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Direção
Beatriz Soares
Editorial:
Tradução: Ana Carolina Consolini
Clara Taveira, Raphael
Preparação e
Pellegrini e Allbook
Revisão:
Editora
Diagramação e
Cristiane [Saavedra
Produção
Edições]
Digital:
Jordan Lane Price e David
Modelo de Capa:
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imagem:
Capa: Rebecca Barbosa

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Esta obra literária é ficção. Qualquer nome,


lugares, personagens e incidentes são produto
da imaginação do autor. Qualquer semelhança
com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou
estabelecimentos é mera coincidência.

Texto de acordo com as normas do Novo


Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
(Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

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P UBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES
DA LIVROS , RJ
MERI G LEICE RODRIGUES DE SOUZA -
B IBLIOTECÁRIA - CRB-7/6439

P639d
Phillips, Carly
Dirty sexy saint [recurso eletrônico] /
Carly Phillips, Erika Wilde ; tradução
Ana Carolina Consolini. - 1. ed. - Rio
de Janeiro : Allbook, 2022.

Tradução de: Dirty sexy saint


Modo de acesso: word wide web
ISBN: 978-65-86624-81-6 (recurso
eletrônico)

1. Romance americano. 2. Livros


eletrônicos. I. Wilde, Erika. II.
Consolini, Ana Carolina. III. Título.

22-76398
CDD: 813
CDU: 82-3(73)

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SUMÁRIO
Capa
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo
AllBook Editora
Capítulo 1

— Acho que é hora de você pedir minha


filha em casamento, Harrison.
Samantha Jamieson parou antes de
bater na porta que dava no escritório de
seu pai enquanto a declaração um tanto
prática de Conrad Jamieson fez seu
coração bater acelerado no peito. Ela
estava namorando Harrison Blackwell
III havia oito meses, mas recentemente
vinha pensando cada vez mais em
terminar o relacionamento, não em se
casar com ele. Aparentemente, seu pai
tinha outras ideias, o que fez Samantha
permanecer enraizada no lugar onde
estava do lado de fora da sala.
— Eu sei que pode parecer que estou
apressando as coisas — Conrad
continuou em sua voz profunda e
autoritária —, mas você provou ser um
executivo de alto nível e é hora de
movê-lo para a posição de CEO.
Casando com Samantha, você alcançaria
esse objetivo e garantiria que a empresa
permanecesse na família.
— Conrad, é uma honra que você
pense em mim dessa maneira — ele
respondeu monotonamente, daquele jeito
sem emoção peculiar dele. — Na
verdade, eu esperava que este fosse o
resultado do meu relacionamento com
Samantha.
O nojo subiu por sua garganta quando
ela percebeu que a insistência de
Harrison era pelo bem da empresa e
para assegurar sua posição dentro da
companhia. Não tinha nada a ver com
qualquer interesse romântico. Samantha
era uma transação comercial para os
homens, e nada mais. E mesmo que
tivesse pensado em terminar com o
namorado, ela estava no relacionamento
por motivos honestos. Ele, claramente,
não.
A empresa de seu pai, Jamieson
Global, era uma companhia de fundos de
cobertura, uma grande empresa de
investimentos livres, originalmente
fundada pelo avô de Samantha, que
faleceu por um ataque cardíaco há mais
de dez anos. Seu pai havia assumido as
rédeas, e com Samantha como filha
única e sem interesse em qualquer
aspecto dos negócios da família, Conrad
obviamente decidiu estabelecer um
casamento arranjado com um homem que
viera de uma família igualmente rica e
poderosa.
O acordo entre seu pai e Harrison não
deveria ter surpreendido Samantha.
Durante toda a vida, ela esteve bem
ciente de que os pais a estavam
preparando para esta posição — de
frequentar uma escola exclusiva para
meninas até ter certeza de que ela fosse
bem treinada para lidar com situações
da alta-sociedade. E, na maior parte do
tempo, ela tinha sido a boa menina por
excelência — obediente e respeitadora
dos desejos dos pais nos últimos vinte e
seis anos de sua vida, enquanto
esmagava o lado de sua personalidade
que queria se rebelar contra ser moldada
como uma esposa perfeita. Essa rebeldia
estava vindo à tona rápida e
furiosamente agora.
Ela se encostou na parede e engoliu
uma risada dolorida enquanto o pai e o
namorado continuavam a conversar
sobre ela como se fosse uma
mercadoria, e não uma mulher com
emoções, desejos e sonhos que iam além
de ser uma esposa e anfitriã bem
treinada e submissa a um homem de
sucesso que apenas a vê como uma
vantagem. Assim como o papel que sua
mãe, Cassandra, desempenhou ao lado
do marido, pai de Samantha — uma
esposa linda e zelosa que desfrutava do
status elevado e de todas as vantagens
de ser uma Jamieson rica e proeminente.
— Cassandra já comprou um anel de
noivado que sabe ser do gosto e estilo
de Samantha, o que te livra dessa tarefa
tediosa — continuou o pai em um tom
profissional. — Tudo o que você
precisa fazer é colocar o anel no dedo
da minha filha, e Cassandra dará início
aos preparativos do casamento.
Samantha não teria opinião. Não em
relação ao noivo, ao anel ou ao seu
futuro. A suposição de que ela diria sim
automaticamente a levou a entrar no
escritório e assumir o controle de sua
própria vida.
Sem bater, empurrou a porta e entrou
na sala, assustando os dois homens com
sua aparição repentina e inesperada.
Ela parou ao lado da cadeira de
couro em que Harrison estava sentado e
encontrou seu olhar cauteloso.
— Eu não vou casar com você,
Harrison, então não perca seu tempo
pedindo.
— Samantha. — Conrad exclamou o
nome da filha como uma reprimenda,
usando o tom de voz áspero que
normalmente a colocaria de volta em seu
papel submisso.
Não dessa vez. Ela se manteve firme,
recusando-se a ceder ou recuar.
Samantha percebeu naquele momento
que estava passando por um ponto
crucial na vida — obedecer aos pais
como sempre fizera ou finalmente viver
sua vida por si mesma.
Os lábios dele se achataram em uma
linha fina.
— Suponho que você ouviu nossa
conversa?
Ele nem mesmo teve a decência de
parecer culpado por ser pego trocando-a
por uma promoção na Jamieson Global.
— Eu ouvi cada palavra. Não sou um
pedaço da propriedade para nenhum de
vocês usar em um negócio.
Nenhum dos homens negou a
declaração, o que fez sua frustração e
raiva aumentarem.
— Você não acha que está
exagerando? — Harrison perguntou em
um tom apaziguador enquanto se
levantava, forçando-a a inclinar a
cabeça para trás a fim de olhar para ele.
Ele era magro e alto, e ela odiava
quando ele usava a altura como uma
forma de afirmar sua autoridade sobre
ela. Era algo que ela tinha começado a
notar recentemente, que se Harrison não
conseguisse o que queria, recorria a
táticas sutis de intimidação.
— Não estou exagerando. — Sua mãe
sempre a chamava de obstinada, e
Samantha não hesitou em abraçar essa
tenacidade agora. — Eu não te amo, e
você não me ama.
Em oito meses de namoro, eles nunca
disseram essas palavras um ao outro. O
relacionamento dos dois carecia de
intimidade, paixão e respeito — todas
as coisas que fazem uma pessoa se
apaixonar —, de modo que Samantha se
recusou a passar a vida em um
casamento sem amor, como sua própria
mãe fazia, por causa dos negócios da
família.
Harrison enfiou as mãos nos bolsos
da frente da calça, a impaciência
marcando suas feições.
— Eu gosto de você, Samantha. Isso é
o suficiente para mim.
Ela balançou a cabeça, enquanto o pai
permanecia parado, sem dizer
absolutamente nada. Ele não ia mudar de
ideia e defender os desejos dela. Nada
disso era realmente sobre ela, para
início de conversa.
— Não é o suficiente para mim. Eu
quero mais do que apenas você se
gostando de mim. Mereço coisa melhor,
e não vou me casar com você. Nunca.
Conrad suspirou com extremo
aborrecimento.
— Pare de ser tão dramática,
Samantha. Os arranjos já foram feitos.
Você e Harrison vão se casar.
A ordem fez seu estômago revirar,
porque ela sabia que se ficasse em casa,
acabaria sendo a esposa de Harrison.
— Vai ser difícil ter um casamento
quando não há uma noiva — disse, então
se virou e se dirigiu para a porta.
— Aonde você está indo? — o pai
exigiu saber.
Esse tom estrondoso nunca deixava
de fazer seu coração disparar de
apreensão e geralmente a fazia
obedecer. Mas Samantha não mostrou
nenhum sinal de medo ao parar e encarar
o pai novamente.
— Não sei para onde estou indo e não
me importo. Estou saindo desta casa e
não voltarei tão cedo. Não até que você
aceite que não vou me casar com um
homem que não amo.
Conrad estreitou o olhar, a expressão
astuta.
— Se você sair desta casa esta noite,
sairá só com as roupas do corpo.
O pai não estava blefando. A ameaça
era real, porque Conrad Jamieson faria
qualquer coisa para garantir sua vitória
nesta batalha. Ele poderia muito bem
vencer, considerando que ela dependia
dos pais para tudo — uma tática
deliberada da parte deles, e agora ela
sabia o motivo. Mas Samantha era mais
do que um peão nos negócios do pai, e
se ela odiava quão fraca e vulnerável
sua dependência a fazia se sentir, era
hora de fazer algo a respeito. A ameaça
de ser excluída das conveniências que
sempre considerou garantidas era uma
perspectiva aterrorizante. Mas não tão
aterrorizante quanto permanecer
subserviente ao pai, se casar com o
namorado e ser infeliz pelo resto da
vida.
Decisão tomada, continuou se
afastando do escritório.
— Não se preocupe, ela vai voltar.
— Samantha ouviu o pai tranquilizar
Harrison. — Ela não vai muito longe
sem algum recurso financeiro.
Lágrimas de raiva apertaram a
garganta de Samantha, e ela as engoliu
de volta. O fato de o pai pensar que ela
era incapaz de cuidar de si mesma
parecia uma faca em seu coração e só
ajudou a solidificar sua necessidade de
provar que ele estava errado. Ela correu
para o corredor e quase trombou com a
mãe, que estava parada do lado de fora
do escritório, tão linda e perfeita, uma
cortesia das plásticas e do botox sem
fim. A julgar pelo olhar horrorizado em
seu rosto, também escutado a conversa.
— Samantha, você não pode ir
embora — disse Cassandra, uma nota de
desespero na voz. — Por que não
pedimos a Maggie para preparar uma
xícara de chá e conversamos sobre isso?
Samantha amava Maggie — sua doce
e amável governanta nos últimos vinte
anos. A mulher mais velha que a
embalava para dormir à noite, quando
sua própria mãe não podia ser
incomodada, e que enxugava suas
lágrimas quando um garoto a magoava.
Samantha engoliu em seco e se
manteve firme em sua decisão.
— Não há nada para discutir, mãe. Eu
te amo, mas não serei trocada em um
negócio, não me casarei com um homem
que não amo.
— Não seja ridícula, Samantha.
Vamos sentar e conversar. Você não
pode querer deixar tudo isso para trás.
— Minha vida tem que ser mais do
que isso — disse ela, envolvendo tudo
ao seu redor com um aceno de mão; a
ostentosa casa de mil e quinhentos
metros quadrados em que viviam e a
riqueza e opulência que forneceram a
ela tudo de melhor.
— Seu pai está certo. Você não irá
muito longe antes de perceber o grande
erro que cometeu — disse Cassandra na
tentativa de fazê-la mudar de ideia.
Samantha sorriu tristemente para a
mãe.
— Essa é uma escolha que precisarei
viver.
Ela se dirigiu ao saguão, pegou a
bolsa Louis Vuitton que havia deixado
na mesa de entrada mais cedo e
continuou saindo pelas enormes portas
duplas da frente. Com as chaves do
carro em mãos, entrou no Maserati
GranTurismo que seus pais lhe deram
em seu vigésimo quinto aniversário. A
mente nunca parou de girar enquanto
dirigia para longe da enorme
propriedade, em River Forest, até
chegar aos arredores de Chicago.
Sabendo que era apenas uma questão
de tempo antes que seu pai rastreasse o
carro e soubesse sua localização, parou
no estacionamento de uma mercearia 24
horas. Deixou o carro em uma vaga na
primeira fila, para que o segurança de
plantão pudesse ficar de olho no veículo
por algumas horas. Porque ela tinha
certeza de que seria o suficiente para o
pai localizar o Maserati.
Ela tinha uma pequena quantia
consigo, e não havia como dizer por
quanto tempo teria acesso aos cartões de
crédito antes que fossem bloqueados.
Ligou para uma empresa de táxi, saiu do
carro, jogou as chaves e o celular
embaixo do banco — já que o pai
também poderia rastreá-lo — e trancou
a porta manualmente.
Em minutos, um táxi parou onde
Samantha estava esperando. A motorista
era uma jovem simpática de vinte e
poucos anos, de modo que Samantha
contava com a outra mulher para
encontrar o lugar certo para comemorar
sua primeira noite de liberdade. Um
lugar onde ninguém a conhecesse, ou
fosse julgá-la, ou esperar que ela fosse a
boa garota que sempre foi.
— Meu nome é Angie. — A garota
olhou por cima do ombro para o banco
traseiro com um sorriso amigável. —
Onde posso levá-la esta noite?
— Para o seu bar favorito em
Chicago.
As sobrancelhas de Angie se
ergueram de surpresa quando ela notou a
bolsa de marca de Samantha e a roupa
de alta qualidade.
— Você tem certeza disso? Meu bar
favorito está bem distante do The
Aviary. — comentou sobre o lounge
luxuoso para onde os ricos iam para se
misturar e serem vistos. — O lugar que
eu frequento é um pouco… rústico —
disse ela com uma risada.
Samantha sorriu.
— É exatamente com isso que estou
contando.
Capítulo 2

Clay Kincaid deu uma olhada na mulher


sentada na outra extremidade do bar e
imediatamente a classificou como um
cupcake — um termo que uma de seus
bartenders usava para uma mulher fraca
para bebida. O que parecia ser o caso
da loira deslumbrante que estava
estudando o copo vazio à frente.
Mas também ela poderia ser um
cupcake por um motivo totalmente
diferente. Ela parecia rica, doce e
decadente, como o tipo de guloseima
irresistível o qual ele encarava com
desejo quando menino, do lado de fora
de uma padaria da cidade. Ele nunca
teve a chance de provar qualquer um
desses doces, mas, mesmo agora, aos
trinta e dois, ainda podia se lembrar de
como a boca enchia de água e como o
estômago sempre vazio roncava e doía
— até que o dono da loja o afugentava
porque não queria que um Kincaid vil e
filho bastardo de uma prostituta viciada
em crack impedisse os clientes de
entrarem em sua confeitaria sofisticada.
Esta versão feminina de um cupcake
era tão tentadora, que seus pensamentos
perversos se voltaram para a ideia de
dar uma deliciosa mordida nela para ver
se era tão doce quanto parecia, seguida
por lambidas em sua pele macia e
cremosa para por fim provar aquela
boca rosa e perfeita e o corpo curvilíneo
projetado para o prazer e o pecado.
O pau estremeceu com a fantasia
brincando em sua mente, mas isso era
tudo que aconteceria. Uma fantasia
indecente. A mulher claramente não era
da área. Com aquele cabelo sedoso e
brilhante, uma pele impecável e o colar
de pérolas brilhantes em volta do
pescoço, ela gritava classe alta e
riqueza. O restante da roupa — uma
blusa de seda rosa-claro e calças cor de
creme — também criava um contraste
direto com a atmosfera casual de jeans e
camiseta do Kincaid’s.
Ele se moveu atrás do bar, onde Tara,
sua última bartender da noite, estava
preparando uma bebida. Às dez e
quarenta e cinco da noite de um
domingo, ela tinha acabado de fazer a
última rodada de pedidos, que foi o que
tirou Clay de seu escritório, para render
Tara de seu posto por volta das onze.
Como era a noite mais lenta da semana e
o Kincaid’s normalmente ficava vazio
após as dez, ele não se importava de
fechar o lugar sozinho.
— Quem é o cupcake no final do
balcão? — Clay perguntou a Tara em um
tom de voz baixo.
— Eu não tenho ideia — Tara
respondeu com um encolher de ombros
enquanto colocava 14 mililitros de
Kahlua em um copo. — Eu nunca a vi
aqui antes.
A bela bartender, com seus longos
cabelos escuros, olhos exóticos e um
piercing de diamante acima do lábio
superior, era uma combinação intrigante
de suavidade e resistência. Doce e com
um coração enorme, mas forte o
suficiente para lidar com as besteiras de
qualquer homem. E considerando quão
bêbados e desordenados alguns clientes
masculinos podiam ficar às vezes, saber
que Tara era muito esperta e podia botar
para quebrar quando necessário foi um
dos principais motivos pelos quais
decidiu a contratar. A mulher era
destemida, assim como uma excelente
bartender.
Inclinando o quadril contra o balcão
baixo, Clay deixou o olhar voltar para a
loira, que estava com o queixo apoiado
na mão. O corpo inteiro estava relaxado,
e mesmo do outro lado do bar,
reconheceu o olhar vítreo e atordoado
em seus olhos, indicando que ela estava
a caminho de ficar bêbada.
— Ela chegou com alguém? —
perguntou curiosamente.
Tara adicionou uma quantidade igual
de Bailey’s ao copo.
— Não. Entrou sozinha.
— Ela está perdida? — Era a única
coisa que fazia sentido para ele.
— Acho que não — respondeu Tara,
a boca se curvando com um sorriso
enquanto terminava a bebida com uma
quantidade generosa de creme de leite.
— Ela deslizou para a banqueta do bar,
me disse que queria a bebida com o
nome mais sacana do menu, então eu
servi uma Foda Real para ela. Ela
engoliu a dose em um só gole e pediu
mais dois, então me disse para continuar
mandando, quanto mais forte e mais
sacana, melhor. Depois de três Fodas
Reais, ela passou por um Orgasmo
Gritante, uma Lenta e Agradável
Trepada e um Boquete. Ela agora vai
provar uma Garganta Profunda — disse,
levantando a bebida sexualmente
explícita que tinha acabado de fazer.
Clay não pôde evitar a risada
divertida que escapou. Droga. Então o
cupcake tinha um toque travesso
escondido sob a fachada elegante. E ele
tinha de admitir, ficou intrigado e se
perguntou o que a levou para um lado
mais violento da cidade, quando alguém
como ela deveria estar bebendo
Cosmopolitans com as amigas socialites
em um lounge seguro e moderno perto
de Lakeshore Drive.
Tara entregou a bebida para a mulher
e então se dirigiu ao salão para limpar
as mesas e se certificar de que os
poucos clientes que ainda restavam não
queriam uma última bebida antes do
lugar fechar. Clay começou a guardar as
garrafas enquanto disfarçadamente
observava a loira, que mergulhava a
língua na espuma de chantilly antes de
botar os lábios ao redor da borda do
copo, inclinar a cabeça para trás e
engolir a mistura, exatamente como o
nome da bebida implica.
Ah, porra…
Um leve gemido escapou dela
enquanto engolia. Quando terminou,
lambeu lentamente o restante de
chantilly do canto da boca, os cílios
semicerrados. Suas ações eram tão
inocentes e sem prática, mas tão
insanamente sexy, que o excitavam — e
o lembravam que fazia muito tempo
desde a última vez que transou.
Uma mensagem rápida para a mulher
com quem tinha um acordo de amizade
colorida poderia facilmente mudar esse
status, mas, primeiro, ele precisava ter
certeza de que o cupcake deixaria seu
estabelecimento em segurança, só então
poderia fechar o bar. Considerando sua
reação à loira que era muita areia para
seu caminhão, ele definitivamente estava
precisando se entregar a uma foda
selvagem e quente.
Tara voltou com uma bandeja com
copos vazios e os colocou na pia atrás
do bar. O último dos clientes saiu, e
dois dos clientes habituais acenaram
para ela a caminho da rua.
— Vejo você depois, Saint — um dos
caras mais velho gritou.
Clay era mais um pecador do que um
santo, mas desde que seu irmão Mason
lhe dera o apelido anos atrás para irritá-
lo — o que de fato o irritava —, todo
mundo passou a seguir o exemplo. E o
apelido pegou. Foi mais fácil tolerar o
rótulo do que lutar contra ele.
— Boa noite, Ted. Charlie. — Ele
ergueu a mão em um gesto de despedida.
— Se cuidem.
Tara pegou um pano úmido e começou
a ajudá-lo na limpeza.
— Vou terminar aqui — disse Clay a
ela. — Eu sei que você tem uma prova
amanhã, então vá para casa, estude e tire
uma boa noite de sono antes da aula de
amanhã. — Tara estava frequentando a
faculdade em meio período para se
formar em administração e Clay tentava
apoiá-la de todas as maneiras que podia.
Ela sorriu para ele, a expressão
aliviada.
— Obrigada. Eu agradeço. Vou pedir
à loira para fechar a conta e, em
seguida, vou embora.
— Não se preocupe com isso. — Ele
colocou uma garrafa de vodca Grey
Goose de volta na prateleira de bebidas.
— Ela é a última cliente. Eu cuido dela.
— Claro que cuida, Saint Clay. —
Ela disse em um tom de provocação. —
Ela definitivamente tem aquela vibração
de donzela em apuros, apesar das roupas
e acessórios caros.
Clay tinha uma história — mais como
um mau hábito — de ajudar e/ou
resgatar quem estava sem sorte na vida,
incluindo a própria Tara, embora ela
tivesse percorrido um longo caminho
desde a garota destruída e furiosa que
ele originalmente empregou no
Kincaid’s. Droga, a maioria de seus
funcionários foram contratados com
base na necessidade desesperada de um
contracheque, bem como uma forma de
provar seu valor. Muitos deles vieram
de circunstâncias nada ideais ou
estavam tentando se recuperar de um
passado infernal tão danificado quanto o
de Clay.
Mas a loira não era nenhuma dessas
coisas, e ele duvidava que ela
precisasse de qualquer tipo de resgate
— e certamente não vindo dele. Ela era
apenas um belo inconveniente, que
exigia que Clay fizesse a coisa certa,
como faria com qualquer um de seus
clientes que beberam demais.
De costas para a loira e ainda de
frente para Tara, cruzou os braços sobre
o peito e deu a ela um olhar penetrante.
— Vou cuidar dela como faria com
qualquer cliente bêbado — disse ele, em
tom direto. — Ela vai pagar a conta, e
eu vou chamar um táxi para levá-la para
casa, para que não dirija sob efeito do
álcool. Garantir que ela saia com
segurança é parte da minha
responsabilidade como dono deste bar.
Nada mais.
Tara estendeu a mão e deu um tapinha
em sua bochecha.
— Você pode tentar justificar o
quanto quiser, mas você é um cara bom,
Saint Clay.
Apesar do apelido e do motivo por
trás dele, Clay não era a porra de um
santo. Nunca foi e nunca seria. Ele tinha
feito um monte de coisas ilegais e
imorais das quais não se orgulhava, e
embora tivesse feito o possível para se
redimir, ainda havia uma escuridão
dentro dele que sempre permaneceria.
— Boa noite, Tara — disse, o tom
abrupto deixando claro que tinha
encerrado essa conversa.
— Vejo você amanhã à noite, chefe
— respondeu ela com um sorriso
atrevido.
Tara pegou a bolsa e a jaqueta em um
armário atrás do bar assim que o menino
responsável por lavar a louça — um
garoto que Clay pegou vasculhando o
lixo em busca de restos de comida
alguns meses atrás — saiu da parte de
trás do bar, onde ficava a pequena
cozinha. Ele estava empurrando uma
bicicleta surrada, que era seu meio de
transporte e que mantinha no depósito
para que não fosse roubada. Tinha um
saco plástico pendurado no guidão, e
Clay sabia que continha um recipiente
de isopor com as sobras dos aperitivos
do happy hour. Fazer uma refeição no
bar no final da noite era algo em que
Clay insistia, pois suspeitava que era a
principal fonte de nutrição do garoto.
— Elijah, acompanha a Tara até o
carro dela quando for sair? — ele
perguntou ao menino. Clay geralmente
escoltava as funcionárias até o
estacionamento no final da noite, mas
para fins de responsabilidade, não
estava disposto a deixar a loira
completamente sozinha por muito tempo.
— Sim, senhor — disse Elijah
respeitosamente, aquela atitude
beligerante que ele carregou nas
primeiras semanas de trabalho agora era
uma memória distante.
Clay esperou até que os dois tivessem
ido embora e ele ouvisse Tara trancar a
porta principal antes de se virar para
lidar com a loira. Caminhou em direção
ao final do balcão, onde ela estava
passando o dedo ao longo da borda do
copo, o queixo apoiado na mão. Quando
se aproximou, seu olhar de pálpebras
pesadas mudou em sua direção, então
deslizou por todo o comprimento de seu
corpo, descaradamente o avaliando.
Quando seus olhos mais azuis que o
céu encontraram o caminho de volta
para o rosto dele, um suspiro suave
escapou de seus lábios.
— Você é tããão gostoso — disse ela,
o comentário não filtrado sendo uma boa
indicação de que ela estava bem e
verdadeiramente embriagada. Então ela
olhou para o copo vazio e franziu a
testa. — Eu acho que preciso de outra
Foda Real ou talvez você pudesse me
dar um Orgasmo Gritante. — Ela riu
como uma garotinha travessa, fofa e
arteira. — Eu nunca pedi a um cara por
um “orgasmo gritante” antes, mas aquele
último foi tão bom, que quero outro.
O canto da boca de Clay se contraiu
com diversão inegável. Droga, ele não
queria gostar dela. Não queria vê-la
como nada mais do que a mulher rica e
privilegiada que ela parecia ser, a
inconveniência a que ele se referiu
anteriormente, e foi esse pensamento que
o levou a pôr um fim na noite dela.
Clay pegou o copo de seus dedos e
colocou-o na pia embaixo do balcão.
— Eu acho que você já teve Fodas
Reais e Orgasmos Gritantes suficientes
por esta noite, Cupcake.
— Cupcake? — Seus lindos olhos se
iluminaram, a pele rosada e corada por
causa do álcool. — Eu gosto de
cupcakes. Gosto de fazer e gosto de
comê-los. E quando ninguém está
olhando, eu gosto de lamber a cobertura
— disse em um sussurro baixo e secreto.
Porra. Ele queria lamber a cobertura
dela, começando com a boca exuberante,
movendo-se para os seios fartos e
mamilos rígidos, para então ir mais para
baixo, onde ela sem dúvida era mais
doce que açúcar. Esses pensamentos
indecentes passaram por sua cabeça
junto com uma sacudida repentina de
excitação que o fez cerrar os dentes.
A atração física por aquela mulher
era diferente de tudo que ele já havia
experimentado, muito crua, quente e
imediata. Ela não estava nem perto de
ser seu tipo de mulher, mas era um
enigma e o tipo de tentação que ele
sabia que não traria nada além de
problemas. Com um aceno de cabeça —
principalmente para colocar algum
sentido em seu cérebro —, foi até o
caixa e imprimiu a conta dela. Quando
se virou, encontrou o olhar dela nas
proximidades de onde estava sua bunda,
e ela agora estava descaradamente
olhando a região de sua virilha.
Ela lambeu lentamente os lábios e
ergueu os olhos vítreos de volta aos
dele.
— Aquele Boquete que eu tomei
também estava muito gostoso — disse
com voz rouca, um leve toque de
maldade em sua voz. — Talvez eu tome
outro desses.
Uma imagem absurdamente sexy, os
lábios macios e rosados em volta de seu
pênis enquanto ela o chupava, gravou-se
em sua mente. O pau rebelde estava
totalmente de acordo com essa ideia, de
modo que Clay engoliu um gemido.
Jesus Cristo, ela estava acabando
com ele.
— O bar está fechado e está ficando
tarde. — Ele colocou o pedaço de papel
no balcão à sua frente. — Assim que
você pagar a conta, eu te ajudo a ir
embora. — E ele tinha certeza de que
nunca mais a veria, graças a Deus.
A carranca voltou, junto com uma
pitada de preocupação vincando suas
sobrancelhas. Ela enfiou a mão na bolsa,
remexeu o conteúdo por alguns
segundos, então retirou uma carteira com
o mesmo padrão da bolsa. Com dedos
desajeitados, tentou pegar um cartão de
crédito, e quando ela finalmente
conseguiu o feito, o entregou a Clay.
Ele olhou por um momento para o
American Express Black. Ele tinha
ouvido falar que eles existiam, sabia que
o cartão de crédito exclusivo era
reservado para os obscenamente ricos,
mas nunca tinha visto um antes. A
clientela do bar era estritamente
operária e pagava em dinheiro ou com
um cartão de crédito ou débito padrão.
Enquanto voltava para o caixa, olhou
para o nome impresso no cartão de
plástico.
Samantha Jamieson.
Sim, ela parecia uma Samantha, ele
pensou, e passou o cartão pelo sistema.
Alguns segundos depois, a palavra
RECUSADO apareceu no visor. Certo
de que foi um erro, limpou o cartão e
tentou novamente… E a resposta
permaneceu a mesma.
Puta merda. Ela realmente tinha
estourado o limite de um dos cartões de
crédito com limite mais alto
disponíveis? Ele não tinha previsto isso.
Ele voltou para Samantha, mas antes que
pudesse dizer qualquer coisa, ela olhou
para ele com olhos arregalados e
astutos.
— Não funcionou, não é? — ela
perguntou com uma voz aflita.
— Huum, não — respondeu ele e lhe
devolveu o cartão. — Você tem um outro
que gostaria de usar? — Ele tinha
certeza de que ela tinha meia dúzia de
cartões de crédito para escolher.
Ela engoliu em seco e balançou a
cabeça.
— Não. Nenhum deles vai funcionar
— ela disse suavemente, descrença
gravada em suas belas feições. — Ele
realmente fez o que disse. Meu pai me
cortou completamente — murmurou em
resignação.
Antes que pudesse processar aquela
declaração interessante, Samantha
balançou no banco, e Clay
instintivamente estendeu a mão por cima
do bar para agarrar seus braços antes
que ela caísse do assento e acabasse de
bunda no chão. Ela agarrou os
antebraços de Clay enquanto se
inclinava para o lado novamente.
— A sala está começando a girar. —
Seus olhos se estreitaram em uma
carranca enquanto tentava se concentrar
nele. — E você parece… um pouco
borrado.
Ah, sim, a Cupcake estava bêbada.
Ele não se importava mais com a conta
dela, mas precisava descobrir o que
fazer com a mulher.
— Samantha, preciso do seu celular
para poder ligar para alguém vir para
buscá-la.
— Me livrei dele — ela murmurou
enquanto pressionava os dedos nas
têmporas. — Não quero que meu pai me
encontre.
As respostas estavam ficando cada
vez mais estranhas, e ele não tinha ideia
se o que estava falando era verdade ou
era o álcool falando. Quem se livrava
do celular porque temia que alguém o
encontrasse — a menos que estivesse
fugindo de problemas? E agora ela era
problema dele. Que ótimo, caralho.
Clay gentilmente a puxou para a
frente, para que seus braços estivessem
apoiados no balcão, suportando a maior
parte do peso para que ela não tombasse
para o lado novamente. Ele rapidamente
deu a volta no bar, então a virou no
banco para ficar de frente para ele.
Samantha piscou para o rosto dele,
parecendo tão triste, tão desamparada,
que ele sentiu um aperto estranho no
peito.
Clay exalou um fluxo frustrado de ar.
— Tem que haver alguém para quem
eu possa ligar. Ou que tal eu pegar seu
endereço na carteira de motorista e
pedir um táxi para deixá-la em casa…
Samantha balançou a cabeça
freneticamente, fazendo a nuvem de
cabelo loiro sedoso cair em cascata
sobre seus ombros.
— Eu não posso ir para casa. Não me
faça voltar para casa.
Ele realmente queria ser um escroto
frio e cruel e mandá-la para casa de
qualquer maneira, para que não fosse
mais sua dor de cabeça, mas
considerando o estado emocional da
mulher e o álcool em seu sistema, ela
estava em uma grande desvantagem e
nunca seria capaz de lidar de maneira
racional com aquilo de que estava
fugindo.
Porra, porra, porra.
Ela estendeu a mão e agarrou um
punhado de sua camisa, os olhos
brilhando com a umidade.
— Oh, Deus, o que eu fiz? Eu não
tenho… nada. Eu não tenho nenhum
dinheiro, nenhum lugar para ir… —
Como se finalmente percebesse quão
terrível sua situação era, se jogou contra
o peito dele e começou a chorar.
A mulher não tinha limites, porque de
repente se grudou nele, os braços em
volta do pescoço e o rosto enterrado em
sua garganta enquanto tinha um pequeno
colapso — e Clay de alguma forma se
tornou sua tábua de salvação. Ele estava
acostumado a lidar com bêbados
desagradáveis e valentões desordeiros
que vinham ao bar, mas isso… Ele não
tinha ideia do que fazer com uma mulher
pegajosa e emocional — uma que
cheirava tão suave e deliciosamente
feminina.
Ele timidamente passou um braço em
volta da cintura dela para se certificar
de que suas pernas não cedessem, estava
bastante ciente do aperto dos seios
contra seu peito e de como o corpo
curvilíneo se ajustava ao dele em todos
os lugares certos. E, sim, o pau
enrijecido notou também e não hesitou
em mostrar seu interesse.
Samantha finalmente se acalmou e
fungou, e ele quase riu quando ela
esfregou o nariz escorrendo contra sua
camiseta. O ato era tão pouco feminino,
tão pouco refinado, que ele tinha certeza
de que ela nunca faria tal coisa se
estivesse sóbria. Mas isso a fez parecer
mais vulnerável e real. Nem de longe se
parecia com a socialite fria e indiferente
que ele originalmente imaginou.
Samantha soltou um suspiro suave e
trêmulo, e seu hálito úmido acariciou a
lateral do pescoço de Clay.
— Estou tão cansada, e não sei o que
fazer, para onde ir… — Suas palavras
sussurradas foram sumindo, e ela se
aconchegou mais, confiando nele, um
estranho, o seu bem-estar.
Clay apertou a mandíbula e tomou
uma decisão rápida, em uma fração de
segundos, e rezou para não se
arrepender mais tarde. Ela não estava
em condições de ir a lugar nenhum, e ele
não era um idiota a ponto de
simplesmente mandá-la embora para se
defender sozinha quando estava
claramente sob efeito de álcool e seu
julgamento estava distorcido.
Clay agarrou a bolsa dela, mantendo
um braço em volta de sua cintura, e a
guiou para os fundos do bar enquanto
apagava as luzes do ambiente. Samantha
estava vacilante nos saltos; ela nem
mesmo questionou para onde estava
sendo levada, apenas aceitou que ele era
um cara legal e iria mantê-la segura. O
que foi incrivelmente estúpido da parte
dela. Clay poderia ser um assassino em
série, e esse pensamento apenas
reforçou a decisão de levá-la para seu
apartamento no andar de cima e deixá-la
dormir até queimar todo o álcool que
consumiu. E pela manhã — e ele
apostava que ela teria uma ressaca
monumental — Samantha estaria fora do
seu caminho e não seria mais sua
preocupação.
Subir com ela os degraus e mantê-la
firme em pé foi um teste para sua
paciência. Samantha ria cada vez que
tropeçava, a mente já esquecendo do
colapso que acabara de ter no bar
enquanto flertava com Clay e dizia mais
uma vez o quão gostoso ele era. Ele
realmente queria ficar aborrecido, e
teria ficado se ela acabasse sendo muito
difícil de lidar, mas Samantha era
realmente adorável… Até que ele a
colocou em seu apartamento, e seu rosto
ficou pálido de repente.
Ela pressionou a mão na barriga e
lambeu os lábios secos, uma expressão
de pânico nos olhos.
— Estou tão tonta e não me sinto tão
bem.
Ah, merda. Clay sabia exatamente o
que estava por vir, e sabia que a erupção
não seria bonita, considerando a
variedade de bebidas que ela havia
tomado. Deixando cair a bolsa dela no
sofá, ele a levou às pressas para o único
banheiro no pequeno apartamento, que
era conectado ao único quarto do lugar.
Ela começou a gemer, e ele enrolou
os dedos na nuca dela e a empurrou de
joelhos na frente do vaso sanitário
quando Samantha começou a vomitar.
Ele não foi rápido o suficiente. Ela
passou mal antes que a cabeça estivesse
sobre a abertura, e uma mistura muito
colorida espirrou em sua blusa de seda e
calças que pareciam caras antes que ele
pudesse finalmente colocá-la sobre o
vaso. Mesmo assim, o cabelo caiu ao
redor do rosto enquanto ela vomitava, e
pedaços de alguma porcaria nojenta
ficaram presos nas mechas loiras.
Clay fez uma careta e praguejou
baixinho enquanto fazia o possível para
puxar o cabelo da mulher para trás.
Enquanto esperava que ela esvaziasse o
estômago, pensou em todas as vezes em
que ficou de vigília no banheiro com
Mason durante a adolescência selvagem
e fora de controle de seu irmão. Droga,
Mason ainda era selvagem e rebelde,
mas pelo menos Clay não era mais
responsável por deixá-lo sóbrio, graças
a Deus.
Como o mais velho de três irmãos,
Clay foi forçado a assumir o papel de
figura paterna para Mason e Levi aos
dezesseis anos — caso contrário, corria
o risco de os três serem separados pelo
sistema de adoção. Enquanto a mãe
cumpria pena de dezoito meses por
posse de drogas e prostituição, Clay
garantia que seus irmãos fossem
alimentados, vestidos e frequentassem a
escola todos os dias (embora Mason
tivesse passado a maior parte de seus
anos de colégio matando aula para que
pudesse fumar maconha ou trepar com
alguma garota, ou ficar em detenção por
ser um espertinho beligerante com um de
seus professores). Não havia nenhum pai
por perto para ajudar em qualquer
momento de suas vidas. Não quando sua
mãe concebeu cada um deles com algum
John sem nome com quem ela dormiu
para sustentar o vício em metanfetamina.
Outro gemido baixo de Samantha
trouxe a mente de Clay de volta ao
presente, que era onde ele preferia estar.
O passado estava cheio de nada além de
lembranças horríveis e dolorosas que,
na maior parte do tempo, ele conseguia
manter enterradas naquele lugar dentro
de si, onde trancava suas memórias mais
sombrias.
Depois de vomitar, Samantha
finalmente se afastou do vaso, tentando
parecer composta, apesar de quão
deselegante tinha acabado de vomitar e
como ainda estava bêbada. Clay soltou o
cabelo pegajoso, pegou uma toalha
limpa, umedeceu-a com água da pia e
deu para ela limpar o rosto.
Samantha passou o pano na boca e no
queixo, depois olhou para si mesma,
encolhendo-se de consternação ao ver as
roupas sujas.
— Isso foi nojento — ela murmurou,
envergonhada, enquanto olhava para ele
de onde ainda estava, sentada no chão.
— E agora… E agora estou toda
bagunçada.
Sinceramente, seu cupcake parecia
uma porcaria e cheirava bem mal.
— Sim, você está uma bagunça sexy,
é verdade — disse, com uma pitada de
sarcasmo na voz.
Ela se animou levemente, um sorriso
travesso curvando o canto da boca.
— Não… Você é extremamente sexy
— disse ela novamente.
Ele riu quando Samantha interpretou
sua ironia como um elogio. Clay, sem
dúvida, ficava cansado quando se
tratava de mulheres. Ele não se divertia
com elas e não ria muito com elas. Ele
não entrava em relacionamentos,
romances ou namoros.
Normalmente, a extensão de sua
interação com uma mulher era servir
uma bebida no bar ou sair para uma foda
rápida. No entanto, essa mulher já
estava irritando-o e intrigando-o mais
do que era aconselhável.
O nariz de Samantha enrugou quando
ela finalmente sentiu seu cheiro.
— Eu… eu preciso tomar um banho
— anunciou e tentou se levantar.
Ela vacilou sobre os saltos enquanto
tentava se endireitar, e Clay a segurou
pelo braço antes que ela caísse de cara
no chão. Mesmo assim, Samantha
tropeçou em seu peito, espalhando
aquele vômito fedorento por toda a
camiseta e jeans.
Porra, ótimo, ele pensou, cerrando os
dentes.
Mesmo que concordasse que ela
estava fedendo muito, não havia
nenhuma condição de a deixar entrar em
uma banheira escorregadia naquele
estado.
— Que tal você colocar uma das
minhas camisas, deitar na cama e tirar
uma soneca? — E quando ela acordasse
de manhã, poderia lidar com a limpeza.
Samantha franziu o cenho para ele.
— Mas eu estou cheirando mal.
— Sim, está mesmo. — Não havia
como negar a verdade.
Samantha se afastou dele e mais uma
vez cambaleou naqueles sapatos
ridiculamente altos enquanto tentava
desabotoar a blusa.
— E meu cabelo… Há coisas nele.
— Ela fez uma careta. — Se eu não
tomar banho… O cheiro horrível vai me
deixar enjoada de novo.
Sua testa se franziu em concentração,
mas os dedos desajeitados não
conseguiam descobrir como deslizar um
botão pelo buraco.
A julgar por sua expressão
determinada, Clay sabia que não havia
nada que pudesse fazer ou dizer para
fazê-la mudar de ideia. Não que ele a
culpasse. O fedor também o estava
deixando nauseado, e ele tinha um
estômago forte.
Imaginando que era melhor
simplesmente terminar com tudo de uma
vez para que pudesse colocá-la na cama
e ela pudesse apagar a noite toda, Clay
afastou as mãos dela para o lado e
rapidamente desabotoou a blusa.
Tirando a bainha de dentro da calça
dela, ele tirou o tecido manchado e
sedoso e o deixou cair no chão.
Samantha estendeu a mão para abrir o
sutiã de renda, rosa-claro e sexy, que fez
um trabalho incrível de dar água na boca
ao exibir seus seios fartos e cremosos
como uma oferenda, e Clay sabia que se
essas belezas viessem à tona, a tentação
de tocar e saborear seria um teste
doloroso para seu controle.
Droga, tudo sobre Samantha tornava
difícil manter as mãos longe dela de uma
forma sexual, mesmo com o fato de ela
ter acabado de vomitar. Deixá-la ficar
nua bem na frente dele não era uma
opção, mesmo que o pau tenso
argumentasse o contrário.
— Não tira — disse ele, grato que os
dedos descoordenados não conseguiram
abrir o sutiã. A mulher não tinha nenhum
senso de modéstia? Bom, mas ele estava
bem ciente de como o álcool poderia
afrouxar as inibições de uma pessoa, e
ela estava obviamente muito além de se
preocupar em agir de forma adequada.
Sem dúvida Samantha ficaria
mortificada pela manhã; por enquanto,
não se importava.
— Mas eu preciso…
— Não — ele rosnou, mais severo do
que pretendia. Com o tipo de voz
autoritária que normalmente chama a
atenção de uma pessoa.
Ela deixou cair as mãos e exalou um
suspiro petulante.
— Você não precisa ser tão mal-
humorado — murmurou, claramente nem
um pouco perturbada por seu tom afiado.
Sim, ele estava mal-humorado e com
tesão para caralho, e estava prestes a
piorar. O mais rápido possível, ele
desabotoou e abriu o zíper da calça de
Samantha, e teve de se abaixar para
ajudá-la a tirar os sapatos até tirar o
restante da roupa. Seu equilíbrio vacilou
quando ela tirou as calças e estendeu a
mão para agarrar algo, que acabou
sendo o cabelo dele.
Clay estremeceu quando os dedos
dela apertaram as mechas, e em sua
posição atual, agachado na frente dela,
seu rosto no nível da calcinha de renda
rosa, ele a imaginou agarrando seu
cabelo por um motivo completamente
diferente. Não para se firmar, mas para
empurrar sua boca entre as coxas macias
e lisas, para que ele pudesse lambê-la e
fazê-la gozar.
Abruptamente, ele se levantou e
apoiou a bunda dela contra a
penteadeira, para se equilibrar, enquanto
removia as pérolas e o relógio
incrustado de diamantes que
provavelmente custou uma pequena
fortuna. Clay abriu a torneira para que a
água esquentasse enquanto tirava a
camiseta, o jeans, as meias e os sapatos.
Ela o observou enquanto ele se despia,
observando a largura de seu peito,
seguindo pelo abdômen definido até o
cós da cueca boxer preta que ele havia
mantido. Lambendo os lábios, Samantha
olhou descaradamente para o eixo
grosso delineado pelo algodão
confortável. Sua respiração se
aprofundou, e uma onda de excitação
percorreu suas bochechas.
— Você é tão gostoso — ela
sussurrou com admiração, obviamente
não coerente o suficiente para perceber
quantas vezes já havia dito isso a ele.
O sangue de Clay esquentou nas
veias, seu próprio desejo não bem-vindo
por Samantha o deixando um pouco
louco porque não conseguia controlar
sua reação, apesar de seu esforço. Ele
considerou brevemente um banho frio,
mas sabia que não seria justo com ela.
— Vamos, Cupcake — disse ele,
estendendo a mão para ela. — Vamos
fazer isso de uma vez.
Seus lindo olhos azuis se arregalaram
agudamente.
— Nós vamos fazer algo?
Clay gemeu, baixo e profundamente,
enquanto Samantha mais uma vez
interpretava mal suas palavras, embora
ela certamente não se opusesse a fazê-lo
da maneira que estava insinuando.
— Você queria tomar banho, lembra?
Você não vai entrar sozinha quando mal
consegue ficar em pé sem cair.
Antes que Samantha pudesse discutir,
ele agarrou sua mão e a ajudou a entrar
na banheira. Clay a colocou em direção
ao jato de água quente, e se mantendo
tão distante quanto possível, ele a
ajudou a lavar o corpo; então ele lavou e
tirou a sujeira de seu cabelo. Isso não
era algo que Clay já tinha feito com ou
por outra mulher. Era tudo uma questão
de entrar, foder com força e ir. Cuidar
delas? Não fazia parte do acordo. Então
ele cometeu o erro de olhar para os
filetes de água correndo sobre a pele
macia, tornando a seda do sutiã e da
calcinha transparente. Seu corpo inteiro
pulsava com luxúria e desejo. Porra.
Eles ficaram no chuveiro por menos
de dez minutos, mas o calor da água
afrouxou os músculos e a deixou
letárgica, então Clay praticamente teve
de segurá-la, o que não ajudou seu
estado de excitação. No momento em
que terminaram, e ele a enxugou com
uma toalha, Samantha estava
cambaleando de maneira instável,
obviamente tinha esgotado as energias
da noite.
No quarto, Clay pegou uma camiseta
limpa na cômoda e a passou pela cabeça
e pelo corpo lindo e curvilíneo enquanto
Samantha bocejava, suas pálpebras se
fechando, sonolentas. Antes que
Samantha pudesse passar os braços nas
mangas, Clay enfiou a mão por baixo do
tecido e tirou o sutiã molhado, em
seguida desceu a calcinha igualmente
úmida pelas pernas, tudo isso mantendo
o olhar para outra direção.
Quando ela estava decentemente
coberta, Clay a guiou até a cama, puxou
o lençol e o edredom e ajudou-a a
deitar. Samantha rastejou sobre o
colchão e mostrou a ele sua bunda nua e
deliciosa antes de deitar de costas. Com
um gemido de puro tormento, Clay
puxou as cobertas até o peito da jovem.
Samantha piscou para ele sonolenta.
— Obrigada por cuidar de mim —
sussurrou, os cílios se fechando.
Naquele momento, ela parecia tão
vulnerável e sozinha, que Clay sentiu o
peito apertar com um instinto protetor
que não devia sentir por ela. Ele não
queria se preocupar com Samantha ou
com sua situação. Não queria se
envolver com o que quer que tivesse
acontecido com ela para largar o celular
e entrar em um bar do lado errado da
cidade para se embebedar.
E ele não queria se sentir atraído por
ela, mas sem dúvida, estava se sentindo.
Clay dormiria no sofá, e pela manhã
Samantha estaria sóbria e cheia de
remorso envergonhado. Quanto a ele…
teria a noite para se convencer e se
fortalecer para conseguir acabar com
qualquer emoção indesejada pela
Cupcake que ele nunca mais veria.
Capítulo 3

