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Gestão e comunicação

intercultural
UFCD 8018
Gestão Intercultural vs Globalização

A globalização e o consequente desenvolvimento das tecnologias acentuaram a possibilidade de deslocação de empresas e pessoas.

No mundo globalizado, as multinacionais passaram a fazer parte dos tecidos empresariais locais e as equipas de trabalho passaram, em muitos casos, a
ser compostas não só por indivíduos locais mas também por colegas de outros países.

Assim sendo, a língua, a cultura e a comunicação intercultural passaram a ter um papel relevante pois passou a ser necessário uniformizar práticas entre
empresa mãe e subsidiárias, assim como ter em atenção possíveis diferenças culturais entre a cultura de partida e a cultura de chegada.
1. Definições e conceitos de Globalização
«A typical American yuppie drinks French wine, listens to Beethoven on a Japanese audio system, uses the Internet to buy Persian
textiles from a dealer in London, watches Hollywood movies funded by foreign capital and filmed by a European director, and vacations in
Bali; un upper-middle Japanese may do the same. A teenager in Bangkok may see Hollywood movies starring Arnold Schwarznegger (an
Austrian), study Japanese, and listen to new pop music from Hong Kong and China, in addition to the Latino Singer Ricky Martin. Iraq's
Saddam Hussein selected Frank Sinatra's "My Way" as theme for his fifty-four birthday» (Cowen, 2002: 4)
1. Definições e conceitos de Globalização
A palavra «Globalização» é talvez uma das palavras- chave do atual século.

Apesar da noção de «Aldeia Global», premonição da globalização atual, ter sido avançada por Marshall McLuhan nos anos 70 do século passado, o século
XXI afigura-se cada vez mais como a personalização desse conceito na sua expressão máxima.

Sem dúvida que nos últimos anos «Globalização» é uma das palavras que mais pontua os discursos ligados às tecnologias, empreendedorismo, gestão,
comunicação e línguas entre muitas outras áreas.
1. Definições e conceitos de Globalização

Refere Anthony Giddens (2000) «A globalização é política, tecnológica e cultural, além de


económica. Acima de tudo, tem sido influenciada pelo progresso nos sistemas de comunicação
registado a partir de final da década de 1960 [do século XX]» (Giddens, 2000: 22).

Por um lado, a globalização trouxe consigo novos atores internacionais, como é o caso das
multinacionais e dos grupos de comércio internacional e a possibilidade de expansão para
outros mercados assim como o uso de novos instrumentos de comunicação e novos paradigmas
de gestão.
1. Definições e conceitos de Globalização

Contudo, para muitos, a globalização acolhe um sem número de críticas que a apontam como
um dos fatores para a ocorrência de crises económico-sociais e como um fenómeno que terá
consequências pouco equilibradas no futuro.

Para Nestor Garcia Canclini (1997), a globalização é responsável por uma maior dependência
económica e também por uma maior convergência e centralização económicas que podem
barrar todo e qualquer esforço das pequenas empresas enfrentarem as multinacionais nas
questões mais relevantes para uma economia e comércio justos
O fim da Globalização?
1. Definições e conceitos de Globalização

Devido à centralização da economia, os Estados-Nação perdem força e dá-se um consequente


afastamento das pessoas da vida pública, fragilizando ainda mais a ideia de Nação.

Outro ponto causador de divergências, é o facto de esta não ser homogénea. Como refere
Pieterse (2009), a globalização contemporânea exclui a maioria da humanidade «[...] the
majority of Africa, Asia and Latin America who are excluded from life in the fast lane, from the
"interlinked economies" of the "Triad Zone".
1. Definições e conceitos de Globalização
A globalização carrega muita controvérsia, contudo, é inegável que também aproximou o mundo e existe uma
opinião consensual em torno de alguns tópicos:

O primeiro dos quais é a importância da expansão e desenvolvimento das comunicações para a consequente
expansão da Democracia. Veja-se o exemplo da Primavera Árabe ou das manifestações que decorrem na Turquia
desde Junho de 2013.

