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Índice

Introdução..........................................................................................................................2

Objectivos..........................................................................................................................3

Geral..................................................................................................................................3

Específicos.........................................................................................................................3

Problematização................................................................................................................4

Justificativa........................................................................................................................4

Metodologia.......................................................................................................................5

Revisão da literatura..........................................................................................................6

Globalização......................................................................................................................6

Dimensões da globalização...............................................................................................6

Dimensão Económica........................................................................................................7

Dimensão Geopolítica.......................................................................................................7

Dimensão Linguística........................................................................................................8

Dimensão Tecnológica......................................................................................................8

Dimensão Sociocultural.....................................................................................................8

Dimensão Política..............................................................................................................8

Dimensão ecológico-ambiental.........................................................................................9

Identidade cultural.............................................................................................................9

A Identidade cultural e a modernidade............................................................................11

A Identidade Cultural na contemporaneidade.................................................................13

Conclusão........................................................................................................................15

Referências Bibliográficas...............................................................................................16
Introdução
O presente trabalho fala da identidade cultural na era da globalização.

A globalização é um processo de expansão económica, política e cultural a nível


mundial. Podemos dizer também que a globalização é um mundo sem barreiras e sem
fronteiras, o processo de globalização é um fenômeno de modelo económico e
capitalista o qual consiste na mundialização do espaço geográfico por meio da
interligação social e cultural.

A globalização destaca-se como um dos grandes temas da atualidade. Cobrindo uma


grande variedade de temáticas distintas como a política, a economia, a cultura, o
ambiente, tornou-se rapidamente numa das palavras da moda do debate político e
académico atual. Contudo, apesar da vasta produção literária e científica sobre o assunto
não existe qualquer consenso quanto à sua definição, o que engloba, quando começou
ou quais os seus efeitos (Guillén, 2001).

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Objectivos

Geral
 Compreender a identidade cultural na era da globalização.

Específicos
 Analisar a influência da globalização na identidade cultural;
 Compreender como essa influência afeta os indivíduos no aspecto de sua
identidade;
 Compreender a relação entre identidade cultural e a globalização;

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Problematização
A cultura não e algo estático, uma vez que é composta por heranças espirituais por
crenças religiosas, por manifestações de atividades humanas que estão relacionadas de
forma direta com as condições económicas políticas e sociais de cada ser humano. A
identidade cultura e a forma como o indivíduo vê o mundo e como se posiciona perante
ele, para a sociologia a cultura e formada por um conjunto de característica que o sujeito
aprende no convívio social. (Antony Giddens 2001-2009).

É por causa da globalização que Antony Giddnes diz que no passado as identidades
eram mais conservadas devido a falta de contacto com outras culturas mais com a
globalização isso mudou fazendo com que as pessoas interagissem mais entre si e com o
mundo ao seu redor incrementando uma aparente diversidade de cultura causando assim
uma crise de identidade cultural, Antony sustenta que as mudanças por que o mundo
passa, ou está a passar estão a tornar diferentes culturas e sociedades muito mais
interdependentes do que era antigamente, a medida m que o ritmo de mudança acelera
pode afetar diretamente outras regiões.

Uma vez que estamos na era globalização, a pergunta que se levante é a seguinte: até
que ponto a globalização propicia ou influencia na crise de identidade em
Moçambique?

Justificativa
O espaço geográfico encontra-se repleto de elemento, próprios do processo de
globalização como as antenas de tv, celulares, os meios de transportes cada vez mais
modernizados entre outros elementos, isto também acontece com a cultura, o espaço
geográfico constrói suas bases em inúmeros campos e configurações, de modo que a
cultura se encontra plenamente inserida neste contexto. Mais como podemos
compreender os comportamentos e as transformações das identidades culturais na era da
globalização; como elas se expressam em um espaço social cada vez mais interligado
com o global.

É possível dizer que estamos a passar por uma padronização cultural. Com a
globalização ampliam-se a transmissão dos valores culturais, assim observa-se que as
diferentes culturas e os diferentes costumes podem se interagir sem necessidade de uma
integração territorial, entretanto observa-se também que esse processo não se dissemina

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de forma igualitária, de modo que alguns centros economicamente dominantes
transmitam em mais número os seus elementos culturais.

