Você está na página 1de 144

Apostila de

ARTES
Profª. Eliana Mara Nunes Golfeto
Ensino Médio
2

ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA

A arte na pré-história constitui uma das maneiras mais eficazes para que os pesquisadores possam reconstituir a
cultura existente nos primórdios da humanidade.

Essa foi justamente a época em que os homens ainda não haviam inventado a escrita. Portanto, os desenhos,
esculturas e objetos encontrados nos dão pistas de como as pessoas viviam e se organizavam em um passado muito
distante.

A pré-história está dividida em três grandes períodos, sendo que em cada um deles a arte apresenta caraterísticas
peculiares.

Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (do surgimento da humanidade até 8000 a.C.);

Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida (de 8000 a.C. até 5000 a.C.);

Idade dos Metais (5000 a.C. até o surgimento da escrita, por volta de 3500 a.C.).

O termo “arte” faz referência a um conceito moderno. Sendo assim, para os homens pré-históricos esse conceito não
era conhecido. Ou seja, eles não criavam a arte com o intuito de contemplação e adorno, e sim com a função utilitária.

No início, as expressões artísticas eram bastante simplificadas e com o tempo foram se aprimorando.

Período Paleolítico

Desenho de cavalo na Caverna de Altamira


3

Nessa fase, a arte era realizada nas cavernas ou próximas delas, as quais eram chamadas de arte parietal e arte
rupestre.

A arte parietal recebe esse nome pois está relacionada com o suporte em que foi desenvolvida, ou seja, as paredes
das cavernas. Já a arte rupestre era realizada fora das cavernas e das grutas.

Nesse período, as pinturas eram feitas nas rochas e sua principal característica era o naturalismo.

Além de figuras abstratas, foram desenvolvidas figuras de animais e homens. Geralmente, demostravam imagens de
caça.

Ademais da arte representada nas paredes das cavernas, foram desenvolvidos os primeiros instrumentos e
ferramentas com pouca sofisticação: facas, machados, arpões, lanças, arcos, flechas, anzóis.

As técnicas de produção eram simples e os materiais utilizados eram pedra, madeira, ossos, chifres e peles de animais.

Nessa época, também foram produzidas esculturas, geralmente figuras femininas.

Vênus de Willendorf, 11 cm. Encontrada na Áustria, a escultura data do período paleolítico

Vênus de Willendorf (11 cm). Encontrada na Áustria, essa escultura data do período paleolítico

Vale lembrar que o homem do paleolítico (caçador e coletor) era nômade, ou seja, vivia em busca de comida e abrigo,
portanto, não se fixavam nos territórios.

Período Neolítico

A arte no período neolítico já pode ser vista fora das cavernas. Com um clima mais ameno, o homem do
neolítico começa a viver próximo dos rios.

Esse período marcou o sedentarismo da raça humana, que deixa de ser nômade e passa a construir vilas. A
agricultura e a criação de animais foram as principais características desse período.

Embora também fossem desenvolvidas com pedras, tal qual no Paleolítico, nota-se nesse período a evolução da arte,
que apresentava um cuidado maior, como o polimento do material.

Também destacam-se os objetos feitos de cerâmica e a confecção de tecidos de lã e linho, em substituição aos trajes
confeccionados com peles de animais.
4

cerâmica no neolítico

Exemplar de peça de cerâmica do período neolítico

Veja também: A Arte no Período Neolítico

Idade dos Metais

Com a descoberta dos metais, a arte começa a adquirir outro aspecto. Nesse período, ela esteve marcada pelo
desenvolvimento da metalurgia e da expansão das técnicas de fundição.

peças de metal encontradas nos Bálcãs, datada de 5.300 a.C.

Peças de metal encontradas nos Bálcãs, datam de 5.300 a.C.

A Idade dos Metais está dividida de acordo com o metal mais utilizado, a saber:

Idade do Bronze

Idade do Cobre

Idade do Ferro

figura em metal representando um mulher

Também encontradas nos Bálcãs, figura feminina sem cabeça e pedaços de madeira e metal

Nesse período, destacam-se os utensílios, instrumentos e ferramentas fabricados com o intuito utilitário. Por exemplo,
os instrumentos de cozinha, objetos artísticos, armas, ferramentas para a agricultura, caça e pesca. Havia ainda
esculturas em metal representando mulheres com roupas detalhadas e também guerreiros.

É desse período a invenção da roda e o arado de bois utilizado na agricultura. Nesse momento, também começam a
surgir os primeiros experimentos na escrita.
5

arte rupestre serra da capivara

Pintura Rupestre no Parque Nacional da Serra do Capivara, Piauí

No Brasil, existem alguns sítios arqueológicos e foram encontradas pinturas rupestres em vários locais nos estados de
Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Homem NeandertaL-

A Pré-História é uma época anterior à escrita, iniciada pelo aparecimento dos primeiros
hominídeos, entre 1.000.000 até 4000 a.C.

Não há nenhum documento escrito revelando algo sobre esse período. Pesquisadores,
antropólogos e historiadores, por meio da arqueológia, fizeram estudos para desvendar os povos
que viviam nessa época. Nos primórdios da humanidade, a formação da Terra, de acordo com os
cientistas, é de cinco bilhões de anos. Já o início da vida na Terra começou a se formar depois de
um bilhão de anos. E foi evoluindo. A Pré-História, conhecida também como Idade da Pedra ou
Paleolítico Superior, foi o período mais longo da época, é dividido em três períodos:

Paleolítico Inferior
6

até 500.000 a.C. (caça e e coleta, instrumentos feitos de pedra, madeira, ossos, controle do fogo e
surgimento dos primeiros hominídeos);

Paleolítico Superior

aproximadamente 30.000 a.C. (pinturas e esculturas, objetos feito de marfim, ossos, pedra e
madeira);

Neolítico

por volta do ano 10.000 a.C. (objetos feitos de pedra polida, início da agricultura, artesanato,
construção de pedra e a primeira arquitetura), de 5.000 até 3.500 a.C. surge a idade dos metais, o
final desse período, quando acontece o desenvolvimento da metalurgia, surgimento de cidades,
invenção da roda, da escrita e do arado de bois.

As primeiras manifestações artísticas foram encontradas no Paleolítico Superior ou Idade da Pedra


Lascada.

Idade da Pedra Lascada


7

O naturalismo era a forma dos primeiros artistas da Pré-História registrarem aquilo que viam.

Arte Rupestre

Muitos dos desenhos se assemelhavam aos desenhos infantis, mas as técnicas reproduzidas por
eles não devem ser encaradas dessa forma. Como principal característica da arte, temos o
naturalismo. Naquele tempo o artista desenhava aquilo que ele estava vendo, e isso pode ser
notado através das pinturas deixadas nas cavernas, ou pinturas rupestres. Os animais, a natureza
e tudo que eles podiam captar, eles reproduziam.

Uma das explicações sobre isso é que as pinturas eram feitas por caçadores que acreditavam em
princípios mágicos: se fizessem a pintura de um animal na parede, poderiam capturá-lo no dia
seguinte.

Técnicas na Idade da Pedra Lascada

Mãos em negativo

feitas com argila no interior das cavernas, começaram a desenhar e pintar animais. O motivo era
que através da pintura de animais, feita por caçadores, eles poderiam capturá-lo no momento de
sua caça.
8

Interpretação da natureza

suas imagens produzidas nas cavernas revelam traços de força e movimentos para figuras de
animais selvagens, como os bisontes e traços mais leves e frágeis, como cavalos.

Escultura – as mulheres eram as mais reproduzidas nas esculturas. Nelas, encontramos uma
mulher com ventre e quadris volumosos, seios grandes e a cabeça se juntava ao corpo. Ex.:

Vênus de Savinhano

Vênus de Willendorf.

Idade da Pedra Polida Instrumentos – utilizavam para fazer as pinturas óxidos minerais,
osso, carvão, sangue de animais e vegetais e também o pó proveniente da trituração de
pedras para fazer as mãos em negativo.
9

Homem começa uma revolução no último período da Pré-História (Neolítico ou Idade da Pedra
Polida), por volta do ano de 10 000 a. C.

Nesse período eles criavam armas e instrumentos com pedra polida, fato que deu o nome ao
período. Com êxito, é o período em que eles começam a domesticar animais e dão os primeiros
passos na agricultura. Além disso, os objetos com cerâmica, a fiação, o artesanato e a arquitetura
começam a compor o cotidiano do homem na Pré-História. Os povos passaram a formar famílias e
foi feita a divisão do trabalho.

Técnicas da Idade da Pedra Polida

Técnica de tecer panos;

Fabricação de cerâmicas;

Arquitetura: construção das primeiras casas;

Técnicas para a produção do fogo;

Trabalho com metais.

A partir dessa revolução, os homens se transformaram em camponeses, trocaram o sentido de


caça pela livre abstração e racionalização, ou seja, a arte deixou de ser natural e passou a ser
mais geométrica e simples. Surgiu, então, a primeira transformação da história da arte. Nessa
época, os trabalhos cotidianos eram representados e sentia-se a necessidade de dar movimento às
imagens.

Vê-se nas imagens, a representação de danças, relacionadas as suas crenças, a criação de figuras
leves, rápidos, pequenas e com pouca cor. A partir desses desenhos começou a surgir a escrita
pictográfica.

Escrita pictográfica
10

a representação de seres e ideias, através do desenho.

Outro fato era a produção de cerâmicas: a beleza era considerada e não apenas a utilidade do
objeto. Ex.: Ânfora em terracota, da Dinamarca, e o Vaso escandinavo em terracota, encontradas
na Escandinava e na Sardenha

Idade dos Metais

Stonehenge Arte Pré História geralmente, as esculturas em metais eram representadas por
guerreiros, mulheres cheias de detalhes que mostravam roupas e armas utilizadas no período.

ARTE EGÍPICIA

Arte no Egito Antigo

É importante entender que a religião é responsável pelo desenvolvimento da arte


egípcia. Os egípcios eram norteados pela religiosidade, pela crença em deuses e
na vida após a morte, considerando esta mais importante do que a vida terrena.

A grande preocupação do povo egípcio era garantir conforto, em especial a seus


soberanos (faraós e sacerdotes), após sua morte.
11

A PENA DE MAAT. O símbolo mais famoso da Deusa Maat é a pena de avestruz que a mesma ostenta em sua
cabeça. O avestruz era o símbolo da criação e da luz usada pelos Deuses Shu e Amun, entretanto, ao ser usada como
a Pena de Maat, representava a verdade, a ordem e a justiça

Obras de arte impactantes e sua extraordinária arquitetura foram realizadas com


a finalidade de render glórias e eternizar o espírito humano após a morte. Todos
os bens terrenos eram depositados em câmaras mortuárias, com a intenção de
serem desfrutados na eternidade.
12

A arte também foi um canal de demonstração do poder político dos faraós,


exaltando suas conquistas, retratadas em hieróglifos, que também assumiam
funções de elementos de decoração arquitetônica, sendo esculpidos nas colunas
e fachadas dos templos a fim de eternizar tais feitos.

A obsessão pela imortalidade fez com que a arte egípcia reproduzisse técnicas
artísticas e padrões estéticos por cerca de 3 mil anos. Essa permanência levou ao
desenvolvimento da matemática, da literatura e das ciências médicas, sendo
também fundamentais para compreender a grandiosidade dessa civilização.

Arquitetura no Egito Antigo

A religiosidade do povo egípcio moveu e alimentou a construção de


monumentais obras arquitetônicas.

As mais significativas e emblemáticas são os templos, que eram edificações


usadas para realização de cultos oficiais aos deuses e para exaltar os faraós e
seus túmulos, nomeados pelos egípcios como moradas eternas, que se
apresentam divididos em três categorias.
13

Pirâmide – túmulo destinado ao faraó.

Mastaba – túmulo em formato trapezoide, que abrigava os representantes da


nobreza e da classe sacerdotal.

Hipogeu – túmulo destinado às pessoas comuns.

Em suas “moradas”, o indivíduo passava a desfrutar de sua existência eterna,


para a qual havia se preparado durante toda a vida.

As obras arquitetônicas mais famosas são as pirâmides do deserto de Gizé,


erguidas por importantes faraós do Antigo Império: Quéops, Quéfren e
Miquerinos.
14

Pirâmides construídas no Egito Antigo.

As pirâmides de Gizé.

As bases das pirâmides possuem formato quadrangular, e elas eram construídas


com enormes blocos de pedras lapidadas, que pesam em torno de vinte
toneladas e atingem a altura de dez metros por dez metros de largura.

Sua entrada dianteira aponta para a estrela polar, que concentra sua “força”
sobre a múmia do faraó, disposta em uma câmara funerária com seus pertences,
protegidos por túneis e caminhos que formam um verdadeiro labirinto.

Próximo a essas três pirâmides, localiza-se a Esfinge, concebida com corpo de


leão (força) e com cabeça humana (sabedoria), uma possível representação da
face do faraó Quéfren, danificada pela erosão e pelas depredações islâmicas
praticadas a partir do século VIII. Sua criação, provavelmente, tinha como
objetivo afastar possíveis maus espíritos do Vale dos Reis e, em especial, das
pirâmides reais.

Karnak e Luxor são os templos mais significativos, ambos dedicados ao deus


Amon e construídos no Novo Império, período de apogeu do poder e da cultura
egípcia.
15

Templo de Amon em Karnak, Tebas.


Templo de Karnak e luxor.

Como aspecto artístico mais importante, destaca-se um novo tipo de coluna


decorada com motivos da natureza local, como a flor de lótus, a flor de papiro e
da palmeira. Antes delas, as colunas construídas não possuíam base, tinham
estrutura simples, apresentando pouco trabalho no capitel (a parte superior da

coluna).

É o tratamento artístico dado ao capitel o responsável pela classificação das


colunas, que assumem os formatos da vegetação típica da região.

Como características gerais da arquitetura egípcia, temos a conservação e a


solidez, a perpetuidade, a regularidade geométrica, a apropriação de elementos
da natureza, a enigmabilidade e a inacessibilidade.

Escultura no Egito Antigo


16

Com a necessidade de imprimir na pedra a ilusão da imortalidade para atender a


propósitos religiosos, a escultura no Egito Antigo procurou transmitir uma atitude
serena, desvinculada de qualquer sinal de emoção.

Busto de Nefertiti.

Os artistas evitavam formas protuberantes, construindo-as com materiais muito


resistentes, como o diorito e o granito, para que não houvesse quebra e danos.
Mantinham, na representação da imagem dos soberanos, uma expressão
carregada de força e majestade, exagerando as proporções do corpo.

Os escultores egípcios também se dedicavam a produzir usciabtis, miniaturas das


imagens funerárias, esmaltadas em verde e azul, cuja função era substituir o
faraó morto nas tarefas mais árduas do além.
17

Apresentavam-se, por vezes, cobertas de inscrições hieroglíficas em baixo-relevo,


que, em sua grande maioria, eram pintadas, assim como também se fazia ao
recobrirem paredes e colunas, imprimindo seu estilo por todo o ambiente.

Pintura no Egito Antigo

A pintura desempenhou poderosa função junto à esfera mística e religiosa do


povo egípcio. Os pintores estabeleceram regras artísticas rígidas, que
permaneceram inalteradas ao longo do tempo, reforçando a busca do efeito de
permanência e imutabilidade. Dentre as principais convenções desse estilo,
podemos enumerar:

a inexistência das três dimensões;

o desconhecimento da profundidade;

a pintura “chapada
18

aplicando-se uma cor de cada vez, sem matizes de claro-escuro,


consequentemente sem sinal de volume;

o uso da “lei da frontalidade”

que estabelece a representação da figura com tronco e olhos de frente e o


restante do corpo em perfil.

Com base nessas regras, esperava-se que a pintura representasse as pessoas de


forma idealizada, negando qualquer tentativa de representação realística ou
natural do ser humano e das divindades.

Pintura egípcia.

Fragmento das pinturas da tumba de Nebamun, em Tebas.


19

Ao observarmos a pintura no Egito Antigo, percebemos que estamos observando


uma representação, pois seus idealizadores esforçaram-se por evidenciar essa
característica.

Além de evocar o elemento religioso, a pintura egípcia também procurava


representar a hierarquização da sociedade, associando um tamanho maior
àqueles de maior importância social, na seguinte ordem de grandeza: o faraó, sua
esposa, os sacerdotes, os militares e o povo.

ESCRIBA SENTADO

A pintura também foi a principal responsável pelo desenvolvimento da escrita a


partir da evolução dos desenhos, adquirindo forma pictográfica, variando
conforme seu grau de complexidade:

Hieroglífica

considerada uma escrita sagrada;

hierática
20

uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes;

demótica

uma escrita popular

A Arte Egípcia nasceu há mais de 3000 anos a.C. e está ligada à religiosidade, visto que a maior
parte das suas estátuas, pinturas, monumentos e obras arquitetônicas se manifesta em temas
religiosos.
Assim, o interior dos templos, bem como as peças ou espaços relacionados com o culto dos
mortos eram artisticamente elaborados.
Sem espanto, os túmulos são um dos aspectos maisrepresentativos da arte egípcia.
Isso porque os egípcios acreditavam na imortalidade da alma e acreditavam, ainda, que a alma
poderia sofrer eternamente caso o corpo fosse profanado. Daí decorre a mumificação e o caráter
monumental do local onde as múmias eram colocadas, cujo objetivo era protegê-las pela
eternidade.

Pintura
O faraó contratava artistas para desenhar nas paredes pirâmides - túmulos dos faraós - a
representação detalhada da sua vida, de modo que a pintura egípcia registra parte da história do
Egito.
A dimensão das pessoas e objetos não caracterizava uma relação de proporção e distância, mas
sim os níveis hierárquicos daquela sociedade. Assim, o faraó era sempre o maior dentre as figuras
representadas numa pintura.
As tintas eram extraídas na natureza, a saber:
21

 Preto (kem): associado à noite e à morte.A cor preta era obtida do carvão de madeira ou de
pirolusite (óxido de manganésio do deserto do Sinai).
 Branco (hedj): simbolizava a pureza e da verdade. O branco era extraído do cal ou gesso.
 Vermelho (decher): representava a energia, o poder e a sexualidade e era encontrado em
substâncias ocres.
 Amarelo (ketj): estava associado à eternidade e era extraído do óxido de ferro hidratado
(limonite).
 Verde (uadj): simboliza a regeneração e a vida e era obtido da malaquite do Sinai.
 Azul (khesebedj): Estava associado ao rio Nilo e ao céu. O azul era extraído do carbonato
de cobre.

Escultura
A maior parte das esculturas do Egito Antigo são representações dos faraós e dos deuses,
apresentados em formas frontais, estáticas e sem qualquer expressão facial.
As esculturas dos faraós eram representadas sempre na mesma posição: homem de pé e com o
pé esquerdo à frente, homem sentado de pernas cruzadas ou sentado com a mão esquerda
apoiada na coxa. Com corpo de leão (representado a força) e cabeça humana (representando a
sabedoria), as esfinges são, sem dúvida, as esculturas egípcias mais famosas. Elas eram
colocadas nas entradas dos templos com o intuito de afastar os maus espíritos.

Características da Escultura
 Formas estáticas
 Formas isentas de expressão facial
 Seguimento da convenção: em pé ou sentado

Arquitetura
A arquitetura deste período reflete a funcionalidade, o que lhe conferia solidez e durabilidades
incomparáveis para época. As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais
famosas da arquitetura egípcia. É também na região de Gizé que se localiza a esfinge mais
famosa, a Grande Esfinge de Gizé.
Enquanto o mastaba era o túmulo dos egípcios, as pirâmides eras os túmulos dos seus faraós, que
eram considerados os representantes de Deus na terra. Importa referir que a base do triângulo
representava o faraó e a sua ponta representava a sua ligação com Deus.

Características da Arquitetura

 Solidez e durabilidade
 Sentimento de eternidade
 Aspecto misterioso e impenetrável
 Imobilidade solene
22

A ARTE EGÉIA

Embora apresentem elementos comuns, a arte dessas culturas não é unitária e apesar das
especificidades de cada cultura verifica-se o predomínio da cretense.

Arte cicládica
23

A cultura das ilhas Cíclades é ainda uma grande incógnita, pois dela praticamente pouco restou
além de modestas sepulturas em pedra. Em termos de produção artística destaca-se a cerâmica
(vasos, taças e cálices) decorada com motivos geométricos lineares, espirais ou curvilíneos.

Outro destaque são os ídolos de mármore que são de poucos centímetros ao tamanho natural,
num motivo abstrato onde a cabeça é um ovóide e o único relevo é o nariz. Aparecem também
pequenas figuras de homens tocando lira ou flauta e mulheres segurando crianças.

Os cretenses

Vida e sociedade

Povo marítimo, com economia baseada no comércio de produtos agrícolas e produtos artesanais,
possuía domínios de príncipes locais zelosos de sua independência e aparentemente
desinteressados de se tornarem soberanos absolutos.

Vida e sociedade
A cidade de Knossos parece que tinha um pouco mais de importância. O rei MINOS. Na verdade
Minos foi uma dinastia que tomou conta de Knossos entre 1700 a 1450 a C. e proporcionou um
período áureo da civilização cretense. O rei tinha função religiosa mais sua principal função era a
de empresário.

CURIOSIDADES:

Considerado uma figura mitológica assustadora, reza a lenda que o Minotauro, filho do Rei de
Minos, nasceu na ilha de Creta. Ele nasceu da união entre sua mãe, Pasífae e um touro branco,
que segundo Poseidon, rei dos mares, seu pai deveria matá-lo no momento em que ele chegasse.
24

A religião era amena e não desempenhou papel determinante na cultura cretense, Culto à deusa-
mãe geradora da espécie humana, rainha dos animais e das plantas. Havia um grande número de
divindades femininas e um número também grande de representações femininas. Tinham rituais
funerários mas não se afligiam por terrores sobrenaturais e nem se esforçavam para preservar os
restos mortais, apesar de acreditarem na vida após a morte.

Seus costumes: gostavam de esportes, cultuavam o corpo, danças, tauromaquias (tourada ou


corrida de touros), lutas. Os homens usavam tangas no dia-a-dia e saiotes com cinturões
ajustados, sandálias ou botas nas ocasiões especiais; cabelos longos e barbas feitas.

As mulheres usavam saias apertadas na cintura, corpetes justos, babados coloridos; às vezes
seios à mostra; penteados para cima com cachos soltos na testa e laterais; uso de batons e
sombras; às vezes depilação de sobrancelhas. A mulher tinha maior liberdade do que era habitual
na época. Muitos atribuem a eles a invenção da dança.
25

Arquitetura

Inexistência de construções funerárias e religiosas de caráter monumental ou colossal, bem como


a ausência de uma arquitetura militar significativa. A arquitetura palaciana possui caráter informal
( não existe um esquema pré¬determinando; não tem preocupação com o fausto, imponência e
ostentação). Vão se tentando soluções mais adequadas para satisfazer as necessidades práticas.

Há uma preocupação com o conforto e defesa contra o calor, pátios de arejamento e terraço.
Construção do palácio articulada em vários planos, tubulações para água e esgoto, bem como a
presença de uma sala de banho.

Escultura
26

É pouco significativa com ausência de composições grandiosas. Constitui-se basicamente de


figuras pequenas de argila ou terracota (argila cozida) ou outros materiais locais. Os temas
prediletos são: animais e devotos femininos (deusas e sacerdotisas).

Destacam-se ainda os ritons, pequenas vasilhas em pedra, argila ou metal, geralmente com forma
de animais divinizados e com função ritualística.

Pintura baixos relevos

As pinturas e os relevos conhecidos são em sua maioria de 1.600 a 1450 a C, fase que coincide
com o naturalismo na pintura da cerâmica. Influência egípcia quanto à forma com as figuras
fortemente contornadas, cores chapadas, lei da frontalidade e influência quanto à técnica com
afrescos e relevos pintados.

Mas a pintura difere-se da egípcia pela harmonia decorativa, liberdade de concepção, gosto pelo
movimento (ondulatório principalmente) e pelo seu caráter profano. Na pintura cretense identifica-
se o uso das cores vivas e contrastantes, o vermelho, azul e branco são as principais, mas também
usam o marrom, o amarelo, o verde e às vezes o cinza e o rosa.

Os temas na pintura são variados: cenas da vida palaciana, procissões rituais, acrobacias,
esportes e danças, flores exóticas e animais fantásticos. A finalidade era decorativa.

Cerâmica
27

Das mais belas do mundo antigo, primoroso acabamento dos vasos, taças e ânforas decoradas
com motivos pintados ou gravados.

1ª fase: motivos geométricos (triângulos, retângulos e espirais) e motivos vegetais estilizados.

2ª fase: naturalista com predomínio da temática marinha. Vasos rituais com formas dos animais
divinizados.

3ª fase: retorno à estilização geométrica. Composições simétricas.

A civilização micênica imitou muito de longe a arte cretense, mas a sua arquitetura apresentou
traços próprios. Suas construções são longas e retangulares. Internamente apresentavam as
seguintes divisões; um vestíbulo, uma antecâmara e um grande salão – O Megaron – que era a
sala principal do palácio.

Além disso, a arquitetura micênica apresentava um caráter de monumentalidade que não havia em
Creta. Possuía também um tom militar nas suas construções com cidades amuralhadas.

Os micênicos decoravam as paredes de seus palácios com pinturas, mas usaram motivos muito
diferentes dos artistas de Creta. Na pintura micênica aparecem guerreiros, cenas de caça e
desfiles de carros, e não nas figuras leves .
28

Na Escultura

destacam-se dos leões colocados em cima da entrada principal da muralha feita por enormes
blocos de pedra que cercava Micenas. A monumentalidade dessa entrada, chamada Porta dos
Leões, sugere os valores principais daquela civilização: a força e a agressividade.

Na Cerâmica micênica

manifesta-se influência cretense mais na forma que na decoração, mas as pinturas revelam uma
intenção de caráter narrativo e não só ornamental, assinalando, deste modo, uma das principais
29

correntes da ornamentação cerâmica grega. Com muita freqüência os temas marítimos persistem
embora falta-lhes sutileza e imaginação.

Os objetos de ourivesaria

encontram paralelo nos objetos descritos pelo poeta Homero na Ilíada e Odisséia. É o caso de uma
expressiva máscara funerária de um príncipe micênico, que se considerou como sendo
Agamenon, rei de Micenas, que participou da guerra de Tróia

O termo Egeu engloba não somente significados geográficos, representa as civilizações que
surgiram antes do aparecimento dos Gregos por volta do 3000 A.C. Estes povos se desenvolveram
em tres regiões próximas porem com características diferentes originando divergências culturais
percebida nas artes e no seu modo de vida.