A cabeça de Samantha parecia que ia


explodir. A pressão, o latejar, o menor
movimento aumentava a pulsação contra
o crânio. Com um gemido suave, abriu
as pálpebras e apertou os olhos no
quarto muito claro. Samantha não
reconheceu o que estava ao seu redor, e
o pânico a invadiu, aumentando sua
frequência cardíaca.
Enquanto olhava ao redor, memórias
nebulosas da noite anterior finalmente se
filtraram no cérebro, dando-lhe uma
sensação de alívio, que não durou muito
enquanto a mortificação varria seu
corpo dolorido. Ela não só tinha bebido
demais, como flertou escandalosamente
com um estranho lindo; teve de admitir
que era muito bom andar um pouco pelo
mau caminho.
Samantha gemeu alto, apenas para ser
pega por uma lembrança mais dura. Seu
pai cortou total e completamente
relações com ela, assim como disse que
faria. O latejar na cabeça aumentou a
proporções épicas. Infelizmente sua
humilhação ainda não havia terminado.
Ela não só não tinha sido capaz de pagar
a conta do bar, como também começou a
chorar na frente do Bonitão, tagarelou
sobre seus problemas pessoais e depois
vomitou de maneira espetacular, errando
completamente o vaso. Em seguida, teve
o banho, onde seu salvador entrou junto
com ela, ajudando-a a se limpar da
sujeira e se vestir novamente depois
disso. Sua mortificação era completa.
Com cuidado para não mexer muito
com a cabeça, Samantha rolou
suavemente de costas e colocou o braço
sobre os olhos para protegê-los do raio
de sol que entrava pela janela. Ela
definitivamente precisava de mais
alguns minutos para se recompor antes
de tentar sair da cama. O que deu a ela
muito tempo para pensar sobre seu
comportamento na noite anterior.
Ficar bêbada, em qualquer ocasião,
não era nem um pouco do seu feitio. Ela
nunca foi uma garota festeira, de modo
que conhecia seus limites quando se
tratava de álcool — um drinque e nada
mais. Na noite anterior, havia consumido
mais doses de bebida alcoólica do que
conseguia se lembrar, mas todas tinham
um gosto tão bom, e Samantha
secretamente adorou o fato de que cada
drinque tinha um nome sujo. Naquele
momento, ceder a Fodas Reais,
Orgasmos Gritantes e Boquetes tinha
sido uma maneira divertida e inofensiva
de torcer o nariz para todas as regras e
normas sociais que seus pais impuseram
a ela por tanto tempo.
Mas seu ousado ato de rebeldia
custou caro, porque agora não tinha
dinheiro, emprego, carro nem um lugar
para morar. Samantha literalmente não
tinha nada. Ela tinha 26 anos e vergonha
de admitir que tudo o que possuía havia
sido dado a ela de uma forma ou de
outra. Samantha aceitou cada um dos
itens sem reclamar, mas com seu estilo
de vida vieram certas expectativas que,
até este ponto, ela havia cumprido como
uma boa e obediente filha.
Samantha não podia mais viver assim.
Enfiar o rabo entre as pernas como um
cachorrinho arrependido e voltar para a
casa não era uma opção. Samantha sabia
exatamente quem e o que a esperava.
Mais decoro e etiqueta forçados, e
castigo, e punição por sua ousadia. Não,
obrigada. Agora que ela teve um
gostinho da liberdade, queria
experimentar mais. Samantha queria
viver a vida em seus termos, sem
restrições, queria tomar suas próprias
decisões e cometer seus próprios erros
pelo caminho.
Ela não se enganou acreditando que
começar do zero seria fácil, mas de
alguma forma, encontraria uma maneira
de ser independente e bem-sucedida sem
o apoio financeiro dos pais. Samantha
precisava encontrar a si mesma — a
mulher que era, sem o confinamento e as
restrições de casa.
Mas antes que pudesse fazer qualquer
uma dessas coisas, precisava tirar a
bunda de fora da cama e enfrentar o dia.
E o homem quente e sexy que foi seu
salvador na noite passada. Ela podia
estar mortificada, mas sabia muito bem
que sem ele e sua bondade, não tinha
ideia de onde teria acordado esta manhã,
ou o que poderia ter acontecido no
estado em que se meteu.
Com esforço, Samantha se sentou na
beira do colchão e esperou alguns
segundos até que a cabeça parasse de
girar. O estômago enjoado roncou,
lembrando-a de que estava vazio; sua
boca tinha gosto de… Hum, não, ela nem
queria pensar nisso.
Vendo o colar de pérolas e relógio na
mesa de cabeceira, Samantha mais uma
vez se considerou sortuda por um cara
decente ter vindo em seu socorro. Ela
verificou a hora, chocada ao perceber
que eram quase onze da manhã. Passou a
mão pelo cabelo e estremeceu quando os
dedos se agarraram aos fios
emaranhados.
Obviamente o Bonitão não tinha
usado condicionador quando lavou seu
cabelo no chuveiro, mas ela estava grata
por pelo menos cheirar bem e estar
limpa — e bastante masculina,
considerando que a pele tinha nuances
de sabonete líquido com fragrância
cítrica.
Sentindo um sorriso vindo no rosto,
Samantha se levantou cautelosamente. A
camisa masculina que usava descia até o
meio das coxas, mas foi a carícia do ar
frio em seu sexo nu que trouxe outra
memória: de seu sutiã e calcinha
molhados sendo arrancados por mãos
muito grandes, quentes e capazes. O
homem tinha sido nada menos que um
cavalheiro a noite toda, apesar do fato
de a jovem ter se jogado em cima dele e
dado todos os sinais imagináveis de que
estaria disposta a mais. Ele não tinha se
aproveitado, e ela estava grata por esse
gesto.
Samantha não conseguia se lembrar
de ter sido tão paqueradora e desinibida
com um homem, mas o álcool havia
afrouxado suas inibições, e sua forte
atração por ele, auxiliada pela confiança
recém-adquirida, reforçou sua coragem
e estimulou o comportamento descarado.
Bem, a noite havia acabado, e ela não
tinha escolha a não ser enfrentá-lo, ela
pensou, e caminhou para o banheiro
contíguo a fim de se refrescar.
Considerando o que lembrava de ter
acontecido naquele cômodo na noite
anterior, tudo estava limpo e em ordem
agora. Samantha usou o banheiro, e
quando lavou as mãos, notou uma
escova de dentes nova em uma
embalagem perto da pia. Grata pela
consideração, ela vigorosamente
escovou os dentes e bochechou o
enxaguante bucal. Quando finalmente se
olhou no espelho, o reflexo que a
encarava de volta a assustou
tremendamente.
Samantha parecia a bagunça sexy a
qual ele a chamou na noite anterior. Seu
cabelo loiro normalmente liso estava
ondulado e desgrenhado — muito longe
do estilo suave, elegante e sedoso que a
mãe insistia que ela usasse. Qualquer
vestígio de maquiagem havia sumido, o
rosto estava limpo, exceto pela mancha
de delineador ao redor dos olhos.
Ela tinha alguns itens de maquiagem
na bolsa, mas não tinha ideia de onde
estava a referida bolsa. Ou suas roupas,
pensando bem, embora ela tenha
encontrado seu sutiã e calcinha
pendurados sobre a haste do chuveiro.
Eles estavam secos ao toque, então ela
colocou a calcinha, sentindo-se muito
melhor para saudar seu cavaleiro branco
parcialmente vestida. Com uma
respiração profunda e fortificante para
acalmar a repentina vibração de
borboletas nervosas no estômago,
Samantha abriu a porta do quarto que
levava diretamente para uma pequena
sala de estar e cozinha anexa. O lugar
era incrivelmente compacto e
escassamente mobiliado, de modo que
ela o encontrou com bastante facilidade.
Sentado a uma pequena mesa de
jantar com quatro cadeiras, Clay era
fácil de achar. Não por causa do
tamanho — embora ele fosse alto e bem
construído em todos os lugares —, mas
por causa de sua presença dominante,
que fazia Samantha ficar muito
consciente dele fisicamente. Ele a
observou do outro lado da sala com um
olhar especulativo. Seu cabelo era de
um tom de chocolate, os olhos
igualmente escuros e intensos. Sem
mencionar astutos e perspicazes.
Mesmo à distância, seu olhar a fez
estremecer. A pele se arrepiou, e todo o
corpo ficou vermelho de calor,
deixando-a sem fôlego. Uma respiração
profunda em busca do oxigênio tão
necessário, e seus seios se ergueram sob
a camiseta de algodão. Os mamilos
sensíveis raspavam o material,
enrugando-os até formarem pontos duros
e rígidos que frisavam contra o tecido.
Mesmo à luz do dia, sem interferência
de nenhuma bebida, a atração por Clay
era instantânea e inegável. Emocionante
e diferente de tudo que ela já sentira ou
experimentara com Harrison… ou
qualquer outro homem. Um calor
escaldante se estabeleceu profundamente
em sua barriga, e uma súbita
necessidade dolorida se enrolou entre
suas coxas.
Ah, sim, ele ainda era muito sexy.
A julgar pela forma como seu olhar
baixou ligeiramente e o aperto quase
insignificante de sua mandíbula, Clay
notou a resposta do corpo dela.
Fechando o laptop à sua frente, ele
ergueu os olhos, a expressão
cuidadosamente composta.
— Bom dia — ele murmurou em uma
voz baixa e profunda, que era mais sexy
do que Samantha se lembrava.
Combinado com a sombra da barba
escura e áspera em sua mandíbula
esculpida, o homem era uma fantasia
pecaminosa ganhando vida. Ele tinha um
toque de menino mau que tentava a boa
menina nela a dar um passeio pelo lado
selvagem.
A ideia era incrivelmente
convidativa.
Samantha puxou distraidamente a
bainha da camisa.
— Oi — respondeu enquanto se
forçava a se mover em direção a ele.
Ela sorriu, sentindo-se repentinamente
tímida porque o homem literalmente a
tinha visto no seu pior momento.
— Sente-se. — Clay gesticulou para
a cadeira do outro lado da mesa.
Ela não tinha ideia do que esperar
dele, mas pelo menos ele não a expulsou
imediatamente. Quando Samantha se
acomodou, ele se levantou e foi até a
cozinha. De costas para ela — Deus, ele
tinha uma bunda ótima naqueles jeans
gastos —, Clay encheu um copo de água,
depois pegou alguns comprimidos de
uma embalagem antes de voltar até
Samantha.
— Como você está se sentindo esta
manhã? — ele perguntou, mas
considerando que colocou a água e o
ibuprofeno na mesa na frente dela, sabia
exatamente o quanto a jovem estava
sofrendo.
— Melhor do que na noite passada —
ela admitiu timidamente. — Mas minha
cabeça latejante e meu corpo dolorido
estão claramente protestando contra
todas aquelas bebidas.
O mais leve indício de diversão
contraiu o canto do homem.
— Sim, você é definitivamente um
cupcake.
Samantha se lembrou dele usando o
termo algumas vezes.
— Por que você continua me
chamando assim? — perguntou, logo
antes de jogar quatro comprimidos na
boca e engoli-los com a maior parte da
água, que tinha um gosto delicioso e
desceu por sua garganta ressecada.
— Porque você é fraca quando se
trata de bebidas alcoólicas.
Ela não ficou ofendida com a
declaração, porque era verdade.
Clay agarrou a caneca que estava na
mesa e voltou para a cozinha.
— Quer um pouco de café? — ele
perguntou enquanto enchia sua própria
xícara.
Samantha não tinha certeza de que o
café ajudaria na ressaca, mas esperava
que a cafeína lhe desse uma sacudida de
energia muito necessária para descobrir
seu próximo plano.
— Claro. Com creme, se tiver.
Ele se moveu pela cozinha por alguns
minutos, e algo à esquerda de Samantha
chamou sua atenção. Ela olhou e
encontrou um gato listrado cinza sentado
no parapeito da janela, preguiçosamente
lambendo a pata e limpando o rosto. A
princípio Samantha pensou que um de
seus olhos estava fechado, então
percebeu que a órbita havia sido
costurada e o felino não tinha um olho.
— Aqui está — disse ele, colocando
a caneca sobre a mesa junto com um
prato com torradas. — Você precisa de
algo no estômago.
Clay parecia e agia como se tivesse
feito isso uma ou duas vezes, talvez
mais.
— Obrigada… — Suas palavras
foram sumindo porque nunca foram
apresentados formalmente. — Eu nem
sei o seu nome.
Embora ele de alguma forma
soubesse o dela, porque o usou na noite
anterior.
— É Clay. — Ele se recostou na
cadeira e tomou um gole do café
fumegante. — Clay Kincaid.
Kincaid era o mesmo nome do lugar
onde a taxista a deixou.
— Então o bar é seu?
— Sim.
Clay não era muito conversador, mas
o que ela esperava? Não era como se os
dois tivessem algum tipo de
relacionamento, e ele a tivesse
convidado para passar a noite. Samantha
pegou sua torrada e deu pequenas
mordidas enquanto procurava por algo
para preencher o silêncio constrangedor
entre eles.
— Como seu gato perdeu o olho? —
ela perguntou curiosamente.
— Eu a encontrei atrás do bar quando
era apenas uma gatinha — Clay disse
enquanto olhava para a gata com um
sorriso afetuoso. — Ela era esquelética
de tão magra, cheia de pulgas,
carrapatos e outros parasitas, o olho
esquerdo estava muito infectado. Não
tenho certeza do que causou o ferimento,
mas eu a levei ao veterinário, e eles não
tiveram escolha a não ser remover e
costurá-lo.
O fato desse homem ter resgatado
uma criatura tão indefesa deixou
Samantha ainda mais encantada.
— E você ficou com ela.
— Ela precisava de um lar.
Clay encolheu os ombros como se não
fosse grande coisa, mas Samantha sabia
que ele poderia ter levado o gato para
um abrigo e não ter gastado o próprio
dinheiro em uma operação cara para
salvar o animal fraco e indefeso. Mas
ela estava percebendo rapidamente que
Clay Kincaid era um homem que
cuidava das pessoas e das coisas —
assim como ele veio em seu socorro na
noite anterior.
— Qual é o nome dela? — ela
perguntou e tomou um gole do café.
— Xena.
Samantha sorriu.
— Por que ela é uma guerreira?
Ele assentiu.
— E uma sobrevivente.
Como se soubesse que estavam
falando dela, a gata saltou do parapeito
da janela, correu até a cadeira de Clay e
miou. Sem hesitar, ele se abaixou,
pegou-a e a colocou em seu colo. Xena
se esfregou afetuosamente no peito dele
e descaradamente deu uma cabeçada em
sua mão para que a acariciasse, o que
Clay fez. Em segundos, a gata estava
ronronando, contente.
Samantha comeu o restante da torrada
enquanto observava a mão grande e forte
de Clay acariciar a coluna de Xena em
uma carícia lenta e suave que a deixou
com ciúmes da gata e a fez se perguntar
como seria ter a palma da mão de Clay
deslizando sobre seu corpo e seus dedos
a tocando tão atentamente. A imagem
sedutora a fez se mexer inquieta no
assento, e ela forçou os pensamentos
para um tópico muito mais seguro. Como
se desculpar por seu comportamento
atípico na noite passada.
Samantha pigarreou, o que o fez
desviar a atenção de Xena para o seu
rosto. O olhar de Clay focou em sua
boca por mais tempo do que era
educado ou casual, então subiu para os
olhos da jovem. Havia calor suficiente
nas profundezas daqueles orbes marrons
para dizer a ela que essa fascinação
louca que ela sentia por ele era mútua,
mesmo que Clay fosse bom em manter a
atração sob controle.
Samantha distraidamente lambeu o
lábio inferior e falou enquanto ainda
tinha sua atenção.
— Clay… Eu realmente sinto muito
pela noite passada.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Qual parte?
Samantha não sabia se o rapaz estava
brincando ou não, ele era muito bom em
manter suas emoções ocultas.
— Tudo, mas especialmente sobre ter
passado mal e ter feito você lidar
comigo, ficando aqui em sua casa
porque eu não tinha outro lugar para ir.
Clay continuou a acariciar Xena, que
agora estava aninhada em seu colo, com
o rabo peludo enrolado em seu pulso.
— Aonde você vai agora?
— Eu… eu não sei — Samantha
respondeu honestamente. Ela não pensou
em nada além de deixar a propriedade
dos pais e escapar de suas regras e
expectativas, e isso não mudou naquela
manhã. — Mas não vou voltar para casa.
Uma carranca se formou, e a
preocupação brilhou nos olhos de Clay.
— Samantha, você está com algum
tipo de problema? — Sua voz era baixa,
profunda e direta. — Ontem à noite você
disse algo sobre seu pai ter te cortado, e
que você se livrou do celular porque
não queria que ele te encontrasse.
Ela se encolheu. Sim, parecia ruim.
Muito ruim. Samantha não estava em
perigo, mas considerando tudo que Clay
tinha feito por ela até agora, devia a ele
a verdade. Ela queria que ele soubesse a
verdade, porque precisava
desesperadamente falar com alguém
sobre sua situação. Samantha tinha
algumas amigas, mas nenhuma delas
entendia seus motivos para sair de casa
e dar as costas a uma vida tão luxuosa;
elas a criticariam por se recusar a se
casar com um homem de sucesso como
Harrison, mesmo que não se amassem.
Samantha aprendeu na noite anterior que
o amor não influencia as fusões dos
negócios.
A vida da qual Samantha havia se
afastado era bastante superficial e
unidimensional, e não era um mundo no
qual queria mais viver. Era um
pensamento assustador, estar sozinha e
por contra própria, na área mais difícil
da cidade, sem nenhum dinheiro ou um
lugar para morar, mas não havia dúvida
em sua mente que a alternativa — ir
para casa e aceitar a proposta de
Harrison — iria eventualmente destrui-
la.
O que significava que ela precisava
da ajuda de Clay.

Paciência não era uma das


características mais fortes de Clay, mas
persistência, sim. No momento, ele
estava no limite entre as duas enquanto
esperava que Samantha respondesse à
pergunta que ele havia feito sobre a
jovem estar com algum tipo de
problema, porque essa era sua principal
preocupação. Se estivesse enfrentando
algum tipo de ameaça, ele se certificaria
de que ela tivesse ajuda e apoio. Seu
irmão Levi era policial e, às vezes, ter
um irmão na polícia era útil. Embora
Mason, o delinquente da família, que
passou a maior parte de sua juventude
infringindo a lei, discordasse.
Do outro lado da mesa, Clay
continuou a assistir Samantha
enfrentando algum tipo de batalha
interna, silenciosamente a deixou
resolver as coisas em sua cabeça. Ela
tinha confiado a ele seu bem-estar e
cuidado na noite passada, embora, na
verdade, estivesse bêbada demais para
fazer qualquer coisa exceto deixá-lo
fazer o que queria. Ele apertou a
mandíbula ao pensar no que poderia ter
acontecido com ela se alguém além dele
a tivesse encontrado em um estado tão
embriagado e indefeso. Ainda assim,
Clay esperava que Samantha chegasse à
conclusão de que podia confiar nele
agora, para que pudesse ter certeza de
que ela permaneceria segura.
Depois de mais alguns momentos,
Samantha exalou uma respiração
profunda, encontrou seu olhar e falou:
— Não estou fugindo de problemas e
não corro nenhum perigo. Mas é verdade
que não quero que meu pai me encontre.
Foi um começo, pelo menos.
— Por que não?
— Você já ouviu falar da Jamieson
Global? — ela perguntou baixinho.
Ele assentiu. Jamieson Global era um
grande conglomerado e uma das maiores
e mais conhecidas firmas de
investimento em Chicago. Ele não
conhecia o negócio pessoalmente, mas o
nome era familiar o suficiente para a
maioria das pessoas que moravam na
cidade ou perto dela.
No segundo seguinte, a compreensão
surgiu quando fez a conexão…
Samantha Jamieson.
Porra. Ele olhou para ela em estado
de choque, sentindo como se alguém
tivesse acabado de lhe dar um soco. Até
Xena, sentindo a repentina tensão
endurecendo seu corpo, saltou de seu
colo.
No momento em que viu Samantha no
bar, Clay suspeitou que ela vinha de uma
família rica, mas, puta merda, isso a
impulsionou para outra estratosfera de
riqueza. O tipo que era intocável e
distante da vida modesta que vivia. Uma
mulher como ela não tinha
absolutamente nenhum motivo para estar
do lado dele da cidade.
— Sim, aquela Jamieson — ela
confirmou, aproveitando o silêncio
atordoado. — Eu descobri ontem à noite
que meu pai espera que eu me case com
o homem com quem namoro há oito
meses. O nome dele é Harrison
Blackwell III, e meu pai o está
preparando para o cargo de CEO, o que
aparentemente vem com o requisito de
que ele se case comigo para que a
empresa permaneça na família.
Seus olhos azuis brilharam com raiva
indignada, embora Clay não tivesse
certeza de qual era exatamente o
problema, considerando que ela estava
saindo com o cara por um bom tempo.
Não era como se o sujeito fosse um
estranho.
— Você está chateada por ele se
casar com você por causa da promoção
e para manter a companhia de seu pai na
família? — ele adivinhou.
Samantha se endireitou, os lábios
rosados franzidos de exasperação.
— Não, estou furiosa porque meu pai
está exigindo que eu case com um
homem que não amo!
— Exigindo? — A ideia parecia tão
arcaica, que Clay não sabia se ela
estava sendo dramática ou não.
— Sim, exigindo. Tipo, não me dando
poder de escolha no assunto e esperando
que eu concorde com os seus desejos e
faça o que ele mandar — disse ela, com
o queixo protuberante em teimosia. —
Ser filha de Conrad Jamieson traz certas
obrigações, e uma delas é obviamente
um casamento arranjado do qual não
desejo fazer parte.
Seu peito arfava de frustração, e Clay
não achava ruim ver o movimento suave
de seus seios soltos sob a camiseta.
Samantha tinha seios grandes, generosos
e cheios o suficiente para encher suas
mãos ou amortecer seu pau grosso
enquanto afundava seu membro entre
aquela carne macia. Sim, Clay passou a
maior parte da noite anterior se
revirando de um lado para o outro no
sofá, fantasiando sobre todas as
maneiras indecentes e pervertidas com
as quais gostaria de transar com ela. O
gosto de seus mamilos na boca, a
sensação de suas longas e lindas pernas
agarradas ao redor dos quadris enquanto
ela gozava com um suave e doce
gemido…
— Não vou deixar ninguém ditar com
quem vou passar o restante da minha
vida — disse ela, afastando os
pensamentos perturbadores da mente de
Clay. — Principalmente meu pai.
Ele forçou seu olhar a permanecer no
rosto dela.
— Então você fugiu de casa? — ele
perguntou, o tom leve e provocador.
— Sim — disse ela, de repente
parecendo derrotada. — Eu tenho vinte
e seis anos, e isso soa tão… infantil. E,
no entanto, é cem por cento preciso. —
Suspirando, passou os dedos pelos
cabelos ondulados e estremeceu quando
eles se agarraram aos fios ainda
emaranhados. — Tenho vergonha de
admitir que confiei em meus pais para
tudo. — Samantha não encontrou o olhar
de Clay. — Honestamente, eu deveria
ter ido embora há muito tempo, odeio ter
deixado que eles comandassem minha
vida por tanto tempo.
O café tinha esfriado, e Clay
distraidamente traçou um dedo ao redor
da borda de sua xícara.
— Então agora que você saiu de casa,
o que pretende fazer?
— Eu não tinha um plano além de
fugir — ela admitiu quando cravou os
dentes no lábio inferior e seu olhar sério
encontrou e se manteve fixo no dele. —
Eu ainda não sei. E eu sei que isso é
mais do que tenho direito de pedir…
mas posso ficar aqui até que eu possa
resolver as coisas? — perguntou
rapidamente, as palavras saindo de seus
lábios exuberantes. — Eu não ficarei no
seu caminho. Posso dormir no sofá e
juro que você nem vai saber que estou
por perto.
Ah, porra, não. Esta mulher já estava
causando estragos em seu autocontrole.
Clay não conseguia imaginá-la naquele
minúsculo apartamento, enchendo-o com
seu perfume, usando o chuveiro,
tentando-o com sua mera presença.
Mas antes que ele pudesse rejeitar a
ideia, Samantha rapidamente continuou.
— Meu pai me cortou
financeiramente. Por completo. Não
tenho dinheiro, não tenho lugar para
ficar e não posso nem pagar um quarto
de hotel ou uma refeição. — Ela
estremeceu de vergonha, e suas mãos se
mexeram no colo antes de colocá-las de
volta na mesa. — Obviamente, não
pensei sobre as coisas ontem à noite,
mas não me arrependo de sair de casa e
estou determinada a continuar sozinha.
Posso trabalhar no seu bar para ganhar
algum dinheiro até economizar o
suficiente para encontrar uma casa
própria, o que não deve demorar muito.
Por favor? — Ela ergueu os grandes
olhos para Clay.
Samantha estava brincando com ele?
Não, o olhar em seus belos olhos azuis
era completamente sério e bastante
determinado. Uma parte de Clay
admirava a firmeza dela, mas bastava
olhar para suas unhas bem cuidadas e a
pele macia de suas mãos mimadas para
saber que Samantha era a última pessoa
que ele contrataria para trabalhar no bar.
Dentro de algumas horas, suas mãos
estariam rachadas e secas, as unhas
lascadas e os pés sem calos gritariam
por algum alívio.
Ela seria uma novidade divertida
para todos os clientes regulares, e com
todo aquele cabelo loiro ondulado, os
grandes olhos azuis inocentes e as
curvas matadoras, Samantha
representaria uma grande distração para
cada homem que entrasse no bar. Como
a nova garota, ela seria o foco de
comentários rudes e mãos ousadas e
assertivas que não hesitariam em testar
os limites.
A multidão mais jovem no Kincaid’s
era barulhenta, tagarela e, depois de
alguns drinques extras, parecia um
bando de uns idiotas que não davam a
mínima para o fato de Clay ter uma
política de interdição quando se tratava
das mulheres que trabalhavam para ele.
Tara e as outras garçonetes conseguiam
lidar com os avanços mais agressivos.
Mas Samantha? Ela seria como carne
fresca e saborosa para um tanque cheio
de tubarões famintos. Ela nunca
sobreviveria.
Samantha realmente precisava ir para
casa.
— Samantha, eu não acho…
— Clay, por favor — ela o
interrompeu antes que ele pudesse dizer
não, a voz tão suave e suplicante quanto
o olhar em seus olhos. — Eu só preciso
de alguém para me dar uma chance de
provar meu valor.
E ela estava pedindo que esse alguém
fosse ele.
Clay esfregou a mão pelo rosto e ao
longo do queixo tenso. Suas palavras
foram um eco do próprio passado,
atingindo-o onde ele era mais
emocionalmente suscetível. “Por favor,
Jerry, apenas me dê a chance de
mostrar como eu sou um trabalhador
árduo” um Clay adolescente implorou.
“Eu juro, você não vai se arrepender.”
Jerry o havia dado essa chance e
acreditado nele — o filho bastardo de
uma conhecida prostituta viciada —
quando ninguém mais acreditaria. E
aquele gesto gentil mudou
completamente a vida de Clay e dos
seus irmãos.
Ele não acreditava que um trabalho
em seu bar mudaria a vida de Samantha
da mesma maneira, mas entendia como
era difícil pedir ajuda a alguém quando
se está no seu pior momento. E para
Samantha, isso era o fundo do poço.
Seu instinto dizia que estava prestes a
cometer um erro monumental ao ajudar
aquela mulher, mas considerando quão
decidida Samantha era, ele não
duvidava que se a mandasse embora, ela
tentaria encontrar algum tipo de trabalho
em outro lugar, e lá não haveria modo de
saber se alguém não tentaria tirar
vantagem dela. E onde Samantha
moraria sem dinheiro ou cartões de
crédito? Sem telefone ou carro? Quem
se certificaria de que ela ficasse segura
nesta área violenta da cidade?
Porra. A consciência maldita não
permitiria que ele a rejeitasse e a
deixasse por conta própria. Uma mulher
como ela, que cresceu no luxo, não
passou a juventude aprimorando seus
instintos de sobrevivência como ele e os
dois irmãos mais novos tiveram de
fazer. Samantha era muito vulnerável,
muito indefesa e confiava demais nos
outros. E havia muitas pessoas no mundo
que não pensariam duas vezes antes de
explorar sua ingenuidade.
Clay ia deixá-la morar em seu
apartamento e trabalhar no bar pela
única razão de poder ficar de olho na
jovem para que ela ficasse segura. Não
havia dúvida que Samantha não duraria
muito nesse ambiente. Talvez alguns dias
antes de perceber que esse tipo de vida
era difícil e sem glamour, que trabalhar
era difícil, árduo e exaustivo, de modo
que se casar com um CEO rico, em seu
próprio círculo social — com amor ou
sem amor —, era exatamente o que ela
queria no final das contas. Nesse caso,
Samantha descobriria rapidamente que a
grama não era mais verde do outro lado
da cidade e ficaria feliz em voltar para
sua vida rica.
— Tudo bem — disse ele enquanto se
recostava na cadeira e cruzava os
braços sobre o peito. — Considere-se
contratada como garçonete do bar. Você
começa esta noite. E pode ficar aqui até
economizar o suficiente para conseguir
seu próprio espaço.
Ele olhou para a camiseta que ela
usava, lembrando-o de que a blusa de
seda e as calças sujas ainda estavam na
máquina de lavar, porque as peças
tinham uma etiqueta de limpeza a seco.
Ela precisava de roupas práticas, jeans
e sapatos confortáveis para trabalhar, já
que ficaria de pé por horas.
— Vou ligar para a melhor amiga do
meu irmão, Katrina, que pode te levar
para comprar algumas roupas e produtos
de higiene pessoal.
A gratidão brilhando em seus olhos
era inconfundível.
— Eu vou te pagar de volta. Por tudo.
Clay não estava preocupado em ser
reembolsado. Ele tinha mais dinheiro do
que jamais gastaria em sua vida, graças
a Jerry. Sua única preocupação era
colocar Samantha para trabalhar, porque
quanto mais cedo ela experimentasse o
trabalho duro, mais cedo voltaria para
casa, e sua vida poderia voltar ao
normal. O que também acabaria com o
fascínio que ela representava.
Imaginando que tinham terminado a
conversa, Clay se levantou, pegou sua
caneca de café e foi para a cozinha. Ele
a ouviu o seguir, os pés descalços
batendo no chão de madeira. Samantha
colocou o prato e a xícara na pia, então
se virou para encará-lo. Ela deu um
passo deliberado para mais perto, a
língua nervosamente umedecendo o
lábio inferior, e a atração e tensão
sexual que Clay conseguiu manter sob
controle durante toda a manhã
queimaram dentro dele.
A gratidão em seu olhar foi
substituída por uma curiosidade
feminina sobre algo muito mais tentador.
Ousado, até. Clay ficou parado sem
saber o que Samantha pretendia, mas
não teve de esperar muito para
descobrir. Ela espalmou as mãos em seu
peito, e mesmo através do algodão
macio de sua camisa, seu toque era
quente e muito mais confiante do que
deveria.
A expectativa e o calor saturaram
seus sentidos, tornando o pensamento
racional quase impossível enquanto o
corpo respondia à sedução lenta e sutil.
Um ardor perigoso surgiu entre suas
pernas, e se Samantha se movesse para
mais perto, iria se familiarizar com o
comprimento endurecido do pênis de
Clay.
Os olhos da jovem se fixaram nos
dele enquanto Samantha ficava na ponta
dos pés, e com os lábios a menos de um
centímetro dos dele, sussurrou.
— Obrigada, Clay — antes de roçar a
boca na dele e beijá-lo.
Capítulo 4

Clay fechou as mãos com força. Ele não


confiava em si mesmo para se mover
enquanto Samantha aumentava
gradualmente a pressão de sua boca
contra a dele, a gratidão mudando para
algo mais sensual e íntimo. O beijo foi
quente, suave e inegavelmente
persistente, e um suspiro de necessidade
escapou dela enquanto sua língua
passava experimentalmente contra o
lábio superior dele. Provocando-o.
Atormentando-o. E testando seu controle
de uma forma tola e perigosa para um
homem como ele.
Um homem que não era suave, lento
ou doce quando se tratava de mulheres.
Aparentemente alheia à repentina
tensão vibrando por ele, Samantha
deslizou as mãos por seu peito e ao
redor do pescoço, aproximando o corpo
do dele. O calor dos seios firmes e
mamilos intumescidos penetrou através
de sua camisa, fazendo-o arder por ela.
A necessidade dentro de Clay se
expandiu, corroendo seu autocontrole.
Samantha não tinha a porra da ideia de
quão perto ele estava de alimentar a
fome que o torcia por dentro desde a
noite anterior.
Clay colocou as mãos na cintura dela,
com a intenção de empurrá-la para longe
e acabar com essa loucura, para que
pudesse estabelecer alguns limites, até
que ela beliscou seu lábio inferior e o
mordeu de brincadeira. Ah, foda-se…
O último pedaço de sua
autodisciplina se partiu, liberando a
besta dentro dele. Sendo o filho da mãe
egoísta que era, Clay não ia recusar
provar o prazer que Samantha estava
oferecendo. Na noite anterior, seus
flertes foram sob a influência do álcool.
Esta manhã, ela estava completamente
sóbria e sabia exatamente o que estava
fazendo. E já que esta era a sua única
chance de prová-la, Clay não estava
disposto a se conter. Ela estava prestes a
experimentar o lado mais dominante e
agressivo dele, e o rapaz tinha certeza
de que seria o suficiente para chocá-la
um pouco e mostrar a Samantha que seu
tipo de sofisticação não era páreo para o
apetite sexual rude, grosseiro, de Clay.
Erguendo as mãos, ele as enterrou nos
cabelos de Samantha, até que seus dedos
se fecharam com força em torno dos fios
para mantê-la sob seu controle e
puxaram a cabeça da jovem para trás.
Samantha soltou um suspiro assustado
quando seu olhar encontrou o dele, não
com a cautela ou o pânico que Clay
esperava, mas com um flash de
excitação que fez o sangue chiar em suas
veias. Ela era a porra de uma
contradição, tão ingênua em alguns
aspectos, mas bastante ousada e
destemida quando se tratava de lidar
com ele. A combinação era pura luxúria.
Antes que pudesse se convencer do
contrário, ele pressionou a boca na dela.
O beijo foi quente, duro e exigente
desde o momento em que seus lábios
tocaram os dela, a língua deslizou
profundamente, devorando, explorando.
Samantha gemeu e passou as mãos em
torno dos bíceps dele, como se
precisasse de algo para se segurar,
enquanto mantinha a boca posicionada
sob a dele e se deliciava com o sabor
rico e decadente.
Ela tinha gosto de cupcake, assim
como o apelido sugeria. Tão delicioso,
que Clay queria a devorar. Tão doce,
que ele não obtinha o suficiente, não
importa o quanto mergulhasse no beijo.
Clay ardia por ela. Samantha tremia por
ele. O pênis pulsava com uma
necessidade excruciante sob o zíper da
calça jeans, e a luxúria, espessa e
pesada, nublou seu cérebro.
Com a boca fundida à dela, Clay a
guiou para trás, até que a bunda dela
atingiu a borda da mesa. As mãos dele
desceram para os quadris de Samantha,
e com um leve puxão, ela estava sentada
na superfície plana. Respirando com
dificuldade contra seus lábios
entreabertos, Clay separou as pernas de
Samantha e parou entre elas, de modo
que o comprimento rígido de sua ereção
se alinhasse com a frente da calcinha.
Mesmo através do jeans, ele podia
sentir o calor e umidade, e isso o
tornava selvagem.
Clay enfiou a língua profundamente
dentro da boca de Samantha,
combinando com o movimento de seu
pênis contra o sexo da jovem. Ela
choramingou e descaradamente apertou
as coxas em volta da cintura dele. Suas
mãos suaves entraram por baixo da
camiseta do rapaz e deslizaram sobre
seu abdômen até o peito, onde seus
dedos alcançaram os mamilos e puxaram
as pontas tensas e sensíveis.
Ele gemeu e estremeceu. O pau
latejava quase dolorosamente, e Clay
mal conseguiu apertar a mandíbula
contra o ataque de calor implacável
surgindo por ele.
O que diabos ele estava fazendo? Se
Samantha fosse qualquer outra mulher,
ele estaria até as bolas dentro dela
agora, levando os dois a um orgasmo
alucinante. Mas ele sabia intuitivamente
que Samantha Jamieson não era alguém
que ele poderia foder sem pensar e
depois casualmente se afastar. Ela era
bem-educada, refinada e provavelmente
não se aventurara além do tradicional
papai-e-mamãe. Ele era rústico e
gostava que seus encontros fossem
quentes, suados e indecentes.
Clay recuou de modo a se afastar
alguns centímetros, espaço mais do que
suficiente para pôr fim ao quase
acidente. Samantha olhou para ele, os
lábios úmidos e inchados pelo beijo, o
rosto corado de desejo e o olhar alegre
e bastante esperançoso por muito, muito
mais.
Não ia rolar.
— Você está brincando com o tipo de
fogo mais feroz que existe, Cupcake —
disse ele, sua voz tingida com um aviso
inconfundível.
O queixo de Samantha se ergueu
levemente, e o canto de sua boca se
curvou para cima em um sorriso
descarado.
— Você não parecia se importar
momentos atrás.
Puta que pariu. Clay queria fazer
coisas indecentes com aquela boca
atrevida, queria mostrar a ela como
lidava com mulheres atrevidas no
quarto. Resistir ao desejo exigia esforço
— porque apenas imaginar a sensação
da bunda nua de Samantha tremendo sob
o toque de sua mão o deixava mais duro
do que uma pedra —, mas ele conseguiu
manter a cabeça focada em estabelecer
aqueles limites muito importantes entre
os dois. Ele precisava esclarecer tudo,
delimitar as fronteiras, e a única
maneira que conhecia para fazer isso era
ser direto e rude o suficiente para botar
algum bom-senso na cabeça de alta
classe de Samantha.
Apoiando as mãos na mesa, ao lado
dos quadris da jovem, ele se inclinou e
deu a ela sua melhor expressão
intimidadora.
— Eu não sou um cavalheiro,
Samantha — disse asperamente. — Eu
não faço nada suave, gentil e doce. Eu
gosto de controlar e foder tão forte e
profundamente, que você vai gritar e
ficar dolorida no dia seguinte. Eu queria
você de joelhos, com minhas mãos
presas em seu cabelo enquanto você
chupa meu pau, e então eu te inclinaria
sobre esta mesa, abriria suas pernas e
foderia você de novo.
Isso definitivamente chamou a
atenção dela, mas não da maneira que
Clay esperava. Os olhos arregalaram e
sua respiração se aprofundou, e
Samantha lambeu os lábios de uma
forma que disse a ele que estava
imaginando cada um daqueles cenários
perversos.
— E se… E se for isso que eu
desejar? — ela perguntou suavemente.
Os músculos de seu estômago se
contraíram, e Clay exalou uma
respiração lenta e profunda enquanto se
endireitava novamente.
— Não vai rolar. — Ele tinha de ser
inteligente o suficiente pelos dois. — Se
você vai ficar aqui, precisamos definir
algumas regras.
Samantha franziu a testa para ele,
recuando de um jeito que mostrou ser um
ponto delicado.
— Tenho vinte e seis anos e passei a
vida inteira ouvindo o que fazer. Eu
cansei de regras, Clay. Eu cansei de ser
uma garota toda certinha quando a
mulher dentro de mim quer excitação,
paixão e um homem que pode me
mostrar tudo isso.
— Eu não sou esse homem, Samantha
— disse Clay rispidamente. — Você
está apenas sendo selvagem e rebelde
agora que tem um pouco de liberdade e
está gostando da sensação. De jeito
nenhum vou deixar você fazer algo de
que se arrependerá mais tarde.
Ela franziu os lábios, mas não
argumentou mais, e isso, mais do que
qualquer coisa, o deixou nervoso. Quem
quer que Samantha tenha sido antes, esta
encarnação de Samantha Jamieson
claramente não tinha nenhum problema
em ir atrás do que queria.
E ela deixou claro que o queria.

Samantha gostou de Katrina


imediatamente. Ela foi amigável, gentil e
chegou à casa de Clay com um vestido
sem mangas e um par de chinelos para
Samantha usar, já que sua blusa e calça
ainda estavam sujas. Katrina era mais
baixa e menor, mas o vestido tinha uma
modelagem que ficava mais soltinha no
corpo de Samantha e poderia servir até
que ela arrumasse outra peça adequada.
— Pronta para ir? — Katrina
perguntou assim que Samantha saiu do
quarto de Clay, agora usando a roupa
mais confortável.
— Sim. Obrigada mais uma vez por
me emprestar o vestido e os sapatos —
disse Samantha, sentindo-se
momentaneamente constrangida porque
teve de pegar emprestada a roupa de
outra pessoa. Essa era mais uma
novidade para ela. — Eu te agradeço
muito.
— Sem problemas — disse a outra
mulher com um aceno de mão, embora
seus lindos olhos verdes brilhassem com
inegável interesse. — Embora eu deva
dizer que nunca vi Clay deixar uma
mulher passar a noite aqui, muito menos
se mudar tão rápido.
Samantha sentiu um rubor quente
percorrer o rosto, embora o sorriso que
Katrina deu a ela fosse leve e
provocador. Ela não tinha ideia do que,
exatamente, Clay disse à outra mulher
sobre o acordo ou sobre como ela
acabou em seu apartamento. Assim que
Clay informou a Samantha que não iria
deixá-la fazer algo que se arrependesse
depois daquele beijo escaldante que
compartilharam, ele a afastou, murmurou
algo sobre ligar para Katrina de seu
escritório no bar e depois saiu do
pequeno apartamento.
Ele a deixou sentada na mesa, sozinha
com muitos pensamentos.
Principalmente, sobre como ela nunca,
nunca experimentou uma paixão tão crua
antes. E as coisas que Clay disse a ela
depois, sobre não ser suave, gentil e
doce, bem, mesmo agora seu estômago
se contraía pensando em todas aquelas
coisas pervertidas que ele disse querer
fazer com ela. Clay queria assustá-la,
mas em vez disso, acendeu um desejo
dentro dela, e só ele poderia satisfazê-
la. Nenhum outro homem seria capaz
disso depois da maneira cheia de
luxúria e dominação que Clay
reivindicou sua boca e fez seu corpo
queimar de necessidade.
— Minha estadia aqui é temporária
— Samantha respondeu ao comentário
de Katrina enquanto pegava a bolsa do
sofá. — Até que eu possa ganhar algum
dinheiro e compreender algumas coisas.
— O que ela esperava que levasse
apenas algumas semanas, no máximo.
O olhar de Katrina viajou da bolsa de
grife na mão de Samantha até seu rosto.
Não havia julgamento em seus olhos,
apenas curiosidade, então Samantha teve
esperança de que a outra mulher achasse
que a bolsa era uma falsificação. Ela
não queria que sua antiga vida
interferisse na nova, o que significava
que a Louis Vuitton tinha de ir embora; a
última coisa que ela queria era chamar
atenção para si mesma.
Samantha seguiu a outra mulher por
uma porta lateral diferente e desceu um
lance de escadas de madeira até um
pequeno estacionamento. Pelo que ela
conseguia se lembrar da noite anterior, a
outra porta do apartamento levava
diretamente para o bar no térreo; Clay
morava convenientemente acima do bar.
Katrina pressionou o controle remoto
em sua mão e um alarme disparou em um
bonito Fusca roxo iridescente, tão
descolado quanto a proprietária,
combinando com os nuances em tons de
ameixa que tingiam as pontas do cabelo
loiro e ondulado de Katrina, assim como
o esmalte brilhante em suas unhas.
Katrina era bonita, mas havia um lado
durão nela, desde a maneira como
andava até sua aparência geral — uma
vibração de “não mexa comigo” que
Samantha admirava e respeitava. A
mulher usava jeans preto justo, botas de
couro com salto alto e um top preto que
exibia as tatuagens que cobriam seu
braço esquerdo e subiam pela lateral do
pescoço. A tatuagem parecia um
amontoado de dezenas de borboletas
exóticas voando ao longo da pele. Era
uma bela obra de arte, diferente de tudo
que Samantha já tinha visto em uma
mulher antes.
Mas, de qualquer forma, mulheres e
amigos em seu círculo social não
estragariam a pele perfeita com tinta.
Sua mãe, quando viu certa vez uma
menina com algumas tatuagens no
supermercado, sussurrou para Samantha
que só pagãos e pessoas sem valor
faziam tatuagens, que eram nojentas e
degradantes. Samantha sempre se sentiu
diferente, até mesmo secretamente
desejou uma tatuagem para si mesma,
mas não ousou seguir em frente com o
desejo, sabia que as consequências
seriam graves.
Essa era a velha Samantha, a clássica
boa menina que sempre se preocupava
em não decepcionar a mãe ou o pai. Um
sorriso apareceu nos cantos de sua boca
quando pensou em todas as regras que já
havia quebrado em menos de um dia e
como era bom ser má para variar.
Especialmente quando se tratava de
Clay.
Assim que as duas se acomodaram no
pequeno e surpreendentemente
confortável carro, Katrina olhou para
Samantha enquanto girava a chave na
ignição.
— Clay disse que você vai trabalhar
como garçonete no Kincaid’s, então vai
precisar de jeans e sapatos confortáveis,
certo?
Samantha concordou com a cabeça,
tentando ler o tom de Katrina, mas a
mulher era muito boa em manter os
pensamentos para si. Então, ela tentou
explicar:
— Eu sei que toda essa situação, eu
ficando com Clay e trabalhando no bar,
deve parecer estranha para você…
— Ah, não é nem um pouco estranha
— Katrina interrompeu antes que ela
pudesse terminar, um pequeno sorriso
em seus lábios enquanto encolhia os
ombros. — É o que Saint Clay faz. Ele
cuida das pessoas.
Samantha franziu a testa. Saint Clay?
Ela tentou entender o apelido e se
perguntou como ele se relacionava com
o homem rude que conheceu, mas antes
que pudesse questionar, a outra mulher
falou:
— É melhor irmos andando. — Ela
deu a ré no carro para sair da vaga. —
Tenho duas horas até ter que voltar para
a loja e render Mason, embora,
honestamente, ele possa beijar minha
bunda se vier com essa exigência,
considerando que sou a gerente do lugar
e não sua escrava pessoal.
Samantha não conseguiu conter o
sorriso que apareceu quando a outra
mulher entrou no trânsito. Ah, sim, ela
gostava de Katrina. Muito. A garota
obviamente não tinha escrúpulos em
dizer que não levaria desaforo para
casa.
— Mason é irmão de Clay, certo? —
perguntou Samantha.
— Ele é um dos irmãos de Clay, sim
— disse Katrina enquanto colocava seus
óculos escuros no rosto. — Também há
Levi, que é o mais novo dos três.
Por ser filha única, Samantha sempre
quis um irmão, mas logo depois que ela
nasceu, houve complicações que
obrigaram a mãe a fazer uma
histerectomia de emergência — algo que
não agradou o pai de Samantha, já que
acabou tendo uma filha ao invés do filho
que sempre quis.
— Eles são próximos?
— Vendo os três juntos, você diz que
não, mas, para ser justa, Mason sabe ser
um idiota e gosta de provocar os irmãos.
— O humor impregnou a voz de Katrina
antes que sua expressão ficasse mais
séria. — Mas, sim, eles são próximos.
Os três passaram por muita merda
juntos, e não há nada que não façam um
pelo outro. Dito isso, eles não poderiam
ser mais diferentes em aparência ou
personalidade.
Samantha ficou intrigada.
— Como?
— Bem, eles podem não parecer
irmãos, mas são todos ótimos, lindos
pedaços de mau caminho. — Katrina
sorriu, claramente apreciando a
qualidade particular dos irmãos
Kincaid. — Em termos de
personalidade, Clay é o cara
responsável e rígido. Mason é, e sempre
foi, o arrogante criador do caos, e Levi
é o policial bom e respeitável que não
ousaria pisar fora da linha, se é que
você me entende. Ele é tão rígido, que
até dói.
Samantha riu, embora tivesse a
sensação de que se relacionaria bem
com Levi, considerando seu caráter,
mesmo que ela estivesse muito atraída
por Clay. Quanto a Mason, não tinha
tanta certeza. Ele parecia um bad boy
que gostava de corromper as boas
meninas, como o tipo de cara o qual sua
mãe a advertira para ficar longe quando
era adolescente. E ela obedientemente
manteve distância, mesmo que eles a
tivessem fascinado de longe.
Depois desta manhã com Clay,
Samantha entendeu o apelo de ser
corrompida por um homem que era mau,
rígido e puro macho-alfa. As tendências
mais dominantes de Clay a
entusiasmaram de maneiras que nunca
soube que eram possíveis,
provavelmente porque os homens com
quem ela namorou até esse momento
eram muito educados, adequados e
pouco inspirados no quarto.
E no caso de Harrison, ele gostava de
tudo limpo e ordenado, incluindo
qualquer contato físico — fosse
apertando a mão de alguém ou o que os
dois faziam no quarto. Seu TOC,
combinado com o fato de ser um
germofóbico severo, tornara o sexo um
processo rápido e direto. Não houve
nenhuma preliminar relaxante com bocas
e dedos deslizando em lugares quentes e
úmidos. Nada de beijos profundos,
sensuais e envolventes que a fizessem
derreter. E assim que acabava, ele saía
da cama para tomar um banho. Sem ela.
Samantha já namorou muitos
cavalheiros suaves, gentis e doces, e
isso era a última coisa que desejava em
um homem assertivo como Clay. Ela
queria ser reivindicada e possuída da
maneira exata que ele descreveu esta
manhã. Queria experimentar como era
estar à mercê das mãos e da boca
sensual de Clay. Ela queria sentir o que
era estar presa sob seu corpo forte e
duro enquanto ele a fodia, não dando a
ela outra escolha a não ser aceitar
qualquer prazer que desse a ela.
Samantha engoliu um gemido suave
por causa da fantasia que brincava em
sua mente. Com extremo esforço, se
forçou a se concentrar no que Katrina
estava dizendo enquanto continuava a
falar sobre os irmãos Kincaid com uma
voz animada, o que indicava que ela os
conhecia muito bem e gostava de cada
um deles.
— Parece que você os conhece há
muito tempo… — Samantha comentou
quando Katrina parou de falar.
— Eu conheci Mason quanto tinha
quatorze anos, e nós… — Ela fez uma
pausa por um momento, como se tivesse
de se controlar antes de dizer algo que
não pretendia compartilhar, antes de
continuar, com mais hesitação. — Nós
estudamos na mesma escola. Nós nos
unimos por algo que tínhamos em
comum e somos melhores amigos desde
então.
Samantha sabia instintivamente que
havia mais nessa história, mas não
queria se intrometer.
— E agora você trabalha com ele?
— Na verdade, eu trabalho para
Mason — Katrina esclareceu enquanto
entrava com o carro no estacionamento
de um grande shopping center que
possuía uma variedade de lojas, com a
Target como principal. — Ele é dono de
um estúdio de tatuagem a algumas ruas
do bar de Clay, se chama Inked. Eu
principalmente administro o lugar, faço
a contabilidade e mantenho as coisas
sob controle, mas também
ocasionalmente desenho alguma arte
para clientes, embora eu não faça a
tatuagem propriamente dita.
O olhar de Samantha mais uma vez
captou as imagens impressionantes que
pareciam muito realistas na pele de
Katrina.
— Mason tatuou todas essas
borboletas em seu braço e pescoço?
— Não. Outra pessoa tatuou —
respondeu Katrina, enquanto estacionava
o Fusca em uma vaga.
Considerando que Katrina tinha
acabado de dizer que Mason era seu
melhor amigo, junto com o fato de que
ela trabalhava em sua loja, Samantha
ficou surpresa que outro artista a tivesse
tatuado.
— Bem, elas são lindas.
— Obrigada. — A outra mulher tirou
os óculos escuros, dando a Samantha um
breve vislumbre de algo mais emocional
em relação às borboletas, antes que
fosse afugentado por um sorriso leve e
divertido. — Vamos. Vamos pegar as
coisas que você precisa e gastar um
pouco do dinheiro de Clay.
Katrina fez parecer que Clay tinha
muito dinheiro para gastar, o que não
parecia ser o caso, considerando onde
ficava o bar e o minúsculo apartamento
em que morava. De qualquer forma,
Samantha odiava a ideia de ter de gastar
parte do dinheiro de Clay.
— Eu só preciso do básico para me
manter até meu primeiro salário. — E
então ela o reembolsaria por tudo que
comprou naquele dia.
Quando Samantha saiu do carro e
seguiu Katrina em direção à enorme
loja, a outra mulher olhou em sua
direção com um sorriso malicioso.
— Acredite em mim, você terá
dinheiro antes do primeiro pagamento.
Vamos comprar um jeans justo para você
usar no trabalho. Somado a uma
camiseta confortável do Kincaid’s,
posso garantir que os homens que
vierem ao bar vão atirar gorjetas na sua
direção.
— Ou não, já que não tenho ideia do
que estarei fazendo — brincou, mas era
verdade. Samantha gostaria de pensar
que receber pedidos e entregar bebidas
seriam coisas bem fáceis de se fazer,
mas como qualquer trabalho, tinha
certeza de que haveria algum tipo de
curva de aprendizado envolvida, de
maneira que cometeria alguns erros ao
longo do caminho.
Samantha só podia esperar que Clay
não a despedisse em sua primeira noite.
Capítulo 5

