Antes de estudar a Arte Pré-Histórica, é importante saber que a Pré-História é um
período muito longo, da época que os ancestrais dos homens começaram a usar utensílios de pedra, há cerca de 2,5 a 5 milhões de anos até cerca de 4.000 a.C. com a invenção da escrita, quando se considera que se inicia a dita História. Existem várias divisões e subdivisões que repartem o período, sendo estas bastante fluídas e debatidas, e, portanto, variam dependendo do pesquisador e da linha de estudo adotada. Os períodos que nos interessam dentro do objetivo desse curso são o Paleolítico Superior, que se inicia em cerca de 40.000 a.C. ou 50.000 a.C., quando aparecem as primeiras manifestações artísticas criadas pelo homem; o Mesolítico, que ocorreu entre cerca de 13.000 a.C. e 9.000 a.C.; e o Neolítico, também chamado de Idade da Pedra Polida, quando aparece a cerâmica.
Fragmento de uma tigela (c. 5600-5500 a.C.)
Mesmo considerando somente a época na qual o homem começou a fazer arte –
que como já vimos na introdução, não possuía o mesmo significado que temos hoje -, trata-se ainda assim de um período muito longo. Dessa maneira, é importante notar que as primeiras manifestações artísticas eram bastante simples e se tornaram mais complexas através do tempo, chegando, inclusive, a um nível técnico bastante elevado. Nesse período, foram feitas as chamadas pinturas rupestres, dentro de cavernas; estatuetas, principalmente de figuras femininas, que possuem significado ligado à fertilidade; e cerâmica. Cova dels Cavalls em Valtorta, Espanha
Bisão policromo de Altamira (c. 16.000-14.000 a.C.)
Vênus de Willendorf (c. 24.000-22.000 a.C.)
Jarro da cultura Halaf, Irã (c. 4.900-4.300 a.C)
Quanto às pinturas rupestres, há várias teorias acerca de seu significado. Essas pinturas e inscrições são compostas principalmente de figuras de animais e acredita-se que eram relacionadas a rituais mágico-religiosos. Inicialmente, pensava-se que tais imagens auxiliassem na caça, assim, representando o animal, algumas vezes preso por armadilhas, poderia se tornar mais fácil capturá-lo. Outras teorias sugerem que se trate de pinturas ligadas a práticas xamânicas, dado que vários dos animais representados não eram usados como alimentos, por exemplo, animais ferozes, como o leão.
Réplica de leões da caverna de Chauvet
Homem com máscara de ave atacado por um bisonte ferido na Caverna de Lascaux (c. 15.000-10.000 a.C.)
Ainda é importante notar que o nível de desenvolvimento artístico de uma
cultura pode ser diverso de seu desenvolvimento material e tecnológico. Ou seja, as culturas pré-históricas ou culturas ditas primitivas não possuíam um desenvolvimento material muito grande. Até dado momento, eram usadas ferramentas de pedra, pois não se tinha ainda o conhecimento do uso dos metais – por isso falamos em Idade da Pedra. Entretanto, isso não quer dizer que o homem pré-histórico não fosse capazes de pensar. Prova disso são as incríveis pinturas rupestres das cavernas de Altamira, na Espanha, e Lascaux, na França, que sem dúvida possuem um desenvolvimento técnico-artístico importante, com uso de sombreado e significado complexo. Caverna de Lascaux, França Pintura encontrada na caverna de Lascaux
Também é importante pensar nas fontes de conhecimento que possuímos sobre
esse período, pois, como se trata de um tempo anterior à escrita, e nós vivemos em uma cultura onde a escrita é muito importante, acaba sendo mais difícil reunir informações do que em momentos posteriores, por exemplo, o Egito Antigo, sobre o qual temos uma grande quantidade de material graças aos abundantes registros escritos em tumbas, papiros e objetos. Assim, quando confrontados com a Pré-História, os pesquisadores precisam se servir de outros meios, tal como a arqueologia, que estuda os vestígios materiais deixados pelos povos do passado, usando comparações com objetos já encontrados, datações através de diversos meios científicos e uma grande capacidade de dedução. Uma outra maneira de tentar entender como os homens pré-históricos pensavam e seu modo de vida é a antropologia, ou seja, a ciência que estuda o homem. Assim, pode-se comparar culturas ditas primitivas que ainda existem hoje, por exemplo os aborígenes australianos, que guardam modos de vida e pensamento próximos aos da Pré-História, com alguns motivos persistindo nas manifestações artísticas desde aquela época até os dias de hoje, por exemplo, as espirais. É claro que essas tribos que ainda existem foram influenciadas pelo mundo moderno, mas é o que temos mais próximo do que era feito há milhares de anos e uma de nossas melhores possibilidades de entender o pensamento daquela época.
Vaso Policromo do Neolítico Superior proveniente da Tessália (c. 2.500 a.C.)
O artista aborígene Glen Namundja pintando em Arnhem Land, na Austrália