ORGANIZAÇÃO, SEJA ELA COM OU SEM FINS LUCRATIVOS. Sobre Cultura em Roberto da Matta • Maria não tinha cultura, era ignorante. Quando se pensa sobre cultura há possibilidade de expansão da compreensão de si e do mundo. • Conceito equivocado de cultura está associado com sofisticação, de sabedoria, de educação no sentido restrito do termo. Uma questão de classe, hierárquica. Nesse sentido, cultura é uma palavra como arma discriminatória contra algum sexo, idade (as gerações mais novas são incultas), étnica (os pretos não tem cultura) ou mesmo sociedades inteiras, quando se diz que os ‘franceses são cultos e civilizados’ em oposição aos americanos que são ‘ignorantes e grosseiros’. Sobre Cultura • Cultura foi uma das palavras desgastadas com o tempo. • Cultura é conceito chave para a interpretação da vida social. Cultura não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de ‘civilização’ mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é, em Antropologia social e sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. Repensando o óbvio • É justamente porque compartilham de parcelas importantes deste código (a cultura) que um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas, transforma-se num grupo e podem viver juntos sentindo-se parte de uma mesma totalidade. Podem, assim, desenvolver relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito aos modos, mais (ou menos) apropriados de comportamento diante de certas situações. Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente. Esta ligada a um FATO SOCIAL. As regras que foram a cultura (ou a cultura como regra) é algo que permite relacionar indivíduos entre si e o próprio grupo com o ambiente onde vivem. Cultura como Regra do Jogo • É importante superar os mitos de que a cultura está ligada às ideologias que estão no poder ou que estão no mastro das relações.
• No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras
que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não pode prever completamente como iremos nos sentir em cada papel que devemos ou temos necessariamente que desempenhar, mas indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de nós os desempenharam. Mas isso não impede, conforme sabemos, emoções. Do mesmo modo que um jogo de futebol com suas regras fixas não impede renovadas emoções em cada jogo. Cultura como abstração • QUANDO SE PENSA EM CULTURA É IMPORTANTE TER EM PERSPECTIVA AS REGRAS DO JOGO, OU SEJA “Porque embora cada cultura contenha um conjunto finito de regras, suas possibilidades de atualização, expressão e reação em situações concretas, são infinitas.”
• Ao passo que se percebe a cultura pelo viés da complexidade, é
possível perceber que o que se chama por civilização não passa de aglomerado bárbaro, e o que de caricata como bárbaros e retrógrados, é o que há de mais sofisticado. As Caricaturas Identitárias Entrelaçamento conceitual • Antropologia é uma ciência que busca compreender o fenômeno humano em suas mais complexas relações sociais, levando sempre em consideração as ambiguidades dos diversos paradigmas culturais existentes. • Cultura não é compreendido como conhecimento, informação, gosto, etc. Em antropologia cultura está vinculado com os valores, a ética, moral, modo de agir, de falar, de sentir, de vestimenta, enfim, cultura é o todo de um cidadão, bem como de uma sociedade. Entrelaçamento conceitual • Toda cultura está carregada de uma dimensão simbólica, isto é, a linguagem, a reprodução artística, a forma como ele interpreta determinado objeto, se relaciona com essa interpretação e se forma nesse emaranhado de informações. • Conhecer o significado de cada termo é importante uma análise coerente. Portanto, distinguir Etnocentrismo, etnicidade, relativismo e alteridade é importante na abordagem antropológica. Entrelaçamento conceitual • Uma cultura não pode ser explicada pela condição genética de seus membros nem pode ser vista de forma isolada: há elementos que se relacionam entre si e com um universo maior, ou seja, há indivíduos que possuem aspectos diferentes dos demais membros, mas pertencem a uma mesma cultura, bem como há indivíduos de outros grupos que compartilham de uma cultura que não é a sua de origem. Arqueologia, História e Cultura • Fluidez na vida • A Arbitrariedade dos valores Híbridos. • As fronteiras entre as esferas individuais e públicas, subjetivas e profissionais do indivíduo estão cada vez mais tênues: há uma dedicação desmedida e contínua ao mundo de trabalho, que transcende o ambiente profissional e invade o espaço domiciliar. • Cultura pop, tecnologia, informação, sustentabilidade – temas recorrentes da contemporaneidade. Industria Cultural • Indústria cultural é um termo difundido por Adorno e Horkheimer para designar a indústria da diversão de massa, veiculada pela televisão, cinema, rádio, revista, jornais, musicas, propagandas etc. Através da indústria cultural e da diversão se obteria a homogeneização dos comportamentos, a massificação das pessoas. Industria Cultural • A falta de perspectiva de transformação social levou Adorno a se refugiar na teoria estética, por entender que o campo da arte é o único reduto autêntico da razão emancipatório e da crítica à opressão social. • A indústria cultural surge como parte da industrialização e da economia baseada no consumo de bens. Sem a sociedade de consumo, não teríamos a indústria cultural, como hoje é conhecida. Industria Cultural • É interessante notar que o mercado gera um desejo que antecede o próprio consumo, isto é, o desejo de ser exceção o qual potencializará o desejo de ser desejado. A insatisfação que alimenta o ímpeto da pseud satisfação utópica. Industria Cultural • Horkheimer afirma: “quanto mais intensa é a preocupação do indivíduo com o poder sobre as coisas, mais as coisas o dominarão, mais lhe faltarão os traço individuais genuínos” (Eclipse da razão, p. 141). Outra citação do autor é “a história dos esforços humanos para subjugar a natureza é também a história da subjugação do homem pelo homem” (p. 109). Industria Cultural • O consumidor é consumido por um mercado hipostasiado, mas insaciável. O fetichismo e a reificação se fazem presente na vida do indivíduo. O consumo deixa de ser um meio de expressão do prazer pessoal e transforma-se em um fim em si mesmo. Tornando-se um ato obsessivo alimentado pelo apetite de novidade e distinção social (neofilismo). • O PAPEL DA TATUAGEM NA PIRIGUETE • O vazio existência do ser é ludibriado pelo placedo do “ter”. Industria Cultural • O obsoletismo programado é o combustível da máquina capitalista, isto é, produzir objetos que logo se tornam obsoletos é um princípio fundamental da industrial capitalista. Industria Cultural • A dimensão estética é superada pela produção em massa presente na indústria cultural. Conforme afirma Horkheimer e Adorno: “A técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em sério, sacrificando o que fazia a diferente entre a lógica da obra [de arte] e a do sistema social. (Dialética do Esclarecimento, p. 114). • A indústria cultural tem como preocupação saciar de modo imediato as ‘necessidades’ das grandes massas. Não está preocupada com uma educação estética, ou seja, com a criação de condições para que a maioria das pessoas possa receber manifestações artísticas de maior qualidade. Há uma colonização do espírito.