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FILOLOGIA
ROMÂNICA
LETRAS/INGLÊS
4º PERÍODO
Ireny Caldeira de Souza Oliveira
José Lúcio Ferreira Higino
FILOLOGIA
ROMÂNICA
2010
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
Unidade I: Filologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Filologia: da Antiguidade ao século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Diacronia das línguas românicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.3 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Unidade II: O trabalho filológico e métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.1 Crítica textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.2 Crítica Histórico-Literária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.3 Edição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.4 Métodos da Filologia Românica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.5Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Referências básica, complementar e suplementar . . . . . . . . . . . . . . . 65
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
APRESENTAÇÃO
A arte do saber
O conhecimento é um investimento a longo prazo.
Sua moeda é o saber que vai se acumulando durante a vida.
O que se constrói não se destrói tão fácil.
Conhecimento e sabedoria fazem da vida uma verdadeira arte.
(Gleidson Melo).
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B GC
Figura 3: Manuscrito, executado com uma pena. Caligrafia gótica, de grande regularidade.
GLOSSÁRIO E
Bíblia latina de 1407, exposta em Malmesbury Abbey, Wiltshire, Reino Unido.
Fonte: http://tipografos.net/glossario/manuscrito.html/ A F
Um manuscrito é qualquer
Cruzados executando judeus documento "escrito a mão".
Documentos em papiro,
pergaminho ou papel.Tradução
Na visita à Terra Santa em celebração pela passagem do segundo literal do latim manu scriptum,
em oposição a documentos
milênio do Cristianismo, o papa João Paulo II pediu perdão aos judeus e
impressos ou reprodu-zidos de
muçulmanos pela Igreja Católica ter, há 900 anos atrás, instigado a Cruzada outras maneiras, como a
que terminou por produzir um terrível massacre da população civil judaica e tipografia ou litografia. Um
documento "manuscrito", i.e.,
árabe de Jerusalém, por parte dos cavaleiros cristãos. Saiba como se deu esse
que tenha sido produzido pela
assalto à Cidade Santa. Na expedição escrita direta no papel, com o
vinham ainda, sob o comando dos uso de instrumentos como o
lápis ou a caneta, é
barões, uns dez mil homens, tendo a
erroneamente confundido por
fome e a sede como companheiras. aquele datilografado ou
Fanatizado, o cristão comum, conside- digitado por computador,
operações em que as mãos
rando-se um vingador celestial, virara
também são empregadas.
um animal feroz a quem um estripa- Outro emprego do termo
mento, uma carótida esguichando, ou "manuscrito" refere-se ao texto
original de um autor (escritor,
a degola dos gentios parecia a justa
poeta, ensaísta etc.), em
revanche dos tormentos de Cristo. oposição ao texto revisado ou
Figura 4 Quem respirasse era morto. Mataram editado posteriormente,
Fonte: http://educaterra.terra.com.br/vo constituindo versões
ltaire/antiga/indice.htm inclusive os animais domésticos.
elaboradas por outras pessoas
que não o autor.
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Figura 5
Fonte: http://sitededicas.uol.com.br/clip_roupas.htm
PARA REFLETIR
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1
UNIDADE 1
FILOLOGIA
Figura 7:
Fonte: dagg-ilustração e artes gráficas postado por Daniel Gomes
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a partir de agora, voces verao como ele recebe tantas definicoes. Vamos la!
Segundo Lázaro Carreter (1990, p. 187), a Filologia é “[...] ciência
que estuda a linguagem, a literatura e todos os fenômenos de cultura de um
povo ou de um grupo de povos por meio de textos escritos”.
O vocábulo “Filologia”, preocupando-se com as atividades da
linguagem do homem e de suas manifestações através das obras de arte
escritas nessa linguagem, mais as disciplinas que delas cuidam metodica
O vocábulo Filologia provém de dois radicais gregos: phílos,
“amigo”, “amante”, e logos, “estudo,” “ciência” (öéëü-ëüãüá). O vocabulo
entrou na lingua portuguesa atraves do latim philologus, “amigo das letras”,
cujo significado etimologico e “amor da ciencia”, “culto da erudicao”. A
palavra passa as linguas modernas de cultura como eruditismo. Frances:
philologie; espanhol: filologia, de 1732; portugues e italiano: Filologia;
ingles: philology, de 1614 (provavelmente atraves do frances); alemao:
Philologie, todos entre o seculo XIV e XVIII. O termo nao e univoco; portanto,
a partir de agora, voces verao como ele recebe tantas definicoes. Vamos la!
