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Aula 17/03/2023

EVOLUCIONISMO CULTURAL

Morgan, Tylor, Frazer – evolucionismo, final do século 1800

Evolucionismo cultural é conhecido como o processo de evolução da humanidade (grupos


sociais) oriundo da produção de objetos e costumes - que os ajudasse a conviver com os
diferentes tipos de ambientes. As distintas sociedades evoluiriam todas na mesma direção,
passando por etapas e fases de desenvolvimento e diferenciação culturais inevitáveis e
escalonadas, seguindo uma transformação que levaria do simples ao complexo, do
homogêneo ao heterogêneo, do irracional ao racional.

“Todas essas obras, que tem uma ambição considerável (seu objetivo não
é nada menos que o estabelecimento de um verdadeiro corpus etnográfico da
humanidade) - caracterizam-se por uma mudança radical de perspectiva em
relação `a ´época das "luzes “o indígena das sociedades extra-europeia não ´e
mais o selvagem do século XVIII, tornou-se o primitivo, isto ´e, o ancestral do
civilizado, destinado a reencontrá-lo. A colonização atuará nesse sentido. Assim a
antropologia, conhecimento do primitivo, fica indissociavelmente ligada
ao conhecimento da nossa origem, isto é, das formas simples de organização
social e de mentalidade que evoluíram para as formas mais complexas das nossas
sociedades.

A antropologia evolucionista pregava que – existe uma espécie humana idêntica, mas
que se desenvolve em ritmos desiguais (tecnologia, economia, sociedade e aspectos
culturais), passando pelas mesmas etapas até chegar à civilização.

Lewis Morgan (1818-1881) (Sociedade Antiga, 1877),

Norte-americano, um dos mais famosos antropólogos evolucionistas

Oriundo do campo do direito – sua intenção era tentar achar, através dos estudos de
sociedades primitivas, as origens da humanidade, tanto da tecnologia, como de
instituições, leis, regras, religiões, parentesco (human family). Entendiam as sociedades
primitivas como laboratórios para compreender a humanidade. Fez um pouco de
pesquisa de campo entre os iroqueses, na américa do norte.

Morgan torna-se uma referencia para encontrar em qual lugar na escala de evolução
cada sociedade se encontra

Nessa epoca, Foco nos estudos de parentesco e religião.

Região da australia considerada a mais arcaica da humanidade, portanto um grande


laboratório da antropologia da época.

Selvageria

Considerada a infância da humanidade

As pessoas viviam nas florestas e bosques, caçando e coletando frutos das árvores.

Aos poucos manipulam o fogo e incluem peixes na alimentação

Confecção de tecidos e cestos

Uso do arco e flecha para caça

NOMADES

Ao final, começam a manipular argila e produzir cerâmica – o que Morgan considera o


ponto de virada para a barbárie

Barbárie

Utilizam cerâmica (cozimento, rituais, ARTE)

Domesticação de animais e plantas (AGRICULTURA)

SEDENTARIOS

Irrigação – agricultura

Uso de tijolos de adobe e pdras na arquitetura


Fundição do minério de ferro

A invenção da escrita alfabética e seu uso para registros literários seria o ponto de
virada para a civilização

Civilização

Cidades – estado – ciência – leis

AS ANÁLISES SE DAVAM SEMPRE A PARTIR DO PROCESSO HISTÓRICO


DAS SOCIEDADES EUROPEIAS (ESSA ERA A RÉGUA, A MÉTRICA, A LENTE)

A CIVILIZAÇÃO E CIÊNCIA DO ILUMINISMO, CAMINHANDO PRA


MODERNIDADE, ERAM O ÁPICE, E O OLHAR PARA AS SOCIEDADES DITAS
PRIMITIVAS ERA SEMPRE A PARTIR DA FALTA. O QUE NÃO TINHAM EM
RELAÇÃO A SOCIEDADE EUROPEIA DA ÉPOCA: TEM ESTADO? TEM
RELIGIÃO? TEM CIÊNCIA? TEM ESCRITA? ETC... QUANTO MAIS AS
RESPOSTAS FOREM NÃO, MAIS ERAM CONSIDERADAS SELVAGENS,
PRIMITIVAS, ARCAICAS, SIMPLES. MAS COM UM OLHAR DE QUE ERA UMA
ETAPA DA EVOLUÇÃO, E ELES APENAS ESTAVAM EM OUTRO TEMPO,
COMO SE FOSSEM ANCESTRAIS VIVOS DAS SOCIEDADES EUROPEIAS. E
UM DIA CHEGARIAM À CIVILIZAÇÃO, DESDE QUE PASSANDO POR TODAS
AS ETAPAS, COMO FORMAS DE ADAPTAÇÃO SOCIAL (INSPIRAÇÃO
DARWINISTA)
Sobre “O ramo de Ouro”, Frazer (magia vista como religião em potencial, ilusão de
controle mágico sobre e natureza.... passando pela religião, chegando à ciência, que
chega ao objetivo real do controle sobre a natureza.)

