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Entre os achados arqueológicos bem aceitos como manifestações artísticas, estão pinturas em cavernas e
esculturas esculpidas em diversos materiais, como marfim de mamute. Eles estão intimamente relacionados
a aspectos religiosos, políticos e sociais das sociedades pré-históricas, oferecendo material para a criação de
hipóteses sobre o seu funcionamento.[1]
Quanto ao Brasil, há muitos registros da arte pré-histórica ao longo do território nacional, mas a região da
Amazônia brasileira sofreu, durante décadas, com o desinteresse pela sua arte rupestre. Mas as pesquisas
vêm aumentando ao longo dos anos e contam com achados raros - registros únicos nunca antes encontrados
no país e até mesmo na América do Sul.
Arte no Paleolítico
O Paleolítico é a primeira fase periódica da história, com início há
cerca de 2,5 milhões de anos e término em 10.000 a.C. Ornamentos
ancestrais encontrados por pesquisadores datam desta época. O
exemplo mais antigo vem do Marrocos e se trata de uma coleção de
conchas perfuradas e tingidas de Caracol Nassarius. Os padrões de
desgaste sugerem que elas possam ter formado um colar há 82 mil
anos.
A arte paleolítica[3][4][5][6] surge como veículo através do qual a humanidade se liberta e se afirma, como a
primeira forma de transmitir conceitos com a intenção de perdurar. Algumas análises consideram que ela
permite a associação das atividades artísticas com as de subsistência. Portadora de significados complexos[7]
para os que a conceberam, estes sistemas de apresentação gráfica poderiam funcionar como expressão dos
sistemas de comunicação das sociedades, representando uma ação que carrega dentro de si um discurso.
Alguns pesquisadores relacionam as grutas nos quais foram encontrados registros de arte associados ao
período paleolítico a lugares especiais através dos quais entrava-se em contato com o mundo dos espíritos a
partir de certas formas de xamanismo, funcionando como um meio de comunicação de motivações variadas
e um santuário por excelência.[8]
Uma das mais antigas esculturas se trata de uma figura feminina de 9 centímetros
esculpida há 35 mil anos em marfim de mamute. Ela se chama Vênus de Hohle
Vênus de Willendorf,
Fels, carregando o nome da caverna em que foi encontrada no sul da Alemanha.
encontrada em 1908 na
Outra bem famosa é a Vênus de Willendorf[12], de 11,1 centímetros, que deve
Áustria
ter sido esculpida por volta de 24.000 a.C. A teoria é que ambas seriam
associadas a representações de fertilidade junto com outras dezenas de figuras
paleolíticas.
Entre as pinturas rupestres, os exemplos mais populares ficam nas cavernas francesas de Chauvet,[13]
Lascaux[14][15] e Pech Merle, além daquelas localizadas em Altamira, na Espanha. Arqueólogos acreditam
que os desenhos encontrados em Chauvet têm mais de 30 mil anos de idade. Já as imagens de Lascaux
(França) e Altamira (Espanha) seriam mais recentes, datando de aproximadamente 15.000 a.C., enquanto as
de Pech Merle teriam sido feitas entre 25.000 e 15.000 a.C.
Datando de aproximadamente 25 mil anos atrás, o primeiro registro de arte na África, onde surgiram os
Homo sapiens, foi encontrado pelo alemão W.E. Wendt em uma caverna batizada como Apollo 11.
Um caso interessante de ser mencionado é o de Abri Cellier[16][17]. Em 2014, o dr. Randall White, da
Universidade de Nova Iorque, conduziu uma exploração e escavação que revisitou o sítio arqueológico de
Abri Cellier, refúgio rochoso francês já explorado na primeira década de 1900, e descobriu 16 blocos de
pedra que contém arte pontilhista[18] ou “pixelizada”. Estes blocos possuem aproximadamente 38.000 anos
e o padrão neles encontrado pode indicar marcadores de identidade social em níveis regionais, individuais e
grupais.
Arte no Neolítico
O início do Neolítico é marcado pelo início da agricultura, realizada ainda por sociedades nômades de
caçadores coletores. Isso ocorreu em diferentes momentos em diferentes partes do mundo, e também se
estendeu por tempos diferentes, a depender da região, e por isso diferentes sociedades vivenciaram o
neolítico em momentos diferentes. Na Ásia, por exemplo, o início do Neolítico ocorreu cerca de 10 mil
anos atrás, e na Europa, há 6 ou 7 mil anos.[19][20]
A invenção da agricultura é um fenômeno muito significante, pois permite a transição do modo de vida
nômade de caçador-coletor para um modo de vida sedentário e baseado na agricultura, transição esta
chamada de Revolução Agrícola (ou Revolução Neolítica). As implicações desta transição são marcantes,
principalmente por permitir um grande aumento e concentração populacional em relação ao modo de vida
caçador-coletor, e por significar a ocupação permanente de uma área por um grupo de pessoas.
