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Kívia Kelen Ramos e Silva

História da Arte
Material de apoio para pesquisa - Professores

Escola Estadual Inspetora Dulcinéia Varela Moura


Fevereiro/2023
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História da Arte
Introdução
O pintor suíço Paul Klee disse uma vez que "a arte não imita o visível: cria o visível". Sua frase sintetiza
uma das principais discussões da história da arte, aquela que opõe de um lado os adeptos da imitação e de outro
os da invenção. Mais sistemático, o pintor russo Vassili Kandinski definiu três elementos constitutivos de toda obra
de arte: o elemento da personalidade, próprio do artista; o elemento do estilo, próprio da época e do ambiente
cultural; e o elemento do puro e eternamente artístico, próprio da arte, fora de toda limitação espacial ou
temporal.

Conceito
De um ponto de vista genérico e com base em qualquer dos teóricos modernos, a arte é pois todo trabalho
criativo, ou seu produto, que se faça consciente ou inconscientemente com intenção estética, isto é, com o fim de
alcançar resultados belos. Se bem que o ideal de beleza seja de caráter subjetivo e varie com os tempos e
costumes, todo artista (seja ele pintor, escultor, arquiteto, ou músico, escritor, dramaturgo, cineasta) certamente
investe mais na possível beleza de sua obra do que na verdade, na elevação ou utilidade que possa ter. Nas artes
visuais, contemporaneamente chamadas artes plásticas, esse traço geral esteve sempre presente, assim como os
outros que eventualmente se lhe acrescentam, isto é, a originalidade, o aspecto crítico e muitas outras
características.

Classificação da Arte
- Artes espaciais. Incluir-se-iam entre as artes espaciais todas as artes plásticas. Seria proveitoso, neste
ponto, distinguir as bidimensionais, como o desenho, fotografia e a pintura, e as tridimensionais, como a escultura
e a arquitetura. Características definidoras dessas artes seriam sua situação espacial, sua atemporalidade (não
implicam um desenvolvimento no tempo) , e o fato de que o sentido mais importante para sua apreciação estética
é a visão, motivo por que também foram chamadas "artes visuais".
- Artes temporais. Seriam temporais todas as artes que implicam um processo no tempo. Costumam
distinguir-se as artes sonoras, como a música instrumental (que, além disso, é intermitente, isto é, só existe
como tal quando é executada) e as artes verbais, que compreenderiam gêneros literários como a poesia e o
romance.
- Artes mistas. Consideram-se na área das artes mistas as disciplinas artísticas em que intervêm,
combinados, elementos pertencentes aos dois grupos anteriores. O teatro, por exemplo, ainda que seja um
gênero literário, inclui a representação espacial; a dança é ao mesmo tempo espacial e temporal; e a ópera
compreende, além disso, componentes literários, assim como o cinema.
Ao longo dos tempos, e à medida que se sucedem as gerações, a arte experimenta mudanças em sua
maneira de ser e cabe à história da arte avaliar a importância dessas modificações. Mas a história deve ser, mais
do que uma enumeração interminável de fatos, um ordenamento destes (com suas conseqüências), de modo que
toda prioridade seja dada aos realmente mais importantes. Também o historiador da arte deve ordenar por
classes os fatos de que dispõe, segundo um critério de qualidade.

Quem faz arte?


O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas, como as ferramentas para cavar a
terra e os utensílios de cozinha. Outros objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um caráter
instrutivo. O homem cria a arte como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas
crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar
e interpretar objetos e cenas.

Por que o mundo necessita de arte?


Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte que pode ser ...feita
para decorar o mundo... para espelhar o nosso mundo (naturalista)... para ajudar no dia-a-dia (utilitária)...para
explicar e descrever a história...para ser usada na cura doenças... para ajudar a explorar o mundo.

Como entendemos a arte?


O que vemos quando admiramos uma arte depende da nossa experiência e conhecimentos, da nossa
disposição no momento, imaginação e daquilo que o artista pretendeu mostrar.

O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?


Estilo é como o trabalho se mostra, depois de o artista ter tomado suas decisões. Cada artista possui um
estilo único. Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca
conseguiríamos ver quem fez o que, quando e como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na
forma de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam classificá-las por categorias e rotulá-las. É
um procedimento comum na arte ocidental. Ex.: Renascimento, Impressionismo, Cubismo, Surrealismo, etc.

Como conseguimos ver as transformações do mundo através da arte?


Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde e como, desta maneira estaremos dialogando com a
obra de arte, e assim podemos entender as mudanças que o mundo tiveram.

Como as idéias se espalham pelo mundo?


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Exploradores, comerciantes, vendedores e artistas costumam apresentar às pessoas idéias de outras culturas. Os
progressos na tecnologia também difundiram técnicas e teorias. Elas se espalham através da arqueologia, quando
se descobrem objetos de outras civilizações; pela fotografia, a arte passou a ser reproduzida e, nos anos 1890,
muitas das revistas internacionais de arte já tinham fotos; pelo rádio e televisão, o rádio foi inventado em 1895 e
a televisão em 1926, permitindo que as idéias fossem transmitidas por todo o mundo rapidamente, os estilos de
arte podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas compartilhadas; pela imprensa, que foi inventada
por Johann Guttenberg por volta de 1450, assim os livros de arte podiam ser impressos. Os historiadores de
arte, críticos e estudiosos classificam os períodos, estilos ou movimentos artísticos separadamente, para
facilitar o entendimento das produções artísticas.

ARTE PRÉ-HISTÓRICA
Um dos períodos mais fascinantes da história humana é a Pré-História. Esse período não foi registrado por
nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo o que sabemos dos homens que
viveram nesse tempo é o resultado da pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna ciência
arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem.
Divisão da Pré-História:
Paleolítico Superior - a principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada é o naturalismo. O
artista pintava os seres, um animal, por exemplo, do modo como o via de uma determinada perspectiva,
reproduzindo a natureza tal qual sua vista captava. Atualmente, a explicação mais aceita é que essa arte era
realizada por caçadores, e que fazia parte do processo de magia por meio do qual procurava-se interferir na
captura de animais, ou seja, o pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal desde que
possuísse a sua imagem. Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde que o representasse ferido
mortalmente num desenho. Utilizavam as pinturas rupestres, isto é, feitas em rochedos e paredes de cavernas. O
homem deste período era nômade.
Os artistas do Paleolítico Superior realizaram também trabalhos em escultura. Mas, tanto na pintura quanto na
escultura, nota-se a ausência de figuras masculinas. Predominam figuras femininas, com a cabeça surgindo como
prolongamento do pescoço, seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas. Destaca-se: Vênus de Willendorf.
Instrumentos de marfim, ossos, madeira e pedra: machado, arco e flecha; lançador de dardos, anzol e linha; e
desenvolvimento da pintura e da escultura.
Paleolítico Inferior -aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a.C.; primeiros hominídios; caça e coleta; controle
do fogo; e instrumentos de pedra e pedra lascada, madeira e ossos: facas, machados.
Neolítico - a fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo cultivo da terra e pela manutenção de
manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras instituições, como
família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do Neolítico desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar
cerâmicas e construiu as primeiras moradias, constituindo-se os primeiros arquitetos do mundo. Conseguiu ainda,
produzir o fogo através do atrito e deu início ao trabalho com metais. Todas essas conquistas técnicas tiveram um
forte reflexo na arte. O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos apurados do
caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração e racionalização. Como
conseqüência surge um estilo simplificador e geometrizante, sinais e figuras mais que sugerem do que
reproduzem os seres. Os próprios temas da arte mudaram: começaram as representações da vida coletiva. Além
de desenhos e pinturas, o artista do Neolítico produziu uma cerâmica que revela sua preocupação com a beleza e
não apenas com a utilidade do objeto, também esculturas de metal. Desse período temos as construções
denominadas dolmens. Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente no chão, como se
fossem paredes, e uma grande pedra era colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto. E o menir que
era monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra fincado no solo em sentido vertical.O Santuário
de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das primeiras obras da arquitetura que a História
registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves
horizontais rodeando outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um altar. O
conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício de que se
destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as pedras eram colocadas umas sobre as outras
sem a união de nenhuma argamassa. Instrumentos de pedra polida, enxada e tear; início do cultivo dos campos;
artesanato: cerâmica e tecidos; construção de pedra; e primeiros arquitetos do mundo.
Idade dos metais - aparecimento de metalurgia; aparecimento das cidades; invenção da roda;
invenção da escrita; e arado de bois.
As Cavernas - Antes de pintar as paredes da caverna, o homem fazia ornamentos corporais, como colares, e,
depois magníficas estatuetas, como as famosas “Vênus”.
Existem várias cavernas pelo mundo, que demonstram a pintura rupestre, algumas delas são:
Caverna de ALTAMIRA, Espanha, quase uma centena de desenhos feitos a 14.000 anos, foram os primeiros
desenhos descobertos, em 1868. Sua autenticidade, porém, só foi reconhecida em 1902. Caverna de LASCAUX,
França, suas pinturas foram achadas em 1942, têm 17.000 anos. A cor preta, por exemplo, contém carvão moído
e dióxido de manganês. Caverna de CHAUVET, França, há ursos, panteras, cavalos, mamutes, hienas, dezenas
de rinocerontes peludos e animais diversos, descoberta em 1994. Gruta de RODÉSIA, África, com mais de
40.000 anos.

IDADE ANTIGA
ARTE EGÍPCIA
Uma das principais civilizações da Antigüidade foi a que se desenvolveu no Egito. Era uma civilização já
bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais.
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A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo, justificando sua organização social e política,
determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente, orientando toda a produção artística desse
povo. Além de crer em deuses que poderiam interferir na história humana, os egípcios acreditavam também numa
vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.O fundamento
ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos
funerários e túmulos grandiosos.
Arquitetura - As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas e, foram construídas
por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas três pirâmides está a
esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a ação erosiva do vento e das areias do
deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso. As características gerais da
arquitetura egípcia são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.
As pirâmides tinham base quadrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e
mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-
se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro
labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences. Os templos mais
significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos. Divididos em três categorias:
* Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó;
* Mastaba - túmulo para a nobreza; e
* Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo.
Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel:
* Palmiforme - flores de palmeira;
* Papiriforme - flores de papiro; e
* Lotiforme - flor de lótus.
Para seu conhecimento
Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na alameda de entrada
do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: eram colocados à frente dos templos para materializar a luz solar.
Escultura - Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em posição serena, quase sempre de
frente, sem demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade.
Com esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente as proporções do corpo humano, dando às figuras
representadas uma impressão de força e de majestade. Os Usciabtis eram figuras funerárias em miniatura,
geralmente esmaltadas de azul e verde, destinadas a substituir o faraó morto nos trabalhos mais ingratos no
além, muitas vezes coberto de inscrições. Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram
também expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em seu trabalho. Recobriam colunas e paredes,
dando um encanto todo especial às construções. Os próprios hieróglifos eram transcritos, muitas vezes, em baixo-
relevo.
Pintura - A decoração colorida era um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas. Suas
características gerais são:
* ausência de três dimensões;
* ignorância da profundidade;
* colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do relevo; e
* Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto
sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil.
Quanto a hierarquia na pintura: eram representadas maiores as pessoas com maior importância no reino, ou
seja, nesta ordem de grandeza: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo. As figuras femininas
eram pintadas em ocre, enquanto que as masculinas pintadas de vermelho.
Os egípcios escreviam usando desenhos, não utilizavam letras como nós. Desenvolveram três formas de
escrita:
Hieróglifos - considerados a escrita sagrada;
Hierática - uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes; e
Demótica - a escrita popular.
O Livro dos Mortos, ou seja um rolo de papiro com rituais funerários, era posto no sarcófago do faraó morto,
ilustrado com cenas muito vivas, que acompanham o texto com singular eficácia. Formado de tramas de fibras do
tronco de papiro, as quais eram batidas e prensadas transformando-se em folhas.
Para seu conhecimento
Hieróglifos: foi decifrada por Champolion, que descobriu o seu significado em 1822, ela se deu na Pedra de
Rosetta que foi encontrada na cidade do mesmo nome no Delta do Nilo.
Mumificação: a) eram retirados o cérebro, os intestinos e outros órgãos vitais, e colocados num vaso de pedra
chamado Canopo. b) nas cavidades do corpo eram colocadas resinas aromáticas e perfumes. c) as incisões eram
costuradas e o corpo mergulhado num tanque com Nitrato de Potássio. d) Após 70 dias o corpo era lavado e
enrolado numa bandagem de algodão, embebida em betume, que servia como impermeabilização. Quando a
Grande Barragem de Assuã foi concluída, em 1970, dezenas de construções antigas do sul do país foram,
literalmente, por água abaixo, engolidas pelo Lago Nasser. Entre as raras exceções desse drama do deserto, estão
os templos erguidos pelo faraó Ramsés II, em Abu Simbel. Em 1964, uma faraônica operação coordenada pela
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Unesco com recursos de vários países - um total de 40 milhões de dólares - removeu pedra por pedra e transferiu
templos e estátuas para um local 61 metros acima da posição original, longe da margem do lago. O maior deles é
o Grande Templo de Ramsés II, encravado na montanha de pedra com suas estátuas do faraó de 20 metros de
altura. Além de salvar este valioso patrimônio, a obra prestou uma homenagem ao mais famoso e empreendedor
de todos os faraós.
Queóps é a maior das três pirâmides, tinha originalmente 146 metros de altura, um prédio de 48 andares. Nove
metros já se foram, graças principalmente à ação corrosiva da poluição vinda do Cairo. Para erguê-la, foram
precisos cerca de 2 milhões de blocos de pedras e o trabalho de cem mil homens, durante vinte anos.