Magia – religião – ciência


“esses homens do século passado colocavam
o problema maior da antropologia: explicar a universalidade e a diversidade
das ttécnicas, das instituições, dos comportamentos e das crenças, comparar as práticas
sociais de populações infinitamente distantes uma das outras
tanto no espaço como no tempo. Seu mérito é de ter extraído (mesmo se o
fizerem com dogmatismo, mesmo se suas convicções foram mais passionais
do que racionais) essa hipótese mestra sem a qual não haveria antropologia,
mas apenas etnologias regionais: a unidade da espécie humana, ou, como
escreve Morgan, da "família humana". Pode-se sorrir hoje diante dessa visão
grandiosa do mando, baseada na noção de uma humanidade integrada, dentro
da qual concorrem em graus diferentes, mas para chegar a um mesmo n´nível
final, as diversas populações do globo. Mas são eles que mostraram pela primeira vez
que as disparidades culturais entre os grupos humanos não eram
de forma alguma a consequência de predisposições congênitas, mas apenas o
resultado de situações t´técnicas e econômicas.
“Essa preocupação de um saber cumulativo visa na realidade a demonstrar a
veracidade de uma tese mais do que a verificar uma hipótese, os exemplos
etnográficos sendo frequentemente mobilizados apenas para ilustrar o processo
grandioso que conduz as sociedades primitivas a se tornarem sociedades civilizadas.
Assim, esmagados sob o peso dos materiais, os evolucionistas
consideram os fenômenos recolhidos (o totemismo, a exogamia, a magia, o
culto aos antepassados, a filiação matrilinear. . .) como costumes que servem para
exemplificar cada estagio. E quando faltam documentos, alguns
(Frazer) fazem por intuição a reconstituição dos elos ausentes; procedimento
absolutamente oposto, como veremos mais adiante, ao da etnografia contemporânea,
que procura, através da introdução de fatos minúsculos recolhidos
em uma ´única sociedade, analisar a significação e a função de relações sociais.”
(Laplantine)

Não custa muito denunciar o etnocentrismo que eles demonstraram em relação


aos "povos atrasados", evidenciando assim também, um singular espírito a-histórico { e
etnocentrista { em relação a eles, sendo que ´e provavelmente
que, sem essa teoria, empenhada em mostrar as etapas do movimento da
humanidade (teoria que deve ser ela própria considerada como uma etapa
do pensamento sociológico), a antropologia no sentido no qual a praticamos
hoje nunca teria nascido.

Sobre evolucionismo...

Afirmação de um filósofo John Gray, em 2005:

"Os seres humanos diferem dos animais principalmente pela capacidade de acumular
conhecimento. Mas não são capazes de controlar seu destino nem de utilizar a sabedoria
acumulada para viver melhor. Nesses aspectos somos como os demais seres. Através
dos séculos, o ser humano não foi capaz de evoluir em termos de ética ou de uma lógica
política. Não conseguiu eliminar seu instinto destruidor, predatório. No século 18, o
Iluminismo imaginou que seria possível uma evolução através do conhecimento e da
razão. Mas a alternância de períodos com avanços e declínios prosseguiu inalterada. A
história humana é como um ciclo que se repete, sem evoluir."

Você concorda com ele?... -

Ler “Humanidade” ou “Human Family” (família humana, mesmo termo de Morgan), por Maya
Angelou

ETNOCENTRISMO

Polêmica sobre o uso do véu (levar vídeo ou notícia)

O etnocentrismo

A diversidade humana é um fenômeno natural, resultante das relações diretas ou indiretas


entre as sociedades. (p. 362)

“A atitude mais antiga, certamente assentada em sólidas bases psicológicas, já que tende a
reaparecer em cada um de nós quando confrontados a uma situação inesperada, consiste em
repudiar, pura e simplesmente, as formas culturais morais, religiosas, sociais ou estéticas mais
afastadas daquelas a que nos identificamos.” (p. 362)

Noções de bárbaro (termo cunhado pelos gregos, semelhante ao som dos pássaros, animais,
estado de natureza)

Noção de selvagem – da selva, animalesco

Ambos em oposição à linguagem e cultura humanas

Em ambos os casos, rejeita-se a diversidade cultural. Coloca-se o diferente para fora da


cultura, fora da humanidade, ou seja, na natureza.

