indumentária, inspira o comportamento e o modo de vida de toda uma ge-
ração” (BAUDOT, 2002, p. 258).

Houve infinitas opções de tecidos, desde os sintéticos aos mais simples,


como a lã, que esteve conectada ao estilo de vida natural juvenil. Os estilistas
da época foram Agnés B., com sua aversão ao clássico, Giorgio Armani, que
marca uma reflexão sobre o paletó masculino na moda italiana, ou grandes no-
mes que adentraram a carreira ou tornaram-se reconhecidos internacional-
mente, entre eles Calvin Klein, Kenzo, Ralph Lauren, Marc Bohan, Bill Blass e
Thierry Mugler.

O hedonismo dos hippies e a sua celebração à vida alternativa, aos pou-


cos, foram se entregando ao individualismo de espaços fechados, como as dis-
cotecas por meio da disco music.

Filmes marcantes como “Grease” e “Os Embalos de Sábado à Noite” trou-


xeram isso à tona, através do estilo dos personagens, das maquiagens coloridas
e dos cabelos esvoaçantes. John Travolta se tornou uma referência masculina
com suas golas enormes e terno branco. Já o cabelo black power também virou
a sensação do momento. “Muitos rapazes de repente recusam-se terminante-
mente a cortar suas cabeleiras. Madeixas sobre a testa ou cachos cheios de
gomalina, esse gênero de subversão ainda ontem era do domínio da malandra-
gem” (BAUDOT, 2002, p.272).

22
7.2 Anos 1980

A época de 1980 foi considerado uma “década perdida”, referente ao de-


clínio da economia mundial por intermédio da baixa produção interna, da alta da
inflação e da constante instabilidade. As roupas não traduziram essa maré baixa,
pelo contrário, exaltavam cores vibrantes, instigavam a saúde e a boa forma,
principalmente no quesito de exercícios aeróbicos que virou febre na época por
causa da atriz Jane Fonda, destaque com seus vídeos de ginástica.

Procurando expressar a contrária situação econômica, houve itens mar-


cantes à época: cotton-lycra e roupas de moletom usados nas academias, es-
tampas animal print (como as de onça), cores cítricas, cabelos assimétricos e
acessórios falsos. O aparecimento de tecidos novos, como o strech, acrescen-
tava um ar futurista ao guarda-roupa.

Na alta-costura, destacam-se: Karl Lagerfeld, Christian Lacroix, Jean Paul


Gaultier, Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo.

A televisão era um dos principais meios de entretenimento da família bra-


sileira quando o mercado de novelas começou a influenciar a moda, cujas teles-
pectadoras buscavam na telinha roupas, acessórios e cortes de cabelos de per-

23
sonagens, com destaque para a novela “Roque Santeiro”, personagem de Re-
gina Duarte, a Viúva Porcina, interpretada com trajes coloridos, ombreiras, man-
gas bufantes, turbantes e maquiagem exagerada.

O universo musical fez surgir diversos estilos: darks, góticos, metaleiros,


rastafáris e new romantics. O destaque fica por conta da Madonna, cantora com
cabelo de corte irregular, roupas que mostravam bem o corpo com apelo sen-
sual, misturas de acessórios, como colares e chapéus, além de muita ousadia
nos palcos, emplacando sucessos como “Material Girl”, que relatava de através
da música a 'sociedade consumista'.

Ao uso generalizado dos jeans, sucederam o chique e o visual de algumas


tribos reagrupadas segundo tipologias cujos sinais de identificação são clara-
mente reconhecíveis.

Os anos 80 também se caracterizam pela febre dos jovens aos shoppings,


onde houve uma crescente porcentagem de lojas esportistas de vários segmen-
tos, entre eles, o surfe e o skate. Assim como o cinema, a música auxiliou na
divulgação de tendências, principalmente por videoclipes, fixando a imagem

24
como meio de comunicação e fazendo do corpo um manequim para a vitrine
musical.

O cinema também ilustrou a moda masculina dessa época, como no filme


“Gigolô Americano”, em que o personagem de Richard Gere tem seu guarda-
roupa e estilo de vida modificados pelo o dinheiro. O seu figurino trabalha com
camisas, gravatas, sobretudo, óculos escuros e sapatos finos.

7.3 Anos 1990

“Com os anos 90 encerra-se um ciclo de moda. Será que não se trataria


de um simples parêntese na longa história do vestuário?” (BAUDOT, 2002, p.
316).