Um exemplo disso é chamada de indústria cultural, termo criado por sociólogos no


século xx mas que se mantem atual. Essa indústria é capaz de gerar e controlar os
padrões de comportamento e costumes das pessoas, como as roupas os padrões de
etiqueta, e comportamento, por esse motivo muito se fala da homogeneização das
culturas, por outro lado a medida em que os sistemas de comunicação informação e
transporte vão elevando a sua capacidade de disseminação observamos também a
possibilidade dos costumes e valores locais se interporem aos elementos globais. Isso
ocorre a partir do momento em que as comunidades tradicionais, culturais e regionais
conseguem disseminar e divulgar para além de suas fronteiras, com base nessas
concepções há quem diga que a globalização na verdade promove uma
heterogeneização cultural (Almeida Garrett 1846-1972).

Torna-se problema sociológico na medida em que estudamos o da porque a crise de


identidade nos dias atuais porque a modificação de pensamentos nos indivíduos, porque
da não valorização da sua cultura, a que se deve essas mudanças, como a globalização
pode afetar negativamente e positivamente a nossa sociedade e por fim, buscar
explicações dos seus fenómenos.

Metodologia
O método científico representa o processo racional que se emprega na investigação. É a
linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa (Carvalho, 2009).

Quanto à pesquisa é de referência bibliográfica, pois apoia-se a pesquisa em livros,


artigos, que abordam sobre estes assuntos. Quanto a natureza é qualitativa pois
possibilitou um aprofundamento significativo e construtivo sobre o tema em análise. A
pesquisa desenvolveu-se através de investigação, leitura, reflexão, e com base em
análise conjunta sobre o tema norteado do trabalho.

Para a materializaçao deste trabalho, reccori livros e artigos electronicos.

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Revisão da literatura

Globalização
As três últimas décadas foram caracterizadas por uma extrema intensificação das
interações transnacionais, levando a que alguns autores as considerassem uma rutura
relativamente às anteriores formas de interação, um fenómeno designado de
«globalização» (Santos, 2001).

O termo adquiriu grande popularidade sobretudo na comunidade científica e nas


comunidades política e empresarial (Reich, 1998), tornando-se num dos conceitos
incontornáveis dos finais do século XX e inícios do século XXI. Na vasta literatura
publicada sobre o assunto praticamente cada autor apresenta a sua própria definição, o
que faz da globalização um dos tópicos mais controversos das ciências sociais (Guillén,
2001). Se há quem considere que as sociedades do mundo estão em processo de
globalização desde o início da História (Rodrik, 1997), outros afirmam que o que
estamos a vivenciar atualmente é um fenómeno completamente novo e sem precedentes
(Garrett, 2000; Soros, 2003), outros falam ainda em vagas de globalização (Adda, 1997;
Friedman, 2000; Tilly como citado em Santos, 2001). Apesar da forte tendência para
reduzir a globalização aos seus aspetos económicos, trata-se contudo de um fenómeno
multifacetado que abrange, para além da dimensão económica, dimensões sociais,
políticas, culturais, etc. interligadas de modo complexo (Santos, 2001).

Assim, a controvérsia acerca do significado e da origem da globalização estende-se às


consequências associadas às suas inúmeras dimensões e facetas (Held, McGrew,
Goldblatt & Perraton, 1999; Reich, 1998).

Dimensões da globalização
A globalização possui várias dimensões e, inevitavelmente, que se complementam e
interpenetram mutualmente. Dada esta característica, não se torna fácil descrevê-las de
forma isolada, sem que exista intercessionalidade entre as mesmas. Deste modo, e
correndo esse risco, descrevemos sucintamente algumas das dimensões que
consideramos mais pertinentes.

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Dimensão Económica
A dimensão económica encontra-se relacionada com a expansão do capitalismo e da
economia do mercado, com a produção e distribuição de bens e serviços pelos mercados
regionais e mundiais, e com a intervenção da Organização Mundial do Comércio, do
Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional em assuntos comerciais,
económicos e monetários. Neste processo, as MNCs desempenham um papel crucial na
economia global, pois utilizam a elevada capacidade inovadora e organizativa (Santos,
2002a: 51) para produzir em massa e distribuir bens e serviços. É pertinente referir que
esta dimensão inclui a designada Divisão Internacional de Trabalho e o papel das
grandes formações monopolistas, segundo o qual os países desenvolvidos encontram-se
vocacionados para a produção de bens manufaturados, devendo os pobres produzir
matérias-primas e exportar para os centros manufatureiros. Nesta perspetiva, é
pertinente considerar que as dinâmicas comerciais, financeiras e monetárias possuem
uma relação íntima com a dimensão económica da globalização.

