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CAP.

1: CULTURA:DIVERSIDADE E DIREITOS HUMANOS


O conceito de cultura:
Evolucionismo Vs. Relativismo

PROF: WAGNER AMARILDO


CULTURA
ORIGEM

Latim colere:
Cultivar e cuidar
CULTURA

ANTIGUIDADE: MODERNLIDADE:
PLANTIO DA TERRA CIVILIZAÇÃO
Influência Biológica ou Social?

“O homem é um ser biológico ao mesmo tempo que um indivíduo social. Entre as respostas que dá
às citações exteriores ou interiores, algumas dependem inteiramente de sua natureza, outras de sua
condição. Por isso não há dificuldade alguma em encontrar a origem do reflexo pupilar e da posição
tomada pela mão do cavaleiro ao simples contato das rédeas. Mas nem sempre a distinção é tão
fácil assim. Frequentemente o estímulo físico-biológico e o estímulo psicossocial despertam reações
do mesmo tipo, sendo possível perguntar, como já fazia Locke, se o medo da criança na escuridão
explica-se como manifestação de sua natureza animal ou como resultado das histórias contadas pela
ama”.

LÉVI-STRAUSS, C. Natureza e cultura. Antropos, ano 2, vol. 3, p. 17, 2009. [Fragmento]


CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA

 Em seu sentido antropológico, a cultura corresponde ao conjunto de


comportamentos, crenças, representações e costumes característicos de
um grupo humano ou de diferentes sociedades humanas.

 Ainda que exista uma unidade biológica no ser humano, coexistem


diferentes escolhas culturais.

 Antropologia seria a ciência da Alteridade, que busca investigar e


compreenderas diferentes culturas e sociedades humanas.
Conceitos de Cultura na Modernidade

KULTUR: CIVILIZATION: CULTURE:


Alemanha França Inglaterra

Aspectos
Realizações
Aspectos simbólicos,
materiais e
únicos e intelectuais,
universo
particulares artes e
simbólico
etiqueta
CORRENTES DE PENSAMENTO

Evolucionismo Cultural

Culturalismo

Estruturalismo

Semiótica Cultural
Antropólogos de Gabinete

Desde as Pressupor
Informações
Grandes Culturas e
acumuladas
Navegações Sociedades
Evolucionismo Social ou Cultural

Cultura e Civilização como sinônimos

Não é biológica

É coletiva e surge na vida social

Não existe diversidade cultural


Cultura Civilização Povos
Civilizados
Lewis Henry Morgan
(1818-1881)
3 Grandes Etapas da Evolução

Selvageria Barbárie Civilização


SELVAGERIA

Caçar

Fogo
BARBÁRIE
Cerâmica
Domesticação
Agricultura
Metais
Ferramentas
CIVILIZAÇÃO

Alfabeto

Escrita
Edward Taylor
(1832 – 1917)
Leis Gerais Graus de Difusionismo
da Cultura Diferenciação Cultural

Transmissão
Regras Evolução
Cultural
ETNOCENTRISMO

Etno: Cultura

Centrismo = Centro, principal


Etnocentrismo

Única cultura ou visão de mundo como correta, inferiorizando as demais => Exóticas
Relativismo Cultural
Franz Boas (1858 – 1942)

 Prussiano (Alemanha)
 Ideia de Kultur => Espírito de
um Povo
 Culturalismo
Culturalismo
Crítica ao Evolucionismo

Culturas e não Cultura

Diversidade Cultural

Sem juízos de Valor


Relativismo Cultural

Cada cultura tem sem valor


Não existe uma cultura e historicidade
mais certa

Respeita as diferenças Sem comparações e


culturais hierarquias
Perigos do Relativismo Cultural

E as práticas cruéis de uma sociedade?