A esperança criada em torno da chegada do novo milênio é exteriorizada


de forma festiva, procurando desvincular a década de 1990 das outras décadas.
O clima era de otimismo em grande parte, se não fosse pela grande preocupação
com a utilização inconsequente e não controlada dos recursos naturais. A glo-

25
balização também progredia a cada dia, dessa vez com maior visibilidade, pro-
vocando questionamentos sobre o que poderia ser causado. Tal preocupação
aumentou com a extinção da União Soviética e propostas de criação de novos
grupos de comércio e economia entre nações, como o Mercosul e o Nafta.

Outro aspecto que influenciou a economia foi o início da era da internet e


inserção dos computadores, tornando-se um item doméstico. Os videogames
tornaram-se também populares, assim como os telefones celulares, pagers e
palmtops.

Nascido na Inglaterra em meados da década de 90, o termo clubber (do


inglês, club) definia os jovens que frequentavam danceterias e megafestas ra-
ves. Na época, o clubber possibilitou que a música eletrônica ganhasse maior
status e mais adeptos em um curto período de tempo, fazendo com que o gênero
se expandisse em várias cidades do mundo.

No início da década, o grunge propõe um modo desleixado por meio da mú-


sica e da vestimenta e, mais uma vez, surge moda da antimoda. Grupos como
Pearl Jam e Nirvana acolhem uma juventude cansada do mundo frenético dos
anos 1980.

26
A segunda metade da década teve uma revolução do estilo musical, prin-
cipalmente para o público feminino jovem, além da evolução das fitas cassete
para CDs (disco laser), as gravadoras começaram a investir em grupos adoles-
centes taxados de boybands e girlbands, para um cenário mais leve e popular,
disseminando o estilo pop de aproveitar a vida e a juventude.

Bandas como N’ Sync, Backstreet Boys e Spice Girls se tornam fenôme-


nos mundial. As Spice Girls eram uma das principais referências para adoles-
centes por possuírem dentro do grupo cinco garotas com estilos completamente
diferentes, o que facilitava abrangência e identificação maior. O modelo fashion
de Victoria, o esportista e básico de Melanie C, o romântico e folk de Emma, o
despojado de Melanie B e o sexy de Geri ajudavam garotas de várias faixas
etárias a encontrarem em um mercado de roupas, que abriu os olhos para esses
consumidores.

O mundo adulto se funde com o infantil: desenhos como 'Os Simpsons' e


'South Park' são destinados a esse público, com conteúdo impróprio para o pú-
blico infantil. Ao mesmo tempo, programas sensacionalistas são exibidos du-
rante a tarde, e à noite persistem com fantoches de ratinhos. Em contrapartida a
TV Cultura é reconhecida por seu padrão de qualidade.

Tatuagens e piercings se tornam cada vez mais populares. Os clubbers


são a tribo urbana mais recente e, pela primeira vez, os jovens têm maior auto-
nomia em escolher com o que se identificam. O ecstasy é a nova droga sintética
do futuro, acelerada, levando muitos ao vício.

As top-models, modelos super bem pagas e requisitadas, surgem nos


anos 1980, mas aparecem mais nos anos 1990. Não se fala mais em silhueta
(embora seja uma década de silhueta reta), e sim em nomes. Alguns deles: Na-
omi Campbell, Cindy Crawford e Claudia Schiffer. “O fenômeno das top models
sem dúvida substituiu o da pin-up dos anos 50 e veio preencher certa falta de
glamour das atrizes” (BAUDOT, 2002, p.319).

A moda prêt-à-porter cresce e ganha maior notoriedade, embora a alta


costura continue para uma sociedade mais abastada e que agora conta também

27
com celebridades como modelos, atores e atrizes. As marcas que cresceram
nesse período foram: Gucci (Tom Ford), Gianni Versace, Dolce & Gabbana, Ale-
xander Mcqueen, Jean-Paul Gaultier e Christian Louboutin.

“A rua estava ontem mais bem vestida do que hoje. Se a qualidade média
da roupa básica se acha, há trinta anos, em constante evolução, tudo tende a
uma maior leveza em benefício de um corpo glorificado pela prática de esportes
e pelos cuidados que se toma. Jamais, desde a Grécia antiga, a imagem irá
valorizar, esculpir e mostrar tanto uma anatomia cada vez mais asséptica em
sua busca de perfeição” (BAUDOT, 2002, p. 319).