“Tal atitude de pensamento, em nome da qual os ‘selvagens’ (ou todos aqueles que se decida
considerar como tais) são relegados para fora da humanidade, é justamente a atitude mais
marcante e mais distintiva dos próprios selvagens ” (p 363)

O etnocentrismo é uma marca de todos os grupos humanos, mesmo aqueles ditos primitivos.
Exemplos de nomes de grupos sociais que significam em suas línguas: “os humanos” “os bons”
“ os completos”; e grupos vizinhos como “ruins” “lendeas” “fantasma” “assombração” etc...
“Bárbaro, é antes de tudo, aquele que crê na barbárie” (p. 364)

Falso evolucionismo – tentativa de suprimir a diversidade das culturas fingindo reconhece-la


plenamente

“Pois se tratarmos os diferentes estados em que se encontram as sociedades humanas, antigas


ou distantes, como estágios ou etapas de um desenvolvimento único, com o mesmo ponto de
partida e dirigindo-se ao mesmo objetivo, é claro que a diversidade só pode ser aparente. A
humanidade torna-se uma e idêntica a si mesma; mas essa unidade e identidade só podem
realizar-se progressivamente, e a variedade das culturas ilustra os momentos de um processo
que dissimula uma realidade mais profunda ou adia sua manifestação” (p. 365)

O evolucionismo biológico (de Darwin) e o pseudoevolucionismo cultural são teorias muito


diferentes

Ver página 366 – a diferenciação do evol. Biológico (fósseis de esqueletos diferentes, que
deram origem a outros seres semelhantes porém adaptados – ex. cavalo)

Contraposição ao machado como objeto arqueológico – um machado não dá origem a outro


machado.

Afirmar que um machado evoluiu a partir do outro, constitui uma metáfora destituída de rigor
científico

Antiguidade – Pascal – comparava a humanidade a um ser vivo que passava pelas fases da
infância, adolescência e maturidade

Cada sociedade pode dividir as culturas, a partir de seu ponto de vista em três categorias: suas
contemporâneas porém distantes; as que se manifestaram no mesmo espaço em outro
tempo; e as que existiram antes em outro espaço.

Vestígios arqueológicos, pedra lascada – sempre serão apenas hipóteses

Dois tipos de história – p. 370

Ideia de progresso (dialoga com a crítica ao evolucionimso) – p. 371

Idade da pedra lascada; idade da pedra polida; idade do couro; idade do bronze; idade do ferro
...

Paleolítico – tendencia antiga a colocar em etapas, ordem, subsequentes – porem admite-se


que essas “etapas” coexistiram de diferentes formas
Neandertais não preceream o homo sapiens, mas coexistiram em certo período

“o desenvolvimento dos conhecimentos em pré-história e arqueologia tende a distribuir no


espaço formas de civilização que tendíamos a imaginar como distribuídas no tempo” (p. 372)

O “progresso” não é nem necessário, nem contínuo; procede por saltos, pulos, ou, como dizem
os biólogos, por mutações. Tais saltos nem sempre levam adiante na mesma direção, mas são
acompanhados por mudanças de orientação, um pouco como o cavalo no jogo de xadrez, que
tem sempre vários movimentos à disposição, mas nunca no mesmo sentido.

A humanidade em progresso não se assemelha a uma pessoa subindo uma escada, mas mais a
uma pessoa que lança a sorte nos dados, sempre a conta é diferente.

Apenas as vezes a história é cumulativa

[para pensar: quantas vezes, na nossa sociedade global e múltipla, diversa, não observamos
grandes retrocessos? Como podemos dizer sobre uma ideia de evolução ou progresso,
enquanto o capitalismo, quanto mais amplia suas tecnologias, inclusive para produção de
alimentos, mais vê pessoas morrendo de fome, refugiados morrendo nos mares em fuga de
guerras, em busca de abrigos, que muitas vezes não vão acontecer? Os direitos sociais
conquistados parecem muito frágeis, não há garantias. Perde-se com muita facilidade coisas
conquistadas com muita luta e ao longo de muito tempo – ex. direito das mulheres X Damares
e red pill]

Ler página 373 sobre a contribuição do ser humano que chegou às Américas e seu exemplo de
história cumulativa, bem como suas contribuições para a miserável Europa da época.

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