Dimensão Geopolítica
A dimensão geopolítica encontra-se relacionada com as relações internacionais de
interdependência ou de conquista de influência. A geopolítica é antiga quanto o
surgimento dos Estados, abarcando o âmbito económico e a influência político-
ideológica. No passado, o desenvolvimento da geopolítica baseou-se nas tradições
colonial, belicista e expansionista. Apesar dessas tradições subtilmente se manterem, a
geopolítica é atualmente marcada pela segurança, fluxo de investimentos, controlo de
fontes de matérias-primas, conquista de influências e domínio de mercados. A
geopolítica atual, tendo conta os recursos cibernéticos e digitais e eletrónicos inovou o
seu espaço de atuação, através da construção dos espaços regional, digitalizado e
económicos desterritorializados (Sardenberg, s.d.).

Dimensão Linguística
A dimensão linguística reside no fato de a língua Inglesa se afigurar como língua franca,
internacional, global, mundial (Seidlhofer, 2005: 1-2; Crystal, 2003:6). Neste quadro, a
língua Inglesa é uma mercadoria global vendida pela indústria de ensino, devido à sua
aplicação nas mais variadas várias facetas da vida dos indivíduos (Bouton, 2017: 1-40).
A língua Inglesa possui um estatuto global genuinamente reconhecido em todos os

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países, sendo, por isso, a língua oficial da globalização (Lacoste, 2015: 8), pois trata-se
de um padrão de acesso ao conhecimento nas relações internacionais, meios de
comunicação, viagens internacionais, segurança internacional, educação, comunicações,
internet, diplomacia, ciência, comércio e turismo (Harmer, 2007: 14-15; Crystal, 2003:
6).

Dimensão Tecnológica
A dimensão tecnológica consiste no consumo intenso e massivo das TICs por parte dos
indivíduos, famílias, comunidades e instituições para diversas finalidades. Tendo em
conta o elevado afluxo de informações, incluindo o conhecimento científico, as TICs
compreendem verdadeiros eixos, através dos quais o mundo contemporâneo se baseia
na construção de uma sociedade tecnológica, de informação e de conhecimento.

Dimensão Sociocultural
A dimensão sociocultural caracteriza-se, por um lado, pela crescente expansão e
consumo nos países do Sul, modelos culturais, espaços sociais e de lazer típicos dos
países desenvolvidos, como a Disneyland e o McDonalds (Ritzer, 2007: 149-160); e,
por outro, pelo consenso neoliberal, que é economicamente seletivo, pois os indivíduos
que não dispõem de recursos económicos e financeiros para aceder a esses mesmos
espaços são segregados (Fortuna, 1997: 3; Santos, 2002a: 49).

Dimensão Política
A dimensão política compreende a essência desta dimensão, residindo na expansão,
sobretudo desde o pós-guerra fria, da democracia liberal representativa da Europa e da
América do Norte para outras partes do mundo. Esta expansão é acompanhada pelos
paradigmas de Estado do Direito Democrático, respeito aos Direitos Humanos,
liberdades fundamentais e promoção da boa governação (Rubio et al., 2010: 1-578).

Dimensão ecológico-ambiental
A dimensão ecológico-ambiental caracteriza-se pela crescente consciencialização dos
indivíduos e das instituições acerca dos desafios ecológicos e ambientais da sociedade
atual, particularmente sobre as questões relacionadas com o aquecimento global,
destruição da camada de ozono, mudanças climáticas e erosão da biodiversidade (Viola

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e Leis, 2007: 39). A consciência sobre esses males ecológico-ambientais e a necessidade
de serem combatidos globalmente tem conduzido à expansão da educação ambiental,
assim como ao surgimento de organizações ou partidos ecológicos ou ambientalistas em
todo o mundo.

Identidade cultural
O interesse e atenção ao tema da identidade cultural nas ciências sociais não são um
fenômeno recente. Ao longo do tempo, foram formulados inúmeros conceitos e
entendimentos para definila, muitos dos quais diferem radicalmente entre si, quando não
se apresentam contraditórios. As abordagens, preocupações e definições disponíveis
variam de acordo com a tradição de estudo. Cada uma delas buscou formular um
entendimento próprio do assunto que desse conta de seus posicionamentos filosófico e
epistemológico. Assim como a própria definição de cultura, a de identidade cultural é
bastante polêmica e encontra versões mais conservadoras e outras mais liberais.

