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SOCIEDADE
AULA 1
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De qualquer forma, destacamos aqui a arte segundo o prisma de
historiadores e críticos como Arnold Hauser (2003), o qual destaca a forte
relação da arte com a sociedade de seu tempo, abrangendo aspectos culturais,
mas, inclusive, econômicos. Assim, compreendemos que “toda obra de arte é
resultado da tensão entre uma série de objetivos e uma série de resistências à
sua realização” (Hauser, 2003, p. 28).
Vale destacar que o recorte aqui proposto visa apresentar cinco tópicos
específicos com seus respectivos desdobramentos, representando apenas um
recorte temporal diante das inúmeras produções humanas dentro do período
abordado. Assim, compreendemos as palavras de Perigo quando esse afirma
que
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Para além dos utensílios, há muitos registros desse período, como
pinturas rupestres gravadas nas paredes e no teto das cavernas e também
estatuetas. O período Paleolítico é o primeiro do qual a história possui registros.
Acredita-se que o seu início tenha ocorrido há acerca de mais de 2 milhões de
anos. Vale destacar que as condições em que o homem vivia dizem muito acerca
do que podemos compreender já como uma forma de sociedade da época. O
homem paleolítico era nômade, ou seja, ainda não construía a sua própria
moradia e vagava com o seu grupo em busca de locais propícios até que os
recursos fossem esgotados. Isso fazia com que habitassem temporariamente o
interior de cavernas, e sua forma de sobrevivência se dava também por meio da
caça (Hauser, 2003).
Não obstante, há a compreensão entre historiadores e críticos de arte de
que as imagens reproduzidas nesse período possuíam finalidade mágica. Assim
sendo, conforme apontam Janson e Janson:
De acordo com Hauser (2003), esse gesto contribuiria para que fosse
assegurada uma caça auspiciosa, tal como se o homem pudesse, de fato,
apreender o animal ao prender a sua imagem. Assim, os responsáveis pelas
pinturas rupestres seriam uma espécie de artistas-mago, caçadores e grandes
conhecedores da anatomia dos animais que seriam representados. Com isso,
temos um registro das primeiras castas sacerdotais de uma religião primitiva.
Conforme Gombrich (1999), o pensamento pode até parecer um tanto
quanto primitivo, todavia, ao analisarmos que atualmente ainda existem grupos
culturais que mantêm a crença de que uma imagem energeticamente tem
relação com a figura retratada, verificamos que tal pensamento recorre no
inconsciente coletivo da humanidade. Ainda de acordo com Gombrich:
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Assim, é compreensível observarmos que, no período Paleolítico ou Idade
da Pedra Lascada, havia uma extensa produção de representações de animais
com traços naturalistas, ou seja, o mais próximos da realidade. Afinal, o
naturalismo é uma das principais características da arte paleolítica,
apresentando figuras muito bem desenhadas por meio de algumas linhas e
notável conhecimento acerca de volumes e aplicações da cor.
Crédito: Acongar/Shutterstock.
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Figura 2 – Stonehenge ou Dolmens Megalíticos, Salisbury, Inglaterra
Crédito: Azrok66/Shutterstock.
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para o corpo e dois semicírculos, um voltado para cima e outro para
baixo, para os braços e pernas. (Hauser, 2003, p. 9)
Crédito: MilenG/Shutterstock.
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[...] os padrões básicos das instituições, crenças e ideais artísticos
egípcios formaram-se entre 3000 e 2500 a.C. e foram continuamente
reafirmados nos dois mil anos seguintes, de tal forma que toda a arte
egípcia, à primeira vista, tende a parecer uniforme. Na verdade, a arte
egípcia oscila entre o conservadorismo e a inovação, mas nunca é
estática. (Janson; Janson, 1996, p. 22)
Esse movimento na arte proporciona aos artistas uma busca pelo que
compreendiam como perfeição, sem, no entanto, abrirem mão dos padrões
estéticos para a criação (Janson; Janson, 1996). A arte no Egito podia ser vista
em todos os locais e sempre evidenciava os valores da sociedade, os quais,
conforme anteriormente citado, tinham forte relação com aquele universo
religioso.
Assim sendo, encontramos na pintura, na escultura, na arquitetura e em
toda a produção artística de vários objetos e artefatos mágicos a fé que movia
as engrenagens daquela sociedade bastante suntuosa. Sobre a arquitetura,
podemos destacar grandiosas construções e monumentos que ainda hoje nos
trazem várias indagações, como as pirâmides. Dentre as pirâmides, destacamos
as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, sendo a maior pirâmide a de
Quéops, construída cerca de 2550 anos a.C., com 146,6 metros de altura.
Crédito: AlexAnton/Shutterstock.
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Para ser artista no Antigo Egito, era necessário conhecer e se dedicar às
técnicas, sem contar que ainda era necessário conhecer os ritos e simbolismos
da religião. Para tanto, os artistas e arquitetos também eram grandes iniciados
que transmitiam de forma ímpar todo o seu conhecimento e respeito em suas
obras, que não eram assinadas.
A reverência era elemento-chave para se produzir uma arte que não
apenas decoraria uma tumba, mas que, sobretudo, ajudaria a alma na passagem
harmoniosa do plano físico para o mundo dos mortos. E todos os artistas
respeitavam essas regras e padrões, valorizando cada passo de seu
aprendizado por meio da observação e prática contínuas. Assim sendo,
conforme aponta Gombrich:
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interpretação. Outrossim, o que pode contribuir para tanto é a leitura de livros de
egiptólogos, bem como o estudo da escrita hieroglífica. Além disso, as cores
também possuem grande representatividade na arte egípcia, bem como a
disponibilização dos elementos no espaço dividido em planos.
