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Introdução à Arqueologia
Anotações para complemento do curso de
Mentoria em Arqueologia Bíblica (Rodrigo P. Silva)
14 Leonel Casson, “The World’s First Museum and the World’s First Archaeologists”, BAR
5:01, Jan/Feb 1979.
15 Allison Karmel Thomason, Luxury and Legitimation. Royal Collecting in Ancient Meso-
potamia (Union Road Farnham Surrey, Reino Unido: Aldershot, Ashgate, 2005), 208.
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Uma conservação sem muitos critérios
Houve muitas estátuas encontradas como esta, mas veja neste desenho
abaixo, feito por Giovanni Permoli por volta de 1760, como uma clássica estátua
de Lívia, esposa de Augusto e mãe de Tibério, era erguida e transportada sem
nenhum cuidado especial.
14 Apesar de ser considerada uma obra impressionante, o grupo de Laocoonte era uma
estátua incompleta, pois faltava o braço direito da figura do próprio Laocoonte. A omissão
provocou o debate da comunidade artística romana, polarizado entre duas opiniões:
Michelangelo sugeriu que o braço estivesse dobrado sobre o ombro do personagem,
enquanto a maioria defendia que estivesse, pelo contrário, distendido numa posição mais
heróica. Júlio II organizou então uma competição informal, onde os escultores pudessem
propôr a sua solução para o problema. Rafael, como júri do concurso, acabou por escolher
uma proposta que representava o braço esticado, e a estátua foi completada desta forma. Em
1957, o verdadeiro braço perdido de Laocoonte foi descoberto num antiquário italiano e,
como Michelangelo previra, estava de fato dobrado sobre o ombro.
O grupo de Laocoonte se transformou depressa numa celebridade na Europa e num motivo
de cobiça. No âmbito dos tratados assinados com a França, o papa Leão X prometeu oferecer
a estátua ao rei Francisco I de França. Mas como este papa era um amante de arte clássica,
e não pretendia separar-se da obra prima, encomendou uma cópia ao escultor Baccio
Bandinelli, que acabou por ser o modelo de muitas outras versões menores em bronze. O
tratado com os franceses acabou por não ser cumprido, e esta cópia encontra-se hoje exposta
na galeria Uffiziem Florença.
Em 1799, Napoleão Bonaparte conquistou a Itália e levou o grupo de Laocoonte para o
Museu do Louvre, em Paris, como espólio de guerra. A estátua acabou por ser devolvida ao
Vaticano por iniciativa britânica, depois da queda de Bonaparte em 1816. <wikipedia.org/
wiki/Laocoön>
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Creta
Esta é uma página de seu livro de anotações de 1900. São objetos que ele
achou no monte Kephala.
Evans também chegou à colina de Kephala do palácio e viu que ali haviam
restos de um palácio do período do Bronze. Mas tapou o buraco feito, e tratou
de comprar o terreno nas mãos do governo grego. Sendo dono da propriedade,
começou a escavá-la por conta própria. Sua escavação começou em 23 de março
1900, uma sexta-feira às 11 horas da manhã. David Hogarth, Duncan Mackenzie
(especialistas em métodos arqueológicos) e Theodore Fyfe (especialista em
arquitetura antiga) foram seus assistentes. Ele escavou o palácio durante quatro
anos, mas morou ali por 30 anos publicando seus achados em quatro volumes
desde 1921 a 1931. Em 1911 ele recebeu o título de “sir” da Inglaterra.
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Até o termo palácio é controverso, pois com mais de mil e trezentos cômodos
interligados (seria esse o verdadeiro labirinto?), alguns presumem que ali seria
uma parte central da cidade em si com locais servindo para artesãos, salas de
justiça, armazéns gerais, centros administrativos, religiosos etc.
14 Cathy Gere, Knossos and the Prophets of Modernism (Chicago: The University of
Chicago Press, 2009), 111.
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Colin Renfrew vai questionar isso nos anos 80 dizendo que o termo hindo-
europeu se referia a uma língua, mas não necessariamente a um povo exclusivo.
Ele critica o método de paleontologia linguística que buscava encontrar a origem
das línguas europeias.
14 Este arqueólogo foi a base teórica e ideológica do nazismo. Ele quis identificar os
verdadeiros indo-europeus a partir de uma cultura arqueológica concreta: a cerâmica de
bandas, cujo núcleo se situaria entre a atual Polônia e o norte da Alemanha.
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II – A pedra polida (mas sem traços de metal, a não ser ouro) seria o Neolítico.