Segundo Lázaro Carreter (1990, p. 187), a Filologia é “[...] ciência
que estuda a linguagem, a literatura e todos os fenômenos de cultura de um
povo ou de um grupo de povos por meio de textos escritos”.
O vocábulo “Filologia”, preocupando-se com as atividades da
linguagem do homem e de suas manifestações através das obras de arte
escritas nessa linguagem, mais as disciplinas que delas cuidam metodica-
mente, comporta vários conceitos em suas primeiras definições, daí a
conceituação variar de acordo com o que se segue abaixo.
O significado da palavra Filologia quase sempre esteve relacionado
à ciência da cultura. É uma ciência muito antiga, mas modernamente, o
vocábulo tornou-se ambíguo, porque, com o passar da história e dos
acontecimentos no mundo, outras ciências foram aparecendo com campo
definido de estudo sobre o que anteriormente era o objeto da Filologia.
Heinrich Lausberg (1974, p. 21) aponta como seu objeto de estudo
as “obras” ou “textos”, tanto os textos de uso pragmáticos como também os
textos de uso repetido, ou seja, literários.
Basseto (2001, p.17) assevera que “[...]o filólogo é aquele que
apreende a palavra, a expressão da inteligência, do pensamento alheio e
com isso adquire conhecimentos, cultura e aprimoramento intelectual”.
Dubois (1993, p. 278), em seu Dicionário de linguística, afirma que
“a filologia é uma ciência histórica que tem por objeto o conhecimento das
civilizações passadas através dos documentos escritos que aquelas nos
deixaram, os quais nos permitem compreender e explicar as sociedades
antigas”.
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DICAS
A necessidade de constituir
textos autênticos se faz sentir
quando um povo de alta
civilização toma consciência
dessa civilização e deseja
preservar dos estragos do
tempo as obras que lhe
constituem o patrimônio
espiritual; salvá-las não
somente do olvido como
também das alterações,
mutilações e adições que o uso
popular ou o desleixo dos
copistas nelas introduzem. Tal
necessidade se fez já sentir na
época dita Helenística da
Antiguidade grega, no terceiro
século a.C., quando os eruditos
que tinham seu centro de
atividades em Alexandria
Figura 9: Uma letra "P" capitular iluminada na Bíblia de Malmesbury, um livro manuscrito
medieval Ficheiro: Histórico de edições de "Iluminura”. registraram por escrito os textos
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. da antiga poesia grega,
sobretudo Homero, dando-lhes
forma definitiva. Desde então,
a tradição da edição de textos
antigos se manteve durante
toda a Antiguidade; teve
igualmente grande importância
quando se tratou de constituir
os textos sagrados do
Cristianismo. (AUERBACH,
1973, p. 11).
Reparem, pessoal, a data
dessa fotografia: 1904.
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Filologia x literatura
A atual definição de Filologia não difere, em sua
essência, daquela que se fazia anteriormente, ou seja, enquan-
to disciplina do saber, continua estudando a língua e a literatu-
ra. No plano linguístico, considera os vários aspectos da história
das línguas, sua evolução, as influências que receberam, a
fragmentação dialetal, todos os fenômenos relacionados com a
fonologia, a morfologia, a sintaxe e o léxico.
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B GC
GLOSSÁRIO E
A F
Denominam-se Vedas os
quatro textos, escritos em
Sânscrito por volta de 1500
a.C., que formam a base do
extenso sistema de escrituras
sagradas do hinduísmo, que
representam a mais antiga
literatura de qualquer língua
indo-europeia. Consistem de
vários tipos de textos, todos
datando aos tempos antigos. O
núcleo é formado pelos
Mantras que representam
hinos, orações, encantações,
mágicas e fórmulas rituais,
encantos etc. Os hinos e
orações são endereçados a
uma grande quantidade de
deuses (e algumas deusas), dos
quais importantes membros
são Rudra, Varuna, Indra, Agni Figura 11: O Livro dos Vedas
etc. Os mantras são Fonte: Dados Técnicos Tradutor: Raul Xavier. Coleção:
Suprema Joia da Sabedoria. Ano: 1972
suplementados por textos
relativos aos rituais sacrificiais
nos quais são utilizados esses
mantras e também textos
explorando os aspectos
filosóficos da tradição ritual,
narrativas etc. A palavra Veda,
em sânscrito, vid- (reconstruída
como sendo derivada do
Proto-Indo-Europeu weid-) que
significa conhecer, escreve-se
veda no alfabeto devanágari e
significa "conhecimento". É a
forma guna da raiz vid-
acrescida do sufixo nominal -a.
