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Urbanismo 2
Aula 7 - O Urbanismo como proposta de solução para as cidades.
A SOCIEDADE INDUSTRIAL É URBANA A CIDADE É O SEU HORIZONTE.
URBANISMO
Esse termo corresponde ao surgimento de uma nova realidade: pelos fins do século XIX, a
expansão da sociedade industrial dá origem a uma disciplina que se diferencia das artes
urbanas anteriores por seu caráter reflexivo e crítico, e por sua pretensão científica.
• A origem do URBANISMO enquanto um modelo de estudo científico está associado ao
surgimento da cidade industrial.
• Essência do URBANISMO: estudo das relações entre o espaço e a sociedade que nele vive.
“O urbanismo é o estudo das relações entre determinada sociedade e o espaço que a abriga, bem
como das formas de sua organização e intervenção sobre elas com determinado objetivo.”
(GONÇALVES JR. et. al., 2006, p. 15-16).
PARK MOVEMENT
• Em meados do século XIX, a baixa qualidade de vida nas
cidades decorrente dos efeitos negativos da industrialização,
bem como dos graves processos de exploração da natureza
exercidos pela agricultura e pecuária em expansão nos EUA
conduziram os americanos para o desenvolvimento do
chamado Park Movement.
"Não faça pequenos planos; eles não têm magia para agitar o sangue dos homens e provavelmente
eles mesmos não serão realizados. Faça grandes planos; almeje alto na esperança e no trabalho,
lembrando que um diagrama nobre e lógico, uma vez registrado, nunca morrerá, mas muito depois
de nós se foram será uma coisa viva, afirmando-se com insistência cada vez maior. Lembre-se de
que nossos filhos e netos vão fazer coisas que nos surpreenderiam. Que sua palavra de ordem seja
ordem e seu farol, beleza." 4 -Daniel H. Burnham
*Esta citação foi tirada do discurso feito pelo arquiteto principal Daniel Burnham quando ele se
dirigiu aos trabalhadores da construção antes do início do período de construção de Chicago.
Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo
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Aula 8 -O Urbanismo como proposta de solução para as cidades:
Garden- Cities / Cidades- Jardim.
GARDEN-CITIES - CIDADES – JARDIM
• Revolução industrial: muitas cidades europeias testemunharam um
crescimento em ritmo acelerado, intensificado pelo movimento das pessoas do
campo para os centros urbanos na busca por maiores oportunidades.
• Mas, se de um lado as cidades tornavam-se cada vez mais atrativas, também
se intensificaram problemas como a poluição e o crescimento das ocupações
irregulares. Em outro contexto, se o campo permitia o contato próximo à
natureza e uma abundância de recursos naturais, também sofria com certo
isolamento e redução nas possibilidades de emprego.
• Com essas questões em vista, surge, na virada do século XIX para o XX, o conceito
das Garden-Cities ou Cidades-Jardim, idealizado por Ebenezer Howard (1850-1928).
• Este modelo de planejamento caracterizou-se por ideais progressistas para
solucionar os problemas decorrentes do êxodo rural e consequente crescimento
desordenado dos centros urbanos.
A PROPOSTA
CIDADE X CAMPO
• Para Howard era necessário equacionar a relação entre a
cidade e o campo.
• Para isso ele fez uma síntese das vantagens e dos problemas
tanto de um ambiente como de outro.
• Ambos atuariam como “ímãs”, atraindo as pessoas para si
• Características da Cidade:
1. Afastamento da Natureza; 9.Jornada excessiva de trabalho;
2. Oportunidades Sociais; 10. Exército de desempregados;
3. Isolamento das multidões; 11.Nevoeiros e seca;
4. Locais de entretenimento; 12.Drenagem custosa;
5. Distância do trabalho; 13. Ar pestilento e céu sombrio;
6. Altos salários; 14. Ruas bem iluminadas;
7. Aluguéis e preços altos; 15. Cortiços e bares;
8. Oportunidades de emprego; 16. Edifícios palacianos;
• Características do Campo:
1. Falta de Vida Social; 9. Ar fresco;
2. Beleza da Natureza; 10. Alugueis baixos;
3. Desemprego; 11. Falta de drenagem;
4. Terra Ociosa; 12. Abundância de água;
5. Matas; 13. Falta de entretenimento;
6. Bosques,campinas, florestas; 14. Sol brilhante;
7. Jornada longa – salários baixos; 15. Falta de espírito público;
8. Casas superlotadas; 16. Carência de reformas;
Resumindo:
• Cidade: espaço da socialização, da cooperação e das oportunidades, especialmente de
empregos, mas padecia de problemas relacionados ao excesso de população e insalubridade.
• Campo: espaço da natureza, do sol e das águas, da produção de alimentos, mas sofria com a
falta de empregos e de infraestrutura e carência de oportunidades sociais.
• Solução:
• Cidade-Campo: criação de um ímã que pudesse
contrabalancear as forças atratoras representadas pela
cidade e pelo campo.
• Terceira via: além das vidas urbana e rural, teria o que ele
chamou de CidadeCampo (Town-Country).
• Nessa alternativa, os dois imãs se fundiriam num só, aproveitando o que há de melhor em cada
um deles, e dessa união nasceria “uma nova esperança, uma nova vida, uma nova
civilização”(HOWARD, 1996, p. 110
• Particularmente emblemático no que diz respeito à síntese das ideias das cidades jardim, o Three
Magnets Diagram (Diagrama de três ímãs), ocupa as primeiras páginas de Garden Cities of
Tomorrow desde a sua primeira versão. Nele, cada um dos ímãs ilustrados representa uma
localidade: a cidade, o campo e a cidade jardim. Enquanto os dois primeiros ímãs reúnem, em cada
um dos pólos, aspectos negativos e positivos desses contextos específicos, o terceiro agrupa
benefícios de ambos.
The people: where will they go?