Figura 6 – Akhenaton e Nefertiti com seus filhos, cerca de 1345 a.C. Relevo em
altar de pedra calcária, 32,5 x 39 cm. Museu Egípcio
Crédito: D.Serra1/Shutterstock.
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TEMA 3 – A ARTE NA GRÉCIA: POR UM IDEAL DE HAMONIA E BELEZA
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[...] a impressão dominante é de um equilíbrio gracioso e aprazível.
Uma luminosidade geral e um reajustamento das proporções são
responsáveis por essa impressão: as carreiras horizontais acima das
colunas não são largas em relação ao seu comprimento “[...] a estrutura
do frontispício projeta-se menos insistentemente, e as colunas, além
de serem mais esguias, são separadas por espaços mais amplos. [...]
O Partenon transmite sensação de repouso. (Janson; Janson, 1996, p.
54)
Crédito: Ata51/Shutterstock.
A pintura na Grécia antiga era considerada como uma “arte menor”, sendo
mais utilizada para a pintura e decoração de vasos e outros objetos e artefatos
utilitários. O pintor de vasos representava não apenas formas geométricas
simples, mas, ainda, figuras humanas e animais que tinham relação com os
mitos e representações de heróis e deuses.
De acordo com Gombrich:
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Figura 9 – Vaso grego antigo representando uma carruagem isolada em branco
com caminho de recorte
Crédito: Kamira/Shutterstock.
Há vários exemplos desses vasos gregos que chegaram até nós nos dias
atuais. Por meio deles, podemos observar algumas características nos
diferentes estilos que os definem, tais como:
• Estilo geométrico;
• Estilo arcaico;
• Estilo em preto;
• Estilo em vermelho;
• Estilo clássico.
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Figura 10 – Estátuas de dois irmãos Kouros, estilo arcaico. Museu Arqueológico
de Delphi
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Figura 12 – Vênus de Milos, Museu do Louvre em Paris, França
Crédito: Iornet/Shutterstock.
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Figura 13 – Ruínas do antigo anfiteatro Coliseu, Roma, Itália
Crédito: Phant/Shutterstock.
4.1 A pintura
Crédito: Blackmac/Shutterstock.
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Os escultores romanos faziam uso do naturalismo sem, no entanto, cair
na trivialidade, demonstrando grande afinidade com as figuras retratadas.
Também havia muitas esculturas de retratos, como bustos e outras
representações de pessoas de classes mais abastadas, além dos famosos
bustos dos imperadores.
Uma representação bastante conhecida desse período é o retrato
equestre do Imperador Marco Aurélio, em Roma, na Itália.
Crédito: PavelJiranek/Shutterstock.
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O imperador Justiniano foi considerado um protetor das artes, tendo sua
época chamada de Idade do Ouro. Além disso, sua influência foi bastante
significativa para o patrocínio e incentivo do esplendor da arte bizantina.
Com todos os ataques e invasões dos povos bárbaros, o Império Romano
foi reduzido aos Balcãs e à Grécia, perdurando até o ano de 1453, quando a
cidade de Constantinopla foi conquistada pelos turcos, tornando-se a atual
cidade de Istambul, capital da Turquia (Janson; Janson, 1996). Logo, em
Constantinopla, então Istambul, desenvolveu-se uma outra cultura resultante de
um novo grande império com suas características na arte – o Império Otomano.
Sendo assim, a arte bizantina iniciou juntamente com a Idade Média e
buscou trazer ao observador toda a pompa e poder daquele Império,
demonstrados por meio de cores e representações religiosas. Para Janson e
Janson (1996, p. 89), a arte bizantina “designa não apenas a arte do Império
Romano do Oriente, mas também um estilo com características específicas”.
Isso evidencia justamente que essa arte possui características bastante
marcantes, as quais revelam o início da religião cristã como religião oficial do
Império Romano. O historiador da arte Gombrich defende que:
Vale destacar que, na arte bizantina, não era toda a pintura cristã
considerada um ícone, pois, os bizantinos, assim como os egípcios, buscavam
manter as suas tradições na arte. Dessa forma, eram respeitados os
conhecimentos antigos, além de que as figuras contavam com uma consagração
especial para poderem ser reconhecidas como ícones (Gombrich, 1999).
Características estilísticas como a rigidez das figuras, a frontalidade e o caráter
majestoso marcam de maneira insigne a arte produzida por essa cultura. Além
disso, na arte, Jesus Cristo é sempre representado como um majestoso rei e a
sua mãe, a Virgem Maria, como uma majestosa rainha. Conforme afirma Hauser
(2003, p. 135), “essa arte devia ser a expressão de uma autoridade absoluta, de
grandeza sobre-humana e mística inacessibilidade”.
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Dentre toda a expressão artística bizantina são muito conhecidos os
mosaicos, que nos apresentam figuras sempre voltadas aos temas religiosos e
também ao Imperador. Tais mosaicos formam ícones ou imagens por meio da
disposição de pequenas pedras e pedaços de vidro ou cerâmica coloridos. Um
exemplo de mosaico da época, por meio do qual podemos identificar as
principais características da arte bizantina, é o mosaico de San Vitale, em
Ravena, o qual mostra o Imperador Justiniano e seu Séquito. Segundo Janson
e Janson,
Crédito: Mirage.nl/Shutterstock.
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Figura 17 – Mosaico de Jesus Cristo com fundo dourado, Igreja de Hagia Sophia,
em Istambul
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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