Você está na página 1de 24

Globalização e identidade cultural

Apresentação
A globalização pode ser definida como um processo econômico e social que estabelece a
integração entre países e pessoas no mundo inteiro. Esse fenômeno está relacionado diretamente à
evolução tecnológica e ao desenvolvimento das formas de comunicação. Atualmente, é a
globalização que facilita as trocas culturais e a expansão de culturas locais.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o que é um cenário globalizado e como ele
influencia na formação da identidade cultural. Além disso, você poderá compreender como
acontece a projeção global de uma cultura local e como o fenômeno da globalização influencia na
valorização da identidade cultural relacionada à arquitetura e ao artesanato.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar a formação da identidade cultural no cenário globalizado.

• Analisar a disseminação das características culturais: do local para o global.

• Reconhecer a influência da globalização na formação e na manutenção da identidade cultural


relacionada ao artesanato e à arquitetura.
Infográfico
Globalização é o processo de aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes por
todo o mundo. Esse fenômeno é muito abrangente e complexo e, por isso, pode ser dividido em
vários tipos.

Neste Infográfico, você conhecerá os diferentes tipos de globalização.


Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
Globalização é um termo elaborado na década de 1980 para descrever o processo de intensificação
da integração econômica e política internacional. Ela é marcada pelo avanço nos sistemas de
transporte e de comunicação. A globalização está diretamente relacionada ao advento e ao avanço
de diversas tecnologias, à criação de novas manifestações culturais e, consequentemente, contribui
para a formação de identidades.

No capítulo Globalização e identidade cultural, da obra Artesanato e cultura brasileira, você poderá
entender a relação entre a globalização e a formação da identidade, como esse fenômeno colabora
para a internacionalização da cultura e influencia a valorização da arquitetura e do artesanato local.

Boa leitura.
ARTESANATO E
CULTURA
BRASILEIRA

Vanessa Guerini Scopell


Globalização e
identidade cultural
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar a formação da identidade cultural no cenário globalizado.


 Analisar a disseminação das características culturais: do local para o
global.
 Reconhecer a influência da globalização na formação e na manuten-
ção da identidade cultural relacionada ao artesanato e à arquitetura.

Introdução
A globalização é um fenômeno que marca o século XXI. Ela é caracteri-
zada pela aceleração das relações e pelo desenvolvimento de redes de
troca de produtos, serviços e informações. Por meio da globalização, é
possível ter acesso facilitado tanto a informações como a culturas das mais
diversas partes do mundo sem precisar se deslocar fisicamente. Assim,
a globalização influencia muito a formação de identidades culturais.
Neste capítulo, você vai estudar o fenômeno da globalização e verificar
a sua contribuição para a disseminação das culturas e a consequente
formação da identidade cultural. Além disso, você vai ver os pontos
positivos e negativos desse cenário e entender como ocorre a projeção
de culturas locais no âmbito global.

O cenário globalizado e a formação da


identidade cultural
Atualmente, a globalização, o avanço das tecnologias, as novidades merca-
dológicas e o cenário de desenvolvimento levam a uma reflexão: como tudo
isso interfere nas formas de adquirir e entender a cultura e as identidades
culturais? As identidades culturais, segundo Rodrigues (2019), são um assunto
2 Globalização e identidade cultural

complexo e que está constantemente presente na área das ciências sociais.


Veja o que o autor afirma:

De forma geral, entende-se por identidade aquilo que se relaciona com o


conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si mesma e sobre
tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir
de determinadas fontes de significado que são construídas socialmente,
como gênero, nacionalidade ou classe social, e que passam a ser usadas pelos
indivíduos como plataforma de construção de sua identidade (RODRIGUES,
2019, documento on-line).

Assim, a identidade cultural está relacionada à construção da identidade


de cada pessoa diante do contexto cultural que experimenta: “A identidade
cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como
nos posicionamos em relação a ele [...]” (RODRIGUES, 2019, documento on-
-line). Sousa (2019, documento on-line) ainda acrescenta o seguinte:

A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios


simbólicos historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de
determinados valores entre os membros de uma sociedade. Sendo um conceito
de trânsito intenso e tamanha complexidade, podemos compreender a cons-
tituição de uma identidade em manifestações que podem envolver um amplo
número de situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos.