Com referências aos anos 90 em produções de cinema e televisão, há os


seriados “Friends” e “Barrados no Baile”; as novelas brasileiras “Vale Tudo” e
“Torre de Babel”; os filmes “Pulp Fiction”, “Uma Linda Mulher”, “Instinto Selva-
gem”, “Edward, Mãos de Tesoura” e “Silêncio dos Inocentes”. As roupas, a forma
de se vestir e de se comportar ganham então referências nacionais e internaci-
onais com maior fugacidade.

7.4 Anos 2000

O bug do milênio não acontece, porém, ataques terroristas, pandemias,


escândalos de corrupção e crise financeira mundial são alguns dos tristes fatos
do início da década de 2000. Países emergentes passam a ter maior participa-
ção na economia mundial e, no Brasil, é confirmada a exploração do pré-sal.
Barack Obama se elege como presidente dos EUA, e a China se lança como
economia mundial.

Os meios de comunicação ficam mais eficientes com a evolução da inter-


net, a web 2.0 permite que consumidores e marcas se conversem e as redes
sociais começam a surgir, a indústria dá um passo à frente e começa a vender
produtos online, os computadores se tornam mais velozes e melhores. Celulares
entram como itens de status social através do lançamento do Iphone pela Apple;

28
os videogames da Sony e da Nintendo são reformulados e ganham gráficos mais
reais e dinâmicos, incluindo jogos de simulação como The Sims e Second Life.

Essa foi a década da democracia da TV, que ficou mais disponível com
assinaturas de pacotes que incluem banda larga e telefone. Os Reality Shows
surgem e, junto com eles, o conceito de sub-celebridades televisivas e a discus-
são sobre quem seria sub-celebridade, celebridade instantânea e quem seria de
fato uma celebridade.

O cinema é revitalizado como plataforma com o recurso 3D. A literatura é


a grande inspiração da década, junto aos quadrinhos e games, com títulos como
“Harry Potter”, “Senhor dos Anéis”, “O Diário de Bridget Jones”, “O Diabo Veste
Prada”, “Batman”, “Homem Aranha”, “X-Men” e “Resident Evil”. Os musicais vol-
tam a ser um gênero rentável nos filmes, com títulos como “Moulin Rouge”, “Chi-
cago” e “Across The Universe”.

Aparece o conceito de metrossexual, os emos, os indies, as raves, a di-


versidade. A masculinidade mudou seus paradigmas de contestação, o alterna-
tivo tornou-se pop, o retrô atual e a globalização um fato. O sustentável, o reci-
clável e o eco nunca foram tão bem explicados e valorizados no consumo, assim
como os produtos naturais, orgânicos, integrais e caseiros.

Rappers, como Jay-Z e Eminem, trazem as correntes masculinas como


acessórios da vez, assim como as calças mais largas e usadas no meio do qua-
dril. Já Jennifer Lopez e Beyoncé trouxeram um corpo mais musculoso e torne-
ado para os holofotes, enaltecendo as curvas com calças jeans coladas, saias
lápis e saltos do tipo meia-pata.

As passarelas voltam a atenção para as brasileiras, como Gisele Bünd-


chen, Isabelli Fontana e Alessandra Ambrósio. Além da moda de rua conhecida
como Street Style, ganhar força e invadir a internet com blogs e flogs dissipando
o modo de vestir de pessoas por todo o mundo. O Retrô deixa de ser um fenô-
meno apenas das tribos urbanas e parte para as passarelas também. No exte-
rior, Stella McCartney, John Galliano e Alexander McQueen, formados pela Cen-
tral St. Martins, em Londres, são os nomes da vez. Estilistas brasileiros passam

29
a ser cada vez mais reconhecidos, como Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço e
Alexandre Herchcovith.

A explosão do Fast-Fashion pelo mundo em lojas, como Gap, Uniqlo,


H&M, C&A, Zara. No Brasil, Riachuelo, Renner, Marisa. Blogs de moda tornam-
se populares entre as jovens adultas e adolescentes, propondo novos compor-
tamentos em moda e consumo.

Rica inspiração para a moda, a história auxilia na reinvenção do passado,


na restauração de estilos, reformulando tendências de um passado recente ou
distante. Hoje, a moda debruça sobre a própria história onde tudo é inovador,
contemporâneo e cool.