Padrões Culturais e
Elementos Simbólicos
I.Cultura e Personalidade

• Edward Sapir (1834 - 1939)

• Ruth Benedict (1887 – 1948)

• Margareth Mead (1901 – 1979)


REFERÊNCIAS

Relativismo Cultural: Franz Boas

Psicologia e Psicanálise: Jung e Freud


• A Cultura influencia a personalidade em tipos padrão.
• As personalidades individuais são forçadas a se conformar nesses padrões.
Estereótipos de personalidade

• Gênero

• Etnia

• Nacionalidade
Desnaturalização das tradições culturais
II. FUNCIONALISMO
CULTURAL (Ingleses)

• Malinowski (1884 –
1942)

• Radcliffe Brown (1881


– 1955)
A Recusa da História Contada
 Etnografia
 Trabalho de campo para estudar culturas primitivas
Observação participante de Malinowski
• Cerimônia Kula
• Os nativos da ilha de Trobriand (Nova Guiné)
Estruturas Sociais:
• Compreender as funções da cada aspecto das sociedades.
• Como ela se mantém viva.
• Equilíbrio constante.
• Religião, política, rituais, alimentação, parentesco.
III. Estruturalismo Cultural
(Franceses)
Busca de explicações gerais
para os fenômenos humanos

Estruturas mentais que


se repetem em culturas

Método Comparativo
Marcel Mauss
(1872 – 1950)
Ensaio sobre a dádiva
(1923)
• A base de todas as sociedades
são as alianças.

• Relações de reciprocidade e
obrigações.

• Chamada de dádiva.
Dádiva
Dar

Receber

Retribuir
• Indígenas da América do Norte
• Trocas entre tribos
Cerimônia Potlatch • Fortalecimento de alianças
• Busca constante pelo equilíbrio
Claude-Levi
Strauss
(1908 – 2009)
Sistemas de parentesco

• O tabu do incesto
• Resulta em casamentos fora dos grupos
familiares
• Existe em todas as culturas
• Sistemas semelhantes de parentesco
Método Comparativo

Narrativas de estruturas
Binárias em todas as culturas

Pares de oposição que geram


padrões mentais de sentido
Exemplos de estruturas binárias:

Cultura Crú Masculino Bem Sagrado Vida


X
X
Natureza
X
Cozido
X
Feminino Mal
X X
Profano
Morte
IV. Interpretação de Culturas

Todas culturas tem uma rede


própria de significados

Compreender as
simbologias culturais

Chamada de semiótica cultural


Ernst Cassirer (1894 –
1945)
• “ O homem é um animal simbólico”

• Constrói sistemas simbólicos.

• Busca dar sentido a realidade por meio de símbolos.

• Idiomas, gestos e ritos.


Clifford Geertz
(1926 – 2006)

• Os símbolos são a base de


compreensão das culturas.

• Ela é formada por teias de


significados.

• Deve-se compreender
contextos culturais.
DIVERSIDADE E
DIREITOS HUMANOS
As Guerras Mundiais e a Declaração Universal dos Direitos Humanos
A Segunda
Guerra Mundial
e as
atrocidades do
Holocausto
Defesa dos Direitos Diversidade
Humanos Cultural
• Discussões políticas sobre os
direitos humanos.

• Criação de instrumentos
jurídicos legais.

• Normativa supranacional sobre


direitos e diversidade
.
• Comprometimento dos Estados
signatários.
• 1945: Criação da
Organização das
Nações Unidas (ONU)

• Substituição da Liga das


Nações.

• Assinatura da Carta das


Nações Unidas.
1948: Declaração Universal dos Direitos Humanos
• Escrita por Eleonor Roosvelt e René Cassin.
• A dignidade Humana é um princípio orientador universal a ser garantido por todos e para todos.
• “Promover e estimular o respeito aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais para todos,
sem a distinção de raça, sexo, língua ou religião”.
• Atrocidades cometidas por europeus.

• Novas perspectivas de ajuda e desenvolvimento humano.

• Aumento do número de países membros na ONU.


Correntes dos Direitos Humanos
Universalismo
• A realidade social e cultural é única e absoluta.

• Os direitos humanos devem ser aplicados de forma universal.

• As culturas e as representações humanas estão em 2º plano.


Riscos do Universalismo
• Ocidentalização
• Europeização
• Cristianização dos princípios morais
• Etnocentrismo
Multiculturalismo
• Considerar as particularidades de cada contexto cultural.

• Criar estratégias políticas para as representações


identitárias minoritárias.
o O que o multiculturalismo possibilitou?
• Lutas sociais ligadas a etnia, raça, religião,
sexualidade e gênero.
Outros documentos
• 1981: Declaração Islâmica Universal dos Direitos Humanos.