Clay conseguiu evitar Samantha durante


a maior parte do dia. Enquanto ela
estava com Katrina, e mesmo depois que
voltou, ele ficou no bar examinando o
estoque de bebidas e se mantendo
ocupado enquanto se preparava para a
multidão da noite. O happy hour
começava às quatro, e segunda-feira era
a noite das mulheres, o que significava
bebidas pela metade do preço para elas.
A promoção semanal foi ótima para
os negócios, mas o fluxo feminino
também atraiu muitos homens que
queriam marcar alguns pontos, o que
tornou a noite muito agitada. Às três e
meia, os funcionários começaram a
chegar: Hank, o cozinheiro, que
preparava os aperitivos, Elijah, que,
junto com Tara e Gina, se certificou de
que todos os copos estivessem limpos e
estocados para a correria dos pedidos, e
Amanda e Tessa, as garçonetes
experientes.
Enquanto Samantha estava com
Katrina, Clay deixou uma camisa do
Kincaid’s para ela em cima da mesa,
junto com um bilhete avisando que
estivesse pronta para trabalhar na hora
marcada. Ele olhou para a porta que
levava ao seu apartamento assim que ela
se abriu e a mulher que havia passado
muito tempo em sua cabeça naquele dia
apareceu e caminhou em direção ao bar,
onde Clay tinha acabado de deixar uma
caixa de cerveja.
Droga, Samantha parecia bem. Ele
estava preocupado com ela se
entrosando com o restante dos
funcionários, mas toda a preocupação
evaporou enquanto a observava se
aproximar. A menina sofisticada,
obviamente rica, que tinha ido ao seu
bar na noite passada com o único
propósito de ficar bêbada, se fora. Com
o cabelo solto em ondas naturais e
soltas, maquiagem mínima, a mulher
agora parecia jovem, renovada, de olhos
brilhantes e ansiosa. Samantha parecia
pertencer a este ambiente.
Clay sabia que as roupas eram o
principal motivo, e, Jesus Cristo, o jeans
que ela comprou poderia ser mais
apertado? O jeans escuro moldava-se às
curvas, acentuando o balanço de seus
quadris, as coxas elegantes e pernas
longas e finas. O material da camiseta
que ele havia deixado para ela usar
ficou bem esticado no peito; Clay era um
idiota por se sentir possessivo sobre a
forma como seu sobrenome, Kincaid,
estava impresso naqueles seios fartos,
como se fosse uma declaração de que
Samantha pertencia a ele, em vez do
nome do bar. Tudo o que ele precisava
adicionar era “propriedade de” acima
de Kincaid para completar a
necessidade estúpida de reivindicá-la
antes que qualquer outro homem
chegasse e desse em cima dela.
E Clay sabia que isso aconteceria. A
clientela masculina desta noite, para a
noite das mulheres, tendia a ser
composta pelo tipo de cara arrogante e
presunçoso, que, depois de alguns
drinques, se tornava excessivamente
agressivo, rude e perdia qualquer filtro
que pudesse ter antes de entrar. Na
maior parte do tempo, Clay conseguia
manter o controle, mas ele sabia que
Samantha passaria por um imenso
choque de realidade. Se ele tivesse
sorte, ela iria embora antes do final da
noite e voltaria para o lugar de onde
tinha vindo.
Porque Clay realmente precisava que
ela fosse embora. Samantha era uma
distração, além de uma tentação
excessiva, e ela provou isso quando
encontrou seu olhar do outro lado da
sala e lhe deu um sorriso doce e sensual
que fez seu pênis se contorcer na calça
jeans e um gemido rolar de sua garganta.
Clay engoliu de volta antes que o som
pudesse escapar.
— O que diabos ela ainda está
fazendo aqui? — Tara perguntou ao seu
lado, uma carranca no rosto enquanto o
olhar viajava na mesma direção que o
dele. — E por que ela está usando um
uniforme do bar?
— Porque ela precisava de um
emprego — ele murmurou, e se ocupou
enfiando garrafas de cerveja no tanque
de gelo para não ter que fazer contato
visual com Tara.
Sabendo que não havia como manter
os arranjos de vida de Samantha em
segredo por muito tempo, decidiu abrir
o jogo e acabar logo com tudo.
Ele se endireitou e finalmente
encontrou o olhar de Tara.
— E já que todo mundo vai ficar
sabendo em breve, ela vai ficar no meu
apartamento, no andar de cima, por uma
semana ou duas.
— Você só pode estar brincando —
disse Tara, arregalando os olhos
incrédulos. — Pensei que você tivesse
dito que cuidaria dela como qualquer
outro cliente embriagado. Certificar-se
de que ela saísse em segurança e tudo
mais. — Tara balançou a cabeça, e um
pequeno esboço de sorriso apareceu no
canto de sua boca. — Você
simplesmente não resistiu a resgatar
aquela donzela em perigo, não é?!
Clay não ia responder à pergunta, não
precisava justificar seus motivos para
deixar Samantha ficar.
— Não se preocupe. Ela não ficará
aqui por muito tempo.
Tara lhe lançou um olhar de soslaio
cheio de curiosidade enquanto colocava
uma pilha de guardanapos no balcão; em
seguida, começou a abastecer os
condimentos.
— Por quê?
— Porque ela nunca trabalhou em um
bar e não tem a mínima ideia do que vai
acontecer esta noite.
Tara não se preocupou em esconder o
sorriso malicioso.
— Então você está esperando que a
turbulenta multidão de hoje à noite a
assuste e a mande de volta para o lugar
de onde ela veio?
— Esse é o plano — ele admitiu.
Porque depois do encontro desta
manhã, Clay não tinha ideia de quanto
tempo poderia manter as mãos longe
dela. Especialmente quando Samantha já
tinha permitido que ele a beijasse com
tanta luxúria e calor e deixado claro que
queria muito mais de tudo que ele tinha a
oferecer. E, porra, ele queria dar a ela.
De verdade.
Samantha finalmente chegou ao outro
lado do bar e lhe deu um sorriso alegre.
— Estou pronta para começar. Onde
você precisa de mim? — ela perguntou,
suas palavras inocentes não tão
inocentes na mente indecente de Clay.
De joelhos, na minha frente…
Deitada de costas com as penas
enroladas firmemente na minha cintura
enquanto eu deslizo forte e
profundamente…
— Já que Clay parece incapaz de
falar no momento, eu sou a Tara — a
bartender disse em um tom irônico,
apresentando-se enquanto acenava para
uma das outras garçonetes do bar. —
Vamos pedir a Amanda que lhe dê um
curso intensivo sobre como anotar
pedidos de bebidas e o que esperar para
esta noite.
Samantha não parecia nem um pouco
nervosa com sua primeira noite no
trabalho.
— Seria ótimo.
— Ela pode te ajudar nas primeiras
horas após abrirmos — Tara continuou
enquanto colocava um pequeno tapete de
borracha no balcão de serviço do bar.
— Mas em algum momento, seremos
bombardeados, e você terá de cobrir
uma área sozinha e estará por conta
própria.
— O bom é que eu aprendo rápido.
— Samantha, muito confiante, se virou
para Amanda e se apresentou, então as
duas se afastaram para que Amanda
pudesse lhe dar uma lição rápida sobre
a terminologia das bebidas e como o
sistema de pedidos funcionava.
— Há algo rolando entre vocês dois?
— Tara perguntou, a diversão na voz
evidente quando começou a fatiar um
limão. — Porque, por um minuto, você
sabe, enquanto você estava olhando para
ela como um surdo-mudo, parecia que
queria pular do bar, atacar a mulher e
fazer todo o tipo de coisas obscenas
com ela. — Tara balançou as
sobrancelhas para ele, se divertindo
imensamente.
Saia da minha cabeça, Tara.
— Você tem uma imaginação e tanto.
— Clay deu a ela um olhar suave.
— Negue o quanto quiser, Saint Clay
— ela disse, estreitando o olhar
enquanto apontava a faca para ele para
enfatizar seu ponto. — Mas eu nunca vi
você olhar para outra mulher desse jeito.
Nem mesmo Vicky.
Vicky, a mulher com quem Clay
ocasionalmente ficava e que tinha sido
sua companheira de foda casual no ano
anterior. Não, ele nunca, nunca sentiu
esse tipo insano de fome e necessidade
por Vicky como sentia por Samantha, e
por isso ela era a amizade colorida
perfeita. Mas ele não iria admitir sua
fraqueza por Samantha para Tara ou
qualquer outra pessoa.
— Achei que você ia tirar um
diploma em administração, não em
psicanálise — disse em um tom
engraçado para desviar do escrutínio
dela.
A ligeira ruga de preocupação entre
suas sobrancelhas permaneceu.
— Só… tenha cuidado, Clay.
Eu não quero que você se machuque.
Ele podia ver as palavras não ditas em
seus olhos, e o fato de Tara pensar que
aquela era uma possibilidade o
preocupou. Havia apenas uma mulher
que Clay tinha deixado chegar perto o
suficiente para machucá-lo — sua
própria mãe —, e a devastação brutal e
a raiva que experimentou depois de suas
ações insensíveis praticamente
garantiram que o homem nunca desse a
qualquer outra mulher tanto poder sobre
ele, nunca mais.
Então, não, Tara não tinha nenhum
motivo para se preocupar com Clay
fazendo algo tão descuidado e estúpido,
como se apaixonar por Samantha, uma
mulher que tinha certeza de que iria
embora em alguns dias. Uma semana, no
máximo. Ele apostaria o bar nisso.
— Nada está acontecendo — disse
ele em uma voz que soou muito mais
estável do que como realmente sentia.
— Só estou a ajudando em um momento
difícil da vida. Só isso.
Tara abriu a boca para responder, mas
antes que qualquer coisa pudesse
escapar, Clay ergueu a mão e a
interrompeu.
— Essa conversa acabou. Vou ver se
Hank precisa de ajuda na cozinha antes
do happy hour começar.
Os lábios de Tara franziram, mas
quando ele se virou e foi embora, a
ouviu murmurar distintamente atrás dele:
“idiota teimoso”.
Sim, tanto faz. Clay já foi chamado de
coisa muito pior.
Ele foi para a pequena cozinha nos
fundos, onde Hank estava tirando
enormes bandejas de asas de frango do
forno, que ele jogaria na fritadeira
conforme fossem pedidas. Elijah, que no
momento não tinha pratos para lavar,
estava ajudando Hank a preparar os
outros itens — molho de carne, frango
empanado, lascas de batata e alguns
outros aperitivos.
— Está tudo bem aqui? — Clay
perguntou.
Hank deu a ele seu sorriso jovial
típico e ergueu um polegar enquanto
Clay se movia pela cozinha.
— Sim, estamos bem, chefe.
Clay observou a dupla por mais
alguns minutos, feliz por ter se arriscado
com os dois. Eles eram bons,
trabalhadores árduos, mas não apenas
precisavam de um emprego, eles
realmente queriam o emprego. Pelo
dinheiro, sim, mas também para
restaurar sua dignidade.
Principalmente Hank. Ele contratou o
homem alguns anos antes, quando o
sujeito entrou no Kincaid’s em busca de
emprego. Qualquer um. Aos 28 anos,
Hank estava há um ano fora do serviço
militar e incapacitado, tendo perdido
uma das pernas em uma explosão de
*
IED que também atingiu seu olho
direito. O estilhaço também se cravou
no lado direito de seu rosto, danificando
os nervos e causando paralisia, razão
pela qual Hank se saía tão bem em dar
um sorriso torto.
Apesar de tudo isso, Hank estava em
uma forma física incrível. Ele recebera
uma prótese, e o tapa-olho do lado
direito o fazia parecer um pirata, de
modo que as meninas gostavam de
provocá-lo. Hank tinha uma ótima
postura e se recusava a permitir que
suas perdas o definissem como pessoa.
O som de um rock atual saindo dos
alto-falantes na área principal do bar
disse a Clay que estava quase na hora da
abertura. O sistema de entretenimento
digital selecionava canções populares
de uma lista de reprodução e transmitia
os videoclipes correspondentes na
enorme TV de tela plana na parede
oposta. Foi uma adição moderna e
agradável ao bar — algo para ficar
assistindo ou você poderia se juntar à
ação na pista de dança, que geralmente
ficava lotada na noite das mulheres.
Às quatro da tarde, os clientes
começaram a chegar ao Kincaid’s, num
fluxo gradual de homens e mulheres, a
maioria dos quais chegava em grupos de
dois ou mais. Começou devagar o
suficiente para que Samantha tivesse a
chance de aprender o básico enquanto
trabalhava ao lado de Amanda. Clay a
observou anotar os pedidos de bebidas,
às vezes fazendo uma pergunta a
Amanda antes de voltar sua atenção para
o cliente. Pelo que ele notou, Samantha
estava entrando no clima do bar mais
rapidamente do que ele esperava. Ela
fez os pedidos e entregou os drinques e
as garrafas de cerveja em uma bandeja
de serviço com mais coordenação do
que Clay podia imaginar.
Para alguém que cresceu sem ter que
trabalhar um dia na vida, Samantha
parecia estar se adaptando bem. Droga,
ela até parecia estar se divertindo
enquanto conversava com um grupo de
mulheres ao anotar suas bebidas em um
bloco de notas. Ela passou para a
próxima mesa de rapazes, que flertavam
abertamente com ela. O estômago de
Clay se embrulhou quando ela sorriu de
volta para eles e riu de algo que um
deles disse. Ele teve de se lembrar
várias vezes que frases de efeito e
cantadas baratas eram comuns em um
lugar como aquele, e que todas as
garçonetes do bar recebiam flertes
regularmente. Merda, elas até flertavam
de volta para aumentar as gorjetas.
Contanto que o cliente não fosse rude e
não fizesse nenhum contato físico sexual
em relação às suas garotas, o
comportamento era tolerado.
Mas aquele sermão mental não
impediu Clay de olhar feio para algum
idiota que desse uma conferida na bunda
de Samantha enquanto ela se afastava
para fazer os pedidos das bebidas.
— Jesus, Clay. Essa cara feia vai
assustar os clientes — Katrina disse
enquanto deslizava para uma banqueta
na frente dele.
Clay estava tão ocupado olhando para
Samantha, que não tinha visto Katrina
entrar.
Ela seguiu sua linha de visão para a
mulher que o deixava louco de muitas
maneiras.
— Ou talvez seja essa a sua intenção,
intimidar para caralho cada um deles,
para que não toquem em seu novo
brinquedinho.
— Ela não é nada para mim — disse
rispidamente, desejando que todos
parassem de fazer essa suposição. Clay
voltou seu olhar para Katrina, surpreso
ao vê-la no Kincaid’s em uma noite de
segunda-feira. — O que você está
fazendo aqui, afinal? Você nunca vem
para a noite das mulheres.
— Porque isso aqui parece um
mercado de carne — disse ela,
franzindo o nariz em desgosto enquanto
indicava a multidão de homens e
mulheres se misturando. — Você sabe
que todo mundo aqui está procurando
uma conexão casual, e é por isso que
estou sentada sozinha no bar.
Clay deu de ombros, embora
soubesse que Katrina falava a verdade.
— Não é da minha conta o que eles
fazem quando saem do estabelecimento.
Eu só sirvo as bebidas enquanto eles
estão aqui, e você ainda não respondeu à
minha pergunta. Por que você está aqui?
— Estou oferecendo apoio moral. —
Ela sorriu para ele.
— Para Samantha? — Ele adivinhou
enquanto enchia o cesto de guarnição
com cerejas maraschino.
Katrina concordou com a cabeça
enquanto estendia a mão e pegava uma
fruta, depois arrancou a cereja da haste
com os dentes e a comeu.
— Achei que seria bom para ela ter
um rosto familiar aqui esta noite.
— Acho que vocês duas se deram
bem hoje enquanto faziam compras…
— Sim. — A expressão de Katrina
suavizou. — Ela é realmente muito
legal. Para uma garota rica.
Clay ergueu uma sobrancelha
inquisitiva. O fato da família de
Samantha ser dona de uma empresa de
investimentos de um bilhão de dólares
não era uma informação que ele havia
compartilhado com Katrina ou qualquer
outra pessoa. Talvez Samantha tivesse
contado, embora ele não achasse
provável, considerando que ela estava
tentando criar uma vida longe da riqueza
e influência dos Jamieson.
— E você sabe que ela é rica com
base no que, exatamente? — Clay
perguntou.
Katrina revirou os olhos, como se
fosse óbvio.
— Quando a peguei, ela carregava
uma bolsa Louis Vuitton de três mil
dólares. No começo, eu pensei que fosse
uma imitação muito boa, mas quando
entramos na Target, ela parecia uma
criança em uma loja de doces. Embora
tenha sido muito fofo que ela tenha
tentado controlar os gastos com o seu
dinheiro… — Katrina disse com um
sorriso divertido. — Ela parecia
oprimida por todas as opções de
shampoo e sabonete líquido, e ficava me
perguntando qual era o melhor produto
pelo melhor preço. Uma pessoa normal
saberia exatamente o que precisa e qual
marca comprar, porque é o que usa
regularmente.
Foi um raciocínio dedutivo inteligente
e preciso, mas Clay não confirmou ou
negou nada enquanto limpava a área de
saída de bebidas do bar.
— Obrigado novamente por levá-la
às compras e ajudá-la a conseguir o que
precisava — disse ele e mudou de
assunto. — Os drinques estão pela
metade do preço esta noite, o que posso
pegar para você?
— Vou tomar um mojito, por favor.
— Saindo — disse ele, e jogou
hortelã e limão em um copo para que
pudesse misturá-los antes de adicionar a
bebida.
Katrina se virou na cadeira, satisfeita
em observar de longe o movimento ao
seu redor. O bar estava começando a
encher e a ficar muito mais agitado — o
que era normal por volta das seis,
quando todos tinham saído do trabalho e
queriam aproveitar os aperitivos pela
metade do preço no happy hour. Por
volta das sete, o lugar geralmente estava
lotado e no auge da atividade.
Depois de servir a bebida para
Katrina, Clay continuou trabalhando
atrás do bar, reabastecendo os itens e
ajudando Tara e Gina a acompanhar o
aumento de pedidos à medida que mais
mulheres chegavam. A pista de dança
encheu e logo os assentos se esgotaram.
Pouco depois das sete, seu irmão Mason
e alguns dos amigos apareceram, mas
Clay imediatamente os perdeu de vista
enquanto se misturavam à multidão.
Sem dúvida, o irmão já estava indo
atrás das mulheres presentes,
despejando charme e preparando sua
foda casual da noite, que era o modus
operandi de Mason quando se tratava de
mulheres. E com a personalidade
arrogante de bad boy, combinada com a
boa aparência e grande variedade de
tatuagens, Mason sempre tinha uma
abundância de mulheres à disposição. E
ele nunca deixou de tirar vantagem desse
fato.
Outra meia hora se passou quando
Tessa apareceu no bar ao lado de
Katrina, não para receber um pedido de
bebida, mas para chamar a atenção de
Clay. Ela acenou para ele, a expressão
corada e irritada.
— Tudo certo? — Clay perguntou,
imediatamente preocupado.
— Não. — Mais irritação vibrou em
sua voz. — Seu irmão está no banheiro
feminino transando com uma garota, e eu
preciso fazer xixi!
Ele ficou tão surpreso com o anúncio,
que franziu a testa.
— Mason?
Katrina bufou, e não era um som
bonito.
— Quem mais poderia ser? Você
realmente acha que Levi faria algo tão
indecente?
Sim, Katrina tinha razão. Apenas
Mason seria tão corajoso a ponto de
fazer sexo em um lugar semipúblico,
enquanto as pessoas esperavam para
usar as instalações. Desde que Clay era
adolescente, seu irmão tinha
desenvolvido uma atitude do tipo “estou
pouco me fodendo” que o tornava
impulsivo e descuidado, e isso
continuava até agora, aos 27 anos.
Mason tinha certo controle na vida —
ele era um tatuador talentoso e dono do
seu próprio estúdio —, mas a infância
fodida ainda o afetava num nível
emocional; ele lidou com toda aquela
merda dolorosa do seu próprio jeito. Ou
seja, sendo imprudente, selvagem e
fingindo ser tão indiferente, que ninguém
tentaria chegar perto o suficiente para
esmagá-lo, como sua própria mãe fizera.
Assim surgiu sua inclinação para casos
de uma noite. Sexo fácil e sem nunca ter
apego. Nunca.
Sim, todos os três irmãos Kincaid
tinham problemas com a mãe, e cada um
lidou com os efeitos residuais à sua
maneira. Crescer com uma drogada que
abandonava os filhos por dias para ficar
chapada e depois ia para a prisão por
posse de drogas e prostituição costuma
deixar uma impressão duradoura em uma
criança. E isso não foi nem mesmo o
pior o qual eles passaram.
— Já que Mason está me ignorando,
você pode, por favor, ir cuidar do
problema? — Tessa perguntou enquanto
se mexia desconfortavelmente em seus
pés.
Problema era uma palavra muito fácil
para Mason. Seu irmão era um pé no
saco. Um espinho. A pedra em seu
sapato. Não havia nada fácil ou
previsível sobre Mason, e a aventura
desta noite provou isso.
Clay soltou um suspiro áspero, mas
assim que jogou o pano úmido atrás do
bar com a intenção de interromper a
diversão de Mason, o próprio homem
saiu da multidão e se dirigiu ao bar.
Sozinho. A arrogância em sua caminhada
e o sorriso satisfeito no rosto
definitivamente confirmaram que ele
tinha acabado de se dar bem — e
poderia facilmente se dar bem
novamente, se quisesse, com uma das
muitas mulheres olhando para ele
enquanto passava.
Quando chegou ao final do bar onde
estavam reunidos, o alívio passou pelas
feições de Tessa.
— Já estava na hora, Romeu — ela
resmungou e rapidamente se encaminhou
para o banheiro feminino.
Mason apenas sorriu, o que aumentou
o aborrecimento de Clay.
— Que porra você estava fazendo no
banheiro feminino?
— Isso se chama transar —
respondeu Mason enquanto deslizava
para o banquinho ao lado de Katrina,
que franzia a testa em sua direção. —
Você deveria tentar algum dia, irmão
mais velho. Isso pode melhorar seu
humor irritadiço e abrandá-lo um pouco.
— Meu humor está ótimo — Clay
retrucou, não querendo admitir o quanto
tinha estado no limite desde o beijo
quente e erótico com Samantha naquela
manhã. E vê-la se movimentar pelo lugar
com aqueles jeans justos e aquela
camiseta não ajudava em nada na intensa
atração que sentia por ela. Seu pau
estava em alerta desde que ela chegou
ao bar, sem nenhum alívio à vista.
Mas isso não era sobre ele. Era sobre
o comportamento de Mason.
— Eu não gosto de você sendo tão
baixo no meu bar. Se você fosse outra
pessoa, eu teria te jogado para fora.
— Felizmente estou nas boas graças
do dono. — Mason sorriu.
Clay enfiou a mão no balde de gelo
que estava esfriando as cervejas e tirou
uma Sam Adams — a bebida preferida
do irmão até que ele passasse para os
drinques mais pesados nas próximas
horas.
— Não tanto assim, então não abuse
da sorte, porra. — Clay removeu a
tampa de metal e colocou a garrafa no
balcão.
— Jesus, Mason — Katrina
finalmente disse, um tom de reprimenda
em sua voz. — Você não pode manter o
pau dentro das calças por uma noite?
Mason riu do óbvio descontentamento
em seu tom, e ela se irritou
visivelmente.
— Me diz, por que eu faria isso,
Kitty-Kat? — ele perguntou
inocentemente, usando o apelido que deu
a ela há tantos anos.
— Ah, eu não sei — ela respondeu
sarcasticamente. — Talvez porque aí
você não pega nada e seu pau não cai?
O comentário nada lisonjeiro nem
pareceu perturbá-lo.
— Isso nunca vai acontecer.
Camisinha primeiro, sempre — disse
ele, e tomou um longo gole de cerveja.
Katrina fez um som desagradável no
fundo da garganta.
— Você é grosseiro e nojento.
— Você já me disse isso muitas vezes
— respondeu Mason, e de repente ficou
mais sério, o que não acontecia com
frequência, já que ser espertinho era
mais propício para manter a maioria das
pessoas à distância. — Mas você é
minha melhor amiga, e eu sei lá no fundo
que você me ama secretamente, apesar
dos meus defeitos.
Houve uma mínima nota de
provocação na voz de Mason, que
impediu sua resposta de ser muito
íntima, mas o brilho de algo mais
apareceu brevemente nos olhos de
Katrina — uma saudade e um desejo que
Clay já tinha visto antes naquele olhar.
Jesus, o irmão era um idiota cego por
não ver o que estava bem à sua frente,
que a única mulher que o entendia
melhor do que ele mesmo era sua melhor
amiga. E ela queria mais do que a
posição de irmão em que Mason a
colocou.
Clay não sabia como o irmão podia
ser tão burro, a menos que Mason
deliberadamente mantivesse Katrina na
friendzone para proteger suas próprias
emoções. Porque se ele não arriscasse,
não haveria perigo de ser rejeitado ou
abandonado, e isso era algo com que
Clay se identificava muito bem.
O que quer que tenha acontecido entre
Mason e Katrina sumiu no instante
seguinte, quando Samantha veio ao bar
para pegar um pedido. Seu rosto estava
vermelho de tanto correr, e ela parecia
um pouco cansada pelo ambiente
acelerado e por tentar aprender tudo na
última hora.
— Sinto muito, lancei o pedido
errado de novo — disse ela com uma
expressão de desculpas enquanto
colocava um Tom Collins no balcão. —
Quem diria que havia tantos “Collins”
disponíveis? O cara queria um John
Collins — ela esclareceu, parecendo
nervosa e arrependida. — Sei que esta é
a quarta vez que peço o drinque errado,
e sei que estou desperdiçando seus
lucros, porque você não pode revender
as bebidas. Você pode descontar o valor
do meu salário.
Clay queria rir, porque, primeiro, ela
parecia tão fofa, e segundo, dinheiro e
lucro não era uma preocupação para ele.
Mas Samantha não sabia disso, e não era
algo que ele tornasse público. Na
verdade, pouquíssimas pessoas —
contadas em uma única mão, e isso
incluía seus irmãos — sabiam quão rico
Clay realmente era.
— Não se preocupe, Cupcake —
disse ele, o apelido carinhoso
escapando de seus lábios com muita
facilidade, antes que pudesse se conter.
— Tudo faz parte do aprendizado.
Clay pegou um copo alto, encheu-o de
gelo e depois pegou o bourbon.
Mason, que estava sentado em frente
a Clay e a apenas alguns metros de
Samantha, se virou na direção da jovem.
O interesse instantâneo iluminou seus
olhos azuis.
— Cupcake? — ele perguntou,
presenteando-a com seu sorriso mais
charmoso. — Esse é o seu nome?
Porque você parece um doce para mim.
Katrina gemeu e revirou os olhos.
Samantha riu, e Clay ficou
estupidamente aliviado quando ela não
flertou com Mason, algo que não
acontecia com frequência. As tatuagens
cobrindo os braços musculosos com arte
tribal praticamente garantiam a sedução
da maioria das mulheres, e aqueles
olhos penetrantes de safira, emoldurados
por cílios pretos grossos, geralmente
faziam calcinhas caírem no chão em
segundos — é só perguntar à garota com
quem Mason tinha acabado de transar no
banheiro.
— Não, meu nome é Samantha — ela
disse enquanto colocava mais
guardanapos na bandeja. — Clay me deu
o apelido de Cupcake porque minha
resistência é pequena quando se trata de
bebidas alcoólicas.
— Ele fez isso, é? — O olhar de
Mason mudou para Clay, examinando-o
enquanto erguia uma sobrancelha.
Ah, Clay conhecia aquele olhar
penetrante muito bem, aquele que via
através de muitas de suas próprias
defesas, como só um irmão consegue.
Antes que Mason dissesse algo
inapropriado, Clay decidiu que o melhor
caminho seria afastar o irmão do
escrutínio com uma mudança de assunto
e uma apresentação dos dois.
Clay enfeitou a bebida que tinha
acabado de fazer com uma rodela de
limão e colocou-a na bandeja.
— Samantha, este é Mason. Ele é…
— Um galinha — disse Katrina
asperamente, interrompendo Clay antes
que ele pudesse dizer “irmão”.
Os olhos de Samantha se arregalaram
enquanto ela esperava para ver como
Mason reagiria a isso. Obviamente,
Katrina ainda estava irritada com ele.
Fiel ao personagem, Mason nem
mesmo vacilou. Em vez disso, sorriu,
como se Katrina tivesse apenas o
elogiado.
— Tenha cuidado, Kitty-Kat — disse
ele, inclinando-se perto o suficiente para
que, quando falasse, sua respiração
agitasse o cabelo loiro dela. — Você
está começando a soar como se
estivesse com ciúme.
— Eu não estou com ciúme —
Katrina insistiu enquanto se afastava
dele. — Só estou dizendo a Samantha a
verdade, para que ela mantenha
distância. Você, Mason Kincaid, é o
equivalente masculino de uma piranha.
Ele colocou a mão sobre o coração e
fingiu um olhar ferido.
— Você diz isso como se fosse uma
coisa ruim.
Katrina apenas balançou a cabeça e
deixou passar.
— Foi um prazer conhecê-lo, Mason
— disse Samantha enquanto pegava sua
bandeja e voltava para a multidão de
clientes a fim de entregar o novo
drinque.
Mason virou a cabeça e a observou
durante todo o caminho, e Clay sabia
que o olhar do irmão estava na bunda
curvilínea de Samantha. Clay conseguiu,
por pouco, engolir o rosnado possessivo
que estava tentando sair da garganta. A
última coisa que precisava era que o
irmão percebesse que Clay queria
Samantha para si. Não que isso fosse
acontecer, mas ele também não
permitiria que Mason tentasse algo com
ela.
Assim que Samantha desapareceu de
vista, Mason olhou para Clay.
— Então, precisa de ajuda para se
dar bem com a nova garçonete? — ele
perguntou ferozmente antes de terminar o
restante da cerveja.
Clay olhou para o irmão, quando o
que realmente queria era dar um soco no
rosto de Mason.
— Não seja idiota, Mase.
— Ela não está disponível —
anunciou Katrina de repente. — Ela está
morando com Clay.
A mandíbula de Mason se abriu em
estado de choque e quando fechou
novamente, a descrença o deixou
momentaneamente mudo. Depois de
alguns segundos, ele balançou a cabeça
para Clay.
— Que porra é essa? Você está
falando sério? Você pegou outra perdida
e decidiu ficar com ela como fez com
Xena, Saint Clay?
Clay apertou a mandíbula pelo
comentário sarcástico de Mason e
lançou a Katrina um olhar de
agradecimento antes de se dirigir ao
irmão para contar o que ele havia
explicado a todos os outros até aquele
momento.
— É temporário e só até que ela
encontre um lugar para morar, e antes
que você pergunte, não, não estamos
namorando.
— Que pena para você — disse
Mason com empatia masculina, e então
sorriu como um babaca. — Isso deve ser
difícil, deixá-la dormir na sua cama sem
estar nela.
— Ah, você é muito engraçado —
disse.
Mason desceu da banqueta,
obviamente pronto para passar para
outra forma de entretenimento.
— Vejo você depois, Kitty-Kat —
disse ele a Katrina enquanto enrolava as
pontas roxas do cabelo da mulher em
torno de seu dedo para dar um puxão
brincalhão. — E talvez eu chegue um
pouco tarde amanhã, dependendo de
como minha noite terminar. — disse e
piscou para ela.
— Não muito tarde — Katrina
resmungou. — Você tem um horário
marcado às onze horas com uma mulher
que pediu especificamente para tatuar
com você. Ela quer uma tatuagem de
uma fechadura com chave na parte
interna das coxas.
O olhar de Mason se iluminou.
— Droga. Já posso dizer que amanhã
vai ser um grande dia, já que vou passá-
lo entre as pernas de uma mulher. — E
com essa observação obscena, voltou ao
que ele fazia de melhor… ser uma
piranha na versão masculina.
Katrina soltou um suspiro profundo, o
som repleto de fadiga tanto física quanto
emocional.
— E é por isso que não venho aqui
nas noites de segunda-feira — disse ela,
pegando a bolsa enquanto se levantava.
— Seu irmão vem para cá, ele me deixa
louca por pelo menos oito horas por dia
na loja. Não há necessidade de me
sujeitar a mais tortura do que já aguento.
Quando ela puxou a carteira para
pagar, Clay descartou a tentativa.
— Sua bebida é por conta da casa, e
lamento que Mason possa ser um idiota
às vezes. — Isso, pelo menos, arrancou
um sorriso dela. — Tenha uma boa
noite, ok?
Katrina concordou com a cabeça.
— Sim, você também.
* Dispositivo explosivo improvisado, uma espécie de
bomba caseira usada em áreas de conflitos.
Capítulo 6