Como você pode notar, é possível alterar e desenvolver a identidade cultural,


na medida em que o ser humano vive, conhece e adquire novas experiências.
Sousa (2019) ainda acrescenta que a identidade cultural é formada na medida em
que as pessoas projetam suas particularidades e internalizam o mundo exterior.
A identidade cultural está diretamente relacionada ao espaço externo. Por
isso, o cenário atual tem um papel fundamental nas identidades culturais.
Atualmente, em virtude da globalização, o ritmo do dia a dia e a rotina de
trabalho estão cada vez mais acelerados. As pessoas recebem informações
e estímulos sensoriais o tempo todo, com alta velocidade e grande volume.
Nesse cenário de processos instantâneos, o tempo e o espaço vão adquirindo
novos significados: “O volume e a velocidade das informações em circulação
afetam decisivamente o universo cultural da humanidade, produzindo mutações
no comportamento dos indivíduos e das comunidades. Todos se perguntam
como sobreviver num panorama tão caótico e ao mesmo tempo tão excitante
[...]” (MELO, 1998, p. 21).
Tigueiro (2019) destaca que a atualidade é marcada por mudanças profundas
na forma de manifestação e entendimento da cultura, principalmente pelo fato
Globalização e identidade cultural 3

de que não há mais espaço para teorias lineares. O mundo atual é marcado
pela pluralidade nos mais variados aspectos. Isso, segundo o autor, cria novas
referências para as pessoas. Além disso, para ele,

A globalização é um fenômeno irreversível, a sociedade tem que encontrar


o caminho certo da convivência com a nova realidade que se aproxima. Sem
dúvida, o século XX ficará marcado na agenda histórica como a época das
grandes transformações geopolíticas, socioeconômicas, tecnológicas, da
globalização, da comunicação e das culturas [...] (TIGUEIRO, 2019, docu-
mento on-line).

Furtado (1998, p. 26), economista, afirma o seguinte com relação ao cenário


globalizado:

Neste fim de século prevalece a tese de que o processo de globalização dos


mercados há de se impor no mundo todo independentemente da política que
este ou aquele país venha a seguir. Trata-se de um imperativo tecnológico,
semelhante ao que comandou o processo de industrialização que moldou a
sociedade moderna nos dois últimos séculos.

É importante você notar que a identidade cultural, por muito tempo, não
foi pensada a fundo. Contudo, conforme a sociedade foi se desenvolvendo e se
modernizando, começou a haver uma preocupação a respeito de como esses
avanços tecnológicos poderiam influenciar a criação da identidade cultural.
Segundo Sousa (2019), nesse contexto, a maioria dos pesquisadores defendia
a preservação total das tradições culturais. Segundo esses pesquisadores mais
conservadores, a globalização dificulta a formação de identidades culturais
sólidas, principalmente pela pluralidade de manifestações que apresenta,
fazendo com que ao mesmo tempo nada seja, de fato, cultura.
Porém, existe outra corrente, mais atualizada, que acredita que o desen-
volvimento tecnológico possibilita a elaboração de novos conceitos sobre a
identidade cultural. Para essa corrente, como está “[...] muito em voga com
o desenvolvimento da globalização, a identidade cultural não pode ser vista
como sendo um conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o indivíduo
e a coletividade da qual ele faz parte [...]” (SOUSA, 2019, documento on-line).
Um dos autores que defende a relação entre globalização e identidade cultural
é Canclini (1981). Ele acredita que as identidades não devem ser pensadas
como um patrimônio a ser preservado, mas que as modificações na sociedade
permitem a formulação de novas identidades. Considere ainda o que afirma
Sousa (2019, documento on-line):
4 Globalização e identidade cultural

Com esses referenciais, antigos problemas que organizavam os estudos cul-


turais perdem a sua força para uma visão de natureza mais ampla e flexível.
A antiga dicotomia que propunha a cisão entre “cultura popular” e “cultura
erudita”, por exemplo, deixa de legitimar a ordenação das identidades por meio
de pressupostos que atestavam a presença de esferas culturais intocáveis em
uma mesma sociedade. Além disso, outras investigações cumpriram o papel
de questionar profundamente o clássico conceito de aculturação.