30
8. MODA COMO REFLEXO DA SOCIEDADE NO SÉCULO
XXI

No início da década de dois mil o mundo capitalista tornou-se palco de


ações terroristas, representada pelo ataque de 11 de setembro. Tanto no cenário
internacional como no brasileiro, os primeiros anos do século foram marcados
por “imagens que remetem a queda, violência, crise e depressão” (CALDAS,
2004, p.135). As atitudes pós 11 de setembro, “levaram muitas pessoas a reali-
zar profundas mudanças em suas aspirações e prioridades profissionais” (ROB-
BINS, 2005, p. 57), ou seja, foram detectadas atitudes de altruísmo e despren-
dimento material em favor do próximo nas ações de vários indivíduos nos Esta-
dos Unidos.

Em relação à moda, de natureza contestadora, voltou-se ao “fim do luxo


ostensivo e do glamour extravagante” entrando em voga o “romantismo, ingenui-
dade, inocência, suavidade, poesia, calma, amor e até mesmo uma nova forma
de filosofia hippie, no velho modelo do faça amor, não faça a guerra” (PALO-
MINO, 2003, p.65), a moda transformou-se em romântica, trazendo seu lado in-
gênuo à tona, representada pelas tendências do diferentes biênios: Romance;
Memória Romântica; Barroco; Poesia e Nostalgia; Negro Amor.

Seguindo este raciocínio, outras tendências demonstraram apoio ao es-


capismo dos acontecimentos relacionados às guerras, sendo a alegria e irreve-
rência fortes marcas, confirmadas por: Vintage; Coração Jovem; Marinheiro.

A irreverência e alegria também foram detectadas na inspiração referente


à década de 80, esta esteve presente nas tendências: Metamorfose 80 e Anos
80, trazendo a nostalgia dos anos 80, que foram palco para as mulheres desco-
brirem “seus poderes e os poderes de seu corpo”; para a propagação da ideolo-
gia “yuppie, de young urban professionals, ‘jovens profissionais urbanos’, bem
sucedidos, com muito dinheiro para gastar”; a multiplicidade das tribos urbanas
atingiu níveis elevados de coexistência; o culto ao corpo encontrava-se em seu
auge através da ginástica e da estética de beleza; a música influenciou forte-

31
mente este período (PALOMINO, 2003, p.62); e ao mesmo tempo “para os jo-
vens brasileiros, a década trouxe ainda um clima de liberdade, conquistada com
o final do período da ditadura militar (1964-1985) e o processo de redemocrati-
zação do país”; a juventude passou a ser almejada por todos, os adolescentes
aderiram a geração saúde, já os adultos “passaram a tentar aparentar e se com-
portar como jovens” (ANAZ, 2007).

Outra tendência que demonstra a busca por uma vida saudável, retratada
pelo saudosismo aos anos 80, foi o Esporte Mix, que trouxe o espírito esportivo
ao cotidiano das grandes cidades. Segundo Penn (2008) o desejo por uma vida
longa e saudável aumenta gradativamente os adeptos de exercícios físicos. Dé-
cada das formas amplas se contrapondo com estreitos, os anos 80, produziram
looks exagerados e com cores vivas.

Assim sendo, os ocorridos bélicos do início do século XXI influenciaram


as tendências de moda resultando em uma moda romântica e ao mesmo tempo
irreverente e alegre.

Além do cenário bélico vivenciado, o mundo capitalista deparou-se com a


crise deflagrada em 2007 causando grande retração econômica. No Brasil não
foi diferente, “além de causar problemas financeiros, a crise mundial traz sinto-
mas mentais como ansiedade, estresse e pânico ante a possibilidade de perder
o emprego” (DESCHAMPS e HONORATO, 2009, p. 22). Uma angústia assola a
população, pois o indivíduo possui a necessidade de manter o mesmo padrão
de vida de antes da crise, com seu poder de compra inalterado.

A crise econômica a sociedade pós-moderna, cujo “ter” se entrelaça com


o “ser” e o símbolo de status e cidadania se constroem pelo prestígio social,
levou a moda a se estruturar em releituras de décadas passadas e ao glamour
e o status das celebridades atuais. O luxo entra em voga, porém torna-se mode-
rado e retraído em comparação a de décadas passadas. Além da elegância co-
medida, é notável, através das tendências relatadas, que a mulher, além de sua
feminilidade e sensualidade, passou a ter lugar equiparável em relação aos ho-
mens. Penn (2008, p. 85) relata, que “as mulheres estão seguindo de muitas
maneiras o caminho que os novos imigrantes encontraram para o sucesso”, ou

32
seja, a igualdade de sexos está aumentando gradativamente e o poder da mu-
lher na sociedade econômica e politicamente intensifica-se. As tendências que
confirmam essa realidade são: Anos 50; Retrô Chic; Elegância Moderna; Mas-
culino x Feminino; Glamour e Poder; DNA de Luxo.