• Neste terceiro ímã, as promessas das qualidades da cidade jardim soam tão promissoras a ponto
de deslocar seu título para o centro do diagrama, diferentemente dos dois primeiros, como se
indicasse uma forte atração entre as inúmeras qualidades oferecidas por este modelo de
planejamento urbano.
• Com efeito, a proposta de um novo tipo de cidade feita por Howard representou uma ruptura na
concepção existente na época, e teve grande influência no pensamento urbanístico posterior
(HALL, 2002)
A FORMA DA CIDADE-JARDIM
• O modelo proposto, chamado de Cidade-jardim, deveria ser construído numa área que
compreenderia, no total, 2400 hectares, sendo 400 hectares destinados à cidade propriamente
dita e o restante às áreas agrícolas.
• O esquema feito para a cidade assume uma estrutura radial, sendo composto por 6 bulevares de
36 metros de largura que cruzam desde o centro até a periferia, dividindo-a em 6 partes iguais.
• No centro, seria prevista uma área de aproximadamente 2,2 ha, com um belo jardim, sendo que
na sua região periférica estariam dispostos os edifícios públicos e culturais (teatro, biblioteca,
museu, galeria de arte) e o hospital. O restante desse espaço central destinarse-ia a um parque
público de 56 ha com grande áreas de recreação e fácil acesso.
• Ao redor de todo o Parque Central estaria localizado o “Palácio de Cristal”, uma grande arcada
envidraçada que se destinaria a abrigar as atividades de comércio e a se constituir num jardim de
inverno, estando distante no máximo 558m de qualquer morador. Nesse local, poderiam ser
comercializadas as mercadorias que requerem “o prazer de escolher e decidir” (HOWARD, 1996, p.
115).
• Defronte à Quinta Avenida e ao Palácio de Cristal, existiria um conjunto de casas ocupando lotes
amplos e independentes.
• Mais adiante, estariam os lotes comuns, de cerca de 6,1 x 40m, em número de 5.500.
• A população estaria próxima de 30.000 habitantes na cidade e 2.000 no setor agrícola.
• A Grande Avenida dividiria a cidade em duas partes e possuiria 128 m de largura.
• Ela constituiria, na verdade, mais um parque, com 46,5 ha, e nela estariam dispostas, em seis
grandes lotes, as escolas públicas. Também nessa avenida estariam localizadas as igrejas
necessárias para atender à diversidade de crenças existentes na cidade
• No anel externo estariam os armazéns, mercados, carvoarias, serrarias, etc., todos defronte à via
férrea que circunda a cidade.
• Dessa forma, o escoamento da produção e a recepção de mercadorias e matéria-prima seria
facilitado (e barateado), evitando também a circulação do tráfego pesado pelas ruas da cidade,
diminuindo a necessidade de manutenção.
A VIABILIZAÇÃO
• Howard concebeu um mecanismo engenhoso para viabilizar a criação e a manutenção de uma
Cidade- Jardim.
• Inicialmente, um terreno localizado em área rural deveria ser comprado por um grupo de
pessoas, para abrigar a futura cidade.
• Esse terreno seria comprado por um preço baixo, compatível com o preço de terras rurais, a
partir de um financiamento.
• O aumento do número de habitantes nessas terras seria capaz de diluir os juros do
financiamento e de constituir um fundo para ir quitando aos poucos o principal. Assim, a partir de
pagamentos relativamente pequenos, os habitantes da Cidade- Jardim poderiam quitar a dívida
assumida e ainda obter recursos para as ações coletivas necessárias (construção de edificações
públicas, manutenção dos espaços abertos, etc.).
• Na área rural, a competição natural entre os produtores, as culturas e os modos de produção
deveriam indicar quais produtos seriam cultivados. Aqueles que conseguissem gerar mais renda se
estabeleceriam nos arredores da Cidade- Jardim.
• A renda, entretanto, não seria apropriada por um único indivíduo, já que a terra teria sido
adquirida coletivamente.
• Os benefícios obtidos em termos financeiros pelo aumento do valor da terra e, como
consequência, pelo incremento da renda fundiária, seriam convertidos em menores impostos e
mais investimentos coletivos (HOWARD, 1996).
E quando crescesse?
MECANISMO DE CRESCIMENTO
• Howard propôs que um sistema de cidades fosse construído
dentro de distâncias não muito grandes.
• Assim, tão logo a população da primeira cidade-jardim atingisse
seu máximo, outra cidade seria construída em local próximo,
cuidando entretanto para que uma área rural fosse mantida entre
as duas.
• Estas seriam conectadas por estradas de ferro, que se
encarregariam de possibilitar o intercâmbio de mercadorias.
Letchworth - 1903
• Em 1903, Howard e Raymond Unxin projetaram e estabeleceram a primeira cidade-jardim da
Inglaterra, chamada Letchworth.
• Letchworth provou ser um sucesso.
“No início do século XX, duas grandes novas invenções tomaram forma diante dos nossos olhos: o
avião e a Cidade Jardim, ambos presságios de uma nova era: o primeiro deu ao homem asas e o
segundo prometeu-lhe um lugar melhor para habitar quando descesse à terra.” - Lewis Mumford
(1946)
No início do século XX, qualificou-se o novo mundo em formação como uma CIVILIZAÇÃO
INDUSTRIAL, voltada ao pensamento coletivo e universal e não mais ao particular e individual.
• A fase que antecede a Primeira Guerra Mundial (1914/18) foi marcada pelo PRÉ-MODERNISMO,
ou seja, um processo de afirmação da ligação entre o valor estético e o valor funcional, inspirando-
se na máquina e mantendo um conceito racional do “belo” como “a perfeita adequação ao uso
através da perfeita forma geométrica”.