ARTE GREGA
Enquanto a arte egípcia é uma arte ligada ao espírito, a arte grega liga-se à inteligência, pois os seus reis não
eram deuses, mas seres inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. A arte grega volta-se para
o gozo da vida presente. Contemplando a natureza, o artista se empolga pela vida e tenta, através da arte,
exprimir suas manifestações. Na sua constante busca da perfeição, o artista grego cria uma arte de elaboração
intelectual em que predominam o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal. Eles tem como características: o
racionalismo; amor pela beleza; interesse pelo homem, essa pequena criatura que é “a medida de todas as
coisas”; e a democracia.
Arquitetura - As edificações que despertaram maior interesse são os templos. A característica mais evidente dos
templos gregos é a simetria entre o pórtico de entrada e o dos fundos. O templo era construído sobre uma base
de três degraus. O degrau mais elevado chamava-se estilóbata e sobre ele eram erguidas as colunas. As colunas
sustentavam um entablamento horizontal formado por três partes: a arquitrave, o friso e a cornija. As colunas e
entablamento eram construídos segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia.
- Ordem Dórica - era simples e maciça. O fuste da coluna era monolítico e grosso. O capitel era uma almofada
de pedra. Nascida do sentir do povo grego, nela se expressa o pensamento. Sendo a mais antiga das ordens
arquitetônicas gregas, a ordem dórica, por sua simplicidade e severidade, empresta uma idéia de solidez e
imponência
- Ordem Jônica - representava a graça e o feminino. A coluna apresentava fuste mais delgado e não se firmava
diretamente sobre o estilóbata, mas sobre uma base decorada. O capitel era formado por duas espirais unidas por
duas curvas. A ordem dórica traduz a forma do homem e a ordem jônica traduz a forma da mulher.
- Ordem Coríntia - o capitel era formado com folhas de acanto e quatro espirais simétricas, muito usado no
lugar do capitel jônico, de um modo a variar e enriquecer aquela ordem. Sugere luxo e ostentação.
Os principais monumentos da arquitetura grega:
a) Templos, dos quais o mais importante é o Partenon de Atenas. Na Acrópole, também, se encontram as
Cariátides homenageavam as mulheres de Cária.
b) Teatros, que eram construídos em lugares abertos (encosta) e que compunham de três partes: a skene ou
cena, para os atores; a konistra ou orquestra, para o coro; o koilon ou arquibancada, para os espectadores. Um
exemplo típico é o Teatro de Epidauro, construído, no séc. IV a.C., ao ar livre, composto por 55 degraus divididos
em duas ordens e calculados de acordo com uma inclinação perfeita. Chegava a acomodar cerca de 14.000
espectadores e tornou-se famoso por sua acústica perfeita.
c) Ginásios, edifícios destinados à cultura física.
d) Praça - Ágora onde os gregos se reuniam para discutir os mais variados assuntos, entre eles; filosofia.
Pintura - A pintura grega encontra-se na arte cerâmica. Os vasos gregos são também conhecidos não só pelo
equilíbrio de sua forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a
ornamentação. Além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar, entre outras
coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. Por isso, a sua forma correspondia à função para que eram
destinados:
-Ânfora - vasilha em forma de coração, com o gargalo largo ornado com duas asas;
-Hidra - (derivado de ydor, água) tinha três asas, uma vertical para segurar enquanto corria a água e duas para
levantar;
-Cratera - tinha a boca muito larga, com o corpo em forma de um sino invertido, servia para misturar água com
o vinho (os gregos nunca bebiam vinho puro), etc.
As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades diárias e cenas da mitologia grega. O maior
pintor de figuras negras foi Exéquias.
A pintura grega se divide em três grupos:
1) figuras negras sobre o fundo vermelho
2) figuras vermelhas sobre o fundo negro
3) figuras vermelhas sobre o fundo branco
Escultura - A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos pelo homem. Na escultura, o
antropomorfismo - esculturas de formas humanas - foi insuperável. As estátuas adquiriram, além do equilíbrio e
perfeição das formas, o movimento. No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir, em mármores,
grandes figuras de homens. Primeiramente aparecem esculturas simétricas, em rigorosa posição frontal, com o
peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado Kouros (palavra
grega: homem jovem). No Período Clássico passou-se a procurar movimento nas estátuas, para isto, se
começou a usar o bronze que era mais resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar.
Surge o nu feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas. No Período
Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de
acordo com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento.
O grande desafio e a grande conquista da escultura do período helenístico foi a representação não de uma figura
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apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os
ângulos que pudessem ser observados.
Os principais mestres da escultura clássica grega são:
- Praxíteles, celebrado pela graça das suas esculturas, pela lânguida pose em “S” (Hermes com Dionísio
menino), foi o primeiro artista que esculpiu o nu feminino.
- Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança, criou padrões de beleza e equilíbrio através do tamanho das
estátuas que deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
- Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus Olímpico, sua obra-prima, e Atenéia. Realizou toda a
decoração em baixos-relevos do templo Partenon: as esculturas dos frontões, métopas e frisos.
- Lisipo, representava os homens “tal como se vêem” e “não como são” (verdadeiros retratos). Foi Lisipo que
introduziu a proporção ideal do corpo humano com a medida de oito vezes a cabeças.
- Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.
Para seu conhecimento:
a) Mitologia: Zeus: senhor dos céus; Atenéia: deusa da guerra; Afrodite: deusa do amor; Apolo: deus das artes e
da beleza;
Posseidon: deus das águas; entre outros.
b) Olimpíadas: Realizavam-se em Olímpia, cada 4 anos, em honra a Zeus. Os primeiros jogos começaram em 776
a.C. As festas olímpicas serviam de base para marcar o tempo.
c) Teatro: Foi criada a comédia e a tragédia. Entre as mais famosas: Édipo Rei de Sófocles.
d) Música: Significa a arte das musas, entre os gregos a lira era o instrumento nacional.

ARTE ROMANA
A arte romana sofreu duas fortes influências: a da arte etrusca popular e voltada para a expressão da
realidade vivida, e a da greco-helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza. Um dos legados
culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos foi o uso do arco e da abóbada nas
construções.
Arquitetura - As características gerais da arquitetura romana são:
* busca do útil imediato, senso de realismo;
* grandeza material, realçando a idéia de força;
* energia e sentimento;
* predomínio do caráter sobre a beleza;
* originais: urbanismo, vias de comunicação, anfiteatro, termas.
As construção eram de cinco espécies, de acordo com as funções:
1) Religião: Templos - Pouco se conhece deles. Os mais conhecidos são o templo de Júpiter Stater, o de
Saturno, o da Concórdia e o de César. O Panteão, construído em Roma durante o reinado do Imperador Adriano
foi planejado para reunir a grande variedade de deuses existentes em todo o Império, esse templo romano, com
sua planta circular fechada por uma cúpula, cria um local isolado do exterior onde o povo se reunia para o culto.
2) Comércio e civismo: Basílica - A princípio destinada a operações comerciais e a atos judiciários, a basílica
servia para reuniões da bolsa, para tribunal e leitura de editos. Mais tarde, já com o Cristianismo, passou a
designar uma igreja com certos privilégios. A basílica apresenta uma característica inconfundível: a planta
retangular, (de quatro a cinco mil metros) dividida em várias colunatas. Para citar uma, a basílica Julia, iniciada
no governo de Júlio César, foi concluída no Império de Otávio Augusto.
3) Higiene: Termas - Constituídas de ginásio, piscina, pórticos e jardins, as termas eram o centro social de
Roma. As mais famosas são as termas de Caracala que, além de casas de banho, eram centro de reuniões sociais
e esportes.
4) Divertimentos:
a) Circo: extremamente afeito aos divertimentos, foi de Roma que se originou o circo. Dos jogos praticados
temos:
* jogos circenses - corridas de carros;
* ginásios - incluídos neles o pugilato;
* jogos de Tróia - aquele em que havia torneios a cavalo;
* jogos de escravos - executados por cavaleiros conduzidos por escravos;
Sob a influência grega, os verdadeiros jogos circenses romanos só surgiram pelo ano 264 a.C. Dos circos
romanos, o mais célebre é o "Circus Maximus".
b) Teatro: imitado do teatro grego. O principal teatro é o de Marcelus. Tinha cenários versáteis, giratórios e
retiráveis.
c) Anfiteatro: o povo romano apreciava muito as lutas dos gladiadores. Essas lutas compunham um
espetáculo que podia ser apreciado de qualquer ângulo. Pois a palavra anfiteatro significa teatro de um e de outro
lado. Assim era o Coliseu, certamente o mais belo dos anfiteatros romanos. Externamente o edifício era
ornamentado por esculturas, que ficavam dentro dos arcos, e por três andares com as ordens de colunas gregas
(de baixo para cima: ordem dórica, ordem jônica e ordem coríntia). Essas colunas, na verdade eram meias
colunas, pois ficavam presas à estrutura das arcadas. Portanto, não tinham a função de sustentar a construção,
mas apenas de ornamentá-la. Esse anfiteatro de enormes proporções chegava a acomodar 40.000 pessoas
sentadas e mais de 5.000 em pé.
5) Monumentos decorativos
a) Arco de Triunfo: pórtico monumental feito em homenagem aos imperadores e generais vitoriosos. O mais
famoso deles é o arco de Tito, todo em mármore, construído no Forum Romano para comemorar a tomada de
Jerusalém.
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b) Coluna Triunfal: a mais famosa é a coluna de Trajano, com seu característico friso em espiral que possui a
narrativa histórica dos feitos do Imperador em baixos-relevos no fuste. Foi erguida por ordem do Senado para
comemorar a vitória de Trajano sobre os dácios e os partos.
6) Moradia: Casa - Era construída ao redor de um pátio chamada Atrio.
Pintura - O Mosaico foi muito utilizado na decoração dos muros e pisos da arquitetura em geral.
A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém das cidades de Pompéia e Herculano, que
foram soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 a.C. Os estudiosos da pintura existente em Pompéia classificam
a decoração das paredes internas dos edifícios em quatro estilos:
a) primeiro estilo: recobrir as paredes de uma sala com uma camada de gesso pintado; que dava impressão de
placas de mármore.
b) segundo estilo: Os artistas começaram então a pintar painéis que criavam a ilusão de janelas abertas por
onde eram vistas paisagens com animais, aves e pessoas, formando um grande mural.
c) terceiro estilo: representações fiéis da realidade e valorizou a delicadeza dos pequenos detalhes.
d) quarto estilo: um painel de fundo vermelho, tendo ao centro uma pintura, geralmente cópia de obra grega,
imitando um cenário teatral.
Escultura - Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por temperamento, eram muito
diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas e
não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos. Retratavam os imperadores e os homens da
sociedade. Mais realista que idealista, a estatuária romana teve seu maior êxito nos retratos.
Com a invasão dos bárbaros as preocupações com as artes diminuíram e poucos monumentos foram
realizados pelo Estado. Era o começo da decadência do Império Romano que, no séc. V - precisamente no ano de
476 - perde o domínio do seu vasto território do Ocidente para os invasores germânicos.
Mosaico - Partidários de um profundo respeito pelo ambiente arquitetônico, adotando soluções de clara matriz
decorativa, os mosaístas chegaram a resultados onde existe uma certa parte de estudo direto da natureza. As
cores vivas e a possibilidade de colocação sobre qualquer superfície e a duração dos materiais levaram a que os
mosaicos viessem a prevalecer sobre a pintura. Nos séculos seguintes, tornar-se-ão essenciais para medir a
ampliação das primeiras igrejas cristãs.

ARTE PALEOCRISTÃ
Enquanto os romanos desenvolviam uma arte colossal e espalhavam seu estilo por toda a Europa e parte da
Ásia, os cristãos (aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo) começaram a criar uma arte simples e
simbólica executada por pessoas que não eram grandes artistas.Surge a arte cristã primitiva.
Os romanos testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma nova era e uma nova filosofia.
Com o surgimento de um "novo reino" espiritual, o poder romano viu-se extremamente abalado e teve início um
período de perseguição não só a Jesus, mas também a todos aqueles que aceitaram sua condição de profeta e
acreditaram nos seus princípios. Esta perseguição marcou a primeira fase da arte paleocristã: a fase
catacumbária, que recebe este nome devido às catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde os
primeiros cristãos secretamente celebravam seus cultos.Nesses locais, a pintura é simbólica.
Para entender melhor a simbologia: Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por um
peixe, pois a palavra peixe, em grego ichtus, forma as iniciais da frase: "Jesus Cristo de Deus Filho Salvador".
Outra forma de simboliza-lo é o desenho do pastor com ovelhas "Jesus Cristo é o Bom Pastor" e também, o
cordeiro "Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus". Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por exemplo:
Arca de Noé; Jonas engolido pelo peixe e Daniel na cova dos leões. Ainda hoje podemos visitar as catacumbas de
Santa Priscila e Santa Domitila, nos arredores de Roma.
Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em 313 d.C. o imperador Constantino legaliza o
cristianismo, dando início à 2a fase da arte paleocristã : a fase basilical.
Tanto os gregos como os romanos, adotavam um modelo de edifício denominado "Basílica" (origem do nome:
Basileu = Juíz) , lugar civil destinado ao comércio e assuntos judiciais. Eram edifícios com grandes dimensões: um
plano retangular de 4 a 5 mil metros quadrados com três naves separadas por colunas e uma única porta na
fachada principal.
Com o fim da perseguição aos cristãos, os romanos cederam algumas basílicas para eles pudessem usar como
local para as suas celebrações.
O mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos, foi o material escolhido para o revestimento interno das
basílicas, utilizando imagens do Antigo e do Novo Testamento. Esse tratamento artístico também foi dado aos
mausoléus e os sarcófagos feitos para os fiéis mais ricos eram decorados com relevos usando imagens de
passagens bíblicas.
Na cidade de Ravena pode-se apreciar o Mausoléu de Gala Placídia e a igreja de Santo Apolinário, o Novo e a
de São Vital com riquíssimos mosaicos.
Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano entre seus dois filhos: Honório e
Arcádio.Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, tendo Roma como sua capital , e Arcádio ficou com o
Império Romano do Oriente, com a capital Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul).
O império Romano do Ocidente sofreu várias invasões, principalmente de povos bárbaros, até que, em 476
d.C., foi completamente dominado(esta data, 476 d.c., marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média). Já
o Império Romano do Oriente (onde se desenvolveu a arte bizantina), apesar das dificuldades financeiras, dos
ataques bárbaros e das pestes, conseguiu se manter até 1453, quando a sua capital Constantinopla foi totalmente
dominada pelos muçulmanos (esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna).
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ARTE BIZANTINA
O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano nos primeiros séculos de nossa era.Por
volta do século IV, começou a invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino a transferir a capital do
Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por Constantinopla.A mudança da capital foi um golpe de
misericórdia para a já enfraquecida Roma; facilitou a formação dos Reinos Bárbaros e possibilitou o aparecimento
do primeiro estilo de arte cristã - Arte Bizantina. Graças a sua localização (Constantinopla) a arte bizantina sofreu
influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico
tanto na técnica como na cor.
A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das suas funções, organizar também as artes,
tornando os artistas meros executores. O regime era teocrático e o imperador possuía poderes administrativos e
espirituais; era o representante de Deus, tanto que se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a
cabeça, e, não raro encontrar um mosaico onde esteja juntamente com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o
Menino Jesus.
O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas,
mas instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores.Plasticamente,
o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e
seguem convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente
e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é
demasiadamente utilizado devido à associação com maior bem existente na terra: o ouro.
A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte bizantina, elas eram planejadas sobre uma
base circular, octogonal ou quadrada imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos totalmente
decorados, como a Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, que foi um dos maiores triunfos
da nova técnica bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, ela possui uma
cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos.Tal método tornou a cúpula extremamente elevada,
sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas
nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos e o chão de mármore polido.
Toda essa atração por decoração aliada a prevenção que os cristãos tinham contra a estatuária que lembrava
de imediato o paganismo romano, afasta o gosto pela forma e conseqüentemente a escultura não teve tanto
destaque neste período.O que se encontra restringe-se a baixos relevos acoplados à decoração.
A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano.Porém, logo
sucedeu-se um período de crise chamado de Iconoclastia.Constituía na destruição de qualquer imagem santa
devido ao conflito entre os imperadores e o clero.
A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade do século XV e boa parte do
século XVI, a arte daquelas regiões onde ainda florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro da arte bizantina.E
essa arte extravasou em muito os limites territoriais do império, penetrando, por exemplo, nos países eslavos.