Refere Anthony Giddens que «[D]esde meados dos anos 70, o número de democracias mais do que duplicou.»
(Giddens, 2000: 71).

Os recentes desenvolvimentos das redes sociais e o papel que ocupam na vida pessoal de cada um, veio provar o
seu poder.

As pessoas utilizam os novos meios de comunicação para expressarem a sua opinião, constituírem grupos com
interesses comuns, planearem manifestações.
1. Definições e conceitos de Globalização

A cidadania está mais aberta e mais ativa.

Encontra-se menos politizada mas há um maior envolvimento dos cidadãos em grupos de ajuda mútua, voluntariados e outro
tipo de associações.

Segundo Giddens (2000), neste cruzamento com as novas tecnologias, os mediatradicionais assumem um duplo papel: por um
lado funcionam globalmente sendo por isso uma forte e poderosa força de democratização. Por outro, são também o palco da
vulgarização e da personalização de opiniões, conseguindo esgotar um assunto até à exaustão, explorando todos os pontos de
vista e opiniões que possam existir sobre determinado tema; destroem o espaço público de debate.

Outro dos consensos da globalização, e novamente como resultado da expansão das novas tecnologias de comunicação, é a
aproximação de pessoas. «Taking a long view, globalization and migration are twin subjects.» (Pieterse, 2009:34).
1. Definições e conceitos de Globalização

Esta aproximação tem várias consequências negativas e positivas, sendo a primeira delas o
reaparecimento de movimentos nacionalistas e racistas assim como a existência de um
«[...]permanent state of alert [...]» (Bauman, 2011: 57) motivado tanto por esses movimentos como
pelos média que faz com que por exemplo «[...] 27 per cent of Portuguese have declared that
neighbourhoods infested with crime and foreigners are their main worry [...]» (ibidem: 56).

É neste contexto - Globalização - que surge a importância da gestão intercultural como ferramenta
para melhor perceber o outro e aprender a lidar com as diferenças e semelhanças.

·
2.Cultura

“A cultura pode ser descrita como o


conjunto de valores, crenças,
comportamentos, hábitos e atitudes
que distinguem uma sociedade. A
cultura de uma sociedade proporciona
aos seus membros soluções para
problemas de adaptação externa e
integração interna”. (Ying Fan, 2000)
2. Cultura - O poder transformador da Cultura
2.Cultura

O homem é por natureza um ser social:


- Não consegue privar-se de estar/comunicar em sociedade
- Necessita de participar activamente em grupos

família, amigos, profissional...


2.Cultura
Partilham um sistema de códigos e padrões (idioma,
valores, crenças…)

Cultura
2.Cultura

O conceito moderno de cultura foi introduzido em 1871 por Edward Burnett Tylor
(Antropólogo Britânico):

“A cultura ou civilização, entendida no seu sentido etnográfico amplo, é o conjunto


complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, o
costume e toda a demais capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto
membro de uma sociedade.”
2.1 - O que é a nossa Cultura Nacional?
2.2 Identidade Cultural VS Diferenças Culturais

- Raça
- Idioma
- História
- Religião
- Valores
- Herança
- Etnia
2.CULTURA E COMUNICAÇÃO

- «A cultura comunica como uma linguagem»


- As categorias que o indivíduo adquire em resultado da sua educação
fornecem-lhe um meio de introduzir ordem no seu universo local, através da
socialização.
- O ser humano é um ser altamente social. Uma prova disso é a sua constante
necessidade de comunicar.
3. INTERCULTURALIDADE

Intercultural

1. Relativo às relações ou trocas entre culturas.


2. Que se estabelece entre culturas diferentes.
3.INTERCULTURALIDADE

“A complexidade e multiculturalidade são fenómenos


intrinsecamente ligados ao mundo dos dias de hoje, onde a
globalização, migração, minorias e tentativas de hegemonia
são realidades efectivas.”
3.1 - Interculturalidade VS Globalização

“A globalização é o processo pelo qual determinada condição ou


entidade local estende a sua influência a todo o globo e, ao fazê-lo,
desenvolve a capacidade de designar como local outra condição social
ou entidade rival.”
Boaventura Sousa Santos
PORTUGAL E O MUNDO: UM DESÍGNIO INTERCULTURAL?