Sinteticamente, e de maneira recorrente em quase toda a pluralidade de visões


disponíveis, a identidade é entendida como aquilo que posiciona e localiza o indivíduo
frente ao diverso. E a mediação que possibilita estabelecer relações de igualdade e
singularidade, de inclusão e exclusão em meio à coletividade. Um recurso que opera
baseado em sistemas de classificação e atua no sentido de identificar e diferenciar o
sujeito dos demais indivíduos e dele próprio ao longo do tempo. Está vinculada a uma
ideia que é simbólica e a uma prática concreta pelo meio da qual ganha vida (vide
SILVA, 2003).

Na forma como é utilizado, o conceito de identidade parece consensual. De fato, a sua


função se aproxima em grande parte das tradições de estudo disponíveis: serve para
classificar, incluir e excluir. A forma de defini-lo, porém, é bastante diversa e, por se
tratar de uma importante ferramenta de poder, há uma grande disputa acerca da
hegemonia de seu entendimento. A partir de uma ampla sistematização dos estudos
sobre cultura proposta por Cuche (2002), na qual o autor descreve as diferentes
maneiras pelas quais a identidade tem sido interpretada, podemos propor uma divisão
das concepções mais significativas em dois grandes blocos.

De um lado estariam as mais conservadoras que podem ser denominadas de


essencialistas. Essas têm uma percepção fixa da identidade que, nesse caso, seria uma

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condição imanente ao indivíduo, fundamentada em um elemento específico inerente a
ele a partir do qual sua marca individual ou de grupo se revelaria. “Visto desta maneira,
a identidade é uma essência impossibilitada de evoluir e sobre a qual o indivíduo ou o
grupo não tem nenhuma influência” (CUCHE, 2002:178). Variando de acordo com o
autor e a época, o elemento que determina essa essência e, portanto, a identidade do
indivíduo recebe fundamentações diversas.

Podem estar baseadas em conceitos biológicos, destacando-se a hereditariedade, a raça,


a cor, a etnia e o gênero; históricos, enfatizando o Estado Nação, a história nacional, a
religião ou o sistema de produção; ou mesmo ambientais, admitindo-se a influência do
clima; entre outras. Para os essencialistas, independente das relações criadas pelos
indivíduos no cotidiano, a identidade de um sujeito seria determinada por uma
característica objetiva que transcende a sua possibilidade de interferência. Alegando
uma neutralidade pseudocientífica, os essencialistas pretendem se desprovidos de
ideologia e preconceito. No entanto, a naturalização da identidade e sua interpretação
como algo imanente caracteriza estas como sendo as mais perigosas análises da
identidade, explicações supostamente objetivas para o racismo, sexismo e outras
discriminações.

No lado oposto está a corrente de análise que privilegia a dimensão da construção social
da identidade, podendo também ser denominada de relacionai. “A identidade é um
significado - cultural e socialmente atribuído” (SILVA 2003:89). Nesse caso, está
descartada a existência de qualquer elemento inato para defini-la. É entendida como um
processo simbólico, uma teia de significados que se constrói no interior das relações
sociais. É o resultado da eleição e articulação de elementos diversos diante das
diferentes situações de vida experimentadas pelos sujeitos. A identidade seria o
posicionamento resultante, um sentido negociado no interior do universo cultural e
simbólico do indivíduo e do grupo. É contingente, passível de mudanças e posições
múltiplas. A identidade não se dá a priori da vida social, mas através desta. Em cada
contexto social experimentado pelo sujeito em que há novas relações, há uma nova
articulação e novas posições-de-sujeito. Portanto, uma configuração diferenciada da
identidade.

Hall (2003:109) explica que “é precisamente porque as identidades são construídas


dentro e não fora do discurso que nós precisamos compreendê-las como produzidas em

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locais históricos e institucionais específicos, no interior de formações e práticas
discursivas específicas, por estratégias e iniciativas específicas.” É com base nessa
concepção relacional que pretendemos analisar as transformações contemporâneas da
identidade.

A identidade só pode aparecer em uma relação, a partir da marcação das diferenças.


Isoladamente não possui significado algum. Depende de um contraponto, de um
processo de diferenciação, de separação, de ruptura para ganhar significação. Depende
do outro. As identidades só podem se afirmar por aquilo que não são. “Acima de tudo, e
de forma diretamente contrária àquela pela qual elas são constantemente invocadas, as
identidades são construídas por meio da diferença e não fora dela” (HALL, 2003B). As
identidades e a divisão dos sujeitos por elas não são práticas neutras, estão permeadas
por conflito e negociação. Nesse sentido, a identidade é também uma questão de poder,
de política.