Um pouco mais de Santa Sofia


"A verdadeira beleza de Santa Sofia, a maior igreja de Constantinopla, capital do Império Bizantino, encontra-
se no seu vasto interior.Um olhar mais atento permite ao visitante ver o trabalho requintado dos artífices
bizantinos no colorido resplandecente dos mosaicos agora restaurados; no mármore profundamente talhado dos
capitéis das colunas das naves laterais, folhas de acantos envolvem o monograma de Justiniano e de sua mulher
Teodora.No alto, sobre um solo de mármore, bordada em filigrama de sombras dos candelabros suspensos,
resplandece a grande cúpula.
Embora a igreja tenha perdido a maior parte da decoração original de ouro e prata, mosaicos e afrescos, há
uma beleza natural na sua magnificência espacial e nos jogos de sombra e luz - um claro-escuro admirável
quando os raios de sol penetram e iluminam o seu interior".

ARTE ISLÂMICA
No ano de 622, o profeta Maomé se exilou (hégira) na cidade de Yatrib e para aquela que desde então se
conhece como Medina (Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De lá, sob a orientação dos califas, sucessores do
profeta, começou a rápida expansão do Islã até a Palestina, Síria, Pérsia, Índia, Ásia Menor, Norte da África e
Espanha. De origem nômade, os muçulmanos demoraram certo tempo para estabelecer-se definitivamente e
assentar as bases de uma estética própria com a qual se identificassem.
Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traços estilísticos dos povos conquistados, que, no
entanto, souberam adaptar muito bem ao seu modo de pensar e sentir, transformando-os em seus próprios sinais
de identidade. Foi assim que as cúpulas bizantinas coroaram suas mesquitas, e os esplêndidos tapetes persas,
combinados com os coloridos mosaicos, as decoraram. Aparentemente sensual, a arte islâmica foi na realidade,
desde seu início, conceitual e religiosa.
No âmbito sagrado evitou-se a arte figurativa, concentrando-se no geométrico e abstrato, mais simbólico do
que transcendental. A representação figurativa era considerada uma má imitação de uma realidade fugaz e
fictícia. Daí o emprego de formas como os arabescos, resultado da combinação de traços ornamentais com
caligrafia, que desempenham duas funções: lembrar o verbo divino e alegrar a vista. As letras lavradas na parede
lembram o neófito, que contempla uma obra feita para deus.
Na complexidade de sua análise, a arte islâmica se mostra, no início, como exclusividade das classes altas e
dos príncipes mecenas, que eram os únicos economicamente capazes de construir mesquitas, mausoléus e
mosteiros. No entanto, na função de governantes e guardiães do povo e conscientes da importância da religião
como base para a organização política e social, eles realizavam suas obras para a comunidade de acordo com os
preceitos muçulmanos: oração, esmola, jejum e peregrinação.
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Arquitetura - As mesquitas (locais de oração) foram construídas entre os séculos VI e VIII, seguindo o modelo
da casa de Maomé em Medina: uma planta quadrangular, com um pátio voltado para o sul e duas galerias com
teto de palha e colunas de tronco de palmeira. A área de oração era coberta, enquanto no pátio estavam as fontes
para as abluções. A casa de Maomé era local de reuniões para oração, centro político, hospital e refúgio para os
mais pobres. Essas funções foram herdadas por mesquitas e alguns edifícios públicos.
No entanto, a arquitetura sagrada não manteve a simplicidade e a rusticidade dos materiais da casa do
profeta, sendo exemplo disso as obras dos primeiros califas: Basora e Kufa, no Iraque, a Cúpula da Roca, em
Jerusalém, e a Grande Mesquita de Damasco. Contudo, persistiu a preocupação com a preservação de certas
formas geométricas, como o quadrado e o cubo. O geômetra era tão importante quanto o arquiteto. Na realidade,
era ele quem realmente projetava o edifício, enquanto o segundo controlava sua realização.
A cúpula de pendentes, que permite cobrir o quadrado com um círculo, foi um dos sistemas mais utilizados na
construção de mesquitas, embora não tenha existido um modelo comum. As numerosas variações locais
mantiveram a distribuição dos ambientes, mas nem sempre conservaram sua forma. As mesquitas transferiram
depois parte de suas funções aos edifícios públicos: por exemplo, as escolas de teologia, semelhantes àquelas na
forma. A construção de palácios, castelos e demais edifícios públicos merece um capítulo à parte.
As residências dos emires constituíram uma arquitetura de segunda classe em relação às mesquitas. Seus
palácios eram planejados num estilo semelhante, pensados como um microcosmo e constituíam o hábitat
privativo do governante. Exemplo disso é o Alhambra, em Granada. De planta quadrangular e cercado de
muralhas sólidas, o palácio tinha aspecto de fortaleza, embora se comunicasse com a mesquita por meio de pátios
e jardins. O aposento mais importante era o diwan ou sala do trono.
Outra das construções mais originais e representativas do Islã foi o minarete, uma espécie de torre cilíndrica
ou octogonal situada no exterior da mesquita a uma altura significativa, para que a voz do almuadem ou muezim
pudesse chegar até todos os fiéis, convidando-os à oração. A Giralda, em Sevilha, era o antigo minarete da
cidade. Outras construções representativas foram os mausoléus ou monumentos funerários, semelhantes
às mesquitas na forma e destinados a santos e mártires.
Tapetes - Os tapetes e tecidos desde sempre tiveram um papel muito importante na cultura e na religião
islâmicas. Para começar, como povo nômade, esses eram os únicos materiais utilizados para decorar o interior
das tendas. À medida que foram se tornando sedentários, as sedas, brocados e tapetes passaram a decorar
palácios e castelos, além de cumprir uma função fundamental nas mesquitas, já que o muçulmano, ao rezar, não
deve ficar em contato com a terra. Diferentemente da tecedura dos tecidos, a do tapete constitui uma unidade em
si mesma. Os fabricados antes do século XVI chamam-se arcaicos e possuem uma trama de 80 000 nós por metro
quadrado. Os mais valiosos são de origem persa e têm 40 000 nós por decímetro quadrado. As oficinas mais
importantes foram as de Shiraz, Tabriz e Isfahan, no Oriente, e Palermo, no Ocidente. Entre os desenhos mais
clássicos estão os de utensílios, de motivos florais, de caça, com animais e plantas, e os geométricos, de
decoração.
Pintura e gráfica - As obras de pintura islâmica são representadas por afrescos e miniaturas. Das primeiras,
muito poucas chegaram até nossos dias em bom estado de conservação. Elas eram geralmente usadas para
decorar paredes de palácios ou de edifícios públicos e representavam cenas de caça e da vida cotidiana da corte.
Seu estilo era semelhante ao da pintura helênica, embora, segundo o lugar, sofresse uma grande influência
indiana, bizantina e inclusive chinesa.
A miniatura não foi usada, como no cristianismo, para ilustrar livros religiosos, mas sim nas publicações de
divulgação científica, para tornar mais claro o texto, e nas literárias, para acompanhar a narração. O estilo era um
tanto estático, esquematizado, muito parecido com o das miniaturas bizantinas, com fundo dourado e ausência de
perspectiva. O Corão era decorado com figuras geométricas muito precisas, a fim de marcar a organização do
texto, por exemplo, separando um capítulo de outro.
Estreitamente ligada à pintura, encontra-se a arte dos mosaicistas. Ela foi herdada de Bizâncio e da Pérsia
antiga, tornando-se uma das disciplinas mais importantes na decoração de mesquitas e palácios, junto com a
cerâmica. No início, as representações eram completamente figurativas, semelhantes às antigas, mas
paulatinamente foram se abstraindo, até se transformarem em folhas e flores misturadas com letras desenhadas
artisticamente, o que é conhecido como arabesco. Assim, complexos desenhos multicoloridos, calculados com
base na simbologia numérica islâmica, cobriam as paredes internas e externas dos edifícios, combinando com a
decoração de gesso das cúpulas. Caligrafias de incrível preciosidade e formas geométricas multiplicadas até o
infinito criaram superfícies de verdadeiro horror ao espaço vazio. A mesma função desempenhava a cerâmica,
mais utilizada a partir do século XII e que atingiu o esplendor na Espanha, onde foram criadas peças de uso
cotidiano.

IDADE MÉDIA
ARTE ROMÂNICA
Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o período histórico conhecido por Idade Média.
Na Idade Média a arte tem suas raízes na época conhecida como Paleocristã, trazendo modificações no
comportamento humano, com o Cristianismo a arte se voltou para a valorização do espírito. Os valores da religião
cristã vão impregnar todos os aspectos da vida medieval. A concepção de mundo dominada pela figura de Deus
proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o centro do universo e a medida de
todas as coisas. A igreja como representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados.
Arquitetura - No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja a estrutura era semelhante às
construções dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são:
* abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
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* pilares maciços que sustentavam e das paredes espessas;


* aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
* torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e
* arcos que são formados por 180 graus.
A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas são sempre grandes e
sólidas. Daí serem chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as formas volumosas, estilizadas
e duras dessas igrejas é o fato da arte românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das idéias
desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo essencialmente clerical. A arte desse período passa, assim a ser
encarada como uma extensão do serviço divino e uma oferenda à divindade.
A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário que
começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar do tempo, o
terreno cedeu.
Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, duras e primitivas.
Pintura e escultura - Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura
para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da
arquitetura.
A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, através da técnica do afresco,
que originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida.
Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características essenciais da pintura românica
foram a deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação
mística que os artistas faziam da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que
o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de
luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza.
Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede semicircular que
fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas rudes, curtas ou
alongadas, ausência de movimentos naturais.
Mosaico - A técnica da decoração com mosaico, isto é, pequeninas pedras, de vários formatos e cores, que
colocadas lado a lado vão formando o desenho, conheceu seu auge na época do românico. Usado desde a
Antigüidade, é originária do Oriente onde a técnica bizantina utilizava o azul e dourado, para representar o próprio
céu.

ARTE GÓTICA
No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia fundamentada no comércio. Isso faz com que
o centro da vida social se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana. No começo do século
XII, a arquitetura predominante ainda é a românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que
conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir grandes edifícios.
Arquitetura - A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto, de
modo geral, a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à três
naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.
A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo
se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas
igrejas góticas.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as
igrejas construídas entre os séculos XII e XIV.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais
coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de
Chartres.
Escultura - As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto, demonstrando verticalidade,
alongamento exagerado das formas, e as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer
facilmente a personagem representada, exercendo a função de ilustrar os ensinamentos propostos pela igreja..
Iluminura - Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não fora ainda
inventada, ou então é um privilégio da quase mítica China). O desenvolvimento de tal gênero está ligado à difusão
dos livros ilustrados patrimônio quase exclusivo dos mosteiros: no clima de fervor cultural que caracteriza a arte
gótica, os manuscritos também eram encomendados por particulares, aristocratas e burgueses. É precisamente
por esta razão que os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos
em formatos manejáveis.
Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de expressão também nos objetos preciosos e
nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre as páginas. Ao realizar
essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras
maiúsculas com que se iniciava um texto..
Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas conclusões: a primeira é a compreensão do
caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das obras
copiadas, a segunda é que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação
do espaço tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que seus trabalhos acabaram influenciando
outros pintores.
Pintura - A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a
ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura o
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realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas
religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado
para cima, em direção ao plano celeste.
Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento
(Duocento):
* Giotto - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com seres humanos
de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das cenas que
pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma
visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento.
Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e Retiro de São Joaquim entre os
Pastores.
* Jan Van Eyck - procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua
época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar os detalhes e as paisagens.
Obras destacadas: O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.

IDADE MODERNA
RENASCIMENTO
O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650.
Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis
realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do
humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de
uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado agora
como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a
valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que
haviam impregnado a cultura da Idade Média.
Características gerais:
* Racionalidade
* Dignidade do Ser Humano
* Rigor Científico
* Ideal Humanista
* Reutilização das artes greco-romana
* Perspectiva (ilusão de profundidade)
Arquitetura - Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em relações
matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que o organiza, de qualquer
ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do espaço, possui o segredo do
edifício” (Bruno Zevi, Saber Ver a Arquitetura)
Principais características:
* Ordens Arquitetônicas
* Arcos de Volta-Perfeita
* Simplicidade na construção
* A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e passam a ser autônomas
* Construções; palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora da cidade), fortalezas (funções militares)
O principal arquiteto renascentista:
Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renascentista, pois foi pintor, escultor e arquiteto. Além de
dominar conhecimentos de Matemática, Geometria e de ser grande conhecedor da poesia de Dante. Foi como
construtor, porém, que realizou seus mais importantes trabalhos, entre eles a cúpula da catedral de Florença e a
Capela Pazzi.
Pintura - Principais características:
* Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os
objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria.
* Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a
sugestão de volume dos corpos.
* Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa
a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma
realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
* Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
* Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras
arquitetônicas, tornam-se manifestações independentes.
* Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de
liberdade e, conseqüentemente, pelo individualismo.
Os principais pintores foram:
Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de
expressar seu ideal de beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas
de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem
que perderam esse dom de Deus. Obras destacadas: A Primavera e O Nascimento de Vênus.
Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo expressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera
que parte da realidade mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um espírito versátil que o
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tornou capaz de pesquisar e realizar trabalhos em diversos campos do conhecimento humano. Obras destacadas:
A Virgem dos Rochedos e Monalisa.
Michelângelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do teto da Capela Sistina, no Vaticano. Para essa
capela, concebeu e realizou grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre tantas que expressam a
genialidade do artista, uma particularmente representativa é a criação do homem. Obras destacadas: Teto da
Capela Sistina e a Sagrada Família
Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento de ordem e segurança, pois os elementos que
compõem seus quadros são dispostos em espaços amplo, claros e de acordo com uma simetria equilibrada. Foi
considerado grande pintor de “Madonas”. Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Manhã.
Escultura - Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma, esta adquire o seu
prestígio. Protetores das artes, os papas deixam o palácio de Latrão e passam a residir no Vaticano. Ali, grandes
escultores se revelam, o maior dos quais é Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século XVI.
Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá. Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio.
Trabalhou em ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua escultura. Obra destacada: Davi (1,26m) em
bronze. Principais Características:
* Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
* Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
* Profundidade e perspectiva
* Estudo do corpo e do caráter humano
O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos artistas que nacionalizaram as idéias italianas.
São eles:
* Dürer * Hans Holbein
* Bosch * Bruegel
Para seu conhecimento
a) A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV (retangular 40 x 13 x 20 altura). E é na própria Capela
que se faz o Conclave: reunião com os cardeais após a morte do Papa para proceder a eleição do próximo.
Lareira que produz fumaça negra - que o Papa ainda não foi escolhido; fumaça branca - que o Papa acaba de
ser escolhido, avisa o povo na Praça de São Pedro, no Vaticano
b) Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano maravilhosamente bem, pois tendo
dissecado cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a posição de cada
músculo, cada tendão, cada veia. Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas
invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um
modelo de asa-delta, etc.
c) Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não conseguimos desgrudar os olhos do seu olhar,
parece que ele nos persegue. Por que acontece isso? Será que seus olhos podem se mexer? Este quadro foi
pintado, pelo famoso artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) e qual será o truque que ele
usou para dar esse efeito? Quando se pinta uma pessoa olhando para a frente (olhando diretamente para o
espectador) tem-se a impressão que o personagem do quadro fixa seu olhar em todos. Isso acontece porque
os quadros são lisos. Se olharmos para a Monalisa de um ou de outro lado estaremos vendo-a sempre com os
olhos e a ponta do nariz para a frente e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está o truque em qualquer
ângulo que se olhe a Monalisa a veremos sempre de frente.
d) Mecenas – patrocinadores dos artistas, burgueses, aristocratas, clero, corporações.