Idade do Cobre
O cobre foi um dos primeiros metais utilizados pelos seres
humanos, a princípio em seu estado natural para que,
posteriormente, após o aprimoramento de técnicas para seu
manuseio, fosse utilizado para a fabricação de ferramentas de cobre.
Para tal, o aperfeiçoamento de técnicas de cerâmica teve um papel
essencial na posterior criação e melhoria de processos metalúrgicos.
Gilat Lady
Com isso, a produtividade de trabalho na sociedade teve um
crescimento, já que as ferramentas traziam mais agilidade e precisão
para tarefas manuais, gerando excedentes que permitiram o enriquecimento da sociedade da época.
Dessa maneira, alguns ornamentos de luxo começaram a ser criados, além de outros itens, principalmente
armas. Eles não eram feitos somente de cobre, também houve um aumento de objetos de cerâmica, que,
com o aperfeiçoamento de sua produção e manuseio, também esteve muito presente na elaboração de peças
decorativas.
Idade do Bronze
Ao longo dos anos, o cobre passou a ser misturado com outros
materiais, como o zinco — que deu origem ao latão —, e o estanho
— que gerou o bronze —. O bronze também pode ser fabricado a
partir da combinação de cobre com arsênio. Além disso,
compreende-se que sua descoberta provavelmente ocorreu de
maneira acidental pelos mesopotâmios.
Algumas características artísticas dessa época incluem ornamentos especiais feitos em ouro, arte megalítica,
gravuras, petróglifos — pintura em pedras —, arquitetura monumental, pinturas em objetos pequenos, além
de esculturas e cerâmicas já presentes em outros períodos da história.
Idade do Ferro
A era do Ferro é a última da pré-história antes da invenção da escrita e do início da História em si e se
caracterizou pelo uso do ferro para a confecção de utensílios, ornamentos e armas.
O uso de ferro na elaboração desses objetos aumentou a qualidade e durabilidade desses itens, melhorando
também na elaboração de arte em pedra, por exemplo.
Esculturas antropomórficas e objetos abstratos e geométricos são característicos dessa Era. Além disto, a
arte também estava muito presente em pinturas e decorações de monumentos e construções.
Na Era do Ferro, a arte etrusca surgiu, e foi também o auge da arte grega, especialmente as esculturas e
cerâmicas, juntamente com a arte persa e egípcia. E, somente no fim dessa época, é que surgiu a arte
romana.
A Caverna das Mãos merece destaque por ser um raro registro de arte rupestre em zona afótica (único na
América do Sul), mas com presença de registros também em zona disfótica (penumbra). O fato de estar
localizado em zona afótica leva a crer que o indivíduo ou grupo que pintou as mãos (fato que dá o nome à
caverna) precisava dominar o fogo para conseguir alcançar essa zona com completa ausência de luz
natural.[24]
Outras regiões com amplo registro de arte rupestre estão no município de Prainha, localizado no Baixo
Amazonas. Até 2000, foram registrados sete sítios com registros rupestres. Um com pintura (Pedra do Noé)
e o restante com gravuras (Boa Vista, Serra da Careta, Ponta do Cipó, Estrela, Jatuarana e Pedra do
Padre).[25]
As principais características das gravuras rupestres desses sítios são: localizam-se em áreas de interflúvio
(seja em céu aberto ou em abrigos), realizados com incisão profunda (em alguns casos, técnica mista de
gravura e pintura), utilização isolada ou conjunta de cores vermelha, amarela e preta; raramente ultrapassam
a altura de dois metros, estando mais comumente localizadas ao nível do solo; na maioria não é possível
identificar o sexo.[25]
O antropomorfismo está presente não apenas nas gravuras da Prainha, mas também em outras regiões da
Amazônia: seja através das pinturas em Monte Alegre, seja em cerâmicas – como na Cultura Santarém,
Cultura Maracá e Tapajó.[25]
O Parque Estadual de Monte Alegre (PEMA), uma das 5 UC’s de Proteção Integral do Estado do Pará,
criado em 2001, conta com uma diversidade de cavernas, pinturas rupestres e sítios arqueológicos. É uma
diversidade de tipos de registros e também de períodos de ocupação: por isso, não se deve tomar a datação
de 12.000 AP para todos os achados.
A região, além de destacar-se pela datação mais antiga já registrada, também se diferencia por outras
características únicas: os registros de antropomorfos contam com a peculiaridade de terem braços e pernas
com dupla angulação na Caverna da Pedra Pintada. Além disso, alguns têm troncos representados com
formas geométricas em seu interior, sugerindo pintura corporal.[26]
Outro ponto de destaque é a presença de um registro que se vale do suporte para sua composição. Nele, o
formato da cavidade da rocha foi aproveitado como desenho do contorno da cabeça.[26]
Ver também
Arte rupestre
Referências
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Roots of an Idea. Santander, Espanha: Springer Science+Business Media line feed
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