A transformação do século fez a moda reinventar-se através de dois con-


ceitos. Um deles é a customização, que se baseia na intervenção do usuário em
sua roupa, com objetivo da obtenção de uma personalidade própria, se diferen-
ciando dos demais.

Esta concepção refletiu-se, por exemplo, em 2009, retratando a customi-


zação feita nas máscaras utilizadas para a contenção da pandemia de influenza
H1N1, inicialmente conhecida como gripe suína. Além dos aspectos da customi-
zação, a moda adotou mecanismos de releitura, trazendo novamente a nostalgia
de décadas passadas para o início do século XXI (BRAGA, 2007).

Ainda sobre as releituras realizadas, existem entre as tendências já asso-


ciadas à ligação entre passado e futuro, ou seja, o confronto entre o antigo e a
tecnologia vigente. Com a globalização em excesso, a sociedade atual depara-
se com o tempo das máquinas, da agilidade, da alienação, dos encontros virtu-
ais, de vidas guiadas pela rede de comunicação global. Os temas que fazem
menção a esse novo estilo de vida podem ser classificados em: Brechó e Web e
Chip Trip. Penn (2008, p.361) observa que “os usos sociais da tecnologia, com
sua nova ênfase na conexão, superaram em muito os objetivos anti-sociais e
individualistas que a tecnologia costumava servir”, assim a ligação e comunica-
ção ocasionadas pela internet são estrondosas, fazendo com que a tecnologia
seja um “aglutinador social”. Aliando a tecnologia à moda como meio de elabo-
ração de produtos entram em voga tendências voltadas ao construtivismo de
modelagem, representada por Transforma e Anos 60.

Em compatibilidade a essa nova vida, guiada, normalmente, por objetos


eletrônicos, outras tendências entraram em moda para se contrapor aos exces-
sos da vida globalizada. Estas, conectadas diretamente à busca de valores na-
turais aliados a sustentabilidade, ao artesanal e ao autêntico mesclando a multi-
culturalidade étnica representada pela ascendência de países, outrora denomi-
nados subdesenvolvidos, como a China, Rússia, Índia, Brasil, África do Sul e

33
México. Este pensamento foi representado pelas tendências: Anos 70; Turista
Chic; Estação da Caça; Neo Folk; Rota do Sol; Tribos e Savanas; Doces Bárba-
ros.

Seguindo para a parte social, outras tendências se materializaram através


da heterogeneidade de tribos, conceitos e rupturas de culturas, demonstrando
que o século XXI é representado pela tribalização do mundo. Maffesoli (1997,
p.18) ressalta que “o indivíduo não é mais uma entidade estável provida de iden-
tidade intangível e capaz de fazer sua própria história, antes de se associar com
outros indivíduos autônomos, para fazer a História do mundo”. As tendências
que confirmam essa afirmação são: Anglomania e Grunge. Essas duas tendên-
cias são classificadas a desconstrução e reconstrução de valores da sociedade
alienadamente consumista, abalada por crises e guerras.

A última tendência detectada neste biênio foi Arte e Design. Na década


passada a moda esteve intimamente ligada à arte. Porém a arte do século pas-
sado está presente em museus e um novo conceito para o milênio surge, a arte
tecnológica e interativa, que busca a comunicação e participação. Assim, a moda
acoplou-se ao design representado pela preocupação de formas, sustentabili-
dade, funcionalidade e estética, quando a racionalidade e inovação propõem um
novo olhar.

