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Belo Horizonte
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3
Este curso é composto por quatro apostilas sendo que esta primeira apostila
contempla assuntos que julgamos iniciais para desenvolver uma melhor
capacitação do professor. Trazemos questões sobre a História da Arte,
perpassando por diversos movimentos artísticos desde a antiguidade até a
contemporaneidade. Tratamos da Semana de Arte Moderna de 1922 no Brasil,
bem como o olhar da Filosofia, da Sociologia e da Antropologia sobre a Arte.
Trabalhamos com a leitura e produção de sentido nas artes visuais, bem como
a natureza e a percepção das cores.
1.1 A PRÉ-HISTÓRIA
- Divisão da Pré-História:
Neolítico: ainda de acordo com Martins, Imbroisi (2005, s/p) a fixação do homem
da Idade da Pedra Polida, garantida pelo cultivo da terra e pela manutenção de
manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das
primeiras instituições, como família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do
Neolítico desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar cerâmicas e
construiu as primeiras moradias, constituindo-se os primeiros arquitetos do
mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo através do atrito e deu início ao
trabalho com metais. Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte reflexo
na arte. O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os
sentidos apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi
substituído pela abstração e racionalização. Como consequência surge um estilo
simplificador e geometrizante, sinais e figuras mais que sugerem do que
reproduzem os seres. Os próprios temas da arte mudaram: começaram as
representações da vida coletiva.
Tendo funções para fora do simples deleite estético, a arte dos povos egípcios
era bastante padronizada e não valorizava o aprimoramento técnico ou o
desenvolvimento de um estilo autoral. Geralmente, as pinturas e baixos-relevos
apresentavam uma mesma representação do corpo, em que o indivíduo tinha
seu tronco colocado de frente e os demais membros desenhados de perfil. No
estudo da arte, essa concepção ficou conhecida como a lei do frontalidade.
(SOUSA, s/d, s/p)
Ainda de acordo com Sousa (s/d, s/p) ao longo do Novo Império (1580 – 1085
Período Clássico: para Alencar (s/d, s/p) é nesse momento em que as esculturas
chegam ao ápice do naturalismo. Alguns escultores passam a ser reconhecidos
pelo seu trabalho e assinam suas obras, como Fídias e Policleto. Este último
chegou a escrever regras de representação da figura humana.
Por outro lado, afirma Alencar (s/d, s/p) é importante deixar claro que a mitologia
grega ou greco-romana, em suas origens mais remotas está ligada a uma visão
de mundo de caráter religioso. Ao contrário, à medida que avançamos no tempo
em direção aos nossos dias, a mitologia vai se esvaziando do significado
religioso e ganhando, principalmente, um caráter artístico. Em outras palavras,
no século 15, ao retratar uma deusa greco-romana como Vênus, o pintor
Botticelli não a encarava como uma entidade religiosa, mas como um ideal
estético de beleza.
Para Correa (s/d, s/p) a Arte Romana foi influenciada pela cultura grega
e pela etrusca. Os gregos buscavam um ideal de beleza, mas os etruscos eram
mais realistas, e suas construções voltavam-se para o popular. O uso da
abóbada e de arcos foi seu grande legado. O senso de realismo e a busca do
imediato levaram os romanos a realizações arquitetônicas e urbanísticas
inéditas, como as estradas pavimentadas, as termas e os anfiteatros.
Para Martins, Imbroisi (s/d, s/p) o cristianismo não foi a única preocupação
para o Império Romano nos primeiros séculos de nossa era. Por volta do
século IV, começou a invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino
a transferir a capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois
batizada por Constantinopla. A mudança da capital foi um golpe de
misericórdia para a já enfraquecida Roma; facilitou a formação dos Reinos
Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte cristã -
Arte Bizantina. Graças a sua localização (Constantinopla) a arte bizantina
sofreu influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns
elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na técnica como
na cor.