Povo Minóico

Após cruzar o Mediterrâneo vindo do delta do Nilo no sentido noroeste chegaremos ao princípio da
Europa que é a extremidade oriental de Creta. Teve como grande e mais conhecido governante o
Rei Minos, da onde deriva o nome Minóico.

A pintura tinha temas naturalistas, relatando principalmente a vida marinha e com uma certa
freqüência eram representados Touros, tidos como sagrados, em “jogos” com maior ênfase a
facilidade de movimento do que a dramaticidade.

Como os Egípcios diferenciavam a mulher por uma tonalidade mais clara da pele e uma cintura
mais fina. As gravuras eram geralmente encontradas em palácios, os cretenses desenvolveram
uma cultura centralizada em centros urbanos, que estranhamente foram destruidos em 1700 a.C. e
30

novamente reconstruídos 100 anos depois, para mais uma vez tombarem em 1500 a.C. Estes
palácios sobreviveram em lendas como o labirinto do Minotauro referente ao Palácio de Minos e
seus incontáveis cômodos.

O interessante é que estas catástrofes não são relatadas em suas manifestações artísticas que
tem um tom alegre e descontraído e somente são percebidas por uma descontinuidade da arte
narrativa.

Povo Cicladense

Na região ao norte de Creta existe um grupo de ilhas chamadas de Ciclades e foram habitadas no
período de 2600 e 1100 a.C.

Este povo enterrava seus mortos em túmulos de pedras e junto com eles prestavam uma
homenagem a deusa da fertilidade representada pela figura de uma escultura em mármore com
variados tamanho podendo chegar ao natural.

Apesar deste tipo de escultura, representado uma silhueta feminina, existir desde o paleolítico a
arte cicladense apresenta uma disciplina que a difere da arte da era das cavernas, uma
característica marcante é o nariz alongado presente na face bem como as noções de convexidade
nos joelhos e abdome.

Povo Micenenses

Do outro lado do mar Egeu no sudeste do continente Grego na época de 1600 a 1100 a.C.
apareceram diversos povoados onde seus moradores foram conhecidos como micenenses, nome
originário do maior destes povoados o de Micenas.

A arte dos micenenses era pouco expressiva e se resumia a cerâmicas e armamentos em metais,
inexplicavelmente passaram a enterrar os mortos em túmulos com forma de colmeia e a construir
31

palácios como verdadeiras fortalezas rodeados por muros em pedra, surgiu com isto as paredes
esculpidas com perceptíveis influencias do oriente próximo. Uma dessas fortalezas foi considerada
pelos gregos como obra dos Cíclopes e possuía dois leões esculpidos na entrada.

A ARTE NA GRÉCIA

A arte grega abarca todas as manifestações artísticas e revela a história, a estética e


mesmo a filosofia desta civilização.

O povo grego foi na antiguidade um dos que exibiam manifestações culturais mais livres,
rendendo-se pouco às ordens de reis e sacerdotes, pois acreditavam que o ser humano era
a concepção mais incrível do universo.

A arte grega passou pelos períodos arcaico, clássico e helenístico, e cada uma dessas fases
históricas, influenciou a elaboração das obras.

Os gregos se destacaram especialmente na pintura, na arquitetura e na escultura. Vejamos


algumas características:

Simetria;
Perfeição;
Uso religioso, doméstico ou funerário;
.
As pinturas e esculturas eram concebidas a fim de serem belas e assim perfeitas, de acordo
com os princípios da filosofia grega. Esta, talvez, seja a principal característica da arte
grega, o que a torna singular e cujas influências são visíveis até os nossos dias.

As artes foram ainda influenciadas pelas próprias civilizações com as quais a Grécia se
relacionava. Afinal, a Magna Grécia, compreendeu possessões na costa da Turquia,
Macedônia, e sul da Itália.
32

Jovem dança ao som da flauta


A arte da pintura era desenvolvida em cerâmicas, bem como nas paredes das grandes
construções. Os vasos nem sempre foram peças de decoração, sendo utilizados no trabalho
diário ou para guardar mantimentos, tais como vinho e azeite.

As pinturas mostravam harmonia e rigor nos detalhes.

No que respeita às cores, seguia-se o seguinte padrão: figuras negras sobre fundo
vermelho ou figuras vermelhas e douradas sobre fundo negro ou fundo branco.

Os principais pintores foram: Clítias, Exéquias e Sófilos.

na capital da Grécia
Os grandes templos erguidos pelos gregos tinham o propósito de prestar culto aos seus
deuses. Uma das suas características é a utilização das colunas e a simetria entre a entrada
e os fundos do templo.

Igualmente, as praças eram importantes dentro da polis grega, pois eram um local de
encontro e de passagem para seus habitantes.
33

Outras obras de interesse na arquitetura grega foram a Acrópole de Atenas,

COLOSSO DE Rodes,

Estátua de Zeus,
Farol de Alexandria, Templo de Ártemis.

A princípio, apenas as obras públicas recebiam atenção e imponência, entretanto, no século


V a.C., as moradas também começam a ser realizadas de forma mais confortável e
espaçosa.

Arquitetura
34

Na arquitetura, os grandes nomes foram Ictínio e Calícrates, responsáveis pela construção de


vários monumentos, dos quais o mais famoso é o Partenon, em Atenas.
O Partenon é uma homenagem à deusa Palas Atenas, protetora da cidade de Atenas. Construído
entre 447 e 438 a.C., é uma obra retangular de estilo dórico que fica na Acrópole (cidade elevada
em grego). Foi decorado com uma grande variedade de esculturas, entre as quais a da própria
Palas Atena, feita pelo escultor Fídias em madeira, ouro e mármore.

Partenon, em Atenas

A Acrópole

é a colina mais alta da cidade, local onde os habitantes se refugiavam em caso de ataque inimigo.
No início, abrigava os monarcas e toda a administração da cidade; depois que a monarquia foi
abolida, tornou-se sede de um templo. Atualmente, existem na região ruínas de construções
referentes a diversos períodos da antiga civilização grega homenageando vários deuses.
Os monumentos gregos eram feitos de mármore, com linhas simples e proporções matemáticas. O
que mais chama a atenção são as várias colunas postas uma do lado da outra, transmitindo uma
grande sensação de harmonia. Três foram os estilos arquitetônicos que se desenvolveram na
Grécia antiga, a partir de 1200 a.C., distintos pela forma e feitio das colunas e do capitel:
35

Cerâmica e pintura

VASOS COM PINTURAS-FIGURAS EM NEGRO


36

VASOS COM PINTURAS-FIGURAS EM VERMELHO


Uma das expressões artísticas mais comuns na arte grega é a cerâmica utilitária e a pintura em
vasos. Naquela época, os gregos transportavam líquidos, como água, azeite e vinho, em potes e
vasos de cerâmica. Por isso, eles eram produzidos em grande quantidade em oficinas de artesãos.
Além disso, eram usados em festas e rituais religiosos. Os gregos confeccionaram vários tipos de
vasos, cada qual tinha seu nome e uma função específica. Assim, cálices com duas alças eram
utilizados para beber vinho; hidras serviam para armazenar água.
A pintura chegou até nós principalmente através das cerâmicas decoradas e representava cenas
religiosas, cenas da vida cotidiana, de batalhas e de jogos. A decoração desses vasos também era
bastante importante e caracterizou diferentes períodos da civilização grega. Essas peças de argila
eram pintadas, algumas apresentavam figuras humanas e outras retratavam o dia-a-dia dessa
antiga civilização. Hoje são instrumentos importantes a partir dos quais os arqueólogos tentam
decifrar os costumes e as crenças do povo daquele período.
Num primeiro momento, os artesãos desenvolveram o hábito de usar tinta preta sobre argila
vermelha para pintar os vasos. Mas no fim do século VI a.C., o aluno de um famoso ceramista teve a
ideia de inverter a cor. Ele pintou a superfície do vaso de preto e depois raspou a tinta, de tal forma
que as figuras ficaram vermelhas. Essas peças foram chamadas “figuras vermelhas”, em oposição
às anteriores, as figuras em negro.
ESCULTURAS

ESCULTURA-KOUROS-PERÍODO ARCAICO
37

PERÍODO CLÁSSICO

PERÍODO HELENÍSTICO

Luz ultravioleta revela cores originais de estátuas gregas: bem diferente do que imaginávamos

A escultura embelezava e completava as obras arquitetônicas. Em geral, as esculturas tinham


como motivo as imagens dos deuses e dos heróis. Na escultura, vale lembrar o nome de Fídias,
autor da estátua da deusa Atena e dos relevos do Partenon, e Míron, famoso pela estátua do
Discóbolo. Os gregos desenvolveram também a pintura, a música e a cerâmica.
Os escultores tinham por objetivo representar homens, animais e vegetais como eles apareciam na
natureza. Ao retratar o homem, as estátuas gregas exibiam personagens belas, rostos serenos ou
fortes emoções, corpos perfeitos e farta decoração. Fala-se até que as criações de pedra eram tão
38

harmoniosas que chegavam a ganhar vida própria. A representação do ser humano na arte grega
correspondia à visão ideal do homem que eles tinham na época. Para eles, a raça humana era
descendente de deuses e heróis e estes, por sua vez, eram dotados de formas humanas.
Assim, o artista almejava alcançar a perfeição dos deuses. Com isso, procurava também atingir a
perfeição espiritual e valores nobres, como a inteligência, a sabedoria e o respeito.
A maioria das estátuas gregas que conhecemos é representação de deuses. Elas foram
colocadas em determinados lugares onde esse povo costumava orar, fazer seus cultos e sacrifícios
e pedir ajuda e inspiração.

O Teatro

Uma das artes mais consagradas na Grécia foi o teatro. Apresentado em arenas dotadas de
excelente acústica, o teatro na Grécia Antiga abordou temas profundos, tratados na forma de
tragédias ou comédias. Sófocles (496-406 a.C.) foi um dos maiores escritores de teatro da época e
Édipo Rei, uma das peças de sua autoria encenadas até hoje. Enquanto arquitetura, a construção
do teatro grego também foi importante e influenciou muito esse tipo de arte no Ocidente. Ainda hoje
os artistas representam muitas vezes num palco rodeado de arquibancadas reservadas ao público.
As primeiras peças de teatro grego eram apresentadas nas festas religiosas em homenagem ao
deus Dionísio; as chamadas dionisíacas, deus do vinho, da loucura, dos prazeres.
O teatro era ao ar livre e os atores usavam máscaras. Somente aos homens era permitido
participar das representações, nas quais eram discutidos os problemas eternos do ser humano,
como o destino, as paixões e a justiça, e também satirizados os comportamentos humanos, os
costumes, e a própria sociedade.
ARTE ETRUSCA
39

Os etruscos foram um povo que viveu na Etrúria, na península Itálica, ao sul do rio
Arno e ao norte do Tibre, mais ou menos na área equivalente à atual Toscana, com
partes do Lácio, Campânia e Úmbria.

Desconhece-se ao certo quando os precursores dos etruscos se instalaram aí. Durante toda
a Idade do Bronze os povos que habitavam a península produziram uma cultura material
muito homogênea, não há indícios arqueológicos mostrando invasões estrangeiras em larga
escala, e esses povos, portanto, deviam habitar esta região há um longo tempo. A partir de
c. 1 200-1 100 a.C. começam a aparecer diferenciações regionais na cultura material. Nos
tempos antigos, o historiador Heródoto acreditava que os etruscos eram originários da Ásia
Menor, mas outros escritores posteriores consideram-nos itálicos. Hoje considera-se um
desenvolvimento inicial principalmente autóctone(onde é encontrado, onde se manifesta).
com alguma pequena contribuição oriental. Sua língua, contudo, é isolada, e utilizava um
alfabeto semelhante ao grego, possivelmente absorvido por meio do comércio com os
fenícios.
Arquitetura
A arquitetura etrusca foi criada entre 700 aC e 200 aC, quando a civilização em expansão da antiga
Roma finalmente absorveu a civilização etrusca. Os etruscos eram construtores consideráveis em
pedra, madeira e outros materiais de templos, casas, túmulos e muralhas da cidade, bem como
pontes e estradas.A ARTE EM ROMA.

A pintura etrusca apresentava simetria e movimento e fazia parte do imaginário de eternidade ou da vida
após a morte. Por esse motivo, muitas figuras aparecem em estado reflexão bem como em contextos
festivos (danças, banquetes, ritos funerários), de luta e temas mitológicos.
40

Escultura e Arte Funerária


Uma das principais características das esculturas etruscas é o realismo. Geralmente eram
feitas em pedra, bronze, terracota, barro e argila. ... Além disso, as esculturas etruscas
zoomórficas de caráter naturalista representavam animais mitológicos, geralmente
esculpidos em bronze.

CERÂMICA ETRUSCA

Os principais materiais utilizados eram o barro, terracota, argila, pedras, madeira, mármore, ouro e marfim.
Além disso, eles dominavam as técnicas de fundição de metais e, portanto, desenvolveram diversos objetos
de ferro e bronze.
41

ARTE ROMANA

O aparecimento da cidade de Roma está envolto em lendas e mitos.


Tradicionalmente indica-se, para a sua fundação, a data de 753 a.C. Sabe-se, porém, que a
formação cultural do povo romano deveu-se principalmente aos gregos e etruscos, que ocuparam
diferentes regiões da Itália entre os séculos XII e VI a.C. A arte romana, portanto, sofreu duas fortes
influências: a da arte etrusca, popular e voltada para a expressão da realidade vivida, e a da greco-
helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza.

Arquitetura

PANTHEON DE ROMA
42

Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos foi o uso
do arco e da abóbada nas construções. Esses dois elementos arquitetônicos - desconhecidos na
Grécia - permitiram aos romanos criar amplos espaços internos, livres do excesso de colunas,
próprio dos templos gregos. Antes da invenção do arco, o vão entre uma coluna e outra era limitado
pelo tamanho da travessa. E esse tamanho não podia ser muito grande, pois quanto maior a viga,
maior a tensão sobre ela. E a pedra, que era o material mais resistente usado nas construções, não
suporta grandes tensões. É por isso que os templos gregos eram repletos de colunas, o que reduzia
muito o espaço de circulação. O arco foi, portanto, uma conquista que permitiu ampliar o vão entre
uma coluna e outra, pois nele o centro não se sobrecarrega mais que as extremidades e, assim, as
tensões são distribuídas de forma mais homogênea. Além disso, como o arco é construído com
blocos de pedra, a tensão comprime esses blocos, dando-lhe maior estabilidade. Mas no final do
século I d.c., Roma já havia superado essas duas infuências - a grega e a etrusca - e estava pronta
para desenvolver criações artísticas independentes e originais.

O Pantheon teria sido projetado pelo cônsul do Império Romano, Marco Vipsânio Agripa, na
década de 30 a.C., sendo construído apenas entres os anos de 118-128 a.C., o templo foi
construído como um local dedicado ao culto de todos deuses romanos, seu nome original Pantheon,
em latim significa “todos os deuses”

A moradia romana

A planta das casas romanas era rigorosa e invariavelmente desenhada a partir de um retângulo
básico. A porta de entrada, que ficava de um dos lados menores do retângulo, conduzia ao átrio,
um espaço central com uma abertura retangular no telhado. Essa abertura permitia a entrada da
luz, do ar e também da água da chuva, que era copelada num tanque - o implúvio - colocado
exatamente sob o vão do teto. Em linha reta em relação à porta de entrada, e dando para o átrio,
ficava o tablino, aposento principal da casa. Os outros cômodos também davam para o átrio, mas
sua disposição era menos rigorosa. Ao entrar em contato com os gregos, durante o período
helenístico, os romanos apreciaram muito a flexibilidade e a elegância das moradias gregas. Mas
43

admiraram sobretudo o peristilo que havia no pátio de muitas casas. Como eram zelosos de suas
tradições, os romanos não quiseram alterar muito a planta de suas casas, mas encontraram uma
solução para incorporar os elementos que admiravam: acrescentaram, nos fundos da casa, um
peristilo em torno do qual se dispunham vários cômodos; O restante da construção seguia o
esquema tradicional.

A arquitetura dos templos

Os romanos costumavam erigir seus templos num plano mais elevado e a entrada só era
alcançada através de uma escadaria construída diante da fachada principal. Estes elementos
arquitetônicos - pórtico e escadaria - faziam com que a fachada principal fosse bem distinta das
laterais e do fundo do edifício. Não tinham, portanto, a mesma preocupação dos gregos, de fazer
com que os lados do templo - a frente, o fundo e as laterais - se equivalessem dois a dois em sua
arquitetura. Entretanto, como os romanos apreciavam os peristilos externos dos templos gregos,
procuraram acrescentá-los também ao modelo tradicional de seu templo.
Mas nem todos os templos resultaram da soma da tradição romana e dos ornamentos gregos.
Enquanto a concepção arquitetônica grega criava edifícios para serem vistos do exterior, a romana
procurava criar espaços interiores. O Panteão (foto), construído em Roma durante o reinado do
Imperador Adriano, é certamente o melhor exemplo dessa diferença. Planejado para reunir a
grande variedade de deuses existentes em todo o Império, esse templo romano, com sua planta
circular fechada por uma cúpula, cria um local isolado do exterior onde o povo se reunia para a
culto. Essa nova concepção arquitetônica da templo - que será também a do cristianismo - explica
porque o Panteão é um dos únicos templos pagãos que hoje é ocupado por uma igreja cristã.
A concepção arquitetônica do teatro

Graças ao uso de arcos e abóbadas, que herdaram dos etruscos, os romanos construíram
edifícios - sobretudo anfiteatros - muito mais amplos do que teria permitido a simples influência da
arquitetura grega. Esses anfiteatros, destinados a abrigar muitas pessoas, alteraram bastante a
planta do teatro grego. Assim, nos edifícios destinados à apresentação de espetáculos, os
construtores romanos, usando filas sobrepostas de arcos, obtiveram apoio para construir o local
44

destinado ao público - o auditório. Com isso, não precisaram mais assentá-lo nas encostas de
colinas, como faziam os gregos. A primeira consequência dessa solução arquitetônica foi a
possibilidade de construir esses edifícios em qualquer lugar, independentemente de sua topografia.
Além disso, o povo romano apreciava muito as lutas dos gladiadores. Essas lutas compunham um
espetáculo que podia ser apreciado de qualquer ângulo. Portanto, não havia mais necessidade de
um palco de frente para o auditório, disposto em semicírculo. Este foi outro motivo que levou os
romanos a inventarem o anfiteatro. Esta construção caracteriza-se por um espaço central elíptico,
onde se dava o espetáculo, e circundando este espaço, um auditório, composto por um grande
número de filas de assentos, formando uma arquibancada. Assim era o Coliseu (foto),

certamente o mais bela das anfiteatros romanas. Externamente o edifício era ornamentado por
esculturas, que ficavam dentro dos arcos, e por três ordens de colunas gregas. Essas colunas, na
verdade, eram meias colunas, pois ficavam presas à estrutura das arcadas. Portanto, não tinham a
função de sustentar a construção, mas apenas de ornamentá-la.
Pintura
45

A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e
Herculano, que foram soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. Os estudiosos da pintura
existente em Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro
estilos. O primeiro não se refere propriamente à pintura, pois era costume no século II a. C. recobrir
as paredes de uma sala com uma camada de gesso pintado; que dava a impressão de placas de
mármore. Mais tarde, alguns pintores romanos perceberam que o gesso podia ser dispensado, pois
a ilusão do mármore podia ser dada apenas pela pintura. A descoberta da possibilidade de se criar,
por meio da pintura, a ilusão de um bloco saliente conduziu ao segundo estilo, pois, se era possível
sugerir a saliência, podia-se também sugerir a profundidade. Os artistas começaram então a pintar
painéis que criavam a ilusão de janelas abertas por onde eram vistas paisagens com animais, aves
e pessoas. Outras vezes, pintavam um barrado sobre o qual aparecem figuras de pessoas
sentadas ou em pé, formando uma grande pintura mural. No final do século I a.C. esse estilo
começa a ser substituído por outro - o terceiro -, que pôs fim ao interesse por representações fiéis
à realidade e valorizou a delicadeza dos pequenos detalhes. Entretanto, os romanos abandonaram
essa tendência e voltaram às pinturas que simulam a ampliação do espaço. Só que nesse retorno
os artistas procuraram combinar a ilusão do espaço, do segundo estilo, com a delicadeza do
terceiro. Essa síntese é o chamado quarto estilo e pode ser admirado numa sala da casa dos Vettii,
em Pompéia. No centro de cada parede há um painel de fundo vermelho, tendo ao centro uma
pintura, geralmente cópia de obra grega. Do lado esquerdo, do direito e -acima desse painel
existem pinturas que sugerem um espaço exterior, mas não se trata mais de paisagens da vida
cotidiana, e sim de cenários teatrais. Ora de maneira tosca mas alegre, ora de maneira segura e
brilhante, os pintores romanos misturaram realismo e imaginação, e suas obras ocuparam grandes
espaços nas construções, complementando ricamente a arquitetura.
CURIOSIDADES- Múmias de Pompeia
46

Depois de permanecerem sob cinzas há mais de 1.900 anos, as vítimas da erupção


devastadora em Pompeia, na Itália, estão sendo “trazidas à vida” por uma moderna
tecnologia de escaneamento de imagem.
No último ano, arqueólogos analisaram, restauraram e digitalizaram os órgãos preservados
de 86 romanos que morreram por conta da erupção do Vesúvio,(LAVAS) em 79 d.C. Agora,
os restauradores lançaram os primeiros resultados destas verificações para mostrar os
detalhes dos corpos sob o gesso.

Escultura
47

Luz ultravioleta revela cores originais de estátuas ROMANAS: bem diferente do que imaginávamos
Os romanos eram grandes admiradores da arte grega mas, por temperamento, eram muito
diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel
das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos. No entanto, ao
entrar em cantata com os gregos, os escultores romanos sofreram forte influência das concepções
helenísticas a respeito da arte, só que não abdicaram de um interesse muito próprio: retratar os
traços particularizadores de uma pessoa. O que acabou ocorrendo foi uma acomodação entre a
concepção artística romana e a grega. Isso pode ser melhor compreendido quando observamos a
estátua do primeiro imperador romano, Augusto (foto), feita por volta de 19 a.C.
Apesar de o escultor ter usado O Doríforo de Policleto, como ponto de referência, foram feitas
alterações, adaptando a obra ao gosto romano. Assim, o artista procurou captar as feições reais de
Augusto, e vestiu o modelo com uma couraça e uma capa romanas. Além disso, posicionou a
cabeça e o braço do imperador de tal forma, que ele parece dirigir-se firmemente aos seus súditos.
Essa preocupação de representar elementos bem determinados pode ser observada não só nas
estátuas dos imperadores, mas também nos relevos esculpidos nos monumentos erguidos para
celebrar algum feito importante do Império Romano. É verdade que os gregos também
ornamentaram sua arquitetura com relevos e esculturas, mas estas sempre representaram fatos
mitológicos e intemporais. Ao contrário disso, os relevos romanos especificavam nitidamente o
acontecimento e as pessoas que dele participaram. Dentre os monumentos comemorativos
destacam-se a Coluna de Trajano e a Coluna de Marco Aurélio. A Coluna de Trajano (foto),
construída no século I da era cristã, narra as lutas do imperador e dos exércitos romanos na Dácia.
O imenso número de figuras esculpidas em relevo faz dessa obra um importante documento
histórico em pedra. Mas, devido à expressividade das figuras e das cenas, esse monumento tem
também um grande valor artístico. Menos de um século depois foi erguida a Coluna de Marco
Aurélio para celebrar o êxito dos romanos contra um povo da Alemanha do Nane. O relevo dessa
coluna é mais profundo e também mais emocional.
A arte dos romanos revela-nos um povo possuidor de um grande espírito prático: por toda parte
em que estiveram, estabeleceram colônias e construíram casas, templos, termas, aquedutos (são
galerias subterrâneas ou expostas à superfície que servem para conduzir água.), mercados e
edifícios governamentais. Depois das primeiras décadas do século III, os imperadores romanos
começaram a enfrentar tanto lutas internas pelo poder quanto a pressão dos povos bárbaros que,
cada vez mais, investiam contra as fronteiras do império. Por isso, as preocupações com as artes
diminuíram e poucos monumentos foram realizados para o Estado. Era o começo da decadência
do Império Romano que, no século V - precisamente em 476 -, perde o domínio do seu vasto
território do Ocidente para os invasores germânicos.
48

Coluna de Trajano

COLUNA DE MARCO AURÉLIO

ROMA – PALEOCRISTÃ

O contato entre Roma e a Grécia iniciou-se com uma admiração que os romanos sentiam pelos
gregos, ainda por volta do século III a.C. Mais tarde, quando a Grécia tornou-se palco de lutas
internas entre as potências helenísticas, tal admiração se transformou em irritação, pois cada
potência queria fazer prevalecer sua hegemonia e, para tal, solicitaria o auxílio de Roma. Mas os
romanos eram militarmente bem mais organizados que os gregos; por isso, acabaram por
subjugar um a um todos os reinos helenísticos.
O caráter do romano era muito diferente do caráter grego. Os gregos queriam conhecer, e com
muita sabedoria, tentaram explicar a Beleza; os romanos, por sua vez, queriam dominar e por

isso esforçavam-se para consolidar o poder. Por outro lado, os romanos sucumbiram à
superioridade dos gregos nas artes e na cultura. Deixando-se influenciar pelos padrões estéticos
49

da Grécia clássica e aproveitando alguns elementos etruscos, criaram o estilo romano, uma
mistura de linhas retas e curvas

. ARCO ETRUSCO
Na arquitetura, por exemplo, os romanos aproveitaram a planta do templo etrusco, usaram
demasiadamente o arco, também de origem etrusca, mas a ornamentação foi toda ela herdada
do estilo grego. Na arquitetura grega, o horizontalismo e a proporção refletem a escala de
medida dos gregos – o Homem; na romana, a suntuosidade e a grandeza refletem outra escala
de medida – o Estado, sinônimo na época, de poder e conquista.
Nos monumentos, a preocupação dos romanos era com o espaço interno, ou seja, problemas
como a aeração e a iluminação. Para solucioná-los, vão utilizar arcos e abóbodas;

o arco, inclusive, foi tão bem aproveitado pelos romanos que começou a ser construído
isoladamente como monumentos para fins de propaganda política (Arco de Tito).
50

ARCO DE TITO
A ordem arquitetônica mais utilizada foi a coríntia, apesar de existirem outras como a toscana e
a compósita; as colunas, cuja função na Grécia era de sustentação, possuíam também a
função decorativa, ou seja, vão ser embutidas nas paredes.
A arquitetura foi, sem dúvida nenhuma, a maior manifestação artística dos romanos,
principalmente porque foram eles os primeiros a se preocuparem com o planejamento das
cidades. Certamente, os aquedutos, as pontes, os arcos, as basílicas surgiram como solução
para problemas originários desta urbanização.