• 1990: Declaração do Cairo sobre os Direitos Humanos do Islã.


PRINCÍPIOS:
• Valores e normas dentro do Islamismo.

• Divergências de aspectos morais: família, gênero,


sexualidade e pena de morte.
17 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – AGENDA 2030
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
QUESTÃO 01 – (Unicentro – 2019)

Acerca da noção de cultura nas Ciências Sociais, é CORRETO afirmar que

a) nas Ciências Sociais, a noção de cultura é usada apenas associada a alguma


habilidade, por exemplo, cultura das letras, cultura das artes.
b) nas Ciências Sociais, a noção de cultura não é considerada um instrumento
adequado para a investigação das diferenças entre os grupos humanos.
c) nas Ciências Sociais, de maneira geral, a noção de cultura envolve sistemas
de pensamento e modos de vida. Ela é utilizada para investigar as maneiras
como os seres humanos se adaptam ao meio ambiente e as formas pelas quais
eles adaptam o meio às suas necessidades e interesses.
d) para se entender a cultura de um povo, deve-se levar em conta somente os
aspectos raciais e religiosos.
e) considerando que o conceito de raça é o melhor instrumento de análise para
entender as diferenças entre os povos, o conceito de cultura é utilizado nas Ciências
Sociais apenas para o estudo do folclore dos povos primitivos.
QUESTÃO 02 (UFU-MG-2018)
Quando de longe observamos o mundo árabe e o mundo judeu, vemos o
contraste entre duas religiões – a judaica, baseada no Tanakh (da qual a Torá é
parte) e a muçulmana, baseada no Alcorão ou no Corão. Menos comum é
vermos as semelhanças tal como o ritual de circuncisão masculina que, em
ambas as religiões, se realiza a partir dos oito dias de vida e representa o pacto
entre Deus e os homens.

Por isso, entre sistemas com diferenças, também pode haver semelhanças e,
para abarcar essa dupla realidade, as Ciências Sociais criaram o conceito de

a) religiosidade como propensão particular a crenças divinas universais.


b) identidade como sistemas de diferenças culturais internas.
c) alteridade como direito particular às diferenças universais.
d) cultura como conjuntos de sistemas simbólicos.
QUESTÃO 03 – (FDF-SP-2017)

“Os europeus estavam convencidos de que a África seria um grande mercado para os produtos
de sua indústria a partir do momento que se civilizasse, isto é, que adotasse as crenças, os
valores e os modos de vida dominantes na Europa.”

Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 95.

O conceito de civilização utilizado pelos europeus e apresentado no texto é

a) universal, pois representa a inevitável diferença dos estágios de avanço cultural e político dos
povos.
b) histórico, pois é construído a partir da experiência vivida por um povo na sua relação
com outros povos.
c) natural, pois os povos economicamente mais desenvolvidos são sempre mais organizados e
civilizados.
d)determinista, pois permite reconhecer as diferenças culturais e sociais que marcaram a
trajetórias dos povos.
QUESTÃO 04 – (Unioeste-PR)
O antropólogo Edward Burnett Tylor em 1871 definiu Cultura como: “todo complexo
que inclui os conhecimentos, a crença, a arte, as leis, a moral, os costumes e
quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro
de uma sociedade”.

Tendo por base o transcrito acima, é CORRETO afirmar que

a) a cultura passa a ser vista como sendo todo o comportamento aprendido,


tudo aquilo que independe de uma transmissão biológica, genética.
b) a cultura de um povo se caracteriza por sua dimensão individual, jamais coletiva.
c) a cultura passa a ser vista como conhecimento transmitido geneticamente.
d) o termo cultura deve ser somente associado às manifestações artísticas, como
teatro, música, pintura, escultura.
e) o termo cultura diz respeito somente às festas e cerimônias tradicionais de um
povo, ao seu modo de vestir, ao seu modo de se alimentar, a seu idioma.
QUESTÃO 05 (UFU-2016)
A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal ponto,
que um grande número de populações ditas primitivas se autodesigna com um nome que significa 'os
homens' (ou às vezes - digamo-lo com mais discrição? - os 'bons', os 'excelentes', 'os completos'),
implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes ou mesmo da
natureza humana, mas são, quando muito, compostos de 'maus', 'malvados', 'macacos da terra' ou de
'ovos de piolho’.

LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1989:
334.

Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de estranhamento que é comum
às das sociedades humanas quando defrontadas com a diversidade cultural.

Tal reação pode ser definida como uma tendência:

A) Etnocêntrica
B) Iluminista
C) Relativista
D) Ideológica
QUESTÃO 06 (UFPR-2019)
O texto a seguir é referência para a questão.
Sobre a questão do etnocentrismo, Roque de Barros Laraia escreve que “o fato de o indivíduo ver o mundo através de sua cultura tem
como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada
etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, é um
fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo sua única expressão. [...] A
dicotomia ‘nós e os outros’ expressa em níveis diferentes essa tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a mesma
forma de parentes e não parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado. [...] Comportamentos
etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais
são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais”.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 73-74.)79
Em resumo, Laraia tenta nos mostrar que:

a)o etnocentrismo é um conceito amplamente difundido nas ciências humanas, mas incapaz de explicar de forma pormenorizada
a construção das identidades nacionais, das práticas culturais e as relações formadas pelo “estranhamento” do contato
entre diferentes grupos sociais. Afinal, quem dispõe dos instrumentos de análise pode escolher, conforme seus critérios próprios,
como catalogar o outro.
b)a cultura tem um papel fundamental na elaboração de visões de mundo, e que o problema maior em considerar o
etnocentrismo está no fato de que esse conceito não possui uma perspectiva cultural, mas apenas política, muito embora o autor não deixe
claro essa contradição, já que ele próprio é etnocêntrico.
c)um dos pontos centrais que define o etnocentrismo, conceito amplamente difundido nos estudos antropológicos, é
compreender como determinadas práticas culturais constituídas pelo “estranhamento” se tornam elementos fundamentais na
construção das identidades de grupo, comunitárias, societárias e nacionais. Identidades que, por sua vez, estruturam-se por
distinção, em que o observador assume para si e seu grupo a centralidade cognitiva.
d)para entendermos o real significado do etnocentrismo nas culturas ocidentais, será necessário pressupor que a dicotomia entre o “nós e
os outros” é um aspecto que deve ser superado por todos que desejam construir uma visão genuinamente etnocêntrica.
e)não há problema em observar, agir e interagir a partir da seus próprios referenciais culturais. O conceito de etnocentrismo possui certa
legitimidade, pois resguarda na centralidade cultural aquilo que uma raça tem de mais puro quando confrontada com outra.
QUESTÃO 07 - (UEL – 2003)
O etnocentrismo pode ser definido como uma “atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e
julgar sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim, compreende-se a
tendência para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou divergem dos da cultura do
observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de classe ou
de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de etnocentrismo”.

(WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)

Com base no texto e nos conhecimentos de sociologia, assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude
etnocêntrica:

a) A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à presença, em sua formação, de etnias de


tipo incivilizado.
b) Os povos indígenas possuem um acúmulo de saberes que podem influenciar as formas de conhecimentos
ocidentais.
c) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem primar pela tolerância e pela compreensão dos
valores, da lógica e da dinâmica própria a cada uma delas.
d) As culturas podem conviver de forma democrática, dada a inexistência de relações de superioridade e
inferioridade entre as mesmas.
e) O encontro entre diferentes culturas propicia a humanização das relações sociais, a partir do aprendizado
sobre as diferentes visões de mundo.
QUESTÃO 08 – (UNESP)
Segundo Franz Boas, as pessoas diferem porque suas culturas diferem. De fato, é assim que
deveríamos nos referir a elas: a cultura esquimó ou a cultura judaica, e não a raça esquimó ou a raça
judaica. Apesar de toda a ênfase que deu à cultura, Boas não era um relativista que acreditava que
todas as culturas eram equivalentes, nem um empirista que acreditava na tábula rasa. Ele
considerava a civilização europeia superior às culturas tribais, insistindo apenas em que todos
os povos eram capazes de atingi-la. Não negava que devia existir uma natureza humana
universal ou que poderia haver diferenças entre as pessoas de um mesmo grupo étnico. O que
importava para ele era a ideia de que todos os grupos étnicos são dotados das mesmas
capacidades mentais básicas.