Análise de artigo
Eixos definidores da interculturalidade

- Identidade
- Homogeneidade
- Diversidade
(Através da educação e das instituições e agentes dos meios de
desenvolvimento. )
Valores da interculturalidade

- Paz
- Cidadania
- Direitos humanos
- Igualdade
- Tolerância
- Educação multicultural
Interculturalidade VS Integração

A interculturalidade visa não apenas a formação mas também a


integração dos grupos no todo social.
Consequências Negativas

- Choques culturais
- Dificuldades de integração
- Conflitos
- Rejeição/ Exclusão
- Solidão
- Atitude defensiva
Consequências Positivas

- Desenvolvimento socio-económico
- Respeito pela dignidade e personalidade dos outros
- Enriquecimento cultural/pessoal
- Aculturação
- Inclusão
CONCLUSÃO
As diferenças culturais geram consequências negativas e positivas ao
nível da comunicação e gestão em ambientes multiculturais. Não
obstante “a cidadania global, a educação e a sociedade em fusão, são
valores transversais da interculturalidade social do mundo de hoje, que
se pretende integradora, equitativa, justa, responsável e solidária, de
modo a manter as diferenças sem subalternizações nem sobreposições e
intolerâncias.
CONCLUSÃO

A interculturalidade é assim um dos instrumentos de amenização e


refundação da sociedade moderna na senda da globalização [que se
pretende] (…) uma globalização de valores, de cultura, de formação,
de identidade e de cidadania plena.”
4. O que é Comunicação Intercultural?

«[...] face-to-face interactions among people of diverse cultures.


4. O que é Comunicação Intercultural?
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

No mundo atual, a comunicação intercultural tem, mais do que nunca, uma importância relevante. A
aproximação das pessoas através do uso das novas tecnologias e da abertura de fronteiras e novos
fluxos migratórios, tornou a compreensão do Outro um assunto ainda mais fundamental.

O conceito de comunicação intercultural não se finda na ideia de encontrar uma língua comum de
entendimento.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

O conceito de comunicação intercultural relaciona-se com a capacidade de conseguir perceber que a cultura
do Outro influencia a forma como ele age e como comunica comigo e com outros interlocutores

Sobre a relação entre cultura e comunicação, Jandt escreve que «[...] culture and communication are
strongly connected. The way that people view communication – what it is, how to do it, and reasons for doing
it – is part of their culture.» (Jandt, 2010: 55).

É assim importante estar atento a esta ligação entre cultura e comunicação pois se esta for desprezada,
existe uma maior possibilidade originar conflitos. Sabe-se, por exemplo, que em geral pessoas pertencentes
a culturas ocidentais têm maior possibilidade de criar desentendimentos culturais com pessoas oriundas a
culturas orientais.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

Se por um lado as culturas ocidentais tendem a dar mais importância ao sujeito ativo, àquele que fala e
que entrega a mensagem através de um meio, as culturas orientais têm a tendência de encarar a
comunicação como a tentativa de dois comunicadores para tentar estabelecer significados comuns, um
modelo Confuciano que respeita mais a relação entre os falantes do que a mensagem que tentam
transmitir. (Jandt, 2001,45-46)

As competências pessoais que deverá desenvolver de forma a ser um bom comunicador intercultural são:
consciência de si próprio para conseguir resolver situações mais difíceis usando o conhecimento que tem
de si próprio, autorrespeito, interação, empatia, adaptabilidade, certeza e confiança, iniciativa e
aceitação.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

LaRay M. Barna que em 1997 no seu artigo Stumbling Blocks in Intercultural Communication, faz um
levantamento de seis problemas que podem funcionar como barreiras à comunicação intercultural:
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural
1. Assumir as similaridades

Refere Barna « [...] many people naively assume there are sufficient
similarities among peoples of the world to make communication easy. »