Na pintura, os afrescos e mosaicos,


51

sempre em função da arquitetura, pouco diferem dos modelos gregos; mas na escultura,
enquanto os gregos tinham o seu ideal de Beleza a atingir, os romanos tinham o jus
imaginum para confeccionar. Boa parte da escultura romana, é certo, consistia em cópias dos
modelos gregos, mas o jus imaginum tratava-se do retrato, o monumento em homenagem
àquele que tivesse prestado relevante serviço ao Estado. Ao confeccioná-lo, os escultores,
obviamente, deveriam respeitar os traços fisionômicos do homenageado em questão. Daí o
caráter realista da escultura romana.
As mais belas manifestações artísticas romanas foram confeccionadas num período em que
paralelamente se principiava uma outra arte: a arte paleocristã. Os romanos testemunharam o
nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma nova era e uma nova filosofia.
Ocorre que, com o surgimento do messias, o poder romano viu-se extremamente abalado e
iniciou, então, um período de perseguição não só a Jesus, mas também a todos aqueles que
aceitaram sua condição de profeta e acreditaram nos seus princípios. Tal perseguição marcou a
primeira fase da arte paleocristã: a fase catacumbária, que recebe este nome devido às
catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde os primeiros cristãos secretamente
celebravam seus cultos.

Nesses locais, a pintura é simbólica; Cristo poderia ser representado por um círculo ou por um
peixe, pois a palavra peixe, em grego ichtus, forma as iniciais da frase: Jesus Cristo de Deus
Filho e Salvador. Alguns episódios sagrados também eram representados; a Arca de Noé,
Daniel na Cova dos Leões, etc.
52

Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em 313 d.C. o imperador Constantino
legaliza o cristianismo, dando início à 2ª fase da arte paleocristã. Com a liberdade do culto, os
cristãos adotaram a basílica romana como local onde realizariam suas reuniões e utilizavam a
pintura, mais precisamente, o mosaico, para sua decoração.
Em 391 d.C., outro imperador chamado Teodósio, oficializou o cristianismo como religião do
Império Romano e, com isso, a força do Estado uniu-se à força da igreja e, juntos propiciaram os
principais estilos da arte cristã durante a Idade Média.

ARTE BIZANTINA

O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano nos primeiros séculos de
nova era. Por volta do século IV, começou a invasão dos povos bárbaros e que levou
Constantino a transferir a capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por
Constantinopla. A mudança da capital foi um golpe de misericórdia para a já enfraquecida Roma;
facilitou a formação dos Reinos Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte
cristã – Arte Bizantina.
Graças à localização de Constantinopla, a arte bizantina sofreu influências de Roma, Grécia e
do Oriente. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na
técnica como na cor.
Novamente temos uma arte dirigida pelo peso da religião; ao clero cabia, além das suas
funções, organizarem também as artes, tornando os artistas meros executores. O regime era
teocrático; o Imperador possuía poderes administrativos e espirituais; era o representante de
Deus, tanto que se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, e, não é raro
encontrar um mosaico onde esteja juntamente com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o
Menino Jesus.
53

O mosaico

é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as paredes e


abóbodas, mas a instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos
vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos
romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem
inclusive os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e
verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o
dourado é demasiadamente utilizado devido à associação com maior bem existente na terra: o
ouro.
Na arquitetura, a Igreja de Santa Sofia, em Constantinopla

– hoje Istambul – foi um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, lograram colocar uma
cúpula sobre uma base quadrada. Construíram-na sobre um tambor cilíndrico que se apoiava
em quatro arcos plenos.
Tal método tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por associação à abóboda
celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto.
As igrejas bizantinas, vistas de fora, não suscitam o entusiasmo das multidões; é no seu interior
que encontramos o luxo de sua decoração: brilho de mármores polidos e multicoloridos, o
dourado dos mosaicos e os arcos e capitéis rendilhados.
Toda essa atração por decoração, entretanto, afasta o gosto pela forma; consequentemente,
rara expressão teve a escultura no período bizantino. A outra razão foi a prevenção que os
cristãos tinham contra a estatuária que lembrava de imediato o paganismo romano. Tudo que
encontramos restringe-se a baixos relevos acoplados à decoração.
A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI durante o reinado do Imperador
Justiniano. Porém, logo se sucedeu um período de crise chamado de Iconoclastia.
54

Constituía na destruição de qualquer imagem santa devido a um conflito entre os imperadores e


o clero. Resolvida a questão, a arte bizantina teria sua segunda Idade de Ouro, a qual já se
realizava concomitantemente com os primórdios de outro importante estilo de arte medieval: o
gótico.
A Arte Bizantina é uma arte cristã que surge no período em que o Cristianismo passa a ser
reconhecido como religião.
Jesus, considerado uma ameaça para o Império Romano, foi perseguido e morto pelos romanos.
Após sua morte, seus adeptos se escondiam em catacumbas para rezar, pois continuaram
sendo perseguidos .
Até que em 313 o imperador Constantino outorgou o Édito de Milão, que proibia a perseguição
aos cristãos e, então, o Cristianismo começa a crescer. Surgem assim, as igrejas cristãs e um
novo estilo de arte, a Arte Bizantina.A Arte Bizantina, por sua vez, surge após a aceitação do
Cristianismo e, assim, revela a exuberância de uma arte que pretende ser vista, divulgada e que
tinha como propósito instruir os devotos, neles incutindo a devoção ao Cristianismo.
Desse modo, a Arte Bizantina pode ser considerada o primeiro estilo de arte cristã.
Características e Manifestações da Arte Bizantina
Em decorrência do período histórico, a Arte Bizantina expressa especialmente o caráter
religioso.
Além disso, o imperador era uma figura de referência sagrada uma vez que desempenhava o
seu papel de governante em nome de Deus, tal como era propagado na época.
Assim, muitas vezes se encontra mosaicos que retratavam o imperador e sua esposa entre
Jesus e Maria.
Os artistas da época não tinham liberdade para se expressar, não podiam usar sua criatividade;
deviam apenas cumprir com a elaboração da obra, tal como lhes era solicitado.
Podemos, dessa forma, destacar as seguintes características da arte bizantina:
Caráter majestoso que demostra poder e riqueza;
Ligação direta com a religião católica;
Demonstração clara da autoridade do imperador - ao considerá-lo sagrado;
Frontalidade - representação das figuras em posição frontal e rígida;
Deste modo, Constantinopla viu muitos dos seus artistas migrarem para o Império Romano do
Ocidente, cuja capital era Roma.
A Basílica da Natividade, em Belém –
55

construção ordenada pela mãe do imperador Constantino na cidade onde Jesus nasceu. Foi
construída entre os anos 327 e 333 e incendiada cerca de dois séculos depois.
Pintura Bizantina

A predominância dos temas religiosos dá destaque às pinturas feitas nas igrejas.


Nessa época foi criado o ícone, uma vertente da pintura bizantina. Ícone em grego significa
imagem e nesse contexto representavam personagens religiosas como a Virgem e Cristo, além
de santos.

Uma das técnicas bastante utilizadas pelos pintores bizantinos foi a têmpera, que consiste em
preparar os pigmentos junto a uma goma feita de material orgânico (como a gema de ovo) a fim
de fixar melhor as cores à superfície.
Os ícones eram encontrados sobretudo nas igrejas, entretanto era possível também encontrá-
los nos ambientes familiares, em oratórios.
56

Foi na Rússia que essa expressão teve maior reconhecimento, principalmente na região de
Novgorod. Foi lá que viveu o renomado artista André Rublev, no início do século XV.

ARTE GÓTICA

Escritores e artistas renascentistas empregaram o termo “gótico” para designar as artes da


Idade Média. A palavra “gótico” provém de godos, nome de uma tribo bárbara do norte da
Europa; assim como era considerado bárbaro o povo que não possuía a cultura grega, tais artes
foram denominadas góticas porque também se afastavam das tradições clássicas. Atualmente,
embora já consagrada, percebemos que a denominação “gótica” é imprópria para este estilo de
arte, visto que ele é estranho á cultura daquele povo bárbaro. O estilo gótico é, antes de tudo,
um estilo arquitetônico nascido na França como fruto de uma fé cristã e tem como expressão
máxima, a catedral, construída como símbolo da onipotência divina. A catedral gótica, em
virtude do fervoroso espírito de fé, elevou-se para o céu como uma oração, atingindo uma altura
jamais antes alcançada. Isto se tornou possível graças a uma nova técnica de construção
baseada no emprego de arcos ogivais que se intercruzavam repousando sobre as colunas. Com
elevada altura a catedral ficava suscetível a desmoronamentos, o que, de fato, ocorreu algumas
vezes; então solucionou-se o problema com a utilização de contrafortes e arcobotantes,
elementos externos da construção, que ajudavam a distribuir melhor o peso e a força exercida
pela abóboda.
Com todo esse sistema, as paredes perderam a sua função de sustentação e acabaram sendo
substituídas por enormes vitrais. O vitral
57

é outro elemento caracteristicamente gótico; dava ao ambiente, fulgurante iluminação cromática,


o que reforçava ainda mais o clima religioso do ambiente. A ausência de paredes fez
desaparecer a pintura mural. Em contrapartida, desenvolveu-se a pintura de cavalete e o
retábulo. Para a decoração das catedrais as esculturas
foram então demasiadamente utilizadas; cobriam quase que por completo as fachadas e o seu
número podia ser ampliado, pois além da decoração, elas proporcionavam também um apoio,
dando maior segurança à construção. Eram verticalizadas e se concentravam na representação
da Santíssima Trindade, da encarnação de Cristo, da Virgem Maria e do Juízo Final. Também é
muito comum encontrarmos nas paredes laterais da porta de entrada da catedral, estátuas de
pedras como se fossem guardiões do templo.
A pintura gótica
58

atingiu admirável esplendor nas miniaturas ou iluminuras utilizadas para ilustrar os livros
medievais. Tais miniaturas exerceram forte influência na pintura de cavalete e nos retábulos.
Estes expressavam, sobretudo, sentimentos religiosos; utilizavam ainda céu dourado,
personagens sagrados situados à distância e perspectivas aéreas. Os pintores se enquadravam
em uma das duas escolas existentes na época: a florentina e a sienesa. A florentina é realista e
de inspiração popular, possui simplicidade nos desenhos e nas cores; a sienesa possui mais
elegância e gosto pelos detalhes. Porém, é importante observar que os pintores do período
gótico, dentre os quais podemos destacar Giotto (1266 – 1337), Simone Martini (1284 – 1344) e
Cimabue (1240 – 1302), já antecedem e anunciam os pintores do Quattro -cento, ou também
chamados “pré- renascentistas”.A arte gótica foi uma expressão artística da Baixa Idade Média
(século XII) que perdurou até o Renascimento. Denominada de arte das catedrais, ela era
realizada nas cidades. Foi uma reação ao estilo românico e pretendeu rivalizar com os mosteiros
e basílicas que eram construídas no campo .Isso porque nesse momento, as cidades
começaram a crescer por conta da economia fundamentada no comércio .Anteriormente, as
vivências coletivas estavam concentradas no campo e os mosteiros consistiam nos locais de
desenvolvimento intelectual e artístico.catedral de Milão. A Catedral de Milão, na Itália, é um
exemplo de arte gótica. O marco histórico desse movimento ocorreu nas imediações de Paris,
quando a Abadia Real de Saint-Denis foi construída, entre os anos de 1137 e 1144.Essa basílica
é considerada a primeira edificação com características da arte gótica, como sua fachada com
três portais que levam às três naves dentro da igreja. Abadia da Saint-Denis A Abadia da Saint-
Denis, na França (cerca de 1140) é considerada o marco da arte gótica Posteriormente, a Arte
Gótica irá se expandir para Inglaterra, Alemanha, Itália, Polônia e Península Ibérica.Contudo,
esta arte grandiosa somente foi possível após a solidificação das monarquias. Isso permitiu o
desenvolvimento comercial e urbano, levando ao desenvolvimento das rotas comerciais e
favorecendo, ainda mais, o crescimento das cidades.
Os recursos para obras tão magníficas eram obtidos mediante a contribuições dos fiéis,
principalmente daqueles que compunham a burguesia em ascensão.Portanto, a Arte Gótica
marca o triunfo das cidades, onde a Igreja percebe ter o apoio de uma grande parcela dos fiéis,
para quem irá construir catedrais. Elas representavam símbolos do poder político da Igreja e
econômico da burguesia. Serão as catedrais a exaltarem a beleza do ideal divino, por meio de
uma harmonia permeada pela religiosidade.
Quando foi criado, esse estilo artístico não era intitulado "gótico". O termo foi criado
posteriormente, quando o renascentista Giorgio Vassari se referiu de maneira pejorativa à esse
tipo arte, no século XVI.
Ele traça um paralelo com os godos, povo bárbaro que invadiu e destruiu Roma, em 410. Dessa
forma, ele expressa sua rejeição a esse gênero de arte.
Mais tarde o termo foi incorporado, perdeu o caráter aviltante e ficou relacionado à arquitetura
dos arcos curvilíneos.
A arquitetura gótica
59

é o resultado dos avanços técnicos obtidos pelas corporações de construtores.


Eles conseguiram dominar a geometrização e suas relações matemáticas com um objetivo muito
claro: a verticalidade, visto que buscavam um direcionamento para o céu.
A arquitetura foi a principal expressão da arte gótica e a ela estará atrelada à pintura e à
escultura.
A desmaterialização das paredes, agora mais finas e leves, bem como a distribuição da luz no
espaço, possibilitada por um número maior de vãos e janelas, permitiu um espaço mais livre e
luminoso.
A luz mística e a grandiosidade constituem o veículo para comunhão com o divino.O arco em
ponta e a rosácea - também chamada de Mandela - serão atributos continuamente presentes
nesse estilo arquitetônico, o qual busca substituir o horizontalismo românico pela verticalidade
gótica.Rosácea no interior da Abadia de Saint- Denis Rosácea no interior da Abadia de Saint-
Denis (França)
60

Escultura Gótica

A escultura gótica também expressa o desejo de verticalidade. Contudo, esboça também o


naturalismo capaz de atribuir movimento e vida às esculturas, as quais são, quase sempre, um
complemento à arquitetura.
À esquerda, escultura de Giovanni Pisano (1305). À direita, O Cavaleiro, autoria desconhecida,
cerca de 1235, na Catedral de Bamberg (Alemanha).
Também era comum a presença de esculturas de monstros ou figuras humanas nos telhados
das igrejas góticas, a fim de escoar as águas pluviais. Essas representações são intituladas
gárgulas.gárgula gótica
As gárgulas

eram esculturas colocadas nas construções góticas a fim de escoar as águas pluviais.
Os vitrais, pedaços coloridos de vidro unidos por chumbo, tinham como objetivo emocionar o
expectador e ensiná-lo sobre a religião católica.
De forma mais autônoma, a pintura irá se desenvolver nas iluminuras dos manuscritos, onde o
volume irá se aproximar das formas escultóricas que adornam a catedral.
É muito comum, nessas pinturas, a substituição da luz por fundos dourados, bem como a
figuração de personagens religiosos com pouco volume.

RENASCIMENTO
61

O Renascimento (ou Renascença, Renascentismo) foi, ao mesmo tempo, um período histórico e um movimento
cultural, intelectual e artístico surgido na Itália, entre os séculos XIV e XVII, e atingiu seu ápice no século XVI. Como
sabemos, renascimento significa, literalmente, nascer novamente. Por isso, esse termo foi utilizado para indicar o
movimento de retomada da cultura clássica greco-romana. Embora a Itália, especialmente Florença, sejam
consideradas o berço da Renascença, ela se expandiu para outras regiões europeias, tais como Alemanha, Flandres e o
norte dos Alpes.

Vejamos alguns acontecimentos históricos que contribuíram para o seu desenvolvimento. O Renascimento está
situado num período de transição entre a Idade Média e a Modernidade, o que corresponde ao final do Feudalismo e
início do Capitalismo. Naquele momento, uma importante mudança no modo de perceber o mundo estava ocorrendo:

passava-se de um pensamento predominantemente teocêntrico - onde tudo se explica a partir de uma origem
divina - para uma visão de mundo antropocêntrica, onde o homem assume papel central em relação ao universo. Tais
pensamentos resultaram no surgimento do Humanismo, um movimento intelectual que se dedicou a valorizar a
condição humana e suas múltiplas possibilidades de realizações e descobertas em variados campos do saber, tais
como a ciência, a literatura e as artes.

Os italianos daquela época identificaram esses ideais na poderosa Roma Antiga e, com o intuito de reviver esse
período, buscaram retomar os seus valores, hábitos, literatura e mitologias. Para isso, os artistas renascentistas
estabeleceram como parâmetros para as suas produções as antigas obras clássicas greco-romanas, consideradas,
por eles, o que de melhor havia sido produzido em termos artísticos até então. Ao fato de reviver os padrões da
antiga Arte Clássica, tais como realismo, simetria e beleza, é que consideramos o Renascimento como o segundo
momento da Arte Clássica na história da arte.

Durante o Renascimento houve um grande desenvolvimento naval, comercial e urbano, o que resultou em um
significativo crescimento econômico, que deu origem a uma nova classe social, a burguesia. Em virtude dessa
ascensão social de uma parcela da população, surgiu um modo diferente de relação entre a arte e a sociedade: o
mecenato. O mecenas foi uma figura de extrema importância nesse contexto, pois costumava patrocinar os artistas e
suas obras, auxiliando assim na expansão de múltiplos talentos. Sem esse cenário econômico favorável, talvez o
Renascimento não encontrasse condições para se desenvolver.
62

Burguesia Romana

A arquitetura foi a primeira das artes a ser influenciada pelos ideais renascentistas. Inspirado nos modelos
arquitetônicos clássicos, o arquiteto Filippo Brunelleschi, projetou a cúpula da catedral de Florença, Santa Maria del
Fiore (c.1420-1436) com formas simétricas e harmoniosas. Brunelleschi influenciou enormemente outros arquitetos
daquele período e dos séculos seguintes. Leon Allberti, na elaboração da fachada, à maneira romana, da Igreja de S.
Andrea (c.1460), em Mântua, é um exemplo da influência exercida por Brunelleschi sobre seus contemporâneos. Nas
letras, vale destacar a produção de Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Boccaccio.

Catedral de Santa Maria Del Fiore (Florença, Itália). Foto: kavalenkava / Shutterstock.com

Podemos identificar as primeiras características da pintura renascentista a partir do século XIV, na produção de Giotto
di Bondone. Em pinturas como A Lamentação (c.1305), Giotto rompeu com o estilo artístico de sua época,
caracterizado por formas rígidas, ao inserir, em sua pintura, figuras mais realistas e sensação de profundidade na
paisagem ao fundo, por meio da perspectiva. Tais princípios de perspectiva foram ainda mais desenvolvidos no século
XV, com Masaccio e sua perspectiva matemática, o que pode ser observada na pintura A Santíssima Trindade (c.1420).

A Lamentação, pintura de Giotto di Bondone (entre 1304-1306).


63

O Renascimento foi repleto de inovações técnicas no campo artístico. A observação direta da realidade é um deles.
Assim, os artistas costumavam desenhar exaustivamente para melhor representarem em suas pinturas e esculturas
aquilo que estava diante deles. Outras invenções importantes foram a pintura de cavalete

(com a utilização de uma tela colocada sobre esse suporte), e o aprimoramento e uso popularizado da tinta a óleo
(mistura de pigmentos com óleos vegetais), pois permitiram tanto o deslocamento e comercialização das obras,
quanto uma maior vivacidade nas cores e efeitos mais realistas nas pinturas. Além disso, os artistas, antes anônimos,
passaram a ser valorizados pela sociedade. Com isso, teve início a prática do autorretrato, que podemos comparar, em
menores proporções, com as atuais selfies.

O curto período chamado de Renascimento Pleno (1500-1520) foi responsável pelo surgimento das obras dos três
mais conhecidos artistas desse período: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. O interesse de
Da Vinci
64

por variados campos do saber contribuiu para sua fama de “artista completo”, tão valorizada durante a Renascença.
Podemos notar sua inventividade nos projetos para a construção de aeronaves, nos desenhos anatômicos realizados a
partir de cadáveres etc. Na sua pintura mais famosa, a Mona Lisa (1503-1506), estão presentes os ideais renascentistas
de serena harmonia. A suave transição dos tons mais escuros para os mais claros são o resultado de uma técnica
criada pelo próprio artista, e chamada de sfumato (fumaça, em italiano).

Mona Lisa, pintura de Leonardo da Vinci.

Michelangelo embora não se considerasse um pintor e sim um escultor, não podemos deixar de nos impressionar com
a força das imagens presentes nos afrescos (técnica que consiste na realização de pinturas sobre o gesso ainda úmido)
realizados por Michelangelo no teto da Capela Sistina,

em Roma (o processo de realização dessas pinturas pode ser compreendido através do filme Agonia e Êxtase, de
1965). Essa mesma força está presente na obra Davi (1501-1504), uma estátua de aproximadamente quatro metros de
altura, que representa a determinação, e as belas formas, do jovem herói bíblico em sua batalha contra o gigante
Golias.
65

Estátua de Davi, de Michelangelo, em exposição na Academia de Belas Artes em Florença, Itália.

Pietá

É frequente mencionar o mais jovem desses três artistas, Rafael Sanzio

, como a síntese dos talentos dos outros dois. Em Triunfo da Galateia (c.1512-1514), a mitologia é o tema para a
execução de uma pintura linear, em que predominam os contornos. Tudo nesta pintura, como em muitas outras do
Renascimento, é extremamente nítido e claro, não existem áreas sombrias. Simbolicamente, nada existe que seja
oculto ao homem renascentista. Não há nada que permaneça nas trevas do desconhecimento, pois através dos seus
inúmeros saberes culturais e científicos, ele é capaz de lançar luz a todos os mistérios do mundo. Eis um ideal
renascentista que, em breve, não mais se sustentaria.

HUMANISMO

O humanismo foi um movimento intelectual iniciado na Itália no século XV com o Renascimento e


difundido pela Europa, rompendo com a forte influência da Igreja e do pensamento religioso da Idade
66

Média. ... Em um sentido amplo, humanismo significa valorizar o ser humano e a condição humana acima
de tudo.

A Renascença (ou Renascimento) foi o movimento compreendido entre os séculos XV e XVI


que representou uma rejeição ao espírito da Idade Média e uma retomada ao ideal da vida
clássica, da Grécia e da Roma antiga.
Foi uma época de grandes transformações em que se fixaram os princípios gerais que
passaram a reger boa parte do mundo que hoje conhecemos.
O período do renascimento é caracterizado por uma visão humanística que se apoiava no
otimismo, individualismo e naturalismo. Esse naturalismo consistia na glorificação do humano e
natural, em oposição ao divino e extraterreno da Idade Média.
O berço da arte renascentista foi a Itália, visto que ela tinha condições propícias para esse
desenvolvimento cultural e artístico; possuía um quadro socioeconômico extremamente rico e o
fato da tradição da cultura romana ser muito presente nos monumentos artísticos e na literatura.
O artista do Renascimento era o intérprete de uma mudança de valores: o homem deixa de ser
o humilde observador da natureza de Deus e passa a ser a orgulhosa expressão do próprio
Deus, seu herdeiro natural da Terra. A natureza não existia para ser contemplada com enlevo e
copiada, mas para ser examinada e compreendida; não para ser temida, mas controlada.
O antropocentrismo toma o lugar do até então teocentrismo, e essa mudança de atitude é que
nos conduzirá ao âmago do movimento denominado Renascimento.
Os pintores, de um modo geral, procuram reproduzir a realidade, submetida a uma beleza
idealista. O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços marcantes, assim como
o desenvolvimento da perspectiva científica e a elaboração das teorias matemáticas da
proporção, levaram a um inconfundível cenário típico dessa época.
Três grandes escolas se destacaram na Itália: Florentina; Veneziana; Romana.
A escola florentina caracteriza-se pelo intelectualismo e pelo predomínio da linha sobre a cor.
Já a veneziana notabilizou-se pelo predomínio da cor sobre o desenho ou linha. Os venezianos
são luminosos coloristas. A romana realiza o equilíbrio entre a linha dos florentinos e a cor dos
venezianos.
Sandro Botticelli,

da escola florentina, foi discípulo de Filippo Lippi,


67

que lhe ensinou o desenho, e Antonio Pollaiuolo,

que lhe revelou a antiguidade. Dessa escola, no entanto, temos a maior figura da pintura
renascentista: Leonardo da Vinci que conseguiu ser tanto artista como cientista. Imaginou
máquinas volantes, estudou mecânica, geologia, ótica, hidráulica, entre outras ciências. Compôs
um tratado sobre anatomia em que registrou sua descoberta. Tais pesquisas explicam a
segurança com que desenhava o esqueleto e a musculatura do homem, do cavalo e de diversos
animais. Estudioso também da botânica, muito dos seus quadros revelam as minúcias de muitas
plantas. Desenvolve a técnica primorosa do sfumato, procurando banhar todo o quadro de uma
neblina suave.
O maior representante da escola veneziana é Ticiano,

que domina toda a primeira metade do século XVI.


