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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA

LUCAS CUNHA SANTOS

CULTURA E CULTURAS: UMA PERSPECTIVA A PARTIR DE


DISTINTAS ESCOLAS ANTROPOLÓGICAS

Professor: Dr. Fernando Ozório de Almeida

Laranjeiras/SE
2017.1
INTRODUÇÃO

O conceito de Cultura é bastante complexo, são muitas as suas definições, e todas elas
baseadas em uma ou mais correntes teóricas que figuravam no tempo de cada autor. E tão
complexo quanto seu conceito é o seu caráter, que se apresenta de modo diverso e dinâmico:
diverso pelos muitos modos de comportamento existentes entre os diferentes povos
espalhados pela Terra, de onde vem a ideia de Culturas; e dinâmico por manifestar o que o ser
humano vive, sente, pensa e faz, e essas ações se modificam continuamente.
Nas palavras de Nepomuceno e Assis (2008, p. 2), “a compreensão antropológica de
cultura foi gradativamente construída”, resulta de um processo de construção histórica e do
amadurecimento científico no campo da análise social, fruto da necessidade de entendimento
do que é ser humano. É um conceito que passou por uma infinidade de modificações, mas
sempre esteve relacionado à concepção de algo que se opunha ao natural, ao biológico”.
Veiga-Neto (2003, p. 7), dá a ideia de que a modernidade aceitou sem muitos
questionamentos a designação de cultura para tudo aquilo que a humanidade havia produzido
de melhor em termos materiais, artísticos, filosóficos, científicos, literários, etc., de modo que
por muito tempo ela foi pensada como sendo única e universal. O que para ele evidencia “o
recurso ao conceito de cultura como um elemento de diferenciação assimétrica e de
justificação para a dominação e a exploração”.
Nessa perspectiva, ainda na linha de raciocínio do autor, a busca de todos os povos
devia ser por “formas mais elevadas da Cultura, tendo por modelo as conquistas já realizadas
pelos grupos sociais mais cultos”. E essa ideia de Cultura ainda vigora em muitas sociedades,
inclusive em grande parte da brasileira; não é raro atribuir a um sujeito que entende de
diferentes áreas como alguém “culto” enquanto subestima os conhecimentos de outro o
tratando, em muitos casos, por alguém inculto, e isso quase sempre está relacionado às
distinções de classes sociais geradas pelo capitalismo.
Já para Laraia (1986, p. 105), “não resta dúvida que grande parte dos padrões culturais
de um dado sistema não foram criados por um processo autóctone, foram copiados de outros
sistemas culturais”. A antropologia denomina esses “empréstimos culturais” de difusão, e
muitos antropólogos parecem convencidos de que essa difusão cultural é a responsável pelo
“desenvolvimento” que o ser humano vive atualmente.
E esse pensamento remete a ideia de Culturas distintas que através do processo de
difusão foram adquirindo e incorporando elementos de uma para outra, como modo de
garantir a própria sobrevivência e alcançando com isso um maior “desenvolvimento” em seu
meio social. Entrementes, Laraia (1986), em sua discussão sobre o que chamou de “dilema: a
conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie humana”,
afirma que as diferenças de comportamentos entre povos distintos “não podem ser explicadas
através das diversidades somatológicas ou mesológicas”, pois os determinismos geográfico e
biológico se mostraram incapazes de resolver “o dilema” proposto.
Enfim, é exposto que a cultura tem sido objeto de estudo de várias ciências, sendo
conceituada por diversos autores. Sendo assim, levando em consideração as diferentes épocas
e contextos sociais, e seguindo correntes teóricas distintas, este trabalho tem como objetivo
apresentar os conceitos de cultura e culturas numa perspectiva a partir de distintas escolas
antropológicas, com foco nas correntes: Evolucionista, Culturalista e Funcionalista, baseando-
se nos pensamentos de seus principais representantes.
CULTURA E CULTURAS: UMA PERSPECTIVA A PARTIR DE DISTINTAS
ESCOLAS ANTROPOLÓGICAS