Em relação às formas, é notável que estas no século XXI tornam-se fluí-


das e amplas variando em jogos de proporções e volumes, com grande presença
de linha A, forma tubular, cinturas marcadas, ombros projetados, assimetria, tor-
ções, franzidos, mix de volumes, justos e oversized, recortes geométricos, novas
formas, camadas e proporções. Partindo do princípio que a moda é cíclica, é de
fácil percepção, em relação às formas, que a nova década traz a amplidão de
modelagens, amplidão essa também utilizada por Dior em seu New Look recém-
saído da Segunda Guerra Mundial. Porém, atualmente, a diferenciação de for-
mas, provavelmente possui relação com a tentativa de diminuição de desperdício
de tecido na hora do encaixe e a diminuição de sequências operacionais na con-
fecção das peças, aumentando, assim, a produtividade e reduzindo tempo de
produção. Através desta constatação, é perceptível que a moda está e continu-
ará a ter foco diretamente ligado ao design, este:

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[...] um campo de conhecimento constituído por um pensamento, pela
concepção e por uma produção, sendo estes orientados ao cenário futuro a partir
de uma intenção destinada a ser real. Fazer design significa trabalhar com o
futuro, executando a concepção e o planejamento daquilo que virá a existir,
anunciando novos caminhos e possibilidades (MOURA, p.69, 2008).

Em conclusão, a moda do século XXI está diretamente ligada aos acon-


tecimentos econômicos, políticos e sociais representados neste início de século,
resumindo-a em: Moda Romântica; Moda Irreverente; Moda Luxo; Moda Tecno-
logia/Globalização; Moda Étnica; Moda Tribalizada; Moda Design.

9. QUAL VAI SER A MODA DO VERÃO 2021?

Após análise sobre o que realmente impacta a moda e qual a razão da-
quelas modelagens, cores, aviamentos, calçados e acessórios estarem na pas-
sarela, vamos ao que interessa: o que vai ser a moda verão 2021 no nosso dia
a dia? Podemos adiantar que haverá muitos clássicos revisitados, texturas so-
fisticadas, valorização do feito à mão, em síntese, básico pra quem é do básico
e ousado pra quem é do ousado, mas nada de oito ou 80: tem tudo para todos
os gostos, partindo dos extremos e passando também por quem gosta do equi-
líbrio do meio-termo.

9.1 Cores e estampas

A moda verão 2021 cores e estampas aparece como opções para todos
os gostos: das mais vívidas e intensas, às pálidas e adocicadas, passando, in-
clusive, pelos tons neon. A jovialidade do amarelo também continuará em alta,
podendo fazer parte de looks com outras cores tão vibrantes como, resultando
em um color block poderoso, ou em um monocromático enérgico, além de ser
um acento alegre detalhando roupas esportivas.

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Tons adocicados e calmos combinados dão o tom da estação: verde mint,
lilás, coral, amarelo pálido e azul serenity são ótimas combinações, e para dar
um toque vibrante de ânimo, inclua cores fortes como o rosa pink ou o verde
lima, que também seguirá por um caminho principal durante a moda verão 2021.

O monocromático, principalmente o all white e candy colors são combina-


ções ousadas, mas que merecem ser testadas. Além disso, acrescentar acessó-
rios de tom diferente como cinto, calçado ou brincos e colares dão uma injeção
de ânimo e pode ser o ponto de cor de visuais super atuais e fashionistas. As
texturas diferentes também enriquecem a superfície de visuais de uma cor só,
como o tricô, o efeito artesanal do crochê e das tramas com efeito de rede.

A onda do marrom durante a temporada de inverno deixou descendentes:


bege, off white, e tons crus de linho usados juntos formando um tom sobre tom
deixam o visual extremamente elegante e transcendem a estética do “chique
sem esforço”.

Com nível de ousadia de 0 a 10, o animal print continua firme e forte na


temporada de verão: estampas de onça e cobra são as dominantes, mas o leo-
pardo, girafa e zebra também fazem parte dos looks à la selva urbana. Para
conquistar um visual tendência, a dica da vez é investir no mix de estampas, ou
um look all printed, resultando em um visual nada básico e nota 10 no quesito
ousadia e fashionismo. Mesclar a padronagem com neon também é tendência
confirmada,

Com nuances românticas e um ar retrô, o poá é uma estampa clássica


que ganha novo tempero na temporada de verão. Em peças leves e esvoaçantes
traz delicadeza e feminilidade aos visuais, deixando em evidência a bossa dos
looks fresquinhos, já em itens mais estruturados e com volumes, como as man-
gas bufantes e os babados assimétricos, traz alta dose de fashionismo em bo-
dys, vestidos e saias.

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37
9.2 Tie-dye

A tendência setentista do tie-dye bombou em 2020 e irá continuar em


2021 com força total, aperfeiçoando os ares hippie: a técnica handmade do
amarra-e-tinge aparece tanto em peças básicas do dia a dia quanto no
beachwear e roupas rebuscadas, além de estampar itens completamente inusi-
tados, como calças, shorts e vestidos para ocasiões mais sofisticadas.