Nos tempos modernos, estudos
védicos são cruciais para a
compreensão da linguística
Indo-Europeia, como também
da história indiana
antiga. WIKIPÉDIA (acessada
em 15 de agosto de 2009).
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dos filósofos e escritores dos séculos XVII e XVIII, os quais precisavam se dar a
DICAS
certeza de que nada se tinha perdido e que as línguas nacionais eram até
melhores que o latim para a expressão das ideias e sentimentos, uma
concepção que passou a perdurar após ter sido feita a opção pela expressão
nas línguas vernáculas. A Biblioteca de Alexandria se
A língua grega da época helenística, isto é, o período da história da distinguiu por ser um centro
universal, aberto ao saber e à
Grécia compreendido entre a morte de Alexandre III (O Grande) da pesquisa sem fronteiras. O
Macedônia em 323 a.C. e a anexação do Egito por Roma em 31 a.C., já acervo da biblioteca teve uma
apresentava diferenças em relação à língua dos textos clássicos e pré- grande expansão no reinado
de Ptolomeu III, que solicitava
clássicos. Para facilitar a leitura das obras publicadas e fazer comentários, os livros de todo o mundo para
alexandrinos viram a necessidade de preservar a língua, escrevendo copiar e utilizava os mais
gramáticas. Desse momento até o séc. XIX, a língua literária, então, passa a diversos meios para obtê-los.
Com isso, Alexandria se tornou
ser a língua mais “pura” e mais “correta” que a língua falada. um grande centro de
Os filólogos alexandrinos eram levados a estudar as antigas fases da fabricação e comércio de
papiros, e uma legião de
língua e os traços distintivos dos dialetos gregos. Conforme Câmara Jr (1986-
trabalhadores, ao lado de
a, p.19): inúmeros copistas e tradutores
“Assim, em um dicionário de Hesíquio, que viveu provavel- se dedicavam a esse ofício.
mente no século V de nossa era, encontramos não somente Dizem que a biblioteca chegou
palavras áticas, mas, também, vocábulos de outros dialetos a ter 700.000 pergaminhos. Era
gregos, do latim e, mesmo, de muitas línguas ‘não clássicas’, suporte para estudos de
tais como o egípcio, o acadiano, o lídio, o persa, o frígio, o diversas áreas do
fenício, o cita e o parto. Vemos, assim, o início do estudo ‘de conhecimento, como Filosofia,
língua estrangeira’ como consequência do estudo
Matemática, Medicina,
Ciências Naturais e Aplicadas,
‘filológico’”.
Geografia, Astronomia,
Filologia, História, Artes, etc.
1.1.1 Os Povos Latinos Os pesquisadores alexandrinos
organizavam expedições para
aprender mais em outras partes
Os povos latinos foram influenciados pelos gregos em todos os do mundo e desenvolveram
aspectos humanos e sociais. Entretanto, demonstraram grandes dificuldades tanto as ciências puras como as
em estabelecer regras e acordos com as teorias gregas, mas terminaram aplicadas. Fala-se de inúmeras
invenções, como bombas para
ampliando os estudos casualmente. Adotaram, então, os pontos de vista dos puxar água, sistemas de
estoicos – que estudaram os problemas filosóficos da origem da linguagem, engrenagens, odômetros, uso
ao estudo da lógica, retórica e pesquisas etimológicas buscando a verdade da força do vapor de água,
instrumentos musicais,
na origem das palavras – “a linguagem se origina naturalmente na alma dos instrumentos para uso na
homens e a palavra expressa a coisa conforme a natureza dela, suscitando, astronomia, construção de
do mesmo modo, no ouvinte, uma impressão conforme a dita nature- espelhos e lentes.
http://www.dm.ufscar.br/
za”(BORBA, 1975, p. 13), – e dos alexandrinos, que, além de se ocuparem hp/hp855/hp855001/
com o estabelecimento de textos, também fizeram a crítica literária. hp855001.html#antiga
Nesse período, a preocupação com a relação coisa/nome foi
substituída pela relação anomalia/analogia, sendo a anomalia a “falta de
consequência continuamente observada entre palavra e pensamento”
(BORBA, 1975, p. 14), e a analogia a “tendência niveladora da língua”
(BORBA, 1975, p. 14).
