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Ensinamento a ser extraído da crise: o MERCADO não é todo-poderoso e não pode regular a
sociedade.
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TERMINOLOGIAS E DENOMINAÇÕES DAS ATIVIDADES DA ORGANIZAÇÃO
DA CULTURA
Leonardo Costa
"A sociedade pode existir apenas se cada um dos seus membros tiver consciência de uma
relação dialética necessária entre a sua própria existência e a existência da comunidade: é o
sentido da mediação que constitui as formas culturais de pertença e de sociabilidade dando-
lhes uma linguagem e dando-lhes as formas e os usos pelos quais os atores da sociabilidade
apropriam-se dos objetos constitutivos da cultura que funda simbolicamente as estruturas
políticas e institucionais do contrato social. [...] É no espaço público que são levadas a efeito as
formas de mediação, que se trata do lugar no qual é possível tal dialetização das formas
coletivas e as representações singulares. O espaço público é por definição, o lugar da mediação
cultural.” (LAMIZET, 1999, P. 9).
A França teve o primeiro Ministério do mundo voltado para a cultura. Mesmo assim, a área da
organização da cultura francesa é bastante heterogênea.
MEDIAÇÃO - tornar uma obra acessível a um público.
O que vemos, nas profissões ligadas à cultura é a falta de formação de um corpo profissional
propriamente dito.
"A gestão da cultura é a resposta contemporânea ao espaço cada vez mais amplo e
complexo que a cultura ocupa na sociedade atual"
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ALGUMAS NOTAS SOBRE COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E
SERVIÇOS CULTURAIS
Paulo Miguez
O lugar de destaque da cultura é uma marca da contemporaneidade. A cultura transborda
seu campo específico e alcança outros campos da vida social, a exemplo dos campos político e
econômico. A cultura perpassa transversalmente todas as outras esferas societárias, como
figura quase onipresente: da cultura organizacional até a nova economia de Tecnologias de
Informação e Comunicação.
Economia da cultura - nos EUA, as indústrias de copyright representam 11% do PIB norte-
americano.
Defende-se que nesse novo século, o mundo não se constituirá em torno do geopolítico ou do
geoeconômico, mas do geocultural.
Segundo dados da UNESCO, a cultura movimenta US$ 1,3 trilhão - esse número, per se, já
justificaria o deslocamento da cultura do repertório das low politics para a seleta e restrita
agenda de temas que, considerados vitais para os Estados, como defesa e segurança, política
exterior e comércio internacional, conformam as chamadas high politics.
O cinema é o carro chefe dos embates e debates suscitados na cena internacional.
A Europa liderava a produção cinematográfica até a Segunda Guerra Mundial, após a qual é
substituída pelos EUA --> cotas para importação de filme são estabelecidas na França,
Inglaterra, Alemanha, Canadá. Através do PLANO MARSHALL os EUA impõem o abrandamento
das cotas.
Diferentemente da OMC, a Convenção da UNESCO não tem poderes para aplicar sanções em
caso de descumprimento do que se estabelece em seu texto.
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POLÍTICAS CULTURAIS: INDICADORES E INFORMAÇÕES COMO
FERRAMENTAS DE GESTÃO PÚBLICA
Lia Calabre
A criação do Ministério da Cultura em 1985 não resultou em elaboração ou consolidação de
políticas pública para a área. Esse movimento ganha um pouco de força no Ministério Gilberto
Gil, em 2003 (caráter democrático e participativo).
Após a IIGM percebe-se a política cultural como uma globalidade, uma concepção que articula
ações isoladas. É mais do que a simples soma das políticas setoriais relacionadas à arte,
educação artística, etc. --> institucionalização da cultura.
2004 - assinatura de Convênio entre MinC/IBGE para estudos no campo cultural. Diagnóstico -
-> política pública ---> avaliação.
Desafio: criar indicadores culturais que subsidiem a elaboração de políticas públicas. Produzir
ferramentas/instrumentos de avaliação; projetos e ações. A construção de indicadores é
complexa quando se passa a trabalhar com um conceito AMPLO de cultura - conjunto de
saberes e fazeres, diálogos múltiplos, etc.: os indicadores podem ser de caráter setorial
(música, teatro, dança, museu, circo, livro, etc.) ou de caráter transversal (emprego, empresas,
gastos culturais, propriedade intelectual, comércio exterior), etc.