(Steven Pinker. Tábula rasa: a negação contemporânea da natureza humana, 2004. Adaptado.)

Considerando o texto, é CORRETO afirmar que, de acordo com o antropólogo Franz Boas,

A) os critérios para comparação entre as culturas são inteiramente relativos.


B) a vida em estado de natureza é superior à vida civilizada.
C) as diferenças culturais podem ser avaliadas por critérios universalistas.
D) as diferenças entre as culturas são biologicamente condicionadas.
E) o progresso cultural é uma ilusão etnocêntrica europeia.
QUESTÃO 09 (UNIOESTE-PR)
Para a antropóloga Ruth Benedict, “a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens
de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas.”

(BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada. São Paulo: Perspectiva, 1972).

Portanto, é CORRETO afirmar.

a) A cultura nos ensina a perceber as “coisas” e classificá-las, mas não serve para orientar a nossa conduta
cotidiana.
b) Um índio Guarani vê a floresta com olhos diferentes das pessoas não Guaranis; seu olhar percebe significados
em cada árvore (alimento, morada dos Deuses). Uma pessoa não Guarani olha para a floresta e pode ver uma
oportunidade de negócio.
c) Um índio Guarani, que vive em sua aldeia, e uma pessoa não índia, que vive na cidade, possuem valores
idênticos.
d) Em todas as culturas, mulheres e homens têm os mesmos direitos, os mesmos papéis sociais. Exemplo: povo
Palestino e povo Americano.
e) A cultura não tem o poder de influenciar em nossas decisões.
QUESTÃO 10 – (Unioeste-PR-2013)
A antropóloga norte-americana Margaret Mead, em sua obra Sexo e Temperamento, pesquisa sobre o
condicionamento das personalidades sociais de homens e mulheres. Descreve os comportamentos típicos de cada
sexo em três culturas diferentes da Nova Guiné da seguinte maneira: “Numa delas (os Arapesh), homens e
mulheres agiam como esperamos que mulheres ajam: de um suave modo parental e sensível; na segunda (os
Mundugumor), ambos agiam como esperamos que os homens ajam: com bravia iniciativa; e na terceira (os
Tchambuli), os homens agem segundo o nosso estereótipo para as mulheres, são fingidos, usam cachos e vão às
compras, enquanto as mulheres são enérgicas, administradoras e parceiras desadornadas.”

MEAD, M. Sexo e Temperamento, prefácio à edição de 1950.

Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa CORRETA.

a) O sexo, no seu aspecto biológico, é o fator determinante dos temperamentos masculinos e femininos nas
diferentes sociedades.
b) O condicionamento cultural é de fundamental importância na definição de temperamentos e de papéis
sociais de homens e mulheres nas diferentes sociedades.
c) As diferenças biológicas entre homens e mulheres determinam todas as diferenças culturais associadas aos
sexos, moldando temperamentos e papéis sociais de homens e mulheres.
d) Em qualquer sociedade, homens são fortes, agressivos, dominadores, calculistas, controlam as relações sociais
e sexuais; as mulheres são frágeis, submissas, passionais, temperamentais, vaidosas.
e) Homens e mulheres são morfologicamente diferentes, portanto, apresentam diferenças de temperamento e de
aprendizado, uns sendo mais aptos para algumas tarefas sociais e papéis sociais que outros.
QUESTÃO 11 – (UEL-PR)
Ao receber um convite para uma festa de aniversário, é comum que o convidado leve um presente.
Reciprocamente, na festa de seu aniversário, este indivíduo espera receber presentes de seus convidados. Do
mesmo modo, se o vizinho nos convida para o casamento de seu filho, temos certa obrigação em convidá-lo
para o casamento do nosso filho. Nos aniversários, nos casamentos, nas festas de amigo-secreto e em muitas
outras ocasiões, trocamos presentes. Segundo o sociólogo francês Marcel Mauss, a prática de “presentear” é
algo fundamental a todas as sociedades: segundo ele, a relação da troca, esta obrigatoriedade de dar, de
receber e de retribuir é mais importante que o bem trocado.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.