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Artefatologia
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A difusão criou áreas culturais. Ratzel foi seguido por Boas que introduziu
o conceito na América do Norte. Boas se opunha à doutrina do evolucionismo,
que sustentava que cada cultura era uma entidade étnica única que tinha de ser
entendida em seus próprios termos. Ele falava de relativismo cultural (que negava
a existência de um padrão universal de classificação da cultura em inferior ou
superior) e particularismo histórico (cada cultura é produto de uma sequência
única de desenvolvimento, na qual a difusão desempenha um papel fundamental).
Montelius: tipologia – descrição do objeto; seriação – série de tipos.
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Arqueologia Marxista
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O método deles foi muito bom, por exemplo, para entender a Grécia. Seu
problema foi a interpretação. Eles tinham uma teoria materialista de sociedade já
pronta nos escritos de Marx, e quiseram impor essa teoria ao passado. Forçaram
a arqueologia à justificar empiricamente aquilo que eles já criam.
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Histórico-cultural Processualismo
A divulgação de ideias/culturas Um povo não precisa viajar para
se dá pela migração e difusão difundir cultura, basta que sua
“ideia” viaje. As “normas” de uma
cultura podem ser transmitidas à
outra cultura, longas distâncias,
causando mudança nos artefatos,
sem necessária migração.
A divulgação é feita através de um Sua preocupação não está com o
caminho (rotas de difusão) desde índio, nem com o artefato, mas com
um centro de origem até outro o sistema por detrás do índio e do
lugar, passando por filtragens artefato.
cognitivas de aceitação ou rejeição
que podem causar mudança no
artefato. Quanto mais distante do
“centro”, menos sofisticado se
torna o artefato.
“Analogia Etnográfica” – para uns “Analogia Etnográfica” – utilizando
era a análise e descrição de uma diferentes grupos étnicos, buscam
estrutura comportamental pré- construir modelos para predizer e
histórica, buscando na literatura interpretar os restos arqueológicos
etnográfica o grupo ao qual aquele deixados por determinado grupo.
comportamento se assemelha.
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Por fim, o autor termina com uma reflexão da teoria crítica, bastante pós-moderna e
relativista em seus conceitos de verdade científica e possibilidade de reconstrução unívoca do
passado. Para o autor, essa proposta pós-processual significaria a superação das dicotomias
estabelecidas entre o sujeito (arqueólogo pesquisador) e o objeto, entre o processo e a
estrutura, entre o ideal (símbolo) e o material.
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Arqueologia Cognitiva14
Neste texto, vários pontos de vista sobre a arqueologia são oferecidos por
distintos autores. Um ponto de acordo em todos eles, é a dificuldade de se definir
de modo unânime o que é Arqueologia Cognitiva e quais as suas implicações ou
esferas de pesquisa.
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Estudo de caso
Os sambaquis
Ideias anteriores:
a) Formação natural como os concheiros.
b) Local de descarte de restos de cozinha – bando de coletores.
c) Resultado de um trabalho ordenado e social que tinha, dentre outras
coisas, o objetivo de construir um imponente marco paisagístico.
d) Corrente mista.
A indolência atribuída aos índios levou a crer que os sambaquis não poderiam
ser naturais. Era a preguiça dos nativos que os fazia acumular restos de comida. O
imperador D. Pedro II acompanhou escavações em São Vicente.
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Até 1950 a pesquisa dos sambaquis era feita de trabalhos pontuais que não
permitiam o entendimento da ocupação litorânea.
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A rotina que criou os primeiros montículos não foi rígida, como supõe
a prática idealizada pela sociedade moderna. Veja, por que eles levariam os
mariscos com casca ao invés de levar apenas a carne? Catadoras de berbigão da
Praia do Sonho e da Passagem da Barra em SC, usam conchas de berbigão para
elevar o piso de seus terrenos, pavimentar buracos na rua – as cascas recebem
o destino ditado pelos costumes sociais da população atual. Se os sambaquieiros
tinham esse costume, nada justificaria que continuassem a aterrá-los para até 30
metros.
Não cabe aqui discutir os eventos que ocorrem em outros países. Também
não há dados suficientes para estabelecer correlações entre os sítios do sul e do
norte do Brasil. No entanto, é necessário assinalar que, em termos estruturais, um
mesmo conjunto de regras estava operando nos diversos sambaquis brasileiros.
Esse conjunto de normas ditava que os restos faunísticos deviam ser acumulados,
que ali era o espaço dos mortos e, na maioria dos casos, também o espaço da
moradia.