PRÉ-MODERNISMO
Antes do Modernismo na Pintura, o que vinha sendo produzido? Antes do Modernismo na
Arquitetura, o que vinha sendo produzido? Antes do Modernismo na Cidade, o que vinha sendo
produzido?
Les Demoiselleis d` Avignon, Dinamismo de um automóvel, Luigi Russolo , 1913 Composição com vermelho,
Pablo Picasso , 1907 amarelo e azul, Piet Mondrian, 1921
ESCOLA DE CHICAGO
• Embora se considere a Alemanha como o berço oficial do
MODERNISMO , o ambiente norte - americano, bastante propício às
novidades trazidas com a industrialização, apresentou importante
faceta ao desenvolvimento da arquitetura moderna, esta representada
pela experiência precursora de Chicago IL .
• Fundada em 1804 por John Kinzie (1763-1828), a partir de um
forte às margens do lago Michigan, a cidade de Chicago possuía
suas características urbanas baseadas na tradição americana de se
dividir o terreno de modo reticular, além de ser inteiramente em
madeira, no tradicional sistema do balloon frame.
• Em 1871 - incêndio - arquitetos e engenheiros civis experimentaram novos materiais e sistemas
construtivos, formando uma corrente pioneira do racionalismo arquitetônico.
• Denominou-se ESCOLA DE CHICAGO o conjunto de protagonistas que participaram desse
processo de reconstrução, tratando-se de um esforço de renovação caracterizado por uma série de
tentativas isoladas que foram pioneiras na busca da forma pura.
• Todas elas apropriaram-se dos avanços tecnológicos que estavam ocorrendo, além de difundir o
conceito funcionalista na arquitetura.
• Entre suas contribuições mais importantes para o modernismo, pode-se citar:
• Aperfeiçoamento de novos sistemas de fundações e de elevadores (hidráulicos e elétricos);
• Aplicação de novas tecnologias na construção de estruturas em esqueleto de aço, que permitia
maior rapidez e economia na execução;
• Desenvolvimento do conceito do skyscraper, isto é, do edifício vertical constituído de estrutura
de sustentação independente de paredes internas e externas somente para a vedação, que se
transformaria no símbolo da metrópole americana.
BAUHAUS (1919-33)
• STAATLICHES BAUHAUS (“Casa estatal da construção”: Escola alemã de
artes aplicadas fundada em abril de 1919, por Walter Gropius
(1883-1969), na cidade de Weimar.
• Tinha como objetivo principal o de se constituir em um centro de reunião de todas as correntes
vitais de vanguarda europeia, este concebido como local de síntese das artes, artesanato e
indústria. • Desde sua fundação, defendia uma mudança de postura dos arquitetos, na sua
adequação à realidade de seu tempo. A arquitetura moderna seria a superação de todos os estilos,
através de sua atuação definitiva no universo da produção espacial.
• Foram estas as principais modificações promovidas na arquitetura a partir da BAUHAUS:
• O projeto deixou de ser concebido como uma ação simples, passando a ser entendido como uma
série contínua de ações reguladas entre si, feito coletivamente e de modo sistemático
(metodologia racionalista de projeto);
• As experiências projetuais deixaram de ser consideradas independentes entre si, passando a
significar uma espécie de colaboração permanente entre os projetistas, assim como cada obra
passou a servir de campo de experimentação para a próxima;
• A arquitetura passou a ser entendida como a mediação entre qualidade (processo artístico de
idealização de formas) e quantidade (processo técnico de execução e multiplicação),
concretizando-se a união entre arte e indústria;
MOVIMENTO MODERNO
O século XX pode ser considerado o Século da Tecnologia, pois foi um período onde ocorreram
mudanças radicais na produção e consumo de bens em todo o mundo, em especial na arquitetura
e no urbanismo, resultado da série de transformações que vinham se processando devido à
industrialização.
• Uma renovação completa somente pode nascer depois uma longa etapa de maturação:
• A produção industrializada e seus efeitos materiais e espirituais sobre a sociedade;
• As críticas no âmbito social, cultural e artístico contra a postura historicista; e
• A ação reformadora dos artistas modernos através de uma nova concepção da arquitetura.
URBANISMO MODERNO
• Devido à complexidade temática e a necessidade de atualização constante da arquitetura e
urbanismo funcionalistas, foram realizados a partir de 1928 os CONGRESSOS INTERNACIONAIS
PELA ARQUITETURA MODERNA – CIAM’s, que ocorriam periodicamente.
Os CIAM ocorriam periodicamente, para:
• Divulgação do pensamento funcionalista: carência de moradias,
urgência na implantação de indústrias e necessidade de planificação de
cidades, etc.
• Convencer que a NovaArquitetura (Modernismo) funcionava melhor:
- confrontar as experiências modernas e se aprofundar em problemas; - apresentar soluções
CARTA DE ATENAS
• Os ideais modernos em relação à questão
urbana tiveram sua consagração definitiva a partir do 4º
CIAM, cujo tema central era a Cidade Funcional ocorrido
em 1933 em um cruzeiro marítimo de 15 dias entre
Marselha e Atenas, onde foi formulada a CARTA DE
ATENAS, um documento que reunia 95 conclusões
tiradas a partir da análise de 33 cidades, trazendo os
princípios e soluções para os problemas urbanos acumulados no último século
• A CARTA DE ATENAS (1933) foi publicada de forma anônima por Le Corbusier (1887-1965)
somente em 1943, que se identificou como o autor do texto apenas em 1957.
• A Carta considerava o Planejamento urbano como uma atividade de
caráter científico estruturada em 3 grandes instâncias:
1. Planejar: implicava realizar investigações minuciosas sobre a realidade
urbana e suas tendências, para com métodos estatísticos projetar essas
tendências e prever a construção das cidades para os 50 anos seguintes, pelo
menos.
2. Urbanizar: é a operação que distribui os componentes urbanos no
território.
