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Resumo
Pontos trazidos por Rui Matoso:
• Não há pleno desenvolvimento local sem uma plena cidadania cultural. Neste aspeto são
imprescindíveis os trabalhos do economista Amartya Sen no âmbito do desenvolvimento
humano e na concepção de uma ideia de desenvolvimento como liberdade, emancipação e
empoderamento dos cidadãos e das comunidades.
Uso o termo “Municipalismo Cultural” com uma perspetiva crítica e histórica do municipalismo
português que evidencia a governação absolutista protagonizada pelos “césares locais” :
Mais próximo da atualidade, Boaventura de Sousa Santos, questiona o pós 25 de Abril como época
em que as autarquias locais foram investidas das mais ambiciosas expectativas democráticas:
“Esperava-se que, ao nível das autarquias, o exercício do poder político fosse mais próximo dos
cidadãos e mais participado por estes, constituindo assim um cadinho de vivências democráticas
fortes onde se geraria uma cultura política de cidadania ativa capaz de neutralizar a cultura de
submissão e de autoritarismo prevalecente até então no país (…). Ao centralismo da administração
central acabou por corresponder o centralismo da administração local, o chamado “cesarismo local”.
Daí o paradoxo do poder local no nosso país: presidentes de câmara fortes coexistem com um poder
local fraco.”.
Quanto ao termo “municipalização da cultura”, associado à “descentralização”, entendo-o de modo
benéfico (contrariamente ao que acontece por exemplo no sector da Educação – greve dos
professores). A vitalidade cultural é interdependente de um meio criativo local, ancorado no território,
onde o direito à cultura se entrelaça com o direito à cidade.
• Este quadro legal e conceptual é hoje partilhado pelas mais relevantes instâncias
democráticas:
Começando pela Acesso Cultura e pela sua incansável e inevitável campanha em prol da
amplificação dos direitos culturais e da cidadania cultural.
No Reino Unido, o Arts Council tem vindo insistentemente a dirigir a sua atividade para a
Democracia Cultural enquanto direito à criação que nas suas palavras significa “todo um
mundo de oportunidades de criação.. É quando as pessoas têm a liberdade social
substantiva para construir as suas próprias versões da cultura»… Objetivando impulsionar a
CRIATIVIDADE ARTÍSTICA E CULTURAL NO QUOTIDIANO.
O que fazer?
É necessária uma nova e radical imaginação social que concretize o mais elementar dos direitos
humanos e culturais, sintetizado pelo artista JOSEPH BEUYS na década de 1970: “Todo ser humano
é um artista, um ser livre, chamado a participar na transformação e na remodelação das condições,
nas mentalidades e nas estruturas que moldam e informam as nossas vidas.”