A Identidade cultural e a modernidade


Se é verdade que no mundo globalizado a questão da identidade cultural atinge um novo
status, não há dúvida de que foi com a consolidação da filosofia moderna e a
consequente emancipação do sujeito que emergiu como problemática. Isso porque nas
sociedades pré-modernas, os indivíduos estavam atrelados a uma realidade mítica
totalizante regida pela força Divina. Não existiam enquanto pessoas a não ser pela
partilha da religião. Não possuíam livre arbítrio e, se todos eram iguais pela criação, a
identidade não era uma questão. Vinculada à religião, à fé, ao mito, aquilo que podemos
chamar de identidade pré-modema era antes de tudo a condição de reconhecimento da
existência.

No pensamento religioso é apenas pela filiação a Deus que há a igualdade e, portanto, o


reconhecimento mútuo. Não há diversidade cultural, não existe espaço para a diferença.
Todos são iguais perante o Criador e aqueles que não partilham das mesmas crenças,
que não são irmãos, não podem ser humanos. Era através dos ritos de iniciação
religiosa, como o batismo católico, que se dava identidade religiosa e reconhecia
socialmente um indivíduo. Ao ser introduzida na religião, a pessoa era introduzida
também no mundo dos homens. Essa é a concepção que se evidência, por exemplo, na
colonização da América quando se falava que os índios eram selvagens e só se
tornariam humanos se fossem batizados. A identidade religiosa é o que possibilita o
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reconhecimento da condição humana e nela não há espaço para a diferença. (CUCHE,
2002).

É na modernidade, através dos processos de secularização do conhecimento e daquilo


que Hegel denomina de princípio da subjetividade, que vai aparecer a noção de sujeito e
consequentemente a de identidade. O homem liberta-se da tutela do mito para se tornar
um sujeito centrado, dotado da capacidade de raciocínio e reflexão, capaz de agir e
interferir no mundo que o cerca (HABERMAS, 1990). Se na esfera do mito a condição
de existência é a partilha dos valores religiosos, com o desenvolvimento do pensamento
moderno há a universalização do homem enquanto conceito. Penso logo existo. Todos
os homens tornam-se iguais em princípio pelos atributos de racionalidade e arbítrio que
lhe são característicos. Nesse contexto, a fé passa a ser não mais a condição da
existência, mas um elemento de demarcação da diferença. Na modernidade, a cultura e
os modos de vida são mediações da diferença entre os iguais.

No entanto, se há o reconhecimento da igualdade entre os homens e a identidade passa a


demarcar as diferenças, os princípios da racionalidade e do progresso passam a reger um
ideal de sociedade, um ideal determinado de cultura. O Iluminismo vai conceber a
cultura em um sentido único oposto à tradição (ORTIZ, 2003). A cultura autêntica na
concepção moderna orienta-se a partir da razão, da técnica e da ciência e busca a
superação dos limites humanos e o controle total da natureza. Desvincula-se do passado
projetando-se ao futuro. Quanto mais presa às tradições e ao mito e, portanto, mais
distante desta cultura académica iluminada está mais primitiva é uma sociedade. A
identidade cultural moderna idealizada pelo Iluminismo é aquela marcada pelo
cosmopolitismo e pelo universalismo.

Dentro dessa perspectiva, tudo aquilo que afasta os homens dessa cultura universalista é
visto como um sinal de atraso. Quanto mais sustentadas na tradição, mais
desvalorizadas passam a ser as identidades. Com a modernidade, quando todos os
sujeitos são potencialmente iguais, a identidade torna-se pela primeira vez uma questão
de diferença, uma ferramenta de poder e separação. Não mais entre selvagens e homens,
mas entre os cultos e incultos. É aí que passa a ser um princípio organizador
fundamental que classifica as diferenças e posiciona os indivíduos em meio ao coletivo.

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A Identidade Cultural na contemporaneidade
Quando pensamos em globalização temos de estar cientes de que este não é um
processo novo. O início da constituição da aldeia global está ligado ao início da própria
atividade humana que sempre foi marcada pelo desafio de limites territoriais, culturais e
econômicos. No contexto moderno-capitalista isso que poderia ser um reflexo da
natureza dos homens, integrou-se a uma racionalidade, um projeto. Assim, a expansão
dos limites descritos possui outros significados quando inserida em um modelo
econômico - o capitalismo - e sociocultural - a modernidade. O princípio de progresso
em sentido único elaborado e reafirmado pelo discurso e prática da modernidade
iluminista funcionou como a legitimação necessária a um processo de integração
naquilo que Ianni (2001 e 2003) e Ortiz (2003) chamam de modernidade-mundo.
Processo esse que irá se efetuar como internacionalização, irradiada para as periferias a
partir de um centro que dita os padrões econômicos, políticos e culturais em disputa
pela sua hegemonia.