Os padrões da técnica também aparecem renovados, tanto com os dese-


nhos tradicionais, quanto com os espiralados, marmorizados e em degrade, os
dois últimos são uma maneira mais elegante de inserir a trend aos visuais, ideais
para quem é mais clássica e tradicional. As cores podem ser mais discretas,
usando tons da mesma paleta ou abusando da criatividade, unindo tonalidades
e intensidades diferentes, resultando em uma peça de impacto.

9.3 Listras e Xadrez

Saindo do tradicionalismo das listras navy, de apenas um tom e espes-


sura, a clássica padronagem recebe um refresh digno do verão, com estampas
multicoloridas tanto com um mix de tons vibrantes quanto em cores mais quentes
e adocicadas, indo da moda praia até os visuais urbanos.

Mas não deixe suas peças florais ou com estampas abstratas e geométri-
cas de lado: o mix de padronagens também vem com tudo na estação que se

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aproxima, escolha as peças que têm tonalidades em comum e produza um look
mais ousado e com informação de moda.

O xadrez é um clássico atemporal, que aparece ressignificado a cada es-


tação. No verão, reaparece em padronagens mais leves e delicadas como
o vichy, lembrando o clima alegre dos piqueniques. Prefira por saias, vestidos e
croppeds com a estampa em tons mais claros e adocicados, garantindo um vi-
sual autêntico e atual, além de combinar às modelagens que incluam volumes e
babados assimétricos.

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9.4 Superfícies e texturas

 Tramas naturais

As texturas e superfícies mais naturais estão dando o tom da estação,


mas se engana quem acha que a simplicidade nua e crua reinará: os materiais
rústicos são ressignificados e ganham design diferente. A corda, palha, ráfia e
bambu recebem status de sofisticado quando unidos ao couro e às formas mais
elaboradas.

Geralmente são os acessórios que mais se adaptam às texturas diferen-


tes, mas algumas sobreposições também podem contar com tramas que reme-
tem às redes, que podem ser usadas às peças mais estruturadas e sóbrias, fa-
zendo um mix n’ match superinteressante, indo facilmente da areia ao asfalto.

Usar peças rústicas, com pegada handmade junto a conjuntos de alfaia-


taria tira o ar sisudo das peças clássicas, trazendo um refresh que adequa as
peças mais sóbrias aos visuais de verão, deixando a produção muito mais leve.

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 Franjas de seda

Esqueça a tendência das franjas que remetem à estética western. Embora


as botas country e jaquetas adornadas tenham sido sucesso absoluto nas baixas
temperaturas, agora no verão, o movimento é dado por franjas delicadas de seda
que lembram as roupas usadas pelas melindrosas nos anos 1920: elas apare-
cem em saias e vestidos que têm tudo para tornarem-se protagonistas dos looks
mais fashionistas da temporada.

Combine as peças de movimento com outras nada óbvias para usá-las


do dia a dia, mesclando a delicadeza das saias com itens mais robustos ou sim-
plistas, como camisetas básicas de malha e tênis chunky. Já para ocasiões so-
fisticadas, os vestidos unidos às sandálias de tiras e saltos arquitetônicos são
uma aposta certeira quanto a elegância, e ganha o plus dos detalhes fashionistas
e modernos.

9.5 Modelagens, formas e silhueta

 Comprimento mullet e midi

Febre há algumas temporadas, o comprimento mullet, que tem a barra


traseira mais longa que a frontal caiu em desuso, mas garanti voltar na moda
verão 2021. Se não quiser investir logo de cara na tendência, aposte em usar
alguns botões abertos das saias ou vestidos com abotoamento frontal ou traseiro
que já tem no closet. Caso goste do efeito, descobrirá que vale – ou não – o
investimento.

O êxito das bainhas abaixo dos joelhos deve-se ao seu instantâneo toque
de feminilidade aos looks, além de dar um toque mais elegante, prático e autên-
tico até mesmo aos visuais mais simplistas com camisetas básicas de malha e
tênis.

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Para refrescar o modelo na moda verão 2021 invista em modelagens que
contem com botões, zíper, pregas e fendas laterais e garanta a vida longa ao
mídi!