Lá pelas onze horas naquela noite,


quando o bar finalmente fechou e todos
os clientes tinham ido embora, Samantha
sentia como se tivesse sido passada por
moedor de carne. Clay realmente se
sentiu mal por ela. Com o rosto marcado
pela exaustão, ela ajudou Tessa e
Amanda a limpar os copos e pratos
sujos das mesas, ocasionalmente
estremecendo ao se inclinar e se
endireitando novamente para colocar os
itens em sua bandeja. As costas
obviamente a estavam matando.
Clay sabia que cada centímetro de seu
corpo devia estar cansado e dolorido
depois de trabalhar sem parar, mas
nenhuma vez ela se queixou do esforço
físico. Droga, ele contratou outras
garçonetes mais experientes no passado
que não foram capazes de lidar com o
ritmo acelerado, agitado e sem pausa do
Kincaid’s e desistiram na primeira noite.
Não, Samantha. Ela lidou incrivelmente
bem com a grande variedade de pessoas
e as diferentes personalidades que
encontrou ao longo da noite.
Apesar de cada estereótipo esnobe e
pretensioso o qual ele queria se prender
quando pensava na mulher, assumindo
que ela era mais uma socialite rica do
que uma garçonete da classe
trabalhadora, Samantha provou ser
incrivelmente amigável, envolvente e
agradável. Todos os que trabalhavam no
Kincaid’s já haviam acolhido a mais
nova funcionária no grupo e a fizeram se
sentir parte da equipe; e eles tendiam a
ser um público difícil quando se tratava
de novas contratações.
As meninas terminaram de limpar as
mesas e cadeiras, o que era tudo que
Clay exigia que fizessem no final do
turno. Ele tinha uma equipe que vinha
todas as manhãs para varrer e esfregar o
chão, tirar todo o lixo e cuidar de
quaisquer outras tarefas tediosas para
que seus funcionários pudessem sair em
um horário razoável em um dia de
semana. Por volta das onze e quarenta e
cinco, todos os funcionários tinham ido
embora, exceto Samantha, que se jogou
em uma cadeira em uma das mesas e
soltou um gemido de cansaço, como se
não conseguisse se mover nem mais um
centímetro.
Clay deu a volta no bar, querendo ver
como ela estava.
— Você está bem?
— Não. — Ela fez uma careta
enquanto arqueava a coluna para esticar
os músculos das costas, o que
efetivamente projetava seus seios; o
gesto atraiu o olhar de Clay para seus
mamilos rígidos cutucando o tecido de
algodão da camiseta. — Sinto que estou
de ressaca e nem bebi nada esta noite. E
meus pés estão me matando. Ah, e estou
morrendo de fome.
Arrastando relutantemente o olhar dos
peitos dela, Clay pensou no pedaço de
torrada que ela comeu esta manhã no
café da manhã e se perguntou se ela
tinha comido alguma coisa desde então.
— Você almoçou antes de começar
seu turno?
— Comi um hambúrguer em uma
lanchonete com Katrina depois das
compras, mas isso foi há quase nove
horas. — Um pequeno sorriso curvou o
canto de sua boca. — Droga, queimei
muitas calorias esta noite, e meu
estômago roncou de fome nas últimas
duas horas.
Clay franziu o cenho para ela.
— Você deveria ter feito uma pausa e
pedido algo da cozinha. Todos os
funcionários comem de graça durante o
turno. — Ele balançou a cabeça quando
aquela inclinação natural para cuidar de
Samantha veio à tona. — Fique aqui. Eu
já volto.
— Como se eu pudesse até mesmo me
mover agora que sentei — disse
enquanto esfregava distraidamente
massageava os tendões tensos com a
mão ao longo da nuca e gemia. Foi tudo
o que ele pôde fazer para não empurrar
as mãos dela e assumir o controle por si
mesmo, aliviando os nós de seus
músculos doloridos. — Talvez eu durma
bem aqui, com a cabeça na mesa —
acrescentou Samantha.
Resistindo ao impulso contínuo de
assumir a tarefa da massagem relaxante
— qualquer desculpa para tocá-la
novamente — Clay foi para a cozinha,
que era uma opção muito mais segura.
Ele esquentou alguns aperitivos no
micro-ondas e pegou uma pequena
garrafa de água da geladeira.
Quando voltou para a mesa, Samantha
estava contando as gorjetas que havia
ganhado; tinha criado duas pilhas
separadas com as notas.
— Aqui, você precisa comer — disse
ele, colocando o prato de comida e a
bebida ao lado dela antes de se sentar na
cadeira em frente à jovem.
— Obrigada. Como em um minuto —
ela respondeu, seu foco na tarefa à sua
frente. — Eu só quero contar quanto deu.
Clay se recostou na cadeira,
aproveitando o momento de silêncio
para apenas observá-la. As
sobrancelhas estavam franzidas em
concentração, e quando ela
distraidamente mordeu o lábio inferior,
um calor distinto se acumulou em sua
barriga. A memória da manhã, de como
Samantha descaradamente mordeu o
lábio dele e o puxou inundou sua mente,
seguido pelo doce sabor de sua boca e a
resposta desinibida ao beijo agressivo.
Clay queria beijá-la novamente. Para
valer. Droga, se ele fosse
completamente honesto consigo mesmo,
o que realmente ansiava era a sensação
do corpo macio e curvilíneo esticando-
se sob o seu enquanto a segurava e
colocava seu pênis duro profundamente
dentro dela, reivindicando-a
completamente. Ele ansiava por
envolver as mãos com força no cabelo
de Samantha e ouvi-la choramingar,
gemer e implorar para que ele desse a
ela o alívio que tão desesperadamente
precisava. E Clay se certificaria de que
ela gozasse por muito tempo e com
força, até que ficasse fraca, saciada e
dolorida da melhor maneira possível,
para que esquecesse todo e qualquer
filho da puta que veio antes dele.
O pênis pulsou com a fantasia erótica
brincando em sua cabeça, e Clay se
remexeu na cadeira. Ele nunca sentiu
uma atração tão instantânea por uma
mulher como agora por Samantha. E
nunca teve de lutar tanto para manter o
controle de seus desejos. Samantha o
fazia querer perder o controle, com ela e
nela, isso o assustava muito, porque o
levaria a complicações… E ao tipo de
compromisso que ele não permitia em
sua vida.
— Eu não tinha ideia do que esperar,
já que nunca fiz isso antes, mas é muito
mais do que imaginei — disse ela,
tirando-o de seus pensamentos privados.
Uma sugestão de orgulho transpareceu
em sua voz, e Samantha empurrou o
maço maior de dinheiro pela mesa em
direção a ele.
— Aqui está parte do que devo a
você pelas roupas e produtos de higiene
pessoal que comprei hoje. Guardei um
pouco para mim mesma para despesas
ocasionais, mas se eu fizer isso todas as
noites, devo pagar você em alguns dias,
e então posso começar a economizar
para encontrar um lugar para morar e
sair do seu caminho.
Clay abriu a boca para dizer que não
se importava que ela estivesse lá, então
fechou antes que as palavras pudessem
sair. Que diabos? Como foi que em
apenas um dia tenha se apegado a ela e
não mais queria que Samantha fosse
embora? Jesus, ele estava tão fodido.
— Você se saiu bem esta noite —
disse ele em vez disso, indicando o
dinheiro que ela ganhara.
Samantha sorriu para ele, e não havia
dúvida do brilho de satisfação em seus
olhos.
— Você parece surpreso.
— Talvez porque eu esteja — ele
admitiu com um encolher de ombros. —
Você aprendeu as coisas bem
rapidamente, mesmo não tendo nenhuma
experiência.
Samantha enfiou o dinheiro de volta
no bolso em seu avental, em seguida,
puxou o prato de comida para que
ficasse na sua frente.
— Só porque sou loira, não significa
que sou burra — ela brincou enquanto
pegava uma lasca de batata cheia de
queijo derretido, bacon e creme de leite.
— Só para você saber, me formei
summa cum laude na Northwestern
University em ciências políticas.
Ele a observou terminar o aperitivo
em duas mordidas famintas,
impressionado com sua formação. Ele
sabia que Samantha não estava se
gabando, apenas afirmando que não era
uma preguiçosa. Não que ele alguma vez
tivesse pensado que ela fosse, nem
duvidou de sua competência. Samantha
era linda e uma herdeira bilionária, mas
no pouco tempo em que a conheceu, já
havia chegado à conclusão de que ela
também era inteligente, para não dizer
uma mulher que se orgulhava de ser
independente, algo que aparentemente
não tinha permissão de ser enquanto
vivia com os pais.
Curioso, ele perguntou:
— Então para que você usou esse
diploma chique e ilustre?
Ela terminou um pedaço de frango
empanado, o brilho alegre em seus olhos
escurecendo com a pergunta dele.
— Nada — disse calmamente. — Eu
frequentei uma universidade particular
porque isso foi planejado para mim e
pago desde que eu era criança. Eu não
tive escolha. Fui para ciências políticas
para me desafiar, e porque o governo e
os eventos mundiais me interessam.
Pensei em ir para a faculdade de direito,
mas meus pais rejeitaram essa ideia.
Permitir que eu perseguisse qualquer
ambição poderia ter dificultado seus
planos de um bom casamento. E assim
por diante. — Ela respirou fundo. — No
final, o diploma foi apenas para botar na
parede, e meus pais puderam se gabar
do fato de eu ter me formado em uma
universidade de prestígio com as mais
altas honras.
— Você queria fazer direito? — Clay
perguntou, surpreso mais uma vez.
Ela balançou a cabeça.
— No final… não. Acho que queria
ter algo para mim. Mas isso não era
permitido. Afinal, para que eu precisava
de um diploma tão complexo como esse
quando era esperado que eu me casasse,
fosse a esposa-troféu de algum homem,
ficasse em casa e tivesse filhos? — Sua
voz ficou mais baixa, com uma pitada de
desgosto no tom.
Clay ergueu uma sobrancelha.
— Você não quer se casar e ter uma
família?
— Claro que sim — respondeu
Samantha, indignada. — Com um homem
por quem me apaixonarei, não aquele
que foi escolhido a dedo para mim. Mas
eu quero e preciso de mais da minha
vida do que ser casada com um homem
por negócios, para garantir a empresa do
meu pai.
Isso Clay podia entender. E ele a
respeitava por ser forte o suficiente para
defender suas convicções, o que
obviamente significava desafiar os pais.
— Eu entendo a sua necessidade de
ser autossuficiente, mas tenho certeza de
que você não quer ser garçonete pelo
resto da vida.
Ela tomou um gole da água, os olhos
dançando com humor enquanto engolia o
líquido frio, então finalmente disse:
— Você tem que admitir, é um
começo interessante para seja lá que
venha a seguir.
Clay riu, apreciando a atitude
positiva.
— Se você pudesse fazer qualquer
coisa que quisesse, o que faria? — Ele
não sabia por que fez a pergunta ou por
que se importava com o que ela
imaginava para o futuro, mas tudo sobre
essa mulher o intrigava, e ele se viu
mexido, apesar de todos os avisos que
deu a si mesmo desde o momento em
que a conheceu.
— Bem… embora meu diploma seja
em ciências políticas, percebi que não
tenho interesse em me envolver na
política, ser advogada ou trabalhar em
relações públicas. — Terminando o
lanche que Clay preparou, ela empurrou
o prato e cruzou os braços sobre a
superfície da mesa, seu olhar
encontrando o dele quase timidamente.
— O que eu adoraria fazer é ser
confeiteira.
Clay não poderia ter ficado mais
chocado, de modo que se inclinou para
frente em seu assento.
— Mesmo?
Ela acenou com a cabeça
ansiosamente, claramente se animando
com o assunto.
— Quando eu era criança, sempre
entrava furtivamente na cozinha e
ajudava nossa governanta, Maggie,
quando ela fazia sobremesas — disse
com um sorriso travesso. — Ela me
ensinou tudo sobre como fazer bolos,
doces e tortas, e eu adorei trabalhar com
ela. Minha mãe pensou que era uma fase
pela qual eu estava passando, e desde
que estar com Maggie na cozinha me
mantivesse ocupada e fora do caminho
dela, acabou permitindo que eu passasse
um tempo com nossa funcionária. — Ela
torceu o nariz de forma adorável. —
Dois anos atrás, fui para a escola de
culinária para obter o certificado de
chef confeiteira, mas, novamente, meus
pais não levaram isso a sério.
— Mas você levou — ele disse
calmamente.
Ela assentiu com a cabeça, um brilho
de orgulho e desafio em seus lindos
olhos.
Sem realmente pensar nas
implicações de suas ações, Clay
estendeu a mão sobre a mesa e a
deslizou em cima da de Samantha,
dizendo a si mesmo que era um gesto
silencioso de apoio e encorajamento. E
não porque ansiava tocá-la.
— Se isso te faz feliz, você deve ir
em frente.
Samantha exalou um suspiro e virou a
mão sob o peso da dele, de modo que
seus dedos roçaram a palma sensível,
tornando a conexão entre os dois muito
mais forte… E sedutora, com os dois
sabendo que estavam sentindo o desejo
subjacente arqueando entre eles. E
embora ambos estivessem lutando contra
essas emoções — ou pelo menos Clay
estava — a cada minuto, ficava cada vez
mais difícil resistir.
— Eu pensei seriamente nisso — ela
revelou, e Clay percebeu que ela estava
falando sobre se tornar uma confeiteira,
e não sobre o desejo que crescia a cada
minuto. — Mas aqui estou eu, com vinte
e seis anos, sem experiência na vida ou
de trabalho como confeiteira ou
qualquer outra coisa, de certa forma.
Não tenho certeza se algum restaurante
de uma estrela me daria uma chance,
muito menos um estabelecimento de
cinco.
Clay ouviu as inseguranças na voz
dela, o que não era algo que ele
atribuiria à mulher sentada à sua frente.
— Você não saberá a menos que tente.
— Ele não queria vê-la desistir de seus
sonhos.
Samantha possuía muitas camadas
fascinantes. Muita profundidade
emocional. E cada vez que eles
conversavam de verdade, Clay aprendia
coisas sobre ela que mudavam toda a
sua perspectiva de uma forma que era
perigoso para a vida segura que
construiu para si mesmo até aquele
momento.
Percebendo quão íntimo tocar a mão
de Samantha havia se tornado, ele puxou
a sua.
Samantha abaixou a cabeça,
constrangida, e mudou abruptamente de
assunto.
— E você? Como você se tornou
dono de um bar?
Clay reclinou na cadeira, pensando
por um momento antes de responder. Ele
não tinha certeza do quanto queria
revelar da infância perturbadora e
infernal ou dos anos de adolescência
que se seguiram, então decidiu ir com a
versão abreviada e descomplicada.
— Jerry, o cara que originalmente era
dono deste bar, me contratou quando eu
tinha dezesseis anos e precisava
desesperadamente de um emprego. —
Porque ele tinha dois irmãos mais novos
para alimentar, vestir e garantir que
tivessem um teto sobre suas cabeças. —
Comecei varrendo o chão, tirando o lixo
e fazendo a limpeza geral. Eu trabalhei
pra caramba, e ele se tornou uma figura
paterna para mim, já que eu não tinha
uma. Quanto mais eu trabalhava, mais
ele me ensinava sobre o bar e os
negócios, e mais responsabilidades me
dava. Quando fiz 21 anos, ele me
colocou atrás do bar e me treinou para
ser bartender, me ensinou a fazer as
bebidas. Ele era gentil, atencioso e
altruísta quando se tratava de ajudar
outras pessoas.
— Você disse “era” — Samantha
afirmou suavemente.
Clay sentiu o peito apertar como
sempre acontecia quando se lembrava
de como ficou arrasado ao encontrar o
corpo sem vida de Jerry no escritório
naquele dia fatídico.
— Ele teve um ataque cardíaco e
faleceu quando eu tinha vinte e quatro
anos. E foi então que descobri que ele
deixou o bar para mim. Ele não tinha
esposa nem família ou filhos.
E junto com o estabelecimento, Clay
herdou a pequena fortuna que Jerry tinha
acumulado — chocantes dois milhões de
dólares que o homem mais velho tinha
poupado os quais Clay não sabia da
existência. Além de compartilhar parte
do dinheiro com os irmãos, ele manteve
a maior soma investida e usou parte do
dinheiro extra para ajudar os
funcionários quando necessário. Como
Tara e sua faculdade. Ela ainda não
sabia que era ele quem pagava sua
mensalidade e acreditava que havia
recebido uma bolsa de um doador
anônimo. E ele fez a mesma coisa com
as contas médicas de Hank — pagou-as
totalmente, sem revelar sua identidade.
Clay sabia da ironia — Mason o
**
chamava de Saint Clay , e talvez ele
fosse um pouco altruísta —, mas não
fazia essas coisas porque queria
reconhecimento ou elogios. Ele faz
porque sabe como é ter de lutar sob o
peso das dívidas, tentando sobreviver
por conta própria. Ou, no caso dele,
estando determinado a não deixar seus
dois irmãos irem parar num orfanato. E
agora que tinha os meios, queria aliviar
a tensão para aqueles com quem se
importava.
Samantha inclinou a cabeça, seus
olhos azuis analisando-o como se
pudesse ver além das paredes que Clay
ergueu para manter as pessoas afastadas.
Ele podia sentir o olhar penetrante, ver a
perspicácia em seus olhos, e aquela
conexão repentina entre os dois o
enervou.
— Katrina estava certa, sabe? — ela
finalmente disse, quebrando o silêncio
que se instalou entre eles. — Você é
muito diferente de seu irmão Mason.
Uma risada abrupta escapou de Clay,
porque essa era a última coisa que
esperava que ela dissesse. Mas ficou
grato por saber que Samantha o via de
forma distinta do irmão selvagem e
imprevisível.
— Graças a Deus não sou como
Mason — disse ele e em seguida
inclinou-se para frente em sua cadeira e
abordou a primeira parte do comentário.
— O que exatamente Katrina disse a
você sobre mim?
— Que você é o responsável —
respondeu ela e apoiou o queixo na mão.
— Por que as pessoas chamam você
desse jeito?
— Esse apelido foi ideia do Mason
— disse ele; o irmão estava apenas
zombando. Se você perguntasse a Mason
por que ele o chamava de Saint Clay,
diria que era porque Clay era um
benfeitor, o completo oposto do irmão
arrogante, com sua atitude de “estou
pouco me fodendo”. — Ele me chama
assim porque costumo dar uma chance
às pessoas.
— Como Hank e Elijah? — Samantha
perguntou. — E eu — acrescentou num
tom apreciativo.
— Sim. — Não havia sentido em
negar a verdade. — Eu não tinha uma
vida maravilhosa antes de Jerry me
contratar, e tenho a sorte de estar agora
em uma posição em que posso ajudar
outras pessoas que precisam. Mesmo
que isso signifique dar a elas algo tão
simples como um trabalho.
Samantha sorriu para ele.
— Eu amei saber que você vê o bem
nas pessoas.
— Nem sempre foi assim —
respondeu Clay rispidamente.
Não, por muito tempo, ele via as
pessoas com a mesma perspectiva com
que via a mãe e o homem que o gerou,
acreditando que só havia coisas ruins no
mundo e nas pessoas que o habitavam. A
negligência associada ao abuso físico e
emocional foi tudo o que ele
experienciou na infância, e julgar as
pessoas e suas intenções foi um hábito
difícil de abandonar. Confiar nelas foi
igualmente difícil. Até Jerry. O homem
havia superado sua raiva e reserva de
uma forma que ninguém mais havia feito,
ensinando-o a pelo menos dar às
pessoas o benefício da dúvida.
— Sua vida é completamente oposta
ao modo como cresci — disse
Samantha, interrompendo seus
pensamentos. — Tudo foi simplesmente
entregue a mim em uma bandeja de
prata, e eu levei tudo como se fosse
garantido. — Samantha abaixou a
cabeça, envergonhada, antes de
encontrar o olhar de Clay. — É só quê…
A tristeza nublando seu olhar o fez
querer saber mais, porque tudo o que ela
tinha a dizer de repente importava para
ele.
— O quê?
Samantha encolheu os ombros.
— O mundo em que vivi é muito
superficial, e eu senti como se estivesse
sufocando. Com Harrison também. Mas
toda vez que eu queria fazer algo por
mim, para me aperfeiçoar, melhorar ou
fazer a diferença na minha própria vida,
seria lembrada de que sou uma Jamieson
e que tinha certas expectativas que
precisava cumprir. O que eu queria não
importava.
— Bem, olhe para você agora —
disse ele um tom arrastado, provocante,
com a intenção de aliviar o clima. —
Toda teimosa e rebelde.
— Sim, e é bom, muito bom não ter
que me preocupar com o que meus pais
pensam e se eles aprovariam ou não o
que eu faço. — Um sorriso sexy e aberto
curvou seus lábios, os olhos brilharam
com o tipo de desejo efervescente que
fez o corpo de Clay esquentar em
resposta. — Acho que gosto de ser uma
garota má — disse com voz rouca. — É
bastante libertador.
Assim que terminou sua confissão, ela
se levantou da mesa, e Clay percebeu
rapidamente que o problema estava
vindo em sua direção. Samantha deu
alguns passos em direção a ele, os
quadris balançando de uma maneira
confiante e sedutora, antes de se jogar
em seu colo como um presente tentador
que ele não queria devolver e mal podia
esperar para desembrulhar.
Sua bunda perfeita se aninhou em seu
colo, e todo o corpo de Clay enrijeceu,
incluindo o pau. Ela se sentou de lado
em suas coxas duras, e foi preciso uma
força hercúlea para não a girar e a
reposicionar de forma que suas pernas
se encaixassem em seus quadris. Clay
não queria nada mais do que esfregar
seu membro rígido entre as pernas
cobertas com jeans. Assim, manter os
braços ao lado do corpo e as mãos longe
de qualquer parte do corpo dela estava
sendo um teste para seu controle
normalmente sólido.
Samantha não teve tais escrúpulos e
agarrou o pulso dele, ergueu a mão e
colocou a palma na curva de seu
quadril. Os olhos azuis-escuros estavam
fixos nos dele, as profundezas girando
com a mesma necessidade que martelava
implacavelmente por ele.
— Toque em mim, Clay — ela
convidou em um sussurro suave e
sensual.
Os dedos se apertaram na cintura de
Samantha, em uma tentativa desesperada
de impedir que a mão deslizasse por
baixo da camiseta e acariciasse os seios
fartos.
— Samantha — ele gemeu, a voz um
desânimo baixo e áspero. — Eu já te
avisei esta manhã…
— Que você não é um cavalheiro e
que não é suave, gentil nem doce —
disse ela, repetindo as palavras exatas
que ele proferiu e colocou a mão em seu
peito, o toque queimando-o mesmo
através do tecido de algodão da camisa.
— Mas eu não quero nem preciso de
alertas, Clay. O dia todo estive
pensando nas coisas que você disse, nas
coisas que você quer fazer comigo, e
perguntei a mim mesma se isso é o que
quero também.
Eu gosto de controlar e foder tão
forte e profundamente, que você iria
gritar e ficar dolorida no dia seguinte.
Eu queria você de joelhos, com minhas
mãos presas em seu cabelo enquanto
você chupa meu pau, e então eu a
dobraria sobre esta mesa, abriria suas
pernas e te foderia mais uma vez.
E isso foi só para começar. A partir
daí, só ficaria mais quente. Mais
indecente. Esses pensamentos obscenos
e tais fantasias faziam o sangue ferver
nas veias dele.
— Você não faz ideia do que quer —
ele tentou avisá-la novamente.
— É aí que você se engana — disse
Samantha sedutoramente enquanto
deslizava a mão até o pescoço de Clay e
acariciava-o, sentindo com o polegar o
pulso latejando na base da garganta. —
Eu sei, sem dúvida, que eu quero você.
Mais do que jamais quis outro homem.
A verdade nessa afirmação brilhou
em seus olhos, de forma quente e
potente. A confissão o levou até mais
perto de seu limite e fez o pênis ficar tão
duro, que doeu.
— Estou tentando para cacete não
tirar vantagem do que você está
oferecendo, mas um homem só aguenta
até um determinado ponto.
Samantha abaixou a cabeça para o
outro lado de seu pescoço, a risada
suave, quente e úmida contra a pele de
Clay.
— É com isso que estou contando —
disse ela em seu ouvido. — Já tive o
suficiente de suave, fácil e romântico
com outros caras, especialmente
Harrison, que nem mesmo me tocava
entre as pernas porque é obcecado por
limpeza e não gosta de nada em seus
dedos ou mãos.
Que porra é essa?, Clay pensou,
tentando fazer a mente compreender o
que ela tinha acabado de dizer, mas
Samantha não havia terminado de
destruir sua sanidade.
— Aquele beijo esta manhã, com
você… Só de pensar nisso e em todas as
coisas que você me disse, sobre como
você quer me pegar com força e
profundamente, e como você me quer de
joelhos enquanto eu… chupo seu pau…
Isso me faz…
— Ficar molhada? — Clay sugeriu ao
ver que ela parecia incapaz de terminar
a frase. Deus, ele deveria estar
acabando com o clima de sedução, não
encorajando-a a continuar!
Samantha esfregou as pernas,
inquieta, como se para confirmar o que
Clay sugeriu, e a maneira como ela se
mexeu em seu colo o deixou
incrivelmente mais duro.
— Essa é definitivamente uma das
coisas — disse Samantha, a voz
divertida fazendo cócegas na orelha de
Clay. — Mas também me faz querer
muito mais. Gostaria de saber como
seria ter sua boca em mim e sua língua
me dando prazer. Ou como você se
sentiria entrando profundamente dentro
de mim.
Samantha parecia tão composta e
tranquila, enquanto ele estava morrendo
de vontade de ouvir palavras mais sujas
e chocantes saindo de seus lábios. Algo
tipo: como seria a sensação de ele
chupar sua boceta como se estivesse
com sede, sugando o clitóris até que ela
gozasse em sua língua. Ou como seria
ter o pênis dentro de seu calor apertado
enquanto a fodia até que ela não
aguentasse mais e gritasse seu nome.
Mas as boas meninas não fazem ou
dizem coisas assim…
— Eu não quero mais ser uma boa
menina — disse ela, de alguma forma
tão sintonizada com Clay, que leu sua
mente. Pressionando os lábios contra o
pescoço do rapaz, ela lambeu a pele
com sua língua macia, fazendo-o
estremecer com a necessidade de sentir
sua boca e língua acariciando seu pau.
— Eu quero ser muito má com você,
Saint Clay.
Respirando com dificuldade, ele
ergueu a mão e pegou em seu cabelo; em
seguida, puxou a cabeça de Samantha,
para que pudesse olhar em seus olhos,
que estavam tão escuros e as pupilas tão
dilatadas, que ele queria se afogar em
toda aquela doce sensualidade.
— Eu não sou um santo, Cupcake —
disse, mesmo quando se sentiu cedendo
à fome desesperada que sentia por
aquela mulher. — Principalmente
quando se trata de foder.
— Que bom, porque eu realmente não
quero um santo — ela retrucou
suavemente, enquanto passava a língua
pelo lábio inferior e, em seguida, sorria
sensualmente. — Eu quero um pecador.
Assim como pela manhã, ela
conseguiu provocá-lo para além do
ponto de retorno. Como Samantha
conseguiu isso quando nenhuma outra
mulher conseguia?
Ela semicerrou os olhos e separou os
lábios carnudos e corados, já sem fôlego
pelo mero pensamento de Clay beijá-la
novamente. Foda-se tentar ser honrado,
ele pensou, enquanto o resto de sua
autodisciplina evaporava e seu lado
agressivo emergia.
Se Samantha queria um pecador, bem,
pecar era o que ele fazia de melhor.
Apertando o cabelo dela, ele inclinou
a cabeça para o lado e não hesitou em
reivindicar a boca de Samantha — de
forma selvagem, profunda e completa.
Assim como Clay ansiava por
reivindicar seu corpo.
Mas isso não ia acontecer, então o
beijo teria de bastar.
Ele engoliu o suspiro inicial e
esfregou a língua sobre a dela,
arrastando-a ainda mais para o seu tipo
de libertinagem. A boca suave e flexível
de Samantha parecia feita para sexo e
pecado, e para chupar seu pau, ele
pensou com um gemido febril. O sabor
era deliciosamente viciante, e ele sabia
que beijá-la nunca seria o suficiente
para saciar o desejo sem fim e a luxúria
que ameaçava consumi-lo. Mas tinha de
ser o suficiente, porque qualquer coisa a
mais iria arruiná-la.
Clay não fez promessas. Ele não era
adepto do amor ou do “para sempre”.
Ele era escuridão, e ela, luz. Ela era
pura, e ele estava contaminado e
totalmente fodido. E ela merecia muito
mais do que ele poderia oferecer.
Então, pela segunda vez no mesmo
dia, Clay iria fazer uma recusa. Jesus,
quando eu me tornei tão cavalheiro?
Ele disse a si mesmo que não queria que
Samantha se arrependesse, mas o que
realmente temia era que, uma vez que
soubesse como era estar enterrado bem
fundo dentro dela, nunca mais quisesse
deixá-la ir embora.
Clay terminou o beijo, e um gemido
necessitado escapou de seus lábios
quando Samantha abriu os olhos. Ele
ignorou a clara decepção em seu olhar e
a dor latejante em suas bolas.
— Está tarde, Samantha — disse.
Como desculpa, foi lamentável.
Surpreendentemente, ela não discutiu.
— Está tarde, e eu preciso de um
longo banho quente. — Ela deslizou do
colo dele e se levantou, mas sustentou o
olhar quando um sorriso lento e ousado
surgiu em seus lábios inchados pelo
beijo. — Você vem?
Não havia dúvida no convite em suas
palavras, mas Clay balançou a cabeça e
se segurou firme, porque já sabia como
era tentador compartilhar um banho com
ela, e esta noite ela estava
completamente sóbria.
— Não. Não por enquanto.
A diversão marcou suas feições,
mesmo quando ela o prendeu com um
olhar corajoso.
— Com medo de que eu tente fazer as
coisas do jeito errado com você?
— Não mesmo. — Não, ele estava
com mais medo era de encurralá-la
como um animal enlouquecido pela
luxúria e terminar o que eles
começaram. Não era como se ela
estivesse colocando qualquer tipo de
dificuldade pelo caminho, e ele
honestamente não sabia por quanto
tempo mais poderia recusar seus
avanços.
— Tudo bem, então — disse ela, com
um encolher de ombros e um sorriso
sábio, claramente não acreditando nele
por um segundo. — Boa noite, Saint.
Sim, ela estava zombando dele, então
Clay fez o mesmo.
— Boa noite, Cupcake.
Ela riu, o som alegre o fez sorrir
enquanto ela se afastava, deixando-o
com o questionamento de qual seria o
próximo plano de ataque. E se ele teria
força e coragem para resistir.
** Santo Clay.
Capítulo 7

Samantha fechou o romance que estava


lendo — um best-seller que estava na
mesa de centro — e soltou um suspiro
de frustração. Três longos dias se
passaram desde a noite no bar com Clay,
e ele se tornou deliberadamente distante
desde então. Clay passou a sair quando
ela acordava de manhã e permanecer no
andar inferior muito depois do bar ter
fechado, enquanto ela voltava para o
apartamento sozinha. Pelo que tinha
observado, ele também dormia no bar.
Claramente ele estava evitando ficar
sozinho com ela, mas isso não mudou a
atração sexual entre os dois, o que
ficava óbvio e gritante quando Samantha
o viu durante seu turno. Mesmo quando
eles estavam no bar lotado, rodeados de
dezenas de pessoas, Samantha o pegou
olhando para ela com aqueles olhos
escuros — não como seu empregador,
mas como um homem de sangue quente
que queria a pegar de jeito.
O pensamento a fez estremecer,
especialmente porque já tinha uma
amostra dos beijos sedutores de Clay,
tão deliciosos, que se tornaram
viciantes. E assim como uma drogada
viciada em opiáceos, ela ansiava por
mais dele; seu corpo constantemente no
limite do desejo e da necessidade de
experimentar cada sensação que Clay
gerava. Ele era sua droga preferida, e a
abstinência estava começando a se
instalar e a deixá-la inquieta.
Levantando-se, Samantha foi até a
cozinha do apartamento e se serviu de
um pequeno copo de suco de maçã.
Eram apenas onze horas da manhã, e ela
estava entediada. Nos últimos dias,
conseguiu se manter ocupada até o início
do turno. Ela limpou a casa e usou parte
do dinheiro das gorjetas para
reabastecer o básico na geladeira —
leite, pão, manteiga, alguma proteína e
frutas e vegetais, para que eles tivessem
o que comer. Ela lavou a roupa dele, e
numa manhã caminhou pela vizinhança
para se familiarizar com a área e os
empreendimentos próximos.
Samantha encontrou uma mercearia de
propriedade de uma família, um
restaurante italiano e até uma butique
moderna chamada Dress For Less, onde
comprou algumas roupas fofas, um
conjunto de sutiã e calcinha rendado
muito bonito e sandálias, tudo por menos
de cinquenta dólares. Outra tarde,
procurou o nome e o endereço da loja de
tatuagem de Mason no laptop de Clay, e
usando o MapQuest para obter
instruções, caminhou pelo quarteirão até
a Inked para dar uma conferida no lugar.
Katrina estava sentada à mesa da
recepção e a cumprimentou com um
sorriso amigável e acolhedor. Ela até fez
uma pausa para que pudessem tomar um
café gelado e conversar um pouco sobre
os homens frustrantes em suas vidas —
Mason e Clay.
Depois de muita deliberação,
Samantha decidiu enviar à mãe um
cartão-postal com um breve recado,
apenas para que os pais soubessem que
ela estava bem e que sua escolha de não
voltar para casa foi muito bem pensada.
Ela não queria opinião ou interferência
quando se tratava de suas decisões
sobre o que faria com sua vida e com
seu futuro. Ela ainda estava tentando
entender tudo. Mas quanto mais pensava
em sua conversa com Clay sobre seu
desejo de ser confeiteira, mais a ideia a
atraía. Ele não riu dela, o que apenas
alimentou sua determinação de tentar.
Samantha só queria não estar tão
constrangida com sua falta de
experiência, o principal obstáculo que a
fazia hesitar em buscar o emprego dos
sonhos.
Hoje, porém, ela estava sem ideias
para se manter ocupada. Assim que
terminou o suco de maçã gelado, sentiu
um toque suave em seu tornozelo. Ela
olhou para baixo e encontrou Xena
olhando para ela com seu único olho e
miando baixinho. Sorrindo, Samantha
pegou a doce e amorosa gata e a aninhou
contra o peito, lembrando-se da história
que Clay lhe contara sobre como
resgatou a gatinha, quando a maioria das
pessoas não a teria salvado por causa de
sua aparência sarnenta e das despesas
com o veterinário.
— Seu dono tem um coração de ouro,
você sabe disso? — Samantha perguntou
enquanto fazia carinho atrás da orelha de
Xena. Sorriu quando a gata ronronou em
concordância. — Ele também é teimoso,
cabeça-dura, lindo e tão gostoso, que me
deixa louca — ela resmungou,
exasperada.
Como se lamentando, Xena esfregou a
cabeça na palma da mão de Samantha,
exigindo descaradamente atenção e
carinho.
Isso é exatamente o que eu preciso
fazer.
Samantha percebeu de repente com
clareza — tornar seus desejos claros e
exigir o que queria, sem aceitar um não
como resposta. Não havia dúvida de que
Clay estava igualmente atraído por ela.
Um deles precisava passar por cima
daquele controle todo dele, e Samantha
sabia que tinha de ser ela.
Ela estremeceu com a perspectiva de
satisfazer a fome sexual que havia entre
eles, mas admitiu para si mesma:
esperava ganhar mais do que apenas
sexo com Clay. Ela queria um vislumbre
íntimo do homem que ele realmente era.
Com base no que Katrina lhe contou e
nas poucas coisas que ele compartilhou,
Samantha já sabia que ele teve uma vida
difícil, e Clay obviamente mantinha as
pessoas à distância por causa disso.
Samantha ansiava por descobrir tudo
sobre Clay. Ela viu as sombras mais
escuras em seus olhos quando ele falou
sobre o passado e contou sobre Jerry, a
figura paterna em sua vida. O que tinha
acontecido com o pai biológico? Como
o mais velho de três irmãos, e
claramente o mais responsável, ela
suspeitava que Clay havia assumido
esse papel para os irmãos. E a mãe?
Onde ela estava agora? Samantha queria
saber tudo isso e muito mais.
Mas agora se contentaria em seduzi-
lo. Finalmente quebrar essas barreiras
físicas e experimentar o encontro sexual
quente e indecente com o qual ele a
ameaçou em um esforço para assustá-la.
Que pena para Clay, a nova e
corajosa Samantha Jamieson não se
assustava facilmente.
Ela não desistiria facilmente, quer
Clay gostasse… ou não.
Clay estava se tornando um campeão
de Tetris, e não por escolha própria.
Não, ele estava jogando online no
computador do escritório como uma
forma de passar as horas até que os
funcionários chegassem. Normalmente,
ele ficaria lá em cima, fazendo uma
pausa e relaxando antes do bar abrir,
mas considerou o lugar fora dos limites
seguros enquanto Samantha estivesse lá
durante o dia.
Como resultado do isolamento
autoimposto, nunca foi tão minucioso
com o estoque, a folha de pagamento e
as escalas de trabalho do bar. Seu
escritório estava limpo como não ficava
havia meses, e toda a papelada que
normalmente se acumulava em sua mesa
foi resolvida e arquivada, todas as
faturas pagas, relatórios assinados e
enviados. Ele não tinha mais nada pra
fazer durante o dia, então Tetris se
tornou seu melhor amigo.
Clay simplesmente não confiava em si
mesmo para ficar sozinho com Samantha
e não fazer algo incrivelmente estúpido,
como tocá-la ou beijá-la novamente, o
que sem dúvida a deixaria nua e saciaria
a luxúria que ardia sob sua pele.
Em todas as oportunidades, Samantha
o tentava, e ele sabia que se permitisse
que o controle escorregasse ainda mais,
as coisas entre eles se tornariam
obscenas, e muito rapidamente. Todo
homem tem um ponto de ruptura quando
se trata de sexo, e Clay estava a
centímetros do seu. Não haveria como
evitar o inevitável, e uma vez que
estivesse bem dentro dela, Clay
dominaria o prazer de Samantha, ditaria
seu orgasmo e possuiria seu corpo. Ele
estremeceu fisicamente com o
pensamento de possuir esta mulher, e um
gemido baixo e atormentado escapou de
sua garganta.
Mas a cena imaginária não parou por
aí. Ele requisitaria tudo que ela tinha
para dar e roubaria ainda mais, até que
Samantha estivesse tão cansada a ponto
de sequer pensar ou se mover. Então ele
a faria gozar de novo. Mais selvagem.
Mais rápido. Mais profundo. Essa era a
fantasia ilícita que o mantinha se
revirando no sofá a noite toda, o pau
duro como pedra e latejando em busca
de alívio. Exatamente como estava
agora, ele pensou enquanto esfregava a
palma da mão sobre a protuberância
crescente nas calças.
— Precisa de ajuda com isso? — uma
voz rouca e feminina perguntou.
Seus olhos se abriram de repente. Por
um momento, pensou que estava
alucinando com Samantha, como um
efeito residual da fantasia que acabara
de imaginar, mas quando ela fechou a
porta do escritório e trancou-a atrás de
si, ele soube que aquela mulher não era
fruto de sua imaginação.
Clay também sabia que o momento do
acerto de contas havia chegado então se
endireitou na cadeira, perguntando-se se
sua minguada força de vontade teria
alguma chance contra a determinação
que brilhava nos olhos de Samantha ou
na maneira proposital com que
caminhava em direção à escrivaninha.
Ele não sabia se ela tinha se vestido
para seduzi-lo, mas a roupa que usava
fazia isso de uma forma inigualável.
Uma blusa de renda em um tom claro de
amarelo, cortada logo acima da cintura,
expôs a pele macia e cremosa de seu
torso, e uma saia de renda em camadas
combinando com a blusa terminava no
meio da coxa, exibindo suas pernas
longas e sexy. O cabelo loiro sedoso
caía em ondas suaves ao redor dos
ombros, e quando ela diminuiu a
distância entre os dois, Clay ficou tonto,
como se todo o ar tivesse sido sugado
de repente do escritório.
Samantha deu a volta na mesa e parou
bem entre as coxas abertas de Clay.
Perto o suficiente para ele estender a
mão e acariciar com os dedos a carne
nua do abdômen da mulher ou suas
pernas longas e elegantes. Ou se ele se
inclinasse para frente, poderia
facilmente mergulhar e passar a língua
em seu umbigo. Apenas esse pensamento
deixou sua boca cheia d’água.
Com esforço, manteve as mãos e a
boca quietos e olhou para o rosto de
Samantha. Não havia como perder o
sorriso sedutor em seus lábios rosados e
brilhantes ou as intenções travessas
piscando em seu olhar. Clay estava
totalmente ferrado.
— Por quanto tempo você pretende
evitar ficar sozinho comigo? — ela
perguntou, inclinando a cabeça para o
lado enquanto falava.
Tanto quanto possível, Clay queria
dizer, exceto que não passou
despercebido que estava sozinho com
ela agora, então era um ponto discutível.
E Samantha sabia disso também.
— É para o seu próprio bem — disse
ele rispidamente.
— Por que todo mundo pensa que
sabe o que é melhor para mim? — Uma
pequena ruga se formou entre suas
sobrancelhas. — Quando o que eu quero
vai fazer diferença?
Clay notou o aborrecimento em sua
voz e até entendeu sua frustração, mas
isso não o impediu de tentar dissuadi-la
mais uma vez.
— Samantha…
— Por favor, não diga não — ela
implorou baixinho enquanto deslizava as
pontas dos dedos ao longo da coxa dura,
o que enviou uma flecha de calor direto
para o membro já dolorido. — Não
dessa vez. Sou uma mulher adulta, Clay,
e quero você. E eu sei que você deseja a
mesma coisa. — Seus olhos azuis
brilharam com determinação.
Essa era a mesma determinação que a
mantinha do lado errado da cidade,
apesar do desejo da sua família.
Samantha era uma mulher forte, apesar
de ter se deixado levar por um caminho
que era claramente o errado. Ela decidiu
que havia chegado a hora de ter o
desejava para a vida. E ela o queria.
Clay apertou a mandíbula, suas boas
intenções vacilando quando Samantha se
inclinou mais perto.
— Você está me comendo com esses
olhos escuros agora, e mesmo que não
tenha me tocado ainda, estou ficando
molhada com o pensamento de todas as
coisas indecentes que você quer fazer
comigo. — Ela deslizou a língua ao
longo dos lábios carnudos. — Sem
mencionar todas as coisas que eu pensei
em fazer com você.
Ah, porra, ele pensou enquanto o que
restava de seu autocontrole se
transformava em pó. Samantha se tornou
tão ousada e atrevida desde a primeira
noite em que ele a viu sentada em seu
bar. Em tão pouco tempo, floresceu
como uma mulher sensual e confiante
que não tinha medo de ir atrás do que
desejava, então por que ele estava
negando a ambos o prazer intenso e
ardente que ansiavam?
Clay não podia mais responder a essa
pergunta, e no momento, com Samantha
apoiando as mãos em suas coxas e se
abaixando lentamente, de forma que já
estava ajoelhada entre suas pernas, seus
motivos não importavam mais.
— Tire a camisa para que eu possa
tocar em você — ela disse suavemente,
com a voz rouca, os olhos azuis
inocentes o encorajando.
Clay imediatamente puxou a camisa
pela cabeça e a deixou cair no chão. Ela
olhou com admiração para o peito nu,
seus dedos apertados em suas coxas
vestidas nos jeans enquanto o olhar
viajava até o comprimento grosso do
pênis lutando contra o zíper da calça
jeans. Ele estava duro para caralho por
ela.
Circulando os dedos ao redor de seus
pulsos delgados, Clay guiou ambas as
mãos para cima e as colocou sobre seu
peito nu. As palmas das mãos de
Samantha estavam frias em sua pele
febril, e o contraste erótico o fez cerrar
os dentes contra o desejo instintivo de
assumir o controle da situação e da
mulher que o fazia sentir mais do que
apenas luxúria.
Em breve, ele disse a si mesmo. Mas
os próximos minutos eram para ela.
— Toque o quanto quiser, porque
assim que terminar, eu estarei no
comando, entendeu?
Samantha assentiu com a cabeça
bruscamente, e Clay soltou seus pulsos,
dando-lhe tempo para explorar seu
corpo. Os dentes afundaram no lábio
inferior exuberante enquanto ela
reverentemente deslizava as mãos sobre
os músculos do peito, em seguida para
baixo, em sua caixa torácica, usando os
polegares para percorrer a definição do
abdômen até chegar ao jeans.
Enganchando os dedos no cós da
calça, ela olhou para Clay com um
brilho malicioso nos olhos.
— Você é tão duro e quente… —
murmurou enquanto se inclinava para
frente e lambia lentamente ao longo do
abdômen com sua língua macia e úmida.
— E salgado.
Um tremor passou por Clay, e ele
soltou um suspiro, de repente
desesperado para sentir aquela boca
linda e tentadora em seu pênis.
Colocando um fim na exploração, ele
afundou os dedos firmemente no cabelo
de Samantha, certificando-se de que ela
soubesse e entendesse que ele agora
estava dando as cartas.
A excitação iluminou seu olhar, e
Clay sabia que eles estavam na mesma
sintonia.
— Abra o zíper da minha cabeça e
liberta meu pau.
Ansiosa, ela fez o que ele exigiu.
Quando abriu o zíper da calça jeans,
agarrou o cós e a cueca e puxou ambos
para baixo, até que o membro foi
liberado. A ereção sólida pulsou com
necessidade; Clay circulou os dedos ao
redor da extensão firme, acariciando
lentamente sua carne rígida. Samantha
assistiu com uma combinação de
fascinação e excitação pura e selvagem.
Uma gota de pré-sêmen vazou da ponta,
e ele arrastou o polegar pela cabeça
sensível, cobrindo o dedo com o fluido
pegajoso.
Curioso para ver quão longe ela
estava disposta a ir e quão aventureira
Samantha seria, ele pressionou o
polegar escorregadio em sua boca, para
que ela pudesse saboreá-lo.
— Você sabe o que eu quero, não é,
querida?
Olhos sonhadores fixos nos dele.
Samantha não hesitou em fechar os
lábios ao redor do dedo, a língua
lambendo e os dentes roçando a pele
enquanto ela respondia com ações, não
com palavras.
Ah, sim, ela sabia exatamente o que
estava passando pela cabeça de Clay.
Ele retirou o polegar da boca quente e
deliciosa de Samantha, já imaginando
enchê-la de novo com seu membro
pulsante.
— Me diz o que eu quero que você
faça com sua boca suave e quente — ele
a persuadiu em uma voz baixa e áspera.
O sedutor rubor de antecipação
percorreu suas bochechas.
— Você quer que eu chupe seu pau.
Ouvir seu doce cupcake falar aquelas
palavras sujas aumentou ainda mais sua
luxúria.
— Porra, e como. Estou morrendo de
vontade de sentir seus lábios deslizando
pelo meu pau. Eu fantasiei com isso e
bati várias no chuveiro com essas
imagens na minha cabeça. Inúmeras
vezes.
— Então me permita — ela implorou
sem fôlego. — Por favor.
Parando com a provocação, Clay
enrolou as longas mechas do cabelo de
Samantha em torno de seu punho, tão
apertado e seguro, que não haveria
dúvida em sua mente sobre quem tinha o
controle. Não havia dúvida que sua boca
era dele para que fizesse o que quisesse.
Clay guiou a cabeça dela para frente,
empurrou seu pênis entre os lábios
entreabertos e não parou até que a ponta
sensível bateu contra ao fundo da
garganta. Samantha não recuou. Não se
afastou dele. Em vez disso, seus cílios
vibravam, fechados, e ela gemeu, o som
reverberando ao longo do pênis e
apertando as bolas.
Puta que pariu. Seu corpo tremia
como se fosse a primeira vez que
recebia um boquete; usou cada grama de
força de vontade para não projetar os
quadris e foder a boca perfeita de
Samantha com mais força, mais fundo.
Daquele jeito, rodeado por todo aquele
calor sedoso e sentindo a sucção
enquanto lentamente a puxava de volta
ao longo do seu membro, Clay suspeitou
que só iria durar por mais alguns
movimentos.
Samantha avançou sobre ele
novamente, os lábios gananciosos e
famintos e sua língua causando estrago
em seu controle e o levando para mais
perto do orgasmo. O arranhar das unhas
no abdômen flexionado de Clay
acrescentou novas sensações eróticas, e
quando ela ergueu as pálpebras e olhou
para ele com olhos turvos de paixão que
lhe disseram o quanto amava chupar seu
pau, Clay estava acabado.
Respirando rápido e sentindo a
adrenalina em suas veias avisando-o de
seu clímax iminente, afrouxou o aperto
no cabelo, dando-lhe espaço para sair se
quisesse.
— Eu vou gozar, Samantha. Pra
caralho — ele murmurou, mal
reconhecendo sua própria voz rouca. —
Se você não quiser, precisa parar.
Agora.
Ela ignorou o aviso e o levou para o
fundo da garganta novamente e engoliu,
os músculos tensos apertando ao redor
da cabeça do pênis e desencadeando o
orgasmo mais incrível e violento que
Clay já teve. Os músculos de seu
abdômen se contraíram, e ele gozou com
um grito rouco, sacudindo os quadris
enquanto a boca de Samantha continuava
a o devastar. Sentindo-se como se
tivesse acabado de passar no meio de
um grande furacão, Clay jogou a cabeça
para trás contra a cadeira e fechou os
olhos com força, tentando se recuperar
da tempestade que Samantha era.
Demorou alguns minutos para seu
coração e respiração voltarem ao ritmo
normal, e quando ele finalmente abriu os
olhos, a encontrou ainda ajoelhada no
chão na frente dele, um sorriso satisfeito
nos lábios. E ela tinha todo o direito de
estar orgulhosa de si mesma, porque o
havia arruinado para qualquer outra
mulher.
Em vez de analisar as implicações
desse pensamento perturbador, Clay
concentrou sua atenção em se certificar
de retribuir o favor e de que Samantha
ficasse igualmente satisfeita.
Especialmente por causa do que ela
havia contado sobre seu ex, que não a
tocava entre as pernas porque era
germofóbico. Antes que terminasse,
Clay não só iria tocar na boceta macia e
molhada com os dedos, como iria
lamber seus fluidos deliciosos com a
língua e se certificar de que cada
centímetro de seu pênis estivesse
coberto por toda aquela umidade
escorregadia enquanto a fazia gozar com
tanta força quanto ele.
— Levante-se — disse, de volta ao
controle novamente.
Os olhos de Samantha se arregalaram
com o tom autoritário da voz, mas ela
rapidamente ficou de pé na frente dele.
Clay encontrou o olhar brilhante e
ansioso e se arrumou na cadeira, as
calças ainda abertas. Mantendo os olhos
fixos nos dela, ergueu a mão e passou os
dedos pela parte interna de uma coxa
trêmula. Sua mão desapareceu sob a
bainha da saia curta, subindo, subindo,
subindo, até que alcançou a barreira da
seda da calcinha.
Ele pressionou dois dedos contra a
calcinha, que estava ensopada de
excitação — apenas por chupá-lo.
— Você está encharcada — ele
murmurou. Clay esfregou levemente o
tecido molhado, amando os pequenos
sons que Samantha fazia no fundo da
garganta. — E você também está cheia
de tesão, não é?
— Sim. Muito — ela sussurrou quase
desesperadamente enquanto empurrava
os quadris em direção à mão dele,
tentando aumentar a pressão dos dedos
contra aquele ponto doce o qual Clay
ainda não tinha realmente se
concentrado. — Eu preciso muito gozar.
— Não se preocupe, prometo que
vamos chegar lá. — Seu rosto estava
agora no nível do umbigo, e ele passou a
boca ao longo da pele nua, lambendo o
pedaço de carne sensível logo abaixo,
assim como ela tinha feito com ele.
Samantha gemeu e se mexeu
ansiosamente.
— Clay… — ela implorou baixinho.
Ainda não estava pronto para aliviar
seu sofrimento, então ignorou o apelo
necessitado e deslizou a calcinha,
deixando-a cair no chão, uma pilha de
seda molhada a seus pés. Samantha
retirou o tecido e empurrou-o de lado.
Ele colocou as mãos atrás dos joelhos
dela e lentamente deslizou as palmas das
mãos pelas coxas, sob a saia,
gradualmente indo até a curva da bunda.
— Tire a blusa e o sutiã para que eu
possa ver seus lindos seios — ordenou.
Samantha rapidamente tirou a blusa
pela cabeça, então desabotoou o sutiã
rendado, e as duas peças se juntaram à
coleção crescente de roupas no chão.
Ele não pôde conter o profundo gemido
de apreciação quando os seios fartos e
deliciosos saltaram à sua frente. Seu
pênis se contraiu com luxúria renovada
enquanto a comia com os olhos, o olhar
pousando no rosto de Samantha.
Quase nua e de pé na frente de Clay,
com o cabelo agora ligeiramente
desgrenhado, Samantha estava
deslumbrante e absolutamente magnífica,
a pele pálida e macia como creme. Suas
auréolas rosadas e mamilos carnudos
eram um contraste vívido contra toda
aquela pele luminosa. Não chupar um
daqueles bicos duros foi uma das coisas
mais difíceis que Clay já se forçou a
fazer.
Ela estendeu a mão para trás, a fim de
abrir o zíper da saia curta, mas ele a
parou antes que Samantha pudesse
executar o movimento.
— Deixa — ele disse, e quando ela
olhou com confusão, Clay sorriu
maliciosamente. — Eu quero te foder
com a saia.
Com os seios expostos e aquela
minúscula saia cobrindo a boceta nua
por baixo, Samantha se tornou a fantasia
erótica dele ganhando vida, bem como a
garota rebelde que ela queria ser.
Ainda sentado em sua cadeira, Clay
inclinou a cabeça enquanto olhava nos
olhos turvos da mulher, decidindo
aumentar o prazer entre eles.
— Quão obscena você quer que esta
primeira vez seja, Cupcake?
— Muito obscena — ela sussurrou, as
feições marcadas pela necessidade
sexual enquanto passava os dedos pelo
cabelo curto de Clay. — Faça o que
quiser, Clay. Me faça sua da maneira
que desejar.
Jesus, ele pensou, enquanto a
respiração deixava os pulmões
rapidamente. Samantha tinha acabado de
lhe dar carta branca quanto ao corpo, e
ele planejava deixá-la acabada e
bagunçada da maneira mais agradável e
satisfatória possível.
Clay se recostou na cadeira.
— Monte em mim, suas pernas em
cada lado das minhas coxas — ele
instruiu.
Samantha se moveu com as pernas
abertas, uma de cada lado dele. Quando
ela começou a abaixar a bunda para
descansar em suas coxas, ele agarrou os
quadris e puxou-a de volta.
— Sem sentar — ele ordenou. —
Coloque as mãos na cadeira perto da
minha cabeça e prepare-se.
Ela fez o que ele pediu, arqueou
automaticamente a parte superior do
corpo e colocou os seios bem na frente
do rosto dele, exatamente onde Clay os
queria. Ele sorriu para ela enquanto
deslizava a mão por baixo da saia e
roçava os dedos na parte interna da coxa
mais uma vez, a excitação úmida
saudando-o antes mesmo que tocasse em
sua carne.
— Mantenha as pernas bem abertas.
Eu quero foder você com os dedos —
ele disse, enquanto arrastava os dedos
entre as dobras suaves e colocava dois
profundamente dentro do calor apertado.
— Desta forma, você pode se esfregar
contra a minha mão enquanto eu chupo
seus lindos seios.
Samantha choramingou e arqueou as
costas, oferecendo o que Clay estava
morrendo de vontade de provar. Ele
capturou um mamilo entre os lábios,
moveu a língua contra o ponto duro e
puxou-o entre os dentes, antes de abrir a
boca e pegar tudo que conseguia. Ao
mesmo tempo, passou o polegar no
clitóris inchado e arrastou os dedos
escorregadios para dentro e para fora,
uma e outra vez, até que o corpo
pequeno e sexy de Samantha começou a
tremer e ficar tenso.
Ela jogou a cabeça para trás, a
respiração ofegante e desinibida
enchendo seus ouvidos.
— Oh, Deus, oh, Deus, oh, Deus —
ela gemeu descontroladamente, enquanto
ondulava os quadris contra a mão entre
suas pernas, descaradamente buscando o
orgasmo que Clay podia sentir que
estava a ponto de a estilhaçar.
Ele passou os dentes em um mamilo
sensível e mordeu a ponta de carne
tensa, transmitindo apenas a dor o
suficiente para levá-la para além do
último limite. Samantha ofegou para
respirar, o corpo inteiro sacudindo e
estremecendo enquanto seus músculos
internos se apertavam ao redor dos
dedos.
Ela gozou com um grito suave de
prazer, um som que foi direto para o pau
de Clay e o fez ansiar por Samanta
novamente enquanto um único
pensamento o assombrava.
Algum dia ele se cansaria dela?
Capítulo 8

