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Introdução e recapitulação....
Para Boas, não se pode comparar culturas diferentes, pois as diferenças seriam
tiradas de contexto histórico.
EXEMPLO:
TOTENS DOS CLÃS (UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL QUE SE
REPETE EM DIFERENTES LUGARES E CULTURAS PELO MUNDO,)
Portanto, a ocorrência frequente dessas formas não prova nem uma origem
comum, nem que elas tenham sempre se desenvolvido de acordo com as mesmas
leis psíquicas. Pelo contrário, o mesmo resultado pode ter sido alcançado por
quatro linhas diferentes de desenvolvimento e de um número infinito de pontos
de partida. (p. 31)
Temos outro método que em muitos aspectos é bem mais seguro. O estudo
detalhado de costumes em sua relação com a cultura total da tribo que os pratica,
em conexão com uma investigação de sua distribuição geográfica entre tribos
vizinhas, propicia-nos quase sempre um meio de determinar com considerável
precisão as causas históricas que levaram à formação dos costumes em questão
e os processos psicológicos que atuaram em seu desenvolvimento. Os resultados
das investigações conduzidas por esse método podem ser tríplices. Eles podem
revelar as condições ambientais que criaram ou modificaram os elementos
culturais; esclarecer fatores psicológicos que atuaram na configuração da
cultura; ou nos mostrar os efeitos que as conexões históricas tiveram sobre o
desenvolvimento da cultura. (P. 33 E 34)
para Boas, o trabalho de campo era crucial, tudo deveria ser anotado, os materiais
constitutivos das casas, as notas das melodias, os mitos, os ingredientes e formas
de preparar alimentos... riqueza de detalhes...
“Por outro lado, enquanto raramente antes dele as sociedades tinham sido
realmente consideradas em si e para si mesmas, cada uma dentre elas adquire o
estatuto de uma totalidade aut^onoma. O primeiro a formular com
seus colaboradores (cf. em particular Lowie, 1971) a cr´ıtica mais radical e
mais elaborada das no¸c~oes de origem e de reconstitui¸c~ao dos est´agios,1 ele
mostra que um costume s´o tem significa¸c~ao se for relacionado ao contexto
particular no qual se inscreve. Claro, Morgan e, muito antes dele, Montesquieu
tinham aberto o caminho a essa pesquisa cujo objeto ´e a totalidade das
rela¸c~oes sociais e dos elementos que a constituem. Mas a diferença é que a
partir de Boas, estima-se que para compreender o lugar particular ocupado
por esse costume não se pode mais confiar nos investigadores e, muito menos
nos que, da "metrópole", confiam neles. Apenas o antropólogo pode elaborar
uma monografia, isto é, dar conta cientificamente de uma microssociedade,
apreendida em sua totalidade e considerada em sua autonomia teórica. Pela
primeira vez, o teórico e o observador estão finalmente reunidos. Assistimos
ao nascimento de uma verdadeira etnografia profissional que não se contenta
mais em coletar materiais `a maneira dos antiquários, mas procura detectar
o que faz a unidade da cultura que se expressa através desses diferentes
materiais.”
1952 (Unesco)
Como explicar a diversidade das culturas humanas?
Para o autor, as culturas humanas não diferem umas das outras do mesmo modo,
nem no mesmo plano.
As culturas humanas estão justapostas no espaço (planeta), próximas ou
distantes, mas todas são contemporâneas (ou seja, não é possível pensar em
“infância da humanidade”, ou “culturas primitivas”, ou “ancestrais vivos da
cultura europeia”)
A diversidade humana é infinitamente mais rica do que jamais poderemos saber,
pois, ainda que nos tornemos etnólogos e arqueólogos, jamais poderemos entrar
em contato com civilizações do passado, com sua história e diversidade em sua
plenitude. Um inventário completo da diversidade cultural humana teria mais
lacunas do que casas preenchidas.
As culturas diferem de modos diferentes: se duas culturas tiverem surgido de um
tronco comum, suas diferenças serão distintas do que duas que jamais tiveram
algum contato [DIFERENÇAS QUE DIFEREM DE MODOS DIFERENTES,
RS].
Pesquisar: império Inca (Peru) / Império Daomé (Africa)
“Nas sociedades humanas, operam simultaneamente forças que trabalham em
direções opostas: umas tendem a manter – e mesmo a acentuar – particularidads,
enquanto outras agem no sentido da convergência e do assemelhamento.” (p.
360) [PENSANDO NOS CONTATOS E RELAÇÕES ENTRE CULTURAS]
A diversidade não se coloca apenas entre culturas, mas dentro de uma própria
sociedade.
As culturas humanas nunca estão sozinhas, mesmo aquelas mais afastadas.
Sociedades ameríndias – isoladas de outros continentes por dezenas de milhares
de anos. Mas ainda assim se tratava de milhares de sociedades em contatos e
trocas umas com as outras.
“A diversidade das culturas humanas não deve levar-nos a uma observação
fragmentar ou fragmentada: é menos função do isolamento dos grupos do que
das relações que os unem”
O etnocentrismo
A diversidade humana é um fenômeno natural, resultante das relações diretas ou
indiretas entre as sociedades. (p. 362)
Idade da pedra lascada; idade da pedra polida; idade do couro; idade do bronze;
idade do ferro ...
Paleolítico – tendencia antiga a colocar em etapas, ordem, subsequentes – porem
admite-se que essas “etapas” coexistiram de diferentes formas
O “progresso” não é nem necessário, nem contínuo; procede por saltos, pulos, ou,
como dizem os biólogos, por mutações. Tais saltos nem sempre levam adiante na
mesma direção, mas são acompanhados por mudanças de orientação, um pouco
como o cavalo no jogo de xadrez, que tem sempre vários movimentos à
disposição, mas nunca no mesmo sentido.
A humanidade em progresso não se assemelha a uma pessoa subindo uma
escada, mas mais a uma pessoa que lança a sorte nos dados, sempre a conta é
diferente.
Apenas as vezes a história é cumulativa
[para pensar: quantas vezes, na nossa sociedade global e múltipla, diversa, não
observamos grandes retrocessos? Como podemos dizer sobre uma ideia de
evolução ou progresso, enquanto o capitalismo, quanto mais amplia suas
tecnologias, inclusive para produção de alimentos, mais vê pessoas morrendo de
fome, refugiados morrendo nos mares em fuga de guerras, em busca de abrigos,
que muitas vezes não vão acontecer? Os direitos sociais conquistados parecem
muito frágeis, não há garantias. Perde-se com muita facilidade coisas
conquistadas com muita luta e ao longo de muito tempo – ex. direito das
mulheres X Damares e red pill]
Ler página 373 sobre a contribuição do ser humano que chegou às Américas e
seu exemplo de história cumulativa, bem como suas contribuições para a
miserável Europa da época.
Como lidamos com outras culturas que possuem outras formas de simbolizar,
outros valores os quais nem podemos mensurar?
Ver páginas 375 e 376 – trem das culturas. Endoculturação em nosso trem. Visão
borrada de outras culturas em outros trem, tamanhos, sentidos, ritmos...
Distinção errônea entre culturas que se movem / culturas que não se movem –
pode ser explicada pela mesma diferença de posição que faz com que um trem
em movimento se mova ou não para o viajante.