Assim, a globalização afeta tanto positiva quanto negativamente as iden-


tidades culturais. No sentido negativo, ela faz com que a cultura se perca,
na medida em que as pessoas evitam visitas aos lugares físicos, preferindo
os virtuais. Além disso, as pessoas evitam a participação em eventos menos
tecnológicos, limitando as suas possibilidades de experimentar culturas eru-
ditas. Já os aspectos positivos da globalização envolvem a facilidade de acesso
às mais diferentes culturas de forma rápida e democratizada — por meio da
internet, por exemplo.
É importante você ter em mente que o mundo globalizado é a realidade
atual. Portanto, é preciso considerar esse contexto e aliá-lo à formação das
identidades. A ideia é evitar os aspectos negativos na medida em que a valori-
zação dos patrimônios seja mantida e divulgada. Nesse contexto, os elementos
tecnológicos podem servir para que as culturas não se percam. Além disso, as
culturas podem ser menos rígidas, possibilitando novos tipos de manifestações.

Quando se fala em cultura e identidade cultural, é importante compreender que a


cultura não se perde e que a identidade cultural pode ser desenvolvida ao longo do
tempo, a partir do envolvimento e das experiências de cada pessoa. Assim, a cultura
não é algo fixo ou imutável, mas se molda de acordo com as experiências que as
pessoas têm em sociedade.
Autores como o polonês Zygmunt Bauman acreditam que a cultura é tão flexível
que pode ser comparada à água, que está sempre mudando de forma. Para Bauman,
a “liquidez social” ocorre por meio de vários processos, como o de aculturação. A
aculturação acontece quando duas ou várias sociedades de culturas diferentes travam
contato e convivem com suas diferenças.
Fonte: Rodrigues (c2019).
Globalização e identidade cultural 5

Disseminação da cultura: do local para o global


A globalização está cada vez mais enraizada na sociedade e continua promovendo
intensas mudanças sociais. No campo da cultura, isso também está ocorrendo
de diferentes maneiras. Gioielli (2004) afirma que, de um lado, existe a disse-
minação da cultura por meio da mundialização e, do lado oposto, a valorização
da cultura local por meio do resgate das tradições e das particularidades de cada
manifestação cultural. Segundo o autor, diante desse cenário, é necessário refletir
sobre os diversos processos relacionados à formação da identidade cultural no
mundo contemporâneo: “Se durante toda a modernidade as identidades estive-
ram protegidas no interior das diversas culturas locais, com a consolidação do
mundo global estão sendo questionadas e movimentadas em busca de novas
configurações [...]” (GIOIELLI, 2004, documento on-line). Assim, a disseminação
da cultura atual se encontra em um fluxo global, pois a globalização acabou
ampliando as trocas e as redes de construção de significado. Veja:

Com isso, aquela que era a configuração hegemônica da identidade cultural


durante toda a modernidade, a local, entrou em uma forte crise de significação,
o que tem transformado decisivamente as percepções dessa questão. Dizer
que um sujeito é brasileiro, inglês ou japonês já não diz muito no mundo
global. Sabe-se que no interior de cada nação, ou perpassando por várias
delas, há outras redes de significado sustentando outras posições de sujeito
que se apresentam mais relevantes (GIOIELLI, 2004, documento on-line).

Como você pode notar, o que antes era uma cultura local, particular e
enraizada, com o advento da globalização acaba transpassando limites e se
projetando globalmente. Seja pela propaganda, pelos meios virtuais ou devido à
rapidez de divulgação de informações, os costumes de um povo, uma edificação
ou até mesmo os eventos culturais são projetados mundialmente com grande
facilidade. Assim, “O que se observa é que a identidade, ao romper com sua
faceta nacional, vive um momento rico de experimentações, hibridizações e
fragmentações, o qual vem pluralizando as suas configurações [...]” (GIOIELLI,
2004, documento on-line).
Segundo Gioielli (2004), há atualmente um processo de reconstrução de
identidades que ocorre por meio da disseminação de novas culturas. Nesse
contexto, os modelos tradicionais precisam ser revistos, pois já não são su-
ficientes para abrigar as variedades de gostos, estilos e manifestações da
6 Globalização e identidade cultural

atualidade. Gioielli (2004) ainda destaca que o cenário globalizado permite


novas interações e a criação de contextos em que as pessoas podem se assumir
e se afirmar diante da sociedade, independentemente de estarem em acordo
ou não com uma cultura enraizada.
Canclini (1981) acredita que a projeção das culturas locais para um campo
global colabora para se redescobrirem particularidades e diferenças de cada
local. Como afirma Souza (2019, documento on-line),

O processo de globalização estabelece uma nova relação entre as culturas


locais e a cultura global. A disseminação da cultura mundializada influencia
os padrões de comportamento, provocando uma valorização da tradição e
um fortalecimento dos regionalismos manifestos na identidade cultural [...].