No limiar do século XVI, acreditava-se firmemente na possibilidade do ser humano se assumir
como uma espécie de “super-homem”, bom em tudo, da pintura e poesia à ciência e à guerra.
Na Itália, uma tal pessoa era designada por l’uomouniversale: o homem universal.
Talvez, justamente por acreditarem tanto no potencial do homem é que podemos destacar
alguns notáveis do Renascimento.
Miguel AngeloBuonaroti e Raphael Sanzio pintavam obras consideradas perfeitas, nas quais
todas as aspirações de pintores anteriores pareciam ter sido concretizadas.
Esta época ficou conhecida como Alto-Renascimento.
Raphael encontrou o meio ideal de organizar figuras de formas e dimensões diferentes ao
longo de uma tela. A sua solução era um triângulo com o vértice para cima. Muitos foram os
pintores que utilizaram essa forma composicional.
Miguel Angelo expressa o aspecto dominante de sua personalidade na escultura. Considerado o
maior escultor do Renascimento italiano, nas suas pinturas também encontramos o caráter
68

escultórico pelo vigor do desenho e dos volumes, solidez e força das figuras, características
absorvidas de seu mestre Masaccio,

em seus primeiros ensinamentos. Foi escultor, pintor, arquiteto e poeta: um verdadeiro Homem
Universal. Na escultura, “Pietá”, a Virgem com o Cristo morto no colo, atualmente na Basílica de
São Pedro, em Roma, é considerada sua obra prima, assim como na pintura, os afrescos
da Capela Sistina.

O RENASCIMENTO NÓRDICO

Os séculos XV e XVI foram tempos difíceis para os pintores do Norte da Europa. As novas
técnicas dos pintores italianos eram praticamente desconhecidas. Os Alpes, que separavam a Itália
do resto da Europa, eram obstáculos de difícil transposição. Muitos pintores, como Albrechet Durer,

viajaram pela Itália e trouxeram as novas concepções para a Alemanha. Lentamente,


principalmente em função do protestantismo, que abominava as decorações altamente elaboradas
das igrejas católicas. Daí a enorme diferença em relação à Itália renascentista.
Os países nórdicos constituem uma região da Europa setentrional e do Atlântico Norte, composta
pela Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, e as regiões autónomas das Ilhas Faroé,
arquipélago da Åland e Groenlândia
Os pintores nórdicos, como Jeronymus Bosch
69

, não consideravam a humanidade como a obra mais perfeita de Deus. Possuíam uma grande
consciência da miséria humana. Bosch pintou uma versão de pesadelo do Universo. Cinco séculos
mais tarde, os surrealistas pintavam o mundo dos sonhos e do inconsciente. O interesse por Bosch
foi enorme, pois ele pintava o mundo de uma forma fantástica, como que exorcizando as criaturas
monstruosas que viviam na sua imaginação.
Pieter Bruegel

também viveu na Holanda, nesta altura, protestante. Por este fato, a aquisição de quadros de
natureza religiosa decresceu ao ponto de desaparecer, tendo os pintores que descobrir novas
temáticas para as suas obras. Bruegel pintou a vida dos camponeses e o campo onde
trabalhavam. Foi um dos primeiros artistas a pintar as várias formas assumidas pela paisagem
campestre ao longo dos vários períodos do ano.
Muitos outros tornaram-se retratistas. Era cada vez maior a demanda por retratos pessoais, que
representavam a importância do status social.

ARQUITETURA
70

Foi o florentino FilipoBrunlleschi quem apresentou, no início do Quattrocento, a nova concepção


renascentista na arquitetura. Contudo, não foi na sua época que a arquitetura renascentista atingiu
o seu ponto culminante. Foi um pouco mais tarde, na primeira metade do século XVI e em Roma
que atingiu sua plenitude – na Alta Renascença.
O arquiteto Bramante criou um tipo original de abóboda para a Igreja Santa Maria das Graças.

Os arquitetos dedicavam-se, sobretudo, à edificação de construções religiosas, das quais a mais


ambiciosa é, sem dúvida, a Catedral de São Pedro, em Roma.

Foi iniciada por Bramante em 1506, continuada por Miguel Angelo e adornada por Bernini (1598 –
1680).
Na mesma época, desenvolveu-se, fora da Itália, um estilo arquitetônico misto, combinação de
renascentista e gótico. Mais tarde, a arquitetura nesses lugares passou a inspirar-se diretamente
nas fontes clássicas.
O arco gótico dá lugar ao arco renascentista ou romano (arco pleno). As abóbodas de
nervuras são substituídas pela forma de semicírculo, formando um teto liso, onde as pinturas na
técnica de afresco eram comumente realizadas. As janelas passam a ser quadradas e
normalmente recebiam frontões triangulares ou circulares, além de outros elementos arquitetônicos
de inspiração greco-romana.
71

Na França, surge uma arquitetura renascentista inconfundível, cujos melhores exemplos são as
fachadas do Museu do Louvre, do arquiteto Pierre Lescot.

MANEIRISMO

O “Maneirismo” representa um estilo artístico que surgiu na Itália no século XVI, no período entre a Renascença e o
Barroco (1520 a 1600).

Nesse período, a Europa passava por diversas transformações políticas, econômicas e culturais, tal qual o
Renascimento e a Contrarreforma.

Isso fez surgir uma nova estética que fugia dos moldes tradicionais e que se espalhou rapidamente por toda a Europa.
72

Arquitetura Maneirista:

Palácio de Fontainebleau, França

Esse movimento artístico utilizou da arquitetura, escultura, artes plásticas, música e literatura, para apresentar uma
arte mais perturbadora, exagerada e sofisticada.

Além disso, os artistas do maneirismo buscavam se afastar dos moldes renascentistas (cânones clássicos), inaugurados
por figuras da alta renascença como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael Sanzio.

O termo “maneirismo” advém do italiano “maneira” que significa “maneira”, ao referir-se ao estilo próprio de cada
artista. O termo foi popularizado e utilizado pela primeira vez pelo artista italiano Giorgio Vasari,

como sinônimo de leveza e sofisticação.

Para muitos historiadores da arte, o maneirismo representou um momento de transição entre a Alta Renascença e o
Barroco, enquanto outros acreditam ser uma escola artística independente.

Alguns estudiosos consideram o maneirismo um período de decadência das artes, o qual fora muito criticado na
época.

Principais características do Maneirismo


73

Sofisticação da arte

Estilização exagerada, oblíqua e assimétrica

Uso de Espirais, proporções, volumes e perspectivas intrigantes

Capricho nos detalhes (arte de labirintos)

Contrastes de sombra e luz

Figuras alongadas, deformadas e/ou distorcidas

Fortes combinações de cores

Composições ambíguas, tensas, dramáticas, bizarras, perturbadoras

Aproximação com o Barroco e o Realismo

Ruptura com modelos clássicos (Estilo anti-renascentista)

Principais artistas do maneirismo

Jacopo Robusti “Tintoretto” (1518-1594): pintor italiano

El Greco (1541-1614): pintor, escultor e arquiteto grego


74

EL GRECO

Giorgio Vassari (1511 - 1574): pintor e arquiteto italiano

Giovan Battista di Jacopo “Rosso Fiorentino” (1494-1540): pintor italiano

Jacopo Carucci “Jacobo Pontormo” (1494-1557): pintor italiano

Benvenuto Cellini (1500-1571): escultor e escritor italiano

Jean Boulogne “Giovanni da Bologna” (1529-1608): escultor franco-italiano

Giulio Pippi “Giulio Romano” (1492-1546): arquiteto e pintor italiano

Andrea Palladio (1508-1580): arquiteto italiano

Girolamo Francesco Maria Mazzola “Parmigiano” (1503-1540): pintor italiano

Hans von Aachen (1552 - 1615): pintor alemão

Bartholomeus Spranger (1546-1611): pintor flamengo

O momento “perfeito” do Alto Renascimento não durou muito tempo. Vários foram os artista que
sentiram o esgotar das formas tradicionais. Queriam descobrir novos problemas, procurar as
resoluções, enfim, uma nova forma de ver o mundo;
Uma consequência dessa atitude foi o Maneirismo. Esse nome provém da procura de uma
maneira expressiva e personalizada de trabalhar, pelos artistas insatisfeitos com os valores da
Renascença, e que acreditavam que o mundo não era perfeito e ordenado tal como pretendiam os
renascentistas. E assim, alongaram e distorceram o corpo humano, julgando ser esta a forma mais
apropriada para retratar a angústia da alma humana. Substituíram as cores frias e claras do
Renascimento pelas bruscas e irreais de uma luminosidade dramática. A obra, portanto, torna-se
mais individualista e eminentemente intelectualizada, indo ao encontro do gosto e costumes de
uma certa classe social.
Podemos observar características maneiristas nas obras de Parmagianino, com figuras tão
alongadas até chegarem à deformação, como “A Madona do Pescoço Longo
75

” e nas de Bronzino; em “Alegoria” realiza uma obra para uma sociedade palaciana,
intelectualmente refinada, que adorava enigmas e usava a arte para entretenimento.
Estendendo-se para toda a Europa acentua-se mais em Fontainbleau, França, onde surge a Escola
de Fontainbleau. Fundiram-se as experiências dos artistas italianos, franceses e flamencos, em
princípio essencialmente ornamentais para em seguida retomarem a temática mitológica.

UM MANEIRISTA DIFERENTE
Giuseppe Arcimboldo nasceu em Milão, na Itália, no ano de 1527. Era filho de Biagio Arcimboldo,
também pintor. Destacou-se em várias áreas. Além de pintor, foi figurinista, decorador e
escritor.Suas obras mais famosas são as várias Cabeças Compostas, onde retratava perfis
humanos a partir da reunião de bichos, pessoas, plantas e diversos objetos. Suas pinturas eram
vistas, na época, como uma brincadeira em reuniões de pessoas nobres para decifrarem uma
espécie de jogo contemplativo. Foram as primeiras ‘Cabeças’, que fascinaram o Imperador
Maximiliano II. Logo depois de coroado em 1563, o imperador contratou Arcimboldo como pintor
oficial da corte. Além de se dedicar às telas, o artista também organizava festas, bailes e torneios
na corte, o que lhe deu muita popularidade.
76

BARROCO

O Barroco é um estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música na Europa do século XVII.

Por isso, toda a cultura desse período, incluindo costumes, valores e relações sociais, é chamada de "barroca".

Essa época surgiu no final do Renascimento e manifestava-se através de grande ostentação e extravagância entre os
grupos beneficiados pelas riquezas da colonização.

As principais características do Barroco

Arte rebuscada e exagerada;


77

Valorização do detalhe;

Dualismo e contradições;

Obscuridade, complexidade e sensualismo;

Barroco literário: cultismo e conceptismo.

A arte barroca na Europa

O estilo barroco teve início na Itália sendo, posteriormente, desenvolvido em outros países europeus na pintura, na
arquitetura, na escultura, na música e na literatura.

O Barroco na Itália

A Itália foi considerada o berço do Renascimento e da arte barroca onde diversos artistas se destacaram.

1. Caravaggio (1571-1610)

Caracterizado pela rudez de suas obras, Caravaggio pintou temas religiosos onde explorava o contraste entre luz e
sombras.

Destacam-se: "A Captura de Cristo", "Flagelação de Cristo", "A Morte da Virgem", "A Ceia de Emaús", "Davi com a
cabeça de Golias", "Flagelação de Cristo".

2. Bernini (1598-1680)
78

Bernini foi um escultor e arquiteto italiano. Suas obras encontram-se em Roma e no Vaticano, entre elas: a "Praça de
São Pedro", "Catedral de São Pedro", "O Êxtase de Santa Teresa", "Busto de Paulo V" e "Castelo de Santo Ângelo".

O Êxtase de Santa Teresa (1647-1652), de Bernini

3. Borromini (1599-1667)

Francesco Borromini foi arquiteto e escultor italiano. Entre suas obras destacam-se: a "Catedral de São Pedro",
"Sant'Agnese in Agone", "Palazzo Spada", "Palazzo Barberini", "Sant'Ivo alla Sapienza" e a "Igreja de San Carlo alle

4. Andrea Pozzo (1642-1709)


79

Pozzo foi arquiteto, pintor e decorador italiano. Entre suas obras estão: "Glorificação de Santo Inácio", "Anjo da
Guarda", "A Apoteose de Hércules", o teto do "Salão Nobre do Palácio Liechtenstein", em Viena, e a "Falsa Cúpula de
São Francisco Xavier".

O Barroco na Espanha

A Espanha foi o centro dos poetas barrocos, dos quais se destacaram: Quevedo, Gôngora, Cervantes, Lope de Vega,
Calderón, Tirso de Molina, Gracián e Mateo Alemán.

Eles que fizeram a melhor literatura do século XVII, assimilada pelo resto da Europa a partir da segunda metade do
século XVII.

Além da literatura, o barroco espanhol foi um dos mais marcantes desse período, onde se destaca o pintor Diego
Velázquez e as obras: "As meninas", "Velha fritando ovos", "Retrato de um homem" e "Cristo Crucificado".

O Barroco em Portugal
80

Em Portugal, o Barroco vai de 1508 a 1756. Padre Antônio Vieira é o principal autor do Barroco literário no país, no
entanto, passou a maior parte de sua vida no Brasil.

Para a compreensão desse movimento, ou estilo é necessário relacionar alguns acontecimentos


determinantes na direção dessa arte.
A Igreja encontrava-se sob forte ataque de reformadores como Lutero, obrigando-a a rever suas
atitudes e modificando-se como foi determinado pelo Concílio de Trento. Os sentimentos religiosos
foram revitalizados e fundaram várias ordens religiosas, entre ele as, a Companhia de Jesus,
objetivando dinamizar a fé católica. Essa reação aos reformistas denominou-se Contra Reforma e
veio com tanta força de combate que muito influenciou os caminhos das artes, ligando-se ao
surgimento do Barroco através da construção de igrejas e mosteiros.
Outros fatores também foram determinantes: o Absolutismo e a Revolução Comercial, resultante
do ciclo das navegações, modificando os sistemas econômicos e favorecendo as descobertas de
novas terras.
É comum os nomes dos movimentos artísticos, antes do final do século XIX, serem empregados
num espírito depreciativo, como no caso da denominação “Barroco”, palavra de origem espanhola
que designa um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa; também pode ser de origem
portuguesa com o mesmo significado. Alguns historiadores, no entanto, acreditam ser proveniente
do italiano, barroco, significando um obstáculo na lógica escolástica medieval. Ainda em outro
caso, a palavra era empregada a uma idéia enrolada, ou a um processo tortuoso de pensamento.
Talvez esse último mais se aproxime do espírito do movimento que repudia os valores ideais de
medida, equilíbrio e compostura do Renascimento.
A arte barroca é concebida como um espetáculo para impressionar, com efeitos especiais,
luminosidade dramática, teatral. Na pintura

OI 1

é freqüente a colocação de foco de luz direcionada à figura principal, geralmente de cima para
baixo, de um dos extremos do cenário composto. Isso induzirá o espectador diretamente para o
81

cerne da ação, principalmente no caso de muitos elementos e figuras. Composicionalmente, a linha


oblíqua tomará lugar das “bem comportadas” verticais e horizontais do Renascimento.
Como um todo, a arte barroca está mais associada com os países católicos do que protestantes,
uma vez que a Reforma baniu das igrejas protestantes a pintura e escultura. Já a Contra Reforma
aumentou a produção de quadros e estátuas da Virgem Maria, dos mártires e santos,
particularmente em estado de êxtase ou meditação, objetivando a instrução dos fiéis, mas com o
apelo dramático às emoções, induzindo à devoção.

Dessa forma, a arte foi uma estratégia de combate à reforma.


Miguel AngeloCaravaggio (1571 – 1610) foi quem deu início a um estilo completamente novo de
pintura religiosa na Itália e colaborou para que Roma fosse o mais importante centro artístico desde
o tempo de Miguel AngeloBuonaroti.
Os quadros de Caravaggio eram extremamente realistas e dramáticos, desafiando, dessa forma,
os maneiristas. Outro artista, contemporâneo de Caravaggio e também trabalhando em Roma,
influenciou o curso da evolução da pintura: Annibale Carraci (1560 – 1609). O jogo de ilusão por
ele caracterizado foi desenvolvido e passou a ser típico da arte Barroca.
O ilusionismo estava longe de ser uma invenção do Período Barroco e nem todas as obras
barrocas são ilusionistas; mas esse recurso tornou-se o mais comum e convincente do que em
qualquer outra época.
A mera ilusão óptica já não satisfazia os artistas barrocos, e a cópia literal da natureza, sem
idealização, foi desprezada pelos críticos seiscentistas. Contudo, a representação vivida e
convincente da natureza ideal ainda era considerada uma das tarefas primordiais do pintor e
escultor.
As pinturas de tetos e cúpulas das igrejas pareciam rasgar SUS limites a fim de possuírem uma
visão total do céu, construindo gigantescas estruturas arquitetônicas que se alongassem até o
firmamento.

Rembrandt, que nasceu apenas quatro anos antes da morte de Caravaggio, nunca deixou sua
Holanda natal. Passou a maior parte de sua vida produtiva em Amsterdam e nunca viu um quadro
de Caravaggio. O contato com alguns pintores que haviam estado em Roma é que proporcionou o
conhecimento do realismo e do uso da luz de Caravaggio.
Possuía um sentimento religioso pessoal, derivado de sua própria experiência e de um profundo
conhecimento da Bíblia. Ler e meditar sobre a Bíblia tomou o lugar da instrução católica pelo padre
na Holanda protestante. Enquanto artistas católicos trabalhavam os temas encomendados pelas
igrejas, não existia tal demanda das igrejas calvinistas holandesas. As encomendas artísticas dos
burgueses, que desfrutavam da riqueza gerada pela nova prosperidade comercial da cidade, eram
retratos, paisagens, motivos florais ou coisas do gênero. Havia, porém, um mercado para gravuras
sob temas religiosos, e Rembrandt, além de ser um dos maiores pintores do seu século, foi
também um grande gravador, se não o maior de todos os tempos. Na técnica de água-forte, na
gravura em metal, podemos encontrar muitas obras às quais Rembrandt transpõe toda a sua
religiosidade, explorando muito o foco de luz direcionado com muito engenho, apesar da ausência
de cor.
Tal como Caravaggio, Rembrandt usou como modelo, para a maioria de suas figuras, as pessoas
comuns que conheceu a sua volta.
Peter Paul Rubens, pintor flamenco, portanto católico, visitou a Itália onde passou quase dez anos
viajando. Esteve também na Espanha. Sua prodigiosa imaginação e seu completo domínio da
técnica de pintura a óleo habilitaram-no a pintar quadros complexos repletos de figuras em ação,
envolvidas em ações dramáticas.
Possuía muita afinidade com os ensinamentos dos jesuítas e, assim sendo, realizou obras para a
igreja da Companhia d Jesus em Antuérpia.
82

Van Dyck, também nascido na Antuérpia, viajou para a Itália e aprendeu muitas lições
com Rubens. Tornou-se pintor da corte de Carlos I, da Inglaterra. Os padrões de retratismo
estabelecidos por Van Dyck continuaram inspirando pintores ingleses de retratos durante mais de
dois séculos.
A Holanda se diferenciou da Itália, Flandres, Inglaterra e França pelas diferenças sociais, políticas
e religiosas.
Na França, no fim do século XVII, Luís XIV se firmou como o governante mais poderoso da
Europa.
A urbanização parisiense assume aspectos de magnificência. O Palácio de Versalhes

foi o mais poderoso símbolo da Europa, exaltando o poderio do Rei Sol. A realiza é desmistificada gradualmente
durante o século XVIII, dando lugar às tendências democráticas

ARQUITETURA BARROCA

ESCULTURAS BARROCAS
83

Escultura Barroca
Principais Características
Considerado por muitos como uma variante “profana” do barroco, o rococó caracterizou-se, acima
de tudo, pela valorização das linhas em formato de concha.
Ele abandona aquelas linhas retorcidas, típicas do barroco, para empregar linhas e formas mais
leves e delicadas, vistas facilmente na decoração dos interiores, ourivesaria, mobiliário, pintura,
escultura e arquitetura.
As obras deste movimento estético possuem texturas suaves que buscam expressar o caráter
lúdico e mundano da vida. Assim, foi uma preferência os temas leves e sentimentais relacionados
ao cotidiano e recheados de alegorias mitológicas e pastoris.
Os ambientes luxuosos, como parques e jardins suntuosos, retratam, na maioria das vezes, cenas
eróticas e sensuais em paisagens idílicas e alegres, nas quais transparecem os interesses
hedonistas e aristocráticos.

ROCOCÓ

Ele prosperou na Europa (especialmente no sul da Alemanha e na Áustria) do início ao fim do século XVIII, marcando a
passagem do Barroco para o Arcadismo.
84

Caracterizado pelo uso de conchas, laços e flores em seus adornos, o estilo rococó predominou na esfera da
arquitetura, escultura e pintura. Elas deveriam se complementar harmonicamente, muitas vezes pela união de
artistas especializados em afazeres distintos.

O Rococó pode ser considerado como uma reação da aristocracia e burguesia francesa contra a suntuosidade do
barroco tradicional.

Arte Rococó

Afresco em estilo rococó, no interior do Palácio de Nymphenburg, Munique, Alemanha

Rococó no Brasil

É evidente que o estilo rococó migrou para a América e no Brasil o expoente máximo foi o artista Aleijadinho.

Aqui, o estilo floresceu no fim do século XVIII, sob grande influência religiosa, ao contrário das representações da vida
profana e aristocrática comuns em outras localidades.

Nelas, o rococó decorava algumas igrejas, mas foi realmente difundido para decoração de palácios que glorificavam o
poder civil.

Estilo Rococó

Na arquitetura,
85

o rococó criou edifícios com amplas aberturas para a entrada de luz.

Quanto às esculturas,

essas passaram a possuir um tamanho reduzido e são apresentadas individualmente, por meio de figuras isoladas,
além de serem feitas a partir de materiais maleáveis, como gesso e madeira.

Já a pintura,

retratava o modo de vida das elites europeias do século XVIII, lançando mão de linhas curvas, leves e delicadas,
preenchidas com cores suaves, sobretudo os tons pastéis.
86

Nos últimos anos do reinado de Luís XIV, surgiu a necessidade de decorar os pavilhões
construídos nos jardins imperiais. O novo estilo firmou-se no reinado de Luís XV seu rebuscamento
já delatava a decadência do imponente Barroco.
O estilo rocaille (concha

é conhecido como Pompadour, pela influência que esta dama exerceu sobre o rei. Uma concha
pode ser considerada um microcosmo do Rococó pelas características em comum como a curva
em S irregular, os picos, a assimetria e o fascínio com o mundo natural e exótico.
Os pintores mais representativos foram Boucher, Watteau e Fragonard. Os quadros rococó diziam
apenas respeito às vidas dos ricos, que podiam dar-se ao luxo de passar os dias divertindo-se.

BARROCO BRASILEIRO

O Barroco no Brasil foi introduzido por intermédio dos jesuítas, no fim do século XVI. Só partir do século XVII,
generaliza-se nos grandes centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, através das igrejas.

Passada a fase do Barroco baiano, suntuoso e pesado, o estilo atingiu no século XVIII a província de Minas Gerais. Foi
ali que Aleijadinho (1738-1814) elaborou uma arte profundamente nacional.

Nessa época, não havia no Brasil condições para o desenvolvimento de uma atividade literária propriamente dita. O
que se viu foi alguns escritores se espelhando nas fontes estrangeiras, geralmente nos portugueses e espanhóis.

Principais Autores Barrocos do Brasil

Os principais escritores brasileiros desse período foram:

Bento Teixeira (1561-1618)


87

Gregório de Matos (1633-1696)

Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)

Frei Vicente de Salvador (1564-1636)

Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768)

O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, causou grandes reformas no Catolicismo, em resposta à Reforma
Protestante de Martinho Lutero. Assim, a autoridade da Igreja de Roma foi vigorosamente reafirmada, depois de
perder muitos fiéis.

A Companhia de Jesus, reconhecida pelo papa em 1540, passa a dominar quase que inteiramente o ensino. Ela
exerceu um papel importante na difusão do pensamento católico aprovado no Concílio de Trento.

A Inquisição que se estabeleceu na Espanha a partir de 1480 e em Portugal a partir de 1536, ameaçava a liberdade de
pensamento. O clima era de austeridade e repressão.

Foi nesse contexto que se desenvolveu o movimento artístico chamado Barroco, numa arte eclesiástica que desejava
propagar a fé católica.

Em nenhuma época se produziu um número tão grande de igrejas e capelas, estátuas de santos e monumentos
sepulcrais.

Em quase todas as partes, a Igreja se associava ao Estado. Assim, a arquitetura barroca, antes só religiosa, surge
também na construção de palácios, com o objetivo de causar admiração e poder.

Logo após a chegada dos portugueses neste país, deram início as emigrações religiosas,
missionários, especialmente jesuítas objetivando desenvolver, nesse novo continente, uma nação
católica. A igreja, dividida, precisava se fortalecer aumentando o número de fiéis.
A Contra-Reforma influenciou toda a arte do período colonial. O Barroco brasileiro
caracterizou-se como uma arte essencialmente religiosa e pode ser dividida em dois tipos: do
litoral, cujos monumentos históricos vão desde São Luís do Maranhão até Cananéia e Iguape, um
outro do interior, onde destacamos Minas Gerais. Tanto o litoral como o interior possuem um
valiosíssimo patrimônio histórico.
A arquitetura do litoral mantém o estilo do barroco português, especialmente nas igrejas e
conventos

. No entanto, o domínio holandês, no nordeste, deixou marcas, sobretudo na escultura em madeira,


tornando o colonial nordestino muito original. A cidade de Olinda comprova este fato.
88

No interior (Minas, Goiás e São Paulo), o estilo vai se tornando mais personalizado e definido.
Surgem os primeiros artistas nascidos na terra, entre eles, o Aleijadinho, o maior arquiteto e
escultor brasileiro, Manuel da Costa Ataíde,

a maior expressão da pintura barroca e, na música, José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, o
mais importante compositor mineiro de música barroca. Reforçamos ainda todo este potencial
artístico com o pintor Francisco Xavier Carneiro e com o escultor Victoriano dos Anjos.
Aleijadinho (Antonio Francisco Lisboa) inovou as fachadas e as torres e utilizavam muito a
pedra sabão para os medalhões e frisos, sem, no entanto, deixar de ser nitidamente barroco.
Já para o tratamento de suas esculturas, adotou uma expressividade e uma sobriedade tão
fortes que o diferenciaram das tendências do estilo.
ALEIJADINHO INOVOU SUAS ESCULTURA ACRESCENTANDO CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
BRASILEIRAS EM SUAS OBRAS DE ARTE.SÃO ELAS:
1-PELE MORENA
2-OLHOS PRETOS E PUXADOS
3-BOCA CARNUDA E SENSUAL
4-CABELOS CRESPOS

ISSO TUDO COM MUITO EXAGERO,VOLUME E DRAPEADO.