3. Arquitetar: consiste em desenhar as tipologias que correspondem a cada zona funcional.
• A CARTA DE ATENAS (1933) considera, na sua primeira parte, as relações da cidade com o
território que a rodeia.
• Afirma que toda cidade deve ser pensada em relação a um território que se determina a partir
do raio de sua ação econômica.
• A proposta se mantém dentro de uma escala de cidade média ou pequena, cujos limites de
influência seriam possíveis de determinar.
• Na segunda parte do documento são criticados aspectos das cidades existentes e se realizam
algumas propostas, de onde se deduz qual é o modelo de cidade que deve ser feito.
• Esse modelo de cidade conteria 4 funções as quais se atribuía a qualidade de ordenar as cidade.
HABITAR
A função HABITAR deve ocupar os melhor lugares enquanto à aeração, higiene, insolação,
paisagem, etc., sendo resolvida com edifícios altos construídos com as técnicas modernas,
implantados em espaços verdes, o mais separados possível e nunca alinhados às vias de
trânsito de grande circulação.
CIRCULAR
A função CIRCULAR deve unir todas as partes de acordo com 2 princípios: a economia do
tempo e a separação de velocidades. Separar percursos de veículos mecânicos, cujos
caminhos nunca devem se cruzar no mesmo nível. Realizar as velocidades mecânicas em
autopistas sempre separadas do solo. Todas as vias de grande circulação deveriam ser
rodeadas por espaços verdes. As velocidades menores podem ser no nível da superfície.
TRABALHAR
A função TRABALHAR se divide em 2 grandes modalidades: por um lado as áreas
conhecidas como “artesanato urbano” (artesãos, alfaiates, etc.), as quais ficariam junto às
moradias, mas em lugares pré-determinados para isso. E a outra modalidade
compreende a indústria e a administração, a qual deveria situar-se em um lugar separado
das habitações por uma zona verde.
DIVERTIR-SE
A função DIVERTIR-SE considera 2 aspectos: um para o tempo livre semanal, para o qual
são acondicionados setores com qualidades naturais como praias, lagos e montanhas,
unindo-os através de vias rápidas para as zonas de habitação. O outro aspecto, para o
tempo livre diário, inclui os campos desportivos, os clubes, as salas de espetáculos e os
equipamentos educativos, que devem ser implantados nos espaços verdes entre os edifícios de
habitação.
• Tendo como principal precursor o francês Tony Garnier (1869-1948), o urbanismo racionalista
encontrou entre seus maiores expoentes o francês Le Corbusier (1887-1965) e o alemão Walter
Gropius (1883-1969).
• Considerando essencialmente os aspectos quantitativos da cidade, seus representantes viam o
homem apenas como uma unidade dentre tantas.
• Preocupavam-se mais com as questões de circulação, eficiência, habitação e produtividade
(baseados nos preceitos da Carta de Atenas (1933)) – “cidades-máquina”.
• Para os racionalistas, as grandes densidades demográficas, sob o aspecto econômico, eram
altamente aceitáveis, fazendo-se uma apologia ao arranha-céu, este entendido como a verdadeira
“máquina de morar”.
Le Corbusier era fascinado pelas grandes cidades, segundo o qual seriam “células ardentes do
mundo (...), delas surge a paz ou a guerra, a abundância ou a miséria, a glória, o espírito
triunfante ou a beleza. A grande cidade, expressa as potências do homem”(FERRARI, 1991
“cidades-máquina” urbanismo
“máquina de morar” Racionalista
“células ardentes do mundo” funcionalista
Depois da destruição feita pela Primeira Guerra Mundial, era necessária uma solução rápida, social
e econômica para a construção de novas habitações, sendo a habitação coletiva uma solução para
os problemas da época. Após Guerra, o déficit habitacional estava em um nível sem precedentes.
1928: CIAM – Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna – declarações e cartas –
difundiram o ideário da arquitetura moderna.
Assim, com o Movimento Moderno, começa-se a estudar as possibilidades da habitação coletiva,
que consistia na conjugação de várias habitações num só bloco, vindo este a ser o elemento
principal do século XX.
QUANTIDADE = linguagem arquitetônica e linha de produção com influências modernas.
• A cidade é dividida em um plano linear que separa a cidade em zonas, cada zona com sua
atividade e espaço para que uma não implique na outra.
• O plano da Cidade Industrial foi feito em um terreno que ao mesmo tempo era zona montanhosa
e planície, localizado no SO da França, tendo perto uma represa* que foi fundamental para a
implantação da cidade.
• Feita principalmente com concreto armado, a cidade tinha uma
presença grande de ferro e vidro. • A principal fábrica da cidade
ficaria na planície e sua principal atividade seria a metalurgia.
• Os terrenos para construção das residências eram divididos
inicialmente em 150 metros no sentido lesteoeste e em 30 metros
no sentido norte-sul, dividindo em lotes de 15×15 metros.
• Cada habitação podia ocupar quantos lotes fossem necessários, desde que a superfície
construída não ultrapassasse a metade da superfície total (taxa de ocupação). Com a sobra dos
terrenos era feito um jardim publico utilizado pelos pedestres, na cidade não havia muros
definindo os espaços.
• Além disso, Garnier determinava também o interior das residências, de modo que os dormitórios
deveriam ter pelo menos uma grande janela apontada para o sul para entrada de raios solares, os
pátios não poderiam existir caso não recebessem ventilação ou iluminação natural, por fim, a
parede interna das casas e o chão são de materiais lisos e formam ângulos arredondados.
• O centro Garnier dividiu em três grupos de serviços:
1. o grupo 1 localizado ao sul, limitado por um terreno ajardinado, para serviços administrativos,
sala de conferÊncias e reuniões de sindicatos;
2. o grupo 2 localizado em um parque limitado ao norte da rua principal, corresponde às coleções
históricas, arqueológicas, artísticas e industriais;
3. e o grupo 3 na mesma localização do grupo 2, com uma sala de espetáculo, apresentações ao ar
livre, ginásios, casas de banho, quadras e pistas.
