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Apresentação
Nesta aula, veremos o cenário do mercado cultural no Brasil.
Vamos re etir sobre a importância da visão social, política e econômica deste cenário. Esclarecer como se estabelece o
caminho da transformação de um bem cultural e simbólico em um produto de mercado. E, ainda, como a cultura está
situada no cenário de evolução da economia criativa no Brasil.
Objetivo
De nir o conceito de produto cultural;
(Fonte: Shutterstock)
É importante ressaltar que o mercado de bens culturais no Brasil está muito relacionado com o nível de renda da população.
A classe alta e média alta respondem por mais da metade dos gastos em bens culturais, já as classes menos favorecidas
concentram suas despesas na aquisição de aparelhos eletrônicos, principalmente os televisores e celulares, ou seja, no setor
audiovisual. No grá co abaixo podemos aferir que 42% da população não consomem produtos culturais.
Relatório “Panorama Setorial da Cultura Brasileira” idealizado pela pesquisadora Gisele Jordão, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda em Marketing) em São
Paulo e coordenado por ela e Renata Alluci, produtora cultural, 2011-2012.
De acordo com outra pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro, na Suécia, o segmento cultural representava cerca de
6% do PIB, enquanto no Brasil não chegava a 1%. Embora aqui o investimento público e privado nessa área ainda seja ín mo,
a pesquisa apontava que cada milhão de reais gasto no setor criava 220 postos de trabalho diretos ou indiretos.
Sendo assim, este setor e seu mercado de trabalho têm enorme potencial de criação: de produtos culturais mais so sticados
e mensuráveis:
de impulsionamento da economia;
de tangibilizar e criar valor para bens/produtos culturais dentro do mercado de economia criativa.
Para seguirmos, precisamos entender melhor qual o caminho da transformação de um bem cultural e simbólico para um
produto de mercado. O caminho do valor simbólico da tradição cultural de uma comunidade, frente às regras impostas pelo
mercado de consumo de produtos culturais.
a globalização;
a lógica de mercado.
Leitura
O livro A Mundialização da Cultura, de Jean-Pierre Warnier, re ete a globalização dos mercados da cultura e traz questões que
nos obrigam a pensar na relação entre; o local e o mundial, as culturas e a indústria, o passado e a inovação industrial.
Em tempos globalizados, de mundialização da cultura e impactos de novas mídias e inovações tecnológicas constantes, os
símbolos e as tradições de uma cultura são base para re exão e visão de reposicionamento na economia vigente.
Comentário
A partir dos anos 90, as várias mídias de produção de suportes foram integradas às novas tecnologias.
Saiba mais
Originalmente, a palavra cultura deriva do termo em latin: colere, que quer dizer “cultivar as plantas” ou “ato de plantar e
desenvolver atividades agrícolas”. Com o passar do tempo, foi feita uma analogia entre o cuidado na construção e
tratamento do plantio, com o desenvolvimento das capacidades intelectuais e educacionais das pessoas.
Segundo Clifford Geerttz em seu livro “A interpretação da Cultura” de 1989: p.15. “O homem é um animal que
consegue fabricar ferramentas, falar e criar símbolos. Só o homem ri; só ele sabe que um dia morrerá; só ele tem
aversão a copular com a mãe ou a irmã; só ele consegue imaginar outros mundos onde habitar. Considera-se que o
homem possui, não só inteligência, como também consciência; não só necessidades, como também valores; não só
passado, como também história. Só ele possui cultura.”.
Ao longo da vida o ser humano procura explicar e dar sentido às coisas. Um pedaço de madeira pode, por exemplo,
ter um signi cado e torna-se um banco para alguns. Para outros, pode ser um enfeite. Essa possibilidade de atribuir
signi cados ao mundo e aos objetos, de dar nome a si e aos que estão em volta, permite aos humanos não só se
adaptar ao meio em que vivem, mas também adaptar seu meio a si.
Ao tentar de nir cultura, podemos dizer que é a consciência de que o desenvolvimento da humanidade está marcado
por con itos, por modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los,
de conceber a realidade e expressá-la. As transformações por que passam as culturas são impulsionadas por suas
forças internas, fruto destes contatos e con itos.
Com isso, quando falamos sobre cultura temos que ter em mente a humanidade em toda a sua multiplicidade e
formas de existência. As realidades dos agrupamentos humanos, as características que os diferenciam e os unem e
a cultura que as expressa são organismos complexos. Deste modo, a cultura diz respeito à humanidade como um
todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações e sociedades.