89

NO BRASIL O BARROCO FOI DIVIDIDO EM :


1-BARROCO RICO-DEVIDO A EXTRAÇÃO DE OURO E DO COMÉRCIO DA CANA DE AÇUCAR.REGIÕES-MINAS
GERAIS,BAHIA,RIO DE JANEIRO.ARTISTAS-ARTISTAS RENOMADOS.MATERIAIS -NOBRES,OURO,MADEIRAS,GESSO.

2-BARROCO POBRE-DINHEIRO ARRECADADO NA IGREJA.REGIÕES-SÃO PAULO.ARTISTAS-PADRES JESUÍTAS,ESCRAVOS


E OS ÍNDIOS.MATERIAIS-RESTOS DE MADEIRAS,BARRO.
90

NEOCLASSICISMO

Neoclassicismo é o nome atribuído à tendência predominante nas artes do fim do século XVIII e
início do século XIX. Esse novo estilo expressaria, sobretudo na França, os interesses e a
mentalidade da burguesia manufatureira que, num caráter democrático, buscava reagir contra a
pompa e o gosto aristocrático da época de Luís XV.
O termo “neoclássico” – novo clássico – tinha sua razão de ser. Em 1738 e 1780 foram realizadas
escavações nas ruínas de Pompéia e Herculano, as quais despertaram grande curiosidade pelo
passado, pois revelaram aspectos familiares da vida romana. A Roma Republicana tornou-se um
ideal de vida ao qual a burguesia daria significado político e social que conduziria à Revolução.
Os artistas procuravam restaurar as artes da antiguidade clássica greco-romana, pois
novamente cultivariam o Belo, deveriam orientar-se ou até imitar as obras dos gregos e dos
renascentistas; afinal, eles também se inspiraram na Grécia.
Por outro lado, tal imitação só teria eficácia se fosse mediante laborioso aprendizado constituído
de cuidadosa aplicação de convenções técnicas e expressivas, verdadeira disciplina intelectual,
que seria adotada nas Academias de Arte. Daí o neoclassicismo ser inclusive chamado
de Academismo. Foi também por intermédio de uma academia que o Brasil conheceu a arte
neoclássica, quando em 1816, chegou aqui a Missão Artística Francesa, a convite de D. João VI.
A arte Neoclássica ou Acadêmica é então definida pela adaptação dos modelos da Antiguidade
Clássica, tanto na arquitetura, escultura como na pintura; pouco há para se comentar sobre sua
plasticidade.
A arquitetura poderia se resumir na construção de um típico templo grego (Igreja de Madeleine,
Paris) ou de arco romano (Arco do Triunfo, Paris) ou simplesmente conter os elementos
91

característicos: colunas, capitéis, frontões, entablamentos (Parlamento de Viena). Algumas


construções continuam com a mesma finalidade de outrora; o Arco do Triunfo, por exemplo, foi
erguido a mando de Napoleão Bonaparte em 1806 por ocasião da sua vitória em Austerbitz.
No Brasil, podemos encontrar o neoclassicismo na Casa da Moeda, no Rio de Janeiro, ou
mesmo, uma adaptação dele, como no Museu Imperial, em Petrópolis.

Na escultura,
92

figura de destaque foi o veneziano Antônio Canova. Fez ressurgir nas suas obras o escultor grego
Praxíteles, a quem não muito admirava. Artista oficial da corte de Napoleão fez uma escultura da
irmã do corso, Paulina Bonaparte, e que é considerada sua mais importante obra.
Na pintura,

a ausência de originais gregas levou os pintores a se inspirarem na estatuária grega e na


pintura de renascentistas italianos, sobretudo Rafael. Os temas eram convencionados e giravam
em torno da Mitologia Grega e da História da Grécia e Roma Antigas. Apesar de idealizadas sob
sentimentos heroicos, havia na produção pictórica, o predomínio da razão sobre a emoção;
consequentemente o desenho sobressaía à cor.

Jacque Louis David (1748 – 1825) é considerado chefe da pintura neoclássica e pintor da
Revolução; ao expor sua tela “O Juramento dos Horácios”

, em 1875, mexeu com os ímpetos revolucionários parisienses, pois retrata um momento da história
de Roma, quando três irmãos juram ao pai fidelidade e Roma até a morte. Porém, seu quadro mais
importante é, sem dúvida, “Marat Assassinado”. Apesar de a situação não se prestar para um
quadro de dignidade e grandeza, David consegue torná-lo heróico, sem desrespeitar os detalhar
desse momento histórico e triste para os franceses.
David também foi pintor oficial do império de Napoleão,
93

aliás, podemos perceber que muitas obras neoclássicas estão ligadas à figura desse imperador, o
que torna meio paradoxal o fato de a arte neoclássica ter nascido sob cunho democrático e
posteriormente, transformar-se em “estilo império”, por estar a serviço do Império de Napoleão
Bonaparte.
Outra figura importante da pintura neoclássica ou acadêmica foi Jean Dominique Ingres (1780 –
1867).

Sucessor de David, Ingres era um exímio desenhista que considerava a linha como elemento d
expressão na pintura. Por esse motivo, foi o que mais resistiu às novas concepções artísticas
advindas do romantismo.
Jean Baptisti Debret
94

foi célebre pintor que, embora, francês, é figura importante na História da Arte Brasileira. Aluno
de David, Debret veio para o Brasil na Missão Artística Francesa; aqui, pintou cenas da vida
carioca, além de desenhos relacionados à escravidão negra que tornaram-se verdadeiros
documentos de época. Mas não foram somente os artistas da Missão que se destacaram neste
período; de formação acadêmica, o paraibano Pedro Américo de Figueiredo e Melo

é a figura que devemos mencionar; retratou objetivamente temas clássicos e históricos, como por
exemplo, “Batalha do Avaí”, exposto na presença de D. Pedro II, em 1877.
O século XIX foi tumultuado. Além dos novos ares conseqüentes da Revolução Francesa em
1789, havia também as fortes mudanças sociais e políticas causadas, agora, pela Revolução
Industrial.
Mudanças culturais obviamente não deixaram de ocorrer; ao contrário, tornaram a atividade
artística complexa devido aos vários movimentos cujas obras eram produzidas de acordo com as
diferentes concepções e tendências.

O Romantismo é o primeiro desses movimentos.

ROMANTISMO
95

Situado entre 1820 e 1850,


22222. Comecemos pela questão do Belo. Se para os neoclássicos o Belo era
idealizado e único, para os românticos ele era particular e relativo, conforme o temperamento de
cada um.
Somente por isso podemos perceber que os artistas desse movimento defendiam o
individualismo; buscavam a plena afirmação da personalidade do artista numa criação que
principiava na valorização da imaginação e do emocionalismo, intensa expressão dos sentimentos.
O individualismo era reflexo da própria mentalidade burguesa que também se manifestava no
liberalismo econômico e político que se firmava. Já a imaginação não afastou o artista da realidade;
ao contrário, era inspirada na mesma. Esta dualidade não é tão contraditória quanto possa parecer.
Os temas trabalhados ora giravam em torno de acontecimentos verídicos, ora se inspiravam em
obras de grandes escritores. Porém, ao pintá-los, o artista cria a cena do modo como sua
imaginação lhe convém.
Ocorre, então, o abandono dos temas mitológicos; despontam temas relacionados com a história
nacional, pois os românticos deixavam-se envolver pelas lutas sócio-políticas da época, tornando-
se nacionalistas.
A pintura apresenta uma composição diagonal que sugere instabilidade e dinamismo; a
preocupação em produzir efeitos de dramaticidade ocasionou o retorno às cores vivas e o forte
contraste de luz e sombra.
Dois são os expoentes da pintura romântica: Theodore Géricault

(1791 – 1824) e Eugene Delacroix´


96

A Liberdade Guiando o Povo (em francês: La Liberté guidant le peuple) é uma pintura de Eugène Delacroix em
comemoração à Revolução de Julho de 1830, com a queda de Carlos X.
Segue abaixo uma análise dos elementos que compõem o quadro.
1: A Mulher:
A mulher com o corpo desnudo, carregando uma bandeira e um fuzil representa a liberdade, que guia o povo para seu
ideal.
2: O Garoto:
O Garoto que avança empunhando duas pistolas representa a classe dos estudantes, que tiverem papel importante na
revolução.
3: O Homem Caído:
O homem caído no chao, olhando para a mulher, indicando que vale a pena lutar se o objetivo é tão belo.
4: Os dois Homems:
Os 2 homems à esquerda da imagem, representam as diversas classes sociais. Um homem bem vestido, empunhando
uma arma representa um burgês, e logo atráz, um negro com uma espada representa a classe operária.
5: As tropas:
No fundo da imagem, à direita, pode-se ver as tropas do exército, rumando contra os manifestantes.
6: Os Cadáveres:
Aos pés dos manifestantes, vários cadáveres, indicando a vitória dos revolucionários. Nota-se que um deles é um
soldado e outro um oficial.
(1798 – 1863); mas entre os precursores devemos destacar Francisco Goya y Lucientes

(1746 – 1828), tão turbulento quanto foi sua época, a da ocupação da Espanha por Napoleão
Bonaparte. Tal ocupação inspirou-lhe cenas horrorosas, com figuras providas de uma nítida
despreocupação; mas a forma linear tão trabalhada pelos acadêmicos já era abandonada.
Preocupou-se Goya com as formas dadas pelas massas modeladas pela luz e sombra. Isso é
97

claramente perceptível em sua obra “Execuções do 3 de Maio”. A luz que ilumina as vítimas torna
dramático o pavor dos madrilenhos pela iminência da morte vinda do fuzil dos soldados franceses.
Não foi só na pintura que Francisco Goya revelou seu desprezo pela linha; produziu um grande
número de gravuras, muitas da quais, numa nova técnica chamada água-tinta que permite não
somente traços e linhas, mas também manchas sombreadas. O fato interessante é que a maioria
dessas gravuras são visões fantásticas de bruxas e aparições sobrenaturais que mencionam ser
acusações contra os poderes da forma aos pesadelos do próprio artista.
Theodore Géricault foi, sem dúvida, o primeiro grande pintor romântico. Ao pintar “A Balsa da
Medusa”, revelou-se contra as autoridades do governo, visto que documenta, na tela, o pesadelo
vivido pelos náufragos da fragata Medusa que largou do porto por autorização do governo, e
afundou devido às péssimas condições em que se encontrava.
Embora tenha ganhado uma medalha pelo quadro no Salão de 1819, Géricault nunca se
convenceu de ter sido justo ao dramatismo do tema do naufrágio. Encerrada essa exposição,
enviou a tela em excursão pela Inglaterra, tornando-a muito conhecida. Ainda nesse mesmo
quadro, Géricault utiliza como modelo dois de seus amigos; um deles, o que se encontra no ápice
da pirâmide, é Delacroix.
Delacroix pintou muitas de suas obras inspirando-se em Dante e, principalmente, em Lorde
Byron, escritor romântico com o qual compartilhava um profundo interesse pelos acontecimentos
contemporâneos que envolviam a angústia da condição humana, física e psicológica.
Um exemplo é a história do imperador Sardanapalo, o último de uma linha de decadentes
governantes assírios. Dos versos de “Sardanapalus”, escritos por Lorde Byron, saiu a inspiração
para Delacroix pintar “A Morte de Sardanapalo”

Atacado pelos rebeldes, o seu castelo, suas riquezas, está tudo perdido; reclinado sobre uma suntuosa cama,
Sardanapalo ordena, então, que os eunucos e oficiais do palácio cortem a garganta de suas mulheres, pagens
e mesmo de seus cavalos e cães favoritos. Nenhum dos objetos que lhe proporcionaram prazer deveriam
sobreviver para além dele. As suas mulheres são colocadas no mesmo nível que os seus cavalos e cães.
, obra severamente criticada, no Salão de 1829, pela cor brilhante, pelas pinceladas
excessivamente livres e pela falta de acabamento.
Foi também nesse mesmo Salão de 1924 que Delacroix encantou-se com efeito de naturalidade
obtida em “A Carroça de Feno
98

” do pintor John Constable, um dos principais representantes da pintura paisagista.


O Romantismo chegou ao Brasil por intermédio do pintor alemão Georg Grimm, professor
da Academia de Belas Artes. Mas tivemos grandes artistas essencialmente brasileiros; Vitor
Meireles (1932 – 1902) destaca-se como exemplo de espírito lírico ao pintar “Moema”,

personagem indígena e lendária do poema “Caramuru” de Santa Rita Durão. Por outro lado,
Victor Meirelles (1832-1903) foi um pintor e professor do Brasil Império, um dos mais importantes
representantes da pintura histórica brasileira do século XIX. Victor Meirelles de Lima (1832-1903)
nasceu na vila Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, em Santa Catarina, no dia 18 de
agosto de 1832. José Ferraz de Almeida Júnior (1850 – 1899)
99

Almeida Júnior (1850-1899) foi um pintor e desenhista brasileiro. O dia do artista plástico é
comemorado em 8 de maio, dia do nascimento do pintor. Foi o primeiro pintor a retratar em seu
trabalho o tema regionalista. José Ferraz de Almeida Júnior nasceu em Itu, São Paulo, no dia 8 de
maio de 1850.Ele interpreta com profunda poesia as cenas mais humildes da vida caipira do
interior paulista.

PINTURAS de PAISAGENS

No Romantismo, houve um ramo da pintura que mais tirou proveito da liberdade do artista em sua
escolha de temas: a pintura de paisagens. Até então, a paisagem participava de obras apenas
como cenário, ou ainda, os pintores que ganhavam a vida pintando “vistas” de casas de campo,
jardins ou cenários pitorescos, não eram seriamente tidos por artistas.
A pintura de paisagens é um gênero típico da tradição inglesa, pois os primeiros artistas que se
propuseram a elevar esse tipo de pintura a uma nova dignidade eram ingleses de liberdade dos
franceses.
Preocupações como a interrelação da natureza, com os estados de espírito do homem e seu
sentido estético e, o revelar de um sentimento por lugar específico e não pela natureza como um
100

todo, estão muito bem representadas em Joseph Mallord William Turner (1775 – 1851) e John
Constable (1776 – 1837).
Turner retratou a natureza tal como a testemunhou; fascinaram-no a força e a fúria dos elementos
naturais, ao ponto de, em certa ocasião, pedir para ser amarrado ao mastro de um vapor durante
uma tempestade. Queria observá-la e, o mais importante, ter a experiência do terror por ela
sujeitado para depois, expressá-lo em “Vapor numa Tempestade de Neve”.

Recebeu contundentes críticas ao efeito de coisas não acabadas de suas telas e, também, por
serem todas idênticas. Mas suas pinceladas soltas, bem como a atenção dada à sua própria visão
de luz e cor tornaram seus quadros historicamente importantes, na medida em que influenciaria os
impressionistas, uma geração mais tarde.
Assim como Turner, Constable também foi um grande paisagista; porém, essa é a única
qualidade comum entre ambos. Enquanto Turner preocupava-se em captar os inconstantes do
brilho do sol e do tempo, Constable interessou-se em pintar zonas realistas das paisagens
campestres. Estudava atentamente todas as formas e todos os aspectos da natureza tornando-se
até certo ponto escravo do modelo.
Tudo o que Constable pretendia era ser fiel a sua visão; ia para o campo fazer esboços do natural
e depois desenhava-o em seu estúdio.
A tela que encantou Delacroix no Salão de 1824 (“Carroça de Feno”) mostra uma cena rural
simples, na qual podemos perceber e aprecias, além da sinceridade de Constable, sua total
despretensão em querer chocar as pessoas com inovações audaciosas.
Ainda no Salão de 1824, Constable exerceria influências sobre um grupo de paisagistas que se
abrigaria em Barbizon, na orla da floresta de Fontainebleau. Esse grupo, denominado Escola de
Barbizon, apesar de seguir o programa de Constable e observar a natureza com novos olhos,
também recebia idéias de outro importante paisagista, o francês Jean BaptistCamilleCorot (1796 –
1875), também considerado precursor do impressionismo, rejeição equivale à censura pública. O
barulho foi tanto que, chegando a notícia ao conhecimento do Imperador Luis Napoleão, este
aproveitou a ocasião para simular liberdade, pouco existente nas suas ações políticas. Permitiu
que os recusados expusessem suas obras no Palácio da Indústria.
Manet, Pissarro e Cézanne foram uns dos que aceitaram o desafio. O SalondesRefusés (Salão
dos Recusados) foi imortalizado por uma obra considerada uma molecagem, uma vergonha:
“DéjeunersurI’herbe” (Almoço na Relva) de Monet: dois jovens fazendo um piquenique numa
floresta com duas damas, uma delas inteiramente nua, que ousava olhar para fora da tela, como se
estivesse observando o espectador.
Alguns historiadores colocam Monet na liderança do Movimento Impressionista. Ele mesmo
jamais teve essa pretensão. Apesar do choque que causou no Salão dos Recusados, Monet foi,
por diversas vezes, aceito no Salão e isso o reparava da revolução impressionista que estava
ocorrendo.
101

O fim do século passado foi um período histórico muito rico de inventos que, obviamente,
influenciaram na arte. Entre os inventos, a fotografia exerceu uma forte influência no novo
movimento.
Antes do desenvolvimento dos obturadores de alta velocidade, uma fotografia era o resultado de
demorada exposição. Se o indivíduo se mexia, era registrado de modo “tremido” ou “enevoado”,
como no trabalho de Monet, o “BoulevarddesCapucines”, de 1873, inspirado nos experimentos de
fotografar grandes grupos de pessoas a certa distância.
É comum encontrarmos figuras em posturas e gestos informais como se tivessem sido
imobilizados em plena ação. A sensação de captar o relance de uma cena é facilmente encontrada
nas obras de Degas nas corridas de cavalo e bailarinas.
A composição também é feita como se fosse selecionado, de modo mecânico, o que cabe no
visor da máquina. Se fosse necessário “cortar” uma figura, isso não era problema para os
impressionistas. Um bom exemplo está na obra de Degas “O Ensaio” de 1877. Uma bailarina
desce a escada, mas não a tempo de aparecer por inteiro na composição. Apenas seus pés
aparecem. Isso, até então, só aconteceu no impressionismo. Antes, os elementos composicionais
de um quadro eram cuidadosa e comportadamente estudados.
No Brasil, o único pintor a fugir do academismo e divulgar os princípios impressionistas foi Eliseu
Visconti.
Considerado o pioneiro do modernismo no Brasil, estudou na Escola Nacional de Belas Artes de
Paris, desenvolvendo uma técnica segura, trazendo as novas propostas para os artistas brasileiros.

REALISMO

O realismo foi um movimento literário e artístico que teve início em meados do século XIX, na França.

Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural significou um olhar mais realista e objetivo sobre a existência
e as relações humanas, surgindo como oposição ao romantismo e sua visão idealizada da vida.

A vertente se manifestou principalmente na literatura, sendo seu marco inicial o romance realista Madame Bovary, de
Gustave Flaubert, em 1857.

Entretanto, é possível encontrar também nas artes visuais, sobretudo na pintura, obras de cunho realista. Foram
artistas de destaque Gustave Courbet, na França, e Almeida Junior, no Brasil.
102

O movimento se estendeu para várias partes do mundo e teve espaço em solo brasileiro, principalmente na literatura
de Machado de Assis.

As principais características da escola realista são:

oposição ao romantismo;

objetividade, trazendo cenas e situações de forma direta;

caráter descritivo;

análise de traços de personalidade e da psique das personagens;

tom crítico sobre as instituições e a sociedade, sobretudo a elite;

exibição de falhas de caráter, derrotas pessoais e comportamentos duvidosos;

interesse em incitar questionamentos no público;

valorização da coletividade;

valorização de conhecimentos científicos propostos em teorias como o Darwinismo, Socialismo Utópico e Científico,
Positivismo, Evolucionismo;

enfoque em temas contemporâneos e cotidianos;

na literatura desenvolveu-se mais intensamente na prosa e no conto;

caráter de denúncia social.

As características citadas contemplam principalmente a escola literária realista. Entretanto, a mesma atmosfera
objetiva e crítica foi retratada nas outras linguagens da arte, como na pintura realista.

Para se aprofundar nesse assunto, leia: Características do Realismo.

Contexto histórico do realismo

O contexto histórico e social no período do realismo foi bastante conturbado. Foi uma época de grandes
transformações que revolucionaram a forma das pessoas se relacionarem e entenderem a realidade ao seu redor.

O modelo capitalista se intensificou e a classe burguesa passou a ter maior poder de decisão, gerando um
aprofundamento das desigualdades sociais, com maior exploração da classe trabalhadora, exposta a longas jornadas
de trabalho.

É quando ocorre a Segunda Revolução Industrial e o crescimento da urbanização, assim como da poluição nas grandes
cidades e demais problemas urbanos.

Soma-se a esse cenário avanços tecnológicos importantes, como a lâmpada e o carro movido à gasolina.

É ainda nesse contexto que surgem teorias científicas que objetivavam interpretar e explicar o mundo, como o
Evolucionismo de Darwin e o Positivismo de Auguste Comte.
103

Assim, os pensadores da época, artistas e escritores, são influenciados pelos acontecimentos ao redor e pelos anseios
da sociedade.

O movimento realista reflete seu tempo, na busca por uma linguagem mais clara e verossímil, ao passo que questiona
os princípios e padrões burgueses.

Vale destacar que a vertente surge também como um contraponto ao romantismo, movimento vigente que trazia o
individualismo e a idealização da realidade como características marcantes.

Quando um dos artistas da Escola de Barbizon, François Millet

(1814 – 1875), resolveu estender o programa de paisagens do Constable a figuras humanas e


cenas do trabalho camponês, enveredou por um caminho que seria trilhado também por Gustave
Coubert (1819 – 1877), considerado fundador da escola realista.
Coubert inaugurou o Realismo com sua tela “Enterro em Ornans”

, e ao ter uma de suas telas recusadas no Salão de 1885, organizou sua própria exposição em
frente à exposição oficial e, intitulou-a “Le Reálisme”.
Mas tudo isso tinha sua razão de ser; o realismo seguiu-se ao fracasso da Revolução Popular de
1848 na França. Revoltado com uma situação política que detestava, Coubert era o defensor de
uma ordem social mais justa e fazia da sua pintura uma forma de luta.
Tal como Coubert, Honoré Daumier (1808 – 1879) escolheu engajar-se nessa luta e ridicularizou
em seus trabalhos a burguesia e as diferenças sociais. Caricaturista nato chegou a ser preso
devido às suas sátiras políticas.
Somente nesses dois artistas, podemos perceber que, nos realistas, a tendência era ater-se aos
fatos, à vida cotidiana do povo que é representada com uma crueza sem precedentes. Óbvio,
portanto, que para a crítica conservadora da década de 1850, esse estilo era a consagração
escandalosa do “feio”, do “deselegante”. Mas os artistas estavam cada vez mais encorajados em
expor suas idéias, e a grande ruptura impressionista já estava por acontecer.

IMPRESSIONISMO
104

Entre 1860 e 1890, um grupo de jovens artistas intelectuais questionava a arte acadêmica e
propuseram o mais revolucionário movimento ocorrido até então. O “Café Guerbois” era conhecido
por esses freqüentadores que, mais tarde, tornaram-se conhecidos como sendo os
“impressionistas”.
Embora a obra dos impressionistas fosse decorrência da obra dos pintores realistas, a grande
diferença estava na despreocupação em transmitir uma mensagem social ou moral. O interesse
era retratar fielmente as percepções do mundo natural, exatamente como via.
A preocupação era a luz e seus efeitos, suas constantes variações, as superfícies dos
objetos e como passar essas percepções para a pintura. A observação de que a cor local é
comporta por mais de uma cor não era nova, mas foi nesse momento que ocorreu o
desenvolvimento do estilo característico de pinceladas quebradas e justapostas com cores puras.
As teorias de harmonia cromática eram cada vez mais debatidas e estimularam os impressionistas
em suas explorações sobre a natureza das experiências visuais. Notaram também que as
sombras, como a cor local, são compostas não de um, mas de vários matizes; não são pretas nem
escuras. A linha deixa de ser representada pois, para esses artistas, ela era apenas um meio de
representar imagens. Deviam pintar com rapidez para captar a luz do momento.
O fascínio dos impressionistas pela luz refletida estendeu-se às variações da luz em diferentes
estações do ano. Também, não foram os primeiros a observar esse fenômeno, mas se distinguiram
em suas interpretações.

Em 1874 foi realizada a primeira exposição impressionista no estúdio do fotógrafo Nadar, por
esse grupo de artistas desconhecidos. Entre eles estavam Claude Monet, Auguste Renoir, Camille
Pissarro, Paul Cézzane, Edgar Degas e Alfred Sisley. Perfaziam um total de 30 expositores, cujos
nomes, em sua maioria, estão hoje esquecidos. A Exposição levava o nome de “Sociedade
Anônima dos Artistas, Pintores, Escultores, Gravuristas, etc...”
105

Como era de se esperar de uma sociedade sempre resistente ao novo, não foram bem aceitos
pelos poucos visitantes. A maneira impressionista esboçada, aparentemente indisciplinada, era
uma afronta ao público habituado ao academismo. Era inaceitável que os
pintores mudassem a visão coletiva da realidade. O crítico de arte Louis Leroy definiu o quadro
de Monet “Impressão Sol Nascente” como sendo impressão e nada mais. O grupo, aderindo ao
nome, passou a chamar-se “Impressionistas”.
O termo “impressão” já era usado amplamente pelos próprios pintores da vanguarda quando se
referiam a suas obras
Monet, Renoir e Pissarro preocupavam-se tanto em captar a verdade traduzida na luz do
momento que começaram a estudar as novas teorias científicas a luz e da cor. Não se deixavam
abater pela crítica e pelo desprezo do público que já os acompanhavam há bastante tempo.
Em 1863 aconteceu o famoso Salão dos Recusados, quando o júri do Salão de Paris não aceitou
3000 dos 5000 quadros submetidos. Para os menos ousados, o Salão era tudo: a refeição equivale
à censura pública. O barulho foi tanto que, chegando a notícia ao conhecimento do Imperador Luis
Napoleão, este aproveitou a ocasião para simular liberdade, pouco existente nas suas ações
políticas. Permitiu que os recusados expusessem suas obras no Palácio da Indústria.
Monet, Pissarro e Cézanne foram uns dos que aceitaram o desafio. O Salon des Refusés (Salão
dos Recusados) foi imortalizado por uma obra considerada uma molecagem, uma vergonha:
“DéjeunersurI’herbe” (Almoço na Relva)

de Manet: dois jovens fazendo um piquenique numa floresta com duas damas, uma delas
inteiramente nua, que ousava olhar para fora da tela, como se estivesse observando o espectador.
Alguns historiadores colocam Manet na liderança do Movimento Impressionista. Ele mesmo
jamais teve essa pretensão. Apesar do choque que causou no Salão dos Recusados, Manet foi,
por diversas vezes, aceito no Salão e isso o reparava da revolução impressionista que estava
ocorrendo.
O fim do século passado foi um período histórico muito rico de inventos que, obviamente,
influenciaram na arte. Entre os inventos, a fotografia exerceu uma forte influência no novo
movimento.
Antes do desenvolvimento dos obturadores de alta velocidade, uma fotografia era o resultado de
demorada exposição. Se o indivíduo se mexia, era registrado de modo “tremido” ou “enevoado”,
como no trabalho de Monet, o “Boulevard des Capucines”,
106

de 1873, inspirado nos experimentos de fotografar grandes grupos de pessoas a certa distância.
É comum encontrarmos figuras em posturas e gestos informais como se tivessem sido
imobilizados em plena ação. A sensação de captar o relance de uma cena é facilmente encontrada
nas obras de Degas nas corridas de cavalo e bailarinas.
A composição também é feita como se fosse selecionado, de modo mecânico, o que cabe no
visor da máquina. Se fosse necessário “cortar” uma figura, isso não era problema para os
impressionistas. Um bom exemplo está na obra de Degas “O Ensaio” de 1877. Uma bailarina
desce a escada, mas não a tempo de aparecer por inteiro na composição. Apenas seus pés
aparecem. Isso, até então, só aconteceu no impressionismo. Antes, os elementos composicionais
de um quadro eram cuidadosa e comportadamente estudados.