MANEIRISMO
Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520 até por volta de 1610, um
movimento artístico afastado conscientemente do modelo da antiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em
italiano, significa maneira). Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes
começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos. Alguns historiadores o
consideram uma transição entre o renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo,
propriamente dito. O certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que
entra em decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam renovar e
desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento. Uma de suas fontes principais de
inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava
dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói
Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a
principal e única medida do universo. Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a
outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um espírito totalmente
diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem dúvida, a marca
inconfundível do estilo maneirista. Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades
européias.
Arquitetura - A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços
mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado,
típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo
introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.
Principais características:
a) Nas igrejas:
· Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na maior parte das
vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade.
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· Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração mais característica
desse estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que
confunde a vista.
b) Nos ricos palácios e casas de campo:
· Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre o quadrado disciplinado do
renascimento.
· A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado
estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação.
Principais Artistas:
BARTOLOMEO AMMANATI , (1511-1592), Autor de vários projetos arquitetônicos por toda a Itália, tais como: a
construção do túmulo do conde de Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa na Porta del Popolo. a fonte da
Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com
base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras
de arte, legou a eles todos os seus bens.
GIORGIO VASARI, (1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra literária Le Vite (As Vidas), na qual, além de
fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel, mas muito interessante sobre os
grandes artistas da época, sem deixar de fazer comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob a
proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras significativas: os afrescos do palácio Cornaro.
Vasari também trabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias,
publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de sua vida
em Florença, dedicado à arquitetura.
PALLADIO, (1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se reflete na totalidade de sua obra
arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhas e a harmonia das proporções
preponderam sobre o decorativo, reduzido a uma expressão mínima. Somente dez anos depois iria se dedicar à
arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode
dizer que Palladio tenha sido um arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um dos mais importantes desse
período. A obra de Palladio foi uma referência obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do barroco.
Pintura - É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda
década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar
uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte. Principais características :
a) Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é
a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente.
b) Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem-torneados do renascimento. Os
músculos fazem agora contorsões absolutamente impróprias para os seres humanos.
c) Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes.
d) A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis.
e) Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto
da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo.
Principal Artista:
EL GRECO, (1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas bizantinas com o desenho e o colorido da pintura
veneziana e a religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra não foi totalmente compreendida por seus
contemporâneos. Nascido em Creta, acredita-se que começou como pintor de ícones no convento de Santa
Catarina, em Cândia. De acordo com documentos existentes, no ano de 1567 emigrou para Veneza, onde
começou a trabalhar no ateliê de Ticiano, com quem realizou algumas obras. Depois de alguns anos de
permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade de Toledo, onde trabalhou praticamente com exclusividade
para a corte de Filipe II, para os conventos locais e para a nobreza toledana. Entre suas obras mais importantes
estão O Enterro do Conde de Orgaz, a meio caminho entre o retrato e a espiritualidade mística. Homem com a
Mão no Peito, O Sonho de Filipe II e O Martírio de São Maurício. Esta última lhe custou a expulsão da corte.
Escultura - Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se
o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as
características da arquitetura e da pintura. Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as
superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão
característica do espírito maneirista. Principais características:
a) A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num
equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por contorsões extremadas e exagerado alongamento dos
músculos.
b) O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que elas
compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a
graciosidade de todo o conjunto.
Principais Artistas:
BARTOLOMEO AMMANATI, (1511-1592), Realizou trabalhos em várias cidades italianas. Decorou também o
palácio dos Mantova e o túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com quem se casou, e
juntos se mudaram para Roma a pedido do papa Júlio II, que incumbiu-o da construção de sua villa na Porta del
Popolo. Começaram assim seus primeiros passos como arquiteto. No ano de 1555, com a morte do papa, voltou
para Florença, onde venceu um concurso para a construção da fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela
arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade ideal.
De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.
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GIAMBOLOGNA, (1529-1608), De origem flamenga, Giambologna deu seus primeiros passos como escultor na
oficina do francês Jacques Dubroecq. Poucos anos depois mudou-se para Roma, onde se supõe que teria
colaborado com Michelangelo em muitas de suas obras. Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos
Medici. O Rapto das Sabinas, Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre as obras mais importantes desse
período. Participou também de um concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou uma de suas mais
célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande
conhecedor da técnica de despejar os metais, como demonstram suas esculturas de bronze. Giambologna está
para o maneirismo como Michelangelo está para o renascimento.

BARROCO
A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a
chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As obras barrocas
romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas
procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da
arte renascentista. É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa
angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e
tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria. Suas características gerais são:
* emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio
segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio.
* busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
* entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
* violentos contrastes de luz e sombra;
* pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade
conseguida.
Pintura - Características da pintura barroca:
* Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido,
substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
* Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a
sensação de profundidade.
* Realista, abrangendo todas as camadas sociais.
* Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.
DENTRE OS PINTORES BARROCOS :
CARAVAGGIO - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não
aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do
observador. Obra destacada: Vocação de São Mateus.
ANDREA POZZO - realizou grandes composições de perspectiva nas pinturas dos tetos das igrejas barrocas,
causando a ilusão de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de
onde santos e anjos convidam os homens para a santidade.
Obra destacada: A Glória de Santo Inácio.
A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores mais representativos, de outros países da
Europa, temos:
VELÁZQUEZ - além de retratar as pessoas da corte espanhola do século XVII procurou registrar em seus quadros
também os tipos populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da
história. Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.
RUBENS (ESPANHOL) - além de um colorista vibrante, se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das
linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus quadros, é geralmente,
no vestuário que se localizam as cores quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a
luminosidade da pele clara das figuras humanas. Obra destacada: O Jardim do Amor.
REMBRANDT (HOLANDÊS) - o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o
contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de
luminosidade mais intensa. Obra destacada: Aula de Anatomia.
Escultura - Suas características são: o predomínio das linhas curvas, dos drapeados das vestes e do uso do
dourado; e os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma dramaticidade
desconhecida no Renascimento.
BERNINI - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas obras serviram de elementos decorativos
das igrejas, como, por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na Basílica de São Pedro, no
Vaticano. Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de Santa Teresa.
Para seu conhecimento
a) Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para designar pérolas de forma irregular.
b) Conteúdos: história sacra e antiga, cenas de batalhas, mitologia e retratos.

ROCOCÓ
Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que
aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.
Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o
advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na
Prússia e em Portugal.
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Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes galantes) e da mitologia,
pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal
em ornatos e molduras.
O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de conchas e
fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas artificiais.
Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI. Características gerais:
· Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e
flores.
· Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante.
Arquitetura - Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e da arquitetura
pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma para Paris.
Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo
decorativo. Principais características:
a) Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os interiores por meio de numerosas
janelas e o relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
b) A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com maior graça e intimidade.
Principal Artista:
JOHANN MICHAEL FISCHER, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de Ottobeuren, marco do rococó
bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera. Restaurou dezenas de
igrejas, mosteiros e palácios.
Escultura - Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do que ocorreu na arquitetura,
não é possível traçar uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer estilisticamente.
Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitetura que se manifesta o espírito
rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência própria e
individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas.
Principais Artistas:
JOHANN MICHAEL FEICHTMAYR, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo de famílias de mestres
da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho, obras-primas dos
interiores rococós.
IGNAZ GÜNTHER, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores representantes do estilo rococó na Alemanha.
Suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a seguir policromadas. "Anunciação", "Anjo da guarda",
"Pietà".
Pintura - Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve pequeno impacto na
escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio político e cultural
da França sobre o resto da Europa, apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.
Principais Artistas:
ANTOINE WATTEAU, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo
bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do
século XIX.
FRANÇOIS BOUCHER, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de deusas
e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre
descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande perfeição no
desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").
JEAN-HONORÉ FRAGONARD , (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se
principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos
expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do
impressionismo.
Para seu conhecimento:
a) Rococó: palavra rocaille (concha), elemento constante, profusamente usado e caprichosamente estilizado,
donominação posterior ao estilo (1830); tirada do vocabulário das artes decorativas.
b) Os ambientes parecem de inspiração feminina, onde o decorativismo é livre de normas, onde a fantasia alcança
a graça de curvas, contra curvas, a infalível concha estilizada de diversas maneiras.
c) Em todos os estilos anteriores, os elementos ornamentais eram acréscimos decorativos, subordinados a
elementos construtivos. No rococó são organismos independentes – causam as transformações dos interiores:
somem os ângulos retos formados por paredes e tetos, surgem as curvas sob delicados ornamentos. As paredes
se cobrem de espelhos, elementos florais, treliças e pinturas. Salões revestidos também com porcelanas; surge o
gosto pelo exótico oriental (chinês e japonês).

IDADE CONTEMPORÂNEA
NEOCLASSICISMO
Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma nova tendência estética
predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do Neoclassicismo (neo = novo), que expressou os
valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da Sociedade européia após a
Revolução Francesa e principalmente com o Império de Napoleão. Principais características:
* retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos;
* academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas escolas ou
academias de belas-artes;
* arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles.
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Arquitetura - Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos
templos greco-romanos ou o das edificações do Renascimento italiano. Exemplos dessa arquitetura são a igreja de
Santa Genoveva, transformada depois no Panteão Nacional, em Paris, e a Porta do Brandemburgo, em Berlim. Os
edifícios proliferaram com abundância na Europa, América Latina e do Norte (inclusive no Brasil) e Rússia.
Pintura - A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na pintura
renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição.
Características da pintura:
* Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.
* Exatidão nos contornos
* Harmonia do colorido
Principais Artistas:
JACQUES-LOUIS DAVID - foi considerado o pintor da Revolução Francesa, mais tarde, tornou-se o pintor oficial
do Império de Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do imperador.
Suas obras geralmente expressam um vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções. Obra
destacada: Bonaparte atravessando os Alpes e Morte de Marat.
INGRES - sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens, mas a
crítica moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da classe
burguesa do seu tempo, principalmente no gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade. Obra
destacada: Banhista de Valpinçon.
NO BRASIL = PEDRO AMÉRICO / VITOR MEIRELLES
Para seu conhecimento
a) Forte influência da arquitetura neoclássica foi a descoberta arqueológica das cidades italianas de Pompéia e
Herculano que, no ano de 79 a.C., foram cobertas pelas lavas do vulcão Vesúvio. Diante daquelas construções,
num erro de interpretação, os historiadores de arte acreditavam que os edifícios gregos eram recobertos com
mármore branco, ocasionando a construção de tantos edifícios brancos. Exemplo: Casa Branca dos Estados
Unidos.
b) As convenções técnicas e expressivas são as mesmas adotadas em todos os países, o que impede, dificulta ou
mesmo desvirtuam a afirmação de peculiaridades individuais e nacionais dos artistas.
c) Conteúdos: mitológicos, história sagrada e antiga, épicos.

ROMANTISMO
O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por acontecimentos do final
do século XVIII que foram a Revolução Industrial que gerou novos inventos com o objetivo de solucionar os
problemas técnicos decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão do trabalho e o início da
especialização da mão-de-obra, e pela Revolução Francesa que lutava por uma sociedade mais harmônica, em
que os direitos individuais fossem respeitados, traduziu-se essa expectativa na Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão. Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se complexa.
Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da
personalidade do artista. Características gerais:
* a valorização dos sentimentos e da imaginação;
* o nacionalismo;
* a valorização da natureza como princípios da criação artística; e
* os sentimentos do presente tais como: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Arquitetura e Escultura - A escultura e a arquitetura registram pouca novidade. Observa-se, grosso modo, a
permanência do estilo anterior, o neoclássico. Vez por outra retomou-se o estilo gótico da época medieval,
gerando o neogótico. Há um ecletismo: gótico para fachadas, barroco para igrejas, clássico para museus e
palácios. Na escultura, inspiração helenística, domínio da massa. Obra Destacada: Edifício do Parlamento Inglês.
Pintura - Características da pintura:
* Aproximação das formas barrocas;
* Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo ao observador;
* Valorização das cores e do claro-escuro;
* Dramaticidade
* Pinceladas espontâneas, vigorosas, pastosas, rugosidades, asperezas.
Temas da pintura:
* Fatos reais da história nacional e contemporânea da vida dos artistas;
* Natureza revelando um dinamismo equivalente as emoções humanas; e
* Mitologia Grega
Principais artistas:
GOYA - Nasceu no pequeno povoado de Fuendetodos, Espanha, em 1746. Morreu em Bordeaux, em 1828. Goya
e sua mitologia povoada por sonhos e pesadelos, seres deformados, tons opressivos. Senhor absoluto da
caricatura do seu tempo. Trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da corte espanhola e de pessoas
do povo, os horrores da guerra, a ação INCOMPREENSÍVEL DE MONSTROS, CENAS HISTÓRICAS E AS LUTAS PELA
LIBERDADE. OBRA DESTACADA: OS FUZILAMENTOS DE 3 DE MAIO DE 1808.
TURNER - representou grandes movimentos da natureza, mas por meio do estudo da luz que a natureza reflete,
procurou descrever uma certa atmosfera da paisagem. Uma das primeiras vezes que a arte registra a presença da
máquina (locomotiva). OBRAS DESTACADAS: CHUVA, VAPOR E VELOCIDADE E O GRANDE CANAL, VENEZA.
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DELACROIX - suas obras apresentam forte comprometimento político, e o valor da pintura é assegurada pelo
uso das cores, das luzes e das sombras, dando-nos a sensação de grande movimentação. Representava assuntos
abstratos personificando-os. Obras destacadas: A Liberdade guiando o povo e Agitação de Tânger.
Para seu conhecimento:
a) A palavra romantismo designa uma maneira de se comportar, de agir, de interpretar a realidade. O
comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, por uma atitude emotiva diante das coisas e esse
comportamento pode ocorrer em qualquer tempo da história.
b) Romantismo designa uma tendência geral da vida e da arte; portanto, nomeia um sistema, um estilo
delimitado no tempo. Há uma visão científica e dinamismo universal, restaura a liberdade individual, representa a
transformação e o sentimento de novas classes sociais, elege-se o sentimento e a imaginação como fontes
artísticas criadoras.