Para Hall (2003, p. 50), “[...] uma cultura local é um discurso — um modo
de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a
concepção que temos de nós mesmos [...]”. Diante disso, cada cultura local e
nacional apresenta elementos simbólicos que são projetados globalmente e
impressos em uma sociedade moderna. Segundo Ortiz (2003), a disseminação
da cultura não se dá de forma homogênea nem única. Ela ocorre por meio de
uma reconstrução em que os sentidos se misturam, formando novas relações.
Assim, a disseminação da cultura do local para o global apresenta dois
aspectos. De um lado, a fácil propagação da cultura possibilita estudar e
conhecer os mais variados hábitos culturais de diversas partes do mundo,
como a culinária, a língua, a arte, a música e as vestimentas. O que ocorre não
é somente o acesso a essas informações, mas também o compartilhamento
delas de forma rápida e fácil. O outro lado, porém, demonstra que é importante
atentar para que esses novos padrões não excluam as manifestações locais a
ponto de elas se perderem na história. Considere ainda que

A mídia, dentro dessa perspectiva, aparece como aparato facilitador e assu-


me o papel de disseminar os objetivos desse novo paradigma de sociedade.
São os meios através dos quais as informações em todas as suas dimensões
são transmitidas e perigosamente controladas por um grupo a partir de seus
interesses [...] (LIMA; NASCIMENTO: FARIAS, 2016, documento on-line).

Para Hall (2003), o que acontece nesse momento de reconstrução da cultura


é um processo denominado “tradução”. O autor acredita que hoje há um cenário
em que cada pessoa ou grupo pode ressignificar ou se apropriar de novas
culturas, mantendo como base as manifestações tradicionais. Assim, parece
Globalização e identidade cultural 7

interessante a ideia de que é na partilha desses universos culturais plurais, vistos


aqui como espaços de representação, que estão surgindo novas comunidades
e sendo sedimentadas as identidades contemporâneas. Na mídia, nas redes de
computadores, na publicidade e na moda circulam e são formados ambientes
culturais que sustentam práticas de vida, comportamentos, pensamentos e
gostos. É por meio do acesso aos bens materiais e simbólicos e do seu consumo
por públicos específicos que essas práticas parecem ganhar forma como as
novas comunidades do mundo global (GIOIELLI, 2004).

No processo de globalização, os mercados de diferentes países e regiões interagem


entre si, aproximando mercadorias, informações e pessoas. Costumes, tradições,
comidas e produtos típicos de determinada localidade passam a estar presentes em
outros lugares totalmente diferentes. A quebra de fronteiras gerou uma expansão
capitalista. Assim, foi possível realizar transações financeiras e expandir negócios. Os
principais fatores que caracterizam a formação da globalização são: a economia, a
cultura e a informação. A seguir, você pode conhecer melhor os principais tipos de
globalização (TIGUEIRO, 2019).
 Globalização econômica: o surgimento dos blocos econômicos — países que se
juntam para fomentar relações comerciais, como é o caso do Mercosul e da União
Europeia — foi resultado desse processo.
 Globalização cultural: a aproximação entre as diferentes nações do mundo tam-
bém proporcionou a troca de costumes, culturas e tradições típicas. Estas, por sua
vez, passam pelo processo de aculturação, que ocorre quando vários elementos
culturais são misturados, criando uma espécie de mutação das culturas.
 Globalização da informação: o desenvolvimento das tecnologias de informação,
com destaque para o advento da internet, foi o principal responsável pelo surgi-
mento desse tipo de globalização.