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 Laços frontais e amarrações

Blusas e vestidos com laços frontais e amarrações voltam ainda mais


forte nessa temporada de moda verão 2021. O interessante da modelagem é
que além de ajudar a modelar o corpo e valorizar a parte do torso, ela é ideal
para quem tem quadris largos e busca o equilíbrio da silhueta. Além disso, é
perfeita para o verão, pois o detalhe da amarração faz a vez dos acessórios,
‘dispensando – opcionalmente – colares ou brincos, simplificando o look para
altas temperaturas.

Além disso, mesclar a moda verão 2021 vestidos dos laços frontais no
comprimento mídi com babados assimétricos é sinal de visual tendência garan-
tido!

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 Cintura marcada e babados assimétricos

Mesmo com peças oversized em alta, pode-se perceber que a cintura está
em sua melhor versão: alta e bem marcada, tanto por peças com cós ajustado,
elásticos, ou por cintos que sobrepõem até mesmo coletes e blazers. As mode-
lagens mais austeras e masculinizadas são equilibradas com a feminilidade da
cintura marcada.

Já a feminilidade e romantismo dos babados são exaltados na temporada


de moda verão 2021: os detalhes aparecem assimétricos e trazendo movimento
à saias e vestidos, principalmente em tecidos fluidos e modelagens mais soltas.

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9.6 O jeans de todos os dias

Entra temporada, sai temporada e o jeans permanece tendo papel princi-


pal nos looks casuais do dia a dia.

 Lavagem ácida

A lavagem ácida aparece em calças, shorts, saias, macacões e jaquetas


e dá uma repaginada no jeans da temporada, deixando-o mais claro e leve, com
uma pegada bem urbana e desuniforme, com seu aspecto que lembra manchas
feitas com água sanitária.

De modo geral, os itens com a lavagem caem bem com outras peças ca-
suais para o dia a dia, já para ocasiões mais formais, a modelagem clochard va-
loriza as roupas e as deixa apropriada para receber blusas mais elegantes, com
tecidos refinados e modelagens que contem com babados, mangas bufantes ou
itens mais rebuscados, resultando em um look bem equilibrado.

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9.7 Tecidos

Durante as altas temperaturas, fibras naturais como seda, linho e algodão


são as mais indicadas, já que proporcionam frescor e permitem a respiração da
pele. E durante as altas temporadas algumas tramas se destacam por sua ele-
gância e sofisticação.

 Linho

Em camisas, saias, vestidos, calças e shorts, as peças em linho figuram


looks frescos e elegantes, da areia ao asfalto.

A fibra em alfaiataria ganha leveza e tira a seriedade das modelagens


mais retas, já as peças casuais combinadas à bolsas de palha e rasteiras mini-
malistas ou sandálias anabela feitas em materiais naturalistas mesclam elegân-
cia e conforto para o dia a dia.

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 Laise

Feita de algodão, a laise é um tecido de origem francesa que tem nuances


românticas e figura looks femininos e delicados. Na moda verão 2021 ela apa-
rece em modelagens inusitadas, como em t-shirts e calças pantalona.

As versões estampadas e em cores adocicadas ou mais vibrantes são


apostas autênticas para quem quer fugir da óbvia bata branca.

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10. CONCLUSÃO

O simples fato de vestir algo pode revelar grandes compreensões sobre


aquela sociedade. Hoje em dia, o modo de vestir das pessoas diz muito sobre a
condição social e cultural na qual elas estão inseridas. O que permite analisar
esse assunto quanto à História é que ela compõe a cultura do homem, o que
possibilita ver pensamentos e costumes de uma época determinada ou de vari-
adas épocas.

A moda é um dos maiores ícones da sociedade de consumo atual. A


moda, enquanto está nas passarelas, na mídia ou na propaganda, é uma insti-
tuição “quase” coletiva”, pois nem todos os membros da sociedade, seus reais
usuários, podem expor seus gostos e opiniões neste momento. A partir do ins-
tante no qual atinge as ruas e entra nos guarda-roupas, a moda adquire o as-
pecto de fala e se consuma no traje: o gosto individual passa então a predominar
e cada um utiliza aquilo que atender às suas necessidades.

A moda possui características contestadoras, além de ser cíclica e encon-


trar-se em profunda modificação. As mudanças de estilo de vida ocasionadas
pela internet, comunicação e a economia global criaram um novo senso de indi-
vidualismo, transformando a sociedade, em sociedade de consumo alienada.

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REFERENCIAS

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