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INDICADORES SOCIAIS PARA GESTÃO LOCAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE
CULTURA
Maurício Siqueira
Ocorre que com o surgimento de indicadores de segunda geração, como o idh, foi possível
trazer para a discussão entre os agentes públicos e privados preocupados com o
desenvolvimento toda uma série de conceitos de viés economicista e mecânico. Houve, de
fato, um avanço com a opção pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(pnud) de um entendimento de desenvolvimento humano que diverge diretamente das
chamadas teorias do capital humano, ou seja, no pnud ressalta-se que as pessoas não são
meios de produção, mas sim objetivos finais do desenvolvimento. Além disso, o pnud
acertadamente entende os indivíduos como coparticipantes, como sujeitos, do
desenvolvimento e não meros beneficiários. (guimarães; jannuzzi, 2004) A esse respeito,
é importante ressaltar que conceitos tais como capital humano e capital cultural expressam as
formas fetichizadas da contabilidade de uma sociedade onde o capital é hegemônico, cabendo
antes no repertório de um banco, mas não em uma política pública comprometida com o
desenvolvimento sustentável.
Exceção cultural (OMC) ---> diversidade cultural (UNESCO): articula diversidade, direitos
humanos e desenvolvimento (debate além do mercado). Os bens e serviços culturais não são
simples mercadorias, senão portadores de valor e de sentido. p. 92
Não existe um "cultômetro" para que as sociedade meçam quão cultas são. Cultura não se
mede. Medir consumo não significa medir cultura.
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A POLÍTICA CULTURAL SEGUNDO CELSO FURTADO
Alexandre Barbalho
Desenvolvimento e Cultura
• Renovação da agenda do desenvolvimento.
• Desenvolvimento, para Furtado, não se limita ao aspecto econômico - totalidade
sistêmica composta pelos elementos que compõem a cultura de uma sociedade.
• O conceito de cultura, para Furtado, não se restringe às artes (pensamento próprio das
elites), mas se aproxima dos conceitos da Sociologia e da Antropologia
• CULTURA: a forma como cada sociedade se organiza simbolicamente - dimensão
totalizador e sistêmica.
• Esse sistema é dividido em 3 âmbitos:
• Material: aspectos econômicos (progresso técnico, acumulação de capital) -
favorece o desenvolvimento do sistema cultural e cria tensões
• Não-material: sociopolítio (ideias, valores, ações dos agentes, com destaque
para o papel impulsionador do Estado)
• Não-material, mas além do sóciopolítico (inclui os mais altos fins da existência
humana, gerador de fortes atitudes criativas)
À época, era difícil diferenciar o que era cultura e o que era propaganda estadonovista.
A preocupação do movimento de 30 com o nacionalismo foi retomada pelo regime militar -->
outra perspectiva: mercado de bens simbólicos unificados e de uma nação integrada cultural e
politicamente (segurança nacional) - democratizar a cultura significava CONSUMIR BENS
CULTURAIS.
1975 - Governo Geisel - Política Nacional de Cultura (PNC), no âmbito do II PND (1974-1976):
princípios norteadores de uma política cultural
Eram fortes os vínculos entre cultura e Estado, cultura e segurança nacional, cultura e
desenvolvimento nacional, cultura e integração nacional.
1986 - Lei Sarney (Lei de incentivos) - modelo anglo-saxão (pareceu uma coisa positiva no
período pós-Ditadura Militar). Furtado a considerava positiva, pois incitava a sociedade a
buscar recursos em vez de esperar tudo do Estado. Furtado não vê as leis de incentivo como
política neoliberal ou enfraquecimento do Estado (como ocorreu com as Leis Rouanet ou Lei
do Audiovisual)
Para Furtado, o objetivo de uma política cultural deveria ser o de liberar as forças criativas da
sociedade.
Para Boaventura de Sousa Santos (2005, p. 241), no capitalismo há uma “[...] hipertrofia do
princípio do mercado em detrimento do princípio do Estado e com o ‘esquecimento’ total do
princípio da comunidade”.
Marilena Chauí (1995, p. 81) ressalta a necessidade de alargar o conceito de cultura, tomando-
o no sentido de invenção coletiva de símbolos, valores, ideias e comportamentos, “[...] de
modo a afirmar que todos os indivíduos e grupos são seres e sujeitos culturais”.