• A administração da cidade ainda seria responsável pelos serviços de esgoto, lixo, fornecimento
de água, energia, matadouro, serviços de fabricação de farinha e pão, armazéns de produtos
farmacêuticos e lácteos.
Le Corbusier (1887-1965)
• Arquiteto franco-suíço responsável por alguns planos
fundamentais do urbanismo racionalista, insuperáveis tanto em
termos ideológicos como formais (traçados geométricos e princípios
funcionalistas).
• Em 1922, apresentou o modelo utópico para Une ville
contemporaine; um centro urbano para 3.000.000 habitantes
dividido em três setores distintos, que seriam delimitados por cinturões verdes e interligados por
uma eficiente rede de transportes. A proposta é caracterizada pela simetria do conjunto, a
ortogonalidade das vias e a sistematização viária, além da criação de “prédios-villas”.
PlanVoisin de Le Corbusier
• O Plano Voisin foi uma reconstrução planejada de Paris projetada pelo arquiteto francês suíço Le
Corbusier em 1925. A reconstrução foi planejada para substituir uma grande área do centro de
Paris, na margem direita do rio Sena. Embora nunca tenha sido implementado, o projeto é um dos
mais conhecidos de Le Corbusier, e seus princípios inspiraram muitos outros planos ao redor do
mundo.
• Extremamente ambicioso , o Plan Voisin (1925 )
substituía a tradicional rede viária parisiense por um
gigantesco sistema de auto -estradas retilíneas, além
da demolição do centro antigo e a criação de um
sistema simétrico de arranha -céus em forma de cruz .
• Os edifícios eram imersos em amplas áreas verdes e
as vias de circulação categorizadas por fluxo e tipo de
tráfego .
Qual é a “face obscura” de Le Corbusier de acordo com o filme e com a aula de hoje?
• Na década de 1930, Rovaniemi era uma pacata cidade finlandesa comercial de cerca de 6.000
pessoas até a invasão da Rússia em 1939.
• Os alemães criaram uma base em Rovaniemi, dobrando a população da cidade.
• Quando a maré da guerra virou, a Rússia disse aos finlandeses que expulsassem os alemães;
quando o exército alemão partiu em outubro de 1944, eles queimaram Rovaniemi no chão.
• Os alemães destruíram 90% da cidade – os moradores se lembram de voltar a uma ruína
fumegante com apenas chaminés de pé.
• Este foi o cenário de desolação que saudou Aalto quando ele foi contratado pela Associação de
Arquitetos Finlandeses para reconstruir a cidade em 1945.
• “Ele viu a cidade queimada como uma oportunidade”, diz
Jussi Rautsi, ex-planejador e pesquisador do Alvar Aalto
Foundation
• Aalto começou reconstruindo a cidade com unidades
habitacionais individuais projetadas especificamente para o
clima em Rovaniemi, de modo que tivessem o mínimo
possível de fachada voltada para o norte e máxima exposição
externa ao sol no sudoeste.
• Aalto considerou a construção de usinas hidrelétricas nos grandes rios da Lapônia e encomendou
avaliações de impacto para ver qual seria o efeito no meio ambiente, indígenas Sami, rebanhos de
renas, bacias hidrográficas e microclima.
• Aalto concebeu o plano de rua “chifre de rena” de Rovaniemi em 1945: ele simplesmente impôs
um contorno de cabeça de rena na topografia existente, destacando a forma natural do terreno e a
forma como as estradas principais e a ferrovia se cruzavam. O estádio de futebol virou um olho, e a
rena nasceu.
"Plano de chifre de rena
"A cidade está situada no meio da floresta em um ambiente de parque. No planejamento da
cidade, bem como na construção de apartamentos, uma coisa importante é a flexibilidade, pois
não sabemos o que vai acontecer amanhã. Uma parte da cidade fica para o futuro....Existe um
plano de cidade para Rovaniemi em que o entorno é floresta e as áreas são deixadas separadas
para esperar pelo tráfego futuro e outros arranjos que ainda não conhecemos.“ Aalto, 1950
CAMILLO SITTE
• Considerado o grande renovador da forma urbana, o arquiteto austríaco Camillo Sitte (1843-
1903) propôs uma nova busca da estrutura urbana orgânica como reação contra a geometria
racionalista e uma crítica muito forte ao haussmannismo.
• Publicado em 1889, o livro de Camillo Sitte foi uma
crítica às obras de Georges Haussmann, na Paris do séc. XIX,
e à forma com que as cidades vinham sendo “construídas” na
época.
• No livro, ele propõe a reconquista da qualidade
ambiental da cidade, por meio do resgate cultural e artístico,
além da harmonia entre cheios e vazios e o respeito às
formas herdadas do passado.
• Preocupando-se com o desaparecimento da vida cívica e das formas artísticas das cidades,
estudou a função e a distribuição das praças públicas, colocando nelas o papel de verdadeiros
centros cívicos; locais de encontro e de passeio de pessoas que estariam profundamente
ameaçados com o desenvolvimento do automóvel.
• Sitte estuda as relações entre edifícios e monumentos com as praças, a libertação de ocupação
das praças, a sua definição como espaço fechado e, dessa forma, limitado.
• Também estuda a forma, a dimensão e a irregularidade das praças e a articulação entre elas.
• Para Camillo Sitte os monumentos ocupavam lugar de destaque nas cidades antigas, pois a partir
deles é que se estabeleciam os traçados urbanos, integrados a eles. As cidades cresciam ao seu
redor.
• “A coesão das praças” se baseia na relação das ruas com as
edificações. Sitte defendia que as ruas deveriam ser
perpendiculares à linha de visão.