Com essa proposta, estou sugerindo uma certa ruptura com o esquema
de análises adotado desde os primeiros estudos de sambaquis, na pré-história
brasileira. Considero que traços culturais podem variar no tempo e no espaço,
como de fato variam, sem que isso afete a identidade social do grupo. Essa
perspectiva percebe a cultura como algo essencialmente dinâmico e perfeitamente
reelaborado.
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Conclusões:
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Três leis: (1) o de baixo é mais antigo (2) estratos formados sob pressão da
água possuem superfície horizontal (3) todo o depósito forma uma continuidade
imaginária, uma unidade integral sem sem margens expostas e que estas são o
resultado de erosão ou do deslocamento do depósito.
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É de praxe, ainda, que o arqueólogo deixe no sítio uma porção intacta, sem
ser escavada. É chamada de área-testemunho. Estará, assim, permitindo uma
retomada das pesquisas no futuro, a partir de novas abordagens e talvez dispondo
de tecnologias mais avançadas. Isto porque, muito antes de ser pesquisador, o
arqueólogo é um cientista voltado à preservação da herança cultural humana.
Deve partilhar o bolo com todos!
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Desenterramento Escavação
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Paradigmas medievais:
1 – O mundo tinha origem sobrenatural
com poucos milhares de anos (Usher 4004
a.C.) agora estava no fim.
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A princípio seria apenas mais uma coluna romana dentre várias encontradas
no país. Ela havia pertencido a algum edifício situado numa vila de oleiros judeus,
isto é, profissionais especializados em fazer vasos, ânforas, panelas, copos, etc.,
tanto de barro quanto de pedra por causa do costume de purificação dos judeus
bastante em voga nos dias de Herodes. Você certamente se lembra do episódio
nas bodas de Caná da Galileia, onde Jesus mandou que enchessem de água seis
talhas de pedra “que os judeus usavam para as purificações” (Jo 2:6). O ofício
desses vilarejos era justamente fabricar esse tipo de utensílio doméstico e eles
viveram exatamente nos dias de Jesus!
Havia, porém, algo inédito naquela coluna dos tempos romanos. Nela
havia uma inscrição hebraica de 2.000 anos que dizia: “Ananias, filho de Dodalos
de Jerusalém”. Esta é a mais antiga inscrição com o nome completo da cidade
(Yerushalayim) grafada exatamente como se escreve em hebraico até hoje. Antes
disso só conhecíamos inscrições do nome em aramaico (como as que aparecem
em algumas moedas antigas) ou na forma abreviada Shalem que seria a mesma
cidade do Rei Melquisedeque.
Sobre o autor da frase, Ananias, este era um nome judeu muito comum
nos tempos bíblicos. Vários homens são assim chamados na Bíblia Sagrada. Os
mais famosos seriam o marido de Safira mencionado no livro de Atos, um dos
companheiros de Daniel que sobreviveu à fornalha ardente de Nabucodonosor
e aquele senhor de Damasco que curou a cegueira de Paulo, batizando-o, muito
provavelmente logo em seguida (Atos 9:10).
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Contudo, para mim esse não é o sentido mais importante. E espero que o
primeiro não ofusque o brilho do segundo, que é o sentido espiritual. Nos tempos
greco-romanos era comum doadores e mecenas terem o direito de escrever em
colunas de um edifício (especialmente religioso) o seu nome, de sua família e do
Deus de sua devoção. Esse era um indicativo de que aquele cujo nome todos pode
ler na coluna, ajudou a edificar aquele santuário. Eu já vi várias dessas inscrições
em templos gregos e sinagogas dos tempos de Jesus.
Não conheço nada mais acerca desse misterioso Ananias que deixou sua
inscrição nesta coluna. Mas sei o bastante acerca do seu gesto e o significado
simbólico que o Apocalipse imprime sobre este costume. Ao ver as imagens des-
sa coluna, peço a Deus que me dê o privilégio de ajudar a construir o reino de
Deus na terra, para que meu nome, junto ao nome de Cristo e da Nova Jerusalém,
estejam impressos nas colunas do Santuário Celestial. Que esta seja sua oração
também.
Novidades de Laquis
Laquis foi uma importante cidade dos tempos antigos, situada ao sul de Je-
rusalém e mencionada diversas vezes na Bíblia Sagrada. Do ponto de vista arque-
ológico, Laquis revela-se um sítio arqueológico bem escavado e um dos assen-
tamentos com maior numero de registros fora da Bíblia Sagrada. A combinação
dessas evidências bíblicas e não bíblicas tem oferecido um excelente diagnóstico
de seu contexto histórico, além de abrir interessantes hipóteses de como se de-
ram alguns eventos ocorridos nos tempos antigos e citados na Bíblia Sagrada.