A partir de 1900, começamos a olhar para a cultura e re etir de forma aprofundada o comportamento social e nossa
convivência enquanto civilização. Estes estudos começaram a desenhar o que entenderíamos mais tarde como atividade
econômica, que antes era reconhecida como patrimônio simbólico.
Desperta-se para uma visão mais ampla sobre estes
mecanismos de novas formas de convivência social
através da tecnologia emergente, que passa a permitir
relações interativas on-line e em rede, e determinam novas
formas de expressão derivadas destes novos
conhecimentos. Isso propicia a criação de um cenário
futuro que abre espaço para olhar essa economia como
uma ciência do nosso tempo, que oportuniza o consumo
desta cultura. A arte transforma, reinventa seu signi cado e
passa a ser objeto de produção e consumo.
(Fonte: Shutterstock)
A área cultural no país cresceu exponencialmente na última década e nos permitiu vislumbrar um novo mercado, que já como
atividade econômica muda seu posicionamento em nossa vida social e de consumo. Porém, não podemos deixar de
considerar que ainda há uma ligação muito forte destas atividades quando olhadas pelas lideranças nas áreas econômicas e
políticas.
Começamos a exportar arte e nossa cultura para o mercado global e podemos a rmar que estamos em evidência neste
segmento, com destaque para música, literatura, futebol, vídeo games, entre outros.
Quando olhamos o mercado destes produtos culturais temos que levar em consideração o sistema de nanciamento, uma
vez que não são produtos de distribuição em massa.
Exemplo
Um lme blockbuster, por exemplo, tem uma importância econômica maior, devido a seu retorno nanceiro em lotar salas de
cinema, do que um lme produzido de forma independente, por conta de ter mais liberdade artística, muitas vezes não tão
rentável dentro momento de consumo atual.
Atividades folclóricas são exemplos da diversidade cultural, que marca o país, demonstrando nosso “DNA”, nossa natureza
afetiva e espiritual que caracteriza nossa sociedade.
A dimensão econômica é complementar à artística, à estética, à pesquisa a que se propõe uma atividade cultural. Além disso,
ela não está dissociada dos valores éticos, morais e de cidadania. Estamos em momento de desenvolvimento e
transformação.
O mercado é promissor, mas ainda exige uma grande articulação em sua cadeia produtiva. A sociedade tem um papel
importante na aceitação e consumo neste novo modelo econômico para a cultura.
Isso nos leva a re etir e entender que cultura como produto não é deixar de lado as ideologias e sentimentos de um povo,
uma comunidade, um grupo. Esse caminho entre o simbólico e o mercado permite transmitir este conhecimento para mais
pessoas. Cada estado brasileiro possui sua característica, seu valor simbólico, suas tradições, que são representadas através
de uma dinâmica cultural única, mas suas manifestações culturais vão se transformando para se adequarem as leis do
mercado de consumo, capitalista e globalizado. A nal, os bens simbólicos contêm, em todos os contextos abordados, as
chances de libertação do indivíduo, seja pela representatividade simbólica em rituais ou hábitos do cotidiano, seja pelo
acesso à arte, à música, à dança, seja pelo acesso à educação, ao bom uso dos meios de comunicação, à inclusão social e
socioeconômica neste sistema capitalista do qual faz parte o mercado cultural.
A re exão que ca é a de que é necessário plantar algumas sementes dentro de um número maior de seres humanos; de
cidadania cultural, de educação para cultura e de economia criativa, ao ponto que tais práticas se tornem corriqueiras.
O grande desa o é enxergar o mercado como uma oportunidade de gerar receita e renda para todos os envolvidos e não
como um problema de preservação da cultura. Ver cultura como produto de maneira positiva e criativa, que tem na inovação,
na tecnologia e novos processos de consumo e leis, novas possiblidades para criação de produtos culturais. Estes ganham
enorme poder de divulgação e mais do que nunca rea rmam a cultura de um povo, através do seu registro em escala global.
Atividade
1 - Como você de niria cultura a partir do estudo desta aula?
2 - De acordo com os dados da pesquisa “Panorama Setorial da Cultura Brasileira” quais os principais hábitos culturais dos
brasileiros e como se dividem nos 4 per s de consumidores culturais? Elucide também no que consiste cada um destes
per s.
3 - A tecnologia da inovação, aliada a economia criativa, tem possibilitado dentro do mercado cultural, o surgimento de novos
pro ssionais. Cite pelo menos 5 exemplos:
Referências
CANCLINI, Nestor Garcia. De niciones em transición. In: MATO, Daniel (org.) Estudios latinoamericanos sobre cultura y
transformaciones sociales em tiempos de globalización. Buenos Aires, Clacso, 2001.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 19ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
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