O fator da mudança, que caracteriza a transição entre a modernidade e a globalização é


o rompimento do capital com suas fronteiras, quando o capitalismo passa a integrar o
mundo em um único mercado global e não se irradia mais a partir de um centro, mas
opera de maneira dispersa e integrada por todo o globo. Assim, o fenômeno que aqui é
entendido como sendo a globalização tem início quando o capital autonomiza-se em
relação aos limites dos diversos Estados para atender exclusivamente as exigências de
sua reprodução ampliada. Os centros decisórios são dispersados em empresas e
conglomerados espalhados pelo mundo com a finalidade de atender melhor a
funcionalidade do mercado. O capital triunfante torna-se ele mesmo sua nação. Acima
de fronteiras políticas, culturais, temporais e geográficas dá inicio a uma nova etapa
histórica, pois implica em transformações significativas nas estruturas que
caracterizavam o mundo desde a modernidade.

A partir deste momento, diz Santos (2002:11), “as realidades são outras e os sistemas de
relações que elas presidem são nitidamente novos. O próprio processo de
internacionalização agora tem direito a outro nome. Trata-se de fato de uma
globalização que deixa de ser uma simples palavra para tomar-se um paradigma do
conhecimento sistemático da economia, da política, da ciência, da cultura, da
informação e do espaço.” A globalização opera a partir da economia, mas torna-se um
paradigma para pensarmos o mundo contemporâneo.

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Com os processos de globalização e mundialização da cultura, a figura do Estado Nação
perde importância como instituição reguladora das trocas econômicas e culturais. Ao
diminuir seu papel como mediador dessas relações, perde também, significação como
espaço de representação capaz de sustentar identidades. No mundo global as identidades
nacionais entram em crise na medida em que as culturas nacionais já não se efetivam
como espaço de representação das diferenças ou das singularidades. É essa profunda
crise da identidade nacional que tem sido confundida com uma crise da própria
identidade. Como vimos, as identidades não são algo concreto, motivadas por uma
essência, nem limitam-se a apenas uma de suas facetas, a nacional. As identidades
nacionais tratam-se na verdade de um produto da modernidade, a resposta histórica
dessa à problemática da identidade. As identidades são discursos, construções
simbólicas que só ganham sentido por meio da representação. Assim, a grande questão
para pensar a identidade cultural no mundo contemporâneo é saber se existem espaços
de representação capazes de sustentar identidades culturais com a crise do Estado Nação
e indagar de que forma essas poderiam se materializar.

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Conclusão
Para terminar, convém salientar que, na era da globalização as pessoas já não vivem de
forma isolada, uma vez que ela (globalização) esta presente em quase todas as esferas
da sociedade e os indivíduos tendem a manter relações ou contacto com outros países
com o intuito de partilhar conhecimentos, hábitos e costumes entre outros, mas, há
quem usa essa condição para ditar as regras de convivência, ditando as formas de vestir,
de pensar, de agir, entre outros.

Na dinâmica do mundo global, o discurso da identidade imaginada na nação como


projeto de progresso perde poder de significação e representação e é fragmentado em
outros discursos como o da negritude, do esporte e da sexualidade sustentados nas
práticas cotidianas. A adesão dispersa a esses discursos acaba por criar uma comunidade
distanciada fisicamente, mas que se aproxima através do consumo e da partilha de um
mesmo imaginário e comportamento.

Levar para a esfera do consumo a representação das identidades no mundo global não é
a fetichização dessa, mas a possibilidade de manifestá-la em um mundo em que a
circulação de idéias e produtos é vertiginosa e os universos culturais e as comunidades
imaginadas se transformam com extrema rapidez. É o mundo do consumo que oferece
respostas rápidas a uma possível flutuação das identidades e, devido ao seu alcance
ampliado, possibilita a construção da identidade e da diferença na partilha de uma ou
mais comunidades (sempre imaginadas), ainda que em distância, ainda que
desterritorializadas.

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Referências Bibliográficas
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