No Brasil, o único pintor a fugir do academismo e divulgar os princípios impressionistas foi Eliseu
Visconti. Considerado o pioneiro do modernismo no Brasil, estudou na Escola Nacional de Belas
Artes de Paris, desenvolvendo uma técnica segura, trazendo as novas propostas para os artistas
brasileiros.O impressionismo foi um movimento que surgiu na pintura francesa do século XIX, vivia-
se nesse momento a chamada Belle Époque ou Bela Época em português. O nome do movimento
é derivado da obra "Impressão: nascer do sol" (1872), de Claude Monet. Começou
107

com um grupo de jovens pintores que rompeu com as regras da pintura vigentes até então. Os
autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do realismo e/ou da
academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a
pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da
realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando
pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram
pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as variações de cores da natureza.O
impressionismo não foi aceito em princípio na Europa do século XIX, pois os estilos vigentes à
época eram acadêmicos e lineares: neo-classicismo, realismo e romantismo. No caso do neo-
classicismo, também preocupava-se com a perfeição, a ponto de que pintores passariam a corrigir
nas obras os "defeitos" dos corpos de seus modelos para atingí-la. O realismo, por outro lado, se
preocupava em retratar a realidade exatamente como ela era. Já o trabalho romântico era
extremamente subjetivista.Mas alguns artistas e intelectuais, sob a influência de Charles
Baudelaire, possuem o desejo de mudança. Baudelaire acreditava que era necessário que o olhar
do artista fosse desprovido de preconceito e que houvesse um compromisso com o presente. Este
desejo de mudança se traduz em experimentação de reformulação pictórica, que mais tarde levaria
a pintura a ficar livre para traçar um novo caminho.O impressionismo é uma arte visual, onde a
representação do que se vê é o tema central das obras do movimento. As cenas pintadas são, em
grande parte, apenas as que são observadas pelo próprio pintor. Neste sentido, o “ver” do
impressionismo assume outro sentido; é o de selecionar, recortar, modelar de acordo com o objeto
que se observa diretamente. Os artistas do impressionismo selecionam a impressão como uma
experiência importante a ser valorizada.Mas apesar de parecer que o impressionismo se trata de
imitação do real, não é exatamente isso que os artistas impressionistas fazem. O impressionismo é
sobre traduzir um objeto real através do olhar diferenciado, onde posteriormente essa forma de
olhar se torna uma construção sobre o objeto real.Os impressionistas buscavam retratar os objetos
através do contraste de cor e luz, onde as próprias pinceladas dos pintores se tornam uma marca
de luz e sombra na tela. A pincelada do impressionismo deixa uma marca na tela, como se fosse a
letra do autor; seu relevo, deixado na tela propositalmente, faz com que a luz e sombra estejam
presentes em cada pincelada. A sensação, elemento fundante do impressionismo, deixa de ser
108

puramente fisiológica e passa a ser construída e deliberada.O impressionismo, em primeira


instância, se utiliza da paisagem como objeto único e central no quadro. Seria durante o Realismo
que surgiria a paisagem como tema central de pinturas e quadros, tendo caráter especialmente
referencial. O impressionismo é a técnica pictórica que levou seus artistas a representarem da
melhor maneira a impressão visual da realidade.Mas o impressionismo não causou só reações de
críticas. A resistência ao impressionismo e suas obras vinha da grande ruptura que o
impressionismo trazia enquanto movimento: ele negligenciava as formas para privilegiar a cor. Não
é todo o impressionismo que é rejeitado, no entanto. Algumas das características do
impressionismo que foram adotadas da pintura clássica ainda são bem vistas pela maioria, sendo
que podem ser enxergadas como o rigor que não era presente, até então, nas pinturas
impressionistas.Por volta de 1884, surgiu uma estética relacionada àquela impressionista por
excelência, que ainda que crítica ao impressionismo, continuaria seu legado. O neo-
impressionismo não rejeitava todos os princípios e obras impressionistas como era comum à sua
época, mas sim queriam dar continuidade ao que os impressionistas começaram, codificando suas
descobertas de acordo com um método racional.
OBRAS DE EDGAR DEGAS

OBRAS DE PIERRE AUGUSTE RENOIR


109

PÓS IMPRESSIONISMO

O pós-impressionismo foi uma tendência nas artes que ocorreu na França no final do século XIX e início do
XX.Esse movimento inovador começa a despontar em 1880 e permanece até o surgimento do Cubismo, em
1907.Na realidade, essa corrente organiza-se de maneira espontânea, inspirando-se e ao mesmo tempo
110

confrontando o chamado impressionismo.O termo pós-impressionismo foi utilizado pela primeira vez pelo
crítico de arte britânico Roger Eliot Fry (1866-1934), para designar as obras expostas na Grafton Galleries,
em Londres, em 1910.A exposição incluía pinturas de Paul Cézanne, Vincent van Gogh e Paul Gauguin. Ao
lado do pintor francês Georges Seraut,

eles foram os mais importantes representantes dessa nova tendência.Pós-Impressionismo


111

O Mar de Saint-Marie (1883), de Van Gogh

OBRAS DE VINCENT VAN GOGH

é um exemplo de pintura pós-impressionista.Os pós-impressionistas valorizavam a expressão do lado


subjetivo, humano, emocional e sentimental. Dessa forma, o novo espírito que surgia se distanciava do
112

impressionismo, na medida em que não buscava somente elementos técnicos, estudos da luz natural nos
objetos e reprodução da realidade, como fizeram seus antecessores. De tal modo, ainda que tenham criado
uma nova tendência, muitos artistas do pós-impressionismo fizeram parte do impressionismo, pois o novo
movimento pode ser considerado uma extensão ou desenvolvimento maior da escola impressionista .
Cézanne não foi o único que sentiu havia na verdade do que apenas aquilo que a vista

enxergava. De modo diferente, também Seurat, Paul Gauguin, Cézanne e Van Gogh sentiram que
queriam pintar algo de mais permanente do que impressões.
O pós-impressionismo abrangeu o período que vai da última exposição impressionista, em 1886,
até o nascimento do cubismo, originando da obra de Cézanne. Deu origem também aos outros
primeiros movimentos do século XX: o fauvismo e o expressionismo.
Seurat estudou ainda com mais atenção as teorias científicas sobre a cor. Passou da pincelada
solta aos pontos de cor pura. A técnica de pequenos pontos, de Seurat, foi designada por
“pontilhismo”.
Gauguin sentiu necessidade de abandonar o ambiente cosmopolita da cidade em busca de
um tipo de vida mais primitivo. Partiu para a ilha do Taiti. Desenvolveu um estilo caracterizado
por áreas planas de cor brilhante e pura com visível influência da arte japonesa e primitiva.
Esse período de sua vida foi o que se tornou mais conhecido. A temática era a vida simples das
pessoas não contaminadas pela civilização ocidental.
Cézanne possuía pontos de vista sobre a pintura totalmente diferentes dos impressionistas.
Deixou de aceitar qualquer método tradicional de pintura e isso acarretou nas recusas de seus
trabalhos no Salão. Não lhe bastava pintar a natureza, buscava retomar o desenho harmonioso
equilibrado, fazendo uso das descobertas dos mestres impressionistas.
Os seus objetivos claros sobre uma obra de arte traçaram as novas tendências e tornou-se o “pai
da Arte Moderna”.
Notamos em seus trabalhos a preocupação constante em captar e transmitir a forma pura dos
objetos, resultando em solidez profundidade. As formas passam a geometrizar-se. Acreditava ser a
geometria a essência dos elementos.
Van Gogh entrou no mundo do Impressionismo em 1886, aos 36 anos de idade. Até então só
conhecia pintores holandeses e alguns paisagistas franceses entre eles Millet, que muito admirava.
Enriquecendo-se com o contato mantido com os impressionistas, foi tomando características
próprias que o diferenciou do grupo. Descobriu, nessa ocasião, a arte japonesa.
As pinceladas, que se assemelham a uma multidão de vírgulas, são características de Van Gogh
e não eram usadas apenas para dispersar a cor; comunicavam emoção e seu estado mental. Não
se preocupava em representar corretamente, mas sim expressar o que sentia. Em função disso,
explorou a distorção.
Numa das cartas de Van Gogh, quando em Arles, a seu irmão Théo, comenta que “as emoções
são, por vezes, tão fortes que trabalho sem ter consciência de estar trabalhando”.
Tendo passado por diversos colapsos emocionais e diversas internações em Arles, St. Rémy e
Auvers, Van Gogh, na tarde de domingo de 27 de julho de 1890 caminhou para um campo de trigo
e deu um tiro no peito que não atingiu o caração. Morreu na terça-feira seguinte, nos braços de seu
único mecena, o irmão Théo.

Van Gogh, pintou cerca de 35 autorretratos pintados por ele entre 1886 e 1889, a maioria em
Paris.

FAUVISMO
113

O Fauvismo (ou Fovismo) foi um movimento artístico heterogêneo associado à pintura e teve sua origem na França no
início do século XX. Essa tendência foi desenvolvida entre os anos de 1905 e 1907. A principal característica desse
movimento foi a utilização da cor pura, sem misturas, de modo a delimitar, dar volume, relevo e perspectiva às obras.

O Fauvismo teve início ainda no ano de 1901, na França. Porém, ele só foi reconhecido como uma corrente artística
em 1905. Nesse momento, os artistas que compunham o movimento, fizeram a primeira aparição pública no "Salão de
Outono", em Paris. No ano seguinte, em 1906, organizaram uma exposição no "Salão dos Independentes".

Foi justamente nessa ocasião que o grupo recebeu o nome les fauves, expressão francesa que significa “as feras”.

Os artistas foram chamados de "feras", ou "selvagens", pelo renomado crítico de arte Louis Vauxcelles (1870-1943),
quando ele tentou descrever a sensação causada ao observar uma única obra clássica cercada por pinturas fauvistas.

A arte fauvista busca levar o ser humano ao seu estado natural por meio de uma estética primitivista, tal qual o estado
de pureza das criações infantis. Essas características também estão presentes na chamada Arte Naif.

Os artistas deste movimento não se preocupavam com os aspectos da composição na pintura, mas sim com as
qualidades expressivas que a interpretação pessoal poderia causar.

“Cinco artistas, André Derain, Maurice Vlaminck, George Rouault, Albert Marquet e Henri Matisse,
todos alunos de Gustave Moreau, uniram-se para formar um grupo denominado “Fauves”. Esse
nome foi dado por um crítico e significava feras, qualificando o tipo de pintura extremamente
agressiva, com cores puras e brilhantes.
Os artistas mencionados faziam parte do grupo dos simbolistas que retomaram o passado numa
tentativa de fuga da sociedade industrial. Os fauves, antagonicamente, queriam uma arte moderna
para um novo tempo.
Matisse muito se influenciou pela arte japonesa e pós-impressionista. Admirou
especialmente Gauguin e sua capacidade colorística que inspirou sua arte. Tendia para a
simplificação decorativa e exerceu grande influência de design, muito em voga naquele momento
(ArtDeco).
A simplificação dos elementos chegam ao ponto de não haver mais regras onde a perspectiva
não obedece leis nem a anatomia ou composição. Especialmente a cor era livre e pura para ser
expressada como era sentida pelo artista.
114

CUBISMO

O cubismo é um movimento artístico que surgiu no século XX, nas artes plásticas, tendo como principais fundadores
Pablo Picasso e Georges Braque e tendo se expandido para a literatura e a poesia pela influência de escritores como
John dos Passos e Vladimir Maiakovski.O quadro "Les demoiselles d'Avignon", de Picasso, 1907 é conhecido como
marco inicial do cubismo.[1] Nele ficam evidentes as referências a máscaras africanas, que inspiraram a fase inicial do
cubismo, juntamente com a obra de Paul Cézanne. O cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras
geométricas, representando as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter
nenhum compromisso com a aparência real das coisas.

Historicamente o cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza
como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a
representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e
apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor
os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.

O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com
o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se
movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os
planos e volumes.

No começo do século, exposições de Van Gogh, Gauguin e Cézanne foram realizadas e


exerceram enorme impacto nos artistas jovens que procuravam novas idéias. Interessaram-se pela
arte primitiva africana e pinturas rupestres em função da força e aparente simplicidade dos objetos
primitivos. Foi nesse clima de busca que Picasso pintou, em 1907 o “LesDemoiselles d’Avignon”
(As Senhoritas de Avinhão), primeira obra considerada Cubista.
O Cubismo foi um dos mais importantes movimentos da arte moderna. Seus artistas
fundamentaram-se na pesquisa de Cézanne em que todos os elementos derivavam de formas
puras, ou seja, formas geométricas. O objetivo era construir e não copiar algo.
O conceito clássico de perspectiva cai completamente, aproximando-se dessa forma da pintura
primitiva.
115

Picasso e Braque, os grandes representantes do Cubismo, trabalharam juntos e em três fases. A


primeira foi de 1907 a 1909, quando ainda estavam muito influenciados por Cézanne.
O Cubismo Analítico abrangeu os anos de 1909 a 1911. O tema não era importante. Geralmente
eram escolhidos motivos familiares que, destruídos e fragmentados, eram reconstituídos
geometricamente, como cubos. A reconstituição era feita sem preocupação em adequar os
“encaixes”. Assim sendo, podemos ver parte de um objeto visto de frente e outra, de lado, de perfil.
Os tons eram monocromáticos.
O Cubismo Sintético, de 1911 a 1916, inclui colagens de jornais, seios, letras, etc... Juan Gris,
espanhol como Picasso, tornou-se o teórico do Cubismo Sintético.

EXPRESSIONISMO

Expressionismo é o nome de uma vanguarda artística europeia do início do século XX.Esse movimento artístico está
entre os primeiros representantes das vanguardas históricas e talvez, o primeiro a focar em aspectos subjetivos,
valorizando a expressão emocional do ser humano.

Origem do Expressionismo
Devemos destacar que o Expressionismo não possui uma localização geográfica definida e sua duração é imprecisa.

Entretanto, o consenso é de que tenha surgido na Alemanha em meados de 1905. Nesse ano se deu a criação do
grupo Die Brücke (A Ponte), pelos artistas Ernst Kirchner (1880-1938), Erich Heckel (1883-1970) e Karl Schmidt-Rottluff
(1884-1976), entre outros. Por isso, essa corrente é também chamada de Expressionismo alemão.

Grupo de artistas
Um grupo de artistas: Otto Muller, Kirchner, Hekel, Schmidt-Rottluf (1926), de Kirchner. À direita, detalhe

A primeira vez que o termo surgiu foi em 1911, na revista Der Sturm (A Tempestade). O periódico alemão era o veículo
de comunicação mais importante do movimento.

Outro grupo com grandes tendências expressionistas foi o Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul), formado em 1911 por
Franz Marc (1880-1916) e Wassily Kandinsky (1866-1944).
116

Edvard Munch

é considerado o precursor do Expressionismo, tendo influenciado essa corrente artística com suas obras impactantes
e cheias de carga emocional.

Sua obra mais importante é O Grito (1893). Ela representa uma das telas mais emblemáticas do movimento
expressionista.

o grito

A tela O Grito (1893) de Edvard Munch. À direita, detalhe da obra

Outro artista essencial para o surgimento da vertente foi o holandês Vincent Van Gogh, integrante do pós-
impressionismo.

Ele foi um homem que viveu intensamente a arte e transmitia em suas obras os sentimentos de maneira dramática e
sem preocupar-se tanto com os efeitos técnicos da iluminação em suas composições

O Expressionismo constituiu-se como um campo multidisciplinar e interdisciplinar ao entrecruzar os saberes de várias


áreas do universo das artes.
117

O expressionismo era a oposição ao apenas pictórico. A arte devia ser carregada de emoção. O
tema devia ser interpretado pelo artista e a deformação iniciada por Van Gogh foi um recurso muito
usado. A cor passou a expressar sentimentos.
O fato dos expressionistas mudarem a aparência das coisas incomodava o público. Mas, agressor
era o fato de mudarem enfeiando. Dessa forma atingiram o objetivo de chocarem o público e de se
rebelarem contra a burguesia, manifestando seus descontentamentos com o próprio homem.
O expressionismo desenvolveu-se mais fortemente na Alemanha.
A situação político-econômica da Europa no começo do século era bastante turbulenta, cheia de
conflitos territoriais, culminando na Primeira Guerra Mundial. É evidente que esse clima de
insegurança e ansiedade era refletido na arte.
Os sentimentos da insatisfação sempre existiram no homem, se bem que oriundos de problemas
diferentes, e tais sentimentos sempre foram representados pelos artistas em suas épocas. A
diferença é que esse tipo de manifestação foi organizado.
Edvard Munch (1863 – 1944) foi um dos primeiros a explorar a herança de Van Gogh, pintando as
angústias, os medos, as incertezas do homem.
O expressionismo pode ser dividido em duas fases: de 1885 a 1900, com Munch e Ensor, e de
1905 a 1913, possuindo, esse segundo período, dois grupos: Der BlaueReiter (Cavaleiro Azul)
e Die Brücke (A ponte).
Os artistas eram provenientes da Escola de Arquitetura de Dresden e alguns se destacaram
com Kirchner, Heckel e Schmdt-Rottluff.
Pretendiam ser o ponto de referência para as novas tendências revolucionárias. “Nosso movimento
pretende ser uma ponte entre o visível e o invisível” disse Kirchner, exemplificando o que
pretendiam.
O Der BlaueReiter foi de menor duração, interrompido pela Primeira Guerra. Mas isso não
impediuque se disseminasse para o resto do mundo. No México, por exemplo, podemos mencionar
três grandes representantes: Rivera, Orozco e Siqueiros.
O expressionismo não se limitou nas Artes Plásticas. Abrangeu a literatura, o teatro, a poesia, a
arquitetura e o cinema.
Uma das grandes características do teatro expressionista é que freqüentemente existe um
personagem “real” para diversos imaginários ou das lembranças do personagem. Procura-se

representar a verdade interior e não aparente. O cenário não devia interferir e por isso não possuía
muitos elementos. Os efeitos de iluminação passam a ser importantíssimos para explorar o efeito
expressivo. A música expressionista existiu muito m função do teatro e do cinema.
Mas se o que importava não era mais a imitação da natureza e sim a expressão dos sentimentos
por meio das cores e formas, não poderia a arte de desprender do figurativo explorando apenas os
efeitos possíveis das cores e das formas?
118

ABSTRACIONISMO

O Abstracionismo, ou arte abstrata, é um estilo artístico moderno das artes visuais que prioriza as formas abstratas em
detrimento das figuras que representam algo da nossa própria realidade.

Dessa forma, podemos dizer que esse tipo de arte é uma obra “não representacional”, ao contrário da arte figurativa,
expressa por meio de figuras que retratam a natureza.

O pintor russo Wassily Kandinsky é considerado o precursor da arte abstrata com suas obras Primeira Aquarela
Abstrata (1910) e a série Improvisações (1909-14).

Primeira Aquarela Abstrata Kandinsky

Primeira Aquarela Abstrata (1910), do russo Wassily Kandinsky

Principais características do abstracionismo

As principais características da arte abstrata são:


Arte não representacional;

Ausência de objetos reconhecíveis;

Arte subjetiva;

Oposição ao modelo renascentista e à arte figurativa;


119

Valorização de formas, cores, linhas e texturas.

Veja também: O que são Artes Visuais?

Origem do abstracionismo
A origem da arte abstrata está intimamente relacionada com as vanguardas artísticas europeias do final do século XIX,
a também chamada arte moderna.

Tais vanguardas representaram movimentos de ruptura artística, sobretudo em relação aos moldes renascentistas,
tradicionalistas e academicistas. Esses moldes eram pautados no modelo da arte greco-romana, onde o conceito de
“belo” é sua principal caraterística.

Em 1910, Wassily Kandinsky,

indo ao seu estúdio, observou que um quadro havia sido colocado de cabeça para baixo. Livre de
qualquer representação observou apenas seu colorido e ritmo composicional. Neste momento
estava s libertando do figurativo. Rompeu-se a ligação com a realidade.
Kandinsky expôs suas teorias no livro “Espiritual na Arte”. Colocou a necessidade do artista se
desprender não somente do reconhecível, mas também de escolas, tendências e tudo o que
pudesse ser forma de aprisionamento criativo. O artista, a seu ver, deve estar atento para a vida e
necessidade interior. A obra d arte deve falar à alma.
Nesse momento, fazia-se necessária a espiritualidade, e os artistas e os místicos tentavam
derrubar as ideias céticas de filósofos como Nietzsche que acreditava que a espiritualidade estava
morta.
O abstracionalismo foi uma necessidade daquele momento histórico como fuga da realidade.
Kandinsky, assim como Paul Klee,
120

participavam ativamente do grupo expressionista Der BlaueReiter (o Cavaleiro Azul). Quando


Kandinsky voltou para a Rússia, em 1914, conheceu Mikhail Larionov e Natália
Gontcharova, artistas do movimento chamado Raionismo, também abstrato, mas influenciado
pelo cubismo e futurismo, diferente do abstrato de Kandinsky, proveniente do expressionismo.
Do Raionismo

surgiu uma outra abstração, iniciada em 1913 por KazimirMalevitch, AntoninePevsner, Vladimir
Tatlin e naum Gabo: o suprematismo.

A preocupação agora era com as formas e cores completamente dissociadas de sentimentos.


Acreditavam que somente assim iriam suscitar estados puros de consciência ou inconsciência; o
importante era não haver interferência de pensamentos concretos. As formas geométricas eram as
que mais se aproximavam dos objetivos dos suprematistas. Malevitch, por não querer nenhuma
interferência emocional em sua obra, teve que retirar até a cor. Realizou um quadrado branco
sobre papel branco.
121

O Construtivismo nasceu da idéia de três artistas escultores: Pevsner, Gabo e Tatlin, que
passaram a construir esculturas com peças separadas e por isso a denominação do movimento.
Mondrian, artista holandês extremamente místico, juntamente com Theo Voam Doesberg, de
mesma nacionalidade, fundou o movimento De Stijil, (O Estilo) mais tarde chamado
de Noeplasticismo.

A ideia era chegar à essência das coisas e isso só se consegue se simplificarmos a representação
ao máximo, com linhas apenas verticais e horizontais e cores puras.
A arte abstrata, para muitos artistas, não passou de uma experiência em que procuraram saber
até que ponto a pintura interagir com o espectador como a música a um ouvinte. Mas muitos outros
acreditaram na relevância do abstrato, pois o mundo que vemos é apenas uma representação de
formas externas e superficiais: apenas o invólucro.

FUTURISMO

futurismo é um movimento artístico e literário que surgiu oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação
do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro. Os adeptos do movimento
rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos
tecnológicos do final do século XIX. Os primeiros futuristas europeus também exaltavam a guerra e a violência. O
Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos
modernistas.
122

No primeiro manifesto futurista de 1909, o slogan era Les mots en liberté ("As palavras em liberdade") e levava em
consideração o design tipográfico da época, especialmente em jornais e na propaganda. Eles abandonavam toda
distinção entre arte e design e abraçavam a propaganda como forma de comunicação. Foi um momento de exploração
do lúdico, da linguagem vernácula, da quebra de hierarquia na tipografia tradicional, com uma predileção pelo uso de
onomatopéias. Essas explorações tiveram grande repercussão no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna, e
no design gráfico pós-moderno. Surgiu na França, seus principais temas são as cores.

Pintura
A pintura do futurismo foi explicitada pelo cubismo e pela abstração, mas o uso de cores vivas e contrastes e a
sobreposição das imagens pretendia dar a ideia de dinâmica, deformação e não materialização por que passam os
objetos e o espaço quando ocorre a ação. Trata-se de obras de arte visual alinhadas ao Manifesto Futurista, obra
escrita pelo poeta italiano Filippo Marinetti no ano de 1909.[1] Marinetti acreditava que a arte deveria acompanhar a
evolução dos tempos, glorificar o futuro e idolatrar as máquinas - o principal símbolo do futuro.[2] Para os artistas do
futurismo os objetos não se concluem no contorno aparente e os seus aspectos interpenetram-se continuamente a
um só tempo. Procura-se neste estilo expressar o movimento atual, registrando a velocidade descrita pelas figuras em
movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a
velocidade descrita por ele no espaço. Seus principais representantes foram os pintores e escultores italianos Giacomo
Balla, Umberto Boccioni, Carlo Carrá e Luigi Russolo, que lançaram um manifesto no teatro Chiasella em Turim, em 8
de março de 1910.