A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das suas
funções, organizar também as artes, tornando os artistas meros executores. O
regime era teocrático e o imperador possuía poderes administrativos e
espirituais; era o representante de Deus, tanto que se convencionou representá-
lo com uma auréola sobre a cabeça, e, não raro encontrar um mosaico onde
esteja juntamente com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus.
(MARTINS, IMBROISI, s/d, s/p)
A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte bizantina, elas
eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada imensas
cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos totalmente decorados. A
Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, foi um dos maiores
triunfos da nova técnica bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de Tralles
e Isidoro de Mileto, ela possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos
plenos.Tal método tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por
associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto.
Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com
mosaicos e o chão de mármore polido. Toda essa atração por decoração aliada
a prevenção que os cristãos tinham contra a estatuária que lembrava de imediato
o paganismo romano, afasta o gosto pela forma e consequentemente a escultura
não teve tanto destaque neste período. O que se encontra restringe-se a baixos
relevos acoplados à decoração.
Para Santana (2007, s/p) a arte islâmica engloba a literatura, a música, a dança,
o teatro e as artes visuais de uma ampla população do Oriente Médio que adotou
o Islamismo. Nela percebe-se a influência das civilizações pré-islâmicas, dos
povos conquistados e de dinastias ligadas à questão religiosa. Por todos os
domínios islâmicos difundiu-se uma produção artística marcada pelas ideias
religiosas, imateriais – os conceitos de infinito, eternidade, menosprezo da vida
material, desejo de transcendência – e pelas concepções do Profeta. Esta arte
bebe diretamente na fonte do Alcorão, nela justificando suas opções, rejeições
e direções escolhidas.
Para Sant‟ Ana (2009, s/p) com o Cristianismo a arte se voltou para a
valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os
aspectos da vida medieval. A concepção de mundo dominada pela figura de
Deus proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus).
Deus é o centro do universo e a medida de todas as coisas. A Igreja como
representante de Deus na Terra tinha poderes ilimitados. Com o passar dos
anos, os artesãos da corte de Carlos Magno levaram os artistas a superarem o
estilo ornamental da época das invasões bárbaras e redescobrirem a tradição
cultural e artística do mundo greco-romano. Na arquitetura esse fato foi decisivo,
pois levou, mais tarde, à criação de um novo etilo para a edificação,
principalmente das igrejas, que recebeu a denominação de Românico.
De acordo com Tasca (s/d, s/p) dos anos de 1200 a 1400, a pintura europeia
pode ser caracterizada por laboriosa libertação de duas influências dominadoras
- a dos mosaicos e ícones bizantinos, muito convencionais e rígidos, e das
miniaturas, isto é, as ilustrações feitas à mão dos livros medievais, como
sabemos igualmente confeccionadas à mão. A arquitetura gótica retirou às
paredes a função de sustentação que desempenhavam na arquitetura românica.
Não poderia ser, portanto, uma arquitetura favorável ao desenvolvimento da
pintura mural. Não oferecia aos pintores as superfícies proporcionadas pelos
arquitetos românicos. Por outro lado, no interior das catedrais e igrejas góticas,
dificilmente as cores de um quadro ou de um afresco poderiam resistir ao intenso
e feérico esplendor dos vitrais, sob constantes mutações luminosas e coloridas,
conforme a direção dos raios solares.
Ainda conforme Tasca (s/d, s/p) as grandes salas dos palácios e castelos
recebiam, porém, ao lado dos tapetes, decorações murais. Muitas
desapareceram por obra do tempo ou em consequências de reformas e
ampliações. No velho Palácio do Louvre, em Paris, no reinado de Carlos V, havia
afrescos. No castelo dos Papas, em Avignon, existem outros, executados por
Simone Martini, inspirado artista da cidade de Siena, que encontraremos na
pintura gótica italiana.