I. O ato de presentear instaura e reforça as alianças e os vínculos sociais.


II. A troca de presentes cria e alimenta um circuito de comunicação nas sociedades.
III. O lucro obtido a partir dos bens trocados é o que fundamenta as relações de troca de presentes.
IV. O presentear como prática social originou-se quando da consolidação do modo capitalista de produção.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
QUESTÃO 12 – (UENP-PR)
Na madrugada de 1º de novembro de 2009, morre na França o etnólogo e antropólogo Claude Lévi-Strauss
aos 101 anos de idade. Sua morte teve grande repercussão no Brasil, sobretudo porque foi um dos primeiros
professores de sociologia da Universidade de São Paulo, logo na sua fundação, tendo feito várias expedições
ao Brasil Central. Seu pensamento influenciou gerações de filósofos, antropólogos e sociólogos. É CORRETO
afirmar:

A) A corrente estruturalista, da qual Lévi-Strauss é o principal teórico, surgiu na década de 40 com uma
proposta diferente do funcionalismo, predominante até então. O funcionalismo se preocupava com o
funcionamento de cada sociedade e em saber como as coisas existiam na sua função social. O
estruturalismo queria saber do trabalho intelectual. Olhar para os povos indígenas e buscar uma
racionalidade e uma reflexão propriamente nativa.
B) Lévi-Strauss não encontrou evidências de que os povos nativos desenvolvessem um pensamento
selvagem, nem que ocorresse a passagem de homem natural para o homem cultural entre os povos indígenas.
C)Lévi-Strauss acreditava que o homem não é uma espécie transitória, e sugeriu uma visão essencialista do
ser humano, já que o mundo existe quando o homem o interpreta, chegando a afirmar, em várias passagens,
que o mundo começou com o homem e vai terminar com ele.
D) Lévi-Strauss concorda com Sartre que não existe oposição entre sociedades com história e sociedades sem
história, sendo que isso é demonstrando pela sociologia e pela etnografia contemporâneas ao constatarem
que toda sociedade se desenvolve no curso de uma história específica.
E) Não pode ser atribuído ao legado de Lévi-Strauss o respeito ao pensamento dos chamados povos
primitivos, em especial dos povos indígenas da América, pelas diferenças culturais e pela diversidade, sem as
quais a criatividade humana cessa e, por tudo que há no mundo, antes e depois da passagem do humano pela
Terra.
QUESTÃO 13 (UFU)
O encontro de culturas distintas e o convívio com a alteridade são
temas recorrentes da história da humanidade. As reações a uma
cultura diversa à sua e as formas como as diferenças culturais
são concebidas têm variado ao longo do tempo.
Atualmente, a Antropologia entende que a diversidade cultural
tem origem
A) na capacidade das diferentes culturas humanas em se adaptar
ao seu meio ambiente circundante.
B) na capacidade psíquica distinta dos diferentes grupos
humanos.
C) no grau de conhecimento da natureza.
D) nas formas distintas de expressar a condição humana por
meio de atos e símbolos.
QUESTÃO 14 – (UNESP -2015)
Projeto no Iraque reduz a idade mínima de casamento para xiitas mulheres para 9 anos. Xiitas iraquianas, caso o
texto seja aprovado, só poderão sair de casa com autorização do marido e deverão estar sempre disponíveis para
relações sexuais. Esse tipo de notícia coloca em xeque os ungidos multiculturalistas ocidentais. Como, segundo
estes, não há culturas atrasadas mas apenas “diferentes”, e porque a democracia, entendida apenas como escolha
da maioria, é um valor absoluto, por que condenar quando a maioria de um povo escolhe por voto a sharia*?
Chegamos ao impasse dos multiculturalistas: aceitam que cada cultura seja “apenas diferente” e que, portanto, não
há bárbaros, ou constatam o óbvio, ou seja, que certas sociedades ainda vivem presas a valores abjetos, que
ignoram completamente as liberdades básicas dos indivíduos. Qual vai ser a opção?