Pintores
Almada Negreiros, pintor português

Anton Giulio Bragaglia artista italiano

Carlo Carrà, pintor italiano

Giacomo Balla, pintor italiano

Gino Severini, pintor italiano

Joseph Stella, pintor italiano

Luigi Russolo, pintor italiano

Mario Sironi, pintor italiano

Umberto Boccioni, pintor e escultor italiano

O futurismo surgiu na Itália por mérito de Filippo T. Marinetti que lançou, em 1909, no Le Fígaro,
jornal parisiense, o Manifesto da Poesia Futurista. Logo em seguida, em 1910, três pintores
italianos, Carlo Carra, Umberto Boccioni e LuiguiRussalo, encontraram Marinetti em Milão e depois
de terem discutido longamente a situação em que se encontrava a arte italiana, decidiram dirigir-se
aos artistas jovens publicando o Manifesto dos Pintores Futuristas.
A teoria futurista consistia em rejeitar todo o tradicionalismo cultural vigente na época; pretendia
romper totalmente com as formas esclerosadas da tradição e anunciar o advento de concepções
mais de acordo com a era das máquinas, da velocidade e das grandes multidões agitadas pelo
trabalho, o prazer e a revolta.
123

Os futuristas nutriam uma admiração fervorosa pela vida moderna e colocaram como tema
dominante em suas turbulentas pregações um verdadeiro ódio ao passado. Nessa época, a idéia
de futuro como algo exultante e glorioso era muito forte e a inspiração vinham da cidade industrial e
do novo mito da velocidade.
Por isso, a pintura futurista, que representava no início uma reação à estática do cubismo, é
caracterizada por uma estrutura extremamente dinâmica que despreza as qualidades existentes à
representação do realismo visual, tais como, sensação de volume, peso e formas de objetos e
seres. Um quadro futurista parece estar em constante mutação, não nos permitindo uma
observação descontraída e relaxada.
O futurismo constituiu-se numa das etapas mais fecundas na evolução da pintura contemporânea,
pois intuiu eficazmente novas idéias de simultaneidade e de espaço; ele reuniu visualmente num
quadro coisas que acontecem simultaneamente no tempo; em outras palavras representava o
movimento.
Umberto Boccioni foi o maior representante artístico do futurismo, quer como pintor ou como
escultor. Sua escultura “Formas Únicas de Continuidade no Espaço” mostra de maneira vigorosa o
dinamismo da figura humana: parece corporificar o movimento em forma tridimensional, em luz até
em som.
Mas foi MarchelDuchamp que pintou o mais conhecido quadro futurista intitulado “Nu Descendo a

Escada”.
O tratamento dado à figura é cubista, mas a preocupação com o movimento é essencialmente
futurista. Duchamp causou enorme escândalo ao expô-lo em Nova Iorque em 1913. As pessoas já
estavam acostumadas a ver guitarras e fruteiras “distorcidas”, mas tratar a figura humana como
uma máquina em movimento, além de ser insultuoso, parece ter perturbado suas idéias relativas
tanto à pintura quanto ao ser humano. E o futurismo testemunhou exatamente isso: a crise que a
cultura européia atravessou, no princípio do século, em busca d uma expressão mais autêntica do
homem contemporâneo.
124

ESCULTURA FUTURISTA

DADAÍSMO

O Dadaísmo, ou simplesmente “Dadá”, foi um movimento artístico pertencente às vanguardas europeias do século XX,
cujo lema era: "a destruição também é criação".

Foi considerado o movimento propulsor das ideias surrealistas e tinha um caráter ilógico, anti-racionalista e de
protesto.

Isso porque, através da ironia, buscava questionar a arte e, sobretudo, seu contexto histórico, com a ocorrência da
Primeira Guerra Mundial.

Características do Dadaísmo
Podemos destacar algumas características do movimento dadaísta, a saber:

Rompimento com os modelos tradicionais e clássicos;

Espírito vanguardista e de protesto;

Espontaneidade, improvisação e irreverência artística;

Anarquismo e niilismo;
125

Busca do caos e desordem;

Teor ilógico e irracional;

Caráter irônico, radical, destrutivo, agressivo e pessimista;

Aversão à guerra e aos valores burgueses;

Rejeição ao nacionalismo e ao materialismo;

Crítica ao consumismo e ao capitalismo.

Origem do Movimento Dadaísta


Tristan Tzara dadaísmo

Tristan Tzara, o maior articulador do movimento dadaísta

Em 1916, os artistas e agitadores culturais Hugo Ball, Emmy Hennings, Marcel Janco, Richard Huelsenbeck, Tristan
Tzara, Sophie Tauber-Arp e Jean Arp fundam o Cabaret Voltaire.

O espaço foi feito com o intuito de ser um lugar para manifestações políticas e artísticas em Zurique, na Suiça. Lá, um
grupo de artistas refugiados com tendências anarquistas, dentre escritores, pintores e poetas, reuniram-se para
inaugurar uma nova manifestação de arte.

É nesse contexto que o poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963) cria o movimento Dadaísta, em meados da primeira
guerra mundial, junto aos artistas Hugo Ball (1886-1927) e Hans Arp (1886-1966).

Essa proposta de arte era irreverente e espontânea, pautada na irracionalidade, na ironia, na liberdade, no absurdo e
no pessimismo. O intuito principal era de chocar a burguesia da época e criticar a arte tradicionalista, a guerra e o
sistema.

Foi assim que aleatoriamente foi escolhido o termo "dadaísmo". Os artistas reunidos resolveram escolher um termo
num dicionário que, de certa maneira, já indicava o caráter ilógico do movimento que surgia. Do francês, o termo
“dadá” significa "cavalo de madeira".

cabaret voltaire

Intervenção de manequim pendurado no teto na Primeira Feira Internacional Dadá, 1920

Nesse sentido, o dadaísmo é considerado um movimento antiartístico, uma vez que questiona a arte e busca o caótico
e a imperfeição.

"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...).
Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca
respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem pró nem contra e
não explico por que odeio o bom-senso. A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está
morta." (Tristan Tzara)
126

O Dada foi um movimento internacional que se desenvolveu de 1915 a 1922. Foi fundado pelo
pintor Hans Arp, o poeta Tristan Tzara e outros escritores que reagiram negativamente a Primeira
Guerra Mundial. Igualmente os futuristas, os dadaístas queriam destruir o passado, mas enquanto
os futuristas glorificavam a vida moderna, os dadaístas acreditavam que uma sociedade que podia
produzir algo tão horrendo como a Primeira Guerra Mundial, era uma sociedade maligna que
estava social e moralmente falida.
Os dadaístas almejavam a destruição da filosofia e da cultura dessa sociedade maligna e para tal
deixavam-se apoderar de um verdadeiro delírio do absurdo, lançando-se numa espécie de raiva
iconoclasta e blasfema até então nunca visto. Adoravam correr o risco das aventuras, pois, mais
que a obra, o que interessava era o gesto e que este gesto fosse sempre uma provocação contra o
sentido comum, a moral, as regras estabelecidas e a lei.
Por esse motivo, tudo que se refere ao Dada é, no mínimo, bizarro, a começar pelo próprio nome,
escolhido a esmo no dicionário e que na linguagem infantil significa “caminho de pau”.
A arte não escapou desse frenesi rebelde. Afirmaram os dadaístas em seu manifesto: “a arte está
morta”. Mas é óbvio que se referiam à arte feita nos velhos moldes. Marcel Duchamp, por exemplo,
ao pintar bigodes e cavanhaque numa reprodução exata da “Gioconda” de Leonardo Da Vinci,
pretendeu ridicularizar a veneração passiva e conformista que lhe tributa a opinião geral. Muito
genioso, Duchamp, foi ainda mais além; ao invés de expor quadros, apresentava ready-mades. E o

que era um ready-made? Era qualquer objeto que, isolado de seu contexto habitual, transformar-
se-ia, pela simples assinatura de Duchamp, numa peça de arte. Expôs um simples porta garrafas,
uma roda de bicicleta e por ocasião do Salão dos Artistas Independentes de Nova Iorque, em 1915,
apresentou um urinol de louça intitulado “Fonte”.
Com os ready-mades, Duchamp queria dar valor às coisas que normalmente não se dá valor
algum, e algo altamente valorizado, tal como a “Mona Lisa”, deveria ser apresentado como um não
valor. Em ambos os casos não se tratava de expor “trabalhos artísticos”, mas obrigar a refletir
sobre a própria essência da arte.
O Dada era uma tentativa exasperada d soldar a ruptura entre a arte e a vida; conseguiu
certamente provocar escândalos, mas no aspecto positivo, fez as pessoas olharem para imagens
de um modo diferente. A pintura e objetos dadá forçam o observador a questionar a realidade e a
reconhecer o papel do acaso e da imaginação.
Mas, o Dada foi a arte do seu tempo, um protesto contra a loucura da Primeira Guerra Mundial;
não poderia, portanto, uma vez acabada a guerra e retomada a normalidade da vida, ter futuro. Os
artistas, então, estabeleceram contato com André Breton, porta voz de outro movimento que seria
abraçado pelos dadaístas, por volta de 1922:

READY-MADE

O ready-made nomeia a principal estratégia de fazer artístico de Marcel Duchamp e é uma forma
ainda mais radical da arte encontrada (ou objet trouvé, no original francês).[1] O ready-made é
127

manifestação radical da intenção de Marcel Duchamp de romper com a artesania da operação


artística, uma vez que se trata de apropriar-se de algo que já está feito: escolhe produtos
industriais, realizados com finalidade prática e não artística (urinol de louça, pá, roda de bicicleta), e
os eleva à categoria de obra de arte.[1][2]

Caracteriza-se por uma operação de sentido que faz retornar o literário ao problema da arte,
contrariando a ênfase modernista na forma do objeto artístico. O conceito de alegoria retorna na
forma de uma operação que indicia um significado novo em um objeto concreto. Ao adotar tal
operação de sentido, Duchamp termina por implicar mais que a obra de arte; é necessário tratar de
toda a constelação estética que envolve a obra e da conjuntura de sentido que a produz, mas
também a que a sustenta e sanciona.

É o caso de "Fonte", de 1917. Apresentada no Salão da Sociedade Novaiorquina de artistas


independentes, constituída a partir de um mictório invertido. A operação que o caracteriza é o
deslocamento de uma situação não artística para o contexto de arte. Tal operação é marcada por
sua apresentação como escultura e assinatura. À inversão física do objeto corresponde a inversão
de seu sentido, que se espelha no corpo do espectador. Do mesmo modo, "Porta-garrafas" (1914,
readymade) e "Roda de bicicleta" (1913, readymade assistido) tiram partido de um deslocamento e
manipulação do objeto para tornar o sentido de sua aparição crítico.

Ao longo de seu trabalho, decide qualificar a produção de ready mades. A expressão se referia
primariamente aos poucos objetos que não sofreram qualquer intervenção formal. Na qualidade de
objetos, assim, de algum modo transformados, temos os ready mades ajudados, retificados,
corrigidos e recíprocos, segundo o modo pelo qual sua forma sofre interferência por parte do
artista.

Como em outros casos, está explícito o típico propósito dadaísta de chocar o espectador (o artista,
o crítico, o amador de arte), choque que caracteriza a atitude das vanguardas (que necessitam
desse choque para reformular o conceito de arte) e que persiste frequentemente na arte
contemporânea. Mas o ready-made também evidencia sua constituição em uma neutralidade
estética, a partir da qual a operação de sentido é proposta : o ready made inicia numa "indiferença
visual" : "...a idéia sempre vinha primeiro, e não o exemplo visual", o que é, "...uma forma de
recusar a possibilidade de definir a arte." (em Entrevista com Pierre Cabanne). Uma arte calcada
no conceito, que se desenvolve a partir do 'encontro' (rendez-vous), ou seja, do achado fortuito, da
blague que dota o objeto de sentido de modo desinteressado, e que, assim, fará com que a obra
exista para qualquer sujeito do mesmo modo; em relação à aesthesis, a sensação, o ready made
se oferece como fato estético no qual podemos incluir e elaborar nossas experiências, mas que
independe da categoria gosto. Coloca, assim, a obra como problema a ser vivenciado pelo
espectador e elimina a idéia da obra como expressão, tornando inúteis tentativas de percebê-la
como representacão de uma biografia ou interioridade do autor. Podemos, assim, fazer paralelos
com a idéia de "morte do autor", presente nas obras de Barthes, De Man e Derrida.

Não por acaso, Duchamp afirmaria mais tarde que "será arte tudo o que eu disser que é arte" - ou
seja, todo acervo artístico que nos foi legado pelo passado só é considerado arte porque alguém
assim o disse e nós nos habituamos a admiti-lo. Donde se conclui que La Gioconda, de Da Vinci,
ou O Enterro do Conde de Orgaz, de El Greco, não seriam mais arte do que um urinol ou uma pá
de lixo: todos dependem de uma reconstituição atual de seu sentido (como funcionamento da
obra), e somente nesse funcionamento conceitual e crítico, do qual faz parte o sujeito, é que a obra
se justifica como arte. Isto é, além de nos indicar que a arte precede e prescinde a maestria formal,
o readymade nos faz ver que o objeto deixa de ser arte no momento em que deixa de propor, para
si mesmo, novas interpretações — no momento em que deixa de fazer um novo sentido.
128

Surrealismo.

O surrealismo foi uma das vanguardas artísticas europeias que surgiu em Paris no início do século
XX.Esse movimento originou-se em reação ao racionalismo e ao materialismo da sociedade
ocidental.A arte surrealista não se restringiu às artes plásticas, de modo que também influenciou
outras manifestações artísticas: a escultura, a literatura, o teatro e o cinema.
Origem do SurrealismoGrupo de artistas surrealistas nos anos 30: Tristan Tzara, Paul Éluard,
André Breton, Hans Arp, Salvador Dali, Yves Tanguy, Max Ernst, René Crevel e Man RayNa
Europa, o período entre as duas guerras (1918-1939) ficou conhecido como "os anos loucos".
Assim, a incerteza sobre a predominância da paz levou ao desejo de "viver apenas o presente".
Foi nesse período de insatisfação, desequilíbrio e contradições, que surgiram diversos movimentos
artísticos voltados para uma nova interpretação e expressão da realidade.Esses movimentos
ficaram conhecidos como "vanguardas europeias".
O Surrealismo foi uma dessas correntes e teve como precedente indispensável o Dadaísmo e a
pintura metafísica de Giorgio de Chirico (1888-1978).de chirico pintura metafísica .o Surrealista,
que trouxe para o mundo um novo modo de encarar a arte.
Segundo ele, o termo consiste em:SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico em estado puro,
mediante o qual se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o
funcionamento do pensamento.
Ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer
preocupação estética ou moral.
No manifesto, os princípios surrealistas são apresentados, entre eles a isenção da lógica e a
adoração de uma realidade superior, chamada "maravilhosa".Nesse mesmo ano, circula o primeiro
número da revista A Revolução Surrealista, que reunia todos os meios de expressão artística, com
ostensiva exclusão da música.Principais características do surrealismo.
De forma simplificada, podemos listar as seguintes características dessa vertente
artística:pensamento livre;expressividade espontânea;influência das teorias da psicanálise;criação
de uma "realidade paralela";criação de cenas irreais;valorização do inconsciente.
O surrealismo propõe a valorização da fantasia, da loucura e a utilização da reação automática.
Nessa perspectiva, o artista deve deixar-se levar pelo impulso, registrando tudo o que lhe vier à
mente, sem se preocupar com a lógica.
Os artistas surrealistas tinham como objetivo usar o potencial do subconsciente e dos sonhos como
fonte para a criação de imagens fantásticas
.Assim, as artes plásticas e a literatura eram vistas como um meio de expressar a fusão dos
sonhos e da realidade em um tipo de realidade absoluta, uma "surrealidade".Na mesma época, o
129

estudo da psicanálise estava em desenvolvimento - sobretudo por Sigmund Freud - o que veio a
influenciar significativamente o surrealismo.
.Na pintura, o Surrealismo tomou duas direções: a pintura surrealista figurativa e a abstrata.Em
ambas, adaptou as técnicas de escrita automática dos poetas surrealistas. O intuito era liberar a
mente do controle consciente e produzir um fluxo de ideias do subconsciente. Essas obras eram
abstratas ou figurativas.
Em outra perspectiva, o surrealismo baseou-se em reconstruções elaboradas e meticulosas de um
mundo de sonho, onde objetos eram colocados em uma justaposição inesperada.O surrealismo
teve alguns nomes de destaque, entre eles:1. Max Ernst max ernst frottage

A Roda da Luz (1925), obra de Max Ernst utilizando a técnica frottage

Em 1925, o pintor alemão Max Ernst (1891-1976) - antes dadaísta - inventou a técnica frottage,
palavra que em francês significa "friccionar".Nesse método, o artista fricciona o lápis (ou outro
material) em um papel sobre uma superfície texturizada.

Epifania (1940), de Max Ernst. Aqui a técnica empregada é a decalcomania

O artista usou também a decalcomania, em que se coloca a tinta em superfícies como vidro ou
metal e pressiona-se sobre um apoio de tela ou de papel. As formas resultantes eram então
trabalhadas criativamente.

2. Joan Miró
130

Carnaval de Arlequim (1924-25), de Joan Miró

O pintor espanhol Joan Miró (1893-1983), em sua obra "Carnaval do Arlequim" (1924-25), cruzou a
fronteira entre a observação do "modelo externo" e símbolos que fluíam do subconsciente,

Embora baseado em desenhos feitos em estado de alucinação, sua composição é altamente


organizada através da intervenção do controle consciente.

Um artista que sofreu certa influência de Miró foi o norte-americano Jackson Pollock (1912-56).

3. René Magritte

isso não é um cachimbo


131

A tela A traição das imagens (1929), de Magritte, é uma de suas obras mais famosas

O pintor belga René Magritte (1898-1967) rejeitou a suposta espontaneidade do automatismo por
considerá-la falsa.

Passou a trabalhar com imagens que, à primeira vista, pareciam convencionais, mas às quais dava
um caráter bizarro por sobreposições.

Veja também: René Magritte

4. Salvador Dalí

a persistência da memória

A persistência da memória (1931), do pintor espanhol Salvador Dali

Nascido na Espanha, o pintor Salvador Dalí (1904-1989) tornou-se um membro oficial do grupo
surrealista e deu a ele um novo ímpeto com seu método de atividade paranoica. Ele certamente é o
artista mais lembrado quando se fala de surrealismo.Dalí interessava-se por condições mentais
anormais e, em particular, por alucinações. Suas estranhas imagens eram retratadas de modo que
se assemelhavam à fotografia em cores.Para saber mais sobre o quadro mostrado aqui, leia: A
persistência da memória.

Desejo de Amor (1932), de Ismael Nery. À direita, Abaporu (1928), de Tarsila do AmaralNo Brasil,
o Surrealismo exerceu considerável influência sobre o movimento Modernista. O escritor Oswald
de Andrade foi um dos maiores expoentes.Em seu Manifesto Antropófago, no romance Serafim
Ponte Grande e nas peças O Homem e o Cavalo e a Morta, podemos notar elementos que se
relacionam com as técnicas de criação surrealista.Além da literatura, essa vertente artística
exerceu influência também nos artistas plásticos: Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Cícero Dias.
Segundo Adriano Colangelo: “o surrealismo é um estado de alma que periodicamente e em
momentos históricos específicos aparece na história da arte” (Mil Anos de Arte, pág. 102 – 1978).
Ele defende sua idéia baseado na existência de artistas como Jeronymus Bosch, PieterBrueghel,
GruseppeArcimaldi que, muito anteriormente ao movimento surrealista, já cercavam mundos e
imagens fantásticas.
Mas surrealismo, como movimento pregador do automatismo psíquico, originou-se por volta de
1924, em conseqüência de teorias psicanalíticas de Sigmund Freud. Seu fundador, o poeta André
Breton (1896 – 1966) definiu-o, em seu primeiro manifesto: “Surrealismo é automatismo psíquico
puro, mediante o qual nos propomos expressar tanto verbalmente como por escrito ou de outras
formas, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento na ausência de qualquer
controle exercido pela razão para além de toda preocupação estética e moral”. Por sua definição,
podemos perceber que o surrealismo era uma espécie de filosofia do absurdo que enfoca assuntos
constituídos de elementos estranhos que são extraídos do subconsciente e do mundo dos sonhos.
132

Não era, portanto, um movimento pictórico que estipula regras formais de medidas estéticas às
quais os artistas têm que ater-se; sua expressão é imitativa e ajustada aos cânones acadêmicos.
O pintor surrealista procura, então, “representar” as manifestações subconscientes e um mundo
destituído de razão e lógica que adquire aspectos oníricos e simbólicos, extremamente pessoais.
Isso significa que demonstram os recantos secretos de suas mentes e, como não existem duas
mentes iguais, não teremos quadros surrealistas com simbologia semelhantes.
Ao mesmo tempo torna-se difícil determinar qual dentre os artistas surrealistas seja mais
significante. Max Ernest (1891 – 1976), por exemplo, parecia ser um surrealista por temperamento.
Pintou frequentemente florestas densas e sinistras sobre as quais o sol brilha, mas sem penetrá-
las.
Já a arte de Giorgio de Chirico (1888) apresenta elementos mutilados da arquitetura e escultura
clássica, largas perspectivas e sombras que deixam ver o passo do tempo.
Salvador Dali (1904 – 1989) possui uma linguagem de extraordinário rigor clássico e um mundo
interior onde se misturam figuras humanas se abrindo em gavetas, águas flutuantes, relógios que
se derretem e outras figuras que, por serem detalhadas com muita precisão, nos dão a sensação
obcecante que deve existir algum nexo na sua aparente loucura.
Ernest, De Chirico, Dali e mais Rene Madritte, Paul Delvaux, Max Chagall, são considerados
surrealistas figurativos, pois se expressam por figuras que, apesar de absurdas, podem ser
perfeitamente reconhecidas.
Já Juan Miró, Yves Tanguy e Hans Arp são, por vezes, considerados como representantes
dosurrealismo abstrato, que também pode confundir-se com o próprio abstracionismo informal.
Independente de ser abstrato ou figurativo, o importante é que o surrealismo foi um dos mais
fecundos movimentos artísticos modernos, pois abriu à pintura o mundo misterioso, simbólico e
poético do subconsciente e destruiu muitas servidões e convencionalismos que ainda
escravizavam o artista à realidade e à razão.

MODERNISMO

O modernismo foi uma tendência artístico-cultural ocorrida na primeira metade do século XX.

Se manifestou em diversos campos das artes, como a pintura, escultura, arquitetura, literatura,
dança e música.

No Brasil, a linguagem de maior destaque dentro do movimento modernista foi a literária e, assim
como as demais, tinha como objetivo questionar e romper com tradições passadas.

Origem do modernismo e contexto histórico


133

O movimento moderno se iniciou na primeira década do século XX, a princípio na Europa,


chegando posteriormente ao Brasil por volta dos anos 20.

Impulsionados por um contexto histórico bastante conturbado, no qual grandes transformações


estavam em curso, os artistas e intelectuais modernos passaram a repensar a maneira de produzir
arte e literatura, objetivando cada vez mais um pensamento crítico.

Assim, a história do modernismo acontece em um cenário de conquistas tecnológicas, progresso


da indústria, aprofundamento do sistema capitalista e das desigualdades, bem como grandes
eventos como a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e o surgimento de regimes
totalitários.

Podemos dizer que a corrente modernista perdurou até os anos 50, após a Segunda Guerra
Mundial.

Caraterísticas do modernismo
As características que podemos notar no modernismo de maneira geral estão relacionadas à
ruptura com os modelos artísticos-literários vigentes e a busca por inovação.

Dessa forma, os modernistas passam a produzir obras transgressoras e com maior liberdade
criativa, sem seguir necessariamente métricas e padrões.

Tanto na literatura como nas demais vertentes artísticas, podemos elencar como particularidades
das obras modernistas:

Recusa aos moldes acadêmicos;


Liberdade criativa e de expressão;
Valorização da experimentação;
Busca pela aproximação da linguagem popular;
Espontaneidade e irreverência;
Quebra de formalismos;
Ironia e espírito cômico.