Assumir similaridades pode funcionar como uma barreira à comunicação


intercultural no sentido em que quando não temos informação sobre uma
nova cultura, é fácil assumir que não há diferenças entre a nova cultura e a
nossa própria cultura
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

Barna dá o exemplo do sorriso como um elemento que pode ser facilmente confundido
entre culturas diferentes. Enquanto os americanos sorriem para pessoas na rua e falam
facilmente com estranhos, para a cultura coreana ou japonesa esta atitude é muito
estranha pois o sorriso e o falar estão reservados para os amigos e familiares, sendo
muito pouco provável sorrir ou dirigir a palavra a um estranho na rua.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

2. Diferenças de linguagem
Mais do que diferenças ao nível da sintaxe ou do vocabulário, o
tipo de diferenças de linguagem que aqui podem funcionar como
barreira à comunicação intercultural acontecem quando se fica
preso ao significado de uma palavra independentemente do
contexto ou conotação que é dita.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural
Por exemplo, a utilização da ironia pode funcionar como uma diferença de
linguagem no sentido em que muitas vezes o verdadeiro sentido de uma afirmação
não é percetível por alguém que domine a língua. Se eu estiver num local fechado
e perguntar a alguém que venha do exterior se chove muito e se a pessoa me
responder “Não, estou molhado porque alguém me entornou alguma coisa em
cima!”, o significado desta frase objetivamente é que não está a chover.
Contudo, se pensarmos na utilização da ironia e do sarcasmo, a resposta é o
contrário, querendo dizer que chove lá fora.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

3. Interpretações não-verbais erradas


« People from different cultures inhabit different sensory
realities. They see, hear, feel and
smell only that which has some meaning our importance for
them. » (ibidem: 341)
A dificuldade em compreender signos e símbolos não-verbais
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

O caso do beijo é um exemplo muito utilizado. Nas culturas


latinas e do sul da Europa é comum e regra geral cumprimentar
toda a gente com um, dois ou três beijos, dependendo do país.
Esta regra de cumprimento aplica-se não só a pessoas com as
quais existe um grau de intimidade mas também com pessoas
que se acaba de conhecer. Num país escandinavo ou germânico,
cumprimentar uma pessoa com dois beijos imediatamente depois
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

4. Preconceitos e estereótipos
Os preconceitos e estereótipos funcionam como um redutor de incerteza.
A associação de certos preconceitos ou estereótipos a determinados
povos ou culturas faz com que tenhamos uma atitude mais descansada
aquando da sua presença, assumindo que sabemos como se irão
comportar ou reagir.
Estes estereótipos e preconceitos funcionam como barreiras à
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

5. Tendência para avaliar


A tendência para avaliar pode comportar-se como uma barreira à
comunicação intercultural pois faz com que uma pessoa/cultura se
concentre em aprovar ou não as ações de outra pessoa/grupo em vez de
perceber os seus pensamentos, motivações ou sentimentos.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

Veja-se por exemplo o caso da siesta espanhola que deixa de ser


considerada como um hábito ou como resultante de preguiça, para ser
considerada algo essencial quando alguém, fora da cultura espanhola, se
apercebe que a temperatura média ronda os 40oC num dia de Verão.
4.1 - Gestão e Comunicação Intercultural

6. Ansiedade
Seja por falta de confiança na utilização de uma língua estrangeira
ou pelos preconceitos que temos em relação ao Outro, a ansiedade
e também o stress são característicos dos encontros interculturais.
Muitas vezes as outras barreiras que foram enumeradas acima,
funcionam como resposta a essa mesma ansiedade e stress que
funcionam como barreiras à comunicação intercultural pois
5 - Consequências e implicações das diferenças
culturais
Cultura

“A cultura pode ser descrita como o


conjunto de valores, crenças,
comportamentos, hábitos e atitudes
que distinguem uma sociedade. A
cultura de uma sociedade proporciona
aos seus membros soluções para
problemas de adaptação externa e
integração interna”. (Ying Fan, 2000)
(Rego & Cunha, 2009)
Definição de Comunicação
“communicare”