Concluindo Tasca (s/d, s/p) afirma que na última fase da pintura gótica, nos
anos de 1400 a 1500 aparecem os pintores chamados pré-renascentistas,
porque anunciadores da Renascença. Distinguem-se por progressiva libertação
do convencionalismo bizantino e da minúcia oriunda das miniaturas. Os italianos
Giotto (1266-1336) e Masaccio (1401-1428) antecipam essa libertação. Na
transição da pintura gótica para a pintura renascentista, ocorre acontecimento
de enormes consequências na técnica de pintar - descobre-se ou aperfeiçoa-se
a pintura a óleo, isto é, tintas dissolvidas em óleo de linhaça. Atribui-se esta
descoberta ou aperfeiçoamento ao flamengo chamado Jan Van Eyck, autor de
obras celebradas pela precisão da análise, segurança técnica, colorido e perfeita
conservação até hoje. (TASCA, s/d, s/p)
Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma,
esta adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os papas deixam o palácio de
1.10 MANEIRISMO
Não houve, durante a vigência deste estilo artístico ocorrida entre a alta
renascença e o barroco, uma negação ao sentido clássico por completo e sim
uma nova forma de enxergá-la e reproduzi-la como referencial estético, em
busca de uma nova arte. Era uma época de conflito entre o tradicional e o
inovador na esfera das artes em geral. Dentre os artistas maneiristas podemos
Para Sousa (s/d, s/p) o caráter transitório que marcou os primeiros tempos do
período moderno é alvo de um amplo estudo que se esforça em considerar as
permanências e transformações experimentadas neste período. A expansão
marítima, o Renascimento, a descoberta do Novo Mundo, as novas religiões
protestantes, a consolidação do poder monárquico integram uma gama de
acontecimentos complexos que irão reverberar nas diversas instâncias de ordem
social, política e econômica.
Nos anos 60, conforme Santana (s/d, /p) a matéria gerada pelos novos
artistas revela um caráter espacial, em plena era da viagem do Homem ao
espaço, ao mesmo tempo em que abusa do vinil. Nos 70 a arte se diversifica,
vários conceitos coexistem, entre eles a Op Art, que opta por uma arte
geométrica; a Pop Art, inspirada nos ídolos desta época, na natureza celebrativa
desta década – um de seus principais nomes é o do imortal Andy Warhol; o
Expressionismo Abstrato; a Arte Conceitual; o Minimalismo; a Body Art; a
Internet Street e a Art Street, a arte que se desenvolve nas ruas,
influenciada pelo grafit e pelo movimento hip-hop. É na esteira das intensas
transformações vigentes neste período que a arte contemporânea se consolida.
Ela realiza um mix de vários estilos, diversas escolas e técnicas. Não há uma
mera contraposição entre a arte figurativa e a abstrata, pois dentro de cada uma
destas categorias há inúmeras variantes. Enquanto alguns quadros se revelam
rigidamente figurativos, outros a muito custo expressam as características do
corpo de um homem, como a Marilyn Monroe concebida por Willem de Kooning,
Para Senday (2010, s/p) nos primeiros anos do século XX, inicia-se em São
Paulo o processo de industrialização do país. Produziam-se, além de
manufaturados, contingentes de trabalhadores operários: homens, mulheres e
crianças, que, submetidos às condições mais aviltantes de trabalho, ocupavam
as fileiras de produção. Enquanto isso, a decadente elite do café, já deficitária,
ostentava um alto padrão de vida, sustentado pela política dos governadores,
que, para evitar a queda de preço do produto, compravam os excedentes,
socializando apenas os prejuízos. A grande paralisação de operários, em 1907,
a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, o Tenentismo, em 1922, somados
aos ecos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), evidenciaram o esgotamento
da estrutura de poder no primeiro quarto deste século no Brasil. Junto com a
estrutura sociopolítica, esgotara- se a arte que ela sustentava, de modo que,
concomitante àqueles acontecimentos, os próprios artistas denunciavam a crise
da cultura e da arte brasileira e a necessidade de sua transformação. Assim,