• Era contra grandes espaços vazios e a favor dos espaços com
edifícios e obras de arte que, conforme distribuídos, causam uma
sensação de fechamento, de aconchego, coisa que ele
identificava na cidade antiga e que gostaria de conservar
• Em seus textos censurava a falta de criatividade e a monotonia
dos traçados retilíneos; o isolamento dos monumentos em
vastos espaços abertos; e, principalmente, a ausência de
continuidade entre as malhas existentes e aquelas que eram
propostas pelos progressistas.
• Sua obra sobressaiu-se sobretudo como uma análise
morfológica de setores das cidades antigas, objetivando uma
definição consciente, tanto dos princípios como do método
urbanístico mais adequado para a elaboração de um plano
urbanístico.
• Para ele, questões como zoneamento, infraestrutura, densidades ou índices urbanísticos
deveriam existir, mas ser colocadas em segundo plano.
URBANISMO CELEBRALISTA
• A restrição ao campo de trabalho dos modernos e a pressão política de regimes ditatoriais, na
década de 1930 e início dos anos 40, fizeram ressurgir nos países centrais da Europa um
academicismo decorativista, representado por uma ARQUITETURA DE CELEBRAÇÃO, tipicamente
monumental, neoclássica e tradicionalista.
• Esse período histórico foi fundamentalmente marcado por várias experiências modernas e pelas
propostas desurbanistas soviéticas, pelo urbanismo celebralista dos regimes autoritários de alguns
países centro-europeus e pela corrente organicista do norte da Europa.
• Em meados dos anos 1930, nos ambientes europeus onde as ditaduras instalaram-se, a
arquitetura moderna não sobreviveu nem marginalmente, sendo totalmente substituída por uma
ARQUITETURA MONUMENTAL E CELEBRALISTA – em especial na URSS stalinista, na Alemanha
nazista e na Itália fascista, – o que acabou se refletindo em práticas urbanas tradicionais – o
URBANISMO CELEBRALISTA.
CIDADE STALINISTA
• 1932 – União de Arquitetos Soviéticos (SSA) – que considerava contrarrevolucionários todos os
grupos isolados, promulgando formalismos acadêmicos (simetria, monumentalidade).
• A arquitetura stalinista, cujo maior expoente foi Boris M. Iofan (1891- 1976) – responsável pelo
projeto do Palácio dos Sovietes (1933) – via nos estilos clássicos a conveniência das formas e
símbolos associados às virtudes aspiradas pelo novo regime.
• Nos anos 1930 a URSS planejou a construção do
gigantesco Palácio dos Sovietes, que deveria simbolizar a
vitória do socialismo num único país.
• A ideia foi anunciada em 1922 pelo líder bolchevique
Serguei Kirov que disse no 1º Congresso dos Sovietes: “os
sons da Internacional já não cabem em edifícios antigos, e
no lugar dos palácios de banqueiros, proprietários rurais e
czares, será preciso erguer o novo palácio de operários e
camponeses”. • Naturalmente, Kirov omitia o facto de que
o “palácio de operários e camponeses” será usado pela
nova classe exploradora.
Palácio dos Sovietes: a utopia arquitetónica comunista soviética
• 1935: 8 arranha céus em homenagem ao VIII
centenário de Moscou.
• O principal deles seria o Palácio dos Sovietes –
projetado por B. Iofan com 389m de altura e coroado
com uma estátua de Lenin com 100m de altura –, mas
acabou sendo o único não executado. • As demais
torres foram construídas até o início da década de
1950 – todas historicistas, com elementos tanto
clássicos como góticos – com alturas variando de 133
a 240m, passando a ser conhecidas como as SETE
IRMÂS de Moscou.
• O conjunto formado pelos arranha-céus stalinistas
exemplifica a ARQUITETURA DE CELEBRAÇÃO devido ao
seu caráter suntuoso, monumentalismo e decoração
historicista.
• Quanto às teorias urbanas, procuraram limitar a
dimensão tanto das cidades existentes como das novas
(entre 1917 e 1965 foram fundadas na URSS mais de 900 novas cidades). A lógica do crescimento
concêntrico impôs exigências aos urbanistas.
• Em 1935, foi aprovado o novo PLANO REGULADOR DE MOSCOU, considerado tecnicamente
notável pelo zoneamento perspicaz e pela abundância de zonas verdes, mas afligido por
formalismos acadêmicos. Da Praça Vermelha às colinas de Lênin, foi traçado um eixo monumental
de mais de 20 km, semeado de grandes praças e palácios imensos.
CIDADE NAZISTA
• Embora a Alemanha tenha sido o berço fértil do modernismo, a ascensão
do comunismo, facilitada pela então desorganização financeira promovida
pela Crise de 1929, somada ao desemprego e à miséria, redundou na
formação de um movimento de caráter radical e conservador, o NAZISMO
ou NACIONAL-SOCIALISMO, que levaria ao nacionalismo exacerbado.
• A subida ao poder de Adolf Hitler (1889-1945) em 1933 estabeleceu um
regime ditatorial (III Reich), sustentado por uma política repressiva e um
aparelho paramilitar.
• A arquitetura moderna que dependia inicialmente do poder político, viu-
se, a partir dos anos 1930, restringida totalmente pelo interesse nazista por uma arquitetura de
celebração, tradicionalista e estritamente alemã.
• A Bauhaus foi fechada em 1933; e professores e arquitetos modernos acabaram emigrando,
principalmente para os EUA ou a URSS. Hitler levou o Pangermanismo (exaltação da superioridade
da raça germânica em detrimento das estrangeiras, notadamente dos judeus) a limites extremos,
acabando por desencadear a SegundaGuerra Mundial
(1939/45).
• O principal expoente da arquitetura nazista foi ALBERT SPEER
(1905-81), nomeado diretor-geral da construção civil de Berlim
em 1937 e responsável pela imposição de um estilo neoclássico rígido e colossal, principalmente
nos edifícios públicos.