“Comunicação é a artéria do
Tornar comum relacionamento... Uma vez obstruída
pode levar…a um enfarte ou causar
um AVC ou outros males”. (Vieira,
2006)

Processo Interactivo
● “A diversidade da cultura é admirável. Valores e normas de
comportamento variam largamente de cultura para cultura”.
(Giddens, 1997, p.57)
Multiculturalismo
● Este conceito vai para além das políticas identitárias;

● Estabelece-se mediante do reconhecimento da diferença de identidades pessoais;


políticas multiculturais e dilemas éticos relacionados com a diversidade cultural.
Estudos de caso - Vídeos
● Vídeo 1
American Hand Gestures in Different Cultures – 7 Ways to Get Yourself in Trouble Abroad

● Vídeo 2
10 Surprising Ways To Offend People In Other Countries
Estudos de caso – Incidente de Hainan
Estudos de caso – Incidente de Hainan

○ https://en.wikipedia.org/wiki/Hainan_Island_incident
Analisando o incidente de Hainan verifica‐se que pequenas questões culturais criaram grandes
dificuldades nas negociações entre a República Popular da China e os Estados Unidos da América. O
incidente começou quando um avião espião norte‐americano sobrevoou a ilha de Hainan, mas
agravou‐se na fase de resolução, onde se verificou que as duas culturas envolvidas davam valor e
utilizações diferentes a expressões simples como “pena”, “pedido de desculpa” e
“arrependimento”. O uso destes termos sem ter em conta e sem compreender o background dos
outros envolvidos quase levava a uma grave situação de crise e conflito (Huang, 2009).

Neste sentido, percebe‐se que a necessidade de compreensão é fundamental para evitar mal‐entendidos
interpessoais, conflitos interculturais e fricções que existam dentro e entre as culturas (Toomey, 1999; Huang,
2009).
Síntese – Consequências
● Os significados dos gestos e termos variam de cultura para cultura o que o
pode originar:
● Ofensas a outra pessoa;
● Dificuldades de compreensão da mensagem (ambiguidade e confusão);
● Conflitos de diferentes níveis de abrangência e complexidade;
● Problemas estratégicos a nível organizacional.
Competências a desenvolver para uma Gestão
Multicultural eficaz

• Empatia cultural
• Experiência noutras culturas - Erasmus, Compreensão cultural
• Competências de gestão genéricas
• Resolução de conflitos;
• Motivação
• Aprendizagem no cargo
• Adaptação ao contexto/flexibilidade, Capacidade de ser bom observador
• Competência comunicacional
• Capacidade de escuta, comunicação não-verbal, Conhecimento de línguas,
• Estilo pessoal
• Franqueza/honestidade

(Rego & Cunha, 2009, p. 197)


Preconceito e conflitos em ambientes
multiculturais.

59
Índice
- Introdução
- Definições
- Preconceito Social/ Sem-Abrigo
- Consequências e Implicações
- Casos Europeus
60

- Conclusão
Perspectivas de abordagem a culturas
diferenciadas.
● Se cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana, assim
o PRECONCEITO é uma criação humana.

● PRECONCEITO – Juízo de valor pré-concebido e pejorativo,


através de atitude discriminatória perante a diferença 62
Se PRECONCEITO é a manifestação da diferença entre o “EU” e
o Nós”, então o CONFLITO é algo instrinsecamente natural ao
ser humano e explica a violência existente até aos dias de
hoje, Ou Seja...

Pelas mais diversas diferenças existentes no Ser Humano,


quando colocado num ambiente multicultural e na presença 63
de um grupo diferente minoritário, assume comportamento de
conflito-discriminatório para com o mesmo
Em caso da gestão e comunicação das diferenças entre
seres humanos não for correctamente processada,
podemos estar enquanto civilização avançada, mas com
comportamentos “primitivos”.