A influência da globalização na arquitetura e no


artesanato
A globalização e as suas tecnologias permitem o acesso à cultura das mais
diversas maneiras. No contexto global, não há limites para a formação de
novas identidades culturais, visto que existem diversos meios que facilitam a
retomada da cultura tradicional de forma mais dinâmica e democrática. Para
Santos (2010, p. 172),
8 Globalização e identidade cultural

[...] graças ao progresso fulminante da informação, o mundo fica mais perto


de cada um, não importa onde esteja. O outro, isto é, o resto da humanidade,
parece estar próximo. Cria-se para todos a certeza e, logo depois, a consciência
de ser o mundo e de estar no mundo, mesmo se ainda não o alcançarmos em
plenitude material ou cultural.

Assim como influencia diversas áreas, a globalização também impacta as


áreas da arquitetura e do artesanato. Um dos exemplos, em ambas as áreas,
são os projetos realizados por estrangeiros. As contribuições artísticas de
diferentes procedências trazem novidades aos espaços em que se inserem,
misturando a cultura local com a global.
O Museu do Amanhã (Figura 1) é um exemplo desse tipo de projeto.
Construído na praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, ele foi desenvolvido
por Santiago Calatrava, arquiteto e engenheiro espanhol que já criou obras
em diversas partes do mundo. Apesar de o museu ter sido inspirado na cultura
carioca, explorando a relação entre a cidade e o ambiente externo, seus materiais
e tecnologias demonstram fortemente a contribuição da globalização. Além
disso, esse espaço, que representa a mistura de culturas, pode ser acessado
por grande parte da população e facilita o acesso de todos.

Figura 1. Museu do Amanhã.


Fonte: Xavier (2019, documento on-line).
Globalização e identidade cultural 9

Outro exemplo do efeito da globalização na arquitetura são as visitas vir-


tuais, como a disponibilizada pelo site do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
O Museu Nacional foi um dos mais importantes do Brasil, pois contou com
um acervo de mais de 258 mil itens. Apesar do incêndio no local, que acon-
teceu em 2018 e consumiu alguns dos itens, o tour virtual possibilita reviver
a memória do espaço e conhecer um pouco mais da cultura do País sem sair
de casa. Essa é uma maneira de valorizar esse tipo de manifestação cultural
e colaborar para a formação de identidades.
A globalização possibilita também a criação de diferentes materiais e a
reciclagem. É o que ocorre com o plástico, por exemplo, que é reciclado e está
sendo usado na criação de objetos de decoração e como matéria-prima para o
desenvolvimento de maquetes por meio de impressoras 3D.
O vidro é outro material que simboliza a globalização cultural e aparece
com frequência nas obras da contemporaneidade. Ao longo dos últimos anos,
esse material marcou uma tendência na arquitetura e passou a ser usado nas
mais diferentes regiões do Brasil e do mundo (Figura 2). Porém, o vidro precisa
estar adequado ao clima do local e à orientação solar, a fim de evitar que o
conforto térmico das edificações seja prejudicado por uma tendência global.
Atualmente, já é possível obter vidros inteligentes, termicamente confortáveis
e que conseguem se adaptar a diferentes regiões.

Figura 2. Uso do vidro nas edificações.


Fonte: Schulz (2019, documento on-line).
10 Globalização e identidade cultural

Além disso, com a globalização e a velocidade de obtenção e dissemina-


ção de informações, é possível divulgar os mais variados produtos, tanto de
arquitetura como de artesanato. As plataformas de divulgação incluem as
redes sociais, que a cada dia incorporam mais funções. Por meio da internet,
são criados eventos e divulgadas fotos de produções artísticas, por exemplo.
Assim, a internet possibilita não só a divulgação de culturas, mas também a
venda de produtos e a disseminação de informações sobre a história deles.
Outra facilidade que a globalização trouxe para a área do artesanato são os
programas computacionais, que simplificam o controle do artesão com relação
a produtos, preços, pagamentos, etc. Um exemplo é o Calcularte, um sistema
on-line de gestão de negócios criativos. Essa ferramenta permite ao artesão
controlar o seu pequeno negócio, facilitando o seu dia a dia.
Em um cenário globalizado, não há como não sentir as mudanças ou fugir
delas. O importante é entender que a globalização pode colaborar para difundir
culturas, para criar novas e para valorizar as existentes. Se bem utilizada, a
globalização pode causar impactos positivos e contribuir para a preservação
e a manifestação de culturas.