REALISMO
Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura francesa, uma nova tendência estética
chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O homem europeu,
que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza,
convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões
subjetivas e emotivas da realidade. São características gerais:
* o cientificismo
* a valorização do objeto
* o sóbrio e o minucioso
* a expressão da realidade e dos aspectos descritivos
Arquitetura - Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas,
criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas,
estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto
para a nova burguesia. É uma arquitetura racional, orgânica, funcional. Usam-se novos materiais: vidro, cimento,
ferro, concreto. Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz". Em
Chigago, edifica-se o primeiro arranha-céu (Home Insurance Buildning).
Escultura - AUGUSTE RODIN - não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar
os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas
vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de
um gesto humano. Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.
Pintura - Características da pintura:
* Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza,
ou seja o pintor buscava representar o mundo de maneira documental;
* Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é; e.
* Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.
Temas da pintura:
* Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injusta; a arte
manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
* Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a
opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas - o povo, em resumo - tornaram-se assunto
freqüente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que
pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da
pintura romântica.
Principais pintores:
COURBET - foi considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar em suas telas temas da
vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos
homens mais pobres da sociedade no século XIX. Obra destacada: Moças Peneirando o Trigo.
JEAN-FRANÇOIS MILLET, sensível observador da vida campestre, criou uma obra realista na qual o principal
elemento é a ligação atávica do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito
pela natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram,
mais tarde, Pissarro e Van Gogh. É o caso, por exemplo, "Angelus".
Para seu conhecimento
a) Courbet dizia: "Sou democrata, republicano, socialista, realista, amigo da verdade e verdadeiro"
b) A palavra realismo designa uma maneira de agir, de interpretar a realidade. Esse comportamento caracteriza-
se pela objetividade, por uma atitude racional das coisas pode ocorrer em qualquer tempo da história. O termo
Realismo significa um estilo de época que predominou na segunda metade do século XIX.
c) O artista desse período é politizado, tem liberdade total de criação e os maiores valores são considerados
rebeldes, anti-acadêmicos e anti-românticos.
d) Formula-se o socialismo científico ou marxista com a publicação do Manifesto Comunista, em 1848, de autoria
de MARX e ENGELS.

IMPRESSIONISMO
O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início às
grandes tendências da arte do século XX. Havia algumas considerações gerais, muito mais práticas do que
teóricas, que os artistas seguiam em seus procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizaram a
pintura impressionista.
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Principais características da pintura:


* A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado
momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol.
* As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para representar
imagens.
* As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou
pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado.
* Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim, um
amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro
tão valorizado pelos pintores barrocos.
* As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem
ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina
as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se óptica.
A primeira vez que o público teve contato com a obra dos impressionistas foi numa exposição coletiva
realizada em Paris, em abril de 1874. Mas o público e a crítica reagiram muito mal ao novo movimento, pois ainda
se mantinham fiéis aos princípios acadêmicos da pintura.
Principais artistas:
CLAUDE MONET - incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários motivos em diversas horas do dia,
afim de estudar as mutações coloridas do ambiente com sua luminosidade. Obras DESTACADAS: MULHERES NO
JARDIM E A CATEDRAL DE ROUEN EM PLENO SOL.
AUGUSTE RENOIR - foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e chegou mesmo a ter o
reconhecimento da crítica, ainda em vida. Seus quadros manifestam otimismo, alegria e a intensa movimentação
da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e
sensualidade, preferia os nus ao ar livre, as composições com personagens do cotidiano, os retratos e as
naturezas mortas. Obras Destacadas: Baile do Moulin de la Galette e La Grenouillière.
EDGAR DEGAS - sua formação acadêmica e sua admiração por Ingres fizeram com que valorizasse o desenho e
não apenas a cor, que era a grande paixão do Impressionismo. Além disso, foi pintor de poucas paisagens e cenas
ao ar livre. Os ambientes de seus quadros são interiores e a luz é artificial. Sua grande preocupação era flagrar
um instante da vida das pessoas, aprender um momento do movimento de um corpo ou da expressão de um
rosto. Adorava o teatro de bailados. Obra Destacada: O Ensaio.
SEURAT - Mestre no pontilhismo. Obra Destacada: Tarde de Domingo na Ilha Grande Jatte.
No Brasil, destaca-se o pintor Eliseu Visconti, ele já não se preocupa mais em imitar modelos clássicos; procura,
decididamente, registrar os efeitos da luz solar nos objetivos e seres humanos que retrata em suas telas. Ganhou
uma viagem à Europa, onde teve contato com a obra dos impressionistas. A influência que recebeu desses
artistas foi tão grande que ele é considerado o maior representante dessa tendência na pintura brasileira. Obra
destacadas são: Trigal e Maternidade.
Para seu conhecimento
- O quadro Mulheres no Jardim, de Monet, foi pintado totalmente ao ar livre e sempre com a luz do sol. São cenas
do jardim da casa do artista.
- O movimento impressionista foi idealizado nas reuniões com seus principais pintores e elas aconteciam no
estúdio fotográfico.
Pós-impressionismo –Influenciados pelos conhecimentos científicos sobre a refração da luz, os neo-
impressionistas criam o pontilhismo ou divisionismo. Os tons são divididos em semitons e lançados na tela em
pequeninos pontos visíveis de perto, que se fundem na visão do espectador de acordo com a distância em que se
coloca. A preocupação em captar um instante dá lugar ao interesse pela fixação das cenas obtida pela subdivisão
das cores. Como resultado, elas tendem a exibir um caráter estático. Um exemplo é Uma Tarde de Domingo na
Ilha da Grande-Jatte, de Seurat.
Embora inicialmente ligado ao impressionismo, Cézanne desenvolve uma pintura que será precursora do
cubismo. Van Gogh alia-se ao expressionismo, enquanto Gauguin dá ao impressionismo uma dimensão simbólica
que influencia o simbolismo e o expressionismo.
Música –As idéias do impressionismo são adotadas pela música por volta de 1890, na França. As obras se
propõem a descrever imagens e várias peças têm nomes ligados a paisagens, como Reflexos na Água, do
compositor francês Claude Debussy (1862-1918), pioneiro do movimento.
O impressionismo abandona a música tonal - estruturada a partir da eleição de uma das 12 notas da escala
(as sete básicas e os semitons) - como principal. Sustenta-se nas escalas modais (definidas a partir da
recombinação de um conjunto de notas eleito como básico para as melodias de uma cultura) vindas do Oriente,
da música popular européia e da Idade Média.
A obra de Debussy é marcada por sua proximidade com poetas do simbolismo. Prelúdio para a Tarde de um
Fauno, considerado marco do impressionismo musical, ilustra um poema do simbolista Stéphane Mallarmé. Na
ópera, Debussy rejeita o formalismo e a linearidade, como em Pelléas et Mélisande. Outro grande nome é o
francês Maurice Ravel (1875-1937), autor de A Valsa e Bolero.
IMPRESSIONISMO NO BRASIL –Nas artes plásticas há tendências impressionistas em algumas obras de Eliseu
Visconti (1866-1944), Georgina de Albuquerque (1885-1962) e Lucílio de Albuquerque (1877-1939). Uma das
telas de Visconti em que é evidente essa influência é Esperança (Carrinho de Criança), de 1916. Características
pós-impressionistas estão em obras de Eliseu Visconti, João Timóteo da Costa (1879-1930) e nas primeiras telas
de Anita Malfatti, como O Farol (1915).
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EXPRESSIONISMO
O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando”
sentimentos humanos. Utilizando cores patéticas, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à
miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. Predominância dos valores
emocionais sobre os intelectuais. Principais características:
* pesquisa no domínio psicológico;
* cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
* dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
* pasta grossa, martelada, áspera;
* técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões;
* preferência pelo patético, trágico e sombrio
OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento ”Pós Impressionista”. Os
pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-los mais longe. Os três primeiros
pintores abaixo estão incluídos nessa designação.
Principais artistas:
GAUGUIN - Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com os pais para a França, mais precisamente
para Orléans. Em 1887 entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de valores. Aos 35 anos tomou a
decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e
boemia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Sua obra,
longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou
Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Navis,
que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida. Suas
primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele
consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu
famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente. No ano
de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa.
Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo
natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância
representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma
exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique.
Obra Destacada: Jovens Taitianas com Flores de Manga.
CÉZANNE - sua tendência foi converter os elementos naturais em figuras geométricas - como cilindros, cones e
esferas - acentua-se cada vez mais, de tal forma que se torna impossível para ele recriar a realidade segundo
“impressões” captadas pelos sentidos. Obras Destacadas: Castelo de Médan e Madame Cézanne.
VICENT VAN GOGH - empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da natureza através
da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se pelo trabalho
de Gauguim, principalmente pela sua decisão de simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar
zonas de cores bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul da França, onde passou a
pintar ao ar livre. O sol intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente
de qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então pelas
cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a função de representar emoções.
Entretanto ele passou por várias crises nervosas e, depois de internações e tratamentos médicos, dirigiu-se, em
maio de 1890, para Anvers, uma cidade tranqüila ao norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou
cerca de oitenta telas com cores fortes e retorcidas. Em julho do mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma obra
plástica composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo
público nem pelo críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros passos em direção à arte moderna,
nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio de uma explosão de cores. Obras
Destacadas: Trigal com Corvos e Café à Noite.
TOULOUSE-LAUTREC - Pintava temas pertencentes à vida noturna de Paris, e também foi responsável pelos
cartazes das artistas que se apresentavam no Moulin Rouge. Boêmio, morreu jovem. Obra Destacada: Ivette
Guilbert que Saúda o Público.
MUNCH - foi um dos primeiros artistas doséculo XX que conseguiu conceder às cores um valor simbólico e
subjetivo, longe das representações realistas. Seus quadros exerceram grande influência nos artistas do grupo Die
Brücke, que conheciam e admiravam sua obra. Nascido em Loten, Noruega, em 1863, Munch iniciou sua formação
na cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a Paris, na qual conheceu Gauguin, Toulouse-
Lautrec e Van Gogh. Em seu regresso, foi convidado a participar da exposição da Associação
de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se especializar em gravações e litografias, realizando
trabalhos para a Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos Independentes. A partir de 1907,
morou na Alemanha, onde, além de exposições, realizou cenários. Passou seus últimos anos em Oslo, na
Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito (1889). O Grito é um exemplo dos temas que
sensibilizaram os artistas ligados a essa tendência. Nela a figura humana não apresenta sua linhas reais mas
contorce-se sob o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte,
conduzem o olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito perturbador. Perseguido pela
tragédia familiar, Munch foi um artista determinado a criar "pessoas vivas, que respiram e sentem, sofrem e
amam". Recusou o banal, as cenas interiores pacíficas, comuns na sua época. A dor e o trágico permeiam seus
quadros.
KIRCHNER - foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e
fauvismo, o pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de
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contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído seus estudos
de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner continuou sua formação na cidade de Munique. Pouco tempo depois
reuniu-se com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com os quais, motivados pela leitura de Nietzsche,
fundou o grupo Die Brücke (A Ponte, numa referência à frase do escritor: “...a ponte que conduz ao super-
homem”). Veio então a época em que os pintores se reuniam numa casa de veraneio
em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os quadros mais
ousados de paisagens e nus, bem como cenas circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a
guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram do ferimento, voltou a pintar ao ar
livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando finalmente sua contribuição para a arte alemã foi reconhecida, foi
nomeado membro da academia de Berlim, em 1931, para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua obra
ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica
uma realidade de pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra, seus quadros se
transformaram num amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto de uma profunda
tristeza.No final de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos
museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.
PAUL KLEE - considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista. Convencido de que a
realidade artística era totalmente diferente da observada na natureza, este pintor dedicou-se durante toda sua
carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. A exemplo de Kandinski, Klee estudou com o
mestre Von Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em contato com os pintores da Nova
Associação de Artistas e finalmente uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter. Em 1912 viajou para Paris,
onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: "A
cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento". Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, em
sua primeira viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na terracota deixaram
sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter quase
surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Entre eles merecem ser mencionados
Anatomia de Afrodite, Demônios, Flores Noturnas e Villa R. Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra,
Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na primeira
exposição dos surrealistas. Paralelamente, começou a trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na
escola da Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida aconteceu em
Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos escritos que resumem seu
pensamento artístico.
AMADEO MODIGLIANI - iniciou sua formação como pintor no ateliê de Micheli, em Livorno, sua cidade natal.
Em 1902 entrou na Academia de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três anos depois mudou-se para
Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi. Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo,
Picasso e Braque. Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu
então suas primeiras esculturas motivado pelas peças de arte africana chegadas à França das colônias. Esse
aspecto de máscara foi uma das constantes nos seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os
cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a revalorização da cor e o
estudo das formas puras. Sua visão tão subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas cores o aproximam
mais do reduzido grupo de expressionistas franceses, composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se
muito bem dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo misteriosa, pertence, juntamente com a
dos mestres Cézanne e Van Gogh, para citar alguns, à dos gênios solitários.
Grupos expressionistas –O expressionismo vive seu auge a partir da fundação de dois grupos alemães: o
Die Brücke (A Ponte), em Dresden, que faz sua primeira exposição em 1905 e dura até 1913; e o Der Blaue Reiter
(O Cavaleiro Azul), em Munique, ativo de 1911 a 1914. Os artistas do primeiro grupo, como os alemães Ernst
Kirchner (1880-1938) e Emil Nolde (1867-1956), são mais agressivos e politizados. Com cores quentes,
produzem cenas místicas e paisagens de atmosfera pesada. Os do segundo grupo, entre eles o russo Vassíli
Kandínski (1866-1944), o alemão August Macke (1887-1914) e o suíço Paul Klee (1879-1940), voltam-se para a
espiritualidade. Influenciados pelo cubismo e futurismo, deixam as formas figurativas e caminham para a
abstração. Na América Latina, o expressionismo é principalmente uma via de protesto político. No México, o
destaque são os muralistas, como Diego Rivera (1886-1957).
A última grande manifestação de protesto expressionista é o painel Guernica, do espanhol Pablo Picasso. Retrata
o bombardeio da cidade basca de Guernica por aviões alemães durante a Guerra Civil Espanhola. A obra mostra
sua visão particular da angústia do ataque, com a sobreposição de figuras, como um cavalo morrendo, uma
mulher presa em um edifício em chamas, uma mãe com uma criança morta e uma lâmpada no plano central.
Cinema –Os filmes produzidos na Alemanha após a I Guerra Mundial são sombrios e pessimistas, com cenários
fantasmagóricos, exagero na interpretação dos atores e nos contrastes de luz e sombra. A realidade é distorcida
para expressar conflitos interiores dos personagens. Um exemplo é O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene
(1881-1938), que marca o surgimento do expressionismo no cinema alemão em 1919. Filmes como Nosferatu, de
Friedrich Murnau (1889-1931), e Metrópolis, de Fritz Lang (1890-1976), traduzem as angústias e as frustrações
do país em plena crise econômica e social. O nazismo, que domina a Alemanha a partir de 1933, acaba com o
cinema expressionista. Passam a ser produzidos apenas filmes de propaganda política e de entretenimento.
Literatura –O movimento é marcado por subjetividade do escritor, análise minuciosa do subconsciente dos
personagens e metáforas exageradas ou grotescas. Em geral, a linguagem é direta, com frases curtas. O estilo é
abstrato, simbólico e associativo.
O irlandês James Joyce, o inglês T.S. Eliot (1888-1965), o tcheco Franz Kafka e o austríaco Georg Trakl (1887-
1914) estão entre os principais autores que usam técnicas expressionistas.
Música –Intensidade de emoções e distanciamento do padrão estético tradicional marcam o movimento na
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música. A partir de 1908, o termo é usado para caracterizar a criação do compositor austríaco Arnold Schoenberg
(1874-1951), autor do método de composição dodecafônica. Em 1912 compõe Pierrot Lunaire, que rompe
definitivamente com o romantismo. Schoenberg inova com uma música em que todos os 12 sons da escala de dó
a dó têm igual valor e podem ser dispostos em qualquer ordem a critério do compositor.
Teatro –Com tendência para o extremo e o exagero, as peças são combativas na defesa de transformações
sociais. O enredo é muitas vezes metafórico, com tramas bem construídas e lógicas. Em cena há atmosfera de
sonho e pesadelo e os atores se movimentam como robôs. Foi na peça expressionista R.U.R., do tcheco Karel
Capek (1890-1938), que se criou a palavra robô. Muitas vezes gravações de monólogos são ouvidas
paralelamente à encenação para mostrar a realidade interna de um personagem.
A primeira peça expressionista é A Estrada de Damasco (1898-1904), do sueco August Strindberg (1849-
1912). Entre os principais dramaturgos estão ainda os alemães Georg Kaiser (1878-1945) e Carl Sternheim
(1878-1942) e o norte-americano Eugene O'Neill (1888-1953).
EXPRESSIONISMO NO BRASIL –Nas artes plásticas, os artistas mais importantes são Candido Portinari, que
retrata o êxodo do Nordeste, Anita Malfatti, Lasar Segall e o gravurista Osvaldo Goeldi. (1895-1961). No teatro, a obra
do dramaturgo Nelson Rodrigues tem características expressionistas.
FOVISMO
Em 1905, em Paris, no Salão de Outono, alguns artistas foram chamados de fauves (em português significa
feras), em virtude da intensidade com que usavam as cores puras, sem misturá-las ou matizá-las. Quem lhes deu
este nome foi o crítico Louis Vauxcelles, pois estavam expostas um conjunto de pinturas modernas ao lado de uma
estatueta renascentista.
Os princípios deste movimento artístico eram:
· Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com sentimentos.
· Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias.
· A cor pura deve ser exaltada.
· As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações elementares, no mesmo estado de
graça das crianças e dos selvagens.
Características da pintura:
· Pincelada violente, espontânea e definitiva;
· Ausência de ar livre;
· Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não correspondendo à realidade;
· Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
· Pintura por manchas largas, formando grandes planos;
Principais Artistas:
MAURICE DE VLAMINCK (1876-1958), pintor francês, foi o mais autêntico fovista, dizia: "Quero incendiar a
Escola de Belas Artes com meus vermelhos e azuis." Adotou mais tarde estilo entre expressionista e realista.
ANDRÉ DERAIN (1880-1954), pintor francês, dizia: "As cores chegaram a ser para nós cartuchos de dinamite."
Por volta de 1900, ligou-se a Maurice de Vlaminck e a Matisse, com os quais se tornou um dos principais pintores
fovistas. Nessa fase, pintou figuras e paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços impulsivos e a
pinceladas descontínuas para obter suas composições espontâneas. Após romper com o fovismo, em 1908, sofreu
influências de Cézanne e depois do cubismo. Na década de 1920, seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam
adquirido uma entonação neoclássica, com o gradual desaparecimento da gestualidade espontânea das primeiras
obras. Seu estilo, desde então, não mudou.
HENRI MATISSE (1869-1954), pintor francês, Nas suas pinturas ele não se preocupa como realismo, tanto das
figuras como das suas cores. O que interessa é a composição e não as figuras em si, como de pessoas ou de
naturezas-mortas. Abandonou assim a perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito de claro-escuro para tratar a
cor como valor em si mesma. Dos pintores fovistas, que exploraram o sensualismo das cores fortes, ele foi o único
a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade. Foi, também, escultor,
ilustrador e litógrafo.
RAOUL DUFY (1877-1953), pintor, gravador e decorador francês. Contrastes tonais e a geometrização da forma
caracterizaram sua obra. Impressionista a princípio, evoluiu gradativamente para o fovismo, depois de travar
contato com Matisse. Morreu um ano depois de receber o prêmio de pintura da bienal de Veneza.