A gramática surgida nesse período era puramente normativa, sendo
usada para diferenciar o certo do errado e estava ligada à interpretação de
textos. Os romanos já reconheciam as partes de um discurso, mas sem
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PARA REFLETIR
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DICAS
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1.1.3 A Renascença
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“desafiado por um vernáculo após o outro como veículo de Quase todas as obras de
produção intelectual, e totalmente inútil fora da Europa Leibniz estão escritas em
ocidental, estava empenhado numa batalha desesperada. francês ou latim e poucas em
Defrontados com a perspectiva iminente da fragmentação alemão, língua que não era
linguística numa escala desconhecida na Europa desde a muito destinada às obras de
partida dos romanos, os eruditos e também o público filosofia. Ortodoxas e otimistas,
reagiram, lançando o foco do interesse sobre o aspecto proclamando que o plano
universal da linguagem” (WEEDWOOD, 2002, p. 96-97). divino fez deste o melhor de
todos os mundos possíveis, um
ponto de vista satirizado por
A luta da obra, então, é a de construir uma gramática que pudesse Voltaire (1694-1778) no
Candide. Leibniz é conhecido
servir a todas as línguas, sem aceitar uma língua específica como sendo
entre os filósofos pela
universal. Assim, seria possível amenizar a fragmentação supracitada, amplitude de seu pensamento
dando, ao mesmo tempo, valor aos vernáculos. Após a publicação da sobre ideias e princípios
fundamentais da filosofia,
mesma, passaram a exigir dos falantes clareza e precisão no uso da lingua-
incluindo a verdade, os
gem: “Ideias claras e distintas deviam ser expressas de forma precisa e mundos possíveis, o princípio
transparente. Sua principal intenção era mostrar que a estrutura da língua é de razão suficiente (isto é, que
nada ocorre sem uma razão), o
um produto da razão” (LYONS, 1979). Sua principal intenção era mostrar
princípio da harmonia pré-
que a estrutura da língua é um produto da razão. A gramática que desejavam estabelecida (Deus construiu o
construir deveria funcionar como uma máquina que pudesse separar, universo de tal modo que os
fatos mentais e físicos ocorrem
automaticamente, o que é válido do que não é. O objetivo era traçar uma
simultaneamente), e o
língua-ideal, universal, lógica, sem equívocos nem ambiguidades, capaz de princípio de não contradição
assegurar a unidade da comunicação do gênero humano. (que uma proposição da qual
se pode derivar uma
contradição é falsa). Teve por
É preciso ainda clarear um pouco mais sobre esta gramática? toda a vida interesse, e
Vamos lá... perseguiu a ideia de que os
princípios da razão pudessem
Quanto à obra em si, a definição de gramática e do objeto de ser reduzidos a um sistema
estudo deles já aparece na primeira página, antes do prefácio, no qual simbólico formal, uma álgebra
ou cálculo do pensamento no
Arnauld e Lancelot (1192, p.3) deixam claro que a gramática é a arte de falar.
qual controvérsias seriam
Falar é explicar seus pensamentos por meio de signos que os homens acertadas por meio de cálculos.
inventaram para esse fim ... Assim, pode-se considerar duas coisas nesses http://gballone.sites.uol.
com.br/hlp/leibniz.html
signos. A primeira: o que são por sua própria natureza, isto é, enquanto sons
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Antigamente os homens
escreviam utilizando diversos
suportes, tais como: moedas,
mármores, madeira, bronze,
papiros e pergaminhos. Hoje, o
suporte não é tão resistente
nem tão duradouro como os
de antes. O que se utiliza em
larga escala desde o
Humanismo é o frágil papel. A
umidade, a poeira, os fungos, o
sol, os insetos em geral podem
desfazer e destruir a imensa
massa de papel em que está
depositada toda a história da
humanidade, ou seja, aquilo
que lhe é mais caro e precioso.
O corpus que vem sendo
editado é constituído por
documentos eclesiásticos –
Figura 22: BARBOSA, Jerónimo Soares, 1737-1816 Grammatica philosophica da lingua
livros de batismo, casamento e
portugueza ou principios de grammatica geral applicados à nossa linguagem / por J. S. B..