64
Como perspectiva de abordagem, Sugerimos que é
imperativo, a introdução da educação do ser humano
para a tolerância e a aceitação da diferença, permitindo
uma evolução na cultura ( criação e interação entre seres
humanos )e subsequente diminuição do PRECONCEITO e
do CONFLITO, pois culturas diferenciadas hão-de sempre
65
existir.
Preconceito Social – Sem-Abrigo
● O preconceito social é direcionado para indivíduos de uma classe social, aos quais são atribuídos
traços de personalidade ou moral largamente homogêneos.

● Os atributos podem ser bons ou ruins, ou ambos.


● Exemplos são os termos pejorativos contra os Sem-Abrigo tais como:
○ Preguiçosos / pouco trabalhadores / Parasitas / Vadios e vagabundos

○ A classe em si também pode ser discriminada pela forma como conquistaram riqueza; ou pela 66
subserviência, por outras classes , ou ainda, elementos da classe censurar outros indivíduos
No caso dos Sem-Abrigo, falamos PESSOAS, em
qualquer parte do globo, independentemente da sua
cultura e que num dado momento da vida, uma
eventual depressão fê-los entrar numa espiral recessiva
e que não conseguiram sair.
67
Assim é importante o ESTADO; A COMUNIDADE; A FAMILIA;
o “OUTRO” criarem estratégias e canais de comunicação e
estender a mão, lembrar da sua importância, dignificar,
motivar para que possa voltar a ser um elemento ativo e
integrado.
68
A Raíz deste medo (mal) encontra-se nos valores de uma
cultura que deixou de ser familiar; associativa e passou a ser
individualizada; capitalista liberal o consumidora, e
gradualmente a PESSOA é desprovida dos seus bens pelo
banco; é despedida do seu trabalho; é rejeitada ou
auto-rejeita-se da familia devido à VERGONHA.

Os Sem-Abrigos passa a ser uma espécie de ápatridas da


condição humana.
Consequências e
implicações das diferenças culturais

Modelos e padrões de comunicação


Atitudes padrão face a conflitos e regras
Mal-entendidos e conflitos interculturais
Imagens mentais das organizações
Relação com autoridade 70

Competição versus cooperação


“eu” versus “nós”
Criminalização dos sem-abrigo na Europa

2008 > crise > desemprego > pobreza

Com a crise a semear pobreza, há cada vez mais gente sem


casa pela Europa
71

Cada vez mais casas sem gente


HUNGRIA

Desde meados dos anos 2000 que as autoridades locais


criminalizam a chamada "mendicidade silenciosa". Desde
então era proibido mendigar na companhia de crianças ou de
forma "agressiva".
A partir de 2010, com a subida da extrema-direita para o
poder, o país começou a escalada para a criminalização dos
72
sem-abrigo.
HUNGRIA

- Aprovaram uma lei que permite atribuir funções específicas ao espaço


público e proibir quaisquer outras.
- Budapeste interditou o uso do espaço público para morar. (pena de 60 dias de
prisão ou 530 euros de multa quem, durante seis meses, por duas vezes violasse qualquer proibição de dormir no
espaço público.)

- Cerca de um mês depois a lei alastrou-se a todo o País.


Mas se a Hungria choca porque assume o que faz e alargou-o a um nível
73
nacional, noutros países europeus isto está a acontecer de uma forma
mais subtil, por vezes quase invisível.
BÉLGICA

De acordo com um regulamento aprovado em 2011, mendigar é permitido,


desde que:
- entre as 8h e as 17h de segunda a sexta e das 7h às 12h de domingo;
- não estejam mais de quatro mendigos numa rua;
- não mendiguem em cruzamentos, nem em entradas de edifícios públicos,
empresas ou casas.
Quem desrespeitar as regras: 74

1ª aviso;
2ª há uma intervenção do serviço social;
3ª é feita uma detenção.
ESPANHA

Desde 2013 a Câmara de Madrid pune com multa de 750 a


3000 euros quem pedir esmola à porta de um centro
comercial, acampe, faça malabarismos ou solicite serviços
sexuais no espaço públicos, cuspa ou atire papéis para o chão,
ofereça folhetos nos semáforos; perturbe os vizinhos,
enquanto rega as plantas; alimente ou dê banho a cães na rua.
75
ITÁLIA

Desde 2008 Roma penaliza com multas de 50 a 150 euros quem


coma, beba, cante, faça barulho ou a durma no centro histórico
ou mesmo fora dele, se junto a monumentos. Também decretou
que não se pode mendigar, nem vender flores ou outros
pequenos objectos, a menos que se tenha licença.
A câmara de Verona foi mais longe aplicando multas de 25 a 500
euros a quem alimentar sem-abrigo, com o objectivo de 76

promover "a higiene" e "a imagem pública da cidade“.