Samantha desabou contra o peito de


Clay, a mente girando na sequência de
seu orgasmo fenomenal, a respiração
dele tão errática quanto a dela. O rosto
dela estava enterrado contra o pescoço
de Clay, e ela prendeu o braço dele
entre os corpos — então seus dedos
longos e grossos continuaram enterrados
profundamente em seu núcleo, e seus
músculos internos se apertaram ao redor
dele.
Seu braço se contraiu enquanto ele
tentava remover os dedos de dentro
dela, mas Samantha obviamente era um
peso morto, e Clay não conseguia se
mover.
— Você precisa se levantar, Samantha
— disse, a voz uma combinação de
diversão com a aspereza de um homem
excitado.
Ela se inclinou para trás em suas
coxas, surpreendentemente sem timidez
pelo fato de estar seminua e Clay estar
olhando faminto para os seios que havia
acabado de chupar. Ela estremeceu
quando ele tirou os dedos e gemeu
baixinho quando ele propositalmente
arrastou as pontas por sua carne
sensível.
Enquanto Clay sustentava seu olhar,
levou a mão à boca e corajosamente
lambeu e sugou a essência de seus
dedos. Seus olhos estavam quentes e
famintos como os de um lobo, e
Samantha sabia que aquele desejo
primitivo não tinha nada a ver com
comida e tudo a ver com ela.
— Eu quero mais — disse ele, e não
era um pedido, mas uma exigência.
O corpo de Samantha respondeu
àquela voz sombria como se Clay
tivesse uma conexão direta com seu
sexo. Ele, todo alfa e dominante,
obviamente criou essa conexão de uma
forma muito intensa. Quem diria que eu
ia gostar de receber ordens durante o
sexo, ela pensou.
Samantha engoliu em seco, porque
não tinha certeza do que, exatamente, ele
estava falando.
— Mais?
Clay passou a mão em sua nuca e
guiou sua cabeça em direção a ele, e ela
se permitiu ser puxada com facilidade.
Samantha era tão fácil quando se
tratava dele. A princípio, pensou que
ele fosse beijá-la, mas aqueles lábios
pecaminosos desviaram dos dela e se
acomodaram em sua orelha.
— Eu quero te chupar e foder você
com a minha língua — ele murmurou
com a voz rouca.
Um som estrangulado ficou preso em
sua garganta, cortando sua capacidade
de responder; Samantha sentiu seu rosto
esquentar em choque — mesmo quando
uma emoção secreta a percorreu.
Ele se afastou, viu o rubor rosa
brilhante nas bochechas de Samantha e
sorriu.
— Você é que pediu isso, Cupcake,
então não fique tímida comigo agora —
disse ele em um tom suave e zombeteiro.
— Eu só não esperava que você
dissesse algo tão…
— Indecente? — sugeriu enquanto
outro sorriso diabólico curvava seus
lábios carnudos. — Considere isso parte
da profanação que quero fazer com
você. Agora sente-se na mesa e abra as
pernas, a menos que tenha mudado de
ideia…
Samantha sabia que ele estava
oferecendo uma alternativa, mas seu
corpo já estava zumbindo de desejo. Ela
escapou do colo de Clay e apoiou o
traseiro na borda da mesa. Como ele
ordenou, ela abriu bem as pernas, mas
instintivamente alisou a barra da saia
para baixo, sobre as coxas. O que era
ridículo, considerando o que ele tinha
acabado de fazer com ela. Mas já fazia
muito tempo que um homem não ficava
tão perto de suas partes femininas, e ela
também não estava acostumada a se
exibir.
Seus cílios grossos e escuros
semicerraram enquanto ele movia a
cadeira de couro para muito, muito mais
perto.
— Você fica tão gostosa com esses
peitos à mostra, mas tão afetada e
aprumada com as mãos no colo e a saia
te cobrindo de forma tão recatada.
Ele colocou as palmas das mãos nos
joelhos de Samantha e abriu suas pernas
ainda mais.
— Coloque a saia para cima para que
eu possa ver sua boceta nua.
Outra ordem que ela foi obrigada a
obedecer. Samantha gradualmente puxou
o tecido das coxas como um lento strip-
tease, o estômago revirando quando o
olhar de Clay de “eu vou te comer” foi
para o lugar sagrado que ela estava
prestes a revelar. Mordendo o lábio
inferior e requisitando uma grande dose
de confiança, Samantha finalmente
prendeu a bainha em volta da cintura.
A respiração de Clay se aprofundou,
e ele lambeu os lábios avidamente
enquanto olhava para a boceta de
Samantha.
— Porra — ele murmurou e afastou
as mãos dela da frente. — Incline-se
para trás para que possa me ver
enquanto eu te devoro.
Ela apoiou as mãos atrás das costas
para que a parte superior de seu corpo
ainda estivesse em um ângulo que lhe
desse uma visão desobstruída. A cadeira
em que Clay estava sentado tinha a
altura perfeita, e ela viu quando ele
abaixou a cabeça e deu um beijo quente
na parte interna da coxa, os olhos
brilhantes voltados para cima para
travar nos dela.
Samantha estremeceu e gemeu, e seu
sexo pulsou com desejo renovado
enquanto Clay preguiçosamente subia,
sugando, mordendo e lambendo a pele
até chegar ao destino. Ele ergueu as
coxas para que caíssem sobre seus
ombros e emoldurassem sua forte
mandíbula e rosto, e a visão erótica a
fez quase se desfazer.
Clay deslizou as mãos sobre os
quadris e as abriu na parte inferior da
barriga de Samantha, em seguida
deslizou os polegares para baixo, para
os lábios carnudos e brilhantes, tão
macios e úmidos depois do primeiro
orgasmo. Ele a abriu, expondo o clitóris
para seu olhar aquecido, e quando
abaixou a cabeça e esfregou a barba por
fazer contra aquele botão de carne ainda
sensível, Samantha fechou os olhos com
o desejo perverso e proibido quase a
destruindo. A estimulação era demais…
Mas não o suficiente.
— Observe — ele exigiu, e assim que
seu olhar de pálpebras pesadas
encontrou o dele novamente, Clay
mergulhou e começou a mudar tudo o
que ela pensava que sabia sobre sexo
oral.
Nada a havia preparado para esta
devastação de sentidos, para ser
consumida, dominada e devastada por
um homem que não tinha escrúpulos em
descer e se lambuzar. E bagunçar. Sua
boca aberta estava quente e selvagem
sobre ela, e Samantha viu quando a
língua deslizou por suas dobras antes de
penetrar em sua passagem, de forma tão
indecente e depravada, que ela adorou.
Um leve grito se soltou antes que
Samantha pudesse se conter, e Clay
implacavelmente a lambeu novamente
— uma longa e firme volta de sua
língua, que fez os quadris da jovem se
levantaram para encontrar cada carícia
provocante que a trazia precariamente
para perto do orgasmo; porém Clay
parou antes de dar o que ela precisava
tão desesperadamente.
— Clay… — Samantha implorou, seu
corpo em chamas.
Outra lambida lenta e torturante.
— Existe algo que você queira? —
ele murmurou sombriamente, a
respiração tão incrivelmente quente em
sua carne molhada.
Ele iria fazê-la pedir, e ela pediu.
— Eu preciso gozar. Por favor.
Terminando de brincar com Samantha,
Clay se concentrou no clitóris com
seriedade. Seus lábios e língua
massagearam o ponto de prazer com a
quantidade certa de pressão e fricção, e
ela se abaixou e puxou impacientemente
os cabelos dele.
Mais, mais, mais, ela repetiu
silenciosamente. Ou talvez tenha dito as
palavras em voz alta, porque Clay a
estava chupando agora, a devorando; a
cabeça de Samantha tombou para trás
enquanto montava na boca de Clay, e
ondas do mais sublime êxtase a
sacudiram profundamente em um prazer
que parecia nunca ter fim. Até que
finalmente o último tremor retumbou.
O único braço que a segurava
desabou, e Samantha se deitou na mesa,
as pernas caindo para os lados. Ela
estava vagamente ciente de que Clay
procurava algo freneticamente nas
gavetas da mesa.
— Está tudo bem? — ela perguntou, o
corpo ainda formigando.
— Não, eu preciso para caralho
entrar em você. Agora. — Outra gaveta
se fechou, ele abriu a próxima e
observou o conteúdo. — Mason deixou
alguns preservativos aqui quando usou
meu escritório para um de seus casos
sórdidos algumas semanas atrás, e eu os
joguei em uma dessas gavetas.
Ela riu suavemente.
— Seu irmão é realmente um galinha,
não é?
— Você não tem ideia — Clay
murmurou, então deixou escapar um
triunfante “isso” quando encontrou o que
estava procurando.
Ele rasgou o pacote metalizado com
os dentes, e enquanto ela observava,
embainhou seu enorme e impressionante
pênis, que estava ansioso para gozar
novamente.
— Eu nunca teria pensado que as
façanhas do meu irmão acabariam me
beneficiando — disse, balançando a
cabeça.
Samantha tinha de admitir, ela estava
grata a Mason também, porque estava
morrendo de vontade de saber como era
ser tomada por este homem que não só
assumira o controle de seu corpo, mas
também possuía sua alma. Nada…
absolutamente nada mais seria o mesmo
depois desse encontro. Isso Samantha
sabia com certeza.
Ela esperava que eles fizessem sexo
cara a cara, então foi pega de surpresa
quando ele a puxou da mesa, girou e a
curvou, de modo que seus braços
estivessem mais uma vez apoiados na
superfície da mesa. Ele se aproximou de
Samantha por trás, e seu coração bateu
forte em seu peito, pois a mulher não
sabia exatamente o que esperar.
Clay arrastou o polegar pelo centro
da bunda arrebitada de Samantha,
parando um pouco antes de alcançar a
junção úmida de suas coxas.
— Abra as pernas — ele ordenou
rispidamente.
Oh, Deus. Ela engoliu em seco e fez o
que lhe foi dito, separando os pés e
sentindo uma lufada de ar frio entre as
coxas. Ele a avisou que não era um tipo
tradicional de cara quando se tratava de
sexo e havia prometido deitá-la sobre
uma mesa, abrir bem suas pernas e a
foder. Samantha até tinha dito a ele que
queria isso.
Mas ela nunca imaginou se sentir tão
vulnerável quanto agora.
— Você ainda quer fazer isso? — ele
perguntou suavemente atrás dela, como
se tivesse acabado de entrar intimamente
em sua mente.
O fato de ter percebido sua
inquietação, de estar disposto a parar se
ela quisesse a fazia se sentir segura e
protegida. Samantha confiava em Clay.
Confiava seu corpo a ele, seu prazer. O
que mais? Deus sabia que ela queria.
Samantha estava se abrindo para ele,
deixando-o entrar em lugares que
nenhum outro homem jamais havia
tocado, e ele havia a alertado, então ela
respeitaria seus desejos.
Mas isso não significava que
desejasse parar.
— Sim, eu ainda quero — ela
sussurrou a verdade que, ela sabia, tinha
o poder de um dia a quebrar por inteiro.
Clay soltou a respiração com força,
como se a tivesse prendido enquanto
esperava pela resposta. Como se ela
querer isso significasse mais para ele do
que apenas o sexo quente que estava
oferecendo.
Antes que Samantha pudesse pensar
demais sobre as coisas, ele colocou as
mãos em seus quadris, deslizou o pênis
e enfiou a cabeça apenas alguns
centímetros dentro dela. Samantha soltou
um gemido ao sentir a pressão inicial.
Não foi o suficiente, e ela
instintivamente empurrou a bunda contra
ele, buscando o deslocamento quente de
carne grossa enchendo-a. Ela precisava
disso. Ansiava por isso. Ansiava por
ele.
Ela se moveu contra Clay novamente,
e ele gemeu, seus dedos cravando na
pele enquanto se continha, quando isso
era a última coisa que Samantha queria.
Ela ansiava por uma paixão acalorada e
uma perda irracional de controle. Ela
precisava saber o que era realmente ser
tomada por um homem. Melhor, ser
tomada por Clay.
— Vai — ela o incitou, então disse as
palavras que nunca tinha falado para
outro homem antes. — Me fode, Clay.
Agora.
— Jesus — ele rosnou, a necessidade
vibrando através do corpo, ela quase
podia tocar. — Vai ser uma viagem dura
e rápida, Cupcake.
No instante seguinte, ele a penetrou
até o fundo, arrancando um grito de
choque da garganta de Samantha,
enquanto seu corpo tentava se ajustar à
invasão repentina e avassaladora e à
sensação de se sentir tão cheia. Mais
completa do que nunca. Clay não deu a
ela tempo para recuperar o fôlego antes
de começar a bombear, forte e
implacável, com uma urgência que
parecia aumentar a cada impulso. Seus
dedos fortes apertaram a cintura dela,
puxando-a de volta uma e outra vez para
encontrar cada um de suas estocadas
ásperas e fortes.
A maneira como a dominava era crua
e potente. Mas, se parar para pensar,
tudo sobre Clay também era. E, de
alguma forma, apesar de todas as
diferenças, isso a fez desejá-lo mais,
não menos.
Samantha gemeu, a luxúria a
ultrapassando enquanto arqueava as
costas e descaradamente erguia os
quadris mais para o alto. O ângulo
diferente de seu corpo fez com que pênis
se esfregasse contra um pedaço de pele
sensível dentro dela, e estrelas
brilharam atrás de seus olhos. Oh, Deus.
Isso era tão incrivelmente empolgante,
tão deliciosamente bom, e a ardência
entre suas pernas crescia cada vez mais
forte, o clímax querendo se aproximar.
A cada estocada penetrante e forte,
Clay exigia seu orgasmo, e que Deus a
ajudasse, ela sabia que de boa vontade
daria a ele, junto com qualquer outra
coisa que ele quisesse. Ela era dele.
— Oh, Deus, Clay — ela murmurou,
o orgasmo ganhando força dentro dela.
— Goza, Samantha. Agora — ele
exigiu, a voz escura e intensa quando ele
deslizou a mão entre as pernas dela e
esfregou o clitóris, então puxou e
beliscou a carne latejante e necessitada
entre dois dedos. — Eu quero sentir
você gozar no meu pau.
Seu poder e demandas assertivas
eram inebriantes, e Samantha gritou
quando seu orgasmo a atingiu em uma
onda de sensações tão potentes e
devastadoras, que era como uma
experiência fora do corpo. Cada
músculo dentro de Samantha se contraiu
incontrolavelmente, agarrando o pênis
nas estocadas apertadas e curtas
enquanto Clay continuava a ir atrás de
seu próprio prazer. O clímax dela foi
bastante visceral e real, tão
impressionante em intensidade, que ela
não sabia como lidar com isso.
Clay não estava muito atrás. Um
rosnado profundo e possessivo retumbou
em seu peito quando ele a penetrou
freneticamente, prendendo-a com tanta
força contra a borda da mesa, que ela
suspeitou que teria hematomas no dia
seguinte, mas nem se importou. Ele
praguejou, os quadris sacudindo
violentamente contra a bunda dela,
enquanto se enterrava uma última vez,
tão profundamente, que Samantha não
sabia onde ele terminava e ela
começava.
Clay não deixou nenhuma parte dela
intocada. Fisicamente, ele a possuía.
Emocionalmente, ele se sentia tão bem,
tão parte dela. Algo tão inevitável.
Como se Samantha tivesse esperado a
vida toda para conhecê-lo, para estar
com Clay. Ela nunca teve esse tipo de
conexão íntima e profunda com um
homem… E temia que nunca tivesse
novamente.
Capítulo 9

Quinta-feira era a noite do “compre um,


leve outro” no Kincaid’s, o que sempre
atraiu o público mais jovem. Muitos dos
clientes que vieram na segunda-feira
para a noite das mulheres voltaram para
aproveitar mais uma promoção de
bebida e arrumar uma diversão no meio
da semana — e isso incluía Mason, que
estava na pista de dança se divertindo e
investindo na garota com quem havia
flertado na última hora.
Clay balançou a cabeça, sabendo que
o irmão estaria na barra da saia dela
antes que a noite acabasse; contato que
Mason não utilizasse o banheiro para
foder sua última conquista, Clay olharia
para o outro lado e não o chutaria para
fora do bar. Mas se Mason ousasse usar
o escritório, Clay castraria o irmão,
porque ele não queria nada manchando
as memórias de tudo que fez com
Samantha naquele cômodo e todas as
formas eróticas com que ele usou sua
mesa e reivindicou aquela mulher.
Mesmo que tivesse sido apenas por
aquele breve período juntos.
Lembrando de como Samantha
respondeu a ele, de quão apertada e
quente ela estava ao redor de seu pênis,
seu olhar procurou pela mulher que tinha
enlouquecido sua cabeça, e seu pênis,
apenas algumas horas antes. Estar com
ela tinha sido sexy, indecente e tão
incrivelmente viciante, que Clay seria
um puta mentiroso se dissesse que não
desejava tocá-la novamente. Ainda mais
agora que ele sabia qual era o gosto de
sua boceta e qual a sensação daquela
boca em volta do seu membro. Ela o
deixou cambaleando depois do encontro
mais arrasador que já teve, e pela
primeira vez, Clay não conseguia parar
de pensar em uma mulher mesmo muito
tempo depois do fim do sexo.
Sim, ele estava fodido para caralho.
Clay estava na outra extremidade do
bar, o olhar pousando no objeto de sua
busca. Enquanto Tara e Gina
trabalhavam montando os drinques no
bar, Samantha contornava as mesas
lotadas, entregando bebidas e comida,
além de anotar os pedidos. Ela estava
completamente relaxada e radiante, sem
dúvida por causa dos três orgasmos que
ele havia dado a ela antes. O lado
homem das cavernas incivilizado se
orgulhava do brilho que irradiava de sua
pele de porcelana e daqueles olhos azuis
luminosos.
Ela sorriu para os clientes e riu de
algo que um deles disse a ela. O cara
seguiu o comentário com uma piscadela
— o que fez Clay apertar a mandíbula
de irritação. Assistir a outros homens
flertando e dando em cima de Samantha
era a pior parte de seu trabalho no bar.
Ele não gostava de ver a cena todas as
noites, tampouco apreciava o fato de que
se sentia dessa forma por causa dela.
Clay nunca foi um cara ciumento e
possessivo, de modo que não devia
sentir esse tipo de coisa agora. Ele não
teve relacionamentos confusos ou
complicados com mulheres antes, então
lembrou a si mesmo que com Samantha
não seria diferente. O que eles tiveram
foi uma aventura de curto prazo. Ele
estava muito ferrado com seu passado
de merda, muito cansado da vida em
geral e muito acostumado a ficar sozinho
para pensar em mudar tudo. E,
principalmente, ele estava muito
danificado emocionalmente para dar a
qualquer mulher — Samantha,
especialmente — o tipo de amor e de
promessas eternas que ela merecia e,
sem dúvida, queria.
Ele simplesmente não havia isso
dentro dele, e saber a verdade sobre si
mesmo sempre permitiu que mantivesse
as mulheres em seus devidos lugares, de
forma a garantir que não houvesse mal-
entendidos nem expectativas irreais.
Apenas sexo quente e descomplicado.
Ele tentou manter Samantha no mesmo
lugar temporário em seu cérebro —
porque Clay sabia que seu tempo perto
de Samantha seria breve, apenas um
intervalo dentro da vida real de
Samantha. Não demoraria muito para
que ela descobrisse o que queria fazer
futuramente e seguisse em frente ou
sucumbisse à pressão dos pais e
voltasse para casa, para se casar com o
escroto covarde que o pai tinha
escolhido para ela.
O estômago de Clay se retorceu com
a porra de uma dor real quando pensou
nisso, algo que Clay preferia não lidar
naquele momento — ou nunca —
embora soubesse que nunca se
encaixaria em seu mundo. Socialmente,
eles estavam em lados opostos. De uma
forma ou de outra, a partida de Samantha
era inevitável, e não havia como tentar
impedi-la quando esse dia chegasse. Na
verdade, ele estaria fazendo um grande
favor a ela dando tchau quando chegasse
a hora.
Sim, continue dizendo isso a si
mesmo. Qualquer coisa que funcionasse
para deixá-la ir. Contanto que Samantha
não recorresse à opção número dois,
escolhendo o que sempre chamou de
casa e o idiota que esperava colocar um
anel em seu dedo. Nesse ínterim, Clay
faria tudo o que pudesse para mantê-la
feliz enquanto Samantha estivesse por
perto — outro comportamento fora do
comum para ele, mas foda-se. Clay a
queria feliz, e isso incluía encorajá-la a
seguir seu desejo de ser uma confeiteira.
Clay havia pensado muito nas
maneiras de ajudar Samantha nesse
aspecto. Ela não tinha um currículo ou
experiência prática para impressionar
um potencial empregador, mas era uma
confeiteira certificada, e graças à
governanta que a ensinou quando
criança, aprimorou suas habilidades ao
longo dos anos. Sua melhor aposta era
encontrar alguém que a deixasse provar
seu valor e experiência de uma forma
menos tradicional. Era uma ideia em que
Clay estava trabalhando, e com a ajuda
de Katrina, ele tinha uma surpresa, que
esperava estar pronta no dia seguinte,
para Samantha.
Com o canto do olho, Clay viu um
cara se sentar a alguns bancos de onde
ele estava. Relutantemente afastando o
olhar de Samantha, Clay se virou para o
cliente, apenas para perceber que era
seu irmão mais novo, Levi, que não tinha
aparecido a semana toda, o que era
bastante normal, já que ele não curtia
muito o ambiente do bar. Então, o fato
de que Levi estava ali agora, em uma
noite muito movimentada, fez com que
Clay percebesse que o irmão aparecera
com um propósito específico. E não foi
difícil descobrir qual era o motivo ou
qual boca grande fofocou como uma
porra de menininha para o irmão.
Contendo seu aborrecimento,
caminhou até onde Levi estava sentado.
O irmão de 24 anos era o mais bonito
dos três, com olhos verde-claros e
cabelo loiro cor de areia. Clay sempre
assumiu que Levi tinha puxado alguém
da família do pai, já que ele não tinha
nenhuma das características da mãe,
como Clay e Mason.
— Suponho que você já conversou
com Mason, certo? — Clay perguntou
como uma saudação.
— Não pessoalmente, mas ele me
mandou uma mensagem para dizer que
você está morando com uma mulher —
Levi respondeu com uma sobrancelha
levantada. — Era de se imaginar que
grandes notícias como essa viriam
diretamente de você em vez dele.
— Ela não está morando comigo do
jeito que você pensa — Clay explicou,
tentando não soar na defensiva.
— Não importa o motivo — disse o
irmão, o tom e o olhar sérios. — O fato
de você deixar uma mulher ficar em seu
apartamento por mais de uma noite é
bastante chocante e fascinante. — Levi
estreitou o olhar, estudando Clay
daquele jeito pensativo costumeiro.
Mesmo quando menino, Levi era o
mais quieto, sempre contemplando e
analisando uma situação, e Clay não
tinha dúvidas de que o irmão estava
fazendo aquilo no momento. Ser policial
só ampliava esse traço de sua
personalidade, e Clay não gostava de
todas essas especulações dirigidas a ele.
Desviando o olhar, pegou um copo e
o encheu com gelo para preparar a
bebida preferida de Levi — suco de
laranja e água com gás. Não, o irmão
não bebia. Depois de testemunhar os
efeitos adversos que o álcool e as
drogas tinham sobre a disposição de
uma pessoa quando era criança, Levi
nunca tocou em nada disso, ao contrário
de Mason, cuja personalidade seguia em
uma direção mais destrutiva. O irmão do
meio ficava chapado da maneira que
podia para esquecer o passado e
entorpecer a dor.
— Samantha não tinha nenhum outro
lugar para ir, a família a cortou
financeiramente — disse Clay, voltando
os pensamentos para Samantha enquanto
colocava o suco e a água com gás no
copo ao mesmo tempo. — Só estou
ajudando-a a se reerguer.
— Isso é muito caridoso de sua parte
— Levi falou lentamente enquanto o
olhar varria a área lotada do bar, em
seguida, de volta para Clay. — Imagino
que seja a loira linda ali, certo?
Era difícil não notar Samantha, e ela
era a única garçonete que Levi não tinha
visto antes.
— Sim, é ela. — Clay colocou o
spritzer de suco de laranja em um
guardanapo na frente do irmão. — O
nome dela é Samantha.
— Também conhecida como
Cupcake? — Levi tentou disfarçar o
sorriso nos lábios levantando o copo
para tomar um gole, mas Clay percebeu
o brilho astuto em seus olhos.
Clay olhou para o irmão.
— Mason e sua boca grande. — Que
idiota, ele pensou, mal-humorado.
Levi riu divertido.
— Ahhh, o amor fraternal em seu
auge. Você realmente esperava menos de
Mason?
Não confiando em si mesmo para
responder a esse comentário a partir dos
próprios sentimentos a respeito do amor
fraternal, Clay resmungou uma resposta
assim que viu Samantha ir até a área de
saída de bebidas para pegar um pedido.
Ela olhou para ele com um sorriso tão
doce, sexy e íntimo, que Clay não tinha a
porra de ideia do que fazer com as
emoções estranhas e desconhecidas
apertando o peito.
Então ele afastou os sentimentos e
ergueu a mão para fazer Samantha se
aproximar. Todo o rosto dela se
iluminou com a chamada enquanto
caminhava em sua direção.
— Ei, bonitão — ela flertou. — O
que posso fazer por você?
Ah, inferno, havia todos os tipos de
insinuação sugestiva nessa pergunta, e se
eles estivessem sozinhos, Clay teria
dado corda, lançando uma resposta sexy
e descritiva do que, exatamente, ela
poderia fazer por ele. Infelizmente,
havia introduções a se fazer e aquele
brilho especulativo estava de volta ao
olhar de Levi enquanto o rapaz
observava a interação entre Samantha e
Clay com muito interesse.
Com um gemido, Clay disse:
— Samantha, quero te apresentar meu
irmão mais novo, Levi — disse ele,
inclinando a cabeça em direção ao
homem ao lado dela. — Ele é policial
no Chicago DP.
Em vez do constrangimento que Clay
esperava, o sorriso se alargou, e os
olhos de Samantha brilharam com prazer
genuíno quando ela se virou para o
irmão.
— É muito bom conhecer você. —
Ela apertou ansiosamente a mão que
Levi ofereceu.
— Eu digo o mesmo — Levi disse
com um sorriso.
Clay de repente ficou grato pelo
irmão mais novo ter mais educação do
que Mason. Pelo menos perto de
Samantha. Depois que ela foi embora,
Clay tinha certeza de que o
interrogatório aconteceria, e Levi era
muito bom em extrair informações.
— Então você é o irmão respeitável
— disse Samantha, o tom leve e bem-
humorado.
Levi levantou uma sobrancelha em
surpresa.
— Como é?
— Katrina — Clay disse, sabendo
que essa era toda a explicação que o
irmão precisava. A outra mulher tinha
opiniões distintas sobre cada um dos
irmãos e suas personalidades, e elas
eram bem certeiras.
— Ahhh — Levi disse em
compreensão, então encolheu os ombros.
— Suponho que sou o respeitável, pelo
menos em comparação com Mason —
respondeu com uma risada.
— Isso é um eufemismo — Clay
murmurou. — Há uma razão pela qual
Katrina chama o nosso irmão de piranha.
Samantha inclinou a cabeça, os olhos
azuis claros e muito inocentes.
— Só acho que Mason ainda não
conheceu a mulher certa.
Levi revirou os olhos para Clay, que
soltou uma risada.
— Esse é um pensamento otimista, até
para Mason — disse ele.
Levi acenou com a cabeça.
— O cara tem razão.
Ambos conheciam o irmão do meio
muito bem. Ele nunca teve um
relacionamento com uma mulher por
mais do que alguns dias, no máximo uma
semana de puxo sexo. Sem mencionar
que a mulher certa estava bem debaixo
do nariz dele, mas Mason estava
completamente alheio aos sentimentos
dela ou não queria se arriscar com
Katrina, tendo a possibilidade de
arruinar o estreito vínculo e a amizade
que compartilharam por tantos anos.
— Samantha, seu pedido está pronto
— Gina chamou da área de saída de
bebidas.
— Eu preciso voltar ao trabalho —
Samantha disse e sorriu para Levi uma
última vez. — A gente se vê.
Levi a observou se afastar, e assim
que ela ficou fora do alcance de sua voz,
olhou para Clay com aquele olhar
intuitivo em seus olhos verdes-claros.
— Esta é diferente, não é?
Clay lutou para manter a verdade
trancada, porque uma resposta
afirmativa o forçaria a avaliar os
sentimentos que estavam ganhando vida
dentro dele. Sentimentos que
reconheceriam que, sim, Samantha era
diferente de qualquer mulher com quem
já tinha estado. Ela era única e especial
— e era tanta areia para seu caminhão,
que parecia estúpido pensar o contrário.
— Seja lá o que possa ou não haver
entre nós, é casual e só até ela descobrir
o que quer fazer depois. — Ele se
recusou a dar a Levi quaisquer detalhes
sobre o relacionamento ou admitir quão
apaixonado ele realmente estava.
Levi distraidamente rodou o líquido
laranja no copo, com um olhar astuto no
rosto de tal forma que revirou o interior
de Clay. O irmão era inteligente.
Profissional e na vida particular, ele era
observador, direto e insistente. Também
não fazia rodeios e não teria medo de
trazer à tona a sujeira que Clay preferia
manter morta e enterrada.
Se Clay tivesse sorte, Levi manteria
as coisas centradas apenas em
Samantha.
— O quê? Fala logo — Clay
murmurou.
Levi colocou o copo na mesa, se
inclinou para frente e encontrou o olhar
de Clay.
— Se você realmente acredita que
essa mulher é uma foda casual, então
você é um idiota.
Clay se eriçou.
— Eu sei o que estou fazendo.
Levi soltou uma risada insípida e
balançou a cabeça.
— Você não sabe nada. Eu vi a
maneira íntima como ela olhou para
você — ele disse enquanto cruzava os
braços na superfície do balcão. — E o
mais importante, antes de você me ver,
percebi a maneira como você olha para
ela. Como se estivesse pronto para
saltar sobre o balcão se algum cara no
local colocar a mão nela. Eu nunca vi
um olhar tão possessivo em seus olhos.
É por isso que eu sei que Samantha é
diferente.
Clay apertou a mandíbula, se odiando
por ter sido tão transparente.
— Eu mal conheço Samantha. — A
mentira queimou em sua garganta.
— Eu sei que nossa mãe não nos deu
um motivo para confiar nas mulheres —
disse Levi, mergulhando direto naquele
território proibido que Clay esperava
evitar. — Ela não dava a mínima para a
gente, e Wyatt era ainda pior —
continuou o irmão, ousando citar o filho
da puta com quem a mãe os havia
deixado. O escroto que não tinha
escrúpulos em bater neles regularmente.
— Cala a boca — disse Clay com os
dentes cerrados. Ele não falava sobre
Wyatt, nunca.
Levi estreitou o olhar.
— Por quanto tempo você vai deixar
o que nossa mãe e Wyatt fizeram ditar
seu futuro e felicidade? — perguntou,
ignorando o aviso de Clay para encerrar
a discussão.
A náusea rodou em seu estômago
enquanto as memórias sombrias que
preferia manter enterradas ameaçavam
estrangulá-lo. Uma raiva crescente se
seguiu, mas o irmão com tudo, e agora
que ele tinha aberto a caixa de Pandora
e deixado sair todo o horror do passado,
não havia como pará-lo.
— Ninguém é perfeito. Droga, todo
mundo tem um passado que molda seu
comportamento. E não importa o que
pense ou sinta a respeito do que Wyatt
fez com você, você é uma boa pessoa,
Clay.
Clay agarrou a toalha no balcão e
fechou os olhos com força. Não havia
nada que pudesse fazer para esquecer o
abuso de Wyatt ou a única noite que fez
Clay mudar de um menino para um
homem com a intenção de matar outro
ser humano. Ele tinha tanta raiva
correndo em suas veias e nenhuma
hesitação em enfiar a faca que havia
roubado para proteger os irmãos
diretamente no escuro e malvado
coração de Wyatt. Infelizmente, apesar
de todo o derramamento de sangue, o
infeliz tinha sobrevivido.
— Pare de mexer nessa merda —
Clay disse em uma voz baixa e
ameaçadora que mal reconheceu como
sua.
— É isso que estou fazendo? — Levi
perguntou, imperturbável pela raiva de
Clay. — Se você simplesmente falasse
sobre isso, em vez de fingir que nunca
aconteceu, talvez parasse de se esconder
atrás desse bar e de mulheres sem
sentido. — Levi olhou para ele com
conhecimento de causa. — Melhor
ainda, talvez não deixasse a única
mulher que vale a pena escapar.
Clay apoiou as mãos na borda do
balcão e lançou ao irmão um olhar
perigoso.
— Esqueça isso, Levi — ele disse em
seu tom mais ameaçador. — Eu não
preciso de um sermão, e nosso passado
de merda não tem nada a ver com
qualquer tipo de relacionamento que eu
tenha com Samantha.
— Não, isso está apenas te
impedindo de ter qualquer tipo de
relacionamento. — Levi suspirou, o som
cheio de frustração. — Você não precisa
ser tão forte para todo sempre, Clay, e
não precisa carregar esse fardo sozinho.
Não sei se você se lembra, mas eu
também estava lá.
— Eu me lembro da porra toda, Levi.
— Como poderia esquecer quando os
pesadelos o atormentavam
regularmente? Foi a pior noite de sua
vida, e isso considerando todas as
coisas horríveis que os três passaram
quando crianças. Clay ainda tinha
cicatrizes físicas para lembrá-lo todos
os dias do que eles haviam passado.
Clay exalou um fluxo de ar que não
aliviou em nada a pressão em seu peito.
— Agora que você terminou de me
analisar, fique à vontade para ir embora,
porque tenho trabalho a fazer.
— Claro que tem — Levi disse
sarcasticamente enquanto deslizava para
fora do banco, claramente sabendo que
estava sendo dispensado. — Tenha uma
boa noite, Clay.
Seu irmão estava seriamente
desejando boa noite depois de enredar
suas emoções em um nó gigante?
Clay olhou para Levi e mostrou o
dedo do meio, sem se importar que
alguém no lugar pudesse ver o gesto
rude.
— Obrigado por estragar minha noite,
idiota.
— De nada. — Não havia um pingo
de arrependimento nos olhos ou na
expressão de Levi.
Missão obviamente concluída, Levi
se virou e saiu do bar, deixando Clay
sozinho com memórias que agora
estavam cruas e perigosamente próximas
da superfície.
Capítulo 10

Samantha tomou café da manhã e lavou


os pratos, os pensamentos preocupados
com Clay, que tinha ido embora antes
que ela acordasse esta manhã. Ela
pensou que o que tinha acontecido no
escritório na noite passada tinha sido
mais do que apenas sexo, e não pôde
evitar se sentir desapontada por estar
sozinha de novo.
Ela realmente pensou que as coisas
haviam mudado entre eles. Que Clay iria
parar de tentar evitá-la. Ela havia
notado uma nítida mudança no humor de
Clay depois que o irmão, Levi, foi
embora. Ele parecia zangado com
alguma coisa, e mesmo quando teve uns
minutos de pausa e foi perguntar a Clay
se estava tudo bem, ele deu a ela um
abrupto “estou bem”, que significava
que estava longe de estar bem, mas que
aquilo que o incomodava não seria tema
de discussão.
Então Samantha deu espaço a ele,
embora odiasse a distância que Clay
estabeleceu entre eles. Depois que o bar
fechou e ela e os outros funcionários
terminaram a limpeza, Samantha
percebeu que Clay estava no escritório
— com a porta fechada —, o que era
equivalente a um aviso bem nítido para
ficar longe. Tara confirmou que tinha
ouvido Clay e Levi discutindo, e embora
Samantha quisesse que Clay soubesse
que poderia conversar com ela se
precisasse de um ouvido atento e sem
críticas, ela instintivamente sabia que
ele não era o tipo de homem que
conversa sobre assuntos pessoais ou que
debate os sentimentos com uma mulher.
Não, ele era controlado e estava
sempre de guarda alta, emocional e
fisicamente. Estava sempre disponível
para as outras pessoas e para os
funcionários, ouvindo e se preocupando
com seus problemas, mas no pouco
tempo em que Samantha o conheceu,
ficou evidente que Clay não se sentia
confortável quando se tratava de se
abrir, especialmente com ela.
Era incrivelmente frustrante,
considerando que ela queria saber muito
mais sobre Clay Kincaid. Ele tinha
contado a Samantha pequenos pedaços
de seu passado, apenas o suficiente para
ela saber que sua infância não tinha sido
ideal. Infelizmente, Clay era excelente
em desviar de qualquer tentativa dela de
ir um pouco mais fundo e descobrir
quais experiências o moldaram no
homem que ele é hoje — alguém
generoso, confiável e decente, mas
emocionalmente bem fechado.
Na noite anterior, ela subiu e tomou
um banho, com a intenção de esperar até
que Clay finalmente voltasse para o
apartamento. Mas quando seu corpo
cansado afundou no colchão macio e a
cabeça bateu no travesseiro, ela apagou.
E quando se levantou de manhã, Clay já
tinha ido embora.
Parecia que eles estavam de volta à
estaca zero, e Samantha se recusou a
deixar Clay diminuir a conexão depois
de finalmente fazer progressos com ele
naquele fim de tarde.
Ela tinha acabado de secar o último
prato quando alguém bateu na porta que
dava para o estacionamento lateral, onde
eram feitas as entregas no bar e onde os
funcionários estacionavam seus
veículos. Samantha percebeu que seja lá
quem estivesse lá, a pessoa queria falar
com Clay, mas como ele não estava por
perto, se dirigiu para a porta.
Ela olhou pelo olho mágico e viu
Katrina parada do outro lado. Samantha
destrancou e abriu a porta, feliz por ver
alguém que já considerava uma amiga.
— Ei, o que você está fazendo aqui?
— Samantha perguntou curiosamente, o
olhar observando a roupa da outra
mulher. Ela teve um momento de inveja
quando notou como Katrina ficava bem
usando um top de camurça marrom-
escuro que se fechava na frente, a
tornando durona e sexy ao mesmo
tempo. A modelagem apertada destacava
os seios, que ficavam incríveis. Ela
usava uma minissaia combinando com
botas de cano baixo de camurça bege e
um salto de bom tamanho.
— Eu tenho uma entrega para você —
Katrina disse, abrindo um sorriso.
— Para mim? — Samantha riu, agora
ainda mais confusa. — Não me lembro
de ter pedido nada.
— Você, não. Mas Clay, sim. —
Katrina balançou a cabeça e acenou com
a mão no ar, fazendo com que aquelas
borboletas coloridas em seu braço
parecessem estar voando. — Ou melhor,
Clay me disse o que ele queria fazer, e
eu fiz o pedido, porque não tinha como
ele fazer isso sozinho — disse ela,
parecendo muito satisfeita consigo
mesma.
Samantha não tinha a menor ideia do
que Katrina estava falando, mas estava
definitivamente intrigada. Ela seguiu
como o olhar para onde a outra mulher
apontava, até o estacionamento, e viu
dois homens jovens e musculosos ao
lado de um pequeno caminhão de
entrega sem marca, a esperando.
— Tragam tudo aqui para cima,
meninos! — Katrina gritou.
Nos quinze minutos seguintes,
Samantha ficou na sala de estar com
Katrina enquanto os caras traziam caixa
após caixa, além de algumas sacolas
grandes da Williams-Sonoma — uma
loja sofisticada que vendia
equipamentos de cozinha e
eletrodomésticos, assadeiras
profissionais e itens especiais da melhor
qualidade. Ela estava tão atordoada que
ficou sem palavras. Quando um dos
homens carregou uma grande caixa com
a imagem de uma batedeira industrial na
lateral, o queixo de Samantha quase caiu
no chão ao compreender do que se
tratava.
— Ai, meu Deus — ela respirou,
chocada e exultante com o que Clay
tinha feito. Ele pegou o sonho dela de
ser uma confeiteira e estava ajudando a
torná-lo realidade.
— Ele comprou tudo isso para que eu
pudesse fazer minhas receitas, não é? —
ela perguntou, incrédula.
— Sim — Katrina confirmou. — Eu
não tinha certeza do que exatamente
você precisaria, então pedi a um
consultor da loja para juntar tudo o que
um novo confeiteiro precisaria ter em
sua cozinha, incluindo todos os
ingredientes que você possa precisar
para cozinhar — disse ela, parecendo
tão animada quanto Samantha. — Você
provavelmente vai estar bem equipada,
já que praticamente trouxe tudo do
corredor com itens para bolo da loja.
Quando os entregadores
descarregaram tudo, a cozinha inteira
ficou cheia de sacolas e caixas, e
Samantha não pôde deixar de se sentir
arrebatada em uma infinidade de níveis.
— É muita coisa. — Ela pressionou
as mãos nas bochechas quentes enquanto
pensava em quanto Clay havia gastado
com ela. Uma onda de culpa não
demorou a chegar. — Tudo isso deve ter
custado a ele uma pequena fortuna.
— Meh — disse Katrina com um
encolher de ombros, como se dinheiro
não fosse um problema. — Clay não
hesitou quando eu disse a ele o total das
compras.
Ele realmente não poupou nenhuma
despesa em suas aspirações, e mesmo
sem palavras, ele estava dizendo que
acreditava nela, em contraste com os
pais, que nunca acreditaram nem
acreditariam. Clay não tinha ideia do
quanto sua generosidade significava
para Samantha, ou o quanto a confiança
em suas habilidades aumentou sua
própria determinação de tornar seus
sonhos realidade. Ela não queria se
decepcionar; o mais importante, ela não
queria decepcioná-lo.
Um nó emocional se formou em sua
garganta e as lágrimas arderam no fundo
de seus olhos. Durante toda a vida, ela
recebeu presentes ridiculamente caros
— joias opulentas, carros e viagens
extravagantes, roupas e acessórios de
grife luxuosa —, mas nunca tinha
recebido um presente que fosse tão
pessoal e sincero. Tão atencioso e
significativo. Mesmo com os pais
sabendo o quanto ela gostava de
cozinhar e o quanto queria ser
confeiteira, nenhuma vez eles a
encorajaram, muito menos lhe deram
algo em reconhecimento da sua paixão.
Naquele momento, Samantha sentiu
aquela primeira vibração em seu
coração, que lhe disse que estava a
caminho de se apaixonar por Clay
Kincaid. Ela deveria dar a si mesma um
sermão severo sobre essa coisa com
Clay ser apenas um caso, um aviso
sobre como proteger seu coração, caso
contrário poderia se machucar. Mas
enquanto olhava para a abundância de
itens na cozinha do apartamento de Clay,
que foi totalmente abastecida, Samantha
não conseguia encontrar as palavras ou a
vontade de ignorar os sentimentos que
cresciam dentro dela. Samantha não
queria mais ignorá-los, percebeu.
Ela olhou para Katrina, que estava
observando sua reação.
— Eu preciso agradecer.
Antes que ela pudesse descer para o
bar, Katrina colocou a mão em seu
braço.
— É o seguinte. Que tal começar a
mexer nas sacolas e caixas para arrumar
tudo e ver o que tem aí, enquanto eu vou
buscar o Clay?!
Como uma criança no Natal,
Samantha não podia negar que estava
morrendo de vontade de ver cada caixa.
— Ok — disse ela, e a primeira coisa
que fez foi desempacotar a bela
batedeira industrial em sua cor favorita,
rosa-choque.