A Antropologia é uma das ciências humanas mais importantes para compreender a


condição humana em um contexto histórico-científico. E dentro dessa ciência temos os
argumentos de diversos antropólogos que buscam explicar “o homem” enquanto um ser
essencialmente cultural, e isso de modo “relevante para que possamos dimensionar as várias
possibilidades conceituais dentro de conjunturas diferentes” (Nepomuceno e Assis, 2008).
Em “Cultura: um conceito antropológico” (1986), Laraia apresenta o desenvolvimento
do conceito de cultura apresentadas por doze importantes antropólogos, iniciando pelos
pensadores do século XIX, sendo eles: Edward B. Tylor (1832-1971), o primeiro a conceituar
formalmente a cultura, dentro de uma perspectiva evolucionista; Alfred Louis Kroeber (1876-
1960), que defendia a ideia de que “o homem é o resultado do meio cultural em que foi
socializado” e graças à cultura os seres humanos se diferem dos demais animais; Franz Boas
(1858-1942), primeiro que rompeu com o princípio do evolucionismo cultural e trabalhou o
conceito de “Culturas”, defendendo uma antropologia que tenha a cultura como um conjunto
de fatores, que não pode de ser resumido em leis e regras para o comportamento humano.
Já do século XX, o autor nos apresenta Leslie White (1900-1917), que pensou a
cultura como o artifício inteligente pelo qual o ser humano se adaptava a natureza, sofrendo
influência e agindo sobre ela; Felix M. Keesing (1902-1961), que acreditava estar o ser
humano apto a viver em qualquer cultura a que for socializado ao nascer e que esta
possibilidade de adaptação vai se limitando pelo contexto em que ela cresce; Claude Lévi-
Strauss (1908-2009), para o qual a cultura surgiu no momento em que o homem
convencionou sua primeira regra ou norma; David M. Schneider (1918-1995), que via a
cultura como um sistema de símbolos e significados que compreendia categorias, unidades e
regras sobre as relações e modos de comportamento; Ward H. Goodenough (1919-2013), para
quem a cultura “consiste em tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para operar
de maneira aceitável dentro de sua sociedade”.
Laraia discorre ainda sobre o pensamento de Clifford Geertz (1926-2006), que via o
ser humano não apenas como o produtor da cultura, mas num sentido biológico, o produto da
cultura, se desenvolvendo simultaneamente com o próprio equipamento biológico; Marvin
Harris (1927-2001), este destacou a importância da cultura material para explicar as
diferenças e semelhanças no pensamento e comportamento dos diversos grupos humanos;
Marshall Sahlins (1930), para quem a cultura é moldada por características particulares do
lugar e do tempo em que é exercida; e Roger Keesing (1935-1993), filho de Felix M. Keesing,
que elaborou um esquema em seu artigo “Theories of Culture”, onde classifica as tentativas
da antropologia moderna de reconstruir o conceito de cultura.
Laraia (1986) nos apresentou todos esses representantes de diferentes escolas
antropológicas que muitos contribuíram para o entendimento das organizações sociais
humanas ao longo do tempo, e a partir de agora, discorreremos sobre as 3 principais delas:

O EVOLUCIONISMO CULTURAL

O saber científico, que toma o homem como objetivo de conhecimento, só foi


construído de fato no final do século XVIII. Quando a antropologia surgiu, já na segunda
metade do século XIX, dominava no mundo científico a teoria evolucionista, consagrada com
a publicação de “A origem das espécies” (1859), de Charles Darwin, influenciando
fortemente a nova ciência.
Os antropólogos evolucionistas, viam os diferentes grupos humanos como sujeitos em
constante desenvolvimento, e essas distintas sociedades evoluiriam na mesma direção,
passando pelas mesmas etapas de desenvolvimento e suas diferenças culturais seguiriam uma
transformação que ia do simples ao complexo, do irracional ao irracional, etc., e todos esses
grupos teriam que necessariamente atravessar as mesmas etapas de desenvolvimento, quanto
as diferenças observadas nas sociedades contemporâneas, todas seriam consequência dos
diversos ritmos da evolução. Os antropólogos mais influentes do evolucionismo cultural
foram Edward Burnett Tylor, Lewis Henry Morgan e James George Frazer.
Edward Burnett Tylor, considerado um dos fundadores da antropologia, era o
chamado “antropólogo de gabinete” (pois teorizava sobre os dados obtidos por terceiros), ele
teve como base de suas produções intelectuais diferentes correntes do pensamento europeu,
como o Evolucionismo de Darwin, a Filologia comparativa, o Romantismo alemão e o
Iluminismo francês. Para ele, a história da humanidade é seu desenvolvimento e progresso,
sendo possível para ele reduzir as diferenças contidas na história e na geografia numa única
escala evolutiva (SILVA, 2009, p. 2). A Tylor também é atribuída a primeira definição formal
de cultura em seu livro “Primitive Culture” (1871), onde diz que:
Cultura ou civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo
complexo que inclui conhecimento, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e
hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade (p. 69).
Lewis Henry Morgan (1818-1881) foi um dos fundadores da antropologia científica
moderna, em 1871 ele elaborou em “Systems of Consanguinity and Affiniy of the Human
Family” (Sistemas de consanguinidade e afinidade da família humana) uma classificação
universal dos sistemas de parentesco, e em 1877 publicou “Ancient Society (Sociedade
Antiga: ou investigações sobre as linhas do progresso humano desde a selvageria, através da
barbárie até a civilização), onde elaborou a teoria geral da evolução da sociedade, que
segundo ele, se deu em três etapas: selvageria, barbárie e civilização, onde em cada uma delas
predominava certas técnicas e instituições e a aquisição de nova técnica ou capacidade
marcaria o fim de uma e início de outra etapa. A exemplo: com a invenção da cerâmica,
iniciou-se a fase da barbárie, com a invenção da escrita, iniciou-se a civilização.
É inegável que partes da família humana tenha existido num estado de selvageria,
outras partes num estado de barbárie outras num estado de civilização, parece também que
essas três distintas condições estão conectadas umas às outras numa sequência de progresso
que é tanto natural como necessária. Além disso, é possível supor que essa consequência
tenha sido historicamente verdadeira para toda a família humana, até o status respectivo
atingido por cada ramo (MORGAN, 1877, p. 49).
James George Frazer (1854-1941), foi o influente antropólogo evolucionista, que
analisou a evolução histórica do pensamento humano através do estudo comparativo do
folclore, da mitologia e das religiões. Em 1908 publicou “O Escopo da Antropologia Social,
onde ele apresenta a disciplina Antropologia Social (o estudo do homem na sociedade),
demarcando as fronteiras e delimitando as tarefas da nova disciplina. E em 1978, publicou “O
ramo de ouro”, um estudo sobre magia e religião, onde analisou profundamente os ritos e
costumes nas sociedades. Em sua teoria geral, a mente humana evoluiu do mágico ao
religioso e depois ao científico. Na magia, os princípios lógicos se resumem em dois: “o
primeiro que o semelhante produz o semelhante, ou o efeito se assemelha à sua causa; e,
segundo, que as coisas que estiverem em contato continuam em contato mesmo à distância,
depois de cortados o contato físico” (p. 34) e no sentido religioso, ele conta que na sociedade
selvagem, habitualmente se encontra a prática de “ritos mágicos e encantamentos praticados
para beneficiar ou prejudicar as pessoas” e também a magia pública, que favorece toda a
comunidade, tornando o mago em funcionário público, numa classe de “grande importância,
tanto política quanto religiosa, da sociedade”, pois quando “o bem-estar da tribo depende da
realização desses ritos, o mago se eleva a uma posição muito influente e de grande reputação,
podendo alcançar dignidade e autoridade de um rei” (p. 45).
Os antropólogos evolucionistas aceitavam a ideia de que todo ser humano teria uma
origem comum e explicavam a diversidade cultural entre os povos baseados na evolução,
onde havia um caminho obrigatória a ser trilhado pelas sociedades, partindo do estágio
selvagem, passando pela barbárie até chegar à civilização.

CULTURALISMO

O culturalismo é uma corrente teórica que surge do neokantismo, na Alemanha, sendo


um movimento bastante complexo e de longa duração, apesar das tragédias bélicas
vivenciadas pelo país no século passado, o movimento intelectual se expandiu para outros
países, inclusive o Brasil. Buscando resolver os problemas deixados em abertos por Kant, a
escola culturalista acabou criando a possibilidade de reestruturar a cultura a partir daquele
ponto de vista (PAIM, 1995, p. 8), marcando presença e experimentando três grandes ciclos
caracterizados, nos quais se destacaram distintas personalidades.
Ainda de acordo com PAIM (1995), no primeiro ciclo, que durou aproximadamente
até a Primeira Guerra Mundial, o principal interesse consistia em “estabelecer princípios
seguros e capazes de fixar a singularidade das ciências culturais e da história”, onde se
destacam os filósofos Wilhelm Windelband (1984-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936); o
segundo ciclo, que ocorreu no pós-guerra, era constituído de três esferas específicas de
objetos: naturais, ideais e referidos a valores, ou objetos culturais. Havia a necessidade de
reconceituar a experiência que permitisse unificar esses campos, nessa corrente se destaca o
filósofo Max Scheler, que apresentou muitas contribuições para o desenvolvimento do
culturalismo; e no terceiro ciclo, depois da morte de Scheler, em 1928, a instabilidade na
Alemanha aumentou e a escola culturalista se desorganizou. “Contudo, seus remanescentes
facultaram um grande avanço na determinação da problemática específica da posição
culturalista”, permitindo a continuidade de suas investigações em outros países, como Ortega
e Gasset (1883-1955), na Espanha, Miguel Reale, no Brasil, Garcia Maynes, no México, entre
outros (p. 15). Nicolai Hartmann (1882-1950) se destacou com seus estudos sistemáticos,
onde todos os avanços desta fase podem ser identificados em suas obras compreendidas neste
período.
Com base na teoria social de Franz Boas, o culturalismo passa a constituir os
ensinamentos da antropologia norte-americana a partir das décadas de 20 e 30 do século
passado, quando Boas radicaliza abrindo um novo campo de estudos, levantando a ideia de
que a mente humana explicava as regularidades manifestadas nos fenômenos culturais, a tese
de Boas defendia a mistura de raças e os efeitos favoráveis que essa miscigenação operava, a
distinção entre raça e cultura foi um traço distinto do seu método, conhecido como relativismo
cultural, baseado na não existência de culturas inferiores e superiores (SILVA, 2005/2006, p.
196)
Os principais representantes da Escola Culturalista são Franz Boas (1858-1942) e seus
discípulos: Ruth Benedict (1887-1948), que enfatizou o aspecto da cultura como regulamento
de personalidade, detalhando rituais, crenças e peculiaridades de diversas culturas, para ela, a
história de cada pessoa seria uma acomodação aos padrões tradicionalmente transmitidos
entre gerações, pois os costumes do meio moldam sua conduta e experiência dos desde
quando nasce; Margaret Mead (1901-1948), que atribuiu as variações no comportamento dos
variados grupos que estudou às diferenças oferecidas por cada cultura, principalmente as mais
ativas durante a primeira infância, ela também sugeria que as diferenças de personalidade,
padronizadas entre os sexos, constituem apenas criações culturais às quais cada geração é
condicionada, e quanto aos indivíduos desajustados psicossocialmente, estes representariam a
evidência de que existe mais de um conjunto de valores culturais possíveis ((MONTINI,
2014); Edward Sapir (1884-1939), que enfatizava o papel formador da linguagem nas
percepções humanas e acreditava que o comportamento cultural seria incompreensível sem a
linguagem para mediar, para ele, a personalidade é formada através da linguagem e da cultura
(Teoria IV - PPGSA - IFFCS/UFRJ); e Melville Herskovitz (1895-1963), que investigou as
teorias de poder e autoridade na região africada, estudou a também como os aspectos da
cultura africana e suas tradições se evidenciavam nos afro-americanos, chegou no Brasil e
1941 e por aqui estudou a cultura afro-brasileira com enfoque à questão religiosa, na Bahia
seu objetivo de estudo foi o Candomblé; além de Ralph Linton (1893-1953) e Abram
Kardiner (19891-1981); e no Brasil quem mais contribuiu com essa corrente foi o filósofo
sergipano Tobias Barreto (1839-1889), e o também filósofo e advogado Miguel Reale (1910-
2006).

FUNCIONALISMO

O funcionalismo é surgiu em reação ao difunsionismo, que via as diferenças e


semelhanças das sociedades como fruto da tendência imitativa humana, de modo que toda
mudança e progresso culturais são frutos de migrações e contatos com outros povos, e ao
evolucionismo que Darwin propôs para a biologia e que no início do século passado era
paradigma predominante até para as ciências humanas e sociais. Os conceitos centrais do
funcionalismo estão nos termos “estrutura” e “função” na sociologia, onde a sociedade é vista
como um organismo.
Seu surgimento na antropologia se deu nos trabalhos de Radcliffe Brown (1881-1955),
segundo o qual a estrutura social era a soma total das relações sociais entre os indivíduos em
um dado momento do tempo e a continuidade dessa estrutura seria mantida através das
relações entre as unidades que a compunha, para ele, todos as crenças e costumes de uma
sociedade desempenha determinado papel na vida social da comunidade. Ele via a cultura
como parte de um sistema social e seu objeto de estudo era esse sistema, não exatamente a
cultura; e Malinowski (1884-1942), que procurava entender cada sociedade como um todo,
com descrições etnográficas detalhistas, levando em conta os fatores sociais, psicológicos e
biológicos dos grupos estudados. Para ele, cultura era uma realidade instrumental criada pelo
homem para satisfazer as suas necessidades, indo além da adaptação ao meio ambiente, seria
a cultura uma criação cumulativa que aumentava o poder de ação e grau de eficiência
individual, de forma que proporcionou ampla visão e transformando os indivíduos em grupos
organizados que lhes permitiam continuar vivendo e passar o aprendizado de geração a
geração, numa continuidade cultural. Ambos foram influenciados pelo pensamento de Émile
Durkhein (1858-1917), que foi quem deu as bases teóricas do funcionalismo na antropologia
(MACEDO, 1998, p. 72).
Quem também contribuiu com o pensamento funcionalista foi o antropólogo
americano Leslie White (1900-1917), que viu a cultura como o artifício inteligente pelo qual o
ser humano se adaptava a natureza, sofrendo influência e agindo sobre ela, considerando que
a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro humano foi capaz de
gerar símbolos. Para White, “o papel da cultura é tornar a vida segura e duradoura para a
espécie humana”, e “neste ponto propõe a distinção do homem enquanto organismo biológico
do homem enquanto ser social e desconstrói noções antigas ao negar a existência de relação
direta entre raça e cultura” (NASCIMENTO, 2009, p. 314).
Na escola antropológica funcionalista, um ponto marcante de sua teoria é a
preocupação em estudar e explicar o aspecto social das sociedades num ponto de vista
sincrônico, privilegiando a análise das relações sociais e culturais através dos tempos
(OLIVEIRA, SANTANA & ALVES, 2014, p. 234).
CONCLUSÃO

Como tudo é relativo, os conceitos dado a “cultura” ou “culturas” não poderiam ser
diferentes, assim como a forma de vê-la, seja numa ótica monocultural ou multicultural, a
relatividade está sempre presente. Os pensadores das diferentes escolas antropológicas
buscavam, dentro de suas possibilidades temporais, estudar os diversos grupos humanos
baseados em suas crenças e influenciados por outros teóricos na tentativa de explicar como se
dava as diferenças e semelhanças entre os povos, suas organizações sociais e visão de mundo.
Ainda hoje o conceito de cultura é amplo, seu caráter continua sendo diverso e
dinâmico e as reflexões do ser humano a respeito dele mesmo ainda vive, e graças aos estudos
de todos os teóricos que vieram antes de nós, temos base para novas pesquisas e reflexões na
busca contínua de compreender o ser humano através de sua história ao longo do tempo,
baseados em conhecimentos antropológicos, sociológico e arqueológico, por meio de sua
cultura material.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOAS, F. Arte Primitiva. – 8 ed. – Rio de Janeiro. Editora Vozes, 2014, p. 21-73.

LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. – 14. ed. – Rio de Janeiro, Jorge


Zahrar Ed., 2011, p.113.

MACEDO, A. V. T. Funcionalismo. In: Veredas: revista de Estudos Linguísticos, Juiz de


Fora /MG: EDUFJF, v. 1, nº 2, 1998, p. 71 a 88.

NASCIMENTO, V. S. WHITE, Leslie A.; DILLINGHAM, Beth: o conceito de cultura.


Rio de Janeiro: Contraponto, 2009. Politeia: Hist. e Soc., Vitória da Conquista - Ba, v. 9, n.
1, p. 313-316, 2009. Disponível em:
http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/572/568

NEPOMUCENO, C. M.; ASSIS, C. L. Cultura: uma abordagem antropológica. Estudos


contemporâneos de cultura. Campina Grande: UEPB/UFRN, 2008. 15 fasc. – (Curso de
Licenciatura em Geografia – EaD) 236 p.

NETO, A. V. Culturas, Cultura e Educação. RBE - Revista Brasileira de Educação, nº 23,


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OLIVEIRA, E. M. A., SANTANA, I. C., ALVES, A. Radcliffe-Brown e o Estrutural-


Funcionalismo: a questão da mudança na estrutura e no sistema social. Revista Diálogos
– N.° 11 – abr./mai. ‐ 2014, p. 234-254.

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