MODERNISMO NO BRASIL
Conhecemos no Impressionismo a figura de Eliseu Visconti, considerado o pioneiro do
modernismo no Brasil. Mas foi o impacto da Semana da Arte Moderna de 1922 em São Paulo que
fez surgir, no Brasil, a arte moderna propriamente dita.
A Semana de 22 foi uma consequência direta do nacionalismo emergente da Primeira Grande
Guerra e teve como catalisador o euforismo dos jovens intelectuais brasileiros que estavam
contagiados de entusiasmo com as festas de Centenário da Independência do Brasil.
O movimento foi mais literário do que plástico, mas no que se refere à revolução artística, a
pintura detém o destaque. É certo que alguns eventos ajudaram a preparar a Semana. Em
1913, Lasar Segall, pintor lituano, realiza a primeira exposição de quadros pintados no estilo
expressionista; essa era também a primeira exposição de arte moderna realizada no Brasil. Em
1917, a pintora Anita Malfati promoveu uma exposição que se transformou em marco pioneiro no
processo de renovação das artes plásticas brasileiras, pois provocou de um lado reações violentas
do meio e da crítica, e de outro, o surgimento de novos talentos. Ao receber críticas tão
severas, Anita conquistou o apoio de artistas como Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Di
Cavalcanti e Guilherme de Almeida.
134

Em fins de 1921 o clima estava tenso; pregava-se um nacionalismo e atacava-se o academismo;


o pensamento voltava para um clima futurista, mas havia plástica futurista. A polêmica existente em
nível de jornais deveria abranger um campo mais amplo; era necessário algo que chorasse a
indiferença da burguesia pela cultura e acabasse de vez com a mumificação acadêmica. Então
surgiu a ideia da Semana de Arte Moderna. Através dela o país tomou conhecimento de novas
perspectivas abertas à arte.
A história da pintura moderna brasileira é assim, dividida em gerações. De 1922 a 1930 as
tentativas se ocupam da descoberta assimilação da produção européia ao mesmo tempo em que
procura descobrir o Brasil e abandonar a academia. De 1930 a 1950, foram surgindo grupos e
movimentos vinculados ao modernismo de 22. Nessa geração encontra-
se Portinari, Pancetti, Volpi, Guignard, Djanira, Segall, Tarsila do Amaral, Antonio Gomide, Regina
Graz, Aldo Bonadei e muitos outros.
Na 3ª geração Milton Dacosta, Ivan Serpa, Iberê Camargo, Carlos Scliar, etc... – 1950 para cá –
todas as principais tendências européias, às vezes, rebatizadas ou alteradas, contaram com
representantes entre nós; graças, sobretudo, à Bienal Internacional de São Paulo, iniciada em
1951.
Em fevereiro de 1953, Petrópolis era palco da Primeira Exposição Nacional de Arte Abstrata, da
qual participaram artistas de diversas idades, tendências e estilos. Entre eles,
estavam FaygaOstrower, Ivan Serpa, ArvãoPalatnik, Lygia Clark, Lygia Pape e Décio Vieira.
Predominava o abstracionismo geométrico, mas já se percebiam os sinais da futura tendência
concreta.
Já existiam dois grandes grupos que “contestavam as variedades do naturalismo” – o
Grupo Ruptura, em São Paulo e o Grupo Frente, no Rio de Janeiro. Em 1956 realizou-se no Museu
de Arte Moderna a I Exposição de Arte Concreta, reunindo artistas paulistas e cariocas. Porém
divergências começaram a surgir e ocasionou o rompimento de Ferreira Gullar com os demais
artistas. Ferreira Gullar encabeçou o aparecimento do Neoconcretismo, cuja I Exposição aconteceu
no Museu de Arte do Rio de Janeiro, em 1959.
Tanto o concretismo como o neoconcretismo esgotaram-se em poucos anos; logo
o informalismo se impôs como tendência dominante nas figuras de ManabuMabe, Tomie
Ohtake, Tikashi Fukushima, FeliciaLeiner, Wega Nery e outros.
135

NEOBARROCO OU ESTILO PÓS-MODERNO

O momento em que vivemos é chamado Pós-Modernidade. Caracteriza-se pela velocidade das


transformações sociais, científicas e tecnológicas e pela facilidade de acessos aos múltiplos meios
de comunicação disponíveis, tornando a informação um dos mais poderosos instrumentos de
trabalho.
Repercutindo em diversas áreas de conhecimento, a complexidade desse nosso tempo suscita
hoje muitos estudos e pesquisas, pois trata-se das últimas manifestações do século XX.
Em relação às Artes, para que possamos compreender as realizações das últimas décadas, é
necessário refletir sobre alguns conceitos e percorrer os caminhos de uma breve retrospectiva em
diferentes linguagens artísticas. Esse estudo possibilitaria, inclusive, ampliar os conhecimentos
sobre estilos e movimentos de outros tempos, pois a pós- ampliar os conhecimentos sobre estilos e
movimentos de outros tempos, pois a pós-modernidade também se caracteriza pela presença de
elementos artísticos de toda a história da humanidade, o que a torna essencialmente eclética,
conforme iremos constatar.
Tomaremos como referência o fim do modernismo, convencionado como tendo ocorrido em 1950.
A partir de então, a História, a Arte, a Consciência Social, começam a desmoronar. Em fins dos
anos 60, instalou-se o niilismo, a descrença em Deus, no Estado, nas instituições sociais como o
casamento, família, associado com a decadência de valores. Alguns pensadores afirmam ser o
caos a “Condição Pós- Moderna”.
Define-se por Pós-Moderno as mudanças ocorridas a partir dos anos 50 nas ciências, artes e
sociedade. É, portanto, um conceito periodizante. O termo Pós-Modernismo foi usado pro alguns
escritores dos anos 50 e 60 e consolidou-se antes da metade da década de 70, quando o estudo
sobre fenômeno social e cultural que implica passou a ser sistematizado em algumas disciplinas
como arquitetura, filosofia, artes plásticas, literatura, música e cinema.
Houve uma ampliação dos conceitos na não aceitação do preestabelecido e assim as tradicionais
fronteiras entre cultura superior e inferior foram rompidas.
Os pensadores Pós-Modernos querem revelar a falsidade dos valores preestabelecidos e a
responsabilidade nos problemas atuais , lutando com duas frentes:
1.Desconstrução: Razão,Sujeito, Ordem, Estado, Sociedade etc.
2. Valorização de temas antes considerados menores: desejo, loucura, sexualidade, linguagem,
poesia, sociedades primitivas, cotidiano, etc...
O pensador Ornar Calabrese define “Pós-Moderno”, Sistematizando o gosto desse nosso tempo,
propondo uma “etiqueta” diferente para alguns objetos culturais. Essa etiqueta será a palavra
“Neobarroco”, pois considera o termo “Pós-Moderno” distorcido e genérico. O prefixo “Neo”, assim
como o “Pós” de Pós-Moderno, evoca um “depois” ou um “contra” a modernidade. Também o “Neo”
Poderá levar ideia de repetição, regresso, reciclagem de um período específico do passado, que
seria precisamente o Barroco. Este conceito não significa uma retomada daquele período, a
definição de Barroco, aqui, não se reduz a um período especifico da cultura, mas “a uma atitude
generalizada e uma quantidade formal de objetos que o exprimem”. A analogia refere-se ao “clima”,
136

podendo haver um Barroco em qualquer época da civilização. Seria uma categoria do espirito
oposta ao Clássico, predominando a assimetria, o desarmônico, o ecletismo...
Mas será que a época em que vivemos, caracterizada pelo abandono de todas as formas de
ordem, simetria e a chegada do desarmônico, do assimétrico, designa apenas considerações
negativas? Vamos procurar fazer algumas abordagens positivas:
O momento Pós-Moderno é essencialmente cibernético, informáticoe informacional, com muitos
estudos e pesquisas sobre linguagem, compatibilizando-se com a máquina informática. Descobre-
se que a fonte de todas as fontes é a informação e que a ciência, assim como qualquer modalidade
de conhecimento, nada mais é que uma maneira de organizar, estudar e distribuir certas
informações.
Seu início é indicado com os surto de crescimento do Pós-Segunda Guerra e toda a geração
transcorrente, chamada baby boomers pelo alto índice de natalidade ocorrido após a guerra. Essa
geração constitui hoje a sociedade da informação, que gerou uma força de trabalho instruída,
especializada e cada vez mais feminina.
Nos anos 70 a “Condição Pós-Moderna” alastrou-se para moda, o cinema, a música e a
tecnociência dominando o cotidiano. O consumo intensificado com apelos e recursos que
embelezam o produto e encontrou na televisão o meio ideal para ser explorado, tornando tudo um
espetáculo.
A moda e a publicidade erotizam o dia-a-dia, alimentando fantasias e desejos. Formas de
expressões populares como televisão, cinema, rock, começaram a despertar os interesses
anteriormente dispensados pela cultura superior, adotando as características da cultura
considerada menor.
Na década de 80 a informação espalha-se para todos os cantos do planeta. Os meios de
comunicação tomam as informações rápidas e acessíveis para a maioria das pessoas. Pode-se
saber sobre os principais acontecimentos de todo o planeta em poucos minutos. A globalização
também possibilita a comercialização de produtos de todo o mundo, inclusive a opção por
determinadas marcas ou procedências. A competividade faz melhorar a qualidade dos bens
oferecidos.
Mas a globalização também é alvo de críticas. Podemos citar dois aspectos, um econômico e
outro sociológico, que alguns estudiosos apontam como motivo de preocupação e cautela: um trata
da competição desleal, fazendo com que “pequenos” tenham que concorrer com “grandes”; outro
diz respeito ao Homem globalizado, ou seja, intelectualmente estandartizado. Apontam a
globalização como um risco que pode acabar com as características típicas de uma determinada
cultura. Isso seria o fim do folclore, da música regional, das peculiaridades locais, etc. Para as artes
esse fenômeno seria desastroso, como se todos falassem uma mesma língua, ou seja, todos
criando dentro de um mesmo processo, ou contexto. E, afinal, um fator que torna a arte
interessante ou intrigante, é sua diversidade.
Mas, se tomamos como o exemplo o Brasil, que recebeu inúmeras influências desde o inicio da
formação de sua nação, podemos ficar mais tranquilos, pois nem por isso nossa arte foi diluída ou
deixou de ser tipicamente brasileira. Oswald de Andrade, no modernismo, já exemplificava esse
processo como sendo antropofágico, em que se pode fazer do “importando” “alimento”,
semcontudo perder a brasilidade. Sob esse ponto de vista, o acesso a novas e diferentes culturas
não coloca em risco a essência da cultura local.
A globalização, assim como a produção em série, não deixa de ser uma forma de controle social,
apesar de que proveniente da necessidade de otimização econômica. A serialidade nas artes
passa a ser um contraponto para muitos que consideram a obra verdadeiramente de arte como
sendo única. A sua reprodutibilidade está diretamente relacionada com os movimentos de massa
que, a partir dos anos 60, prepondera. A gravura pode ser considerada uma técnica
democratizante, pois a tiragem em série sobre uma matriz torna o custo de uma obra de arte mais
acessível. Afinal, a arte perde valor quando produzida em série?
137

PONTILHISMO

O Pontilhismo é uma técnica de pintura, saída do movimento impressionista, em que


pequenas manchas ou pontos de cor provocam, pela justaposição, uma mistura óptica nos
olhos do observador (imagem).

Esta técnica baseia-se na lei das cores complementares, avanço científico impulsionado no
século XIX, pelo químico Michel Chevreul. Trata-se de uma consequência extrema dos
supostos ensinamentos dos impressionistas, segundo os quais as cores deviam ser
justapostas e não entre mescladas, deixando à retina a tarefa de reconstruir o tom desejado
pelo pintor, combinando as diversas impressões registradas.

A técnica de utilização de pontos coloridos justapostos também pode ser considerada o


culminar do desprezo dos impressionistas pela linha, uma vez que esta é somente uma
abstração do Homem para representar a natureza.

Esta técnica foi criada na França, com grande impulso de Georges Seurat e Paul Signac, em
meados do século XIX. A denominação do movimento como Pontilhismo só foi designada ao
estilo na década de 1880 a fim de ridicularizar e rebaixar o trabalho desses artistas. Outros
movimentos também usaram técnicas parecidas como o Neo-Impressionismo, mas com
pinceladas mais largas.

O Pontilhismo é uma técnica análoga as 4 cores usadas em algumas impressões (cyan -


azul, magenta - vermelho, yellow - amarelo, e key - preto), assim os tons pontilhistas,
geralmente, parecem mais claros do que quando se misturam as cores. Isto pode ser
explicado por manterem espaços brancos entre os pontos coloridos. Normalmente, essas
obras são feitas de tinta a óleo por conta da expessura e a não tendência de escorrer pela
tela.

Georges Seurat
Ver artigo principal: Georges Seurat
Georges Seurat pode ser considerado o iniciador desta corrente artística. O seu grande
contributo inovador consistiu na decomposição prismática da cor e na mistura óptica que
ela provoca, deixando para segundo plano a representação do instante luminoso que tanto
138

havia apaixonado os impressionistas. Suas obras podem ser consideradas o ponto máximo
atingido pelo pontilhismo, tal como Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte e a obra-
prima inacabada O Circo. Outros nomes dessa técnica são: Charles Angrand, Chuck Close,
Henri-Edmond Cross, Henri Delavallée, Albert Dubois-Pillet, Louis Fabien (pseudônimo),
Georges Lemmen, entre outros.

POP ART

Pop art ou Arte pop é um movimento artístico surgido na década de 1950 no Reino Unido, mas que
alcançou sua maturidade na década de 1960 nos Estados Unidos. O nome desta escola estético-
artística coube ao crítico britânico Laurence Alloway (1926 - 1990) sendo uma das primeiras, e
mais famosas imagens relacionadas ao estilo - que de alguma maneira se tornou paradigma deste
- ,a colagem de Richard Hamilton (1922 - 2012): O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão
Diferentes, Tão Atraentes?, de 1956. A Pop art propunha que se admitisse a crise da arte que
assolava o século XX desta maneira pretendia demonstrar com suas obras a massificação da
cultura popular capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que
seria a (cultura pop), aproximando-se do que costuma chamar de kitsch.

Diz-se que a Pop art é o marco de passagem da modernidade para a pós-modernidade na cultura
ocidental.

A defesa do popular traduz uma atitude artística adversa ao hermetismo da arte moderna. Nesse
sentido, esse movimento se coloca na cena artística como uma das mãos que não se movia. Com
o objetivo da crítica Tônica ao bombardeamento da sociedade capitalista pelos objetos de consumo
da época, ela operava com signos estéticos de cores inusitadas massificados pela publicidade e
pelo consumo, usando como materiais principais: gesso, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos
com cores intensas, fluorescentes, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em
tamanho consideravelmente grande, como de uma escala de cinquenta para um,objeto pequeno , e
depois ao tamanho normal.
Ao contrário do que sucedeu no Reino Unido, nos Estados Unidos os artistas trabalham
isoladamente até 1963, quando duas exposições (Arte 1963: novo vocabulário, Arts Council,
Filadélfia e Os novos realistas, Sidney Janis Gallery, Nova York) reúnem obras que se beneficiam
do material publicitário e da mídia. É nesse momento que os nomes de Andy Warhol, Roy
Lichtenstein, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann surgem como os principais
representantes da Pop art em solo norte-americano. Sem estilo comum, programas ou manifestos,
os trabalhos desses artistas se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado e
pelas cores saturadas. A nova atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra
seus precursores na antiarte dos dadaístas.
139

Os artistas norte-americanos tomam ainda como referência uma certa tradição figurativa local - as
colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg e as imagens planas e emblemáticas de Jasper
Johns - que abre a arte para a utilização de imagens e objetos inscritos no cotidiano. No trato
desse repertório plástico específico não se observa a carga subjetiva e o gesto lírico-dramático,
característicos do expressionismo abstrato - que, aliás, a arte pop comenta de forma paródica em
trabalhos como Pincela (1965) de Roy Lichtenstein. No interior do grupo norte-americano, o nome
de Tom Wesselmann liga-se às naturezas-mortas compostas com produtos comerciais, o de
Lichtenstein aos quadrinhos (Whaam!, 1963) e o de Claes Oldenburg, mais diretamente às
esculturas (Duplo Hambúrguer, 1962). Alguns dos últimos representantes vivos da arte pop
americana são Mel Ramos e James Gill.Andy Warhol

Andy Warhol foi uma das figuras centrais da Pop art nos Estados Unidos.[2] Como muitos
outros artistas da Pop art, Andy Warhol criou obras em cima de mitos. Ao retratar ídolos da
música popular e do cinema, como Michael Jackson, Elvis Presley, Elizabeth Taylor, Brigitte
Bardot, Marlon Brando, Liza Minnelli e, sua favorita, Marilyn Monroe, Warhol mostrava o
quanto personalidades públicas são figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando
a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho
manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar a impessoalidade
do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-Cola e as latas
de sopa Campbell.

ARQUITETURA

A Pós-Modernidade começou a delinear-se na arquitetura e o inimigo se encontrava na Bauhaus (


Instituto de Arte fundamentado no espirito construtivista, instalado na Alemanha de 1919 a 1933)
ou em seu funcionalismo racional implícito. As contradições entre Modernismo e Pós-Modernismo,
nessa área, são mais evidentes e facilmente detectadas. O ornamento é recuperado com ecletismo
ímpar, somandotoda a história da humanidade. Não raro encontramos pórticos monumentais sob
frontões e entre colunas jônicas num edifício totalmente envidraçado, refletindo a paisagem
externa. A virtualidade presente nesses espelhos gigantes é consagrada na sua própria
140

monumentalidade. E na mistura de estilos as fronteiras entre bom e mau gosto são muitas vezes
rompidas.
Os shoppings centers representam um importante fenômeno característico da Pós-Modernidade.
Caracterizados como fator de mudança urbana e mesmo do espaço, são vistos como novos locais
de lazer e sociabilidade. Diante da violência e da falta de segurança, passam a ser o reduto da
“geração confinada”. A “cenografia” de indução ao consumo simula praças, bulevares e calçadões,
norteando as relações dos frequentadores.
As experiências do modernismo arquitetônico realizadas em Bauhaus, na primeira metade do
século XX, encontram sua maior expressão na obra de Walter Gropius, Henry Lê Corbusier e Mies
Van Der Rohe. Com práticas utópicas, a arquitetura era fundamentalmente o novo, deveria usar

materiais etécnicas de construção disponíveis pelo desenvolvimento industrial. O ideal moderno


propunha a simplificação e a concentração das formas, das linhas e do espaço, reduzindo-os à
essência e a serviço da funcionalidade.
Em contraposição a essas características, o Pós-Modernismo explora a incompatibilidade de
estilos, formas e texturas. Em seus elementos estruturais, relacionam contrates como ordem dórica
de colunas com sobriedade, impessoalidade com racionalidade, incorporando o ornamento como
fundamental. Os projetos recuperam estilos e técnicas passadas, resgatando a história em um só
conjunto.
Os valores simbólicos também são retornados em comum com estilos antigos como o Barroco.
Opõem-se às retas as curvas num ecletismo de formas; na união do ornamento barroco com o
vidro fume, cria um desiquilíbrio de movimentos.
A Avenida Luiz Carlos Berrini tem direcionado o estilo da região da Marginal do Rio Pinheiros, em
São Paulo. Concentra inúmeros exemplos de arquitetura Pós-Moderna facilmente observáveis nos
pórticos monumentais, no ecletismo de elementos e estilos, nos conceitos de espaço.

MÚSICA

Na música encontramos frequentemente tanto citação como fragmentação proveniente da


desconexão. Temas minimalistas repetem-se sem esgotar-se. Os sons se misturam entre gêneros
populares, eruditos, processados por meios eletrônicos do rock. A New Waveambientaliza a ficção
e o Rock Punk denuncia o estado de niilismo, vazio total.
Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os que ousaram propor formas e conteúdos que destoavam
da MPB, de ordem político-social associada à brasilidade, exigida pelo público dos festivais da
década de 60. Apresentaram no III Festival de MPB, da TV Record, “Alegria Alegria” e “Domingo no
141

Parque”, confundindo o público pela ambiguidade e complexidade das músicas. Misturaramvisual


psicodélico com comportamento hippie, música pop a uma parafernália de sons eletrônicos,
berimbaus, orquestras coral, aproximando-se da linguagem carnavalesca.

ALEGRIA ALEGRIA
Caetano Veloso

Caminhando contra o vento Sem lenço, sem documento,


Sem lenço, sem documento Eu vou...
No sol de quase dezembro Eu tomo uma coca-cola
Eu vou... Ela pensa em casamento
O sol se reparte em crimes, E uma canção me consola
Espaçonaves, guerrilhas Eu vou...
Em cardinales bonitas Por entre fotos e nomes
Eu vou... Sem livros e sem fuzil
Em caras de presidentes Sem fome sem telefone
Em grandes beijos de amor No coração do brasil...
Em dentes, pernas, bandeiras Ela nem sabe até pensei
Bomba e brigittebardot Em cantar na televisão
O sol nas bancas de revista O sol é tão bonito
Me enche de alegria e preguiça Eu vou...
Quem lê tanta notícia Sem lenço, sem documento
Eu vou... Nada no bolso ou nas mãos
Por entre fotos e nomes Eu quero seguir vivendo, amor
Os olhos cheios de cores Eu vou...
O peito cheio de amores vãos Por que não, por que não...
Eu vou Por que não, por que não...
Por que não, por que não... Por que não, por que não...
Ela pensa em casamento Por que não, por que não...
E eu nunca mais fui à escola

Nela percebemos uma das marcas dos tropicalista, a relação entre fruição estética e critica social.
Outras características serão: a crítica à intelligentziade esquecer (...”por entre fotos e nomes/ sem
livros e sem fuzil/ sem nome sem telefone/ no coração do Brasil”...), a empatia com os canais de
massa (...”ela não sabe, até pensei/ em cantar na televisão”...) e a desvalorização das instituições
falidas da sociedade (...”ela pensa em casamento/ e eu nunca mais fui à escola”...). Andar sem
lenço e sem documento é alusivo ao movimento hippie, a irreverência e o desejo de
descompromisso, libertando-se do pré-estabelecido e da massificação.
“Domingo no parque”, de Gil, causou impacto pela complexidade construtiva mais aparente que em
“Alegria Alegria”. A mistura musical, sons, ruídos, berimbaus, orquestras, coral, se aproximou da
linguagem carnavalesca.
Foi a música “Tropicália”, no entanto, que constituiu a matiz estética do movimento. A sua
introdução, com sons e ruídos dissonantes, faz lembrar os trópicos virgens num clima de suspense.
Esse clima tropical é produzido por instrumentos de percussão usado à maneira dos instrumentos
primitivos. A declamação gozadora com que o baterista Dirceu parodia a carta de Caminha foi um
improviso incorporado pelo arranjo de Júlio Medaglia. A música se desenvolve a seguir como um
painel brasileiro, emergindo montagens sincrônicas de fatos, eventos, citações, e jargões, em
forma de fragmentos. As referências ao contexto são menos dessacralizadoras que sua forma
construtiva. Composta em duas partes em todos os blocos, a divisão entre eles é sempre feita da
mesma forma. A sua circularidade faz abrir, no final, a possibilidade de uma volta ao seu início. A
142

mistura é constituída de ritmos populares brasileiros e estrangeiros, folclore, música clássica e de


vanguarda. A estrutura se repete, desdobrando as contradições do país. As citações literárias e
musicais simulam uma festa em que se conjugam o poder e o espetáculo dos meios de
comunicação. O pastiche parodia sentimentos nacionalistas expondo o subdesenvolvimento, a
ideia de fatalidadehistórica, o mito de que tudo se resolve em festa, preenchendo o vazio do
cotidiano e aliviando as tensões, com carnaval, futebol e televisão.

TROPICÁLIA
Caetano Veloso

Sobre a cabeça os aviões


Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a bossa
sa, sa
Viva a palhoça
ça, ça, ça, ça (2X)
O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão
Viva a mata
ta, ta
Viva a mulata
ta, ta, ta, ta (2X)
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria
ia, ia
Viva a Bahia
143

ia, ia, ia, ia (2X)


No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim
Viva Iracema
ma, ma
Viva Ipanema
ma, ma, ma, ma (2X)
Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém!
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
meu bem!
Que tudo mais vá pro inferno
meu bem!
Viva a banda
da, da
Carmen Miranda
da, da, da da (3X)

Tanto Gil como Caetano alegam ter recebido muito mais influencia do Cinema Novo do quem tudo
o que estava ocorrendo na música internacional: as cenas descontínuas e fragmentadas do
cotidiano urbano, a linguagem caleidoscópica, muito utilizada por Glauber Rocha, inspiradas em
Jean Luc Gordad. A empatia com os canais de massa, o aspecto publicitário e o desprezo às
instituições falidas da sociedade, também complementam a caracterização da Pós-Modernidade
intrínseca.
Nos anos 80, Arrigo Barnabé retoma as experiências musicais lançando dois álbuns de grande
importância: “Clara Crocodilo” e “Os Tubarões Voadores”, utilizando citações de programas
policiais e propagandas populares em comum com música minimalista e experimentalismo tonais.
Como fenômeno comercial dos anos 90 surge, meteoricamente, o grupo “Mamonas Assassinas”
criando, através do pastiche e citações jocosas, uma empatia fulminante com o público infantil e,
consequentemente com o jovem e adulto. Suas composições, muitas vezes preconceituosas,
serviram para criar um canal de expressão mais aberto para discussão dos problemas sexuais e
sociais.
Ainda nos anos 90, temos o fenômeno típico deste nosso momento: o “Revival”. Músicos e
cantoreslançam álbuns com coletânea de compositores e músicas antigas e entre eles podemos
citar Gal, Bethânea, Nana Caymi, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em constante desenvolvimento de
suas pesquisas, Caetano e Gil criam, em “Tropicália 2” o Rap “Popcreto”, podendo ser considerado
a síntese da música Pós-Moderna.
144

TV, VÍDEO E CINEMA

A televisão e o vídeo, tal como o cinema, abrangem o mundo da cultura de massa e a cultura
minoritária de vanguarda. A familiaridade da TV e a disseminação global do seu conhecimento,
tanto na produção como no consumo, trazem a questão da transgressão e incorporação dessas
linguagens. Alguns pensadores reduzem à cultura a pós-moderna a ideologia do entretenimento,
elegendo a TV como sendo o verdadeiro mundo dessa cultura.
A MTV, transmitindo videoclipes 24h por dia, retémuma categoria de espectador essencialmente
jovem, além dos admiradores dessa arte e alguns estudiosos, geralmente da área de comunicação
e sociologia.
O fluxo rápido de segmentos curtos da MTV, em determinado aspecto, torna todos os seus textos
Pós-Modernos devido ao modo de sua exibição. Nenhum significado é pretendido ou tem tempo de
der comunicado, hipnotizando o espectador pelas sucessões de imagens ininterruptas. Os texto,
em geral, ficam reduzidos a sons e superfícies, salvo em alguns casos, quando isolados do fluxo
de sequencias, desafiando as criticas habituais em categorizar a MTV como progressista ou
retrógrada em seus modos narrativos.
Assim, a TV Pós-Moderna não representa a dissolução subversiva de normas estéticas e
culturais, mas sim o último momento da nossa cultura ser absorvida pelo domínio total e absoluto
da imagem.
Tais como outras áreas da cultura contemporânea, o colapso de estilo na cultura modernista traz,
por consequência, uma multiplicidade de estilo que são combinados, contrapostos e permutados
uma polifonia de vozes descontextualizadas. O marco disso é o filme Nostalgia ou Retro-Filme
como “American Graffiti”- Loucuras de Verão, “Star Wars” – Guerra nas Estrelas, e “Chinatown”.
Todos procuram não somente um ambiente histórico particular, como também uma experiência
cultural de um período específico. Em “Star Wars” e “Caçadores da Arca Perdida”, o que está
sendo evocado não é o passado real mas todos os tipos de experiências narrativas, histórias de
aventuras, filme de ficção científica e práticas dos anos 50. “Blade Runner”, num cenário de
História em quadrinhos retro-futurista, cria um mundo futuro citando “1984” de Orwell, onde existe
um só comando, controlado pela genética agora super desenvolvida, podendo produzir clones
perfeitos do ser humano.
O cinema Pós-Moderno tem como marca diferentes formas de pastiche ou multiplicidade estilística.
“O Beijo da Mulher Aranha” parodia romance e o melodrama hollywoodiano, introduzidos nas
narrativas dos prisioneiros. “Brazil o Filme”, com o irônico repensar da história e citações de outros
filmes como “Star Wars”, e o “Encouraçado Potenkin”. “Batman Forever”, abrangendo todos esse
ingredientes, representa uma síntese emblemática do filme Pós-Moderno.

Você também pode gostar