Efeitos adversos destas políticas:

-menos seguros e onde é mais difícil receberem a ajuda;


- Dificulta ainda mais a vida de quem já a tem complicada. Não
resolve o problema. As pessoas podem ficar menos visíveis,
mas continuam lá.

Força as pessoas a procurarem lugares mais escondidos, 77


- Antes de 2008 os sem-abrigo eram vistos como pessoas com
problemas de saúde mental, dependentes de bebidas
alcoólicas ou drogas ilícitas. Essa ideia é mais redutora do que
nunca. Muita gente perdeu a casa com a crise.
- As pessoas que estão a chegar às ruas são "mais parecidas
com o cidadão comum". Muitas vezes tinham vidas integradas
78
até perderem o emprego.
Integração das pessoas sem-abrigo

Diferentes países adoptaram estratégias para reduzir o


número de pessoas a dormir nas ruas. Alguns optaram por
abordagens mais baseadas na lógica "casa primeiro", como a
Suécia, a Finlândia e a Dinamarca.
Outros pretendem aumentar a qualidade da rede de
albergues e de serviços de apoio à habitação, como os Países
79
Baixos, a França e Portugal.
PORTUGAL

Aprovou em 2009 uma Estratégia Nacional para a Integração de


Pessoas Sem-Abrigo, que deveria ser aplicada até 2015:
- Define que ninguém deve permanecer na rua mais de 24 horas, a
menos que seja essa a sua vontade (Centros de Emergência).
- Engloba a criação de centros de emergência — estruturas de
resposta imediata, das quais se sairia com um diagnóstico feito para
alojamento temporário ou permanente. 80

- Apoio na procura de emprego, formação profissional, protecção


social e saúde.
PORTUGAL

A Estratégia visa a criação de condições para que ninguém


tenha de permanecer na rua por falta de alternativas e,
sobretudo, assegurar a existência de condições que garantam
a promoção da autonomia, através da mobilização de todos os
recursos disponíveis de acordo com o diagnóstico e as
necessidades individuais, com vista ao exercício pleno da
cidadania. 81
PORTUGAL

Sendo um fenómeno difícil de erradicar e de forma a antecipar uma


possível tentação de se adoptarem procedimentos para o ocultar, a
Estratégia adopta princípios orientadores, que consubstanciam o
exercício pleno de cidadania, e assenta em dois eixos estruturantes:
• O conhecimento do fenómeno e a sua actualização permanente;
• A garantia de qualidade técnica da intervenção e das respostas a 82
todos os níveis.
Conclusão

- As políticas aplicadas, especialmente a partir de 2008, em certos países


europeus não vieram solucionar o problema das pessoas Sem-Abrigo.
- A solução passaria pela adopção de uma estratégia semelhante à
portuguesa, que está bem estruturada, mas infelizmente ainda não foi
colocada totalmente em prática.

83
- É mais fácil haver comunicação, relacionamentos, sociedade, comunidade,
família, paz, quando há dinheiro em abundância.
Trabalho 1

Como melhorar a nossa comunicação intercultural

Trabalho de Grupo - (Cópias impressas)

https://www.youtube.com/watch?v=YMyofREc5Jk
Trabalho 2

Como se tornar um líder intercultural

Trabalho de Grupo -

https://www.hultef.com/pt/blog/insights-e-estudos/como-se-tornar-um-lider-intercultural/
https://www.youtube.com/watch?v=fuHj3jsBdKE

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