Desde seu início até hoje, as escavações locais têm revelado que a cidade
tinha uma forte influência tanto da cultura cananeia quanto egípcia. Era, de fato,
um entreposto comercial entre Canaã e o Egito, e mais do que isso, um reino alia-
do aos egípcios que durante a 18ª dinastia ajudava a controlar o território a fim de
atender aos interesses de faraó.
Não é por menos, que Laquis aparece citada nas cartas de Amarna que
faziam parte do arquivo de correspondência do Egito com os seus reis vassalos e
governadores em Canaã no século 14 a.C. As cartas indicam que Laquis era uma
cidade grande e poderosa em Sefelá.
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Sei que o título de meu artigo hoje deve ter levado muitos leitores a pensar
que contarei a história de alguma Elihana que superou o machismo de uma
sociedade para se firmar como mulher. Talvez alguns até pensem que se trata de
uma história moderna (do século 19 para cá) e até busquem na Internet alguma
informação sobre esta feminista, para pesquisarem tudo que for possível acerca
dela. Também estou consciente de que o tema do feminismo é bastante espinhoso
e atrai muitas críticas de todos os lados, principalmente se o autor for um homem
cuja teologia se pauta mais pelas linhas conservadoras do que as liberais.
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Sendo assim, há lugares em que o nível atual do chão em que pisamos está
metros acima daquele que foi utilizado nos tempos de Cristo, por exemplo. Nisto
você pode ver quão ilusória é essa história da “via dolorosa” dentro da cidade
velha de Jerusalém. Jesus nunca pisou naquelas ruelas turísticas. A Jerusalém
de Jesus está muito abaixo disso.
Agora que você já sabe como funciona o processo, já está pronto para
entender que o primeiro dilema do arqueólogo é destruir antiguidade para achar
antiguidade, pois como os restos civilizatórios estão depositados em camadas,
o que está em cima é mais recente e o que está em baixo é mais antigo. Por
isso demora-se tanto no processo e só este ano o time de escavadores do Givati
Parking Lot chegaram ao nível do primeiro templo, isto é, da camada que contém
o contexto arqueológico da época em que o Templo de Salomão ainda funcionava
em Jerusalém. Foi neste contexto que o selo de Elihana foi encontrado.
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Note que, diferente dos homens da época, cujo sobrenome se dava mais
comumente pela ancestralidade (Jesus filho de Davi, Simão Bar Jonas), o
sobrenome de uma mulher se dava mais pela referência ao seu marido (Maria,
mulher de Clopas; Joana, mulher de Cuza). Havia outros casos, é claro, como
Maria Madalena que era conhecida pela cidade de sua procedência ou Lídia que
era conhecida pela sua profissão como vendedora de Púrpura. Estes, porém, não
eram a forma mais comum.
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Por outro lado, posso também dizer que é caricatural aquela ideia que
muitos fazem da sociedade judaica, dita “patriarcal”, como sendo extremamente
chauvinista em relação aos homens ou simplesmente “machista”, sem dar às
mulheres qualquer oportunidade de exercer sua cidadania. Exemplos como o do
selo de Elihana desconstroem esse cenário imaginário e preconceituoso.
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A Bíblia diz que quando Jesus nasceu, havia pastores com seus rebanhos
ao ar livre no alto das colinas (Luc. 2:8-20). Manter os animais no campo mesmo à
noite era uma prática comum daqueles dias, mas ela era propícia para os meses da
primavera ao outono. Dezembro, que corresponde ao mês de Quislev, é o período
de inverno e fortes chuvas (cf. Jer. 36:22; Esd. 10:9; Zac. 7:1). Ninguém deixaria
o rebanho ao relento nessa época do ano. Igualmente a viagem de Maria e José
não seria apropriada numa época de inverno. Pelas limitações da época, qualquer
trajeto de mais de 100 km exigia grande esforço. Assim, os tempos próprios para
viagens longas seriam: Páscoa, ou Pessá (abril), no começo do plantio; Pentecostes
ou Shavuot (junho), sete semanas depois, quando os primeiros frutos estavam
maduros, e Tabernáculos ou Sukkot (outubro), quando os últimos frutos eram
colhidos.
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Texto
Pr. Rodrigo Silva
Diagramação
Beatriz Góes
Revisão
Maria Luisa Oliveira
Realização
Agência Integrada de Comunicação
e Marketing do UNASP EC (AICOM)