CANCLINI, N. G. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1981.


FURTADO, C. O capitalismo global. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
GIOIELLI, R. P. Pistas para entender a identidade cultural no contexto da globalização.
Novos Olhares, São Paulo, ano 7, n. 14, p. 12-22. 2. sem. 2004. Disponível em: http://
www.revistas.usp.br/novosolhares/article/view/51401/55468. Acesso em: 06 maio 2019.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
LIMA, L. P.; NASCIMENTO, R. G.; FARIAS, W. S. Influência da globalização nos hábitos
culturais: aprendizadem significativa a partir da relação teoria-prática. In: ENCONTRO
INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, 8., 2016, Lima. Anais [...]. Lima:
[s. n.], 2016. Disponivel em https://eventos.set.edu.br/index.php/enfope/article/
viewFile/2106/800. Acesso em: 08 maio 2019.
MELO, J. M. Teoria da comunicação: paradigmas latino-americanos. Petrópolis: Vozes,
1998.
MUSEU NACIONAL. Revisite o Museu Nacional antes do incêndio com este passeio virtual
produzido pela Google. [2019]. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/907698/
revisite-o-museu-nacional-antes-do-incendio-com-este-passeio-virtual-produzido-
Globalização e identidade cultural 11

-pela-google/5c129cf308a5e58aba000453-revisite-o-museu-nacional-antes-do-
-incendio-com-este-passeio-virtual-produzido-pela-google-imagem. Acesso em:
06 maio 2019.
ORTIZ, R. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 2003.
RODRIGUES, L. O. Identidade cultural. [2019]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.
br/sociologia/identidade-cultural.htm. Acesso em: 06 maio 2019.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.
Rio de Janeiro: Record, 2010.
SCHULZ, M. 16 materiais que todo arquiteto precisa conhecer. [2019]. Disponível
em: https://www.archdaily.com.br/br/802303/16-materiais-que-todo-arquiteto-
-precisa-conhecer/5851deace58ece5511000082-16-materials-every-architect-nee-
ds-to-know-and-where-to-learn-about-them-photo. Acesso em: 06 maio 2019.
SOUSA, R. G. Identidade cultural. [2019]. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.
uol.com.br/sociologia/identidade-cultural.htm. Acesso em: 06 maio 2019.
SOUZA, M. Globalização e revalorização da identidade cultural. [2019]. Disponível em:
https://www.sbec.fe.unicamp.br/sites/www.sbec.fe.unicamp.br/files/trab19.doc. Acesso
em: 06 maio 2019.
TIGUEIRO, O. M. Globalização e identidade cultural: o impacto da televisão numa co-
munidade rural paraibana (Nordeste do Brasil). [2019]. Disponível em: http://www.
portcom.intercom.org.br/pdfs/062c5dc680eb0b76378d703462efefd8.PDF. Acesso
em: 06 maio 2019.
XAVIER, G. Museu do Amanhã. [2019]. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/
br/785756/museu-do-amanha-santiago-calatrava/570d80cbe58ecef2f40000f4-mu-
seum-of-tomorrow-santiago-calatrava-photo. Acesso em: 06 maio 2019.
Dica do professor
A globalização apresenta pontos positivos e também aspectos negativos que precisam ser
cuidadosamente analisados para que não prejudiquem nem apaguem as manifestações tradicionais
de cultura local.

Nesta Dica do Professor, você verá algumas características sobre a globalização e como usá-la a
favor na formação de identidades culturais.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Na prática
A globalização é um processo que facilita a divulgação das culturas e, com isso, possibilita que
costumes de determinadas regiões do mundo passem a ser incorporados em outros locais.

Na Prática, veja um exemplo de elemento arquitetônico que pode ser incorporado em edificações
de outras regiões.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Segregação urbana em 6 fotografias: desigualdade vista de cima


O fenômeno da globalização também causa mudanças na essência das cidades e traz alguns pontos
negativos para o contexto urbano. Nesta reportagem, leia mais sobre o assunto.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

A globalização da arquitetura
A arquitetura é uma área que cada vez mais sofre influência da globalização e, a partir disso, vem
mudando suas visões e conceitos de trabalho. Saiba mais nesta matéria.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

O que é globalização?
A globalização apresenta diferentes características e influencia a formação de identidades na
atualidade.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar