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DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA
Laranjeiras/SE
2018.1
Prous, André. Arqueologia brasileira. Revisão do texto: Wilma Gonsalves rosas. Editora
Universidade de Brasília, 19992.
A Pré-história Amazônica
Prous, cita o casal B. Megges e C. Evans, que foram enviados por Steward no
ano de 1950 para testar suas teorias em campo, sendo que o casal é entendido como referência
para orientação de trabalhos na Amazônia. Onde eles desenvolveram um trabalho, de
“identificação” de onde possivelmente as tecnologias como a cerâmica poderia ter sido
difundidas, para assim se descobrir seus locais iniciais. Gostaria de ressaltar, que devido a
outros estudos, sei que as teorias propostas pelo casal são de teor difucionistas, onde ele
desconsidera a capacidade criativa das populações indígenas, e entende que as tecnologias
como por exemplo a cerâmica teria sido trazidas de fora do continente.
O autor fala a respeito das ocupações ou vestígios mais antigos, que são
datados antes do período cerâmico, onde cita o Mato Grosso, onde possui um sitio datado
entre 10350 e 3800; em Tapajós foram encontradas pontas de flechas que possuem 6000 anos
ou mais; no Pará os vestígios da gruta do gavião seria caracterizados por detritos líticos
diversos e restos alimentícios onde a datação mais antiga seria de 11000 BP; Já em Roraima,
foram encontrados um pilão de pedra, uma bola e um batedor, que são datados em 4000 BP;
no Amapá por sua vez, possui algumas peças líticas datada em 3700.
Nessa parte do texto que irei tratar agora ele fala a respeito da Tradição
‘subandina’ Policroma, onde o casal Evans havia agrupado como já citei todos as fases
cerâmicas que tivesse decorações de traços pretos ou vermelhos englobados por branco, onde
creditavam aos seus fabricantes o status de mais ‘evoluídos’ que teria tido contato com grupos
mais ‘adiantados’ que seus vizinhos. Então acreditavam que somente os povos Policromicos
possuiriam uma agricultura intensiva o que permitiria uma produção alimentar maior e uma
demografia dinâmica, como também permitia uma ultra especialização de trabalho, onde
haveria artesoes especializados, estruturas politicas e religiões desenvolvidas, em suma, o
velho etnocentrismo, caracterizando como melhor aquilo que mais se parece com si. Dentro
dessa tradição existiria algumas subtradições como a Marajoara, que englobaria algumas
fases, como por exemplo a Aristé, no Amapá; a Fase Itacoatiara e etc. Outra “subtradição”
seria Guarita, que possuiria Fases como a “Eponima, que possuiria uma decoração
essencialmente em vasos abertos datados em 1150+ 47 AD; a Fase Apuá, que apresenta uma
cerâmica muito semelhante e é datado em 825 AD; outras fases só se possui as datações como
é o caso das fases Manicoré 1135 – 1185 AD e Pupunhas 1400 AD.
Agora irei tratar de outra tradição citada pelo autor, que seria a Tradição
‘inciso- ponteada’, onde os Evans a caracterizaram como sendo de uma decoração complexa
ou barroca, que combina incisões, pontuações e figuras biomorfas. Dentro de suas
manifestações materiais está a famosa cerâmica Tapajônica, onde os sítios se encontram nas
bordas dos rios e lagoas entre Santarém e Óbidos. A cultura Santarém é uma das que fazem
parte dessa tradição, sendo que possui vários sítios ao redor dos rios já citados e do Jari, esses
sítios são caracterizados por uma terra altamente antropogênica, fruto de ocupações muito
numerosas e sucessivas, indo contra as alegações etnocêntrica. Dentro as varias manifestações
podemos ver 3 tipos de representações que mais se destacam dentro das cerimoniais, essas
seriam os vasos ”Cariátides”, que apresentam uma base anelar que é decorada com incisões
sobre a qual figuras femininas nuas são representadas e ao seu redor são aplicadas
modelagens em formas de animais, esse tipo de vaso em especifico seria utilizado para os
rituais, onde as mulheres estariam proibidas de participar. Outro tipo de vasilha seria o “ vazo
de gargalo”, que apresenta um bojo globular representando corpos de jacarés, onde saem duas
cabeças opostas e simétricas, onde podem aparecer representações de outros animais. O
terceiro tipo comporta grandes cálices sobre um pedestal na maioria das vezes representados
por decorações de cobras onde podem aparecerem representações masculinas e femininas.
Vários outros tipos de estatuas antropomórficas podem ser identificadas, sendo que podem ser
dos mais diversos significados e objetivos. As representações líticas dessa cultura comporta
laminas de machado feitos de pedras verde (Muirakitã).
Agora irei tratar de outro sub tópico que trata a respeito das pesquisas da
fronteira com a Venezuela e as Guianas. Nessa região só foi possível se identificar uma única
tradição que seria a “Rupunani”, que foi definida pelo casal Evans na região da Guiana
inglesa. Um pote coletado no abrigo Maloca da Perdiz II, continha ossos de dois adultos e
uma criança carbonizados, sendo que essa ocupação é atribuída a grupos (proto) Aruak,
justamente pelo fato dos povos desse grupos linguísticos cremarem seus mortos, e sua datação
acabou entrando no período histórico devido ao aparecimento de contas de vidros segundo o
autor. Gostaria de questionar novamente os determinismos, lembrando que atualmente foi
apresentado uma tese de doutorado na universidade federal de Sergipe onde também foram
encontradas contas de vidro em uma camada de 2000 anos, longe de querer criar expectativas
que podem estar erradas apenas digo que essas evidencias precisam serem analisadas com
cuidado e com a mente aberta para todas as possibilidades.
Agora irei falar das influencias tupiguaranis na Amazônia, onde existe marcas
nítidas de sua influência entre o Xingu e o Tocantins, onde foram encontradas vestígios
cerâmicos tipo carrugado típicos dos tupi, porem também apresentam evidências da tradição
Inciso-Ponteada, em todos os caso duas fases cerâmicas são identificadas, como sendo
influenciadas pelos Tupiguaranis, a fase “Tucuri” datada em 1000 Ad e a fase “Tauari” que é
datada em 440 AD. Nessa parte o autor cita que se acreditavam que o berço dos Tupiguaranis,
e diz que o Brochado defende a tese que os Tupis e os Guaranis sejam oriundos da tradição
amazônica Policroma.
Agora irei tratar do último tópico que o autor chama de “reflexões sobre a Pré-
história Amazônica”, já acoplando meu pensamento sobre as ideias propostas. A muito tempo
existe a ideia de que não existiria a possibilidade da Amazônia abrigar populações
“complexas” devido a suas condições climáticas, que inviabilizaria a agricultura, então os
impulsos tecnológicos viriam de fora, obedecendo aos modelos difucionistas. Isso pode até se
sustentar nas regiões de terras firmes, onde não foram feitos estudos realmente
representativos, com tudo parece provável que as regiões das Várzeas, poderia ter aproveitado
dos ricos recursos de terras aluviais, que era propicia para agricultura de plantas com um ciclo
vegetativo curto. Considera-se frequentemente que a agricultura na Amazônia sempre foi de
mandioca, porem segundo os relatos etnográficos e evidencias mais recentes é possível se
atestar que foi praticado o cultivo do milho, e através dele as populações diminuíram
drasticamente algumas práticas como a caça, coleta e pesca, e desenvolveram uma ocupação
com densidades populacionais que devem ser consideradas, pois atravessam as barreiras
deterministas que foram imposta sobre o território amazônico, que foi por muito tempo
considerado um “fim de mundo” onde a atenção dos pesquisadores sempre se voltou para
culturas andinas, justamente pelo fato dessas culturas representarem a maior proximidade com
os padrões etnocêntricos, que insistem em dizer que o nível de “civilização” só pode ser
alcançado através de sociedades numerosas e essas por sua vez só podem se sustentar através
do poder coercitivo, então com certeza as culturas mais desenvolvidas da região Amazônia
certamente viria dos andes. O que se sabe atualmente nega completamente isso e sabe-se que
existe uma grande confluência de culturas onde as influencias são mútuas, então é legitimo
admitir que os antigos amazonenses, que se situavam no contato entre os dois mundos,
tenham desempenhado um papel de intermediários, onde além de influenciar também
receberam influencias tanto ocidentais quanto setentrionais.