Katrina encontrou Clay no depósito,


onde ele estava ocupado verificando o
estoque de bebidas. Com uma sensação
de ansiedade no estômago, ele a
observou se aproximar, os travessos
olhos verdes brilhando como
esmeraldas.
Clay sabia por que Katrina estava ali.
Ela havia mandado uma mensagem para
ele quase meia hora antes para avisá-lo
que havia chegado o caminhão de
entrega e que iam começar a descarregar
as coisas. Considerando que tinha sido
ideia dele comprar todos os
equipamentos para que Samantha
pudesse fazer seus doces, Clay sabia
que Katrina esperava que ele estivesse
lá quando tudo chegasse.
Ele tinha pensado seriamente no
assunto, mas se sentiu um pouco
estranho esta manhã depois da conversa
da noite anterior com Levi. Ok, estranho
foi um eufemismo. Ele estava mal-
humorado, e com raiva, e nada feliz pelo
irmão o ter cutucado e trazido à tona
emoções que trabalhou duro para manter
enterradas. Levi o irritou, e seu mau
humor era a última coisa que queria
despejar em Samantha — ou ter de
explicar.
Então, quando acordou esta manhã
ainda se sentindo no limite, decidiu ir
para a academia para um treino pesado,
o que ajudou a queimar um pouco de
energia. Clay havia tomado banho e se
trocado na própria academia e, quando
voltou ao bar, a irritação com o irmão
havia diminuído, mas então percebeu
que de repente estava inseguro quanto a
sua decisão impulsiva de comprar o que
equivalia a uma confeitaria para
Samantha. Ele estava preocupado com a
reação dela aos presentes. E se ela
achasse que era estúpido? E se ela não
apreciasse que ele se intrometesse em
seus negócios? E se ela entendesse o
gesto como algo além do que realmente
era, especialmente depois da tarde de
ontem?
E quando diabos Clay ficou tão
preocupado em fazer uma mulher feliz?
Katrina cruzou os braços sobre o peito e
o encarou com um olhar perspicaz.
— Eu mandei uma mensagem para
você meia hora atrás. Eu esperava que
você subisse e visse o que seus milhares
de dólares compraram para Samantha.
Ele deu de ombros casualmente e
colocou sua prancheta em uma
prateleira.
— Eu me distraí com o inventário.
Katrina teve a sensibilidade de não
contestar a óbvia mentira. Em vez disso,
sorriu e disse:
— Devo dizer que você certamente
sabe o caminho para o coração desta
mulher.
— Ela gostou de tudo? — ele
perguntou, tentando muito não soar como
um adolescente apaixonado que queria
impressionar a garota por quem tem uma
paixonite. Jesus, Clay era tão patético.
Katrina revirou os olhos e mudou de
posição nos saltos ridiculamente altos.
— Você está brincando, né? Acho que
nunca vi uma mulher tão emocionada por
ganhar eletrodomésticos de presente de
um homem. A maioria de nós, garotas,
prefere diamantes ou um par de
Louboutins, mas estou começando a
perceber que Samantha é única.
Aliviado pela confiança de Katrina,
Clay riu, e o som finalmente liberou a
tensão que ele carregava desde a visita
do irmão. Sim, ela era única,
considerando a vida confortável, rica e
sem graça da qual se afastou, e essa era
uma das coisas que Clay achava mais
atraentes nela. Samantha era tão
despretensiosa, tão graciosa. Tão única.
— Eu me diverti surpreendendo
Samantha, mas preciso voltar para a loja
antes que seu irmão comece a explodir
meu celular de mensagens de texto
exigindo saber onde estou — disse
Katrina com um suspiro de desânimo. —
Eu não contei a ele que estava fazendo
um favor para você.
— Não? — Clay perguntou, surpreso.
— Por que não?
Seu queixo se projetou teimosamente.
— Porque não é da porra da conta
dele, e estou cansada de estar à
disposição.
A atitude desafiadora de Katrina fez
Clay reprimir um sorriso. Como gerente
da Inked, Katrina vinha aguentando as
babaquices de Mason há alguns anos,
mas parecia estar finalmente farta de
Mason tirar vantagem dela e de sua
amizade. Ele tinha a sensação de que o
irmão não tinha ideia de que havia uma
tempestade se formando e indo em sua
direção.
Não querendo entrar no meio da
confusão, Clay mudou de assunto.
— Obrigado por tudo — disse,
sinceramente grato pela ajuda, já que
não sabia nada sobre confeitaria. — Eu
não teria feito nada disso sem sua ajuda.
— Foi um prazer. Eu vou nessa, mas
Samantha está esperando por você lá em
cima, então vá e aproveite a alegria
dela. — Katrina caminhou em direção à
porta do estoque, mas se virou antes de
sair e mirou Clay. — E só para constar,
eu realmente gosto dela. Bastante.
— Eu também — ele respondeu
automaticamente. Até demais.
Depois que Katrina foi embora, Clay
subiu até o apartamento e entrou
silenciosamente. Samantha estava na
cozinha, e havia tanta coisa nas
bancadas, que sua cabeça ficou confusa.
Naquele momento, ela estava testando
uma batedeira de uma cor rosa berrante
que combinava com sua personalidade.
Ela a ligou, e quando um zumbido
eletrônico encheu o espaço, Samantha
saltou na ponta dos pés descalços com
entusiasmo e soltou uma risada que o fez
sorrir.
Clay ficou um momento apenas a
observando enquanto ela fazia “oh” e
“ah” para diferentes assadeiras e
eletrodomésticos que pareciam
impressioná-la. O cabelo estava preso
em um rabo de cavalo, e Samantha usava
uma blusa branca e um short jeans
desbotado que moldava a bunda perfeita
que ele teve o prazer de acariciar na
tarde anterior enquanto a comia por trás.
A memória quente fez o pau se contorcer
— nenhuma novidade aí —, de modo
que Clay redirecionou os pensamentos
pecaminosos antes que aumentassem
ainda mais o tesão. Por mais que
desejasse Samantha, este momento era
dela, e não do seu pênis indisciplinado.
Clay se encostou na parede próxima,
enfiou os dedos nos bolsos do jeans e
pigarreou.
— Todos os itens estão aprovados?
— ele perguntou.
Samantha se virou, os olhos
arregalados de alegria. A gratidão
indisfarçável era como um raio de sol
quente na alma, e a felicidade gravada
em suas belas feições fez cada centavo
que Clay gastou valer a pena apenas
para ver a reação encantada. Quando
Samantha olhou para ele como se ele
tivesse lhe dado a lua e as estrelas, Clay
quis dar a mais a ela. Droga, Clay
queria dar tudo a Samantha.
— Não posso acreditar que você fez
tudo isso — disse ela, a voz cheia de
admiração e apreciação.
Clay encolheu os ombros, tentando
permanecer indiferente.
— Se você quer ser uma confeiteira,
precisa cozinhar. Só forneci a você os
meios para que isso aconteça. — Mas os
dois sabiam que o gesto era muito mais
do que isso.
Samantha diminuiu a distância entre
eles, parando tão perto, que Clay podia
ver o afeto que ela sentia por ele em
seus olhos, junto com uma ternura que
quase o matou. Ninguém nunca tinha
olhado para ele dessa forma antes.
— Obrigada, Clay — Samantha disse,
a voz rouca com uma emoção que fez o
coração bater forte e rápido em seu
peito. — Eu nem sei te dizer o quanto
isso significa para mim.
Ela colocou os braços em volta do
pescoço dele e o abraçou, e algo dentro
de Clay se abriu e moveu. Quando
criança, ele cresceu sem afeto físico,
nunca foi abraçado pela própria mãe.
Como um adulto, não era de ficar de
conchinha com mulheres e evitava
qualquer tipo de abraço prolongado,
porque parecia estranho. Mas isso… A
sensação do corpo de Samantha
pressionado contra ele era muito íntimo,
a conexão entre eles muito honesta e
real…
E Clay gostou. E não tinha nada a ver
com sexo. Forçando seu corpo rígido a
relaxar, Clay timidamente circulou os
braços em volta da cintura dela,
puxando-a para mais perto e segurando-
a com força. Samantha era macia e
quente; Clay fechou os olhos, inalando o
aroma dela e saboreando o momento,
que era uma novidade para ele.
Samantha se afastou, e ele
relutantemente a soltou, embora ela só
tenha dado um passo para trás. As mãos
deslizaram até o peito dele, e ela as
manteve lá, o rosto voltado para Clay.
— Eu vou te pagar de volta por tudo
— prometeu, de repente muito séria. —
Cada centavo. Eu juro.
— É um presente, Cupcake — disse
ele, e cedeu ao desejo de correr as
costas dos dedos ao longo da pele lisa e
macia da bochecha dela. — Você não
paga por um presente.
— Eu não posso simplesmente aceitar
tudo isso. — Ela balançou a cabeça. —
O dinheiro…
— Não é um problema — disse ele,
interrompendo-a. E realmente não era,
mas Clay podia ver as dúvidas nos
olhos dela, então tentou uma tática
diferente. — Vamos fazer o seguinte, que
tal você me retribuir fazendo sua
sobremesa favorita?
Os olhos de Samantha brilharam com
a sugestão, a emoção de volta ao seu
rosto.
— Minha sobremesa favorita não é
nada chique ou extravagante — ela o
avisou. — Tem certeza de que não quer
que eu faça algo mais sofisticado, como
um profiterole de chocolate ou um
éclair?
Ele riu.
— Eu pareço um cara que come
éclairs depois do jantar ou qualquer
outra coisa parecida? Eu quero a sua
sobremesa favorita.
— Tudo bem — ela concordou,
saltando mais uma vez, como se ela mal
pudesse conter o entusiasmo. — Você
vai ficar aqui e me fazer companhia?
Clay não podia recusar. Não queria
recusar de qualquer maneira.
— Claro.
Ele se sentou em uma das cadeiras da
mesa de jantar, de frente para a cozinha,
contente em assistir Samantha em seu
estilo mais cru. Agora que ele tinha
dado a ela algo específico para fazer,
Samantha estava focada em criar. Ela
vasculhou as sacolas, retirando mais
itens do que precisava e colocando-os
no balcão; em seguida, foi até a
geladeira para pegar um limão. Essa foi
a única dica que ele teve a respeito do
que ela estava fazendo. De costas para
ele, Clay não conseguia ver o que
Samantha estava misturando, aquilo tudo
que ela estava fazendo sem receita e
completamente de cabeça.
Quinze minutos depois, ele teve um
vislumbre de uma bandeja indo para o
forno, mas Samantha continuou se
movendo pela cozinha, vasculhando os
sacos de supermercado em busca de
outros itens, enquanto mantinha a
batedeira rosa ligada e misturando os
ingredientes. Ela estava tão concentrada
em seu trabalho, que ele não a
incomodou tentando conversar. Foi o
suficiente para ver o quanto Samantha
adorava cozinhar, e Clay não queria
interromper a concentração.
Xena saiu vagarosamente do quarto e
pulou em seu colo, e ele voltou sua
atenção para a gata, que estava se
esfregando em seu peito e exigindo a
justa cota de atenção. Ele passou a mão
ao longo do corpo da gata, que começou
a ronronar. Clay continuou a acariciá-la
até que ela se satisfizesse e saltasse de
volta para fuçar a comida em sua tigela.
Em pouco tempo, Samantha tirou a
bandeja do forno, e o cheiro de algo
doce e cítrico se espalhou pelo ar.
Samantha bloqueou deliberadamente a
visão de Clay de tudo o que ela estava
fazendo, então ele pegou o telefone
celular e verificou se não tinha nenhuma
ligação ou mensagem importante. Clay
respondeu a alguns e-mails e jogou
algumas partidas de Tetris, sem perceber
quanto tempo havia matado até que
Samantha finalmente falou.
— Ok, aqui está. Minha sobremesa
favorita.
Ele fechou o jogo e olhou para cima,
enquanto Samantha caminhava em sua
direção segurando um prato. Ele não
pôde deixar de sorrir quando finalmente
teve um vislumbre do que ela estava
criando.
— Um cupcake? — ele perguntou
incrédulo, a ironia disso não passou
despercebida.
— Não é um cupcake qualquer — ela
assegurou com um pouco de atrevimento
quando parou ao lado de sua cadeira.
Samantha abaixou o prato para que ele
pudesse olhar para a guloseima de
aparência muito chique. — Este aqui é
um cupcake de limão recheado com uma
incrível coalhada de limão e cobertura
de creme amanteigado de limão por
cima. Posso garantir que esta é a melhor
coisa que você colocará na boca.
Clay balançou a cabeça, dando uma
risada perversa enquanto olhava para
ela.
— Talvez a segunda, terceira ou
quarta melhor coisa — ele corrigiu
enquanto deslizava os dedos por dentro
da coxa de Samantha. — Mas
definitivamente não é a melhor coisa que
já provei ou coloquei na boca — disse
ele, pressionando as pontas dos dedos
contra a costura do short, a insinuação
clara.
Samantha respirou fundo, mas não fez
nada para impedir a pressão e a fricção
dos dedos dele esfregando devagar e
com firmeza o meio das suas pernas.
— Você é tão malvado — disse ela, a
voz rouca combinando com o desejo que
brilhava em seus olhos azuis.
— Eu posso ser ainda mais travesso
— Clay assegurou a ela, o pau inchando
em resposta ao jogo sexy, assim com os
mamilos dela cutucavam a blusa de
algodão, silenciosamente implorando
para serem lambidos e mordidos. —
Você gostaria que eu lhe dissesse quais
são essas outras coisas que são tão boas
quanto doce?
— Não. — Ela lambeu os lábios, os
olhos semicerrados. — Eu quero que
você coma meu cupcake.
O pequeno sorriso brincalhão nos
cantos de sua boca disse a Clay que ela
havia escolhido as palavras
deliberadamente, em referência ao
apelido que ele dera.
— Eu já provei o melhor cupcake de
todos — garantiu. — Mas se você sentar
no meu colo, vou experimentar este de
limão.
— Obrigada por me satisfazer — ela
brincou, embora os dois soubessem que,
antes que terminassem, ele estaria
provando mais do que a sobremesa.
Ela colocou o prato na mesa, e em
vez de sentar no colo de Clay,
descaradamente montou em seus
quadris, a bunda apoiada nas coxas dele.
Eles estavam sentados cara a cara, o
meio de seu short alinhado com a ereção
rígida, que lutava contra o zíper da calça
jeans. Samantha se moveu sutilmente
contra o pau dolorido, e Clay gemeu,
uma onda quente de desejo passando por
ele.
Clay agarrou os quadris de Samantha
antes que ela pudesse fazer o movimento
novamente.
— É melhor você me alimentar com
um pedaço desse cupcake antes que eu
mude de ideia e coma você — disse ele
rispidamente.
Samantha estremeceu com a ameaça
sexy, mas obviamente queria que Clay
experimentasse sua sobremesa, pois
decidiu se comportar. Pegando o garfo
que estava sobre o prato, ela cortou uma
parte do doce para que Clay pudesse
provar tudo de uma vez — o bolo, o
recheio e a cobertura. Assim que o
sabor ácido e doce de limão atingiu as
papilas gustativas, um gemido de
apreciação subiu em sua garganta. De
longe, o cupcake foi a melhor sobremesa
que Clay já comeu, e ele ficou
impressionado com as habilidades de
Samantha na cozinha. A massa em si
estava úmida, o recheio parecia seda de
limão, e a cobertura derretia na boca.
O cupcake no prato, decorado com
um glacê que parecia um delicado
redemoinho de fitas e rendas, tinha uma
aparência tão profissional quanto…
aquele que ele vira pela vitrine da
padaria quando era menino. A memória
de muito tempo atrás surgiu em sua
cabeça.
— Quando eu era criança… — Ele
piscou, ouvindo sua voz e percebendo o
que estava prestes a revelar. Clay parou,
interrompendo as palavras e a memória.
Samantha inclinou a cabeça, olhando
para ele com curiosidade.
— Quando você era criança o quê?
— perguntou.
Ele balançou a cabeça.
— Nada.
— Era obviamente algo — ela
persistiu. — O que aconteceu quando
você era criança? Você não tinha
permissão para comer cupcakes? — ela
perguntou, o olhar preso ao dele se o
mantivesse refém.
Foi um bom palpite com base no que
ela sabia sobre a infância dele, o que
não era muito. Mas obviamente o
suficiente para ela chegar a essa
conclusão. Ele pensou seriamente em
desviar do assunto, mas o olhar suave e
compassivo nos olhos de Samantha o
compeliu a compartilhar algo que
preferia nem mesmo pensar.
— Quando eu era criança, por muito
tempo eu não sabia o que eram cupcakes
— disse ele, não surpreso ao ver os
olhos dela se arregalarem em choque.
— Como… como é possível? —
Samantha franziu a testa em descrença.
Clay exalou uma respiração profunda
e terminou o que havia começado.
— Meus irmãos e eu nunca fizemos
uma festa de aniversário, e a escola que
frequentei não permitia que levássemos
comida, nem mesmo em ocasiões
especiais. Não tínhamos TV e fazíamos
compras em um banco de alimentos
local que fornecia apenas o básico.
Foi o vislumbre mais profundo que
ele deu a alguém sobre seu passado, e
porque era Samantha, foi bom
compartilhar algo tão difícil, mas
doloroso ao mesmo tempo.
— Ah, Clay… — Ela colocou as
mãos suavemente em seu rosto. A mesma
ternura em seu olhar que ele tinha visto
antes estava de volta, desta vez
misturada com compaixão, e isso o
atingiu e trouxe à tona as emoções que
Clay normalmente mantinha bloqueadas.
Ele engoliu em seco e se forçou a
continuar.
— A primeira vez que vi um cupcake
foi quando estava voltando da escola
para casa. Eu tinha cerca de sete anos e
passei por uma padaria sofisticada na
cidade. Olhei pela janela e vi uns
bolinhos que pareciam tão bons, que não
conseguia parar de olhar. Eu estava com
muita fome e queria muito um, mas
assim que a mulher dentro da loja me
viu do lado de fora, saiu e literalmente
me expulsou.
Um flash de tristeza seguido de raiva
brilhou em seus olhos.
— Por que ela faria isso com um
menino?
Ele sabia exatamente o motivo, e
como já havia chegado até aquele ponto,
respondeu à pergunta com honestidade.
— Porque as pessoas na cidade me
conheciam como um mendigo. O filho
bastardo de uma prostituta viciada em
crack. E ter uma criança pobre e suja
parada do lado de fora da loja não era
bom para os negócios.
Samantha deu a ele um olhar de
coração partido enquanto seus polegares
acariciavam a mandíbula de Clay, o
toque gentil e estranhamente
reconfortante.
— Eu sinto muito — ela sussurrou.
Ele encolheu os ombros, fingindo que
não era mais tão importante.
— Foi há muito tempo.
Samantha claramente queria dizer
algo, mas em vez disso sorriu
maliciosamente para Clay, e ele ficou
grato por ela ter deixado o assunto
passar.
— Eu farei para você quantos
cupcakes quiser — ela disse, e o
coração dele derreteu um pouco com a
promessa sincera. — Quando você
quiser. — E o clima sério que se
instalou entre eles se dissipou em um
instante.
Clay riu, apreciando o comentário
despreocupado, e deixou as memórias
irem embora, dando lugar aos prazeres
mais decadentes e iminentes.
— Você é o único cupcake que eu
preciso — Clay disse a ela enquanto
prontamente tirava sua blusa e
desabotoava o sutiã, o deixando cair no
chão e expondo os lindos seios para seu
olhar, mãos e boca. — Mas eu acho que
você precisa de um pouco de cobertura.
Sua pequena ousada assentiu
ansiosamente.
— Sim, eu também acho — Samantha
concordou enquanto se mexia inquieta,
mais uma vez massageando o pau grosso
contra seu sexo.
Sorrindo com quão impaciente
Samantha já estava, Clay mergulhou o
dedo no glacê com sabor de limão e
esfregou uma quantidade generosa em
ambos os mamilos rígidos. Os lábios
dela se separaram em um suspiro, que
então se transformou em um doce
gemido quando Clay tomou os seios
fartos com as mãos e começou a limpar
a bagunça que tinha feito. Ele passou a
língua em cada ponto tenso da carne e
usou os dentes para raspar aqueles
mamilos deliciosamente empinados que
tinham gosto de açúcar misturado com
um toque de extrato de limão. Delícia.
Ele abriu mais a boca, sugando mais o
seio enquanto chupava e lambia o último
pedaço do saboroso doce.
Samantha exalou um gemido suave de
prazer e deslizou os dedos pelo cabelo
de Clay. A cabeça dele caiu para trás,
enquanto a coluna de Samantha se
arqueava mais em direção à boca dele e
descaradamente cavalgava o pênis duro
através do jeans, esfregando-se em um
nevoeiro induzido pela luxúria.
Calor, agudo e exigente, o atingiu.
Jesus Cristo, se Samantha não parasse
com aquela dança erótica, ele iria gozar
no jeans como um adolescente com tesão
e sem autocontrole. Mas foi isso que
Samantha fez com ele. Ela tirou todo o
seu controle, deixando-o selvagem e
desesperado por estar tão
profundamente dentro dela, que
Samantha nunca esqueceria que ela era
dele.
Não importava quão irreal esse
pensamento possessivo era, ele apenas
vinha junto com a necessidade palpitante
e pulsante de Samantha de sentir o corpo
apertar ao redor do pênis e ordenhá-lo
até deixá-lo seco. Até que Clay
percebeu que não tinha preservativo
com ele.
Ele puxou a boca do mamilo inchado
e praguejou um som áspero e frustrado.
— Eu preciso pegar um preservativo.
Merda, isso é que é ser estraga-
prazeres, mas não havia como correr
qualquer tipo de risco com ela.
Samantha lentamente ergueu as
pálpebras, os cílios pesados
sombreando seus olhos; não havia como
confundir o significado do sorriso
sedutor em seus lábios rosados.
— Na verdade, eu tenho um no bolso
da frente do meu short.
Clay piscou para ela, surpreso com o
anúncio inesperado.
— Você tem?
Ela deu uma risadinha, um som
adoravelmente brincalhão e travesso,
quando puxou uma embalagem
metalizada e entregou a ele.
— Encontrei uma caixa de
preservativos na gaveta do seu banheiro
e queria estar preparada para quando
isso acontecesse de novo.
Clay estava grato e aliviado por
Samantha ter se planejado. O fato de que
ela tinha tanta certeza de que eles fariam
sexo de novo, a ponto de manter uma
camisinha com ela o tempo todo, para
que não fosse um problema, o deixou
mais ereto do que já estava.
Ele a guiou para fora de seu colo,
para que Samantha ficasse na frente
dele. Olhando para ela, Clay desabotoou
o short, abriu o zíper e deixou a peça
cair no chão.
— Você é uma garota muito safada —
ele brincou.
— Com você, eu sou — Samantha
admitiu, e para provar seu ponto, sem
um pingo de modéstia, ela desceu a
calcinha pelas pernas e chutou-a
também, ficando completamente nua
para Clay olhar.
Caramba, ela era linda. O corpo era
muito elegante, mas curvilíneo em todos
os lugares certos. Tão sensual e sexy,
que Clay sabia que nunca se cansaria
dela, não importava quantas vezes a
fodesse.
— Sente-se na mesa — ele ordenou
enquanto puxava a camisa pela cabeça,
em seguida quase rasgou a frente de sua
calça jeans, para poder colocar a
camisinha no pênis e estar pronto para
entrar em Samantha. Para que pudesse
provar sua sobremesa em outro lugar. —
Incline-se para trás e abra as pernas,
Cupcake — exigiu, morrendo de vontade
de prová-la mais uma vez. — Ainda não
estou totalmente satisfeito desse glacê
delicioso.
Ela fez o que Clay pediu, abrindo
bem as coxas e se expondo
completamente para ele. A boceta estava
tão inchada e molhada, que as dobras
brilhantes se separaram para revelar
aquela pérola de carne aninhada no
capuz de seu sexo. Clay passou o olhar
por todo o corpo de Samantha até chegar
ao seu rosto. Ela estava mordendo o
lábio inferior, e o rubor que varreu suas
bochechas não tinha nada a ver com uma
mulher tímida. Não, o tom rosado e o
subir e descer de seus seios eram fruto
de pura ansiedade.
Clay não a decepcionaria. Ele passou
o polegar pela cobertura, em seguida
espalhou o creme em seu clitóris e na
fenda, para que tivesse todas as
desculpas do mundo para deslizar a
língua em cada lugar até limpar tudo.
Quando alcançou a parte mais úmida de
Samantha, os quadris dela sacudiram
contra sua mão, e a respiração ficou
presa na garganta. Implacável, Clay
enfiou dois dedos grossos e usou o
polegar para deslizar pelo clitóris
pegajoso mais uma vez.
— Clay… — A voz estava rouca de
necessidade crescente e ardente.
Ele entendeu aquela fome, porque ela
também estava pulsando em suas veias e
correndo direto para seu pênis.
Terminada a espera, finalizada a
provocação, ele se abaixou e enterrou a
boca entre as coxas de Samantha,
devorando seu cupcake. A língua girava
e lambia todos os vestígios de glacê
enquanto Clay bombeava os dedos para
dentro e para fora. Enquanto chupava o
clitóris sensível, ela gritou e agarrou um
punhado de seu cabelo — não para
puxar a boca para mais perto, mas para
afastar sua cabeça.
Clay olhou para ela, sem saber por
que Samantha o parou quando ele sabia
que ela estava a algumas lambidas bem
localizadas de um orgasmo.
— Eu preciso de você dentro de mim,
Clay — disse com voz rouca. — Agora.
Por favor.
A paixão exigente em seu olhar — em
suas palavras — alimentou sua própria
luxúria, e de repente Clay mal podia
esperar para colocar até as bolas dentro
dela. Ele empurrou a calça jeans um
pouco mais para baixo, até as coxas,
para que ficasse fora do caminho e ao
mesmo tempo não tivesse de perder
tempo para tirá-la.
— Saia da mesa e vire-se. — A
ordem saiu mais intensa do que havia
planejado, Samantha tinha uma maneira
de trazer à tona o lado agressivo e
dominante de Clay.
Ela balançou a cabeça e permaneceu
onde estava, na mesma posição de antes.
— Não.
— Não? — Ele não sabia se ria da
imprudência ou se a virava para que
pudesse bater em sua bunda por ser
desobediente.
— Não — ela reiterou, em seguida o
surpreendeu com seu pedido descarado.
— Eu quero que você me faça gozar
assim. Desta vez, eu quero ver você…
— Me ver fazer o quê? — Clay
perguntou, querendo ouvi-la dizer
aquelas palavras obscenas.
Ela lambeu o lábio inferior e deu a
ele o que estava esperando.
— Eu quero ver você me foder —
Samantha disse, a voz suave como uma
carícia em seu pênis dolorido. — E eu
quero te ver quando você gozar.
Jesus, Clay pensou, não podia negar
que desejava olhar para aqueles olhos
azuis sensuais enquanto Samantha
chegava ao clímax também. Ele alinhou
a ponta de seu membro contra a entrada
lisa e em seguida agarrou os quadris de
Samantha para mantê-la firme no lugar
enquanto investia contra a boceta mais
suave, quente e viciante que ele já teve.
Clay podia sentir o corpo de Samantha
apertando cada centímetro dele enquanto
penetrava mais, e mais fundo. Ah, porra,
tão profundo, que estava total e
completamente perdido nela.
Fisicamente, sim, mas também surgia
a necessidade feroz por esta mulher que
tornava seu prazer intenso a ponto de
estremecer ao tentar não a comer como
um homem possuído.
Samantha estremeceu quando Clay a
preencheu, em seguida passou as pernas
em sua cintura, apoiando-o, quando ele
começou a entrar e sair. Clay se moveu
lentamente para que ambos pudessem
ver o corpo de Samantha engolindo seu
membro grosso, e então Clay saiu até
que apenas a ponta de sua ereção
estivesse dentro dela, para em seguida
entrar mais uma vez.
Clay passou algum tempo apreciando
a imagem sexy dos seus seios fartos e
exuberantes e dos mamilos firmes e
deliciosos — e a forma como eles
saltavam cada vez que ele entrava
novamente em Samantha. Ela ficava
muito gostosa nua, de modo que a
imagem vista daquela posição tornava
tudo ainda mais erótico.
Também era doloroso teste de
autocontrole, que fazia os quadris de
Clay balançarem instintivamente mais
rápido e mais forte contra ela, enquanto
seu orgasmo chegava à superfície. Nesse
ritmo, ele sabia que não iria durar muito,
mas Clay a queria com ele quando
chegasse ao clímax.
— Toque-se — ele disse
rispidamente, incapaz de mover as
mãos. — Já estou muito perto. Goze
para mim.
Samantha não hesitou em colocar os
dedos em seu clitóris, outra imagem
sedutora que enviou uma onda de luxúria
até Clay. Gemendo baixinho, ela
circulou e esfregou o nó tenso, e sua
explosão veio rapidamente.
— Goza, Samantha — rosnou
enquanto mantinha o ritmo
enlouquecedor de suas estocadas e
tentava desesperadamente evitar o calor
escaldante que se acumulava em sua
barriga e enfraquecia sua determinação.
— Agora.
Os olhos estavam vidrados de desejo,
mas permaneceram fixos no rosto de
Clay
— Não até que você goze primeiro —
Samantha disse com voz rouca enquanto
seus dedos delgados continuavam a
acariciar sua carne lisa. — Eu quero ver
você.
Uma risada inacreditável escapou de
Clay diante o desavergonhado desafio.
Ela o estava matando, da melhor
maneira; e se ela queria ver quão
selvagem o deixava, então Clay não iria
se conter, confiando que Samantha não
estivesse muito atrás dele.
Respirando com dificuldade e
apertando a mandíbula, Clay manteve os
olhos fixos nos dela enquanto bombeava
para dentro ritmicamente, mais, e mais
rápido, de novo, e de novo, até que a
fricção quente e apertada envolvendo
seu pênis fosse mais do que ele pudesse
resistir.
Vamos, vamos, vamos, ele sibilou,
não sendo mais capaz de esperar por
Samantha enquanto os músculos do seu
abdômen se tensionavam e seu orgasmo
o rasgava. Um gemido áspero retumbou
em seu peito enquanto investia
incontrolavelmente contra ela, sensação
após sensação o golpeando como uma
marreta.
E justo quando Samantha pensou que
não poderia ficar mais alucinante, seu
corpo estremeceu com um orgasmo, e
suas paredes internas o agarraram de
uma forma insanamente apertada,
ondulando e espremendo até a última
gota de prazer, até Clay não ter mais
nada a oferecer.
Capítulo 11

As duas semanas seguintes se


transformaram em uma rotina de sexo,
sobremesas e trabalho. Mas,
principalmente, sexo e sobremesas,
Samantha pensou com um sorriso no
rosto enquanto arrumava os macaroons
recém-assados em um prato. Ela
passava todos os dias preparando algo
diferente e nunca esteve mais feliz ou
experimentou um sentimento de
pertencimento mais forte do que nesse
momento. Sem dúvida, sabia que isso
era o que desejava fazer com sua vida e
finalmente estava pronta para dar o
próximo passo para realizar esse sonho.
O que também significava grandes
mudanças entre Clay e ela. Ele apenas
não sabia ainda.
Samantha conseguiu pagar de volta as
roupas e produtos de higiene que
comprou nos primeiros dias e passou a
economizar a maior parte do dinheiro da
gorjeta e do pagamento semanal. Depois
de muito pensar, também penhorou o
relógio de diamantes Chopard e o colar
de pérolas Mikimoto que usou na noite
em que entrou no bar; em seguida enviou
o documento de retirada para a mãe, sem
colocar o remetente no envelope. Pelo
menos assim os pais tinham a opção de
recuperar os itens se desejassem. Eles
compraram as joias sem nenhum motivo
especial, a mãe podia pagar e queriam
ter certeza de que Samantha usaria
apenas o melhor que os designers
famosos tinham a oferecer. Não havia
nenhum valor sentimental associado a
nenhuma das peças, algo que a
entristeceu, mas tornou muito mais fácil
trocá-las por dinheiro.
As joias sofisticadas deram a ela
alguns milhares de dólares extras, que
Samantha usou para abrir uma conta
corrente e uma poupança em um banco
próximo. Ela comprou um celular no seu
nome também. Samantha nunca mais
ficaria desamparada por não ter o
próprio dinheiro. Ela não queria mais
depender dos pais para nada além de
seu amor… Algo que não tinha certeza
de que eles estariam dispostos a
oferecer sem restrições. E aquilo era
realmente amor?
Samantha balançou a cabeça, sabendo
que talvez tivesse de aceitar que os pais
não eram capazes de expressar
sentimentos verdadeiros. Algo com que
ela lidaria quando e se chegasse a hora.
Por enquanto, eles a deixariam em paz,
sem dúvida esperando que Samantha
falhasse e voltasse correndo. Já que isso
não aconteceria, ela não podia deixar de
se perguntar que tipo de recepção teria
quando tentasse falar com qualquer um
dos dois novamente.
Tudo o que Samantha queria era ser
ela mesma e ser capaz de fazer suas
próprias escolhas. Ter a liberdade de
buscar as coisas que a faziam feliz.
Casar-se com um homem por quem se
apaixonou, em vez de ser forçada a se
casar com um homem qualquer com o
único propósito de manter a empresa na
família. Ela queria viver em um lugar
que pudesse pagar, em vez da
monstruosidade da mansão que o pai
construiu e a mãe decorou, tudo para
impressionar as outras donas de casa
ridiculamente ricas de River Forest,
Chicago.
Samantha escapou da vida superficial
que vivia. E agora, que tinha boas
economias no banco, era hora de
encontrar um apartamento. Por mais que
gostasse de viver com Clay, ela não
podia contar com sua bondade mais do
que o necessário, não poderia ficar com
ele para sempre. Mesmo que fosse
exatamente isso o que seu coração
desejasse.
Samantha já tinha ultrapassado os
limites, se apaixonou por um homem que
não fez nenhuma promessa a ela. Na
verdade, Clay avisou que não entrava
em relacionamentos ou qualquer outro
tipo de compromisso. Samantha sabia no
que estava se metendo, e por um
momento, no começo, isso não a
incomodou, mas gradualmente foi
percebendo que queria muito mais com
Clay.
Ela também queria acreditar que ele
sentia a mesma coisa. Quando Clay
abaixava a guarda, normalmente durante
o sexo, ela pegava lampejos de
emoções, uma intimidade que dava a ela
esperança de que, talvez, ele a deixasse
entrar e conhecer a parte da sua vida que
mantinha escondida de todas as outras
pessoas. Seu passado sombrio e
tumultuado ainda o assombrava, de
modo que Samantha queria estar lá por
ele, para apoiá-lo enquanto Clay
derrotava seus demônios para poder
viver o maravilhoso futuro que
poderiam ter juntos. Mas até aquele
momento, Clay cortou qualquer tentativa
de Samantha de falar sobre a infância.
Tirando aquela vez em que contou a ela
sobre olhar ansiosamente através da
janela de uma confeitaria — o que quase
partiu seu coração —, Clay manteve
todos os seus segredos e memórias
trancados. Ela imaginava se os irmãos
sabiam o tamanho da dor que Clay
carregava.
Então, até aquele momento, ela
levava as coisas um dia de cada vez.
Então tudo se resumia a entregar sua
última guloseima saborosa para Clay
provar, que era uma de suas partes
favoritas da tarde. Ele faria uma pausa,
independentemente do trabalho que
estivesse fazendo, e enquanto se
entregava ao prazer de alguns doces que
Samantha tivesse feito, eles
conversariam sobre coisas sem
importância e ficariam juntos por um
tempo. Não importava o quanto
Samantha desejasse uma conversa e uma
conexão mais profundas, Clay a
mantinha à distância.
Então, enfim chegara a hora de
Samantha conversar com Clay sobre
seus planos para arrumar um trabalho
que a ajudaria a realizar seus sonhos e o
fato de que era o momento de encontrar
um novo lugar para morar. Ela não podia
negar que estava animada para alcançar
seus sonhos, mas estava igualmente
nervosa sobre como ele reagiria quando
ela mencionasse se mudar. Seu coração
queria que Clay se rebelasse contra a
ideia e pedisse a ela para ficar, mas sua
cabeça a alertou contra ter esperanças.
Este era Clay, o homem que ainda estava
emocionalmente fechado e com toda a
probabilidade de a deixar seguir como
planejado.
Seu estômago agitou-se de
nervosismo quando pegou o prato de
doces e desceu as escadas. Até aquele
momento, ela não tinha repetido a
mesma receita, e quaisquer sobras dos
preparos, ela colocava na sala de
descanso para os funcionários
experimentarem todas as noites. Os
quitutes geralmente acabavam em uma
hora, e todos queriam mais, o que
Samantha considerou um bom sinal para
o futuro.
Normalmente, ela encontrava Clay no
escritório, mas hoje ele estava atrás do
bar. Havia algumas fileiras de copos em
cima do balcão, e ele estava escrevendo
algo em um bloco de notas.
Surpreendeu-a quanto tempo e trabalho
Clay dedicou ao Kincaid’s, mas ela
supôs que para ele amava seu trabalho.
Mais ou menos como Samantha se sentiu
com a ideia de se tornar uma confeiteira.
Ao ouvi-la se aproximar, Clay olhou
para ela e sorriu. E, sim, seu coração
literalmente acelerou no peito. Ele era
muito quente e sexy, a camiseta
esticando sobre o peito largo e o torso
tonificado. Samantha o apreciava melhor
sem camisa e nu, mas por enquanto se
comportaria, sabendo que eles tinham de
conversar primeiro.
— O que você está fazendo atrás do
bar? — ela perguntou curiosamente
enquanto colocava o prato no balcão.
— Fazendo uma verificação rápida
para encomendar copos. Eu faço isso a
cada poucos meses porque eles
quebram, sempre quero ter certeza de
que estamos bem abastecidos. —
Largando o bloco de notas e a caneta,
Clay deu a volta no balcão e olhou os
doces na bandeja. — O que você tem
para mim hoje?
Samantha se acomodou em uma
banqueta e observou Clay pegar um dos
doces e olhar para ele com interesse.
— Este é um macaron francês de
caramelo e flor de sal.
Clay revirou os olhos, o que fazia
sempre que Samantha usava o que ele
considerava um nome chique.
— Em termos leigos, por favor.
Ela balançou a cabeça e sorriu.
— Em palavras que você pode
entender, são dois biscoitos doces à
base de merengue, leves e crocantes, e
com um creme de caramelo batido no
meio.
— Merengue? — Clay repetiu,
levantando uma sobrancelha. — Lá vai
você de novo usando essas palavras
complicadas.
— Só experimente a droga do doce
— disse ela, rindo e apreciando a
brincadeira leve dos dois, algo que
havia se tornado normal.
Sorrindo de volta para Samantha,
Clay deu uma mordida e mastigou, então
gemeu em apreciação. Ela adorava
aquele som — era o mesmo som que ele
fazia quando estava enterrado bem no
fundo dela, uma expressão aberta de
prazer, e isso a deixou feliz por ser
quem fornecia esse tipo de alegria a ele.
— Todos os dias você cozinha algo
novo. E todos os dias eu juro que é
minha sobremesa favorita — disse ele,
divertido. — Mas essa coisa de
macaron é como um pedacinho do céu na
minha boca. — Ele deslizou a mão pela
nuca de Samantha e inclinou a cabeça
dela em direção à dele. — Depois de
você, é claro — murmurou, os olhos
brilhando maliciosamente enquanto
selava seus lábios nos dela e a beijava.
Lentamente. Vagarosamente.
Completamente.
Samantha estremeceu quando a boca
de Clay se moveu sedutoramente, a
língua dele se enredou preguiçosamente
na dela, até que Samantha ficou sem
fôlego e excitada a ponto de querer
arrancar as roupas e transar com Clay
ali mesmo naquele momento.
Mas Samantha tinha ido ao bar com
um propósito e precisava seguir seu
plano. Com uma mão pressionada em
seu peito, ela o empurrou suavemente
para trás e encontrou o olhar escuro e
aquecido que era tão difícil de resistir.
— Preciso conversar com você —
disse com determinação, e não ficou
surpresa quando toda a linguagem
corporal de Clay mudou.
Ele ficou visivelmente tenso e deu um
passo para trás, a palavra “conversar”
obviamente o deixando cauteloso.
— Conversar é algo superestimado
— disse em um tom surpreendentemente
leve. — Você não prefere subir e me
deixar usar a boca para outras coisas?
— perguntou em um tom provocante e
sensual que contradizia o olhar
cauteloso em seus olhos.
— Que tal depois de conversarmos?
— Ela mordeu o lábio inferior, sabendo
que não poderia permitir que ele a
impedisse. — É sobre uma coisa
importante para mim — acrescentou
suavemente.
Essa última parte aparentemente fez
toda a diferença para Clay, porque ele
deu a ela um aceno de cabeça e se
sentou na cadeira ao lado para que
ficassem de frente um para o outro.
— E aí?
— Em primeiro lugar, obrigada por
me deixar usar seu laptop nos últimos
dias — disse ela, querendo facilitar a
conversa.
Clay franziu a testa, obviamente sem
esperar um comentário tão casual.
— Claro. Eu tenho meu desktop no
escritório, então não é um problema.
Mas isso não é algo tão importante.
— Não. — Ela cruzou as mãos no
colo para evitar que mexessem. —
Passei a semana passada pensando
muito e considerando todas as minhas
opções. Como faço para seguir em frente
como confeiteira? Como alguém sem
experiência consegue um emprego? E
onde? E que tipo de ambiente de
trabalho procuro? E percebi que não
quero trabalhar em um restaurante. O
que eu gostaria de fazer é trabalhar para
uma confeitaria tipo francesa.
A decisão não foi algo que ela tomou
rapidamente. Samantha realmente pesou
todas as opções, considerando não
apenas a realidade, mas as emoções
envolvidas. Esta era a primeira vez em
sua vida que Samantha tomava as
próprias decisões, e queria acertar. E
ela gostou da criatividade que
desabrochou ao fazer tortas, pudins e
sobremesas especiais, em vez de assar e
decorar apenas bolos.
— Eu consigo te imaginar fazendo
isso — disse Clay, sorrindo em apoio.
— A maioria das coisas que você fez
nas últimas semanas foram doces
franceses, não é?
Samantha concordou com a cabeça.
— Gostei especialmente daquele que
você fez no outro dia com camadas de
crosta fina e creme de baunilha — disse
ele.
— O mil-folhas — respondeu ela,
sabendo exatamente qual sobremesa ele
se referia.
— Sim, esse — disse com outro
revirar de olhos provocador. — Mason
foi para a sala de descanso naquela
noite, só Deus sabe para que, e comeu
um pouco também. Depois de comer um
pedaço, ele me disse que ia se casar
com você apenas para que pudesse te
manter presa na cozinha não fazendo
nada além de doces e tortas.
Samantha riu alto, porque podia
facilmente ver Mason dizendo algo
ultrajante do tipo. Nas últimas duas
semanas, o irmão do meio de Clay
assumiu a missão de flertar com ela, e
ela tinha certeza de que Mason só fazia
isso para irritar o irmão. Não havia
atração entre os dois, e ela conheceu a
personalidade de Mason bem o
suficiente para saber que ele sentia um
grande prazer em provocar Clay.
— O que você respondeu? —
Samantha perguntou com curiosidade.
— Eu disse a ele que só sobre a porra
do meu cadáver — respondeu sem
esboçar um sorriso.
O tom possessivo na voz de Clay a
fez estremecer por dentro. Isso era outra
coisa que Samantha havia notado
recentemente — que Clay era protetor e
territorial quando se tratava de outros
homens farejando ao seu redor, até
mesmo se tratando do irmão brincalhão.
Clay era todo alfa quando se tratava
dela, e Samantha gostava disso.
Bastante.
Era irônico que ela estivesse tão
desesperada para se libertar do controle
dos pais e se tornar independente, mas
não se importasse quando Clay exercia
sua autoridade e possessividade sobre
ela. Isso a fez se sentir quente e
sentimental por dentro… desejada… E
de uma forma estranha, amada. Samantha
balançou a cabeça e limpou esse
pensamento da mente. Ela gostava do
controle de Clay no quarto, e ele gostava
de exercê-lo. Fim da história, para ele,
de qualquer forma.
— Então, sobre a confeitaria francesa
— ela continuou, trazendo a conversa de
volta aos trilhos. — Entrei em contato
com alguém que minha mãe contratou
algumas vezes para fazer doces e
sobremesas para várias festas da casa.
O nome dela é Adeline, e ela é
proprietária de uma confeitaria e uma
empresa de catering no centro de
Chicago. Fiz algumas pesquisas sobre o
negócio e li resenhas sobre a confeitaria
e o serviço de bufê, todas com
avaliações de quase cinco estrelas. Ela
tem uma reputação fenomenal, então
tomei coragem e liguei para ela.
O mais leve dos franzidos surgiu
entre as sobrancelhas de Clay enquanto
ele descansava o antebraço no balcão do
bar.
— Não tinha ideia de que você estava
procurando um novo emprego. — Ele
parecia surpreso, mas seja lá o que
estivesse sentindo, escondeu bem.
— Eu realmente não queria dizer
nada até saber se seria algo concreto.
Poderia não dar em nada. De qualquer
forma, quando liguei, Adeline se
lembrou de mim — ela reconheceu o
nome Jamieson primeiro — e quer me
entrevistar na próxima semana para o
cargo de confeiteira.
— Isso é ótimo — disse Clay e
sorriu, a felicidade genuína por
Samantha brilhando em seu olhar. — É
exatamente o que você quer, embora eu
deva admitir, odiarei perder uma
garçonete tão boa — disse com uma
piscadela.
Ainda assim, Samantha poderia dizer
que ele estava satisfeito por ela estar
seguindo seus sonhos.
— Há mais uma coisa que preciso te
contar. — Torcendo as mãos no colo, de
repente ela percebeu quão difícil não
seria essa segunda parte da conversa.
Quase tão difícil quanto realmente
seguir suas palavras.
Samantha engoliu em seco e empurrou
as palavras pela garganta.
— Vou começar a procurar um lugar
para morar. Aproveitei a sua
generosidade por mais tempo do que
deveria, e embora você tenha sido
ótimo, já passou da hora.
Um momento de choque passou por
suas feições, dando a Samantha
esperança de que Clay fosse contrário a
isso, mas então ele rapidamente mudou a
expressão para uma que ela não
conseguia mais ler.
— Não é um problema ter você lá em
cima — disse, com um tom áspero na
voz. — Mas você está equilibrada
financeiramente para realmente pagar
por um lugar só seu?
Samantha percebeu sua descrença, o
que era compreensível. Ele estava
pensando no pagamento e nas gorjetas, e
embora ela tivesse três semanas de
economias, não era o suficiente para o
depósito de segurança, sem contar o
dinheiro para as despesas.
— Na verdade, sim, agora posso
custear minha casa. — Ela soltou uma
respiração profunda e disse a ele o que
tinha feito. — Penhorei o relógio e o
colar, então tenho mais do que o
suficiente para o aluguel e outras
necessidades, contanto que organize o
orçamento com cuidado. — Orçamento
era um novo conceito para Samantha,
mas ela não se importava se isso fosse
significar ser independente.
Clay olhou para ela, a mão no balcão
fechada em um punho, e ela poderia
dizer que outra rodada de choque tinha
acabado de atingi-lo, e ele estava
tentando processar tudo aquilo.
— Você tem estado muito ocupada —
ele finalmente disse, o tom monótono.
— Eu preciso começar a pensar no
meu futuro — ela disse, a garganta
repentinamente fechada com tanta
emoção. — Não posso ficar aqui para
sempre.
Seus olhares se encontraram, e ela
queria que ele respondesse “sim, você
pode” tanto, que seu coração doeu. E
Samantha ficaria com Clay se ele
pedisse, mas isso nunca tinha sido, e
provavelmente nunca seria, uma opção.
Não com um homem como Clay, que
acreditava que havia sido feito para
ficar sozinho. Um homem o qual o
passado horrível o tornava indigno de
amar e ser amado.
O que não poderia estar mais longe
da verdade. Havia tantas coisas para
amar em Clay. Sua gentileza e a maneira
como cuidava de todos ao seu redor. Ele
era um ser humano decente, generoso e
altruísta. Era um homem que não
hesitaria em matar dragões pela mulher
que fosse sortuda o suficiente para ficar
ao seu lado.
Samantha desejou que ela pudesse ser
essa mulher.
A porta dos fundos do bar se abriu e
fechou, interferindo no momento
emocionante entre eles e encerrando a
conversa.
Clay exalou um suspiro áspero e
passou a mão pelo cabelo.
— Deve ser a entrega de cerveja que
estou esperando — disse ele. E saiu do
banquinho sem olhar para trás e se
dirigiu ao depósito.
Com uma dor terrível no peito,
Samantha observou Clay se afastar, já o
sentindo se distanciar dela. E isso doeu
mais do que tudo.
Clay estava no meio do salão quando
um homem apareceu do corredor dos
fundos; ele definitivamente não estava
vestido como um dos entregadores
uniformizados que Clay esperava. O
estranho entrou no bar, o andar
deliberadamente lento enquanto
examinava a área com grande interesse,
a postura desleixada de uma forma que
fez a pele de Samantha arrepiar. Ele a
lembrava mais um gângster ou um
viciado em drogas procurando a
próxima dose do que um responsável
por entregas ou um motorista de
caminhão.
Clay o avistou e parou abruptamente,
o corpo enrijeceu, os músculos dos
ombros e braços se contraíram, como se
estivesse se preparando para uma luta. A
tensão repentina encheu o bar e chegou
até Samantha, uma onda de medo a
percorreu, embora não soubesse por
quê.
— Bem, bem, bem — o homem com o
cabelo escuro penteado para trás falou
com arrogância inconfundível. — Se não
é Clay Kincaid, todo crescido e dono de
um bar.
— Dê o fora daqui — Clay disse em
um rosnado baixo tão cruel e maldoso,
que Samantha não podia acreditar que
tinha vindo do homem que ela conhecia.
Seu pânico agora se justificava,
Samantha agarrou a beirada do balcão,
os pelos dos braços se arrepiando. Ela
nunca tinha visto ou ouvido esse lado de
Clay antes, e isso a assustava demais.
Samantha não estava com medo dele, ela
estava com medo por ele, pensou,
assistindo a cena se desenrolar na sua
frente.
A luz no corredor iluminou as feições
feias do outro homem, e não havia
absolutamente nada redentor em sua
expressão assustadora e intimidadora. O
cabelo oleoso caía em torno do rosto, o
nariz era torto e uma cicatriz longa e
espessa começava no canto do olho
esquerdo e terminava logo abaixo da
maçã do rosto. E quando ele deu a Clay
um sorriso malicioso, ela pôde ver que
faltavam dentes; os que ainda tinha na
boca eram de cor escura, deteriorando-
se repugnantemente.
O terror manteve Samantha congelada
no assento, as entranhas tremendo de
medo.
O homem assustador passou o dedo
indicador ao longo da cicatriz de
aparência horrível.
— Isso é maneira de cumprimentar
um velho amigo?
— Saia agora! — Clay rugiu, o corpo
inteiro vibrando com a raiva mal
suprimida.
O outro cara tinha bolas de aço,
porque nem mesmo vacilou.
— Não até termos uma conversinha.
Seu olhar decadente deslizou
deliberadamente por Clay e se
concentrou em Samantha. Ele riu
abertamente e lambeu os lábios, e o
estômago da jovem revirou de desgosto.
— Que gostosa você tem aí — o
homem zombou.
Rapidamente, as mãos de Clay
empurraram com bastante força o ombro
do cara, que grunhiu e tropeçou para
trás, quase caindo de bunda. Ele se
controlou bem a tempo e se endireitou.
Clay deu um passo em sua direção, para
causar mais danos, mas o outro homem
sacou um canivete, e Clay parou de
repente.
— Você sempre foi um fodido de um
estúpido — o homem cuspiu ferozmente,
os olhos se estreitaram em fendas. —
Encosta em mim de novo, e não hesito
em te furar todo, assim como deveria ter
feito naqueles anos atrás. E sua puta ali
pode assistir você sangrar.
Samantha prendeu a respiração, as
lágrimas brotando de seus olhos, a
garganta fechada e queimando. Ela
nunca se sentiu tão impotente até
vislumbrar a ideia de algo acontecendo
com Clay.
— Vá lá para cima, Samantha — Clay
ordenou com uma voz chocantemente
firme, embora nunca desviasse os olhos
do homem empunhando a faca na frente
dele.
Sem hesitar, ela pulou do banquinho e
fez o que lhe foi dito, odiando estar
prestes a deixar Clay sozinho com um
homem que era claramente um monstro
instável.
Ela teve de passar pelos dois para
descer o corredor até as escadas e, ao
fazer isso, o cheiro nauseante de odor
corporal, combinado com uísque e mau
hálito, fez seu estômago embrulhar.
Seus olhos se conectaram com os do
homem, o olhar era negro como o
azeviche, como se ele não tivesse alma.
Seu sorriso era cruel.
— Não se preocupe, não vou
esfaquear o Don Juan aqui, a menos que
ele me dê um motivo — ele zombou
quando Samantha passou correndo.
Assim que alcançou a porta que
levava ao apartamento, ela a abriu,
querendo olhar de volta para Clay.
Apesar de as pernas estarem parecendo
gelatina, ela conseguiu subir as escadas
correndo, as lágrimas que estava
segurando agora escorriam, e ela
soluçou enquanto procurava o telefone
na bolsa.
Com alguns toques, ligou para uma
das poucas pessoas que colocou em sua
nova lista de contatos: Katrina.
Ela estava aos prantos quando a outra
mulher atendeu ao telefone, muito
alegre, enquanto Samantha estava
desmoronando.
— Mande Mason vir ao bar
imediatamente. Há um homem aqui que
está ameaçando matar Clay.
Então ela desligou e chamou a
polícia.
Capítulo 12