CUBISMO
Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da
natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne.
Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem
abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude
de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas,
com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os
como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo,
percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
* geometrização das formas e volumes;
* renúncia à perspectiva;
* o claro-escuro perde sua função;
* representação do volume colorido sobre superfícies planas;
* sensação de pintura escultórica;
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* cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.
O cubismo se divide em duas fases:
Cubismo Analítico - caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a
obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a
visão total da figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa
fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas
pinturas cubistas.
Cubismo Sintético - reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura.
Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem
porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas.
Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites
das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.
Principais artistas:
PABLO PICASSO - tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte passou por
diversas fases. Entretanto, são mais nítidas a fase azul, que representa a tristeza e a melancolia dos mais pobres,
e a fase rosa em que pinta acrobatas e arlequins. Depois de descobrir a arte africana e compreender que o artista
negro não pinta ou esculpe de acordo com as tendência de um determinado movimento estético, mas com uma
liberdade muito maior. Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra Les
Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a estética cubista que, como vimos anteriormente, se fundamenta na
destruição de harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade.
Podemos destacar, também o mural Guernica, que representa, com veemente indignação, o bombardeio da
cidade espanhola de Guernica, responsável pela morte de grande parte da população civil formada por crianças,
mulheres e trabalhadores, durante a Guerra Espanhola.
"A obra de um artista é uma espécie de diário. Quando o pintor, por ocasião de uma mostra, vê algumas de suas
telas antigas novamente, é como se ele estivesse reencontrando filhos pródigos - só que vestidos com túnica de
ouro." Pablo Picasso
"A Arte não é a verdade. A Arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade". Pablo Picasso
BRAQUE - um artista que passou pela fase do cubismo analítico e sintético.
Dos artistas brasileiros destacamos:
TARSILA DO AMARAL - apesar de não ter exposto na Semana de 22, colaborou decisivamente para o
desenvolvimento da arte moderna brasileira, pois produziu uma obra indicadora de novos rumos. Em 1928 deu
início a uma fase chamada antropofágica. A ela pertence a tela Abaporu cujo nome, segundo a artista é de
origem indígena e significa “antropófago”. Também usou de temática social nos seus quadros como na tela
Operários.
REGO MONTEIRO - um dos primeiros artistas brasileiros a realizar uma obra dentro da estética cubista. Estudou
em Paris, depois da Semana de Arte Moderna, sua vida alternou-se entre a França e o Brasil. Foi reconhecido
também naquele país, tem seus quadros dentro do acervo de alguns importantes museus. Obra destacada: Pietà.
O cubismo manifesta-se ainda na arquitetura, especialmente na obra de Corbusier, e na escultura. No teatro,
restringe-se à pintura de cenários de peças e de balés feita por Picasso.
Literatura –Os princípios do cubismo aparecem na poesia. A linguagem é desmontada em busca da simplicidade
e do que é essencial para a expressão. O resultado são palavras soltas, escritas na vertical, sem a continuidade
tradicional. O expoente é o francês Guillaume Apollinaire (1880-1918), que influencia toda a poesia
contemporânea. Ao dispor versos em linhas curvas, torna-se precursor do concretismo.
CUBISMO NO BRASIL –O cubismo só repercute no país após a Semana de Arte Moderna de 1922. Pintar como
os cubistas é considerado apenas um exercício técnico. Não há, portanto, cubistas brasileiros, embora quase
todos os modernistas sejam influenciados pelo movimento. É o caso de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di
Cavalcanti.

FUTURISMO
O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em 22/02/1909, e nele, o poeta italiano Marinetti,
dizendo que "o esplendor do mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel
de carreira é mais belo que a Vitória de Samotrácia". O segundo manifesto, de 1910, resultou do encontro do
poeta com os pintores Carlo Carra, Russolo, Severini, Boccioni e Giacomo Balla.
Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à máquina. Para Balla, "é mais belo um ferro
elétrico que uma escultura". Para os futuristas, os objetos não se esgotam no contorno aparente e seus aspectos
se interpenetram continuamente a um só tempo, ou vários tempos num só espaço. O grupo pretendia fortalecer a
sociedade italiana através de uma pregação patriótica que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia.
O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura-se neste estilo expressar o
movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista futurista não
está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço.
Principais artistas:
GIACOMO BALLA , em sua obra o pintor italiano tentou endeusar os novos avanços científicos e técnicos por
meio de representações totalmente desnaturalizadas, embora sem chegar a uma total abstração.Mesmo assim,
mostrou grande preocupação com o dinamismo das formas, com a situação da luz e a integração do espectro
cromático. A formação acadêmica de Balla restringiu-se a um curso noturno de desenho, de dois meses de
duração, na Academia Albertina de Turim, sua cidade natal. Em 1895 o pintor mudou-se para Roma, onde
apresentou regularmente suas primeiras obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e Cultores das
Belas-Artes. Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a Paris, onde entrou em contato com a obra dos
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impressionistas e neo-impressionistas e participou de várias exposições. Na volta a Roma, conheceu Marinetti,


Boccioni e Severini. Um ano mais tarde, juntava-se a eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura Futurista.
Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma maneira de visualizar as teorias do movimento,
apresentou em 1912 seu primeiro quadro futurista intitulado Cão na Coleira ou Cão Atrelado. Dissolvido o
movimento, Balla retornou às suas pinturas realistas e se voltou para a escultura e a cenografia. Embora em
princípio Balla continuasse influenciado pelos divisionistas, não demorou a encontrar uma maneira de se ajustar à
nova linguagem do movimento a que pertencia. Um recurso dos mais originais que ele usou para representar o
dinamismo foi a simultaneidade, ou desintegração das formas, numa repetição quase infinita, que permitia ao
observador captar de uma só vez todas as seqüências do movimento.
CARLO CARRA (1881-1966), junto com Giorgio De Chirico, ele se separaria finalmente do futurismo para se
dedicar àquilo que eles próprios dariam o nome de Pintura Metafísica. Enquanto ganhava seu sustento
como pintor-decorador freqüentava as aulas de pintura na Academia Brera, em Milão. Em 1900 fez sua primeira
viagem a Paris, contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá mudou-se para Londres. Ao voltar,
retomou as aulas na Academia Brera e conheceu Boccioni e o poeta Marinetti. Um ano mais tarde assinou
o Primeiro Manifesto Futurista, redigido pelo poeta italiano e publicado no jornal Le Figaro. Nessa época iniciou
seus primeiros estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e Trens, por definição suas obras mais futuristas.
Numa segunda viagem a Paris entrou em contato com Apollinaire, Modigliani e Picasso. A partir desse momento
começaram a aparecer as referências cubistas em suas obras. Carrà não deixou de comparecer às exposições
futuristas de Paris, Londres e Berlim, mas já em 1915 separou-se definitivamente do grupo. Juntou-se a Giorgio
De Chirico e realizou sua primeira pintura metafísica. Em suas últimas obras retornou ao cubismo.Publicou vários
trabalhos, entre eles La Pittura Metafísica (1919) e La Mia Vita (1943), pintor italiano. Representante do futurismo
e mais tarde da pintura metafísica, influenciou a arte de seu país nas décadas de 1920 e 1930.
UMBERTO BOCCIONI (1882-1916), sua obra se manteve sob a influência do cubismo, mas incorporando os
conceitos de dinamismo e simultaneidade: formas e espaços que se movem ao mesmo tempo e em direções
contrárias. Nascido em Reggio di Calábria, Boccioni mudou-se ainda muito jovem para Roma, onde estudou em
diferentes academias. Logo fez amizade com os pintores Balla e Severini. No início, mostrou-se interessado na
pintura impressionista, principalmente na obra de Cézanne. Fez então algumas viagens a Paris, São Petersburgo
e Milão. Ao voltar, entrou em contato com Carrà e Marinetti e um ano depois se encontrava
entre os autores do Manifesto Futurista de Pintura, do qual foi um dos principais teóricos. Foi com a intenção de
procurar as bases dessa nova estética que ele viajou a Paris, onde se encontrou com Picasso e Braque. Ao
retornar, publicou o Manifesto Técnico da Pintura Futurista, no qual foram registrados os princípios teóricos da
arte futurista: condenação do passado, desprezo pela representação naturalista, indiferença em relação aos
críticos de arte e rejeição dos conceitos de harmonia e bom gosto aplicados à pintura. Em 1912, participou da
primeira exposição futurista. Suas obras ainda deixavam transparecer a preocupação do artista com os conceitos
propostos pelo cubismo. Os retratos deformados pelas superposições de planos ainda não conseguiam expressar
com clareza sua concepção teórica. Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol,
Boccioni conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio de cores e planos desordenados,
como num pseudofotograma. Durante a Primeira Guerra Mundial, o pintor se alistou como voluntário e ao voltar
publicou o livro Pittura, Scultura Futurista, Dinâmico Plástico (Pintura, Escultura Futurista, Dinamismo Plástico).
Morreu dois anos depois, em 1916, na cidade de Verona.
Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908, publicado em 1909:
"Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste de escórias metálicas, de suores inúteis, de
fuliges celestes -, contundidos e enfaixados os braços, mas impávidos, ditamos nossas primeiras vontades a todos
os homens vivos da terra:
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento
agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um
carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel
rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada a toda
velocidade no circuito de sua própria órbita.
6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o entusiástico fervor dos
elementos primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma obra-prima.
A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se
ante o homem.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos
arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto,
pois criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos
anarquistas, as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e combater o moralismo, o
feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré
multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos
arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis, devoradoras de
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serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes
semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os
navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre
os trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices
se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.