• Ele considerava a arquitetura sobretudo como um “instrumento do poder”, sendo nomeado em
1942 o Ministro dos Armamentos.
• Tendo sido incumbido da tarefa de planejar a remodelação de Berlim como capital do mundo
(Welthauptstadt Germania), Speer criou um novo plano em 1938.
• A arquitetura de Berlim naquela época era, para Hitler, muito provinciana, e ele dizia que iria
demolir a cidade antiga e reconstruir a cidade de forma muito diferente, tornando a capital da
Alemanha a cidade mais importante do mundo e também a maior, superando outras capitais
mundiais, como Londres, Paris, Washington, D.C. e Roma.
"Estes planos loucos dizem muito sobre o espírito da arquitetura nazi. Projetada na sua maioria
numa escala gigantesca e num estilo neoclássico opressivo e despojado, livremente baseado no
estilo do grande arquiteto prussiano Schinkel, o seu objetivo não era simplesmente
impressionar, mas sim subjugar o espírito humano individual.“ Norman Foster
• Estudo inédito no Brasil, em que foi avaliada a potencialidade das possíveis localidades em
termos: - de salubridade; - facilidades para a construção em geral; - possibilidades de
abastecimento de água e esgoto, iluminação e articulação viária; - custos demandados para a
implantação da nova capital.
• Construída para ser o símbolo de uma nova era, marcada pela onda de modernização que atingia
o País naquele período, a construção de Belo Horizonte e a transferência da capital está
diretamente associada ao universo ideológico positivista e republicano.
• O engenheiro insistirá nas condições do sítio da localidade, cujo nome, por si só, já é uma
imagem – Belo Horizonte – louvando a beleza e as conveniências do lugar: o panorama, a
luminosidade e a aeração.
Aarão Leal de Carvalho Reis
Engenheiro Aarão Reis
• Participante da primeira geração de urbanistas no Brasil, é
responsável pela maior iniciativa urbanística do século XIX no
Brasil: a construção da nova capital do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte.
O projeto urbano para Belo Horizonte
• Belo Horizonte é uma cidade nova e não uma proposta de intervenção sobre um tecido urbano
existente. O projeto urbano para Belo Horizonte
• O projeto elaborado por Reis para Belo Horizonte é de 1895 e denota conhecimento e
proximidade com relação aos planos de Washington, São Petersburgo, à reforma realizada por
Haussmann em Paris e, sobretudo o projeto pra La Plata, na Argentina.
• Duplo gradeamento ortogonal
imposto ao plano da cidade: O primeiro,
determinando a orientação das ruas com
largura de 20 metros, seguindo em sentido N-S
e E-O. Sobre tal
gradeamento Reis inseriu
diagonais que formariam
outra quadrícula, em sentido NO-SE e NE-SO, formando um sistema de largas avenidas de 35
metros.
• A única via de gabarito diferenciado, destinada à ligação entre bairros opostos, rasgando a
cidade de Norte a Sul, teria uma largura de 50 metros.
• Programado para comportar entre 150 e 200 mil habitantes, o plano de Belo Horizonte procurava
privilegiar o aspecto da circulação.
• O sentido de hierarquia: colocando o parque em posição de privilégio.
A nomenclatura das ruas e o posicionamento das edificações e das principais funções da cidade:
ideia de ordem e hierarquização.
Às vias estabeleceu-se uma
nomenclatura baseada
em datas, fatos históricos,
vultos, rios, tribos indígenas,
capitais e Estados brasileiros.
As praças receberam
denominações que recorriam ao
universo simbólico da República
brasileira (Liberdade, Justiça,
Progresso, Federação,
Tiradentes, Benjamim Constant,
etc.).
A disposição dos edifícios: obedeceu a uma ordenação programada, visando estabelecer um amplo
centro cívico formado pelas pontas de um triângulo que representasse através de uma construção,
em cada um de seus vértices, o Palácio do Governo, o Palácio do Congresso e a Catedral.
Importância maior foi dada ao Palácio Presidencial (colina) para onde confluíam seis avenidas que
garantiam o livre acesso de todas as direções.
TRÊS LAGOAS (MS)
• 1911: O engenheiro Machado de Mello, atuando diretamente na construção da ferrovia, ao
formular o projeto da “Planta para a Futura Cidade de Trez Lagôas” , tomava para si o discurso
progressista e de desenvolvimento, até então semeado pelo
governo.
Natureza inovadora e progressista. A influência francesa,
baseada em Haussmann, é evidente em diversos aspectos:
• Racionalidade, elaborada num plano linear cuja intenção de
expandir a futura cidade é perceptível;
• Grandes vias de escoamento concêntricas formando um “X” de intersecção ao meio do plano;
• Também assemelha-se aos traçados em diagonais de cidades como Washington e Barcelona,
Belo Horizonte, La Plata;
• Ruas e avenidas como bulevares, largas e cujos nomes referiam-se a rios e figuras importantes da
época para a região, na tentativa de enaltecer as qualidades locais e republicanas, tal como em
Belo Horizonte (Praça Afonso Penna, Avenida Sucuriú, Avenida Tietê, Avenida Paranahyba, Praça
Rodrigues Alves).
• No cruzamento do “X”, ao centro do plano, a Praça central traz a Igreja Matriz
• Ao lado da Matriz, são locadas as construções que representam o poder público como a Câmara
e o Fórum, posicionados em lados opostos.
• Também ao redor da Praça medial edificações como o Teatro e o Hotel. • Afastados do jardim
público em um raio maior, a Escola, seguida pelas praças secundárias, o Matadouro, o Hospital, a
Cadeia, o Quartel e um Parque, que delimitava a Oeste o desenho.
As edificações ferroviárias eram previstas no projeto. A linha férrea Itapura – Corumbá restringia o
fim do traçado a Sudoeste de orientação solar. Eram supostos, além da Estação Ferroviária,
Oficinas, Depósitos de carros e prédios administrativos.