Com Samantha segura no andar de cima,


Clay ignorou a náusea agitando seu
estômago enquanto olhava para seu pior
pesadelo — o homem que fez da
infância dele e de seus irmãos um
inferno. O vil pedaço de merda que
manteve a mãe dopada com
metanfetamina e a vendeu para qualquer
estranho aleatório por dinheiro e drogas,
até que a mãe foi pega e enviada para a
prisão com uma sentença de dezoito
meses por posse de drogas e
prostituição.
Foi quando o verdadeiro horror
começou para Clay e seus irmãos.
Wyatt Dawson era puro mal. Um
homem sem consciência ou moral, e isso
o transformou em um filho da puta
perigoso. Ele parou no bar para
conversar, o que Clay suspeitava que
pudesse significar duas coisas: extorsão
ou chantagem, porque é assim que
homens corruptos como Wyatt agem.
— Você e eu não temos nada para
conversar, cuzão — Clay disse
amargamente.
— Ah, mas eu acho que temos, sim.
— Wyatt sorriu insolentemente, mas
apesar da bravata que estava projetando,
Clay pegou um traço de desespero em
seu olhar. — Eu preciso de algum
dinheiro. Cinquenta mil, pra ser exato, e
você vai providenciar isso pra mim até
o final da semana.
Clay cuspiu uma risada incrédula.
— Eu não tenho essa porra de
dinheiro — ele mentiu, esperando
desesperadamente que Wyatt não
tivesse, de algum jeito, descoberto sobre
a herança que ele recebeu de Jerry. — E
mesmo se eu tivesse, você seria a última
pessoa na face da Terra para quem eu
daria esse dinheiro, então cai fora.
— Não tão rápido — Wyatt disse,
pacientemente enquanto girava aquele
canivete brilhante e afiado entre os
dedos como uma ameaça. — Você vai
me dar esse dinheiro, a não ser que você
queira que alguma coisa aconteça com
esse bar, ou mais importante ainda, com
aquela coisinha loira e doce de olhos
grandes e inocentes. Ela vale pelo
menos cinquenta mil no mercado negro.
Uma onda cega de raiva ferveu nas
veias de Clay e custou cada grama de
controle que ele tinha no corpo não
passar as mãos no pescoço daquele
babaca e enforcá-lo.
— Eu deveria ter te matado quando
tive chance, caralho — Clay cuspiu num
tom baixo e raivoso.
— Sim, você deveria. Mas não fez, e
aqui estamos nós, tendo uma agradável
pequena reunião familiar. — Wyatt
sorriu. — Cinquenta mil em dinheiro, e
você tem três dias para arrumar isso.
Clay pegou outro vislumbre de
ansiedade no rosto de Wyatt, fazendo-o
acreditar que o outro homem estava
enrolado com algo ou alguém tão mal e
sádico quanto ele próprio.
— Que tal eu apenas deixar a seleção
natural seguir seu caminho? — Clay
incitou, porque ele tinha um palpite
muito bom de que se não arrumasse o
dinheiro, seja lá quem Wyatt estivesse
devendo iria varrê-lo da face da Terra.
E isso não seria justiça divina?
— Não fode comigo — Wyatt cuspiu
como um cão raivoso enquanto tocava a
ponta da lâmina do canivete no peito de
Clay, o olhar selvagem e louco com uma
pontada de pânico. — Se vira, ou você
não vai gostar das consequências.
Entrarei em contato. — Wyatt se virou e
foi embora da mesma maneira que
entrou, pela porta de serviço.
Assim que ele foi embora, Clay andou
até a cadeira mais próxima e desabou
em cima dela. O coração estava com o
ritmo tão errático, que parecia que ia
escapar do peito; ele esfregou a mão
pelo rosto esperando que a onda de
adrenalina passasse.
— Porra — ele murmurou, sentindo
como se seu mundo inteiro tivesse sido
abalado e virado de ponta cabeça.
Na última hora, Clay sofreu um golpe
duplo. Ele ainda estava se recuperando
do anúncio de Samantha e depois
Satanás em pessoa ressurgiu de suas
memórias de infância. Clay
honestamente não sabia qual dos dois
era pior ou mais doloroso. Lidar com
Wyatt e suas demandas ou saber que a
mulher que passou a significar tanto para
ele poderia sair de sua vida.
Depois do confronto com Wyatt, ficou
absurdamente claro porque exatamente
Samantha não pertencia ao seu mundo.
Um mundo manchado pelo ódio e
violência — feio, onde coisas ruins não
deveriam nunca, jamais tocar Samantha
de maneira alguma. E chegaram.
Um profundo e escuro grunhido
escapou de sua garganta. Que bagunça
do caralho, e agora com Samantha sendo
pega no meio da confusão, o passado
horrível se encontra com o presente.
Clay não duvidou por um minuto sequer
de que a ameaça de Wyatt à Samantha
fosse real. O homem era capaz de
crimes hediondos, e o fato de ter
mencionado tráfico humano deu a Clay a
pista que o sujeito provavelmente tinha
se metido nessa também. Clay
resfolegou, enojado e puto por aquele
homem ainda ser capaz de machucar
outras pessoas. Outras mulheres.
Uma delas não seria Samantha. Não
havia a menor possibilidade de deixar
Wyatt tocar em Samantha, muito mais se
aproximar dela novamente. Ele mataria
o cara ou morreria tentando proteger a
mulher que amava.
Seu estômago revirou na barriga
assim que a palavra pulou tão facilmente
na cabeça, tão rápido, tão naturalmente,
que ficou tonto. Clay podia jurar que não
sabia o que era o amor, ainda mais o que
seria amar, e ainda assim entendeu com
toda a certeza que Samantha foi a
primeira mulher, a única mulher que ele
quis em sua vida. E não como uma
diversão temporária.
Merda.
A porta dos fundos foi aberta, e Clay
deu um sobressalto, as mãos
instintivamente se transformando em
punhos para se defender caso fosse
preciso.
— Onde ele tá, porra? — Mason
gritou como um touro raivoso. Ele foi
em direção à área do bar, seguido de
perto por Levi, mais reservado, mas
ainda assim atento, que estava de
uniforme e com a arma em mãos.
O alívio passou por Clay, ele não
estava nem um pouco surpreso que os
irmãos soubessem quem esteve ali
depois que Samantha ligou para os dois
pedindo reforços. Ela o protegeria da
maneira que pudesse. E Clay só podia
agradecer a Deus que ela tivesse
escolhido o caminho mais seguro e
inteligente.
— Wyatt se foi — ele disse,
confirmando a suspeita dos irmãos.
Mason olhou em volta, com uma
expressão feroz.
— Onde está Samantha? — ele
perguntou. — Ela está bem?
Clay acenou, se dando conta de
quanto todos eles passaram a se
importar com ela em tão pouco tempo,
especialmente Mason. Poucas eram as
pessoas às quais o irmão do meio se
tornava protetor, e Samantha era
claramente uma delas.
— Ela estava aqui embaixo quando
Wyatt entrou, e ela viu o melhor que ele
tem a oferecer — ele disse com nojo.
— Babaca do caralho — Mason disse
sobre o homem que os atormentou.
Clay não podia discutir quanto a isso.
— Eu a mandei para cima assim que
pude. — E mais uma vez, Clay
agradecia a Deus que ela o tenha
ouvido. — Estou assumindo que ela
ligou para você.
— Ela ligou para Katrina — Mason
murmurou. — Ela insistiu em vir com a
gente, então eu a mandei para o
apartamento, para que Samantha não
ficasse sozinha.
Sabendo que ela tinha alguém para
conversar, mantê-la calma, Clay pôde
ficar no bar com os irmãos.
— Obrigado.
Levi, ainda em seu humor sério e
meditativo, travou a arma e colocou-a
de volta no coldre na coxa.
— Depois de todos esses anos, o que
raios ele quer?
— Dinheiro. Cinquenta mil para ser
exato — Clay contou aos irmãos. — De
alguma maneira, ele descobriu que eu
sou dono do bar. Ele obviamente precisa
de um fluxo de dinheiro rápido e espera
conseguir isso de mim.
— Filho da puta! — Mason socou a
palma da mão, a raiva vibrando por ele
era quase palpável. — Você deveria tê-
lo matado, Clay. Você sabe que eu teria
ajudado a enterrar o corpo, ou
poderíamos dar aos tubarões.
Clay sabia que Mason não estava
brincando, mas do jeito que o sr.
Policial Certinho cruzou os braços sobre
o peito e olhou para o irmão cabeça-
quente, ficou evidente que matar Wyatt
não era uma opção. Levi era um policial
que seguia as regras. Todas elas.
Mason fungou enquanto olhava para
Levi.
— Você é tão estraga-prazer.
Levi bufou.
— Eu só estou tentando manter um
menino bonito como você fora da prisão
e distante de se tornar a putinha de um
cara qualquer.
Mason respirou fundo e foi em
direção ao bar.
— Eu preciso de uma porra de uma
bebida.
Sabendo que os três tinham muito o
que conversar, Clay sentou a uma das
mesas, e Levi se aproximou, o olhar
preocupado.
— Você está bem? — Levi perguntou.
Clay não podia acreditar que apenas
algumas semanas atrás, Levi e ele
tiveram uma discussão acalorada sobre
Wyatt, e agora o sujeito estava de volta
em suas vidas. Quão irônico era isso?
— Eu vou ficar bem. — Era a melhor
resposta que poderia dar ao irmão
naquele momento, até que eles
descobrissem uma maneira dentro da lei
de resolver a bagunça.
Eles esperaram Mason voltar, e
quando ele o fez, tinha uma garrafa
inteira de um dos melhores bourbons
enfiada embaixo do braço. Carregava
também dois copos e a bebida de Levi
nas mãos. Ele arrumou os copos na
mesa, depois depositou a garrafa e por
fim entregou a Levi seu copo cheio
quase até a borda.
— Eu pensei que você poderia tomar
alguma coisa mais forte do que o
spritzer sem graça — Mason disse num
tom de zombaria. — Suco de laranja,
puro.
— Sempre um comediante, não é? —
Levi levantou o copo e bebeu metade
num longo gole enquanto Mason servia o
Knob Creek Single Barrel Reserve nos
dois copos.
Clay engoliu o bourbon na mesma
hora que Mason, e depois foi direto aos
negócios.
— Tem mais uma coisa que eu
preciso contar a vocês. — Ambos os
irmãos deram sua atenção imediatamente
a Clay. — Wyatt me deu três dias para
arrumar o dinheiro, e ele parecia
desesperado, então estou assumindo que
ele está em algum tipo de problema.
— Sim, bem, ele pode apodrecer no
inferno por mim — Mason disse, já
bebendo a segunda dose de bourbon.
Quando Clay não respondeu na hora,
Mason franziu as sobrancelhas em sua
direção.
— Você não está pensando em dar o
dinheiro a ele, não é? — ele perguntou,
incrédulo.
— Não é minha primeira opção, mas
ele ameaçou Samantha — Clay disse a
eles, o estômago formando um nó
novamente após lembrar as ameaças de
Wyatt. — Ele disse que se não tiver o
dinheiro até o fim da semana,
conseguiria os cinquenta mil com
Samantha no mercado negro.
— Jesus — Mason exalou com
desgosto. — O imbecil agora está
envolvido em tráfico humano?
— Foi isso que ele sugeriu, e nós
sabemos muito bem do que Wyatt é
capaz — Clay respondeu.
Seus irmãos acenaram em
concordância, e Levi continuou a ouvir a
conversa com seu jeito introspectivo e
atento. Clay não tinha dúvidas de que a
mente afiada de Levi estava trabalhando
para descobrir uma maneira de
solucionar o problema de forma legal, e
ele esperava que Levi arrumasse uma
solução bem rápido.
— Resumindo, eu não posso manter
Samantha trancada para sempre no meu
apartamento para protegê-la. E se eu não
der a Wyatt o que ele quer, e alguma
coisa acontecer a Samantha por minha
causa, isso me mataria. — Só o
pensamento de alguém machucando-a fez
com que uma dor afiada atingisse seu
coração.
— Nada vai acontecer a ela — Levi
finalmente falou.
Clay sempre tinha sido o protetor da
família, o cuidador, e pela primeira vez,
ele se viu olhando para Levi à procura
de um conselho, esperando e rezando
para que o irmão mais novo fosse
realmente capaz de achar um jeito de
colocar um fim a essa insanidade.
— O que você tem em mente? —
Clay perguntou.
— Vou jogar o nome dele no sistema
para ver o que aparece — Levi sugeriu.
— Eu tenho certeza de que ele tem uma
ficha criminal com um quilômetro de
comprimento, o que não nos ajuda, mas
pode haver algum mandado expedido
pedindo a prisão. Quando ele aparecer
de novo, nós podemos levá-lo em
custódia e acusá-lo por chantagem e
extorsão também.
— Para que ele possa levar uma
bronca e voltar às ruas em poucas
semanas? — Mason ironizou.
A compreensão passou pelo olhar de
Levi.
— Eu sei que não é o ideal, mas me
dê um dia para ver o que posso fazer,
para então pensarmos em algo a partir
daí.
— Eu gosto muito mais da minha
ideia de alimentar os tubarões com ele
— Mason murmurou, irritado.
Clay concordou que a ideia de Levi
não era a solução permanente que estava
esperando. Cedo ou tarde, Wyatt sairia
da prisão e viria atrás de Clay. Ou pior,
de Samantha.
Ele olhou para Levi.
— Eu não me importo com o que
pode acontecer comigo, mas enquanto
isso estiver rolando, preciso ter certeza
de que Samantha estará segura.
— Considere feito — Levi disse com
um aceno. — Eu vou conseguir uma
escolta para ela o mais rápido possível.
— Obrigado. — Além de se certificar
de que faria tudo ao seu alcance para
proteger Samantha, não havia mais nada
que Clay pudesse fazer. E ele odiava se
sentir tão impotente, quando preferia ser
um homem de ação. A preocupação
torturante com Samantha também era
algo novo. Era algo, ele notou, que
desviava de seu objetivo de evitar
qualquer sentimento. Samantha havia
invadido sua vida, preenchendo seus
dias sombrios e monótonos com cor e
luz. Ela deu a ele algo para esperar
ansiosamente a cada dia. Esperança,
Clay percebeu, era algo novo para ele
também.
Mas, como sempre soube, Samantha
não faria parte da sua vida por muito
tempo. Ela merecia muito mais, algo
muito melhor do que ele poderia dar. E
o aparecimento súbito e as ameaças de
Wyatt não provaram isso de forma
explosiva?
Razão pela qual — uma vez que essa
confusão com Wyatt estivesse terminada
— a coisa mais altruísta que ele poderia
fazer por ela era deixá-la ir.

Samantha se revirou na cama,


mentalmente exausta, mas incapaz de
entrar em um sono profundo. Eram quase
duas da manhã, e embora ela tivesse
adormecido algumas vezes desde que se
deitou, foi acordada por imagens
aterrorizantes do homem que tinha
entrado no bar na tarde anterior.
Pesadelos horríveis com ele
esfaqueando Clay no estômago enquanto
Samantha ficava sentada indefesa,
observando-o morrer.
Depois que Clay a mandou para cima
e ela pediu ajuda, Samantha desceu e
ouviu a conversa da porta. E foi então
que ela escutou as ameaças que o
homem havia feito se não recebesse
cinquenta mil dólares — dinheiro que
Clay insistia que não tinha — nos
próximos dias. Ela foi incluída na
ameaça, mesmo assim não conseguia
pensar sobre isso. Tudo com o que a
preocupava era Clay.
Lágrimas e emoções ficaram presas
em sua garganta, e não era a primeira
vez. O medo de que algo ruim
acontecesse com Clay era real — ela
tinha visto o olhar maligno nos olhos do
outro homem. E Samantha não podia
simplesmente não fazer nada. Ela não
podia arriscar que o sujeito machucasse
seriamente ou matasse Clay. Apenas o
breve vislumbre do homem à distância a
convenceu de que ele era capaz desse
tipo de violência.
Ela piscou para conter a queimação
das lágrimas, mais memórias
retornavam. A cavalaria chegou logo
depois que ela ligou — Mason e Levi,
junto com Katrina, que ficou com ela no
apartamento e a acalmou. Finalmente
Clay apareceu muito mais tarde para ver
como Samantha estava e avisá-la de que
havia um policial disfarçado em um
carro sem identificação no
estacionamento do lado de fora, para ter
certeza de que ela ficaria segura o tempo
todo.
Clay também a informou que não
queria que ela trabalhasse no bar por
alguns dias, e então se foi, deixando o
apartamento e indo Deus sabe para
onde. Depois de um tempo, Katrina teve
de ir embora, e Samantha passou o
restante da tarde e da noite sozinha, sem
conseguir sequer se concentrar em um
programa de TV, já que tinha um loop de
todo o confronto de Clay e o homem na
cabeça. O desfecho imaginado da
situação a fazia quase soluçar todas as
vezes.
Olhando para o teto no escuro, a
mente fazendo hora extra, Samantha
finalmente bolou um plano. Lágrimas
escorreram pelos lados de seu rosto,
porque ela sabia o que precisava fazer.
A decisão não era fácil, porque ela
entendeu qual seria as repercussões da
sua escolha. Mas quando se tratava de
ter certeza de que Clay estaria seguro,
ela sacrificaria a si mesma, sua vida,
sua liberdade. Até os próprios sonhos. E
Samantha não se enganou achando que
estava exagerando. Porque uma vez que
ela pedisse ao pai o dinheiro que Clay
precisava, o preço não seria apenas a
vida que ela lutou tanto para criar. O
custo seria desistir do próprio Clay. O
pai daria seu jeito para que isso
acontecesse.
Outra meia hora se passou quando ela
finalmente ouviu Clay entrar no
apartamento. Samantha esperou que ele
entrasse no quarto, mas isso não
aconteceu. Ela deu a ele mais quinze
minutos antes de jogar as cobertas para
o lado, para resolver o problema do seu
próprio jeito.
Era óbvio que Clay a estava evitando
de novo, mas eles precisavam conversar
sobre o que havia acontecido no bar, ele
gostasse disso ou não. Por mais que
fosse difícil, Samantha precisava dizer a
ele que estava indo para casa, o que
provocou na jovem outra onda de
lágrimas sem fim. Não havia como partir
sem que ele descobrisse, não quando
Clay a protegera tanto. E, além disso,
ele tinha sido tão bom com ela que
Samantha devia a ele a verdade sobre
para onde estava indo — só não diria
exatamente o porquê. Os cinquenta mil
que ele precisava chegariam depois que
ela partisse, para assim Clay tirar
aquele homem horrível de sua vida.
Samantha não poderia ajudar de outra
maneira. Se ela contasse a Clay sobre
como iria conseguir o dinheiro, ele
brigaria com ela. Um homem orgulhoso
como Clay não gostaria de aceitar uma
esmola assim como não gostaria que ela
devolvesse o dinheiro dos presentes.
Samantha só esperava que, quando ele
recebesse o dinheiro, Clay aceitasse
sabendo que o gesto dela era por amor a
ele.
Sem acender a luz do quarto,
Samantha silenciosamente abriu a porta
e olhou ao redor da sala de estar. Todo o
lugar estava escuro, exceto pelo raio de
luar que entrava pela janela da cozinha e
iluminava a silhueta de Clay. Ele estava
de costas para ela, sem camisa e apenas
de calça jeans. Enquanto ela se
aproximava silenciosamente, pôde ver
que ele estava com as mãos apoiadas no
balcão e a cabeça pendente para frente,
como se estivesse exausto e derrotado.
Foi essa emoção que fez seu coração
doer por Clay.
Ela se aproximou, com a intenção de
deslizar as mãos em volta da cintura
dele e abraçá-lo por trás, para que ele
não se sentisse tão sozinho, mas
Samantha parou quando viu pelo menos
duas dúzias de cicatrizes redondas em
suas costas, com aproximadamente o
diâmetro de um lápis. O choque a
percorreu, e foi quando Samantha
percebeu que, apesar de todas as vezes
em que eles estiveram juntos, e de todas
as vezes em que Clay ficou sem camisa,
ela nunca tinha visto suas costas nuas
antes, que o rapaz obviamente e
deliberadamente manteve distante de seu
olhar, assim não precisaria explicar
como havia conseguido aquelas marcas
de queimadura. Samantha suspeitava
serem de cigarro.
Ela levantou uma mão para tocar suas
costas. No momento em que as pontas de
seus dedos roçaram uma dessas
cicatrizes, Clay girou tão rápido, que
Samantha resfolegou; e antes que ela
pudesse expirar, ele prendeu o pulso da
jovem em sua mão forte. Sua expressão
era sombria e feroz, o olhar brilhava
com tal intensidade selvagem, que era
como se ele não a reconhecesse. Clay
parecia um homem emocionalmente
destruído e atormentado. Este homem
normalmente destemido, que era tão
forte com todos os outros e nunca
mostrava qualquer fraqueza, agora
parecia vulnerável. E ela queria fazer o
que fosse necessário para acalmar sua
angústia e dor.
— Clay — disse ela, alto e firme o
suficiente para tirá-lo de qualquer
memória ou transe em que ele estivesse
perdido. — Sou eu, Samantha.
Clay piscou na penumbra, o olhar
clareando e focando no rosto dela
enquanto o reconhecimento tomava suas
feições.
— Jesus — ele disse e soltou o pulso
de Samantha, embora a carranca severa
permanecesse, assim como a tensão
endurecendo seu corpo. — O que diabos
você está fazendo acordada?
— Eu não conseguia dormir — disse
ela, recusando-se a recuar ao ouvir o
tom em sua voz. — Assim como você.
— Volte para a cama, Samantha —
disse Clay rispidamente.
Ela engoliu em seco e permaneceu
exatamente onde estava. Depois do que
aconteceu naquele dia, o muro de
proteção de Clay estava com um
quilômetro de altura. E mesmo sabendo
que isso não mudaria nada sobre sua
decisão de partir pela manhã, ela queria
que a guarda baixasse. Só desta vez.
Samantha queria que ele confiasse nela
para contar da sua dor, falar de todas as
coisas horríveis pelas quais havia
sofrido. Todas as coisas horríveis que
ela sabia que Clay nunca falava porque
as memórias eram terríveis demais para
que ele pudesse suportar.
A determinação a tornou corajosa, e
Samantha ergueu o queixo para que Clay
soubesse que não iria a lugar nenhum até
que falasse sobre o passado.
— Me conta como você conseguiu
essas cicatrizes nas costas.
A mandíbula de Clay apertou com a
insistência dela, e uma faísca de fúria
acendeu em seu olhar.
— Não importa, porra.
Isso é o que ele honestamente
acreditava, mas Samantha queria —
quer dizer, precisava — que Clay
soubesse que ela se importava com ele.
Profundamente. Irrevogavelmente.
— Tudo sobre você importa para mim
— disse, incapaz de conter a emoção
que fez sua voz tremer. — Incluindo
como você conseguiu essas cicatrizes.
— Deixa quieto, Samantha — Clay
avisou sombriamente.
Uma mulher mais sábia teria fugido
da cozinha e voltado para a segurança
do quarto, mas não havia nada em Clay
que ela temesse, exceto perdê-lo, e isso
iria acontecer de qualquer maneira.
Parado a centímetros dela, Clay era
como um vulcão em atividade, prestes a
entrar em erupção e desencadear uma
tempestade de fúria emocional.
Ela sabia instintivamente que todos
aqueles anos suprimindo uma infância
de sofrimento estavam tentando chegar à
superfície, e quando toda aquela agonia
avassaladora explodisse, seria brutal e
violento.
Mas, como uma ferida infeccionada, o
machucado precisava ser limpo antes de
se curar.
Então ela foi mais incisiva.
— Foi aquele homem que entrou
hoje? Ele te machucou?
Clay cerrou os punhos ao lado do
corpo, a respiração se aprofundando.
— Deixa. Quieto.
Samantha não podia, porque isso
significava deixá-lo sozinho e com toda
a dor.
— Você não precisa manter tudo
preso dentro de você.
O olhar de Clay era duro e frio.
— Meu passado é sombrio,
distorcido e feio, e a última coisa que
quero fazer é colocar aquelas imagens
horríveis na sua cabeça, já que elas não
precisam estar aí — ele retrucou, mas o
calor repentino em seus olhos estava em
desacordo com seu tom áspero, fazendo-
a estremecer de desejo. — Me deixa em
paz antes que eu faça algo que vai fazer
com que os dois se arrependam.
As implicações sexuais em seu tom
deixavam claro o que era. Apesar das
tentativas de afastá-la, não havia dúvida
de que Clay a queria. E se a única saída
que ela pudesse dar a ele fosse física,
então lhe daria permissão para usar seu
corpo para saciar suas necessidades
emocionais.
— Eu nunca vou me arrepender de
nada que fiz com você. Nunca —
Samantha disse, esperando que Clay se
lembrasse dessas palavras muito tempo
depois que ela se fosse.
Antes que ele pudesse dizer qualquer
outra coisa, Samantha corajosamente
diminuiu a distância entre eles, colocou
os braços em volta do pescoço dele,
para que seu corpo ficasse pressionado
contra o de Clay, e ergueu a boca em sua
direção.
O toque de seus lábios foi o
necessário para Clay se desequilibrar.
Com um gemido rouco e gutural, as
mãos dele subiram e agarraram o cabelo
de Samantha perto da raiz, e ela deu
boas-vindas à leve pontada de dor. Ele
puxou a cabeça para trás e inclinou a
boca sobre a dela, para que tivesse o
controle total do beijo, e Samantha não
teve nenhum problema em deixá-lo
assumir o controle. Este acasalamento
carnal e primitivo era focado nele, e
Samantha se renderia a qualquer coisa
que Clay quisesse ou necessitasse dela.
Clay pressionou Samantha contra o
balcão mais próximo, o corpo
musculoso a prendendo enquanto sua
língua entrava profundamente, a boca
devastando a dela, até que os lábios
estivessem inchados. Seu peito subia e
descia rapidamente enquanto a
respiração aumentava, a fome por
Samantha se intensificava. Ela girou os
quadris, um som suave e necessitado
escapando de seus lábios, um apelo
sensual para que Clay satisfizesse a
ardência crescente que se expandia
dentro dela.
Soltando o cabelo, Clay enfiou as
mãos por baixo da longa camisola de
Samantha e segurou na sua bunda,
levantando a jovem e pressionando seu
sexo contra a protuberância enorme que
se esticava por trás do zíper da calça
jeans. Samantha roçou a pélvis contra a
dele, e um tremor enorme sacudiu o
corpo forte de Clay. Ele deslizou as
mãos pelas coxas dela e a ergueu, até
que Samantha passou as pernas com
força ao seu redor e o prendeu pela
cintura.
Ambos gemeram na boca um do outro
enquanto o pênis rígido esfregava e
pressionava a seda molhada que cobria
o sexo de Samantha. Ele moveu os
quadris para cima, forte e brutalmente,
uma e outra vez, como se a fodesse por
cima das roupas, determinado a alcançar
o prazer que procurava, as roupas que se
danassem. Enfiando as mãos nos cabelos
de Clay, Samantha arqueou as costas; ela
sentia muito desejo por Clay, e estava
ainda mais desesperada para sentir toda
aquela carne firme e sólida enchendo-a
de forma tão primorosa. Muito
perfeitamente e de uma forma que
nenhum homem jamais faria novamente.
Com um silvo agudo, Clay separou
sua boca da dela e afundou o rosto no
pescoço de Samantha, os lábios quentes
e úmidos perto de sua orelha.
— Samantha… — Clay gemeu, a voz
desolada e emocionalmente abalada. —
Eu preciso de você pra caralho.
A admissão quase partiu o coração de
Samantha. Um homem como Clay não
precisava de ninguém, mas estava
deixando-a entrar da única maneira que
conhecia, permitindo que ela visse um
lado vulnerável que realmente o deixava
emocionalmente destruído e indefeso.
Ela não tomaria esse presente como
garantido.
— Me usa do jeito que você quiser
— ela sussurrou de volta. — Sou sua.
— E não importava mais o que pudesse
acontecer depois daquela noite,
Samantha sabia que sempre pertenceria
a Clay. De coração e alma.
Seu gemido foi preenchido por puro
alívio. Com os braços e as pernas
ancorados ao redor dele, Clay a
carregou para o quarto, deitou-a no
colchão e tirou a camisola e a calcinha
rapidamente. Ele deu um passo para
trás, tirando a calça jeans e a cueca.
Depois de pegar um preservativo na
mesa de cabeceira e o colocá-lo, deitou
na cama, entre as pernas, já abertas, de
Samantha.
Ele roçou as pontas dos dedos com
reverência pelas dobras suaves e
úmidas, a terna carícia tão em
desacordo com o calor possessivo que
ardia em seus olhos selvagens, que dizia
que essa união seria exigente e
gananciosa. Que uma vez que Clay
estivesse enterrado profundamente
dentro dela, seria uma jornada
implacável e impiedosa até o fim.
O pensamento fez o estômago de
Samantha estremecer, e seus mamilos
endureceram. Ela já estava encharcada e
sensível, o corpo completamente em
sintonia com o toque de Clay. Outro
mergulho e o prazer de seus dedos
hábeis; Samantha agarrou o edredom nas
mãos e estremeceu, sabendo que não
demoraria muito para gozar.
Uma vez que Clay teve certeza de que
ela estava pronta, levantou as pernas de
Samantha, apoiando os tornozelos em
seus ombros. Clay alinhou a ponta de
seu pênis contra a abertura de Samantha
e se inclinou sobre ela, apoiando os
braços ao redor de sua cabeça. Com os
olhos escuros e brilhantes fixos nos
dela, Clay recuou um pouco e em
seguida entrou com um impulso duro e
implacável.
Samantha respirou fundo, chocada —
com a pontada inicial de dor e o encaixe
surpreendentemente apertado — com a
forma como seus quadris se inclinaram
naturalmente para receber Clay o mais
fundo que poderia. Ela estava presa
embaixo dele, o corpo completamente
aberto para ele, completamente dele,
sem hesitação, exatamente como Clay
desejava. A posição não convencional
deu a ele todo o poder, toda a
possibilidade de ação que precisava
para tomá-la da maneira que preferisse.
O corpo tenso tremia, e Samantha
percebeu que Clay estava se contendo. E
ela instintivamente sabia o motivo.
— Não há nada que você possa fazer
que vá me machucar, e eu não vou me
machucar — ela assegurou com a voz
rouca, dizendo a Clay o que ele
realmente precisava ouvir. — Me fode,
Clay. Me fode com força, porque é o que
eu quero também.
Essas palavras provocaram um estalo
em Clay, e ele começou a se mover
dentro e fora ela, mais e mais. Os
quadris subindo cada vez mais rápido.
Socando cada vez mais forte.
Deslizando cada vez mais fundo,
passando a cabeça do pênis contra as
terminações nervosas sensíveis dentro
do canal, até que a sensação a fez querer
mudar de posição pelas estocadas
agressivas de Clay. Samantha não
conseguia respirar, não conseguia se
mover. Ela só podia deixar o clímax
crescer, até que o controle de Clay
finalmente foi para o espaço.
Ele mostrou os dentes com um
grunhido animalesco, os quadris
bombeando, bombeando, bombeando,
até que a fricção implacável ativou seu
orgasmo. O corpo inteiro se estilhaçou
de dentro para fora, a sensação
requintada a levou ao limite sem que
saísse do lugar. Samantha gemeu e
inclinou a cabeça para trás, sentindo
seus músculos internos vibrando,
apertando e contraindo em torno do
pênis enquanto ela gozava sem parar —
por tanto tempo e com tanta força, que
não conseguiu conter o grito de prazer.
Com um último impulso brutal, Clay a
seguiu com um grito rouco, o corpo
sacudindo com força, liberando não
apenas o orgasmo, mas, Samantha
esperava, seus demônios também.
Era o último presente que ela poderia
dar a ele, e Samantha queria que fosse
importante.
Capítulo 13

A calmaria depois da tempestade. Foi


assim que se sentiu quando Clay se
deitou de costas na cama, com Samantha
nua e quente, deitada na dobra de seu
braço, a cabeça apoiada em seu ombro.
Enquanto Clay ainda estava preocupado
com a situação com Wyatt, o ódio e a
raiva mal reprimidos que carregava
consigo dia e noite agora eram apenas
uma dor surda em seu peito. Graças a
Deus.
Samantha o ajudara a superar um dos
piores dias de sua memória recente,
entregara-se a ele de forma altruísta,
com seu corpo e, ele suspeitava, ainda
mais. Ela entregou tudo a Clay, sem
pensar duas vezes em permitir que ele
saciasse sua necessidade primitiva
dentro dela, para deixar sair toda a dor
que manteve enterrada desde que era
criança, porque ele não sabia merda
nenhuma sobre como lidar com as
emoções.
Tinha sido muito mais fácil suprimir a
dor e a infelicidade, apesar das
memórias sombrias remanescentes logo
abaixo da superfície, sempre lá,
silenciosamente purulentas, esperando
que um único gatilho causasse uma
erupção quando o passado ressurgisse.
Ver Wyatt depois de todos aqueles
anos, lembrar de todas as coisas
horríveis que ele suportou nas mãos do
homem, a ameaça à Samantha, tudo
havia sido como um catalisador, fazendo
com que Clay juntasse todo esse horror
em uma tempestade de raiva e amargura
que ameaçava consumi-lo. E teria
consumido, se Samantha não tivesse
saído do quarto e sido forte por ele. Ela
tinha sido a âncora que Clay precisava
desesperadamente para mantê-lo com os
pés no chão quando estava tão perto de
perder a cabeça e desmoronar.
Ela perguntou sobre as cicatrizes, e
depois de tudo que acabara de lhe dar,
junto com o fato de que Wyatt a tinha em
vista, Samantha merecia saber a
verdade. Saber toda a verdade. Mas
primeiro, Clay devia a ela um pedido de
desculpas por ser tão duro, por a pegar
como um animal.
Com a cabeça dela apoiada em seu
ombro, Clay ergueu a mão e gentilmente
acariciou os cabelos macios e sedosos.
— Sinto muito — disse ele, a voz
mais áspera do que esperava.
— Eu não sinto — ela respondeu
baixinho, entendendo o motivo pelo qual
Clay estava se desculpando antes mesmo
que ele pudesse explicar. — Era o que
você precisava, e sou grata por estar
aqui para ajudá-lo.
O hálito quente de Samantha
percorreu o peito dele enquanto ela
falava.
Clay estava agradecido também, mais
do que ela poderia imaginar. Deus, ela o
conhecia muito bem. Já sabia do que ele
precisava antes mesmo de ele saber.
— Então eu acho que o que devo
dizer é obrigado. — Antes que ela
pudesse responder, ele rapidamente
pronunciou as próximas palavras antes
que mudasse de ideia. — Você
perguntou sobre as cicatrizes nas minhas
costas e o que aconteceu quando eu era
criança.
— Sim. Você vai me contar? —
Samantha estava quieta e esperançosa,
mas não exigente.
Ele percebeu que ela estava dando
uma escolha, e pela primeira vez em sua
vida, Clay se viu querendo compartilhar
o lado mais pessoal e privado de si
mesmo com alguém. Com Samantha. E
assim o fez, contando tudo desde o
início.
— Minha mãe era uma prostituta
viciada em crack — disse, preparando-
se para algum tipo de reação negativa de
Samantha, esperando que ela se
encolhesse, estremecesse, fizesse algo
que indicasse nojo. Mas a única coisa
que ela fez foi descansar a mão em seu
peito, bem sobre o coração batendo,
como se precisasse daquela conexão
emocional com Clay tanto quanto ele
precisava.
Clay engoliu o nó grosso na garganta
e continuou.
— Mason, Levi e eu, todos nós temos
pais diferentes. Cada vez que nossa mãe
engravidava, era de um cliente diferente,
então nem sabemos quem foram nossos
pais. Nunca tivemos a influência de um
homem em nossas vidas. Mas havia
muitos idiotas que moravam conosco em
nosso apartamento de um quarto, todos
viciados em drogas como nossa mãe —
disse ele, incapaz de conter o nojo que
nutria. — E como ela nunca teve noção
ou consciência suficiente para cuidar da
gente quando criança, assumi esse papel
desde muito cedo.
— Deve ter sido difícil — Samantha
murmurou, a mão ainda parada sobre o
coração dele.
Clay não reconheceu quão difícil
tinha sido.
— Eu tinha seis anos quando Levi
nasceu, e mesmo assim, fui eu que me
certifiquei de que ele tivesse uma
mamadeira pronta e as fraldas trocadas
do melhor jeito que pude. Servia cereal
e fazia sanduíches para mim e Mason,
pelo menos quando tínhamos comida em
casa, mas muitas vezes íamos para a
cama com fome.
Samantha ergueu a cabeça e encontrou
o olhar de Clay, os olhos azuis cheios de
compaixão, mas com uma centelha de
raiva também.
— Por que o serviço social não
interveio?
Clay não ficou surpreso que alguém
tão puro e intocado como Samantha
ainda acreditasse no sistema.
— Morávamos na periferia da cidade
e ninguém ligava para o que acontecia
com os vizinhos. Ninguém percebeu,
então minha mãe nunca foi denunciada.
E em seus momentos de lucidez, quando
eu reclamava, minha mãe colocava
terror em mim, me avisando que se eu
contasse a alguém que ela raramente
ficava em casa ou que não tínhamos
comida, o serviço social viria para nos
levar embora e separar nós três para
sempre.
— Isso é horrível — disse ela, a voz
um sussurro dolorido.
Clay encolheu os ombros.
— Essa foi minha vida. — Exalando
uma respiração profunda, ele
gentilmente pressionou a mão na nuca de
Samantha e trouxe a bochecha de volta
para o seu peito; em seguida continuou a
acariciar seus cabelos. Era muito mais
fácil falar com Samantha sobre o
passado sem olhar em seus olhos tristes
e sombrios.
— Então, aos seis anos, você se
tornou o responsável por seus irmãos.
— Aham. E eu fui para a escola
porque tinha de ir, ou alguém iria notar e
nos separar. Eu era um bom garoto
porque sempre tive muito medo de que
se fizesse alguma coisa errada perderia
meus irmãos para sempre.
— Eles tiveram sorte de ter você —
Samantha murmurou.
Clay encolheu os ombros.
— Eu fiz o que tinha que fazer. Eu
criei Mason e Levi o melhor que pude e
tentei mantê-los longe de problemas.
Então, quando eu tinha quinze anos,
minha mãe se envolveu com Wyatt. Ele
se mudou para nossa casa e a manteve
ainda mais dopada com drogas, a
cafetinando enquanto dirigia seus
próprios negócios secundários. E
enquanto ela estava fora à noite se
prostituindo, Wyatt nos aterrorizava.
Um estremecimento de corpo inteiro
sacudiu a estrutura de Clay com a
memória, mas tinha começado a falar e
pretendia terminar.
— Ele era um idiota abusivo e sádico
que atacava os fracos, e como meus
irmãos ainda eram muito jovens e não
podiam se defender, eu me colocava na
posição de receber o abuso tanto quanto
pudesse, direcionando tudo para mim. E
uma das coisas que Wyatt mais gostava
de fazer para afirmar sua autoridade era
me prender no chão e pressionar a ponta
acesa do cigarro contra minhas costas,
até que literalmente fizesse um buraco
na pele.
A bile subiu por sua garganta com a
memória infernal, enquanto ao seu lado,
Samantha enrijecia e arquejava
suavemente. Mas Clay não havia
acabado.
— O doente filho da puta parecia
gozar com meus gritos. Quando mais eu
me contorcia ou chorava, mais ele ria e
pressionava o cigarro com força e por
mais tempo na pele. — Clay fechou os
olhos, procurando escapar das memórias
com as quais convivia todos os dias. —
Mas pelo menos ele não fez isso com
meus irmãos — disse ele, repetindo as
palavras que o ajudaram a superar a dor
e que permitiram que aguentasse o
abuso. — E embora houvesse momentos
em que Mason e Levi assistiam
impotentes, eu os avisei para não se
envolverem.
Samantha fez outro pequeno som de
angústia. Ela passou um braço ao redor
da barriga de Clay e aninhou-se mais ao
seu lado, segurando-o com força e
silenciosamente confortando-o. Seu
calor e compreensão silenciosa
acalmaram as emoções desgastadas,
permitindo que Clay continuasse. Ele
sentiu como se a história nunca tivesse
fim, assim como na época em que vivia
o horror.
— Isso durou meses, até que um dia
nossa mãe foi presa por posse de drogas
e prostituição. Como foi o quinto crime
sob várias acusações, ela foi enviada
para a prisão estadual por dezoito
meses. — Clay distraidamente esfregou
a mão ao longo do braço ainda apoiado
em seu abdômen. — Eu não conheço as
leis ou as especificidades técnicas do
caso, mas de alguma forma aquela
piranha estúpida foi capaz de nomear
Wyatt como nosso guardião até que
fosse liberada, e durante esse tempo, o
abuso só piorou.
Samantha levantou a cabeça
abruptamente, a expressão horrorizada.
— Por que ela faria isso com você e
seus irmãos? — Samantha perguntou,
chocada.
— Honestamente não sei. — E Clay
nunca saberia. — Mas eu acho que fazia
mais sentido para o cérebro viciado
dela. Ele morava conosco de qualquer
maneira, e seus filhos nunca foram uma
prioridade ou uma preocupação. Sua
única preocupação sempre foi como
conseguiria a próxima dose.
— O que aconteceu com ela? —
perguntou Samantha.
— Ela cumpriu três meses da
sentença até que teve um derrame e
morreu. Provavelmente por causa das
drogas. De qualquer forma, foi quando
Wyatt decidiu que agora éramos sua
propriedade, para fazer o que quisesse.
Samantha o encarou com os olhos
arregalados e cheios de terror. Alguém
como ela, que nasceu em meio à riqueza
e ao privilégio, nunca foi exposta a
essas duras realidades ou à cruel
realidade de viver na pobreza.
— A ideia de Wyatt ser nosso
guardião legal até que cada um de nós
atingisse a maioridade me assustou pra
caralho. Eu sabia que ele faria tudo o
que pudesse para intimidar e corromper
Mason e Levi. Eu estava com medo de
que os levasse às drogas, os fizessem
trabalhar para ele ou pior. Então, um
dia, roubei uma faca de açougueiro de
uma loja. Só por segurança.
Samantha estava olhando para Clay
tão silenciosa e atentamente, que ele
teve de desviar o olhar, sem saber se
poderia admitir o restante. Foi a pior
noite de sua vida, e ele odiava ter
precisado recorrer a tamanha violência.
No entanto, faria tudo de novo para
proteger os irmãos.
Ela encostou em sua mandíbula e
virou o rosto de Clay para si.
— Me conta — ela disse suavemente,
seu olhar implorando para que ele
confiasse nela seu passado, sua dor.
E ele contou.
— Um dia, cheguei em casa, e Wyatt
encurralou Levi. Ele já havia batido nele
algumas vezes. Eu disse a Levi para
correr, e foi isso que ele fez. Levi se
trancou no banheiro, e assim que ele
estava fora do caminho, Wyatt veio atrás
de mim como eu sabia que faria. Peguei
a faca. Havia tanta fúria correndo em
mim, e eu estava tão agitado, que jurei
que mataria o filho da puta. Naquela
época, Wyatt era muito forte e chegou
perto de me dominar. — Samantha
respirou fundo, permanecendo em
silêncio e esperando o restante da
história. Clay engoliu em seco. — De
alguma forma, consegui empurrá-lo para
trás e usei a lâmina para fazer um corte
profundo na lateral do seu rosto.
Samantha piscou para Clay em
descrença.
— Você produziu nele aquela
cicatriz?
— Sim. — Clay não sentia nenhum
orgulho da lembrança. — Eu o cortei no
braço também, e foi o suficiente para
Wyatt perceber que não poderia mais
nos ferrar, então ele finalmente foi
embora.
Mesmo assim, Wyatt estava de volta,
o que mais uma vez reforçou para Clay
que ele devia estar desesperado. Mas
Clay não estava. Como um adolescente,
ele não teria hesitado em massacrar o
idiota se isso significasse manter os
irmãos seguros. Mas agora ele tinha
muito a perder indo para a prisão pelo
resto da vida por assassinar o canalha.
— Wyatt sabia que eu estava falando
sério e foi embora, e não o vimos até
hoje, quando ele surgiu obviamente
precisando de dinheiro para se livrar de
algum tipo de problema.
A mente de Samantha girou enquanto
tentava processar tudo o que Clay havia
dito a ela, incapaz de imaginar tudo o
que ele havia passado quando criança.
Seu coração se partiu em pedaços,
sabendo que Clay tinha suportado muitos
abusos, mas nunca hesitou em ser forte
por Mason e Levi.
— Seus irmãos eram bem jovens
quando isso aconteceu — disse ela,
curiosa para saber como Clay os
mantinha, sem qualquer supervisão de
um adulto ou recursos financeiros. —
Então o que você fez depois que Wyatt
foi embora?
— Mason tinha doze anos e Levi, dez.
De jeito nenhum eu iria perdê-los para
um orfanato — Clay disse rispidamente.
— Então fiz todo o possível para
garantir que isso não acontecesse. Por
dois anos, até eu completar dezoito,
trabalhei em qualquer tipo de emprego
que conseguisse para pagar o aluguel e
as despesas e permanecer incógnito.
Aparava grama, empacotava compras,
recolhia latas e garrafas para
reciclagem. Eu até vasculhava latas de
lixo em busca de comida ou outras
coisas que precisássemos. E então Jerry
me contratou no bar e me deu um salário
semanal. Levi era um bom garoto que
fazia exatamente o que eu dizia, e isso
fez com que ele ficasse longe de
problemas. Mas, Jesus Cristo, Mason
era a porra de um demônio — Clay
disse com uma risada irônica.
Ela sorriu para ele.
— Então ele começou muito jovem,
hein?
— Sim. — Clay suspirou
profundamente. — Com tudo o que
aconteceu, Mason ficou com muita raiva
dentro de si. E depois que nossa mãe
morreu e Wyatt foi embora, ele piorou.
Ele desafiava minha autoridade
constantemente e fazia com que fosse
difícil nos manter fora do radar do
governo até que eu fizesse dezoito anos
e pudesse solicitar a guarda de ambos. E
como Mason só tinha catorze anos,
aqueles anos de adolescência foram um
pesadelo. Ele era um pé no saco — Clay
disse com humor na voz, agora que o
irmão era um homem adulto e não mais
sua responsabilidade. — Ele vivia
fugindo no meio da noite, saindo com as
pessoas erradas, se envolvendo com
drogas. Quando ele tinha dezessete anos,
foi preso por pichar propriedades
públicas e privadas, e como eu sabia
que ele estava indo por um caminho
muito ruim, não tentei impedir quando
ele foi enviado para o reformatório por
seis meses.
Samantha podia facilmente imaginar
quão delinquente Mason fora quando
adolescente.
— Acho que ele acabou melhorando.
— Graças à atenção e orientação do
irmão.
— Meh — Clay comentou num tom de
provocação, então ficou sério mais uma
vez. — Eu realmente acho que Mason
constantemente me testava e me
desafiava porque acreditava que eu iria
deixá-lo como nossa mãe fez. Ela pode
não ter feito parte de nossa vida de uma
forma que de fato tivesse importância,
mas era nossa mãe. Não tínhamos pai e
não sabíamos quem era o pai dele,
sabíamos que era um cara qualquer que
nossa mãe tinha fodido em troca de
drogas, o que mexeu com a cabeça de
Mason também. Ainda mexe, eu acho.
— Você fez o melhor que pôde —
disse Samantha, acariciando seu peito.
— Seus irmãos acabaram sendo bons
homens por causa de tudo que você fez
por eles.
Clay esfregou a mão ao longo da
barba por fazer, de repente parecendo
cansado e exausto.
— Só que aqui estamos, enfrentando
o homem que fodeu a todos nós, quando
pensei que nunca mais o veríamos.
Um homem muito perigoso exigindo
uma quantidade impressionante de
dinheiro que Clay não tinha. O lembrete
causou um aperto no peito de Samantha
e rasgou seu coração em dois pela
decisão que havia tomado. A única
escolha que ela poderia fazer para ter
certeza de que Clay e os irmãos
permaneceriam seguros. Mesmo que
isso significasse deixar o único homem
que a fazia se sentir inteira e completa.
O homem que ela amava com cada fibra
de seu ser e que nunca veria novamente
depois de amanhã de manhã.
Clay franziu a testa para ela, e foi
quando Samantha percebeu que seus
olhos se encheram de lágrimas. E não
havia maneira de escondê-las ou voltar
atrás.
— Ei, o que foi? — Clay perguntou,
preocupado, enquanto enxugava uma das
gotas com o polegar. — Você está bem?
Samantha engoliu em seco,
reprimindo uma onda ainda maior de
emoção.
— Sim. Foi apenas um longo dia, e
uma longa noite — disse com um sorriso
trêmulo.
Clay havia passado por uma crise
emocional, e Samantha não achava que
aquele era o momento certo para dizer a
ele que partiria pela manhã. E de uma
forma egoísta, ela queria uma última
noite em seus braços. Como não queria
que ele fizesse mais perguntas, ela o
beijou para o distrair e, o mais
importante, para evitar pensar em uma
vida sem a presença de Clay.
Quando Clay saiu do banheiro na
manhã seguinte, depois de tomar banho,
vestindo apenas uma calça jeans,
encontrou Samantha colocando todas as
suas roupas e itens pessoais na cama, em
seguida, transferindo cada pilha para
uma grande sacola de compras. Ela não
olhou para ele, e um frisson de
inquietação o percorreu.
— Samantha, por que você está
fazendo as malas? — ele perguntou,
pensando se era possível ela já ter
encontrado um lugar para morar, o que
não fazia sentido. Samantha tinha
acabado de contar para ele sobre a ideia
de se mudar, então Wyatt apareceu. Não
havia possibilidade de ela ter arrumado
uma casa tão rapidamente. E mesmo que
tivesse, Clay não a deixaria sair do
apartamento sem algum tipo de
segurança ou proteção.
Quando Samantha não respondeu
imediatamente e apenas continuou a
empacotar suas coisas, a preocupação
dele aumentou. Clay diminuiu a
distância entre eles e gentilmente
agarrou o braço dela, a forçando a
encará-lo.
— Samantha?
Ela ergueu o queixo, e ele
imediatamente reconheceu a
demonstração de determinação
conhecida, mas foi a angústia em seus
olhos que fez o peito dele apertar de
ansiedade. O tipo de ansiedade que ele
sabia significar que seu mundo inteiro
estava prestes a se desintegrar e não
havia absolutamente nada que pudesse
fazer a respeito.
— Estou indo para casa — disse ela,
com a voz rouca de emoção e dor.
Cambaleando em estado de choque,
Clay soltou o braço dela, sentindo algo
substancial desmoronar dentro de si. Ela
o estava deixando. Clay foi atingido por
uma espécie de desespero que nunca
havia sentido antes. O desespero por
fazê-la ficar. Com ele. Para sempre.
E quão egoísta era isso, considerando
tudo que ele a fez passar nas últimas
vinte e quatro horas sozinha?
— Então você está simplesmente
desistindo do que deseja e lutou tanto
para conseguir?
Samantha fechou os olhos por um
momento, recuperando a compostura,
depois pegou uma pilha de roupas
dobradas e colocou-a dentro do saco.
— É o necessário a ser feito.
Nenhuma outra explicação, e Clay
não tinha o direito de exigir uma.
Ele apertou as mãos ao lado do corpo
para evitar tocá-la novamente. Clay
entendeu sua necessidade de fugir dali e
ficar longe dele. A vida dela foi
ameaçada, e na noite passada ele a usou
de uma forma dura a qual ela não
merecia, e depois ele soltou toda a sua
tristeza sobre ela. Trouxe à tona coisas
que nunca deveria ter visto a luz do dia,
muito menos tocado Samantha.
Clay sempre soube que seu passado
estava manchado com uma feiura
horrível, e por esse motivo, desde o
momento em que Samantha entrou em
sua vida, ele tentou manter distância.
Clay não merecia sua pureza, bondade
ou luz. Mas, caramba, ele queria aquilo
tudo de qualquer maneira. E agora seu
passado fodido ia levar a melhor coisa
que já aconteceu com ele. E ele não
podia culpá-la por ir embora.
Samantha era seu cupcake doce e
sincero, leve em todos os sentidos. Ele
sabia desde o início que a vida dos dois
era muito diferente, que alguém como
Samantha não foi feita para viver em sua
escuridão por muito tempo.
Ao sair, ela estava tornando tudo mais
fácil, não é?! Ela estaria mais segura na
mansão dos pais do que jamais estaria
com ele, e ele poderia lidar com Wyatt
sem se preocupar com a segurança de
Samantha. Mas saber disso não impediu
que seu coração se partisse em dois.
— Ok. Faça o que você tem que fazer,
mas eu não quero que você saia sem
algum tipo de segurança até que o
problema com Wyatt seja resolvido —
disse ele, a voz soando como se tivesse
acabado de engolir vidro.
Samantha inclinou a cabeça, o cabelo
sedoso mantendo seu rosto escondido de
sua visão.
— Liguei para meu pai, e ele vai
mandar um carro particular com sua
segurança pessoal. Ele deve estar aqui a
qualquer minuto — ela disse com uma
voz firme enquanto passava os dedos
sob os olhos de uma forma que o levou a
acreditar que ela estava limpando as
lágrimas.
Pelo menos Samantha parecia afetada
de alguma forma. Ele não poderia lidar
com esse momento se seu coração fosse
o único partido em pedaços.
Então suas palavras de repente o
atingiram.
Ela ligou para o pai.
O pior pesadelo de Clay acabara de
se tornar realidade, a única coisa que
ele lutou como o diabo para ajudá-la a
evitar. Ela estava voltando para os pais
e, finalmente, para Harrison. Ela ia se
casar com um homem que não amava por
causa dos negócios do pai e desistiria
de sua própria identidade no processo.
Essa revelação provocou o pior tipo de
agonia, como se estivesse arranhando
seu estômago. Mas por mais que Clay
quisesse implorar para ela ficar, não
tinha o direito. Ele nunca teve.
Assim que ela terminou de fazer as
malas, uma batida soou na porta do
apartamento, e o coração de Clay bateu
forte no peito porque ele sabia que o
momento chegou. Em mais alguns
minutos, Samantha partiria como se
nunca tivesse virado sua vida e emoções
de cabeça para baixo e do lado avesso.
Samantha se virou e encontrou o olhar
de Clay, seus olhos cheios de lágrimas e
do mesmo tipo de pavor que se instalou
em seu intestino, o mantendo refém.
— Eu tenho que ir — ela sussurrou
com uma voz dolorida.
— Eu sei — disse e fez a única coisa
que podia. Clay a acompanhou até a
porta e a entregou ao homem que tinha
vindo levá-la para casa.
Capítulo 14