É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e incendiária com o qual
fundamos o nosso Futurismo, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de professores,
arqueólogos, cicerones e antiquários.
Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores. Queremos libertá-la dos incontáveis museus
que a cobrem de cemitérios inumeráveis.
Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra promiscuidade de tantos corpos que não se
conhecem. Museus: dormitórios públicos onde se repousa sempre ao lado de seres odiados ou desconhecidos!
Museus: absurdos dos matadouros dos pintores e escultores que se trucidam ferozmente a golpes de cores e
linhas ao longo de suas paredes!
Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita o cemitério no dos dos mortos, tudo bem.
Que uma vez por ano se desponta uma coroa de flores diante da Gioconda, vá lá. Mas não admitimos passear
diariamente pelos museus nossas tristezas, nossa frágil coragem, nossa mórbida inquietude. Por que devemos
nos envenenar? Por que devemos apodrecer?
E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do artista que se empenhou em infringir as
insuperáveis barreiras erguidas contra o desejo de exprimir inteiramente o seu sonho?... Admirar um quadro
antigo equivalente a verter a nossa sensibilidade numa urna funerária, em vez de projetá-la para longe, em
violentos arremessos de criação e de ação.
Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa eterna e inútil admiração do passado, da qual
saís fatalmente exaustos, diminuídos e espezinhados?
Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus, das bibliotecas e das academias
(cemitérios de esforços vãos, calvários de sonhos crucificados, registros de lances truncados!...) é, para os
artistas, tão ruinosa quanto a tutela prolongada dos pais para certos jovens embriagados por seu os prisioneiros,
vá lá: o admirável passado é talvez um bálsamo para tantos os seus males, já que para eles o futuro está
barrado... Mas nós não queremos saber dele, do passado, nós, jovens e fortes futuristas!
Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos carbonizados! Ei-los!... Aqui!... Ponham fogo nas
estantes das bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para inundar os museus!... Oh, a alegria de ver flutuar à
deriva, rasgadas e descoradas sobre as águas, as velhas telas gloriosas!... Empunhem as picaretas, os machados,
os martelos e destruam sem piedade as cidades veneradas!
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo menos um decênio mais jovens e válidos que
nós jogarão no cesto de papéis, como manuscritos inúteis. - Pois é isso que queremos!
Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte, dançando à cadência alada dos seus primeiros
cantos, estendendo os dedos aduncos de predadores e farejando caninamente, às portas das academias, o bom
cheiro das nossas mentes em putrefação, já prometidas às catacumbas das bibliotecas.
Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - uma noite de inverno - em campo aberto, sob um
triste galpão tamborilado por monótona chuva, e nos verão agachados junto aos nossos aeroplanos trepidantes,
aquecendo as mãos ao fogo mesquinho proporcionado pelos nossos livros de hoje flamejando sob o vôo das
nossas imagens. Eles se amotinarão à nossa volta, ofegantes de angústia e despeito, e todos, exasperados pela
nossa soberba, inestancável audácia, se precipitarão para matar-nos, impelidos por um ódio tanto mais mais
implacável quanto seus corações estiverem ébrios de amor e admiração por nós. A forte e sã Injustiça explodirá
radiosa em seus olhos - A arte, de fato, não pode ser senão violência, crueldade e injustiça.
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já esbanjado tesouros, mil tesouros de força, de
amor, de audácia, de astúcia e de vontade rude, precipitadamente, delirantemente, sem calcular, sem jamais
hesitar, sem jamais repousar, até perder o fôlego... Olhai para nós!
Ainda não estamos exaustos! Nossos corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão nutridos de fogo, de
ódio e de velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois não vos recordais sequer de ter vivido! Eretos sobre o
pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas!
Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já entendemos!... Nossa bela e mendaz
inteligência nos afirma que somos o resultado e o prolongamento dos nossos ancestrais. - Talvez!... Seja!... Mas
que importa? Não queremos entender!... Ai de quem nos repetir essas palavras infames!...
Cabeça erguida!...
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas."

PINTURA METAFÍSICA
A pintura deve criar um impressão de mistério, através de associações pouco comuns de objetos totalmente
imprevistos, em arcadas e arquiteturas puras, idealizadas, muitas vezes com a inclusão de estátuas, manequins,
frutas, legumes, numa transfiguração toda especial, em curiosas perspectivas divergentes. A pintura metafísica
explora os efeitos de luzes misteriosas, sombras sedutoras e cores ricas e profundas, de plástica despojada e
escultural. Tem inspiração na Metafísica, ciência que estuda tudo quanto se manifesta de maneira sobrenatural.
Principais Artistas:
GIORGIO DE CHIRICO (1888-1978), pintor italiano, nascido na Grécia, principal
representante da "pintura metafísica", Giorgio De Chirico constitui um caso singular: poucas vezes um artista
alcançou tão rapidamente a fama para em seguida renegar o estilo que o celebrizara e cair em um esquecimento
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quase absoluto. As suas obras retratam cenários arquitetônicos, solitários, irreais e enigmáticos,
onde colocava objetos heterogêneos para revelar um mundo onírico e subconsciente, perpassado de inquietações
metafísicas. Também usada nas suas obras manequins, nus ou vestidos à moda clássica, enigmáticos e sem
rosto, que pareciam simbolizar a estranheza do ser humano diante do seu meio ambiente.
GIORGIO MORANDI (1890-1964), pintor italiano. Notável por suas naturezas-mortas, em que buscava a
unidade das coisas do universo. Conferiu imobilidade e transparência de formas, recorte intimista e atmosfera de
luz cinza-clara às naturezas-mortas que pintou usando como modelos frascos, garrafas, caixas e lâmpadas
velhas.

DADAÍSMO
Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido em seus
respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante
a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento
dos seus próprios países na guerra.
Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade da ciências,
religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi
descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra
francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia sentido, assim
como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra.
Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo
psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende
o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização
que não conseguiria evitar a guerra.
O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.
Principais artistas:
MARCEL DUCHAMP (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a
pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo
movimento das formas.
O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada
(Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem
um título, adquiriam a condição de objeto de arte.
Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez
interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou
mecanismos ópticos.
FRANÇOIS PICABIA (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os principais
movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan
Tzara na revista Dada. Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são
exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-
se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do
dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas
baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e transparentes.
MAX ERNEST (1891-1976), pintor alemão, Adepto do irracional e do onírico e do inconsciente, esteve envolvido
em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaísmo contribuiu com colagens
e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema.
Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma
superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel
adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele.

ABSTRACIONISMO
A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as
cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação de um quadro
depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à
realidade visível, ela passa a ser abstrata. O Abstracionismo apresenta várias fases, desde a mais sensível até a
intelectualidade máxima.
Informalismo, predominam os sentimentos e emoções. As cores e as formas são criadas livremente. Na
Alemanha surge o movimento denominado "Der blaue Reiter" (O Cavaleiro Azul) cujos fundadores são os
Kandinsky, Franz Marc entre outros. Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua expressividade maior.
Estes artistas se aprofundam em pesquisas cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura,
através das tonalidades e matizes obtidos. Eles querem um expressionismo abstrato, sensível e emotivo. Com a
forma, a cor e alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores, sem relacioná-los a lembrança
do mundo exterior. Estes elementos da composição devem Ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra
musical.
Principais Artistas:
WASSILY KANDINSKY (1866-1944), pintor russo, antes do abstracionismo participou de vários movimentos
artísticos como impressionismo, atravessou uma curta fase fauve e expressionismo. Escreveu livros, como em
1911, Sobre o espiritual na arte, em que procurou apontar correspondências simbólicas entre os impulsos
interiores e a linguagem das formas e cores, e em 1926, Do ponto e da linha até a superfície, explicação mais
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técnica da construção e inventividade da sua arte. Dezenas de suas obras foram confiscadas pelos nazistas e
várias delas expostas na mostra de "Arte Degenerada".
FRANZ MARC (1880-1916), pintor alemão, apaixonado pela arte dos povos primitivos, das crianças e dos
doentes mentais, o pintor alemão Marc escolheu como temas favoritos os estudos sobre animais, conheceu
Kandinski, sob a influência deste, convenceu-se de que a essência dos seres se revela na abstração. A admiração
pelos futuristas italianos imprimiram nova dinâmica à obra de Marc, que passou a empregar formas e massas de
cores brilhantes próprias da pintura cubista. Os nazistas destruíram várias de suas obras. As que restaram estão
conservadas no Museu de Belas-Artes de Liège, no Kunstmuseum, em Basiléia, na Städtische Galarie im
Lembachhaus, em Munique, no Walker Art Center, em Minneapolis, e no Guggenheim Museum, em Nova York.
Suprematismo, é uma pintura com base nas formas geométricas planas, sem qualquer preocupação de
representação. Os elementos principais são: retângulo, círculo, triângulo e a cruz. O manifesto do Suprematismo,
assinado por Malevitch e Maiakovski, poeta russo, foi um dos principais integrantes do movimento futurista em
seu país, defendia a supremacia da sensibilidade sobre o próprio objeto. Mais racional que as obras abstratas de
Kandisky e Paul Klee, reduz as formas, à pureza geométrica do quadrado. Suas características são rígidas e se
baseiam nas relações formais e perceptivas entre a forma e a cor. Pesquisa os efeitos perceptivos do quadrado
negro sobre o campo branco, nas variações ambíguas de fundo e forma.
Principal Artista:
KAZIMIR MALEVITCH (1878-1935), pintor russo, Pintor russo. Fundador da corrente suprematista, que levou o
abstracionismo geométrico à simplicidade extrema. foi o primeiro artista a usar elementos geométricos abstratos.
Procurou sempre elaborar composições puras e cerebrais, destituídas de toda sensualidade. O "Quadro negro
sobre fundo branco" constituiu uma ruptura radical com a arte da época. Pintado entre 1913 e 1915, compõe-se
apenas de dois quadrados, um dentro do outro, com os lados paralelos aos da tela. A problemática dessa
composição seria novamente abordada no "Quadro branco sobre fundo branco" (1918), hoje no Museu de Arte
Moderna de Nova York.
Neoplasticismo, onde as cores e as formas são organizadas de maneira que a composição resulte apenas a
expressão de uma concepção geométrica. Resulta às linhas verticais e horizontais e às cores puras (vermelho,
azul e amarelo). O ângulo reto é o símbolo do movimento, sendo rigorosamente aplicado à arquitetura.
Principal Artista:
PIET MONDRIAN (1872-1944), pintor holandês. Depois de haver participado da arte cubista, continua
simplificando suas formas até conseguir um resultado, baseado nas proporções matemáticas ideais, entre as
relações formais de um espaço estudado.
O artista utiliza, como elemento de base, uma superfície plana, retangular e as três cores primárias com um
pouco de preto e branco. Essas superfícies coloridas são distribuídas e justapostas buscando uma arte pura. Ele
procura, pesquisa e consegue um equilíbrio perfeito da composição, despojado de todo excesso da cor, da linha
ou da forma. Em 1940 Mondrian foi para Nova York, onde realizou a última fase de sua obra: desapareceram as
barras negras e o quadro ficou dividido em múltiplos retângulos de cores vivas. É a série dos quadros boogie-
woogie.
Action Painting ou pintura de ação gestual, criada por Jackson Pollock nos anos de 1947 a 1950 faz parte da
Arte Abstrata Americana. Em 1937, fundou-se nos Estados Unidos, a Sociedade dos Artistas Abstratos. O
abstracionismo cresce e se desenvolve nas Américas, chegando à criação de um estilo original. Características da
Pintura:
· Compreensão da pintura como meio de emoções intensas.
· Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e automatismo.
· Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis, trincha, espátulas, etc.
· Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas enormes, utilizando tinta à óleo, pasta espessa de areia,
vidro moído.
Principal Artista:
JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor americano, introduziu nova modalidade na técnica, gotejando
(dripping) as tintas que escorrem de recipientes furados intencionalmente, numa execução veloz, com gestos
bruscos e impetuosos, borrifando, manchando, pintando a superfície escolhida com resultados extraordinários e
fantásticos, algumas vezes realizada diante do público. Desenvolveu pesquisas sobre pintura aromática. Nos
últimos trabalhos nessa linha, o artista usou materiais como pregos, conchas e pedaços de tela, misturavam-se às
camadas de tinta para dar relevo à textura. Usou freqüentemente tintas industriais, muitas delas usadas na
pintura de automóveis.
ABSTRAÇÃO NO BRASIL – A abstração surge com maior ênfase em meados dos anos 50. O curso de
ABSTRAÇÃO NO BRASIL – A abstração gravação de Iberê Camargo (1914-1994) forma uma geração de
gravuristas abstratos, na qual se destacam Antoni Babinski (1931-), Maria Bonomi (1935-) e Mário Gruber
(1927-). Outros impulsos vêm da fundação dos museus de Arte Moderna de São Paulo (1948) e do Rio de Janeiro
(1949) e da criação da Bienal Internacional de São Paulo (1951). Entre os pioneiros da abstração no Brasil,
destacam-se Antônio Bandeira (1922-1967), Cícero Dias (1908-) e Sheila Branningan (1914-). Posteriormente,
artistas como Flávio Shiró (1928-), Manabu Mabe (1924-1997), Yolanda Mohályi (1909-1978), Wega Nery
(1912-), além de Iberê, praticam a abstração informal. A abstração geométrica, que se manifesta no concretismo
e no neoconcretismo também nos anos 50, encontra praticantes em Tomie Ohtake (1913-), Fayga Ostrower
(1920-), Arcângelo Ianelli (1922-) e Samson Flexor (1907-1971).