A não implantação do projeto urbano para Três Lagoas
Três Lagoas – uma cidade capital que não saiu do papel
SIMILITUDES
Belo Horizonte - 1894
X
X
1930-1950
• O segundo período de 1930 a 1950 é marcado pela elaboração de planos que têm por objetivo o
conjunto da área urbana na época – PLANOS DE CONJUNTOS.
• Com uma visão da totalidade, são planos que propõem a articulação entre os bairros, o centro e
a extensão das cidades através de sistemas de vias e de transportes.
• Neste período são formuladas as primeiras propostas de zoneamento.
• Atenção!
• Os planos de saneamento para as cidades existentes, em particular os elaborados
por Saturnino de Brito, desde o final do século 19 já eram elaborados com uma visão
de totalidade, tanto da área urbana existente como a sua integração a uma área de
expansão.
• Esta visão integrada inerente aos projetos de sistemas em rede de infraestrutura só serão
ampliados para o sistema viário e de transportes para a maioria das cidades brasileiras a partir dos
anos 30.
• Também a legislação urbanística controlando o uso e a ocupação do solo será proposta a partir
desta data.
Nessa fase os planos de urbanização passam a considerar o todo da cidade, sendo as ruas
elementos de articulação entre as áreas centrais e os bairros
SÃO PAULO – PLANO DE AVENIDAS DE PRESTES MAIA
• O Plano de Avenidas, elaborado por Francisco Prestes Maia para São Paulo em 1930 é um
exemplo expressivo dessa nova forma de planejar a cidade.
• Propondo um sistema articulado de vias radiais e perimetrais, este
engenheiro, formado pela Escola Politécnica de São Paulo, transforma a
comunicação entre o centro da cidade e os bairros.
• Ele projeta a cidade que se expande de forma extensiva sobre pneus,
substituindo a cidade de alta concentração de atividade e pessoas em que o
transporte coletivo se faz através do bonde.
• O Plano de Avenidas vai ser citado como referência para as outras cidades.
• O Plano guiou o crescimento do município ao longo das décadas
posteriores. O estudo apresentou uma proposta de estruturação física
da metrópole em um sistema de circulação radiocêntrico onde o
elemento central era o perímetro de irradiação.
• Seus principais componentes eram: o perímetro de irradiação, as
avenidas radiais e as avenidas marginais ao Rio Tietê, que, junto com o
Rio Pinheiros, delimitavam a área de abrangência do plano.
• O principal objetivo do
perímetro era ampliar o Centro e
descentralizar o comércio, enquanto as radiais estabeleciam a
fluidez do tráfego que ligava os bairros à região central.
• Trata -se do primeiro plano urbanístico que pensa a cidade
de São Paulo na sua totalidade , como uma unidade, a fim de
entender o processo de planejamento, a redistribuição das redes de mobilidade e a malha viária .
Características
- primeiro plano que pensa São Paulo na sua totalidade;
- importante crítica a centralidade dos caminhos;
- reflete os pensamentos urbanísticos da época, as influências
- Impregnando pela mentalidade haussmanniana e pelo Beautiful City, defendia o crescimento
ilimitado da metrópole
- estrutura o crescimento da cidade ao longo das décadas posteriores;
- Expressa uma concepção urbana adequada a cidades em rápida expansão horizontal, que
necessitam estabelecer a movimentação fácil e ágil entre o centro comercial / administrativo e as
áreas residenciais e industriais distribuídas perifericamente;
- Além de organizar, prever e facilitar o fluxo, o Plano somava a função de remodelar a cidade.
• Prestes Maia traça a Avenida de Irradiação a uma certa distância do centro “matemático” da
cidade, de modo a se apresentar como uma alternativa às avenidas que convergem todas para um
ponto central; sua função seria a de escape para que o tráfego não necessariamente passasse pelo
centro de cidade como única alternativa. Seria a sua função, nas palavras de Prestes Maia:
1950-1965
• Entre 1950 e 1964, o terceiro período, são iniciados os
planos regionais, dando conta da nova realidade que se configura nesta época:
- Migração campo-cidade;
- Processo crescente de urbanização;
- Aumento da área urbana e consequente conurbação.
• No Brasil, a década de 50 é um momento de importantes transformações no campo dos estudos
urbanos pela emergência de novos temas, a introdução de novos métodos e a participação de
profissionais de outras disciplinas – PLANOS DIRETORES.
• A terceira fase é marcada pela incorporação de outros aspectos aos planos, além daqueles
estritamente físicoterritoriais, tais como os aspectos econômicos e sociais. Segundo As principais
características dos planos desse período são:
1) Distanciamento entre as propostas contidas nos planos, por um lado, e as possibilidades de que
essas propostas sejam efetivamente implementadas, por outro;
2) Conflito entre propostas cada vez mais abrangentes, e estruturas administrativas cada vez mais
setorializadas e especializadas;
3) Dificuldades e indefinições quanto à aprovação dos planos, uma vez que até então estes eram
da alçada do Executivo e, a partir da incorporação de leis e recomendações das mais diversas
naturezas, passaram a ser também da alçada do Legislativo.
Quanto mais complexos e abrangentes tornavamse os planos, mais crescia a variedade de
problemas sociais nos quais se envolviam e com isso mais se afastavam dos interesses reais da
classe dominante e portanto das suas possibilidades de aplicação (VILLAÇA, 1999, p. 214).
Sua composição morfológica exerceu um papel fundamental na construção de sua imagem, pois,
desde o início, sua planta foi descrita como um “avião” ou “pássaro ao alçar vôo”. Lúcio Costa
afirmava que a ideia havia nascido “do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma
posse: dois eixos se cruzando em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal-da-cruz” (GUIMARÃES,
1996:39).