Apenas um dia sem Samantha havia


passado, mas já parecia uma vida inteira
para Clay. Nada era igual sem ela. Seu
apartamento. O bar. E especialmente a
sua cama vazia. Ele se acostumou a tê-la
por perto e em sua vida — vendo seu
sorriso, ouvindo sua risada e cheirando
o doce aroma de tudo o que Samantha
decidia cozinhar durante o dia… Pelo
restante da vida, Clay sabia que nada
jamais preencheria o buraco sombrio
que perder Samantha havia deixado
dentro dele.
Ele a amava, e seu principal
arrependimento era nunca ter dito isso a
ela. Mas manter essa declaração
enterrada profundamente dentro dele
tinha sido a coisa certa a se fazer.
Samantha estava de volta à antiga casa e
a salvo de Wyatt, embora Clay tentasse
não pensar no fato de que ela
provavelmente cederia às exigências do
pai e se casaria com Harrison. Porra. Só
esse pensamento e saber que qualquer
outro homem tinha o direito de tocá-la o
deixava louco.
— Jesus Cristo, Clay — Levi disse,
franzindo a testa para ele de sua cadeira
do outro lado do balcão do bar; havia
uma pitada de compaixão no olhar de
seu irmão. — Eu sei que a ida de
Samantha deixou você confuso, mas
preciso que preste atenção ao que estou
prestes a te contar.
Me deixou confuso?
Droga, ele estava caminhando sob
uma névoa, como um cachorrinho
perdido, emocionalmente destruído e
perdido sem ela. E todo mundo o estava
tratando com luvas de pelica, incluindo
os dois irmãos. Não havia nada que
Clay pudesse fazer para mudar a decisão
que Samantha havia tomado, e para ser
justo com ela, ele nem mesmo tentou.
Então fez força para clarear a cabeça
para poder se concentrar nas
informações importantes que Levi tinha
trazido para ele.
— Estou bem — disse ele,
assegurando a Levi, com os braços
apoiados na superfície do balcão. — O
que você descobriu sobre Wyatt? —
Clay queria o idiota fora da vida de sua
família o mais rápido possível, e, com
sorte, para sempre.
— Muita merda, o que era de se
esperar — Levi disse a ele. — A ficha
criminal é longa e bastante notável, com
algumas condenações, mas o tempo na
cadeia foi mínimo.
Clay praguejou baixinho.
— Não há justiça nessa porra de
mundo?
— Na verdade, há. — Um sorriso
triunfante curvou os lábios de Levi,
como se ele estivesse guardando a
melhor parte. — Quando passei as
impressões digitais dele pelo sistema,
houve uma correspondência. Ele tem um
mandado de prisão ativo.
Clay não podia negar a ansiedade que
surgiu dentro de si.
— Pelo quê?
— Homicídio em primeiro grau.
Uma sensação doentia de triunfo
percorreu Clay, sabendo que talvez o
monstro finalmente recebesse o que
merecia.
— O que ele fez?
— Foi há cerca de um ano. Ele estava
morando com uma mulher que tinha sido
presa várias vezes por posse de drogas
e prostituição — disse Levi, trazendo de
volta memórias dos vícios de sua mãe e
de como Wyatt tinha se aproveitado de
sua fraqueza, o que aparentemente era o
modus operandi do idiota. — De
acordo com os arquivos e registros, o
DNA de Wyatt estava em toda a cena do
crime, mas eles não conseguiram
encontrá-lo. Ele deve ter ficado
escondido todo esse tempo. Tipo,
escondido no esgoto, já que conseguiu
evitar ser pego.
— No entanto, ele apareceu agora,
pedindo dinheiro. Ele deve estar em
dívida com alguém de quem tem mais
medo do que da prisão — Clay meditou.
— Então o que vamos fazer?
— Conversei com o detetive sobre o
caso, contei a situação, e eles já estão
armando uma operação para prendê-lo
quando e onde ele mandar você ir
encontrá-lo.
— E a entrega do dinheiro? — A
primeira coisa que Clay fez esta manhã
foi ligar para o gerente no banco para
programar o saque, mas como era uma
quantia grande, não seria capaz de
retirá-lo até o final do dia.
Levi balançou a cabeça.
— O chefe de polícia não quer um
civil envolvido na captura dele. Eles
obviamente querem reduzir ao máximo
as baixas. Acredite em mim, não
precisamos das acusações de chantagem
e extorsão para prender esse cara. Há
evidências mais do que suficientes para
condenar Wyatt, e assassinato é uma
pena capital, o que significa que ele não
terá direito à condicional. Ele vai
apodrecer na prisão.
Clay suspirou profundamente,
liberando o ar lentamente. Não podia
negar o alívio que sentiu ao saber que
finalmente a justiça seria feita. Mas não
seria realmente capaz de relaxar até que
o filho da puta estivesse atrás das
grades, lugar ao qual ele pertencia.
— Tudo o que você precisa fazer é
me informar a hora e o local assim que
receber notícias de Wyatt, e a polícia
cuidará de todo o restante.
— É provável que ele apareça aqui
— Clay murmurou.
— Então diga a ele que você tem que
pegar o dinheiro e vai encontrá-lo em
algum lugar neutro. Depois me passa os
detalhes. — Levi o encarou diretamente,
um aviso distinto em seus olhos. — Uma
vez feito isso, você precisa manter sua
bunda aqui até confirmarmos que temos
Wyatt sob custódia, entendeu?
— Entendi. — Clay não faria nada
que colocasse em risco a prisão de
Wyatt.
— Que bom — disse Levi, em
seguida empurrou a cadeira para trás
para se levantar e sorriu. — Então meu
trabalho por aqui está feito.
Clay acompanhou o irmão até a porta
da frente, deixou-o sair e a trancou atrás
de si, já que o bar só abriria em duas
horas. Ele estava a meio caminho do
escritório quando ouviu uma batida
forte.
Presumindo que Levi havia se
esquecido de dizer algo importante,
voltou e abriu a porta.
Ele ficou surpreso ao encontrar um
homem jovem e arrumado parado do
outro lado, parecendo extremamente
nervoso, olhando para os lados na rua
deserta. O cara parecia estar se
certificando de que não seria assaltado.
Ele claramente não era um cliente
regular do Kincaid’s. Tudo no sujeito
era limpo, ordenado e de aparência rica,
desde o cabelo curto e estilizado até o
terno cinza imaculadamente passado e
os sapatos de couro polido.
Ele estava obviamente do lado errado
da cidade, e embora Clay não o fosse
discriminar o sujeito, o bar estava
fechado.
— Desculpe, mas o bar não abre
antes das quatro — disse para o outro
cara.
O homem deu uma olhada furtiva ao
redor — que Clay achou extremamente
divertida — antes de encontrar seus
olhos.
— Na verdade, estou aqui para falar
com Clay Kincaid.
Hm.
— Sou eu — disse ele, cruzando os
braços sobre o peito.
O cara se mexeu
desconfortavelmente.
— Você se importa se eu entrar por
alguns minutos?
Clay não conseguia imaginar que tipo
de negócio esse cara poderia tratar com
ele, mas percebeu que o sujeito estava
carregando um grosso envelope pardo, e
Clay ficou curioso para saber o que ele
queria.
— Sim, claro.
Ele deu um passo para o lado para
deixá-lo entrar, então seguiu na frente
até a área principal, sem perder a
maneira como o olhar do homem
percorreu o bar, não tanto com desgosto,
mas sim com uma quantidade
surpreendente de interesse.
— Então, o que posso fazer por você,
senhor… — Clay deliberadamente
deixou as palavras sumirem, o que
motivou uma introdução.
— Blackwell — disse o cara, embora
não estendesse a mão para ele. —
Harrison Blackwell.
O choque deixou Clay sem palavras
enquanto olhava para o outro homem —
o homem perfeito, rico e educado que
provavelmente se casaria com a mulher
que Clay amava. Ele se sentiu como se
tivesse levado um soco no estômago,
engolindo um gemido angustiado.
Um sorriso irônico tocou o canto da
boca do outro homem.
— Então Samantha falou de mim —
disse ele, embora não houvesse
animosidade ou má vontade no tom do
outro homem, apenas uma estranha
aceitação que Clay não entendeu muito
bem.
— Ela contou. — E se ele estava ali
agora, então isso significava que
Samantha devia ter contado ao outro
cara sobre ele, e Clay não tinha certeza
do que pensar sobre isso. — O que
posso fazer por você?
— Estou aqui para entregar um
pacote. — Harrison ergueu o envelope
grosso que segurava, embora ainda não
o tivesse soltado. — E eu queria
conhecer o homem por quem Samantha
desistiu de sua nova vida independente.
Clay franziu a testa, confuso.
— Como é? — De que porra esse
cara está falando?
Harrison riu e balançou a cabeça.
— Ela não te contou, não é?
— Me dizer o quê? — Clay exigiu
irritado, a ponto de agredir o homem em
busca de respostas.
— Ela voltou para casa em troca de
cinquenta mil dólares serem entregues
diretamente a você, em dinheiro.
Porque Samantha acreditava que ele
precisava do dinheiro para pagar Wyatt,
Clay entendeu.
— E quais foram as contrapartidas?
— ele perguntou impaciente, com os
dentes cerrados. Porque Clay sabia, sem
dúvida, que o pai dela exigiria sangue
em troca.
— Samantha ligou para o pai ontem e
disse que precisava de dinheiro
imediatamente, que você estava com
problemas e ela queria ajudar — disse,
olhando-o nos olhos enquanto colocava
o envelope recheado de dinheiro na
mesa ao lado de onde estavam de pé. —
E Conrad Jamieson, como você já
imaginou, fez um acordo com a própria
filha. Ela voltou para casa e concordou
em se casar comigo em troca de eu lhe
dar cinquenta mil.
Que. Porra. É. Essa?
O pai a havia subornado e
chantageado.
Clay se sentiu tão tonto, que quase
caiu de joelhos quando outra
compreensão o atingiu. Samantha não
tinha voltado para casa porque estava
com medo e não queria mais ficar com
ele. Não, ela vendeu a alma para o pai
para se certificar de que Clay tivesse
dinheiro para pagar Wyatt. Ela fez isso
por ele, abandonando abnegadamente a
nova vida que cuidadosamente criou
para si mesma e desistindo de seu sonho
de ser uma confeiteira, garantindo assim
que ele estivesse seguro e protegido.
Como Clay pôde ser tão cego para
não ter visto esses gestos por si mesmo?
Harrison deve ter reconhecido a
expressão atordoada de Clay porque
continuou, o tom mais suave.
— A questão é que sempre soubemos
onde Samantha esteve. Na noite em que
ela partiu, Conrad ligou para a empresa
de segurança e garantiu que
descobrissem exatamente onde ela
estava. Eles atualizavam Conrad com
relatórios diários, e quando ela acabou
ficando aqui com você, ele recebeu um
relatório completo sobre você também.
Clay se encolheu instintivamente,
certo de que um homem como Conrad
Jamieson não ficara feliz em descobrir o
passado de Clay. Sem dúvida, o outro
homem sentiu que Clay não era bom o
suficiente para a filha. No entanto, ele
deixou Samantha sozinha por três
semanas, com ele.
— Se Conrad sabia onde Samantha
estava, por que ele simplesmente não
veio buscá-la?
Ele encolheu os ombros.
— Havia algo em seu relatório de
antecedentes que garantiu a ele que você
era confiável, então ele percebeu que
Samantha só precisava estimular um
pouco seu lado selvagem antes de se
estabelecer e se casar comigo.
— Para o bem da empresa de
investimentos.
— Correto — disse Harrison com um
aceno impassível. — Sei que Samantha
não me ama, e para ser franco, também
não a amo. Ela é muito espirituosa,
muito independente, e eu sei que ela
seria infeliz em um casamento
estruturado como o nosso seria. Ela quer
ter a própria vida, a própria carreira, e
o fato de que ela desistiu de tudo e
concordou com os termos do pai em
troca desse dinheiro me diz quão
importante você é para ela.
Era como se Harrison estivesse
dando permissão para Clay ir atrás de
Samantha, e talvez o outro homem
ficasse grato por não ter que continuar
com o casamento arranjado também.
— Por que você está me contando
isso? — Clay perguntou.
— Porque, apesar de tudo, eu prefiro
ver Samantha vivendo o tipo de vida que
ela quer, com a única pessoa que a
apoiará e a fará feliz — respondeu, a
voz soando sincera. — E eu sei que esse
homem não sou eu.
Porra, claro que não, porque Clay era
esse homem. E ele faria o que fosse
necessário para lutar por Samantha, para
se certificar de que ela soubesse que era
sua em todos os sentidos e que seu lugar
era ali, com ele.
— Tenha uma boa tarde, senhor
Kincaid — disse, então se virou e
caminhou de volta para a entrada.
Assim que Clay ouviu a porta se
fechar, se sentou na cadeira mais
próxima, o coração batendo tão forte no
peito, que parecia rugir em seus
ouvidos. Ele avistou o envelope de
dinheiro que Harrison havia deixado,
mais uma vez surpreso com o que
Samantha estava disposta a sacrificar
por ele.
O irônico era que ele não precisava
do dinheiro. Droga, Clay tinha mais do
que o suficiente no banco para pagar
Wyatt — não que precisasse fazer isso
— e para eles comprarem uma casa de
verdade e mobiliá-la da maneira que ela
quisesse. Sim, ele estava se adiantando,
mas não conseguiu evitar. Ele queria
tudo com Samantha, e queria agora.
O primeiro instinto de Clay foi levar
o dinheiro para Conrad Jamieson e
trazer Samantha de volta para onde ela
pertencia. Mas ele não podia, ainda não.
Não até que soubesse com certeza que
Wyatt estava fora das ruas e não havia
ameaça à segurança de Samantha.
Mas uma vez que isso acontecesse,
ele iria atrás de sua garota.

Clay passou o dia seguinte andando


de um lado para o outro no apartamento
como um animal enjaulado, ansioso e
nervoso enquanto esperava
impacientemente pela ligação de Levi
avisando que Wyatt estava sob custódia.
Horas se passaram e, justamente quando
Clay pensou que poderia escalar as
paredes, o irmão finalmente entrou em
contato. O fodido tinha sido levado sem
mais delongas.
Embora Wyatt tenha inicialmente
saído correndo quando percebeu que
havia sido pego numa armadilha, foi
cercado por uma dúzia de policiais à
paisana que o prenderam antes que
pudesse escapar e o levaram sob
acusação de homicídio em primeiro
grau. A melhor parte? Foi Lev quem
olhou o idiota nos olhos enquanto lia
seus direitos.
Assim que Clay finalizou a ligação
com Levi, pegou o envelope com
dinheiro sobre a mesa, junto com as
chaves do carro, e foi até sua
caminhonete. Levi, sendo o irmão
incrível que era, deu a ele o endereço da
propriedade Jamieson, em River Forest,
e Clay foi em frente, sem se importar se
estava dirigindo acima do limite de
velocidade. Ele arriscaria receber uma
multa por Samantha. Droga, ele
arriscaria qualquer coisa para estar com
ela.
Quando Clay chegou ao endereço,
encontrou seu primeiro obstáculo. A
casa era protegida por um portão maciço
que exigia que ele apertasse um
interfone e se anunciasse. Fazia sentido
que alguém tão rico e importante como
Conrad Jamieson tivesse um sistema de
segurança elaborado, e Clay
relutantemente deu seu nome à pessoa do
outro lado do aparelho e disse que
estava lá para ver Conrad. Depois que
Clay acertasse as coisas com o pai de
Samantha, iria direto até ela.
O interfone ficou em silêncio, e, cheio
de pavor, Clay esperou algum tipo de
resposta. Por um longo momento, pensou
que sua entrada seria negada, mas
finalmente aquelas enormes barras de
ferro se abriram para deixá-lo entrar. E
foi muito bom, porque Clay não se
opunha a escalar a cerca para conseguir
chegar até Samantha.
O percurso que levava à enorme casa
era longo, terminando em um caminho
circular em frente à mansão. Ele
estacionou a caminhonete e, com o
envelope na mão, saiu do veículo e
tocou a campainha. Segundos depois,
uma mulher de meia-idade vestida com
uma camisa branca e calça preta o
cumprimentou e educadamente pediu que
ele a seguisse até o escritório de
Conrad.
O velho obviamente estava esperando
por ele.
O interior da casa parecia um
palácio. Droga, era um palácio se
comparado com qualquer lugar que ele
já tenha vivido — chocantemente
ostentoso e uma vitrine óbvia para toda
a riqueza que Conrad tinha acumulado.
Aquele lugar não refletia em nada a
mulher que ele conhecera nas últimas
três semanas. Não, Samantha era doce e
despretensiosa, e ficava completamente
à vontade sem toda essa opulência e
grandeza.
Parecia que eles haviam caminhado
um quilômetro e meio antes que a
empregada finalmente parasse em frente
a um conjunto de portas duplas fechadas
e se virasse para ele com um sorriso.
— Senhor Jamieson o aguarda lá
dentro — ela disse, então o deixou
sozinho.
Ele colocou a mão na maçaneta de
ouro e exalou um suspiro profundo. Clay
achava que pelo menos ficaria
intimidado por conhecer o pai de
Samantha pela primeira vez,
especialmente nas atuais circunstâncias,
mas estava tão certo de seus sentimentos
pela filha do magnata, que qualquer
ansiedade ficou em segundo plano em
relação às suas intenções — se fosse
isso que Samantha também desejasse.
Porque ele percebeu que, apesar de toda
autoconfiança, os dois nunca haviam
conversado sobre estarem juntos além
do romance temporário que tinham
vivido.
Sim, porque você é um idiota de
primeira linha que se fechava sempre
que as coisas ficavam muito emotivas
entre vocês.
Tudo isso estava prestes a mudar.
Com os ombros para trás e a cabeça
erguida, ele abriu a porta e entrou em
outra sala ricamente decorada que
cheirava a couro e algum tipo de
especiaria exótica. O pai de Samantha
estava sentado atrás de uma mesa
enorme, em uma cadeira igualmente
imponente que — sem dúvida era uma
escolha deliberada — o fazia parecer
um rei sentado em seu trono.
Que a decapitação comece, Clay
pensou ironicamente enquanto
caminhava dava o restante dos passos
necessários até entrar no escritório.
Conrad se recostou na cadeira, de
uma forma aparentemente casual,
enquanto observava a abordagem de
Clay.
Clay não tinha medo do homem mais
velho, mas seria um mentiroso se não
admitisse que seria bom ter sua
aprovação. No entanto, obter a bênção
dos pais de Samantha não era um
requisito para abrir seu coração e dar a
ela a escolha de ficar com ele para
sempre.
Ele parou na frente da mesa.
— Senhor Jamieson — Clay disse
com um aceno de cabeça, determinado a
tratar o homem com respeito, apesar de
ele ter chantageado a filha para afastá-la
de Clay.
Ele então empurrou o envelope de
dinheiro pela superfície, bem ciente de
que o outro homem examinava cada
gesto seu.
— Embora aprecie o dinheiro que
você enviou para me ajudar, estou
devolvendo tudo. Eu não quero isso. Eu
não preciso disso. Na verdade, você
deveria saber que tenho alguns milhões
de dólares no banco, já que fez uma
verificação de antecedentes. Então por
que perder tempo com isso? — Clay fez
a pergunta que vinha girando em sua
cabeça desde que Harrison deixara o
bar.
— Por dois motivos, na verdade — o
homem mais velho disse em um tom
uniforme. — Um, funcionou para trazer
Samantha de volta para casa. E, dois, eu
queria saber que tipo de homem você
realmente é.
Então foi um tipo de teste? Clay se
controlou, lembrando-se de que testá-lo
era a maneira do homem de cuidar da
filha — por mais confuso que isso
pudesse ser.
— Para ser honesto com você, senhor,
estou um pouco puto por descobrir que o
dinheiro veio com um ultimato para
Samantha.
O canto da boca de Conrad se
contraiu com algo semelhante a diversão
antes que ele encolhesse os ombros, a
expressão mais uma vez neutra.
— Eu estava ficando cansado de
esperar minha filha recobrar o juízo e
voltar para casa.
— Então você a chantageou? — Clay
engoliu a amargura que ameaçava vir à
tona. — Você a forçou a desistir da vida
que ela queria para que pudesse usá-la
como algum tipo de garantia para o seu
negócio e casá-la com um homem que
ela não ama?
Uma faísca de raiva cintilou no olhar
de Conrad.
— Ela é minha filha, e eu quero o
melhor para ela.
— Então deixe-a tomar suas próprias
decisões.
Clay apoiou as mãos na borda da
mesa de Conrad e se inclinou para mais
perto, a impaciência vencendo a briga.
— Deixe que ela viva sua própria
vida.
Conrad franziu a testa para Clay.
— Isso é difícil para um homem como
eu fazer.
Um homem que desejava completo
controle sobre tudo e todos em seu
domínio.
Clay se endireitou novamente, ciente
de que estava lutando por Samantha e
pela vida que ela queria viver.
— Não se trata do que você quer.
Você não pode forçar uma mulher
vibrante e independente como Samantha
a ser alguém ou algo que ela não é e
esperar que seja feliz — afirmou,
embora se perguntasse se a felicidade de
Samantha tinha lugar nas necessidades e
planos de Conrad.
Encostando-se em sua cadeira, o
homem mais velho olhou Clay
especulativamente.
— E onde você acha que se encaixa
na vida da minha filha?
— Mesma resposta, senhor. Também
não é sobre o que eu quero. Mas eu sei
que farei tudo ao meu alcance para fazê-
la feliz.
— Felicidade no sentido assumido
por você é superestimado. — Conrad
ergueu uma sobrancelha. — Você sabe
que é o tipo errado para ela.
Clay sentiu como se o velho o
estivesse testando novamente, caso
contrário, o teria expulsado antes.
Embora ele não apreciasse os
obstáculos que tinha de vencer, este
homem, gostasse ou não, era o pai de
Samantha.
E Clay amava Samantha.
— Posso não ser um banqueiro ou
alguém do seu ciclo social, mas nunca
encontrei nada tão certo quanto estar
com Samantha.
— E você tem certeza de que ela
pensa da mesma maneira? — perguntou
Conrad.
Clay pensou em sua última noite
juntos e soube disso com absoluta
certeza.
— Sim, eu tenho.
— Deixe-me dizer uma coisa, filho
— disse Conrad, o tom
surpreendentemente calmo quando
encontrou o olhar de Clay. — Não gostei
do que li em seu relatório, e seu passado
deixa muito a desejar. Mas o homem que
você se tornou, apesar de onde você
veio, é o que me impressiona. — Ele
juntou os dedos e estudou Clay através
de um estreito, mas, ousaria dizer, olhar
de aprovação? — Admiro o fato de
você ter superado tantas adversidades,
de ter criado seus irmãos e de ajudar
pessoas menos afortunadas.
Clay engoliu em seco, muito chocado
pelo outro homem dirigir a ele tantos
elogios. E apesar de dizer a si mesmo
que o que as outras pessoas pensavam
não importava, Clay ficou surpreso ao
descobrir que o que o pai de Samantha
pensava dele importava. Pelo menos um
pouco.
Sentindo que Conrad não havia
terminado, Clay permaneceu em
silêncio.
— No final das contas, você cuidou
de Samantha, quando um homem inferior
teria se aproveitado dela, especialmente
depois de descobrir quem ela é e quanto
vale.
Clay balançou a cabeça, aborrecido.
— Nada disso importa para mim. —
Ele bateu o envelope na mesa,
reforçando seu ponto.
— Eu acredito em você. E isso é
exatamente o que eu esperava que você
fizesse.
Clay balançou a cabeça, sem estar
surpreso por estar certo. O dinheiro foi
um teste. Ele segurou a raiva,
lembrando-se que Conrad Jamieson
vivia em um mundo que Clay não
conseguia nem começar a imaginar.
— Se eu pudesse escolher, Samantha
se casaria com Harrison — disse
Conrad sem rodeios, sem amenizar seus
sentimentos. — Eu disse a mim mesmo
que o que ela tinha com você era apenas
um pequeno caso, e ela ficaria entediada
e cansada ao ficar sem recursos. Que ela
voltaria para casa, se acomodaria e
apreciaria o fato de que se casar com
Harrison proporcionaria a ela o estilo
de vida o qual estava acostumada, além
de manter a empresa na família.
Clay apertou a mandíbula, enojado
com a falta de fé do homem na
autoestima e independência da filha.
— Nem é preciso dizer que quando
ela me ligou e disse que precisava do
dinheiro, vi minha chance de garantir
que ela voltasse para casa, o lugar onde
ela pertence, e o abandonasse. —
Conrad exalou, o som repleto de
resignação. — Mas aqui está você,
devolvendo o dinheiro, o que me diz
muito sobre o seu caráter e ainda mais
sobre o que minha filha significa para
você.
Clay permaneceu no lugar, mas a
conversa estava demorando muito,
quando tudo o que queria fazer era ir até
Samantha.
Ainda assim, ele daria ao homem o
respeito que ele não merecia. Por mais
alguns minutos, no máximo, então iria
atrás de sua mulher.
— Se serve de consolo, cerca de uma
hora atrás, Samantha informou a mim e à
mãe que, apesar de nós termos lhe
ajudado, ela voltaria para você esta
noite. Minha filha está determinada a
estar com você, mesmo que tenha que
trabalhar todos os dias da sua vida para
nos pagar. — Ele balançou sua cabeça.
— Como se eu precisasse da droga do
dinheiro.
Clay não conseguiu evitar o sorriso
que apareceu em seus lábios. Sim, esse
era o seu Cupcake atrevido.
Conrad deu uma risada relutante
também.
— Ela é desafiadora e teimosa, e eu
realmente tentei dar a ela o melhor. Mas
o que estou começando a perceber é que
eu nunca poderia forçar Samantha a se
encaixar no molde para o qual a mãe e
eu a preparamos tão meticulosamente.
Não sem ela se ressentir mais conosco
do que já está agora.
— Ela é independente e orgulhosa.
Como você — Clay disse.
Conrad soltou um suspiro pesado.
— Deixá-la ir é uma das coisas mais
difíceis que já fizemos, mas não quero
perder minha única filha, e é o que
aconteceria se eu fizesse mais alguma
coisa para mantê-la longe de você.
Clay só podia imaginar como isso era
difícil para um homem como Conrad
admitir. Mas estava claro que ele
realmente amava a filha, e não iria
coagi-la a ficar e se casar com um
homem que não amava. Clay deu a ele
pontos por isso.
Então fez o que pôde para garantir
que Samantha sempre estaria em boas
mãos.
— Eu sei que não sou quem você
escolheria para ela, mas posso prometer
que farei tudo ao meu alcance para dar a
Samantha uma vida boa. Para protegê-la
e respeitá-la e ser o tipo de homem que
merece uma mulher tão especial quanto
ela.
— Já que não tenho escolha no
assunto, é com isso que estou contando
— disse Conrad rispidamente.
— Eu amo sua filha — disse Clay,
apenas no caso de seus sentimentos
importarem. Eram palavras que ele
nunca tinha falado para outra mulher
antes, e percebeu nesse momento que
havia esperado toda a sua vida pela
mulher certa. Por Samantha.
Clay ouviu um leve suspiro atrás
dele, se virou e encontrou Samantha
parada na porta, os olhos arregalados e
brilhantes de umidade enquanto o
olhava, surpresa. Seu coração bateu
dolorosamente forte no peito. Ela era
muito bonita, e nada mais no mundo
importava, exceto torná-la sua.
— Você falou sério? — ela
perguntou, a voz tremendo de emoção.
Clay engoliu a emoção que travava
sua garganta e sorriu. Sim, ele a amava
completamente.
— Cupcake, você já deveria saber
que sempre falo sério. Eu te amo, mais
do que pensei que poderia amar outra
pessoa. E eu não quero viver outro dia
sem você. Nunca.
Incapaz de suportar a distância entre
os dois, Clay avançou até ela ao mesmo
tempo em que Samantha corria em sua
direção. Quando ela o alcançou, pulou
em seu colo, prendendo os braços ao
redor de seu pescoço e passou as pernas
em sua cintura. Clay riu de seu
entusiasmo e ancorou os braços sob sua
bunda enquanto enterrava o rosto em seu
pescoço, a abraçando com força.
— Eu te amo muito, Clay. — Ela
agarrou seu rosto e olhou em seus olhos.
— De jeito nenhum eu ficaria longe de
você.
— Eu também — disse ele com
seriedade.
O pai pigarreou, e Samantha
surpreendeu Clay com uma risada.
— Acostume-se com isso, papai. —
Sorrindo, ela acariciou as bochechas de
Clay, o olhar de repente cheio de
arrependimento. — No momento em que
cheguei em casa, percebi o grande erro
que cometi. Eu sinto muito.
— Apenas não me deixe mais.
— Nunca — Samantha prometeu,
então disse as palavras que Clay queria
ouvir. — Me leve para casa.

Assim que chegaram ao Kincaid’s,


Clay tirou Samantha de sua caminhonete
e a colocou em cima do ombro, como
um homem das cavernas reivindicando
sua mulher. E era exatamente assim que
Clay se sentia, e reivindicá-la era
definitivamente o primeiro item da lista.
Pendurada de cabeça para baixo, com
os braços de Clay em volta dos joelhos,
para mantê-la no lugar, Samantha riu
enquanto ele a carregava pelo
estacionamento e subia as escadas dos
fundos até seu apartamento.
No momento em que ele passou pela
soleira e fechou a porta, Clay deu um
tapa na bunda de Samantha sobre o
vestidinho bonito que ela estava usando,
e ela resfolegou de susto.
— Aiii! — ela protestou enquanto se
contorcia em seu ombro. — O que eu
fiz?
— Isso foi por não me dizer o motivo
de estar me deixando. — Ele deu mais
um tapa, mais leve desta vez. — E isso
foi por não me contar que você
planejava pedir a seu pai o dinheiro
para me livrar dos problemas — disse
enquanto seguia o caminho do quarto.
— Mas você precisava — ela
insistiu. — Para dar a Wyatt.
Clay a jogou na cama, deitada de
costas. Ele montou em suas coxas,
Samantha o observava com um olhar
suave e quente de desejo nos olhos. Mas
Clay se recusou a se distrair até que eles
acertassem alguns pontos.
— Vamos esclarecer uma coisa muito
importante agora — disse ele,
colocando as mãos ao lado da cabeça
dela, para que ficassem cara a cara. —
Não preciso do seu dinheiro, do
dinheiro dos seus pais ou de qualquer
outra pessoa. Tenho alguns milhões em
uma conta de investimentos que herdei
de Jerry junto com este bar.
Os olhos azuis-escuros de Samantha
se arregalaram de choque.
— Mas você disse a Wyatt que não
tinha dinheiro!
— É claro que eu disse isso a ele —
disse Clay e revirou os olhos. — Eu não
ia apenas dar o dinheiro a ele.
A expressão de Samantha de repente
ficou séria, e ela pressionou as mãos no
peito de Clay.
— Você deu o que ele queria então?
— Não. — Clay resumiu a história,
porque a conversa estava acabando com
o clima, e ele estava morrendo de
vontade de entrar nela. — Levi fez
algumas pesquisas e descobriu que
havia um mandado de prisão para Wyatt.
Eles o levaram sob custódia esta tarde e
o acusaram de homicídio em primeiro
grau. Ele ficará preso para o resto da
vida.
Samantha soltou um suspiro de alívio.
— Graças a Deus. Eu não conseguia
suportar a ideia de que algo pudesse
acontecer a você.
Clay sorriu maliciosamente enquanto
estendia a mão até a bainha do vestido e
puxava-o para cima.
— Nada vai acontecer comigo,
Cupcake… Exceto um pouco de sexo
quente e indecente.
Ele a tocou entre as coxas, deslizando
a mão sobre sua carne úmida, e isso foi
tudo o que Samantha precisou para sua
conversa se transformar em deliciosos
gemidos de prazer. Do tipo que ela
pretendia se cercar pelo restante da
vida.
Epílogo

Seis meses depois…


Samantha terminou seu turno da tarde
no Adeline’s um pouco mais cedo, a
emoção e os nervos fervilhando
enquanto entrava no lindo MINI Cooper
que Clay comprara para ela. Ela fora até
a Inked planejando fazer algo selvagem,
louco e travesso. Algo que deixaria Clay
maluco, no bom sentido.
Ela entrou na loja de tatuagem e
encontrou Katrina na recepção.
— Você tem certeza de que vai querer
fazer isso? — a amiga perguntou antes
de mostrar a Samantha o desenho que
havia criado. — Uma vez feito, é
permanente, a menos que você queira
passar por dolorosos tratamentos de
remoção a laser.
Assim que viu a pequena imagem
desenhada à mão, Samantha se sentiu
tonta de excitação.
— Tenho certeza. Há meses desejo
fazer isso. — Sua primeira tatuagem, e
seria uma surpresa para Clay.
— Você se tornou uma menina tão
má… — Katrina brincou.
— Eu sei — Samantha disse com uma
risada despreocupada. — Eu amo ser
má.
Katrina sorriu.
— Venha, vamos até ao espaço do
Mason pra gente começar.
Quando Katrina chegou na área
privada, bateu na divisória para chamar
a atenção dele antes de entrar.
— Sua próxima cliente está aqui.
Mason olhou para cima, o choque
transformando seus traços escuros e
lindos quando o olhar pousou sobre
Samantha.
— Que diabos…?
Samantha ergueu uma sobrancelha
para Katrina.
— Você não disse a ele que seria eu?
Ela balançou a cabeça e sorriu.
— Ele teria negado. O elemento
surpresa é muito melhor.
Mason franziu a testa para as duas
antes de lançar um olhar severo para
Samantha.
— Eu não vou tocar em você. Você é
uma virgem, caralho.
Samantha desabotoou o casaco rosa-
claro de confeiteira-chefe e pendurou-o
em um cabideiro próximo, ficando
apenas com uma blusa esvoaçante.
— Acredite em mim, depois de estar
com seu irmão por seis meses, eu não
sou virgem de nada, então não se
preocupe — disse ela, brincando.
— Eca! — Mason se encolheu. — Eu
não preciso saber da vida sexual
obscena e pervertida do meu irmão.
— Por que não? — Samantha
respondeu em um tom alegre. — Já
fomos expostos à sua com frequência.
— Que seja… — ele murmurou,
embora não negasse a verdade a
respeito dos seus modos de galinha. —
Clay sabe?
Samantha balançou a cabeça.
— É uma surpresa.
Mason murmurou uma maldição.
— Ele vai chutar a minha bunda.
— Não é problema meu — Samantha
disse docemente, esperando que alguém
lhe dissesse o que ela precisava fazer
para começar a festa. Mas Mason estava
sentado em seu banquinho, ainda não
parecendo nem um pouco satisfeito com
a situação.
Katrina suspirou impaciente para
Mason.
— Já que de repente você parece ter
um problema com virgens, você prefere
que Cain faça essa tatuagem? Ela
escolheu colocar logo abaixo da linha
do biquíni.
— De jeito nenhum. Ninguém mais
vai fazer isso nela, exceto eu — Mason
rosnou, irritado, enquanto pegava o
pequeno transfer com o desenho que
Katrina tinha criado. — Deite-se antes
que eu mude de ideia.
Samantha reclinou-se na mesa de
couro acolchoada enquanto Mason
preparava a estação. Já que ela queria a
imagem perto do quadril, mas abaixo do
cós da calcinha, teve de levantar a blusa
alguns centímetros, desabotoar a calça e
puxá-la um pouco para baixo também.
Mason a ajudou, usando de um toque
profissional, enquanto a ajudava a se
manter decente. Depois de lavar as mãos
e colocar as luvas esterilizadas, limpou
a área com um jato de álcool e, em
seguida, esfregou um pouco de gel que
ajudava o papel a aderir à pele de
Samantha. Ele colocou a imagem, deu a
Samantha um espelho para confirmar a
posição e destampou algumas tintas de
cores brilhantes.
— Meu irmão vai cortar minhas bolas
por tocar em você, ainda mais por tatuar
seu corpo — Mason murmurou.
— Deixa que eu cuido do Clay — ela
disse, sabendo que ele iria adorar a
tatuagem assim que a visse.
Mason olhou para Samantha enquanto
pegava sua máquina, o olhar
encontrando o dela.
— Ele está muito feliz, sabe? —
disse ele, repentinamente sério, uma
pitada de gratidão nos olhos. — Mais
feliz do que nunca. Por sua causa.
Samantha sorriu.
— Fico contente com isso. Ele
também me faz feliz. — Isso foi um
eufemismo. Clay a fazia se sentir inteira
e completa. Ele enriqueceu sua vida de
muitas maneiras, fazendo-a se sentir
amada, protegida e sexy. — Todos os
dias.
Mason franziu a testa enquanto
voltava sua atenção para o desenho,
claramente hesitante em marcar a pele
virgem. Depois de um momento, ele
colocou as mãos no abdômen de
Samantha e posicionou a agulha logo
acima do desenho.
— Ok, feche os olhos, tente relaxar e
apenas respire fundo se sentir dor. É um
desenho pequeno, então não deve
demorar muito.
O zumbido repentino da máquina de
tatuagem a assustou, e quando a agulha
tocou sua pele, ela quis gritar com a
sensação intensa de raspagem fazendo
sua carne queimar como fogo. Puta
merda, como as pessoas conseguem
fazer mais de uma? Ainda mais cobrir o
corpo, como Katrina, com o braço cheio
de borboletas coloridas? Samantha
rezou para sobreviver à primeira!
Mason deu uma risadinha.
— Não tem volta agora, querida.
Continue respirando e pense em coisas
felizes.
E foi isso que Samantha fez. Ela
inspirou e expirou, lenta e
profundamente, e deixou a mente vagar,
o que geralmente a levava a dois lugares
— pensamentos sobre Clay ou sobre
algum tipo de doce novo que ela
gostaria de fazer. Essas eram as duas
coisas mais importantes em sua vida, e
Samantha nunca desejou ter uma sem a
outra.
Desde o dia em que Clay fora à casa
de seus pais e a trouxera de volta, sua
vida se tornou divertida, emocionante e
tudo o que ela sonhou. Adeline a
contratou logo após a entrevista, e
embora ela incialmente tenha começado
como apenas uma auxiliar, nos últimos
meses provou seu valor e foi promovida
a chefe de confeitaria. Samantha fazia
todos os tipos de sobremesas para
empresas e serviços de bufê, enquanto
também cuidava da confeitaria, que
vendia os produtos ao público em geral.
Sua carreira, junto com sua vida com
Clay, e estar com ele todos os dias e
noites, era muito perfeita.
Ela ainda estava tentando acertar o
relacionamento com os pais. Mesmo que
eles relutantemente tenham aceitado sua
decisão de ficar com Clay, demorou um
pouco para que a tensão entre eles
diminuísse a ponto de finalmente se
sentirem confortáveis juntos novamente.
Samantha e Clay tinham ido para a
casa deles para um brunch em alguns
domingos, e ela percebeu que o pai
estava gradualmente começando a gostar
de Clay. Na última visita, o pai
perguntou brincando a Clay como ele se
sentia em relação a trabalhar no mundo
corporativo, ao que Clay respondeu com
um sincero “nem ferrando”, deixando
bem claro que não tinha nenhum
interesse na empresa de investimentos.
Samantha tinha acabado de se
acostumar com a dor da agulha — ou
isso ou a pele tinha ficado dormente —,
quando Mason desligou a máquina e
anunciou que tinha terminado. Ele deu a
ela o espelho de mão para verificar sua
nova tatuagem.
Samantha sorriu quando viu o ótimo
trabalho que Mason havia feito. Parecia
exatamente com um cupcake, com um
redemoinho de glacê rosa e fofo e
granulado de coração multicolorido no
topo. Na parte inferior havia uma
pequena faixa que dizia “A vida é doce”
em uma bela letra cursiva.
Ela mal podia esperar para mostrar a
Clay, e sabia o que aconteceria quando
ele visse sua tatuagem: ela ficaria nua e
se divertiria muito, de um jeito sexy.
Samantha estava contando com isso.
Mason passou pomada em sua pele e
cobriu o novo desenho com um pedaço
de plástico filme para protegê-lo pelas
primeiras vinte e quatro horas. Ele deu a
ela um folheto de instruções sobre
cuidados posteriores, e depois de
mostrar sua nova tatuagem para Katrina,
Samantha voltou para casa.
Quando ela chegou ao apartamento,
Clay estava na cozinha pegando algo
para beber, esperando que Samantha
voltasse do trabalho, do jeito que fazia
todos os dias — em vez de passar todo
o tempo no bar. Explodindo de
entusiasmo por seu pequeno segredo, ela
se aproximou dele e, sem hesitar, o
beijou quente e profundamente.
Samantha gemeu de puro
contentamento quando ele tomou as
rédeas, enredando sua língua com a
dela, a boca faminta, gananciosa. Ela
nunca cansaria de Clay. Nunca. Ela se
moveu contra ele, e com um grunhido
profundo, ele passou um braço em suas
costas e a puxou com tanta força, que
Samantha podia sentir cada músculo
rígido, incluindo o que estava
engrossando em suas calças. Ahhh, sim.
Ele terminou o beijo e enterrou o
rosto contra o pescoço dela, inalando
seu perfume e lambendo seu pescoço.
— Você chega em casa todos os dias
do trabalho com cheiro de um delicioso
cupcake — ele disse enquanto deslizava
as mãos para baixo do vestido para
cobrir a extensão da bunda e apertar
cada lado. — Eu quero te chupar e
depois te comer até desmaiar.
Ela riu, soltando um som rouco e cem
por cento excitado.
— Sim, por favor.
No instante seguinte, Samantha foi
puxada para os braços de Clay enquanto
ele a carregava para o quarto,
segurando-a como se ela fosse leve
como uma pena, o que Samantha sabia
que não era.
Ela sorriu para ele.
— Eu tenho uma surpresa para você.
— Sério? — Ele parecia interessado,
mas uma vez que a mente de Clay estava
voltada para sexo, era difícil detê-lo. —
Isso pode esperar até que eu termine de
comer meu cupcake?
Clay a deixou na cama e não esperou
por uma resposta enquanto tirava a blusa
— que convenientemente vinha com um
sutiã embutido; em seguida, tirou seus
sapatos e meias e ajudou Samantha a
tirar as calças. Quando ele chegou à
calcinha, finalmente viu a borda do
plástico protegendo a nova tatuagem.
Seu olhar voou até o dela.
— Puta merda. Você fez uma
tatuagem.
— Uma de verdade — ela brincou,
apenas no caso de Clay pensar que era
um daqueles desenhos temporários.
Com uma expressão preocupada, ele
desceu o cós da calcinha até ver o
desenho.
— Surpresa — Samantha disse de
forma travessa. — Um cupcake. Apenas
para você.
Um sorriso enorme se espalhou por
seu rosto, que era exatamente o que ela
queria ver. Mas não durou muito, logo
suas sobrancelhas franziram de repente.
— Quem fez a tatuagem?
Ela mordeu o lábio inferior.
— Hm, Mason.
— Aqui? — perguntou, incrédulo. —
Bem perto de sua…
Rindo, Samantha cobriu a boca de
Clay com a mão antes que ele pudesse
dizer a palavra “boceta”, mas ele a
afastou
— Eu vou matar ele, porra — rosnou.
Samantha revirou os olhos.
— Acredite em mim, ele não queria
fazer, estava com medo que você fosse
cortar as bolas dele — disse com uma
risada. — Você preferia que algum cara
estranho tivesse feito o trabalho?
— Não — disse Clay, carrancudo,
gradualmente cedendo e voltando com o
olhar lascivo quando puxou a calcinha e
rapidamente tirou suas próprias roupas.
— Vamos te deixar por cima para que eu
não esmague seu cupcake — disse
enquanto se movia na cama. Ele se
esticou de costas, em seguida puxou
Samantha para cima de seu corpo, de
forma que ela ficou montada em seus
quadris, seu membro equilibrado bem
entre as pernas dela.
Não havia mais necessidade de
camisinha. Eles eram monogâmicos, ela
estava tomando pílula, e ambos fizeram
exames médicos. Ele esfregou a ponta
do pênis pelas dobras já molhadas e
escorregadias, então empurrou a cabeça
para dentro. Agarrando a cintura de
Samantha com as mãos, ele a puxou para
baixo ao mesmo tempo que a penetrava.
Samantha engasgou, o corpo
estremecendo enquanto Clay a enchia. E
então ela olhou para ele, presa em seu
olhar quente, e começou a se mover.
Apoiando as mãos no abdômen, ela o
montou, lenta e profundamente.
Não demorou muito para que eles
atingissem o clímax juntos, e quando os
dois estavam exaustos, Samantha
desabou em cima de Clay até que
pudesse respirar normalmente de novo.
Ele acariciou seu cabelo e suas costas.
Samantha estava muito contente para
sair de cima de Clay.
— Eu também tenho uma surpresa
para você — disse ele depois de um
tempo.
— Verdade? — Ela ergueu a cabeça
para que pudesse olhar para o rosto
dele. — O que é? Você também fez uma
tatuagem? Uma que diz “Saint Clay”?
— ela brincou.
— Espertinha. — Clay bateu em seu
traseiro nu, fazendo-a gritar, mas os dois
estavam sorrindo e relaxados. — Eu
entrei em contato com um corretor de
imóveis. Acho que é hora de
procurarmos uma casa de verdade para
morar.
Samantha piscou, surpresa.
— Eu gosto de morar aqui.
— Eu sei que você gosta — ele disse
suavemente enquanto colocava uma
mecha de cabelo atrás da orelha dela. —
Mas pretendo me casar com você, e este
lugar não nos dá muito espaço para
crescer.
O coração acelerou, e ela engoliu em
seco.
— Você está me pedindo em
casamento?
— Sim, acho que estou — disse ele, a
voz rouca de emoção e os olhos
piscando com antecipação enquanto as
mãos suavemente emolduravam o rosto
de Samantha. — Você quer se casar
comigo, Cupcake? Eu não quero viver
um único dia sem você. Você mudou
minha vida e me tornou um homem
melhor. E o mais importante, eu te amo e
preciso saber que você é minha. Para
sempre.
Lágrimas de pura alegria encheram os
olhos dela. Este homem incrível tinha
ido muito longe desde a noite em que se
conheceram, mas o que ele não percebeu
é que mudou a vida dela também. Eles
eram bons juntos e bons um para o outro.
Samantha concordou com a cabeça
muito ansiosamente, sem se importar.
— Sim, eu aceito me casar com você.
O mais rápido possível.
Ele riu, parecendo feliz e satisfeito.
— O que você acha de um pequeno
casamento em Las Vegas?
Os pais dela iriam querer uma
cerimônia formal, com uma grande
recepção, mas Samantha nunca
submeteria Clay a isso. Ela não queria
ou precisava de toda essa pompa
também, então a decisão era simples.
— Eu acho que um casamento em Las
Vegas parece perfeito — ela murmurou.
Clay gemeu de contentamento, então a
tirou de cima dele e olhou para a nova
tatuagem, tomando cuidado para não
remover o plástico.
— Mal posso esperar para tocar,
lamber e passar a língua sobre o glacê
— ele murmurou perversamente.
PASSIONFLIX PRESENTS “DIRTY SEXY
SAINT”
BASED ON THE BOOK BY CARLY PHILLIPS &
ERIKA WILDE
JORDAN LANE PRICE DAVID
GREGORY
CASTING BY LINDSAY CHAG
CSA MUSIC
BY BEN COLLIER EDITED BY
MARGIE GOODSPEED
DIRECTOR OF PHOTOGRAPHY DENIS
MALONEY ASC
TOSCA MUSK
EXECUTIVE PRODUCERS
CARLY PHILLIPS ERIKA WILDE
PRODUCED BY MICHAEL BUTTIGLIERI
WRITTEN BY JOANY KANE

DIRECTED BY TOSCA MUSK


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