SURREALISMO
Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram
um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição
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humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira
fantasiosa na realidade.
O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente.
Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico.
Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do
espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal,
pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do
fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle.
A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou
historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e
do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse
uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna
e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.
A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos
procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou
seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas
tentavam plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais
profunda do ser humano: o subconsciente.
O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham
apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova,
a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada
no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande
atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais
radicais.
Principais artistas:
SALVADOR DALI - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depois em
Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras
obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao
surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a
se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua
obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton
e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão Andaluz, que fez com Buñuel,
data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“ para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege
a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos
anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora
continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde
publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port
Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao
desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.
Obra Destacada: Mae West.
JOAN MIRÓ - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912 entrou para a
escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época,
fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante
algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um
grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma
La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande
precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo
e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A
famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de
serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica
e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações pictóricas. Obra Destacada: Noitada Esnobe da Princesa.
Para seu conhecimento
“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto
do Surrealismo de André Breton, francês que lançou o movimento).
No mesmo manifesto, Breton define Surrealismo: "Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir,
seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento".

COBRA
Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo artístico europeu
que surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo figurativo, teve como principais
representantes Asger Jorn, Karel Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock essa pintura é
gestual, livre, violenta na escolha de cores e texturas.
Principais Artistas:
PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens integrantes do grupo Cobra, marcou sua
obra pelo tachismo. Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em 1965.
ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso de cores vivas e formas distorcidas. Sofreu
influência dos pintores James Ensor e Paul Klee.
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KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e colorida, caracterizada pela figuração rude e
simplificada. Realizou também esculturas em madeira e metal.

POP ART
Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela primeira vez em 1954,
pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização ocidental,
sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos.
Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da década de 1950,
quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos,
passaram a transformá-los em tema de suas obras.
Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida
cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo
abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da
fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.
Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava
com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais
principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais, usando como materiais principais, tinta
acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano
em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia
a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o
próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos
principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o
gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a
Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das
massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.
Principais Artistas:
ROBERT RAUSCHENBERG (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas com jornal
amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com garrafas de Coca-
Cola, embalagens de produtos industrializados e pássaros empalhados.
Por volta de 1962, adotou a técnica de impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes
extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram
como temas episódios da história americana moderna e da cultura popular.
ROY LICHTENSTEIN (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema artístico começou
provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a
óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e
reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista
para simular os pontos reticulados das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço
negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Seus
quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos
ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.
ANDY WARHOL (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art, Warhol mostrou sua
concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos
da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas
como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando
sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo,
como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal.

OP ART
A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Defendia para arte "menos expressão
e mais visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo precário e instável, que se
modifica a cada instante. Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um
desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em
comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades.
Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia.
Principais artistas:
ALEXANDER CALDER (1898-1976) - Criou os móbiles associando os retângulos coloridos das telas de Mondrian
à idéia do movimento. Os seus primeiros trabalhos eram movidos manualmente pelo observador. Mas, depois de
1932, ele verificou que se mantivesse as formas suspensas, elas se movimentariam pela simples ação das
correntes de ar. Embora, os móbiles pareçam simples, sua montagem é muito complexa, pois exige um sistema
de peso e contrapeso muito bem estudado para que o movimento tenha ritmo e sua duração se prolongue.
VICTOR VASSARELY - criou a plástica cinética que se funda em pesquisas e experiências dos fenômenos de
percepção ótica. As suas composições se constituem de diferentes figuras geométricas, em preto e branco ou
coloridas. São engenhosamente combinadas, de modo que através de constantes excitações ou acomodações
retinianas provocam sensações de velocidade e sugestões de dinamismo, que se modificam desde que o
contemplador mude de posição. O geometrismo da composição, ao qual não são estranhos efeitos luminosos,
mesmo quando em preto e branco, parece obedecer a duas finalidades. Sugerir facilidades de racionalização para
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a produção mecânica ou para a multiplicidade, como diz o artista; por outro lado, solicitar ou exigir a participação
ativa do contemplador para que a composição se realize completamente como "obra aberta".

GRAFFITI
Definido por Norman Mailler como" uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial" e, por outros,
como "violação, anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples", o Graffiti saiu do seu gueto - o
metrô - e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus
rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.
A primeira grande exposição de Graffiti foi realizada em 1975 no "Artist's Space", de Nova York, com
apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra "New York/New Wave" organizada por
Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova York.
Características gerais:
* Spray art - pixação de signos, palavras ou frases de humor rápido, existe a valorização do desenho.
* Stencil art - o grafiteiro utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de spray, só deixa
passar a tinta pelos orifícios determinados, valoriza-se a cor.
Principal artista:
JEAN MICHEL BASQUIAT - (1960-1988), nascido no Haiti, iniciou sua carreira grafitando as paredes e muros
de Nova York. Seus grafites mostravam símbolos de variadas culturas, de obras famosas, e principalmente ícones
da cultura e consumo americanos, principalmente no contexto político e social. As temáticas do seu trabalho
refletem suas preocupações, como o genocídio, a opressão e o racismo. Com 21 anos participou da sua primeira
coletiva em Nova York. Foi patrocinado por Andy Warhol (Pop Art), a partir daí virou celebridade. Morreu
prematuramente em virtude de depressão e drogas.
No Brasil, destacam-se os artistas: ALEX VALAURI, WALDEMAR ZAIDLER E CARLOS MATUCK.

INTERFERÊNCIA
Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única fornecedora de memoráveis imagens
visuais. Alguns artistas interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-sóis, embrulhos em locais públicos.
Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada para presente, Guarda-sóis colocados em um
vale da Califórnia e mais recentemente o Reichstag ( Parlamento Germânico em 1988 - Berlim), que foi envolvido
em tecido sintético com duração de duas semanas.

INSTALAÇÃO
São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais, para ativar o espaço arquitetônico.
O espectador participa da obra, e não somente à aprecia. Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do
artista Roberto Evangelista.

ARTE NAÏF
É a arte da espontaniedade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola nem orientação, portanto é
instintiva e onde o artista expande seu universo particular. Claro que, como numa arte mais intelectualizada,
existem os realmente marcantes e outros nem tanto.
Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas sem formação sistemática. Trata-se de
um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas tendências modernistas, nem
tampouco no conceito de arte popular.
Esse isolamento situa o art naïf numa faixa próxima à da arte infantil, da arte do doente mental e da arte
primitiva, sem que, no entanto, se confunda com elas.
Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, muito embora, mesmo
nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na iconografia popular das
ilustrações dos velhos livros, das folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de uma
criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.
O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos corretos das
figuras que representa. Características gerais:
· Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
· Não existe perspectiva geométrica linear.
· Pinceladas contidas com muitas cores.
Principal Artista:
HENRI ROUSSEAU (1844-1910), homem de pouca instrução geral e quase nenhuma formação em pintura. Em
sua primeira exposição foi acusado pela crítica de ignorar regras elementares de desenho, composição e
perspectiva, e de empregar as cores de modo arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de
carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de selva que lembram tramas de sonho e
parecem motivadas pelos sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do século XX, após despertar a admiração
de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho
foi reconhecido em Paris e posteriormente influenciou o surrealismo.
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Arte Chinesa e Japonesa


A arte do Extremo Oriente, rica e variada em suas manifestações, revela, na China e no Japão, estreito
relacionamento com a religião, sendo ao mesmo tempo eco das numerosas dinastias chinesas e dos guardiães da
cultura (bonzos) japoneses. O vínculo permanente entre ambos os países determinou a influência do primeiro sobre
o segundo, desde os séculos V e VI até o XIX, em todas as disciplinas artísticas, embora com o tempo os artistas
japoneses tenham forjado sua imagem própria, naturalista e distanciada do simbolismo chinês.
Um dos fatores que determinaram essa estreita relação cultural foi a religião, mais precisamente o budismo. Os
chineses, a princípio taoístas e confucionistas, começaram a absorver as crenças budistas, depois da expansão do
império gupta (indiano) no século IV, sendo definitiva a instauração dessa religião durante a dinastia T'ang (século
VI). O Japão recebeu o budismo das mãos dos chineses durante o período Nara (645-784). Difundiram-se assim os
primeiros templos chineses, os pagodes, inspirados nos stupas hindus.
A escultura chinesa também adotou as ousadas e elegantes formas da Índia, que transpôs para o Japão nas
estátuas colossais de Buda. A cerâmica e a porcelana ocorreram com igual profusão em ambas as culturas, embora
os motivos tenham nascido da iconografia chinesa. Os melhores expoentes pertencem às dinastias Ming e Ts'ing. A
pintura de paisagens atingiu o auge na China a partir do século XII, mas então o Japão desenvolveu um estilo
próprio, de costumes e narrativo, carente do lirismo e da intelectualidade dos chineses.
ARQUITETURA NA ARTE CHINESA E JAPONESA
Tanto a arquitetura chinesa quanto a japonesa tiveram e continuam tendo um caráter eminentemente
funcional, não apenas no que se refere à habitabilidade, mas também ao conceito de integração ao cosmo ou
harmonização com a natureza. Para os chineses, a arquitetura deveria ser uma réplica do universo. As formas
quadradas, que representam a terra, e as arredondadas, que simbolizam o céu, combinam-se de tal maneira que
tanto templos quanto pagodes exibem aparência semelhante em atenção a essas normas.
No geral, as construções chinesas que mais receberam atenção foram os templos, localizados sobre um terraço
com orientação específica, tendo em vista as estações do ano. O exemplo mais interessante é o da Cidade Proibida,
construída para o imperador no início do século XV. Ali se pode observar a disposição do templo e dos diferentes
palácios, com um imenso jardim central, que se estende por pequenos pátios internos em cada um dos diferentes
edifícios.
Os telhados típicos de terracota, com suas pontas para cima, além de serem uma realização complexa,
simbolizam na China a união entre o celestial e o terrestre. No Japão, persistiu-se na tradição arquitetônica chinesa
para os templos budistas, o que não ocorreu com a arquitetura profana. Uma das construções mais típicas é o
rikyu, criado por Kobori Ensnu, para a realização da cerimônia do chá. Trata-se de uma vivenda onde o volume e a
simplicidade de formas são os personagens principais.
Os materiais utilizados são os que o entorno natural oferece, no geral madeira e argila, e em algum casos
também cobre e junco, principalmente nos telhados. Com o tempo, os rikyu passaram a servir de modelopara
habitações particulares pela capacidade de transformação do espaço que suas leves divisórias corrediças ofereciam.
Construído em meio a um jardim de plantas perenes, pedras e água, que convidam à meditação, o rikyu continua
sendo hoje em dia uma das construções de maior influência na arquitetura contemporânea ocidental.
ESCULTURA NA ARTE CHINESA E JAPONESA
As primeiras esculturas chinesas eram figuras zoomórficas monumentais da época da dinastia Han, tanto em
pedra como em bronze. Sob o governo da dinastia T'ang proliferaram as figuras em madeira pintada e folheadas a
ouro, típicas da plástica indiana. Pode-se dizer que esses modelos se conservaram ao longo de toda a história da
arte chinesa quase sem variações estilísticas, com exceção das famosas estátuas monumentais do príncipe Buda,
pertencentes à dinastia Ming (século XIV).
Os escultores japoneses adotaram os modelos búdicos austeros da dinastia chinesa T'ang, combinando-os com
os preceitos históricos do xintoísmo. Não satisfeitos com a idealização chinesa, tentaram dotar sua estatuária de
grande expressividade, o que os levou a colorir rostos e intensificar as feições. Esse expressionismo foi transferido
depois para as máscaras de teatro do século XV. Ousados e inconformados, os artistas japoneses não temeram cair
num certo maneirismo próximo do grotesco.
Os trabalhos em jade, bronze, cerâmica e porcelana de caráter suntuoso, nos quais tanto os chineses quanto os
japoneses demonstraram um refinamento singular e uma grande exigência de qualidade, obscureceram a
escultura. As jóias e os objetos decorativos em jade, pedra extremamente difícil de se esculpir, e os espelhos
decorados eram muito cobiçados pelos aristocráticos mecenas japoneses. A porcelana faz parte da tradição: a mais
representativa continua sendo a azul cobalto e branca (Arte Ming).
PINTURA NA ARTE CHINESA E JAPONESA
A extensa história da pintura chinesa começou com um quadro sobre seda encontrado recentemente e que
pertenceu à dinastia Shou (206 a.C.). A ele seguem-se os afrescos dos tempos da dinastia Han e mais tarde os da
T'ang, muito bem-conservados e de uma elegância e refinamento característicos das cortes imperiais. Os motivos
eram tanto religiosos quanto profanos. Existia o pequeno formato de álbuns, combinando as ilustrações com letras
desenhadas. No século XI aparecem os primeiros quadros de paisagem.
O paisagismo foi considerado na China o gênero pictórico mais relevante e atingiu o apogeu durante a dinastia
Song (IX-XIII). As paisagens ostentavam formas puras e simbólicas, as composições eram em geral assimétricas e
obtinha-se uma ilusão de perspectiva sem paralelo na pintura universal. A partir de então, a pintura chinesa se
limitou à imitação dos modelos antigos, e surgiram a pintura sobre seda e as gravuras, que tão imitadas seriam na
Europa rococó (Chinoiserie).
A pintura japonesa, no essencial, não se afastou do modelo chinês. A princípio também se produziu grande
quantidade de afrescos, que decoravam as paredes dos templos. De caráter naturalista, eram semelhantes às
primeiras pinturas budistas dos pagodes chineses. Já em plena Idade Média, os pintores japoneses abandonaram
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definitivamente os temas religiosos e optaram por ilustrar o refinamento e os luxos da corte. Adquiriu então
importância a técnica da aquarela sobre papel ou seda, sempre segundo cânones estéticos chineses.
A partir do século XIV, a pintura sobre seda se transformou no gênero mais valorizado, e manifestou-se uma
renovada religiosidade nos temas. Também foi o apogeu dos gêneros paisagista e de costumes, com os conhecidos
quadros da cerimônia do chá. O grande ressurgimento da pintura não chegou senão no século XVIII, com os
quadros de costumes conhecidos como ukiyo e obras de Utamaro e Hokusai, que tanta influência exerceram sobre
a pintura dos séculos XIX e XX, principalmente a dos impressionistas e modernistas.

Quando estiver diante de uma obra de arte, pergunte-se:

Qual é o tema?
Quais são os materiais utilizados?
A obra tem título?
Quando e onde foi feita?
Qual o seu tamanho?
Quais são as suas cores?
Como são as suas formas?
Você gosta?
Como ela faz se sentir?
Já viu algo parecido?

ARTISTA : Pode ter uma mensagem e toma decisões


O TRABALHO: (obra de arte)
O APRECIADOR :Exige esforço, dedicação e diálogo com o trabalho,

Bibliografia:
Enciclopedia Multimedia del Arte Universal©AlphaBetum Multimedia
www.historiadaarte.com.br
www.arqearte.kit.net
www.expoart.com.br/historia.asp
www.feranet21.com.br/artes
www.cen.g12.br/virtual/edartes.htm

Organizado por
Maria Teresa de Mattos Marim

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