óbito, e livro de tombo – e
Lisboa : Academia Real das Sciencias, 1822. - XIV, 466 p. ; 20 cm http://purl.pt/128/
LiÂngua portuguesa--Gramática-1822/ CDU 811.134.3'36"1822" 811.134.3-112 cíveis: cartas de alforria,
Fonte: http://purl.pt/128/2/l-296-v_PDF/l-296-v_PDF_24-C-R0072/l-296-v_0000_ queixa-crime, inventários,
capa-v_t24-C-R0072.pdf certidões de venda, declaração
de venda, cartas imperiais,
correspondências pessoais,
A gramática filosófica (Grammatica Philosophica da Lingua queixas de defloramento, livro
de notas de compra e venda de
Portugueza ou Principios da Grammatica Geral applicados à Nossa escravos etc.
Linguagem), de Jerônimo Soares Barbosa, foi lançada nos primeiros anos do
séc. XIX (1ª edição, póstuma, em 1822, mas estava voltada para o espírito
filosófico do séc. XVIII, com base na Gramática de Port-Royal (1660). Apesar
de publicada, em 1ª edição, em 1822, é de se deduzir que foi concluída em
1803, uma vez que sua Introdução data de 24 de junho desse ano.]
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1.1.7 Século XX
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Afinidade latino-românica:
No quadro abaixo, podemos observar a proximidade de uma língua
com a outra:
Quadro 1: O latim e as línguas românicas
LATIM ESPANHOL FRANCÊS ITALIANO PORTUGUÊS
octo Ocho Huit Otto Oito
aurícula oricla oreja Oreil Orecchia Orelha
nocte noche Nuit Notte noite
oculu oclu ojo Oeil Occhio olho
cantare cantar chanter cantare cantar
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REFERÊNCIAS
AUERBACH, E. Introdução aos estudos literários. São Paulo: Cultrix, 1972.
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UNIDADE 2
O TRABALHO FILOLÓGICO E MÉTODOS
filólogo.
Queridos Acadêmicos, depois de uma longa caminhada pela
história da Filologia, vamos aprender, agora, como é feito o trabalho do
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Ms: (dól.109v L(s) 7,8) seu semblante feyo, o nariz chato, os olhos
“resgados” para baixo. (Ed.: (p.81 L(s) 25,6) seu semblante feio, o nariz
chato, os olhos)
Ed.: (p.81 L(s) 25,6) seu semblante feio, o nariz chato, os olhos
[vesgados] para baixo.
* Erro paleográfico – a letra “r” minúscula é semelhante à letra “v”
atual, também minúscula. O cronista não descreve os índios como “vesgos”,
mas de olhos “resgados para baixo” – é possível que ele esteja se referindo à
maquiagem dos olhos. (Crítica textual: variantes semânticas, sintáticas e
lexicais na edição “Uspiana brasil 500 anos”* BORGES, Maria Aparecida
Mendes** ).
Legenda : *(asterisco) marca o comentário de cada variante. Ms.
= Manuscrito. Ed. = edição uspiana
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Queridos Acadêmicos,
Chegamos ao fim de mais uma disciplina e, como sempre, nessa
etapa, chega também a avaliação. Este é o melhor momento para pensarmos
em um trecho da música de Beto Guedes (nascido montes-clarense), o qual
contém muita sabedoria: “A lição sabemos de cor, só nos resta apren-
der.” Será que aprendemos?
Naturalmente, não queremos essa resposta agora, mas ao longo do
nosso curso. Esperamos que vocês tenham lido e aproveitado muito desse
conteúdo e utilizado os Fóruns para tirar as dúvidas e conversar sobre os
temas pertinentes ao curso, pois através destes momentos é que construímos
a verdadeira aprendizagem.
Estamos convictos de ter apresentado apenas um breve relato da
Filologia Portuguesa nos últimos anos, relato este que ainda há de ser
completado e retificado futuramente. Uma investigação mais extensa sobre
a pesquisa filológica no Brasil exigirá não apenas a incorporação de dados de
outros estudos, tais como os locais, regionais ou estrangeiros, mas, também,
um rastreamento minucioso das publicações da área no país e no exterior.
Na impossibilidade de incluir neste texto informações obtidas através de
todos esses instrumentos, deixamos aqui esta contribuição e externamos-
lhes o desejo de continuidade deste trabalho, pois sabemos que muito terá
sido deixado de se expor, pela exiguidade natural do tempo e da regra de
espaço.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO
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REFERÊNCIAS
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ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
- AA
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