antes mesmo da Semana de 22, são notáveis os seguintes eventos:
1914: Anita Malfatti faz sua primeira exposição de pintura não acadêmica. Uma
série de artigos sobre o Futurismo sai em O Estado de S. Paulo;
- A semana: para Senday (2010, s/p) patrocinada pela elite letrada dos
“quatrocentões paulistanos”, a Semana “foi ao mesmo tempo, o ponto de
encontro das diversas tendências modernas que desde a I Guerra se vinham
firmando em São Paulo e no Rio, e a plataforma que permitiu a consolidação de
3. FILOSOFIA DA ARTE
No que se refere à filosofia da arte, segundo Vaccari (2009, s/p) a sua definição
e datação é um pouco mais complexa, e isso por vários motivos. Entre eles, está
o de que não se tem registro de um determinado autor que tenha criado esse
termo e o tenha definido, tal como Baumgarten o fez com a estética. De fato,
embora se precise mais ou menos o mesmo século XVIII como o século de
nascimento da chamada filosofia da arte, atribui-se a esse nascimento antes
todo um movimento filosófico do que um ou outro autor. É comum dizer que a
filosofia da arte teve seu início no círculo de filósofos do chamado idealismo
alemão, que, dependendo de como o enxergue, se inicia com o grande seguidor
da filosofia kantiana, J. Gottlieb Fichte (1762- 1814) passa por Friedrich Schiller
(1759- 1805), Friedrich W. J. Schelling (1775-1854), por Friedrich Holderlin
(1770-1843) e termina no grande sistema do idealismo alemão de G. W.
Friedrich Hegel (1770-1831). Como se pode ver pelos temas tratados por todos
esses pensadores, a arte constituiria, senão o mais importante, ao menos um
dos mais relevantes temas do pensamento de cada um deles e de todo esse
movimento. E, embora não seja costume chamá-lo filósofo, não se pode
Essa ligação, não apenas com Goethe, mas de todos esses nomes entre
si e em torno de um mesmo ideal, definiu essa nova postura do pensamento
filosófico, a qual hoje se dá o nome de filosofia da arte. Esse ideal, como se
poderia ver já pelos escritos de todos eles, referia-se ao interesse preponderante
pela criação e pela obra de arte em geral e, dentro desta, pela poesia.
4. SOCIOLOGIA DA ARTE
A criação artística possui desta forma, uma vertente coletiva, experimentada por
uma comunidade, e uma vertente individual, o conjunto se sensações de cada
homem per si. O desejo de dar forma, de usar da sensibilidade estética própria
para criar, é o aspecto fundamental da faceta individual da arte: é-se artista,
intimamente, para além da envolvente. No entanto, o artista é membro de uma
comunidade, tem à sua disposição os materiais e as condições de criação
inerentes ao seu lugar e ao seu tempo; além disso, o artista produz não apenas
para si próprio, mas para a sua comunidade. Nesta acepção, o artista é um
produtor social, como a sua arte é um produto social. Analisemos com maior
profundidade: o Homem, produzindo objetos que têm em vista a experiência
estética (ou, de outra forma, objetos estéticos), funciona como um produtor
social, uma vez que, ainda que o não faça voluntariamente, produz para os
outros. Os outros irão experimentar os seus objetos, poderão ser por eles
tocados de variados pontos de vista (estético, econômico, funcional, político,
religioso e tantos outros). O objeto artístico assume papéis sociais tão mais
complexos e abrangentes quanto mais conhecidos e mais experimentados.
Voltando a referir Bourdieu, valerá a pena refletir no que este autor afirma
a propósito do acesso à arte (por exemplo, no que se refere ao ingresso nos
museus onde a arte está disponível): o acesso verifica-se, depende
estatisticamente do nível de instrução (isto é dizer, do número de anos passados
na escola). Por outras palavras, a arte é produtor social, sim, mas de grupos
5. ANTROPOLOGIA DA ARTE
BAUMGART, Fritz. Breve história da arte. Trad. Marcos Holler. São Paulo:
Martins Fontes, 1994.
08.09.2010.
<http://julianogadelha.tumblr.com/post/711050964/antropologia-estetica-juliano-
gadelha-especial> Acesso em: 10.10.2010.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte. Porto Alegre: Artmed, 2003.