CONSTANTINO, Rodrigo. “Pedofilia? No Iraque islâmico é permitido por lei!”. www.veja.com.br, 02.05.2014.
Adaptado.

*Sharia: lei islâmica.

Para o autor, o conflito suscitado opõe essencialmente

a) iluminismo e racionalismo.
b) democracia e estados de exceção.
c) cristianismo e islamismo.
d) relativismo e universalidade.
e) multiculturalismo e antropologia.
QUESTÃO 15 – (UERJ-2017)
O século XXI tem assistido à ampliação do debate acerca das uniões homoafetivas, o que possibilitou algumas
mudanças, como a observada no quadro.

Essa mudança de costumes expressa principalmente o reconhecimento do seguinte princípio entre os direitos
humanos:

a) inclusão política
b) diversidade cultural
c) uniformidade jurídica
d) igualdade econômica
SE LIGA NO ENEM
QUESTÃO 01 (ENEM-2019)

“Nossa cultura não cabe nos seus museus”.


TOLENTINO, A. B. Patrimônio cultural e discursos museológicos. Midas, n. 6, 2016.

Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa um conflito entre culturas e sua presença em museus decorrente da:

a) valorização do mercado das obras de arte.


b) definição dos critérios de criação de acervos.
c) ampliação da rede de instituições de memória.
d) burocratização do acesso dos espaços expositivos.
e) fragmentação dos territórios das comunidades representadas
QUESTÃO 02 – (ENEM – 2017)

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo
à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Disponível em


www.planalto.gov.br Acesso em 27 abr 2017

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em


vista a vinculação histórica fundamental entre

a) etnia e miscigenação racial


b) sociedade e igualdade jurídica.
c) espaço e sobrevivência cultural.
d) progresso e educação ambiental.
e) bem-estar e modernização econômica.
QUESTÃO 03 – (ENEM-2017)
Muitos países se caracterizam por terem populações multiétnicas. Com frequência,
evoluíram desse modo ao longo de séculos. Outras sociedades se tornaram
multiétnicas mais rapidamente, como resultado de políticas incentivando a
migração, ou por conta de legados coloniais e imperiais.

GIDDENS,A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado)

Do ponto de vista do funcionamento das democracias contemporâneas, o modelo


de sociedade descrito demanda, simultaneamente,

A) defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo.


B) universalização de direitos e respeito à diversidade.
C) segregação do território e estímulo ao autogoverno.
D) políticas de compensação e homogeneização do idioma.
E) padronização da cultura e repressão aos particularismos.
QUESTÃO 04 – (ENEM – 2017)
Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é importante
promover e proteger monumentos, sítios históricos e paisagens culturais. Mas não só de aspectos físicos
se constitui a cultura de um povo. As tradições, o folclore, os saberes, as línguas, as festas e diversos
outros aspectos e manifestações devem ser levados em consideração. Os afro-brasileiros contribuíram e
ainda contribuem fortemente na formação do patrimônio imaterial do Brasil, que concentra o segundo
contingente de população negra do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria.

MENEZES, S. A força da cultura negra: Iphan reconhece manifestações como patrimônio imaterial.
Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso em: 29 set. 2015.

Considerando a abordagem do texto, os bens imateriais enfatizam a importância das representações


culturais para a

a) construção da identidade nacional.


b) elaboração do sentimento religioso.
c) dicotomia do conhecimento prático.
d) reprodução do trabalho coletivo.
e) reprodução do saber tradicional.
QUESTÃO 05 – (ENEM – 2016)
Simples, saborosa e, acima de tudo, exótica. Se a culinária brasileira tem o tempero do
estranhamento, esta verdade decorre de dois elementos: a dimensão do território e a
infinidade de ingredientes. Percebe-se que o segredo da cozinha brasileira é a mistura
com ingredientes e técnicas indígenas. É esse o elemento que a torna autêntica.

POMBO, N. Cardápio Brasil. Nossa História, n.29, mar. 2006 (adaptado).

O processo de formação identitária descrito no texto está associado à

a) imposição de rituais sagrados.


b) assimilação de tradições culturais.
c) tipificação de hábitos comunitários.
d) hierarquização de conhecimentos tribais.
e) superação de diferenças etnorraciais.

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